A HISTORICIDADE COMO ELEMENTO DE AGREGAÇÃO … · O criacionismo? 3. O evolucionismo? ... E em...

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A HISTORICIDADE COMO ELEMENTO DE AGREGAÇÃO ENTRE A

TEORIA E A PRÁTICA

Hilson Cano1

Dr. Fábio de Azevedo2

RESUMO

O presente artigo expõe a importância de tornar as aulas de ciências mais desafiadoras e reflexivas, através do conhecimento da história das teorias científica que as envolvem e da análise de teorias controversas, de modo a permitir o desenvolvimento do pensamento crítico e contribuir com a aproximação da teoria à prática e do empírico com o científico. O trabalho foi desenvolvido com alunos do 8º e 9º anos da Escola Estadual Vale do Tigre – Ensino Fundamental – de Nova Londrina – PR, no segundo semestre de 2011. Os resultados demonstraram que este tipo de metodologia desenvolve no educando uma aprendizagem mais reflexiva e o motiva à busca de mais conhecimentos através de pesquisas em livros e pela internet, como também melhorar a sua participação efetiva em sala de aula, além de auxiliá-lo na apropriação do conhecimento, fator indispensável para a tentativa de transformar sua realidade e da sociedade em que vive.

Palavras chaves: História da ciência, teorias científicas, epistemologia.

1 Graduado em Ciências pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí e pós-

graduado em Educação infantil, pela Universidade Rio Branco. e-mail: [email protected].

2 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (2000), mestre em Ciências

(Ecologia) pela Universidade Estadual de Maringá (2002) e doutor em Ciências (Ecologia) pela

Universidade Estadual de Maringá. e-mail: [email protected].

1. INTRODUÇÃO

O papel da escola é propiciar ao aluno a aquisição de conhecimentos científicos e

criar situações que facilitem a aprendizagem e o domínio dos conteúdos culturais, além

de auxiliar o aluno no desenvolvimento das habilidades necessárias à vida em sociedade.

A ciência é uma promessa de compreensão racional do mundo e validação dos

conhecimentos. Como toda atividade cultural, ela é também uma aventura no tempo, um

instrumento humano de adaptação e transformação do mundo, que responde às

necessidades e problemas enfrentados pela sociedade (CARVALHO, et al., 2009, p.87). É

na escola que buscamos o conhecimento de diferentes formas de aprender, pois se

constitui de maneira intencional, sistemática e contínua.

A pedagogia escolar deve estar ciente, por um lado, de que não é a única

instância educativa, e pelo outro, que não pode renunciar a ser aquela instância

educacional que tem o papel peculiar de criar conscientemente experiências de

aprendizagem, reconhecíveis como tais pelos sujeitos envolvidos (ASSMANN, 2007,

p.26).

É preciso difundir entre os professores como a utilização da abordagem histórica

na aula de Ciências pode fornecer uma visão de ciência diferente da que predomina

atualmente no meio estudantil. Pois, hoje, o professor dispõe de alternativas que

oferecem atualização sobre os mais diversos temas científicos, dentre eles podemos

destacar a internet e revistas científicas.

A abordagem histórica da ciência permite que se apresente ao aluno o raciocínio

de um cientista que parte de uma constatação e chega a uma conclusão, permite também

que este acompanhe o processo de formulação de uma teoria científica e, portanto,

entenda melhor a relação existente entre a teoria e o fenômeno observado (BLAUTH,

2005, p 55).

A abordagem histórica, então, faz com que o aluno se liberte da noção de

verdades absolutas na ciência, liberdade esta que desperta sua criatividade. Esta

abordagem, ainda, leva o aluno a situar-se em uma fase da contínua evolução científica,

podendo questionar teorias para entender sua relação com a natureza, sentindo-se assim,

através da reflexão, capaz de entender as teorias apresentadas e tomar uma decisão em

relação àquela que considera mais apropriada.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A DIFÍCIL APROXIMAÇÃO DA TEORIA À PRÁTICA

A tradição contextualista assevera que a história da ciência contribui para o seu

ensino porque: (1) motiva e atrai os alunos; (2) humaniza a matéria; (3) promove uma

compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu desenvolvimento e

aperfeiçoamento; (4) há um valor intrínseco em se compreender certos episódios

fundamentais na história da ciência - a Revolução Científica, o darwinismo, etc.; (5)

demonstra que a ciência é mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico

atual está sujeito a transformações que (6) se opõem a ideologia cientificista; e,

finalmente, (7) a história permite uma compreensão mais profícua do método científico e

apresenta os padrões de mudança na metodologia vigente.

2.2. USO DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Segundo Piaget & Garcia (1989), a história da ciência deve ser vista como um

importante instrumento no ensino das ciências, por vários motivos: como forma de

introduzir ciências em cursos de humanidades; como meio de facilitar e aprofundar a

compreensão conceitual da própria ciência; como instrumento para permitir a discussão e

ensino da própria natureza e método da ciência; e para outras finalidades.

Por estas razões, os professores de ciências que desejam utilizar a história da

ciência no ensino devem primar por um tipo de abordagem que trate tanto de aspectos

sociais quanto filosóficos, metodológicos e conceituais das ciências, e que focalize temas

tradicionais, tais como os que fazem parte dos currículos das escolas e das

universidades.

2.3. PROBLEMAS ATUAIS DA HISTÓRIA SOCIOLÓGICA DA CIÊNCIA

Pinch (1990) afirma que a abordagem sociológica da história da ciência é

atualmente, sem dúvida, a tendência mais forte na área. A visão deste autor sobre esta

abordagem, inclusive, vai além, não a considerando uma dentre muitas abordagens, mas

a única abordagem válida.

Após a análise do posicionamento deste autor é interessante ressaltar que é

válido e útil estudar as forças sociais que agem no desenvolvimento da ciência, e que

estes estudos proporcionam uma melhor compreensão da dinâmica científica à medida

que desmistifica os “grandes cientistas” e, ainda, tira o pesquisador do seu pedestal.

Porém, é importante não consideramos válido limitar a história da ciência à sociologia da

ciência. Em outras palavras, não acreditamos em uma única abordagem da ciência a ser

seguida por todos.

Thuillier (1994) diz que ao tentar entender teorias controversas, o pesquisador vê-

se mergulhado em estudos de casos destinados a “complicar a imagem que diversos

manuais e obras de vulgarização apresentam das atividades científicas”. Na verdade, o

que se pretende é que a área de história da ciência, ao invés de complicar venha a

melhorar a pesquisa historiográfica e que este tipo de estudo adote uma pluralidade de

abordagens sem que nenhuma delas venha proibir ou dominar as demais, mas que se

complementem ou redirecione o estudante na busca do melhor conhecimento.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi realizado em 2011, com os alunos de 8º e 9º anos da Escola

Estadual Vale do Tigre – Ensino Fundamental, no município de Nova Londrina, Estado do

Paraná. O município possui 13 mil habitantes e a escola adota uma gestão escolar e

democrática como princípio, envolvendo a participação conjunta de toda comunidade

escolar, através da representatividade do Conselho Escolar e APMF – Associação de

Pais, Mestres e Funcionários.

A escola integra-se com a comunidade através de ações pedagógicas como

reuniões, apresentações culturais e do desenvolvimento de projetos, os quais vêm

colaborar para a melhoria da escola e aprendizagem dos alunos.

4. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Inicialmente foi entregue aos alunos um questionário diagnóstico, com o propósito

de perscrutar o nível de conhecimento sobre os assuntos que seriam desenvolvidos, bem

como, algumas atividades que já direcionassem suas respostas, como se segue:

1. O que você entende por teoria?

2. Você poderia citar dois ou mais nomes de teorias que já estudou?

3. Cite nomes de alguns cientistas, filósofos ou historiadores que você ouviu

falar?

4. Quanto ao movimento dos planetas, em relação ao sol, qual a sua opinião:

( ) Que a Terra é o centro do universo e o sol e os demais planetas giram

em torno dela?

( ) Que o sol é o centro do universo e a Terra e os demais planetas giram

em torno dele?

5. Você acha que os cientistas se preocupam em saber qual das alternativas

da questão 4 é a correta?

6. Porque será que é importante saber sobre os movimentos dos astros?

7. Qual a ciência que estuda os astros e seus movimentos? Analise o nome

desta ciência.

8. Quanto à origem do Homem, quais as teorias que você conhece?

9. Pesquise qual o nome da teoria que diz que a Terra é o centro do universo e

o sol e os demais planetas giram em torno dela. Analise o nome desta teoria com

seus colegas e discuta a formação desta palavra.

10. Pesquise qual o nome da teoria que diz que o sol é o centro do universo e a

Terra e os demais planetas giram em torno dele. Analise o nome desta teoria com

seus colegas e discuta a formação desta palavra.

O mesmo questionário foi entregue ao final do desenvolvimento do projeto para

averiguação de aprendizagem.

No laboratório de informática os alunos leram o texto “Do geocentrismo ao

heliocentrismo” (PORTUGAL, 2011), ainda acessaram o texto “Conhecendo as galáxias”,

sobre o sistema solar (TEODÓSIA, 2011), cujo objetivo era despertá-los a familiarizar-se

com os personagens envolvidos nesta teorias e estimulá-los à pesquisa e à discussão

sobre as principais diferenças e embasamento de cada uma delas. Após análise e

discussão dos dois textos citados, propôs-se o seguinte questionário:

1. Quem é o autor da teoria do geocentrismo?

2. Porque Cláudio Ptolomeu defendia o geocentrismo?

3. Que instituição defendia o geocentrismo?

4. Fundamentada em que a Igreja defendia o geocentrismo?

5. Quem é considerado o autor da teoria do heliocentrismo? No 4º parágrafo do

texto lido diz que “Copérnico, prudente que era, divulgou suas observações e

seus cálculos como uma hipótese... em 1530.

Observe as palavras negritadas e responda:

a) O que é uma hipótese?

b) Porque o autor do texto diz que Copérnico foi prudente ao divulgar suas

observações como hipótese?

6. O texto cita outros dois cientistas que concordavam com Nicolau Copérnico.

Quem são eles?

7. O que aconteceu com Giordano Bruno por defender a teoria do

heliocentrismo?

8. O que era a Santa Inquisição?

9. O que aconteceu com Galileu Galilei por defender o modelo coperniano, ou

heliocêntrico ?

10. O que significava uma obra ser incluída no Index?

Em seguida foram analisadas as teorias do geocentrismo e do heliocentrismo, a

partir dos seus fundamentos e de suas pretensões, bem como as contribuições e

prejuízos que trouxeram à humanidade, traçando um paralelo entre elas.

Ainda, no laboratório de informática, foi lido e analisado o texto “criação e

evolução” de Isaac Epstein (Epstein, 2004) e feitos os questionamentos abaixo, no

sentido de elucidar as teorias criacionista e evolutiva se seus fundamentos.

1. O que o autor do artigo considera:

2. O criacionismo?

3. O evolucionismo?

4. Segundo o autor, qual o objetivo de cada uma destas propostas ou teorias?

5. A primeira proposta, criacionista radical, é adotada pela teologia judaico-

cristã. O que vem a ser teologia?

6. Segundo o texto em que se baseia (fundamenta) o:

a) Criacionismo?

b) Evolucionismo?

7. Segundo Epstein em que está apoiado o criacionismo? Discuta isto com

seus colegas.

8. E em que está apoiado o evolucionismo? Discuta isto com seus colegas.

9. Analise com seus colegas as partes controversas das duas teorias expostas

no texto de Epstein.

10. Analisando o texto, qual a posição do autor sobre as duas teorias: ele é

criacionista ou evolucionista? Promova uma discussão com seus colegas e

justifique sua resposta.

Ainda, para um maior esclarecimento foi explorado no laboratório de informática o

texto “criacionismo ou evolucionismo” da Revista Renascer (Brasil, 2001). Após leitura,

foram promovidas discussões baseadas nas seguintes questões:

1. O autor deste artigo é defensor do criacionismo ou do evolucionismo?

2. Em que se fundamenta o autor para defender sua ideia?

3. Você já participou de alguma explicação sobre o criacionismo na igreja em

que você frequenta? (por exemplo, uma palestra sobre os três primeiros capítulo do

Gênesis?)

Então, foram lidos com os alunos os textos de Gênesis capítulos 1, 2 e 3. E, para

fundamentar o pensamento evolucionista leu-se o texto: “as teorias da evolução: Lamark,

Darwin e a seleção natural” (CESAR & SEZAR, 2005) e, posteriormente, foram realizadas

discussões a partir dos seguintes questionamentos:

1. Em que estas teorias da evolução tem colaborado com a preservação da

espécie?

2. Em que as teorias da evolução tem contribuído para o progresso científico?

Após as discussões foi proposto aos alunos pesquisarem sobre Ptolomeu,

Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, Charles Darwin, Karl Marx, Lamarck, Josué

(personagem bíblico que pediu a Deus para que o sol parasse – fundamento do

Geocentrismo), Harold Hill, entre outros, visando uma familiarização com estes cientistas

e personagens históricos.

Como forma de expandir a ideia do projeto à comunidade foi solicitado aos alunos

uma pesquisa, com pelo menos, cinco pessoas da comunidade (pais, avós, vizinhos, líder

da igreja que frequenta) com os seguintes dados:

1. Idade:

2. Grau de Instrução e época que concluiu seu maior grau:

3. Igreja que frequenta:

4. Opinião da pessoa entrevistada sobre o movimento dos astros:

( ) Se a Terra é o centro do universo e o sol e os demais planetas giram em

torno dela.

( ) Se o sol é o centro do universo e a Terra e os demais planetas giram em

torno dele.

5. Em que a resposta desta pessoa se baseia?

6. Sobre a origem do Homem, esta pessoa acredita:

( ) no criacionismo, em que usa a Bíblia para defendê-la?

( ) no evolucionismo, teoria defendida pela Ciência (Darwin, Lamark, etc)

7. Em que a resposta desta pessoa se baseia?

8. Você acredita que o Homem foi a lua? Por que?

Os alunos foram orientados a não interferirem nas respostas dos entrevistados.

Em seguida foi apresentado aos alunos o mesmo questionário inicial, para

responderem novamente, e assim, averiguar a aprendizagem deles. Ao mesmo tempo, foi

feita uma comparação entre suas respostas e as respostas dadas pelas pessoas da

comunidade às questões da entrevista realizada por eles.

Aproveitando a presença dos pais na escola, por ocasião da entrega de boletins

de notas do 3º Bimestre, foi proferida a eles uma palestra explicativa sobre o projeto,

tendo como alvo principal aqueles pais que responderam a entrevista realizada pelos

alunos. Então, lhes foi explicada a importância dos estudos realizados pelos cientistas e,

a contribuição que cada teoria tem dado à humanidade, com o objetivo de desmistificar e

dirimir uma possível aversão dos participantes à ciência. A palestra foi presenciada por

cerca de 110 pessoas.

Nesta ocasião, a equipe pedagógica distribuiu aos participantes da palestra do

professor PDE um formulário, contendo uma sondagem sobre o grau de aceitação da

palestra e dos assuntos abordados na implementação do projeto. A cada pergunta, o

entrevistado tinha quatro opções:

( ) Ótimo, se estivesse plenamente satisfeito.

( ) Bom, se estivesse satisfeito com alguma ressalva.

( ) Regular, se compreendeu mas não concordava.

( ) Péssimo, se não entendeu nada.

5. RESULTADOS

Considerando a comparação entre a primeira avaliação (diagnóstica) e a

avaliação final, pode-se constatar uma apropriação excelente dos conhecimentos dos

assuntos abordados (Fig. 1 e 2).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

0,0 a 3,0

3,1 a 5,0

5,1 a 10,0

Figura 1. Pontuação dos alunos do Projeto de Intervenção Pedagógica de Ciências – 2011 – Escola

Estadual Vale do Tigre – EF – referente primeira avaliação do questionário diagnóstico ( nota de 0,0 a 10,0)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

0,0 a 3,0

3,1 a 5,0

5,1 a 10,0

Figura 2. Pontuação dos alunos do Projeto de Intervenção Pedagógica de Ciências – 2011 – Escola

Estadual Vale do Tigre – EF – referente avaliação final do questionário diagnóstico, para verificação de

aprendizagem (nota de 0,0 a 10,0).

Os resultados apresentados demonstram que na primeira avaliação cerca de 80%

dos alunos obtiveram notas iguais ou inferiores a 3,0, cerca de 10% obtiveram notas

dentro do intervalo de 3,1 a 5,0 e o mesmo percentual de 5,1 a 10,0. No entanto, após a

implementação do projeto estes percentuais inverteram-se totalmente, passando a ser de

90% para notas de 5,1 a 10,0 e 10% de 3,1 a 5,0, sem que houvesse notas inferiores a

3,0. Assim, os alunos puderam perceber o quanto é importante a lapidação do

conhecimento popular através do contexto histórico científico.

Os resultados da pesquisa da equipe pedagógica sobre a aceitação dos pais e

membros da comunidade ante a implementação do projeto também foi positiva (Fig. 3).

Aproximadamente 65% dos participantes consideraram bons, a palestra e o projeto

implementado, 30% consideraram ótimo e apenas 5% regular.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

ótimo

bom

regular

Figura 3. Nível de aceitação dos membros da comunidade após palestra com professor PDE sobre a

valorização da ciência e explicação dos assuntos abordados com os alunos durante a Implementação do

Projeto na Escola Estadual Vale do Tigre – EF (conceitos ótimo, bom, regular e péssimo).

O desenvolvimento do projeto incentivou os alunos ao questionamento dos

assuntos apresentados, gerando muitas dúvidas, no início. Isto foi considerado muito

bom, pois, oportunizou situações para investigações e reflexões que aliaram-se à

curiosidade típica da faixa etária dos alunos envolvidos, produzindo o resultado esperado.

Fator relevante no desenvolvimento do projeto foi que os alunos analisaram as

teorias, questionaram-nas e chegaram às suas próprias conclusões sobre o que estavam

analisando. Eles puderam também expressar suas opiniões ao mesmo tempo em que

incentivaram seus pais e os membros da comunidade a analisarem melhor os conceitos

que traziam consigo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que quando a exposição da aula se torna motivadora, o processo

ensino-aprendizagem ocorre de maneira mais natural, facilitando a investigação a respeito

do assunto visto. Também, a participação ativa do aluno, proporciona situações de

reflexões e fornece as interações necessárias à apropriação dos conceitos científicos.

Assim, os alunos experimentaram a importância de seu papel atuante e de sua

participação e contribuição para o progresso de seu próprio conhecimento e na

elucidação de um determinado conceito ou pensamento científico relacionando-os ao seu

contexto moral, espiritual, cultural e histórico. Por exemplo, durante a análise da teoria do

evolucionismo, mesmo que houvesse dificuldade em aceitá-la, devido ao dogma do

criacionismo, eles reconheceram sua importância, pois, entenderam que questões como:

a evolução dos remédios e vacinas, o avanço na cura ou na estagnação de determinadas

doenças e vírus, o controle da qualidade dos alimentos, etc, tem a evolução como ponto

de partida e desenvolvimento.

Outro ponto positivo em relação a esse trabalho foi a socialização entre os alunos,

que se deu através da troca de informações, à medida em que as dificuldades apareciam.

Também, apesar dos questionamentos e pesquisas na internet, os alunos sempre nos

pediam uma opinião final, demonstrando a necessidade do professor enquanto mediador

e orientador das pesquisas e não como uma relação de total dependência.

A realização deste trabalho veio mostrar que a prática docente deve ser

repensada em relação às metodologias utilizadas no ensino de ciências. Ela deve

reconhecer a historicidade e a sociologia da Ciência como estratégia de ensino. Ainda, as

aulas de ciências devem criar um ambiente favorável a questionamentos e discussões;

incentivar a pensar, analisar e por em dúvida as informações, com a finalidade do aluno

mesmo construir um conhecimento significativo, embasado em suas próprias

investigações.

7. REFERÊNCIAS

ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação: rumo à sociedade aprendente. Rio de Janeiro. Editora Vozes,2007.

BLAUTH, Patrícia. A História de Ciências no Ensino de Ciências, Ed. Ática, São Paulo, 2005.

CARVALHO, A. M. P. et al. Ciências no ensino fundamental: o conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 2009.

CESAR & SEZAR. Biologia: volume único, São Paulo, Ed. Saraiva, 2005

Epstein, I. Criação e evolução. 10/07/2004. Disponível em: <http://www.comciencia.br/200407/reportagens/15.shtml>. Acesso em 16 jul. 2012.

PIAGET, J. & GARCIA, R. Psychogenesis and History, Columbia University Press, New York, 1989

PINCH, T. A sociologia da ciência comunitária. In: OLBY, Ediarte, São Paulo, 1990

Portugal, P. J. S. C. Cláudio Ptolomeu e Nicolau Copérnico do geocentrismo ao

heliocentrismo. 2011. Disponível

em:<http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/CFQ/Geocentrismo_Heliocentrismo/Geocentrism

o_Heliocentrismo.html>. Acesso em ago. 2011.

Professora Teodósia. 2011. Disponível em: <cantinhodateodosia.blogspot.com.br/p/galaxias_04.html>. Acesso em 16 ago. 2011.

Revista Renascer Brasil. 2001. Disponível em<http://www.renascebrasil.com.br/f_criador3.htm>. Acesso em 01 fev. 2001.

THUILLIER, Pierre. De Arquimedes a Einstein: A face oculta da invenção científica. Coleção Ciência e Cultura, Jorge Zahar Editor, 1994.