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ISSN: 1984 -3615 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE I CONRESSO INTERNACIONAL DE RELIGIÃO MITO E MAGIA NO MUNDO ANTIGO & IX FÓRUM DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA 2010 322 A HISTORICIDADE DOS HERÓIS DE HOMERO Renata Cardoso de Sousa 1 INTRODUÇÃO Teriam os heróis de Homero realmente existido? O melhor dos aqueus, o domador de cavalos, o de muitos ardis de fato participaram de uma guerra que assolou Troia no século XIII a.C.? É lícito para o historiador se debruçar sobre a Ilíada e a Odisseia para estudar essa época? Homero realmente existiu? Essas e outras questões foram (e algumas ainda são) frequentemente colocadas para aqueles que estudam as epopeias homéricas. Para além de pretender solucionar tais questões, esse trabalho visa uma discussão acerca da historicidade dos heróis de Homero: procuramos mostrar que eles têm uma existência histórica e como isso pode ser possível. Ademais, nossos objetivos aqui também são: apresentar uma maneira de analisar as obras homéricas, a qual usamos para nossa pesquisa 2 , e verificar como o estudo dos heróis pode fornecer informações importantes acerca dos valores passados aos kaloì kagathoí (belos e bons), a aristocracia políade. COMO ANALISAR AS OBRAS HOMÉRICAS? 1 Cursando o sexto período da graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Membro do Laboratório de História Antiga (LHIA) desde outubro de 2009 e bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/PIBIC) desde dezembro de 2009. Orientada pelo Professor Doutor Fábio de Souza Lessa e desenvolvendo pesquisa em Homero. E-mail: [email protected]. 2 Atualmente, estamos desenvolvendo uma pesquisa que visa mostrar como Homero constrói seus heróis, tomando como ponto de partida a representação de Páris, o príncipe troiano que causou miticamente a guerra de Troia, o qual, a princípio, parece ser um herói controverso. Isso se dá porque ele não possui uma grande areté (virtude) guerreira. Além disso, analisamos de que maneira se dá a alteridade entre os gregos do Peloponeso e os troianos, bem como o caráter paidêutico das obras homéricas.

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2010

322

A HISTORICIDADE DOS HERÓIS DE HOMERO

Renata Cardoso de Sousa1

INTRODUÇÃO

Teriam os heróis de Homero realmente existido? O melhor dos aqueus, o domador

de cavalos, o de muitos ardis de fato participaram de uma guerra que assolou Troia no

século XIII a.C.? É lícito para o historiador se debruçar sobre a Ilíada e a Odisseia para

estudar essa época? Homero realmente existiu? Essas e outras questões foram (e algumas

ainda são) frequentemente colocadas para aqueles que estudam as epopeias homéricas.

Para além de pretender solucionar tais questões, esse trabalho visa uma discussão

acerca da historicidade dos heróis de Homero: procuramos mostrar que eles têm uma

existência histórica e como isso pode ser possível. Ademais, nossos objetivos aqui também

são: apresentar uma maneira de analisar as obras homéricas, a qual usamos para nossa

pesquisa2, e verificar como o estudo dos heróis pode fornecer informações importantes

acerca dos valores passados aos kaloì kagathoí (belos e bons), a aristocracia políade.

COMO ANALISAR AS OBRAS HOMÉRICAS?

1 Cursando o sexto período da graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Membro do Laboratório de História Antiga (LHIA) desde outubro de 2009 e bolsista de Iniciação Científica

do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/PIBIC) desde dezembro de

2009. Orientada pelo Professor Doutor Fábio de Souza Lessa e desenvolvendo pesquisa em Homero. E-mail:

[email protected].

2 Atualmente, estamos desenvolvendo uma pesquisa que visa mostrar como Homero constrói seus heróis,

tomando como ponto de partida a representação de Páris, o príncipe troiano que causou miticamente a guerra

de Troia, o qual, a princípio, parece ser um herói controverso. Isso se dá porque ele não possui uma grande

areté (virtude) guerreira. Além disso, analisamos de que maneira se dá a alteridade entre os gregos do

Peloponeso e os troianos, bem como o caráter paidêutico das obras homéricas.

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Desde a Antiguidade as epopeias de Homero são objeto de estudo; Robert

Aubreton, em seu livro Introdução a Homero (DIFEL/EDUSP, 1968) nos mostra várias

escolas de análise e pensamento, as quais algumas, inclusive, divergiam entre si, como era

o caso das escolas de Alexandria e Pérgamo3 (AUBRETON, 1968: 17-19). Platão, mesmo

crendo que os poetas deveriam ficar à parte do seu “Estado ideal”, reconhecia Homero

como o “educador da Grécia”, e Estrabão, contradizendo o que Eratóstenes havia afirmado,

defende que os lugares relatados por esse aedo possuem uma descrição geográfica precisa

(GABBA, 1986: 38-39).

Homero também foi objeto de estudo: a partir do século XVIII, a crítica filológica

dedicava-se a especular a sua existência, a sua condição de cego, a sua origem regional

(SERGENT, 2003: 390). E as descobertas arqueológicas dos séculos XIX e XX só vieram

a fomentar a “questão homérica”. Tudo começou quando Heinrich Schliemann (1822-

1890), um comerciante alemão, embevecido pelos poemas homéricos, decidiu investir na

descoberta da famosa região. Dirigiu-se à Turquia e começou as escavações, contudo sem

a mesma perícia e cuidado dos arqueólogos profissionais. Cada artefato encontrado

pertencia a um personagem da guerra para Schliemann: a máscara funerária de

Agamêmnon, a taça de Nestor, as joias de Hécuba. A perfeição das descrições de Homero

e a clareza com que estas se encaixavam naqueles objetos os quais estavam sendo

descobertos eram espantosas: Schliemann tinha razão de ficar extasiado.

Algumas décadas depois, arqueólogos recomeçaram as escavações no local e

acabaram descobrindo onze “Troias”, sobrepostas umas às outras. Os especialistas

classificam como sendo a Troia de Homero a de número VIIa, que teria existido entre

1300-1260 a.C. (CARLIER, 2008: 230-231). Entretanto, conforme os estudos das

tabuinhas de Linear B – escrita que foi decifrada por Michel Ventris e John Chadwick – e

as descobertas arqueológicas foram avançando, algumas contradições entre o poema e a

cultura material começaram a surgir.

3 A escola de Alexandria possuía uma postura atetética (do verbo athetéo, “pôr de lado”), isto é, o que seus

pensadores criam não pertencer à Ilíada original era suprimido; já a escola de Pérgamo tinha uma postura

exegética, ou seja, primava pela interpretação da obra (AUBRETON: 1968, p. 17-19).

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Isso acontece porque Homero compõe suas obras entre os séculos IX e VII a.C.4

Como observou Pierre Vidal-Naquet,

o fato de Homero ter desejado evocar a Grécia micênica não

significa que ele a tenha efetivamente descrito. Para começar está

faltando, entre outras coisas, a escrita dos escribas e toda a

sociedade que ela implica: sociedade dominada pelo palácio do rei

(VIDAL-NAQUET, 2002: 29).

O cruzamento de informações provindas da cultura material com as epopeias de

Homero mostram que duas épocas distintas se imiscuem: a Palaciana (XVII-XII a.C.), que

diz respeito à guerra de Troia, e a Políade Arcaica (VIII-VII a.C.), em que foram escritas

as obras homéricas. Além da questão da inumação e da incineração5, que denotam essa

constatação, também há a menção tanto ao bronze (utilizado na Época Palaciana, também

conhecida como Idade do Bronze) quanto ao ferro (cuja utilização se disseminou na Época

Políade) e a presença de reuniões em assembleias na agorá (algo caro a este período de

pólis).

A questão é que “é impossível fazer coincidir uma epopeia com uma escavação”

(VIDAL-NAQUET, 2002: 25). As escavações em Hissarlik não estão sendo feitas para

comprovar a Ilíada ou a Odisseia; do mesmo modo, não é a função do historiador que se

debruça sobre as obras homéricas tentar provar que a guerra de Troia, ou o “rapto”6 de

4 “É possível que o período descrito na obra [de Homero] abarque um milênio completo, do ano 1600 ao 600

a.C. Os especialistas situam a composição da dita descrição [da guerra de Troia] em uma época entre fins do

século IX e começos do século VII, quando se constitui e se consolida na Grécia europeia, insular e asiática

essa forma extraordinária de vida social, cultural, econômica e política que foi a pólis” (COLOMBANI,

2005: 8).

5 A prática da incineração não era algo recorrente no período em que teria ocorrido a guerra de Troia. Nessa

época, era comum a inumação, como se pôde observar com a descoberta dos thóloi, túmulos com cúpula.

6 A palavra rapto se encontra entre aspas porque esse é o modo mais conhecido de se designar a partida de

Helena de Esparta para Tróia. O verbo utilizado na Ilíada para defini-lo, ágo, também tem a acepção de

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Helena, ou as viagens de Odisseu de fato aconteceram. Não é nossa função provar que

Páris, Heitor, Príamo, Aquiles, Ájax ou Agamêmnon existiram realmente. Emilio Gabba

atentou para essa postura ao escrever que:

Em qualquer caso, e contemplando separadamente a investigação

sobre os poemas e a análise da realidade histórica dos feitos

descritos, o aproveitamento histórico da obra homérica será seguro

e maior sempre que apontar para o estudo de aspectos como

família, vida social e política, instituições e normas, princípios

éticos, comportamento religioso, cultura material, ou fatores

econômicos. Os símiles entre os poemas são, em suma,

particularmente reveladores (GABBA, 1986: 45).

Desse modo, é muito mais profícuo nos debruçarmos sobre as obras homéricas a

fim de ver o funcionamento da sociedade políade arcaica, do que tentar comprovar a

existência factual de personagens e feitos heróicos. É adotando essa postura que

pretendemos, em nosso estudo, compreender o código de conduta dessa sociedade

guerreira.

O que Homero traz em suas obras transcende o simples relato do que aconteceu ou

uma análise da Estrutura Palaciana (XVII-XII a.C.); afinal, ele não é historiador (VIDAL-

NAQUET, 2002: 32). Defendemos aqui que tanto a Ilíada quanto a Odisseia possuem uma

função paidêutica (educacional) muito forte; elas relatam mitos e estes têm justamente a

função de “revelar os modelos exemplares de todos os ritos e atividades humanas

significativas: tanto a alimentação ou o casamento, quanto o trabalho, a educação, a arte

ou a sabedoria” (ELIADE, 1972: 13 – grifos nossos). O mito “possui o espantoso poder de

engendrar as noções fundamentais da ciência e as principais formas da cultura”

“condução por mar”, não necessariamente se referindo a uma retirada violenta. Logo, afirmar que Páris de

fato raptou Helena seria uma imprudência, visto que a tradução do verbo nos deixa essa ambiguidade.

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(DETIENNE, 2008: 34) e por isso a sua difusão constitui uma prática de paideía

(educação, formação helênica)7.

Homero, através da representação de situações e personagens provindas do material

mítico do qual ele dispõe8, mostra ao seu público um modo de agir, pensar e sentir que

dará à cultura grega uma unidade a qual fará com que os helenos se identifiquem como tais

pelas práticas que compartilham. As obras homéricas são as primeiras da literatura

ocidental a trazerem a questão da identidade/alteridade, tão cara a nós hoje em dia9.

POR QUE ESTUDAR OS HERÓIS?

Justamente pelo fato da Ilíada e da Odisseia desempenharem esse papel paidêutico,

é que a análise da construção dos heróis representados nelas constitui uma fonte importante

7 O termo paideía não possui uma tradução certa, visto que designa uma série de práticas que transcendem a

educação pura e simples. Essa palavra foi usada, primeiramente, em Ésquilo, no século V a.C. (JAEGER,

2010: 335). Entretanto, aplicar esse termo para se debruçar sobre os valores passados pelas epopeias

homéricas não se constitui em um anacronismo, pois essas obras foram utilizadas para educar várias

gerações, inclusive a de Ésquilo. Para mais informações sobre o assunto, consultar a obra Paideía: a

formação do homem grego, de Werner Jaeger (ver Bibliografia).

8 Homero não “inventou” os mitos: ele os compilou. Os mitos já existiam muito antes de Homero, sendo

passados através da oralidade, assim como faz o próprio aedo. Entretanto, isso não quer dizer que Homero

não tenha uma grande parcela criativa nas suas obras, pois “sobre o tema dado pela tradição, o aedo enfeita e

combina de acordo com o seu talento” (ROMILLY, s/d: 14).

9 Defendemos aqui que se dá uma alteridade entre os gregos do Peloponeso e os troianos. Entretanto, o

troiano não é o não-grego, visto que ele pertence à Hélade (como veremos mais à frente), mas sim o inimigo.

Desse modo, a alteridade que se dá entre eles diz respeito a essa inimizade, pois “(...) a identidade helênica

conhece tensões, fissuras e oposições de alteridades internas no seu seio – o Outro pode, também, ser o

Grego, como rival, inimigo, invasor, infrator de códigos de comportamento” (FIALHO, 2010: 114 – grifos

nossos).

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para compreender os códigos de conduta que se pretendiam passar para os ouvintes dessas

epopeias. Segundo Jean-Pierre Vernant,

Mas, para que a honra heroica permaneça viva no seio de uma

civilização, para que todo o sistema de valores permaneça marcado

pelo seu selo [o do herói], é preciso que a função poética, mais do

que objeto de divertimento, tenha conservado um papel de

educação e formação, que por ela e nela se transmita, se ensine, se

atualize na alma de cada um este conjunto de saberes, crenças,

atitudes, valores de que é feita uma cultura. (...) a epopeia

desempenha o papel de paideía, exaltando os heróis exemplares,

assim como os gêneros literários „puros‟ como o romance, a

autobiografia, o diário íntimo o fazem hoje (VERNANT, 1978:

42).

O herói é um personagem fundamental na vida dos gregos; eles são exemplos a

serem seguidos. São potências sobre-humanas a serem reverenciadas, visto que se ligam

aos deuses seja por parentesco (como Aquiles, bisneto de Zeus) ou por afeição (como

Páris, protegido de Afrodite e Apolo). Karl Kerényi afirma que não podemos negar

existência factual, historicidade, aos heróis, pois estes se

(...) mostram, alguns mais e outros menos, entrelaçados com a

história, com os acontecimentos, não de um tempo primevo que

está fora do tempo, mas do tempo histórico, e que lhe toca as

fronteiras tão intimamente como se já fossem história

propriamente dita e não mitologia (KERÉNYI, 1998: 17).

Para o público de Homero, os heróis existiram; afinal “sem a crença na realidade do

seu objeto, o mito perderia sua razão de ser” (FINLEY, 1988: 20). Eles eram cultuados e

algumas cidades prestavam homenagens a heróis específicos, ligados à sua fundação. Ele

era como um mediador entre os homens e os deuses, do mesmo modo que o aedo, nesse

sentido, visto que as Musas não revelavam seus conhecimentos para qualquer um senão um

poeta inspirado. O culto a esses heróis é fundamental à sua imortalidade – visto que a

verdadeira morte para eles era o esquecimento, léthe – e à manutenção desse vínculo com

os deuses.

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Os heróis são homens exemplares e estar ligado a eles implica numa areté (virtude)

considerável; por isso muitos deles foram reivindicados como antepassados pelas famílias

aristocráticas, às quais conferiam um passado glorioso (LÉVÈQUE, 1996: 175; GUAL,

2006: 170), como foi o caso, por exemplo, de Alexandre, O Grande. Ele estava bem

servido de antepassados gloriosos, à medida que a família de seu pai, Felipe II, dizia ser

descendente de Héracles e a de sua mãe, Olímpia, de Aquiles (PLUTARCO, II, 1).

Além disso, as epopeias homéricas vão ser utilizadas como um instrumento de

paideía, de formação, educação helênica; segundo Jaeger,

foi com os sofistas que essa palavra, que no séc. IV e durante o

helenismo e o império haveria de se ampliar cada vez mais a sua

importância e a amplitude do seu significado, pela primeira vez foi

referida à mais alta areté humana e, a partir da „criação dos

meninos‟ – em cujo simples sentido a vemos em Ésquilo, pela

primeira vez –, acaba por englobar o conjunto de todas as

exigências ideais, físicas e espirituais, que formam a kalokagathia,

no sentido de uma formação espiritual consciente (JAEGER, 2010:

335).

Os heróis, ao serem rememorados, se constituem (ou não) em exemplos a serem

seguidos.

Tomemos como exemplo o herói de nossa pesquisa, Páris: a partir da análise da sua

personalidade10

, percebemos que são evidenciadas nele as seguintes características: sua

10 Defendemos aqui que cada herói tem a sua personalidade, sua singularidade; Aubreton pretendeu afirmar

isso quando escreveu que “foi sua função [a de Homero] essencial ter dado uma vida individual aos heróis,

assim como uma vida humana aos deuses” (AUBRETON, 1968: 187). “Pretendeu afirmar” porque não

podemos nos esquecer de que o conceito de individualidade não se aplica ao estudo da Antiguidade, por ser

um termo cunhado a posteriori. Assim como Aquiles se destaca pela velocidade, Odisseu pela sua métis

(astúcia) e Heitor pela sua habilidade com cavalos, Páris destaca-se pela sua beleza, por exemplo; cada herói

é singular, cada um tem a sua característica. Ao longo do texto das epopeias, há dispositivos que nos

permitem averiguar a personalidade dos heróis, tais como: a) os seus epítetos, b) as adjetivações concernentes

a eles e c) os comentários que se faz acerca deles, seja pelos personagens mesmo ou pelo próprio aedo.

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beleza, sua habilidade musical, sua habilidade de sedução, o fato de ele ter causado a

guerra, sua falta de firmeza e coragem e sua reluta em comparecer ao campo de batalha11

.

Logo, faltam-lhe características de um herói guerreiro, características bélicas. Sendo a

Ilíada um poema que versa sobre uma guerra, a presença de um personagem assim denota

não um modo de conduta guerreira, mas um exemplo de como não agir em uma guerra.

A beleza, a habilidade musical, são valorizadas pelos kaloì kagathoí; na Ilíada,

Aquiles dedilha sua lira e isso não faz dele um herói menor, assim como a kállos, a

beleza12

, é um elemento importante no código de conduta expresso pelas obras homéricas e

o qual serve de modelo a essa aristocracia políade. Entretanto, Páris não possui tanta areté

(virtude) guerreira quanto Aquiles, Heitor, Menelau ou Odisseu, cujos epítetos mesmo13

revelam sua conexão inextricável com o ambiente bélico.

Lembrando que essa divisão é artificial, com fins didáticos, uma vez que os adjetivos podem estar inseridos

nos comentários, por exemplo.

11 Chegamos a essa conclusão pela seguinte caracterização dele: a) no que toca aos epítetos temos “divo”

(theoeidés, que literalmente significa “semelhante aos deuses”), (vários versos) e “marido de Helena

cacheada” (vários versos); b) como adjetivações, “Páris funesto” (Dýsparis), (III, v. 39), “fautor desta

guerra” (III, v. 87; VII, v. 374), “fautor de desgraças” (VI, v. 282), “de belas feições” (III, v. 39) e “sedutor

de mulheres” (III, v. 39) e c) no que toca os comentários, temos, por parte de Heitor, “careces de força e

coragem” (III, v. 45), “Esses cabelos, a cítara, os dons de Afrodite, a beleza, não te valeram nada ao te vires

lançado na poeira” (III, v. 54) e “Mas, voluntário, te escusas; não queres lutar” (VI, v. 523) e, por parte de

Helena, “Este, porém, nunca teve firmeza, nem nunca há de tê-la” (VI, v. 352).

12 O homem kalós, belo, é tanto o homem que tem beleza física quanto beleza “interior”, que é também

agathós (bom).

13 Como epítetos deles – os quais aparecem em vários versos da Ilíada, temos, respectivamente: “de pés

velozes”, “domador de cavalos” ou “de penacho ondulante”, “de Ares forte discípulo” e “astucioso”. A

velocidade (Aquiles) é algo essencial na guerra, bem como a lida com cavalos (Heitor); percebemos, ainda no

segundo epíteto de Heitor mencionado, uma ligação não só com a sua habilidade com cavalos, mas também

uma menção à armadura que o guerreiro usa, uma vez que o penacho, o qual se assemelha à crina do cavalo,

é uma parte da vestimenta guerreira. Quando Homero caracteriza Menelau como discípulo de Ares, sua

conexão com o ambiente bélico está denotada pela própria menção do deus da guerra. A métis de Odisseu se

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O estudo dos heróis e de sua conduta também implica na análise da sociedade em

que vivem; não podemos nos esquecer de que as pessoas, tomadas de forma singular (o que

chamaríamos de indivíduo hoje), e sociedade não se constituem num par antitético, mas

complementar: as pessoas estão imiscuídas na sociedade, fazem parte dela e através de

suas ações modificam-na. Norbert Elias chama atenção para o problema da análise da

singularidade e da coletividade:

As pessoas vivenciam o „indivíduo‟ e a „sociedade‟ como coisas

distintas e frequentemente opostas – não porque possam realmente

ser observadas como entidades distintas e opostas, mas porque as

pessoas associam essas palavras a sentimentos e valores

emocionais diferentes e, muitas vezes, contrários (...). A lente da

atenção pode ser regulada num foco mais amplo ou mais restrito;

pode concentrar-se naquilo que distingue uma pessoa de todas as

demais como uma coisa única; ou naquilo que a vincula às outras,

em suas relações com elas e sua dependência delas; e por fim pode

enfocar as mudanças e estruturas específicas da rede de relações de

que ela faz parte (ELIAS, 1994: 75-76).

Os heróis têm, sim, suas personalidades singulares; entretanto, estão ligados a uma

sociedade, a qual tem um código de conduta estabelecido. Preza-se a coragem, a honra, a

hospitalidade, a boa relação com os deuses, a prática esportiva. A análise de Páris, por

exemplo, é mais profícua se a fizermos tendo em consideração as normas das quais ele

desfruta dentro da sociedade em que está inserido.

liga à guerra à medida que esta foi ganha através de uma métis dele: o cavalo de madeira. Entretanto, essa

métis não está relacionada à trapaça, a algo “negativo”, mas sim à estratégia a qual se necessita em uma

guerra.

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Páris é um heleno; embora esteja na parte asiática da Hélade14

, ele não deixa de

compartilhar da cultura grega. Gregos e troianos não pertencem a culturas15

diferentes,

tampouco a nações diferentes: como observou Vernant,

Aquiles é inimigo de Heitor, detesta-o, não porque ele é troiano

(não há nação, não há chauvinismo, gregos e troianos se

entendem muito bem, falam a mesma língua, têm as mesmas

reações, e os troianos são descritos pelo poeta com a mesma

simpatia), mas porque Heitor matou aquele que era para ele como

um irmão, Pátroclo (VERNANT, 2009: 91 – grifos nossos).

Assim, à medida que ele transgride normas, ele constitui-se em um exemplo de

como não se deve agir. Páris, ao retirar Helena de Menelau quando estava alojado em seu

palácio, cometeu uma infração: desrespeitou a hospitalidade (xénia)16

, prática cara aos

helenos. Essa transgressão foi uma das engrenagens da áte (perdição) de Páris: visto que a

áte se dá de três momentos (princípio, estado/ato e consequência), o “rapto” de Helena é o

14 A Hélade da Antiguidade tinha uma faixa territorial muito mais extensa do que a Hélade de hoje e dividia-

se, basicamente, em três regiões: Hélade continental (onde estavam Atenas, Delfos, Áulis, Tebas, Micenas,

Esparta), Hélade insular (as ilhas Rodes, Delos, Creta, Lemnos, Melos, Paros) e Hélade asiática (no litoral

da Ásia Menor, onde ficavam Troia, Halicarnasso, Mileto).

15 Aqui, consideramos o traço marcante de uma cultura a língua; além disso, como mostra a passagem

subsequente, eles tinham, além da mesma língua, os mesmos hábitos, cultuavam os mesmos deuses.

16 A xénia, a hospitalidade, é “[...] um código de conduta, uma convenção não escrita que atravessava as

fronteiras do Mediterrâneo oriental. Demonstrava-se por meio de uma etiqueta reconhecida, em que havia

troca de presentes e festivais, e sua origem estava na xenuia da Idade do Bronze tardia [...] que surge nas

tábuas de Linear B [...]. A xenuia governaria, na verdade, o ingresso e a partida de visitantes estrangeiros

aos palácios do Peloponeso no século XIII a.C. [suposto século da ocorrência da guerra de Troia]”

(HUGHES, 2009: 188). É um valor tão relevante na Ilíada que, em um episódio dessa epopeia, dois

guerreiros recusam-se a travar uma luta em decorrência de os antepassados de um haverem recebido os de

outro com hospitalidade (VI, vv. 225-233).

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“estado/ato” que teve como princípio a escolha de Afrodite17

e a guerra como

consequência (MALTA, 2006: 78). Do mesmo modo, quando recua ante a fúria de

Menelau antes do episódio do combate singular entre eles (HOMERO. Ilíada III, vv. 15-

37), está indo de encontro ao ideal de guerreiro intrépido no combate.

O herói é o modelo do kaloì kagathoí, como vimos anteriormente; entretanto, como

Marcel Detienne mostra18

, os heróis também foram construídos com base em um modelo.

Homero compôs suas obras em um contexto histórico; desse modo, ele lança mão do que

está disponível para sua época, como observa Pierre Carlier:

O público que escutava A Ilíada e A Odisseia sabia que certos

costumes da „idade dos heróis‟ diferiam dos hábitos da sua época.

Também os aedos se acautelavam para não cometerem um

anacronismo flagrante. Contudo, não podiam abstrair-se

totalmente da civilização material que lhes era familiar e tinham de

referi-la para serem compreendidos (CARLIER, 2008: 239).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude do apresentado, pudemos compreender que a análise da Ilíada e da

Odisseia vai além da simples tentativa de comprovação de feitos heróicos, da existência de

uma guerra ou da existência do próprio aedo: é mais profícuo buscar a compreensão das

17 Conforme o mito do Julgamento de Páris, houve uma disputa entre Hera, Athená e Afrodite pelo pomo de

Éris (Discórdia), o qual continha a inscrição “para a mais bela”. Zeus atribuiu a decisão a Páris, que escolheu

Afrodite após ela lhe ter oferecido, em troca, a mulher mais bela, Helena.

18 “Não se trata, seguramente, de um ‘passado histórico’ [aquele o qual a Musa canta]. Os heróis de

Homero se situam em um tempo original, um tempo poético (...). Entretanto, é preciso acrescentar que neste

tempo poético toda perspectiva ‘histórica’ não está ausente: M. TREU (...) insistiu sobre a importância dos

ἄνδρες πρότεροι [homens anteriores, antigos] como modelos dos heróis homéricos” (DETIENNE, 1988:

79).

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estruturas políticas, econômicas, sociais, culturais, religiosas e institucionais da época em

que os poemas foram compostos.

Além disso, a rememoração dos heróis a partir da epopeia – a qual representa suas

façanhas, personalidades e modos de agir – é importante para a configuração de todo um

código de conduta heleno, corroborando a ideia de uma função paidêutica das obras

homéricas. No tocante à historicidade desses heróis, ela está ligada, por um lado, ao papel

que suas personalidades desempenham na vida do público de Homero – que os

rememoram e os cultuam – e, por outro, à ligação inextricável entre o aedo que compôs as

obras e o seu contexto histórico, fazendo com que a trama e os heróis sejam constituídos

com base na própria sociedade na qual ele vive e conhece.

Dessa maneira, apresentamos aqui um método de análise das obras homéricas, o

qual utilizamos na nossa pesquisa e cremos ser bastante útil para a compreensão dessas

epopeias.

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HOMERO. Odisséia. Tradução, Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Ediouro, 2009.

HOMERO. Odisséia: 3 vols. Tradução, Donaldo Schüller. Porto Alegre: L&PM, 2007.

PLUTARCO. Vidas Paralelas: Alexandre e César. Tradução, Júlia Rosa Simões. Porto

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