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AI NFOGRAFIA J ORNALÍSTICA NO S UPORTE WEB : I NTERATIVIDADE ,MULTIMIDIALIDADE E AGENCIAMENTO William Robson Cordeiro Silva * RESUMO: A infografia, ao longo da história, vivencia o processo de evolução do jornalismo, desde os modelos incipientes feitos à mão no século XVIII até a inclusão de computadores e softwares sofisticados nos dias atuais. Os modelos recentes oferecem condições de descrever um dado evento sob o amparo dos dispositivos técnicos e participação da audiência. Ou seja, através da manipulação do leitor e, de semelhante modo, a incorporação de vídeo, áudio e animações, o recurso progrediu para a denominada infografia interativa. Portanto, este artigo faz parte de pesquisa de mestrado realizada na UFRN sobre a infografia interativa e se propõe a explicitar as características dos infográficos no ambiente da internet, tensionando-os com os pontos abordados por Bardoel e Deuze (2000), dos quais Palácios (2004) se fun- damentou e aplicou ao webjornalismo. Para tanto, apresenta exemplos da imprensa brasileira e elenca as potencialidades que podem ser totalmente ou parcialmente utilizadas pelos periódicos. PALAVRAS- CHAVE: infografia; internet; jornalismo; interatividade; multimidialidade. Índice Introdução .................. 1 1 Do apogeu à internet .......... 2 2 Características do webjornalismo apli- cadas à infografia ............ 4 2.1 Multimidialidade/Convergência .... 4 2.2 Hipertextualidade ........... 4 2.3 Customização de conteúdo/Personali- zação .................. 5 2.4 Memória ................ 5 2.5 Instantaneidade/Atualização contínua . 5 2.6 Interatividade ............. 6 Conclusões ................. 7 Bibliografia ................. 8 Introdução A INFOGRAFIA, na definição observada por Sancho (2000), trata-se de “uma contribui- ção jornalística, realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite ou facilita a compre- ensão dos acontecimentos, (...) e acompanha ou substitui o texto informativo” (Sancho, 2000, p.1). Assim, a informação no jornalismo toma forma distinta, uma representação gráfica da notícia. O termo infografia é de origem anglo-saxônica e de- riva de infográficos, que, por sua vez, abrevia a ex- pressão information graphics, a saber, gráficos de informação ou informativos (Cairo, 2008, p.21). O uso da expressão, em sua origem, gerou embaraço entre os profissionais da área do desenho gráfico. Acreditava-se que info resultava de “informática” e grafia, “gráfica”, o que provocou confusão como se significasse a aplicação de procedimentos da in- formática na produção gráfica. Esta interpretação * Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mí- dia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Email: [email protected]. c 2018, William Robson Cordeiro Silva. Artigo apresentado na Divisão Temática 1 – Jornalismo do XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste rea- lizado de 12 a 14 de junho de 2013. c 2018, Universidade da Beira Interior. O conteúdo deste artigo está protegido por Lei. Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transforma- ção da totalidade ou de parte desta obra carece de expressa auto- rização do editor e do(s) seu(s) autor(es). O artigo, bem como a autorização de publicação das imagens, são da exclusiva respon- sabilidade do(s) autor(es).

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A INFOGRAFIA JORNALÍSTICA NO SUPORTE WEB:INTERATIVIDADE, MULTIMIDIALIDADE E AGENCIAMENTO

William Robson Cordeiro Silva∗

RESUMO: A infografia, ao longo da história, vivencia o processo de evolução do jornalismo, desde osmodelos incipientes feitos à mão no século XVIII até a inclusão de computadores e softwares sofisticadosnos dias atuais. Os modelos recentes oferecem condições de descrever um dado evento sob o amparodos dispositivos técnicos e participação da audiência. Ou seja, através da manipulação do leitor e, desemelhante modo, a incorporação de vídeo, áudio e animações, o recurso progrediu para a denominadainfografia interativa. Portanto, este artigo faz parte de pesquisa de mestrado realizada na UFRN sobre ainfografia interativa e se propõe a explicitar as características dos infográficos no ambiente da internet,tensionando-os com os pontos abordados por Bardoel e Deuze (2000), dos quais Palácios (2004) se fun-damentou e aplicou ao webjornalismo. Para tanto, apresenta exemplos da imprensa brasileira e elenca aspotencialidades que podem ser totalmente ou parcialmente utilizadas pelos periódicos.PALAVRAS-CHAVE: infografia; internet; jornalismo; interatividade; multimidialidade.

Índice

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1 Do apogeu à internet . . . . . . . . . . 2

2 Características do webjornalismo apli-cadas à infografia . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Multimidialidade/Convergência . . . . 4

2.2 Hipertextualidade . . . . . . . . . . . 4

2.3 Customização de conteúdo/Personali-zação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.4 Memória . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.5 Instantaneidade/Atualização contínua . 5

2.6 Interatividade . . . . . . . . . . . . . 6

Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Introdução

A INFOGRAFIA, na definição observada porSancho (2000), trata-se de “uma contribui-

ção jornalística, realizada com elementos icônicose tipográficos, que permite ou facilita a compre-ensão dos acontecimentos, (...) e acompanha ousubstitui o texto informativo” (Sancho, 2000, p.1).Assim, a informação no jornalismo toma formadistinta, uma representação gráfica da notícia. Otermo infografia é de origem anglo-saxônica e de-riva de infográficos, que, por sua vez, abrevia a ex-pressão information graphics, a saber, gráficos deinformação ou informativos (Cairo, 2008, p.21). Ouso da expressão, em sua origem, gerou embaraçoentre os profissionais da área do desenho gráfico.Acreditava-se que info resultava de “informática”e grafia, “gráfica”, o que provocou confusão comose significasse a aplicação de procedimentos da in-formática na produção gráfica. Esta interpretação

∗Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mí-dia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Email:[email protected].

c© 2018, William Robson Cordeiro Silva.Artigo apresentado na Divisão Temática 1 – Jornalismo do XVCongresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste rea-lizado de 12 a 14 de junho de 2013.

c© 2018, Universidade da Beira Interior.O conteúdo deste artigo está protegido por Lei. Qualquer formade reprodução, distribuição, comunicação pública ou transforma-ção da totalidade ou de parte desta obra carece de expressa auto-rização do editor e do(s) seu(s) autor(es). O artigo, bem como aautorização de publicação das imagens, são da exclusiva respon-sabilidade do(s) autor(es).

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submetia a infografia aos recursos computacionais,não considerando o período pré-informática.

Periódicos do Brasil e também do mundo, ade-riram ao elemento da infografia na composição doseu noticiário, como atividade complementar dareportagem ou, em muitos casos, para reforçar efacilitar a transmissão de um dado evento, baseadona “magnífica resposta junto aos leitores” (San-cho, 2001, p. 19). Há uma razão que externaesta perspectiva: os jornais diários enfrentam umperíodo de incertezas, com expressivas quedas nacirculação de suas edições impressas, conjunturacoincidente com a avassaladora tomada da audiên-cia pela TV, internet, emissoras de rádio e canaisde televisão por assinatura. Esta situação guiouSant’Anna (2008) em uma pesquisa, na qual ates-tou o quadro que levou os jornais a disputar a aten-ção do leitor – com demonstração de interesse cadavez mais decrescente pelo modelo impresso – e asverbas de publicidade ainda mais rateadas.

Como reagir a este cenário? Certos autores es-tabelecem um poder messiânico ao apostar nos in-fográficos como “salvação” dos jornais impressose infografistas como Errea (2008, p.1) justificam-se na oferta de “ferramentas para acabar com a fór-mula clássica de fazer jornalismo, informação =Título + Texto + Foto”. Ou seja, apologistas dosinfográficos sugerem uma formatação diferente danotícia, com produções predominantemente maisvoltadas para a visualidade, na intenção de atrairos leitores e fazê-los com que permaneçam em de-terminada página.

Este novo contexto evidencia o interesse maiordas editoras de jornais impressos em fornecermeios mais dinâmicos e eficientes de transmissãoda informação. Diante das formas eletrônicas queasfixiam o modelo tradicional praticado pelos jor-nais, do uso sistematizado de texto e foto, a in-fografia manifesta-se como uma contribuição ou-sada. É neste sentido que Errea (2008, p.1) des-creve que “só uma resposta jornalística, de cora-gem, pode salvar os diários e torná-los valiosos,necessários e – por que não? – divertidos. Essaresposta é a infografia”.

Certamente, este artigo não pretende adentrarno mérito deste debate, nem observar até onde sedestina o caráter salvador dos infográficos no jor-nalismo impresso. Mais importante se faz tomar

como base o potencial desta ferramenta para estamídia, que acompanha as transformações ora en-frentadas na adaptação para novas plataformas deconteúdos jornalísticos. Importa-se destacar a in-fografia e sua operação que envolve a sua aplica-ção no jornalismo na internet.

Discussões sobre a função e o comportamentoda infografia são recorrentes no campo acadêmicoe dos profissionais do setor e todas passam ne-cessariamente pela questão das transformações àsquais as organizações jornalísticas são submetidas.Tais transformações abrangem as rotinas de produ-ção nas redações e a cultura dos jornalistas. Tam-bém não exime a infografia dessas mudanças, namedida em que experimenta alterações em seu for-mato, com enxerto de elementos de multimidiali-dade capazes de potencializar sua missão de contarhistórias. Estas alterações são vistas como neces-sárias até para a sua funcionalidade. Neste sentido,Teixeira (2010, p. 30) põe em evidência um mani-festo publicado no livro do Prêmio Malofiej2, emque carrega consigo o decreto da morte dos “in-fográficos monomídia” – os modelos publicadosna plataforma impressa – na pretensão de defenderque o futuro reserva tão somente a incorporaçãode elementos multimidiáticos, no caso, uma maiorutilização da infografia interativa3.

1 Do apogeu à internet

O apogeu da infografia foi motivado pela coberturajornalística da Guerra do Golfo Pérsico, em 1991.Nessa época, as redações estavam informatizadase as produções de diagramas e gráficos se dariamatravés de computador. Com o reforço da infor-mática, a década de 1990, como assinala Cairo(2008), marcou a “verdadeira revolução da info-grafia” (Cairo, 2008, p.55), quando as suas poten-cialidades seriam postas à prova na cobertura doconflito. A razão para a dependência da infografianaquele momento ocorreu ante ao impedimento dogoverno estadunidense à imprensa de reportar-seà guerra, o que obrigou os jornais, editores e de-senhistas a “preencherem amplos espaços com asimagens que os leitores esperavam e das que, docontrário, seriam privados” (Cairo, 2008, p.55).

A imposição que limitou a cobertura na Guerrado Golfo, em contrapartida, revelou a importância

2 Prêmio Malofiej é considerado o maior prêmio para produ-ção de infográficos no mundo. Foi criado em 1993 por dois pro-fessores da Universidade de Navarra. O nome refere-se, comoaponta Teixeira (2010, p. 26), ao argentino Alejandro Malofiej,um dos pioneiros no uso da infografia.

3 Experimentação da interatividade na execução de infográ-

ficos, proporcionando uma participação mais efetiva do usuárioneste recurso elaborado para o ambiente digital. (Ribas, 2004,p.3)

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visual e jornalística do infográfico. A reportagemjornalística televisiva do conflito era precária e omáximo que as emissoras conseguiam exibir erapequenas bolas resplandecentes sobre um fundoverde, representando os bombardeios distantes nacapital do Iraque, Bagdá. Jornalistas estaduniden-ses, em pequeno número, tiveram acesso às cenasdo conflito, embora todo o conteúdo fosse subme-tido ao crivo do exército, em constante vigilância.Se as emissoras de TV careciam de imagens de im-pacto, o mesmo se pôde confirmar nos diários – so-bretudo, os periódicos ditos pós-televisivos, comoo USA Today.

Na perspectiva de Cairo (2008) a imprensavoltou-se se à infografia, recurso de certo modoincipiente para coberturas com sucessivas repor-tagens como a da Guerra do Golfo. No entanto,serviu de auxílio constante para apontar detalhese descrever o conflito, contemplado nas primeiraspáginas dos jornais com “enormes implantaçõesgráficas que preenchiam páginas e páginas e co-loridos mapas” (Cairo, 2008, p. 55). A sua utiliza-ção recorrente na TV e nos jornais, gradativamenteencaminhou a infografia à plataforma da internetno final da década de 1990, embora o salto de pro-duções seja evidenciado no período dos atentadosde 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

A infografia interativa estabeleceu-se, nestemomento, como uma forma nova de visualiza-ção da informação e, essencialmente, incorporoumodelos desta natureza participativa da audiên-cia com o agrupamento de recursos multimídia.Para entendermos melhor a terminologia Multimí-dia, Salaverria (2001) observa a mensagem ofer-tada com o incremento de muitos meios:

A mensagem multimídia deve ser um pro-duto polifônico no qual se conjuguemconteúdos expressados em diversos códi-gos. E mais que isso, deve ser unitá-rio. A mensagem multimídia não se al-cança mediante mera justaposição de có-digos textuais e audiovisuais, mas atra-vés de uma integração harmônica des-ses códigos em uma mensagem unitária.Um produto informativo que só permitaacessar um texto, um vídeo e uma gra-vação sonora, separadamente, não podeser considerado propriamente uma mensa-gem multimídia; trata-se simplesmente deum conglomerado desintegrado de mensa-

gens informativas independentes (Salaver-ría, 2001, p.3).

É baseado nesta concepção que o autor levantaquestionamentos sobre a utilização do termo e re-conhece que tem sido aplicado em situações àsmais diversas e de maneira confusa. Ao extrair aexpressão de sua raiz latina, nota-se um fator polis-sêmico na expressão, ao passo que a origem etimo-lógica aponta para multi (muitos) e mídia (meios),não deixando evidente tratar-se de um suporte quecongrega vários meios ou aquilo que se manifestaem diferentes meios. Porém, Salaverria (2001)apoia-se no conceito de Tony Feldman, que inves-tigou o tema em 1994, preferindo adotá-lo até hoje,ou seja, “uma integração sem fissuras de dados,textos, imagens de todo tipo e som em um únicoentorno digital de informação” (Salaverria, 2001,p.3).

Mas, o que parece ser polissêmico tende a serenquadrado em posições distintas, igualmente cla-ras, e permite que sejam apresentadas duas rea-lidades no campo da comunicação, mesmo quea perspectiva do autor não concorde plenamente.Isto é, Multimídia pode referir-se tanto à lingua-gem quanto aos meios. A linguagem reúne oplano comunicativo, apontando as mensagens quesão transmitidas e apresentadas nos mais variadosmeios. Meios, com base no suporte, consistem noinstrumento capaz de receber e transmitir os dadose o conteúdo multimídia.

Então, se multimídia traduz-se na linguagem, ainfografia interativa, em sua própria natureza, tam-bém é uma linguagem que abriga vários meios. Éesta aproximação que coloca Ribas (2005) a con-siderar não apenas o caráter do usuário/interatorno plano da interatividade, como também a capa-cidade da infografia na internet de abarcar mul-timeios. A autora opta pela denominação “info-grafia multimídia” (Ribas, 2005, p.5), embora ou-tros termos como interativa (Rodrigues, 2009)4,ciberjornalística (Amaral, 2010), dinâmica (Lu-cas, 2011) e digital (Álvarez, 2005; Sancho,2008; Ochoa, 2009) sejam igualmente utiliza-dos, fundamentados nas seis características pe-culiares do jornalismo desenvolvido para a inter-net delimitadas por Palácios (2004): multimidia-lidade/convergência, interatividade, hipertextuali-dade, customização do conteúdo/personalização,memória e instantaneidade/atualização contínua.Estes seis pontos foram levantados tomando porbase as quatro características desenvolvidas por

4 Optamos, como observado deste o início desta dissertação, pela terminologia “Infografia Interativa”, e explicamos as razõesno tópico Interatividade.

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Bardoel e Deuze (2000), das quais Palácios (2004)se fundamentou, acrescentando outras duas.

2 Características do webjornalismoaplicadas à infografia

Evidentemente que tais características não se pro-põem a estabelecer uma norma canônica no web-jornalismo, ao ponto que há uma diferenciação naspráticas observadas nos sites jornalísticos que per-passam por várias circunstâncias como razões téc-nicas, adequação do produto ou a aceitação doconsumidor sob uma lógica de mercado. A afir-mativa de Palácios (2004) chama atenção para as-pectos de potencialidade do webjornalismo e nãoque todas estas potencialidades são utilizadas. Eindica para uma proposta pertinente acerca das es-pecificidades do webjornalismo.

A infografia interativa, enquadrada neste am-biente, submete-se a estas características, reunindotodos os aspectos postos pelo autor. Ao buscarmosuma articulação com estas categorias, entendere-mos melhor as razões do caráter próprio da info-grafia interativa, pelas quais a evocam como ele-mento importante no webjornalismo.

2.1 Multimidialidade/ConvergênciaPara Palácios (2004), Multimidialidade/Conver-gência trata-se dos formatos das mídias tradicio-

nais, como imagem, texto e áudio que se conver-gem na narração do fato jornalístico, possibilitadopela digitalização da informação e sua disponibi-lização em diversos suportes. A infografia intera-tiva consegue ser um fator de convergência destasmídias, criando assim condições de unificar áudio,texto, animações, vídeos, fotos, numa única narra-tiva.

Amaral (2010) explica que cada mídia atua deforma independente e que se complementa, ge-rando o discurso do infográfico. Mas, alerta para ocaráter decorativo de algumas mídias, ao citar, porexemplo, “o som como alegoria que tinha conexãodireta com a informação jornalística, mas comple-tamente dispensável” (Amaral, 2010, p. 95), emcontraponto aos infográficos que destacam o áu-dio ligado à pauta, com narração ou o depoimentode um entrevistado. É necessário, entretanto, par-cimônia no que concerne a classificar o que é dis-pensável ou necessário em termos de áudio, vídeoou outros recursos na infografia. A trilha sonora deinfografias animadas, como as produzidas pela Fo-lha de São Paulo na seção “Videográficos” e a peçasobre os ataques de 11 de setembro de 2001, repre-senta dinamicidade e agilidade, configurando-se,portanto, em recurso essencial para a sua compo-sição. (figura 1)

Figura 1. Videográfico da Folha de São Paulo sobre os atentados de 11 de setembro de 2001Disponível em www.youtube.com/watch?v=d-jBnhFtNJo

2.2 Hipertextualidade

O hipertexto consiste no modo de possibilitar in-terconexão com outros textos, ofertando mais in-

formações através de links, que remetem a outrostextos igualmente “lincados”, um processo deno-minado por Canavilhas (2007) de pirâmide dei-tada, que faz alusão à técnica de redação da pi-

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râmide invertida5. Palácios (2004) esclarece quenão se deve entender por “texto” tão somente o te-cido de linguagem verbal, mas “um bloco de in-formação que pode se apresentar no formato deescrita, som, foto, animação, vídeo etc” (Palácios,2004, p.9). Parte-se, portanto, que esta definiçãoleva a considerar a infografia interativa como umtexto no sentido bem mais amplo, que abrange onão-verbal, além das possibilidades de hipertextu-alidade.

Um dos pontos emblemáticos para compreen-der o hipertexto na infografia é recorrer à sua ori-gem e notar que a sua reconfiguração garantiu ainclusão de hiperlincagens devido à mudança deplataforma. O processo de transformação da info-grafia roumpeu com a lógica dos infográficos li-neares, do suporte impresso, e que por esta razãonão permitia uma leitura multilinear. A transiçãoda fase em que o infográfico envolve-se no ambi-ente da internet permite variações multilineares deleitura quando assim forem possíveis, e a lincagemno infográfico pode estabelecer uma ligação entredois pontos no ambiente interno ou externo da pró-pria infografia.

2.3 Customização deconteúdo/Personalização

Rodrigues (2009) classifica a Infografia em Basede Dados como um tipo de gráfico que tem “maiorgrau de interatividade e também vem explorandoaplicativos da Web 2.0 disponíveis como o GoogleMaps, Mashups, Flickr, Google Earth oferecendoum maior dinamismo quanto à visualização da in-formação ou dos dados” (Rodrigues, 2009, p.36).A autora entende que a infografia se eleva à pa-tente capaz de oferecer informações customizadasa seus agentes/interatores. É, portanto, o pensa-mento de Palácios (2004) ao descrever que a Cus-tomização de conteúdo/Personalização permite apré-seleção do assunto, a hierarquização e a esco-lha da apresentação do formato.

2.4 MemóriaTer acesso ao infográfico no âmbito da internettorna-se uma tarefa mais fácil do que recorrer àsbibliotecas físicas e às sedes dos jornais para re-memorar um assunto publicado. Na internet, oacúmulo de informações é infindo e para Palá-cios (2004) é mais viável técnica e economica-mente. Isto inclui o armazenamento de infográ-ficos por jornais on line. Alguns diários mantêmseções específicas em seus sites, outros disponi-bilizam por tema. O Diário do Nordeste on line(www.diariodonordeste.com.br), de Fortaleza, ca-pital do Ceará, a título de exemplo, mantém umcanal específico de infográficos na página de aber-tura do site, que elenca as peças produzidas (con-siderando estáticas ou multimídia) em ordem damais antiga para a mais recente.

Há situações em que a característica damemória está diretamente ligada à au-tonomia do infográfico jornalístico, poisquando atuais, podem ser pensados comoa informação jornalística completa, po-dendo ser suficiente para a pauta. Mascom o transcorrer do tempo, a infografiaque agora está colocada no arquivo, po-derá vir a ser utilizada como complementode um texto ou outro infográfico jornalís-tico. (Amaral, 2010, p.93)

2.5 Instantaneidade/Atualizaçãocontínua

O infográfico interativo acompanha a agilidade deatualização de algumas matérias de jornais on line,como a publicada pelo site da revista Veja sobre amorte de Osama Bin Laden no dia do anúncio peloGoverno americano, em 2 de maio de 2011 (figura2). No entanto, considerando a complexidade naelaboração, algumas peças são inseridas no decor-rer do acontecimento. Importa-se destacar tambémque não é habitual os infográficos acompanharemo ritmo das breaking News6.

5 Segundo Canavilhas (2007, p. 2), na pirâmide invertida, ojornalista organiza a notícia colocando a informação mais impor-tante no início e o menos importante do final. O leitor pode fazera leitura seguindo o roteiro definido pelo jornalista, sempre con-siderando aspectos mais relevantes no alto do texto.

6 Longhi (2010, p. 156), ao citar declaração direta de Hora-cio Bilbao, editor de Videonotas do jornal argentino Clarín.com,identifica breaking News como sendo o conteúdo produzido noúltimo momento e que, portanto, necessita de publicação imedi-ata.

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Figura 2. Infográfico interativo publicado na revista Veja sobre a operação que matou Osama Bin Laden.Disponivel em http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/a-missao-que-matou-osama-bin-laden

Mas, Palácios (2004) vê Instantaneidade/Atua-lização contínua “combinada com a facilidade deprodução e de disponibilização, propiciada pela di-gitalização da informação e pelas tecnologias tele-máticas, que permitem uma extrema agilidade deatualização do material nos jornais da Web” (Palá-cios, 2004, p. 3). Ou seja, são possibilidades aber-tas e ofertadas pela tecnologia, mas não efetiva-mente exploradas no âmbito da infografia por va-riáveis técnicas, não de natureza ou de plataforma.

2.6 InteratividadeÉ possível estabelecer uma relação entre o prin-cípio apresentado por Palácios (2004), ao repre-sentar o conceito de interatividade, com as descri-ções de Murray (2003) e Fechine (2009). A no-tícia publicada na internet oferece condições paraque o leitor possa agir no processo, através de fó-runs de discussão, chats e e-mails, como tambémno âmbito da própria notícia, recorrendo aos recur-sos do hipertexto. Inclusive, Palácios (2004) uti-liza “multi-interativo” (Palácios, 2004, p. 2) comoum termo adequado para ressaltar este modelo deinteratividade.

Por esta razão, adotamos a expressão “infográ-fico interativo”, por enquadrar-se neste ponto, con-siderando que infográficos apresentam modelos denarrativa não-linear ou multilinear (através de umpercurso definido pelo agente/usuário), inseridosem ambiente eletrônico predeterminado pelo ins-trumento. Ou seja, o passeio é possível a partirde opções previsíveis sugeridas pelo computador,

não abalando o prazer proporcionado pelo agenci-amento, porque tais interações “residem no fato deque, no computador encontramos um mundo que éalterado dinamicamente de acordo com nossa par-ticipação” (Murray, 2003, p. 128). Segundo a au-tora, a dinamicidade na participação da narrativada internet e, por assim considerar do infográfico,está diretamente atrelada ao “ambiente da imer-são”7 que, “quanto mais bem resolvido, mas ati-vos desejamos ser dentro dele” ” (Murray, 2003,p. 102).

O adentramento aos recursos multimídiáticosdo infográfico pelo usuário, o processo na internet,segundo Fechine (2009, p.152), baseia-se na indi-vidualidade (na “solidão interativa”, entre o usuá-rio e o dispositivo) e no agenciamento (ou agên-cia), conceito que descreve basicamente todo oprocesso de sua natureza, que oferece condiçõespara o produtor (neste caso, o infografista) esta-belecer estratégias de roteirização, ou seja, rotasprévias a serem percorridas pelo usuário. Fechine(2009) demonstra que este usuário é um interatorpor agir na exploração do ambiente. “Se os textossurgem no próprio ato de navegação, a partir de de-cisões pessoais, cada interator produz e frui a “suahistória” (Fechine, 2009, p.152), abrindo mão deum conteúdo compartilhado e privilegiando a es-cala individual da comunicação. O agente/usuáriovivencia o agenciamento no ambiente narrativonão-linear do infográfico interativo e tem a capa-cidade prazerosa de realizar ações.

Estas considerações de interatividade não seresumem a uma ação individual. Primo (2008) as

7 Murray (2003, p.102) utiliza o termo “imersão” como ana-logia à experiência física de estar submerso na água para explicara sensação de um “nado virtual, do prazer da imersão como ati-

vidade participativa”, a superabundância dos estímulos sensoriaisproporcionada pelo computador.

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amplia sob o aspecto da interação em sua essên-cia. O conceito segue para além do tecnicismo,do modelo matemático da Teoria da Informação8,vislumbrando “a complexidade das interações mú-tuas, mediadas por computador” (Primo, 2008,p.145). Tal complexidade advém do sentimento,das expressões humanas, da sensibilidade do indi-víduo, como o autor exemplifica nas paixões quesurgem das salas de bate-papo ou nos debates dasvideoconferências. Remete à natureza da interaçãohumana, ou seja, a aproximação e o intercâmbio deformas simbólicas, que caminharam do contextoface-a-face, às tradições orais e à crescente difu-são de produtos da mídia. (Thompson, 2008).

Portanto, nota-se que o contexto digital abriupossibilidades para o infográfico ofertar diversoselementos e ser explorado pelo usuário sob uma

perspectiva não antes vista. A dinamicidade da in-ternet favoreceu a uma lógica além das produçõesestáticas do suporte impresso, estabelecendo nar-rativas não-lineares (ou seja, o leque de opções deinformação é mais vasto, por ser um hipertexto emsi mesmo) e potencialidade de hipermídia.

Lucas (2011) considera a evolução da infogra-fia estática para a interativa (o autor denomina de“dinâmica”) “um salto no tempo” (Lucas, 2011, p.225), visto que, na medida em que a primeira ad-mitia tão somente a leitura, sua contraparte permi-tia a interação sobre ela – a “experiência do usuá-rio”, como denominado por Cairo (2008. p.63).Para tanto, cita os três níveis de interação possíveis– classe desenvolvida por Cairo (2008, p. 70-71) –que classificam os estágios desta participação.

Estágios de ParticipaçãoTipos de Interação Nível CaracterísticaInstrução Nível básico Usuário clica em botões ou preenche caixas de entrada

com informações a serem calculadas.Manipulação Nível mediano de interação Usuário pode modificar característica de objetos repre-

sentados num ambiente virtualExploração Nível avançado de interação Usuário tem liberdade para se movimentar num ambi-

ente virtual (como nos jogos em primeira pessoa)

Em que nível for, a infografia interativa temcomo base a visualização da informação, a uti-lização de dispositivos técnicos que garantam oacesso a mapas, gráficos e organogramas. Isto é,uma forma de apresentar conteúdos das publica-ções ciberjornalísticas e onde se expõe “uma su-cessão de unidades gráficas elementares ou com-plexas, estáticas ou dinâmicas, apoiadas em ele-mentos tipográficos ou sonoros, normalmente ver-bais” (Ochoa, 2009, p. 265). Por sua vez, Lucas(2011) refere-se a “uma estruturação esquemáticaque gera informação no suporte digital” (Lucas,2011, p. 227) e confirma a definição apresentadapor Sancho (2008) de que:

A infografia digital, em seu sentido jor-nalístico, é uma apresentação informativa(não necessariamente do âmbito do jorna-lismo), que na maioria dos casos mostraos infogramas em sequência sucessiva oumista, elaborados para as publicações di-gitais audiovisuais, cujas linguagens não

são necessariamente linguísticas, realiza-dos mediante unidades icônicas elemen-tares (fotografia) e complexas (mapas ougráficos), dinâmicas ou não, completadascom tipografias, signos gráficos e/ou au-ditivos normalmente verbais e links inter-conectivos como legendas, citações e no-tas hipertextuais que aumentam sensivel-mente o que Diaz Noci denomina de den-sidade de informação. É habitual que al-guns infógrafos, como Rafa Horn, de El-pais.com, não mencionem o termo info-grafia e prefiram falar de gráficos interati-vos na internet” (Sancho, 2008) Traduçãonossa.

Conclusões

A infografia vivencia um momento de explorarmuitas potencialidades. Se no passado, o infográ-fico jornalístico limitava-se à plataforma impressa,com utilização de textos, fotos e desenhos, sua ca-

8 A relação emissor-receptor na transferência da mensagemfoi a base dos estudos da teoria informacional, desde Shannone Weaver (1945), quando sua Teoria Matemática da Informaçãodestinava-se tão somente a estudar o sistema de transmissão da in-formação via canais físicos, como telégrafo, telefone e rádio (Co-elho Netto, 2007, p. 120). O objetivo das pesquisas era observar a

quantidade de informação transmitida por um canal, considerandooutros aspectos como falhas e distorções e determinar numerica-mente a porção de informação recebida pelo usuário. Nota-se quetal processo visava uma finalidade técnica, cuja essência passou aser empregada por outros campos de estudo.

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William Robson Cordeiro Silva

pacidade se expandiu e outros elementos puderamser incorporados. Vídeos, áudios, animações po-dem se unir aos recursos já oferecidos pela info-grafia. Os periódicos podem aproveitar este poten-cial, possível no ambiente da internet, no intuitode narrar um dado evento de forma mais atraentee com a participação da audiência. As demons-trações das características do webjornalismo apre-sentadas por Palácios (2004) servem para revelarque a infografia sugere uma dupla articulação: quese enquadra nas circunstâncias atuais da prática dojornalismo na internet e de que as característicasmostradas podem ser total ou parcialmente utiliza-das pelos jornais.

Isto é, o recurso da infografia interativa no âm-bito do jornalismo brasileiro, embora recente, car-rega uma fração importante dos pontos que ca-racterizam o webjornalismo. E não por apresen-tar as condições de multimidialidade dos infográ-ficos (pouco utilizada), mas por ofertar à audiênciaos recursos de hipertexto, estabelecendo interco-nexões e roteirização com outros pontos da peçainfográfica. Esta condição já mostra um avançoem termos de produção de infográficos no jorna-lismo brasileiro. Evidentemente que a produçãode infográficos interativos é lenta e, para isso, seatribui várias razões (que remeteriam a um estudoposterior), como o interesse das organizações jor-nalísticas de investir em departamento específico,limitação de profissionais com a capacidade téc-nica ou ausência de cursos profissionalizantes parao surgimento de novos infografistas (papel que po-deria ser desempenhado pela Academia). E estesdetalhes podem afetar a produção de infográficosinterativos com relação às características aponta-das neste estudo.

Por exemplo, quanto a aspectos de Instantanei-dade, é imprescindível a montagem de uma equipeespecífica para a produção de infografias na reda-ção, levando em conta que o fator tempo é im-portante nas chamadas breaking News. Sem estaequipe, não há condições técnicas de produçãode modelos interativos para publicação ao tempodo acontecimento. Trata-se de uma limitação téc-nica, e não que a infografia interativa não seja ca-paz de integrar-se ao universo da imediaticidadeda notícia. O mesmo pode-se dizer da Atualiza-ção Contínua, combinada com a necessidade deaparato técnico, exige participação direta dos jor-nalistas. Quer dizer, a infografia interativa é umaferramenta de uso em conjunto, unindo jornalistas,infografias, fotógrafos e editores.

Independente do estágio em que a infografiapara a internet esteja alcançando no jornalismo de-

sempenhado no Brasil, o fator de interatividade éo fundamento primordial. A construção da nar-rativa através da hiperlicagem, proporcionando aoleitor condições de manipulação e desbravamentoda notícia, é a essência da infografia interativa. Ouseja, é o ambiente da imersão, proposto por Mur-ray (2003), que se torna mais aprofundado à me-dida que o infográfico se reveste de complexidade.A partir desta base, é que outras características po-dem ser incluídas (ou não) dependendo dos crité-rios técnicos ou da necessidade do jornalista.

Este artigo se propôs a relacionar as caracte-rísticas do webjornalismo com a infografia inte-rativa a ponto de incluí-la como peça necessáriapara a atual prática jornalística. Mesmo bastanteutilizada, a infografia estática não oferece todas aspossibilidades da rede e, por esta razão, o jorna-lismo precisa se apropriar de novos elementos eexplorá-los ao máximo. Os seis pontos dispostospor Palácios (2004) concedem esta possibilidadede vivência, de alternativa ao infográfico. Ante aoatual cenário de mudanças nas empresas jornalís-ticas, não apenas de suporte, mas como modelo denegócio, novos recursos são fundamentais na in-tenção de atrair leitores e fazer com que permane-çam no site.

As possibilidades da infografia interativa,apresentadas neste estudo, servem como demons-tração do que o jornalismo na internet pode ofere-cer para a sua audiência, bem mais que o modelotradicional de foto e texto, mas incrementar o no-ticiário com vídeos e infografias interativas. Al-gumas organizações, por sua vez, já percebem anecessidade e a importância de montar um depar-tamento de infografia para produções para a inter-net, uma aposta em novas formas de divulgação danotícia, o que caberia futuramente, compreenderos resultados deste investimento, as carências, osavanços e as limitações no âmbito do jornalismobrasileiro.

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