A Igreja de Jesus Cristo - Antes, durante e depois da História

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Texto base para os estudos, do livro de Efésios, nas reuniões das Comunidades da Igreja Batista Liberdade, em Araraquara.

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A Igreja de Jesus CristoAntes, durante e depois da história

Parte 1

Pertenço a:

Copyrigth C 2014 Igreja Batista Liberdade - Araraquara

Copyrigth C 2014 by Wilson Porte Junior

A Igreja de Jesus Cristo – Antes, durante e depois da história

Parte 1 - Estudo de Efésios 1

Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Livro de estudo para as Comunidades

Edição: Ministério de Comunicação e Internet

Projeto Gráfico: WebMais Comunicação

Wilson Porte Jr

A Igreja de Jesus CristoAntes, durante e depois da história

Parte 1

Estudo de Efésios 1Um amor que ultrapassa

o tempo e a história

Dedico em amor à Igreja Ba-tista Liberdade, “pela graça e para a glória de Deus”, fundada em 11 de dezembro de 2010.

Introdução

O que é a Igreja de Cristo? Uma instituição? Uma denominação? Um grupo de amigos que se reúnem sem compromisso denominacional? Um grupo sem pastor, mas que se ama? Uma religião, uma ong, uma seita? O que seria a Igreja de Cristo sobre a terra?

Tentando responder a essas questões (e muitas outras li-gadas a elas), as páginas seguintes são um estudo sobre o ca-pítulo 1 do livro bíblico que mais trata sobre a Igreja: Epístola de Paulo aos Efésios.

A Epístola de Paulo aos Efésios é uma das cartas mais importantes que o apóstolo escreveu. Para nosso tempo, sem dúvida é um dos livros da Bíblia que mais precisa ser redes-coberto e estudado. Se não fosse tão ignorado, negligenciado e desconhecido como é, sem dúvida não encontraríamos tanta confusão e desvios dentro das igrejas cristãs mundo afora.

Paulo possuía uma relação muito pessoal com essa igre-ja. Em At 19-20, o apóstolo passou aproximadamente três anos junto daqueles irmãos quando, em sua terceira viagem missio-nária, usava esta grande e famosa cidade como estratégia para sua vocação missionária. A epístola, contudo, foi escrita alguns

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anos depois, quando Paulo esteve preso em Roma (Ef 4.1). Éfeso não era qualquer cidade. Era a capital da provín-

cia romana da Ásia. Era famosa pelos antigos filósofos que vi-veram e ensinaram lá, como Heráclito, por exemplo, um filóso-fo pré-socrático, considerado o pai da dialética e que viveu em Éfeso em 500 a.C., aproximadamente.

Foi em Éfeso que o cristianismo mais se difundiu. Após o início da igreja durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 18.19-21), Paulo retornou para lá na terceira viagem mis-sionária (At 19.1) e li permaneceu durante os quase três anos já mencionados acima. Segundo os textos de At.18.18,19,24; I Tm.1.3; 2Tm.4.19, Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila trabalha-ram na igreja de Éfeso.

Segundo a tradição da igreja (pais da igreja), o próprio Apóstolo João também trabalhou nesta igreja e acabou mor-rendo ali. Como ele, provavelmente Maria, a mãe de Cristo, também morou ali até a sua morte. Até hoje, existe uma casa na cidade de Éfeso onde realiza-se uma festa anual em come-moração aos anos em que Maria, mãe de Jesus Cristo, e João moraram ali.

Em 60 ou 61 d.C., Tíquico, um discípulo muito fiel a Cris-to, levou esta epístola de Roma a Éfeso (Ef 6.21-22). O objetivo desta carta é falar sobre a Igreja de Deus, ou, Igreja de Cristo, como eram chamados os cristãos primitivos.

Estudando-a verso a verso, palavra a palavra, preten-demos compreender o que é a Igreja de Deus. Quem são os seus ministros, como ela funciona, quando ela surgiu (se é que ela surgiu no tempo e na história), quem são aqueles que dela fazem parte, etc.? O objetivo final é, sem dúvida, oferecer um esclarecimento do caminho que Deus espera que andemos, como igreja e como filhos e filhas da Igreja de Cristo neste pla-neta e na história do mundo.

Éfeso era uma cidade fantástica. Aproximadamente 300.000 habitantes (segunda maior cidade do mundo no 1º

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século depois de Cristo), centro internacional de cultura, co-mércio e religião, Éfeso era, sem dúvida, um lugar estratégi-co de onde Paulo, sob a direção do Espírito Santo, espalharia o Evangelho da Salvação. Paulo não foi para uma pequena cida-de, sem nenhuma expressão. Foi para uma grande cidade, de onde o Evangelho poderia ser muito ouvido e difundido.

Ao longo das próximas semanas, com o estudo desta epís-tola, veremos outras interessantíssimas curiosidades sobre Éfeso e os efésios. Por enquanto, esta é a introdução que pre-tendo fazer sobre a cidade para a qual foi escrito o livro que es-tudaremos nos próximos meses.

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Versículos 1 e 2

Foi assim que o Espírito Santo começou a carta que, atra-vés de Paulo, o eterno Deus quis enviar aos verdadeiros cris-tãos que moravam na cidade de Éfeso:

1. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de

Deus, aos santos que vivem em Éfesos e fiéis em Cristo Jesus,

2. graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

Vejamos, pouco a pouco, o significado dessas palavras.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus A palavra apóstolo significa, literalmente, enviado. Trata

de um mensageiro ou embaixador que representa com autori-dade aquele que o enviou. Os primeiros doze apóstolos foram aqueles enviados por Jesus para pregar o Evangelho. Em Lc 6.13, o Evangelho diz que «Ele chamou para si os seus discí-pulos, e deles escolheu doze, a quem ele chamou de apóstolos».

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Ou seja, apóstolo segundo a Bíblia, é aquele que é chama-do diretamente por Cristo para a sua obra. Paulo, embora não fosse parte dos doze, ouviu do próprio Cristo ressurreto seu chamado no caminho de Damasco.

Os apóstolos, como veremos mais adiante no estudo desta epístola, foram aqueles únicos que receberam autoridade para lançar o fundamento da Igreja, aquilo que também chamamos de Novo Testamento. Com a morte do último apóstolo, João, encerrou-se o ministério apostólico de lançar o fundamento da igreja, ou seja, escrever revelação, Bíblia.

A ideia absurda de que hoje podemos possuir apóstolos, traz consigo (se for bíblica) a possibilidade desses homens con-tinuarem a escrever a Bíblia, além de serem homens que en-contraram-se com o próprio Cristo ressurreto e receberam dele seu chamado especial.

Continuando, Paulo aqui também destaca que ele é após-tolo de Cristo Jesus, e não de Jesus Cristo. Isso também é sig-nificante. Cristo é a palavra grega para Messias, ou seja, o Un-gido de Deus que viria ao mundo. Com a colocação do título Cristo antes do nome Jesus, Paulo reforça que estava em uma missão. Ele era um enviado (apóstolo) oficial de uma grande autoridade real, o Rei dos reis, Jesus. Por isso a ênfase «de Cristo Jesus».

por vontade de Deus,

Paulo possuía uma certeza inabalável do chamado e von-

tade de Deus para sua vida. Não agiu jamais por exasperação ou impulso. Tal era sua comunhão com Deus que, quando pen-sou em agir por impulso (At 16.6-10), o Espírito Santo o freou mostrando qual era a vontade de Deus para ele. E Paulo sem-pre ouviu e obedeceu a voz de Deus.

Esse exemplo de Paulo deveria ser seguido por nós. Não comprarmos, vendermos, viajarmos, orçarmos, sonharmos,

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decidirmos por carreiras, etc., sem que tivéssemos clara a di-dirmos por carreiras, etc., sem que tivéssemos clara a di-reção e vontade de Deus para nossa vida. Por meio de 1Ts 4.3 sabemos que a vontade de Deus para nós é a nossa santifica-ção! Diante disso, deveríamos sempre nos questionar se nossas decisões diárias estão em acordo com nossa santificação.

aos santos que vivem em Éfesos e fiéis em Cristo Jesus,

Para quem é a mensagem bíblica? Você já parou para

pensar nisso? Porque muitos a leem e não a compreendem? Seria a Bíblia uma mensagem para todos? Vejamos. O Espírito Santo, ao usar Paulo para escrever aos efésios, esclarece que a mensagem revelada na carta é para os santos e não para todos. Ou seja, não para todos os que viviam em Éfeso, muito menos para todos os que estavam dentro da igreja em Éfeso. A men-sagem era somente para os santos.

Quem são os santos? Obviamente, são aqueles que foram separados da vida no pecado para viverem uma nova vida de amor verdadeiro a Deus. Nas palavras de Paulo aos Gálatas 1.4, aqueles que foram desarraigados deste mundo perverso, ou seja, arrancados pela raíz! Hb 12.14 também fala sobre eles, além de Mt 5.8 que nos lembra que os santos são os limpos de coração. Só estes irão para o céu!

Estes são os santos, pessoas que amam a Deus mais do que tudo. Eles deveriam receber essa mensagem e ouvi-la. Isso sig-nifica aprender e apreender. Ouvir e obedecer. Essa é a prova de que amam a Deus mais do que tudo. Jesus disse isso em Jo 14.21, onde guardar possui o sentido de apreender/obedecer.

Logo, a Bíblia não é para o mundo. Por isso o mundo a de-testa. Por isso o mundo a tem como um gasto mal aproveitado dentro de casa. Mais um livro fechado sem nenhuma utilidade.

Já os santos, a têm como seu pão diário, sua água, seu ar. Não concebem viver sem ela. Choram por ela. Beijam-na quan-

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do a recebem, assim como acontece na China e outros países fechados ao cristianismo quando cristãos, clandestinamente, recebem um exemplar da Bíblia Sagrada. Beijam-na, choram sobre ela, e devoram-na. Isso, porque sabem que nela encontra-ram um recado de Deus para elas. Para quem não ama a Deus, trata-se apenas de mais um livro chato e incompreensível.

Por isso, Deus o destina aos santos e fiéis em Cristo Jesus. Deus a revela com poder transformador e alimentador somen-te àqueles que O desejam mais que tudo. Um detalhe final que consta no final do verso 1 é que os santos são também fiéis. Não existe santidade sem fidelidade.

graça a vós outros e paz, da parte de Deus,

No segundo verso da epístola, Paulo demonstra seu dese-

jo de que a graça e a paz que vêm de Deus pudesse estar com ele e neles. Graça e Paz, estes são dois desejos que sempre de-vemos nutrir por todos os homens!

A graça é o amor imerecido e leal de Deus por seres hu-manos que nada fazem além de O ofenderem com suas pala-vras e ações. Graça é o amor com o qual somos constrangidos no momento em que o Senhor nos toca por meio de Seu Espíri-to. Ninguém, absolutamente ninguém!, que conheceu a graça de Deus é capaz de reclamar que nunca foi amado por nin-guém. Alguém que experimentou a graça de Deus em sua vida, por mais que não tenha desfrutado do amor de uma mãe ou pai nesta Terra, de uma amor verdadeiro por parte de seu marido ou esposa, filhos ou parentes, não é capaz de encontrar motivo para dizer que não se sente amado, pois o amor de Deus der-ramado em seu coração faz com que ele se sinta a pessoa mais amada de todos os tempos.

A paz é um estado de espírito que não possui explicação. Trata-se de uma paz que não depende de ausência de proble-mas. Mesmo em meio a lutas e tribulações, a pessoa possui uma

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paz que a sustenta e dá força para continuar. Esta paz, nunca deixará que esta pessoa entre numa depressão e PERMANEÇA nela. Trata-se da paz de Filipenses 4.7 e do Salmo 23.4.

E Paulo conclui o verso 2 afirmando: nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

Esse Deus que deseja que conheçamos seu amor e sua

paz, também deseja que O vejamos como nosso Pai (Rm 8.14-15). O Senhor Jesus, agora ressuscitado e assentado à mão di-reita de Deus-Pai, com o Pai, vem a nós com amor e paz.

A graça e a paz que vêm a nós, vêm da parte do Deus--Filho e do Deus-Pai. Jesus e o Pai nos enchem com amor e nos sentimos embebecidos por este amor. Jesus e o Pai nos en-chem com a sua paz, de modo que, mesmo em meio à proble-mas, temos paz.

É isso que o início desta epístola traz para nós: um Deus que deseja falar e tratar com os Seus. Você faz parte dos Seus? Como saber? Se você o ama mais do que tudo, se você luta con-tra o pecado e vive uma vida diária de conversão interior, se você se arrepende sinceramente a cada pecado cometido con-tra Deus, se o que você mais deseja alcançar neste mundo é a santidade pessoal, então você é um dos santos para os quais o Espírito Santo também enviou Sua revelação.

Você conhece a graça e a paz que vêm de Deus? Se a res-posta é não, arrependa-se e volte-se para Ele. Não descanse enquanto não estiver bem junto a Ele, amando-O mais do que tudo neste mundo.

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Versículo 3

Existe uma forma correta de se adorar a Deus? Adoração tem a ver com amor, e amor expresso em palavras. Não tem tanto a ver com canções. Muito menos com períodos de louvor. Adoração é uma atitude que nunca abandona aquele que ama.

No início de sua carta aos santos de Éfeso, Paulo adora a Deus. Após uma breve saudação, volta-se a Deus, a quem der-rama-se em louvor. Vejamos o início desse louvor:

3. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris-to, o qual nos abençoou com todas as bênçãos es-pirituais nos lugares celestiais em Cristo;

Assim Paulo inicia seu louvor a Deus.

Bendito

Nas Escrituras, a palavra “bendito” possui vários signi-ficados. Aqui, seu uso está relacionado à adoração, ao louvor. Essa é a atitude de quem está elogiando outra pessoa. Bem

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dizer (dizer bem) é o mesmo que elogiar. A atitude de bendizer é a mesma de quem adora. Nós adoramos quando reconhece-mos atributos em outro e os mencionamos com todo o coração. Aqui, Paulo bendiz aquele que “nos abençoou com toda sorte de bênçãos”. Louvar ou adorar também tem a ver com gostar exageradamente de outro, render culto a este outro, se cur-var e beijar, muitas vezes. Esta última atitude está relacio-nada à reverencia e/ou adoração dada a reis e rainhas quan-do seus súditos se curvam diante deles e beijam-lhes os pés ou as mãos.

Paulo está adorando a Deus. Um ato contínuo, ininter-rupto. Ele está sempre diante da face de Deus. Mas, pelo quê Paulo adora a Deus?

o Deus e Pai

No início de sua adoração, ele reconhece que a pessoa adorada é seu pai. Não o terreno, mas um que se fez pai por puro amor e misericórdia. Um pai que o adotou e mudou sua história.

O Deus a quem adoramos também é nosso Pai. Diferen-te de outros deuses. A maioria das divindades adoradas não lidam com seus povos como se fossem pais. São, na grande maioria, déspotas, tiranos, deuses furiosos e insaciáveis.

A diferença aqui é que, o mesmo Deus a quem se adora, se trata como um pai. Os adoradores também são filhos, não somente servos.

Paulo continua.

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

Jesus Cristo é o único filho de Deus. Não há outro. Nunca haverá. Se somos filhos hoje, é porque fomos aceitos à famí-lia de Deus por meio de adoração. Fomos adotados e, agora,

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como membros da família de Deus, podemos chamar a Cristo de nosso Senhor.

Mas, o que Paulo tem em mente quando diz “nosso Se-nhor”? O Senhor Jesus Cristo é nosso e nós somos dele? Sem dúvida que sim. Mas, vejamos com os olhos da época. A pala-vra “senhor” naquele tempo poderia significar tanto o senho-rio do imperador quanto o senhorio do dono de um escravo. Em ambas situações, o escravo não possui direitos pessoais, pois pertence a outro. Assim, somos escravos amados e trata-dos como filhos pelo Pai de nosso Senhor e também pelo pró-prio Senhor que pagou o nosso preço e nos comprou para ser-mos seus eternamente.

o qual nos abençoou com todas as bênçãos

Não há uma bênção sequer que não esteja já determina-da por Deus. Ele que conhece todos os meus dias, pois os ante-viu e escreveu em seu livro (Salmo 139), é aquele que derrama tais bênçãos no espaço-tempo. Embora elas sejam eternas, ma-nifestam-se no tempo.

Todas as bênção para sua vida já estão determinadas dentro do propósito de Deus.

O propósito de Deus para mim é diferente do propósito dele para outro. Por isso, as bênçãos são diferentes para um e para outro.

espirituais

Mas, será que alguma bênção não é espiritual? Certamen-te que não. Todas as bênçãos, sejam materiais ou imateriais, todas são advindas dele, por obra do Espírito Santo de Deus que habita em nós.

Assim, da salvação e livramentos até um emprego ou um carro, todas as bênçãos são espirituais. Devemos reconhecê-las

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como tais. Para Deus, não há diferença entre o material ou o imaterial. Para nós sim, mas, para Ele, não. Ele nos vê como es-píritos também, embora tenhamos um corpo e ele não descon-sidera isso. Todavia, até mesmo nossos corpos devem ser usados de um modo que, espiritualmente, sejam santificados.

Uma benção “material” como o dinheiro, facilmente pode perverter nosso espírito. Por quê, se o dinheiro não é espiritu-al? Pelo fato de haver uma correlação entre tudo o que é mate-rial e tudo o que é espiritual.

Por isso, todas as bênçãos devem ser vistas como espiritu-ais em nossas vidas, sejam elas quais forem, devem todas ser vistas como presentes de Deus para aqueles que as usaram de um modo santo, saudável e que glorifique ao Pai.

nos lugares celestiais em Cristo;

Em princípio, Paulo destaca que estas bênçãos estão guardadas em Cristo, nos lugares celestiais. Mais uma vez, a inclusão dessa expressão no início de sua adoração destaca que Paulo reconhece a soberania do Filho de Deus. Ele possui tudo em suas mãos. Não há nada que esteja perdido sobre a Terra e que Deus procura, encontra e, depois, derrama sobre nós. Ele é soberano, e tudo está em suas mãos.

Algo impressionante também é esta expressão “em Cris-to”. Literalmente, significa “dentro de Cristo”. Explico. Paulo repete esta expressão muitas vezes em sua literatura. E ela sempre vem com essa ideia de que os cristãos não andam sol-tos, mas presos por laços de amor, guardados como que dentro de uma esfera de amor dentro da qual são protegidos, alimen-tados e guiados.

Hoje, poderíamos utilizar a ilustração de um grande tan-que de guerra dentro do qual soldados são igualmente prote-gidos, alimentados e guiados. Não estamos dentro de um tan-que literalmente, mas dentro de Cristo, ou, “em Cristo”. Nele,

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somos levados ao castelo do Rei dos reis. Nessa viagem até lá, somos atacados por um inimigo que está do lado de fora. Mas, “em Cristo”, somos protegidos. Nele, recebemos o alimento e o remédio. Nele, somos guiados pelo caminho correto dentro do qual sempre estaremos protegidos. Fora dele, a morte nos es-pera. Dentro dele, encontramos a vida abundante.

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Versículo 4

Porque tantos brigam quando tratam da doutrina da elei-ção? Porque irmãos em Cristo deixam de se falar por meses ou anos depois de se descobrirem defendendo lados diferentes dessa mesma doutrina? Seria a doutrina da eleição uma dou-trina pela qual deveríamos brigar, discutir ou disputar?

Creio que a única razão pela qual pessoas literalmente brigam por causa de uma doutrina é por que tais pessoas ainda não compreenderam o propósito da mesma.

Ainda mais quando se fala sobre a doutrina da eleição. Essa doutrina é uma das mais belas das Escrituras e, seu único propósito (ou, pelo menos, seu propósito mais elevado) é nos conduzir à adoração.

É com uma palavra de adoração que o apóstolo Paulo in-troduz suas palavras sobre a eleição. Vejamos suas palavras em Ef 1.4:

4. assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor

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assim como nos escolheu, nele

Eleição tem a ver com escolhas que outros fazem a nosso respeito. Nunca ninguém se elege para desempenhar uma res-ponsabilidade. Sempre outro o elege. Aqui, Paulo está louvan-do a Deus por ter sido escolhido pelo próprio Deus para algu-mas coisas. Mais adiante, Paulo irá descrever o que são tais coisas, que, na verdade, formam o corpo do seu louvor.

Este texto começa com uma informação que não pode ser compreendida sem entendermos, ainda que rapidamente, o que eram as eleições no Império Romano.

Dentro do Império Romano de então, a eleição estava li-gada a um conselho. Os césares romanos eram eleitos por meio de um conselho de senadores. Ninguém se fazia César, eram todos feitos césares por meio daquele conselho que possuía a prerrogativa de escolher, legislar e, até mesmo, dar ao César a autoridade de um ditador durante um tempo limitado em mo-mentos de guerra.

Então, este é o conceito por trás da palavra “escolheu”. Assim como os césares eram eleitos por outros, Paulo louva a Deus por ter sido eleito por Deus também.

Portanto, a eleição trata-se de algo que não vem de nós. É um chamado de Deus para algo.

Algo interessante a ser observado com relação à palavra usada por Paulo no também poderia ser traduzida com “colhi-do”, visto que a palavra também é usada para isso, além de em contextos eletivos para cargos de autoridade.

antes da fundação do mundo,

Então, é certo que Deus escolheu um povo. Que povo? Os santos já mencionados no verso 1. Estes que são chamados de santos são aqueles a quem Deus escolheu.

A continuação continua afirmando quando a eleição acon-

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teceu. A resposta está nestas últimas palavras: «antes da fun-dação do mundo». Ou seja, antes que Deus tivesse criado céus e terra, antes de Gn 1.1, Deus, mediante a sabedoria de Seu conselho, Pai, Filho e Espírito Santo, escolheu pessoas que se-riam salvas do inferno e capacitadas pelo Espírito Santo a vi-verem de um modo santo nesta Terra.

Veja as palavras do apóstolo Pedro sobre esta mesma verdade:

sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil proce-dimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o san-gue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação “do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. <1Pe 1.18-20>

Assim, não somente a eleição de um povo para ser santo, mas o próprio sangue de Cristo foi conhecido desde antes da fundação do mundo. Ou seja, antes da Luz existir, na mente de Deus já havia a Cruz.

para que fôssemos santos

Disso segue a razão de nossa eleição. E aqui, fica mais claro sobre quem Paulo está falando. O verbo falar possui um sujeito oculto de primeira pessoa do plural, “nós”.

Nós! Nós quem? Os santos. Ou seja, aqueles que vivem em busca da santificação, ou, da mortificação de seus próprios pecados. Estas são as pessoas para as quais o Senhor se desti-na por meio desta carta.

A eleição é para a santidade. A santidade nunca alcança-rá a eleição. É a eleição que torna possível a santidade.

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e irrepreensíveis

O Espírito Santo continua a afirmar que os eleitos, além de santos, seriam irrepreensíveis.

O que significa isso? Significa que a vida dos santos elei-tos será de luta contra tudo o que possa atrair o olhar de re-preensibilidade dos de fora para nós. Não significa ser perfei-to, pois ninguém nunca será. Significa lutar contra o pecado. Lutar pela santidade.

Tais pessoas, lutam para fugir da aparência do mal. Elas se importam com o que os outros estão pensando delas, com seus testemunhos. Por isso, vivem como se fossem irrepreensí-veis, embora ninguém jamais o será plenamente.

diante dele em amor;

Tudo isso, Deus o fez envolto em amor. A expressão “em amor” significa que estamos envoltos completamente, por den-tro e fora, por amor. Não há nada de Deus para nós que não seja por amor e em amor. Deus não ama, Ele é amor. Por isso, Ele nos chama para andamos perante Ele em amor.

Deus, então, é louvado por Paulo por causa dessa graça de ser eleito. Essa é a única razão pela qual o Senhor nos reve-la o mistério da eleição. Não para discussões ou debates inter-mináveis na internet. Não para nos acharmos mais sábios que outros que ainda não compreenderam essa doutrina. Não para que nos vejamos como detentores de um conhecimento secreto superior e nos sintamos mais que os outros, mas para que le-vantemos as mãos e adoremos ao Senhor pela Sua maravilho-sa graça que nos tirou da morte para vida.

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Versículo 5

A adoção sempre foi algo considerado belo pela humani-dade. Desde a criação dos primeiros orfanatos da história, os responsáveis pelos tais sempre foram tratados como heróis da humanidade, pessoas abnegadas, dispostas a fazer pelos filhos dos outros o que muitos não estão dispostos a fazer pelos seus próprios.

Todos conhecemos pessoas que foram adotadas ou que adotaram alguém. Muitos de vocês, talvez, estão pensando em adoção. E não há quem não considere linda tal atitude e disposição.

Quando Paulo, o apóstolo, escreveu sobre adoção aos Efé-sios, sem dúvida, devemos olhar para o assunto com o mesmo olhar de vislumbre, admiração, louvor e gratidão. Sim, grati-dão. Isso, porque na Revelação, nós éramos as crianças perdi-das e famintas que foram adotadas e levadas para a casa de um bondoso Pai.

Vejamos suas breves, porém profundas palavras:

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5. e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o bene-plácito de sua vontade,

Digiramos tais palavras.

e nos predestinou

O que significa pré-destinar? Não há muito segredo quan-to a isso. Predestinar significa dar um destino previamente. Em sua palavra de louvor a Deus, Paulo louva ao Senhor que decidiu nosso destino antes da fundação do mundo.

Para todos, o destino é algo incontrolável. Menos para Deus. Excetuando-se o Soberano, nenhum de nós possui o fu-turo em suas mãos. Não somos capazes de decidir em médio e longo prazo. Às vezes, conseguimos dirigir o presente. Às vezes.

Determinar que fomos predestinados pela presciência di-vina é, de todas, o maior dos absurdos. Isso implicaria em sal-vação pelas obras ou méritos individuais. Vejamos: se Deus anteviu que eu O escolheria e, assim, me predestinou, então, não há soberania para a salvação. Se isso for verdadeiro, a sal-vação depende de quem quer e de quem corre, e não de Deus ter exercido sua misericórdia.

Salmo 139: todos os meus dias foram ordenados (esta-vam debaixo da ordem de Deus) antes que nenhum deles ainda havia acontecido.

para sermos filhos

Diferentemente das demais criaturas feitas por Deus, nós, de antemão, fomos feitos para vivermos como filhos de Deus. Ser filho é mais do que ser servo. Ser filho é privilégio recebido sem maroto algum do que o recebe. Ninguém escolhe de quem ser filho. Simplesmente somos. Outros decidem isso

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por nós. Às vezes, sem o planejamento dos pais, filhos acabam sendo concebidos e gerados. Ainda assim, filhos nunca esco-lhem se virão a existência.

É assim que nós, também, não escolhemos ser criados muito menos sermos feitos filhos de Deus. Se somos filhos dEle, é por única e exclusiva vontade dEle.

A má compreensão de que os homens podem escolher se serão filhos ou não de Deus deveria ser entendida como absur-da pelos cristãos. Me assusta a quantidade de cristãos, protes-tantes ou católicos, que admitem serem responsáveis pela pró-pria salvação. Isso é um absurdo. Por quê? Por que isso traria mérito a nós, traria glória àqueles que escolheram em detri-mentos dos que não escolheram. E Jesus deixa claro no Evan-gelho que não somos nós que O escolhemos, mas que Ele nos escolheu para que fôssemos e déssemos frutos.

Ele nos escolheu para que fôssemos filhos. Mas não como Jesus. Jesus é o único filho que procedo do Pai. Cristo é o unigê-nito do Pai. O «filho único». E quanto a nós? Somos filhos ado-tados pelo Pai. Dividimos a filiação com Jesus Cristo. Somos enxertados à família de Deus pela obra de Seu único e precio-so Filho, Jesus Cristo.

Mas, o que significa que fomos adotados?

de adoção

Como em todo processo de adoção, as crianças perdidas não escolhem seus novos pais, mas são escolhidos por eles, le-vados à casa deles, educados por eles, disciplinados por eles, alimentados por eles, enfim, tais crianças adotadas, agora, são totalmente deles.

Assim, nós também, não somos mais vistos por Deus como aqueles que éramos. Para Deus, o fato de termos sido do Diabo no passado, e termos feito tantas coisas horríveis aos Seus olhos, agora, não faz mais a mínima diferença. Estamos

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dentro da casa do Pai. Dentro do castelo do Rei que nos adotou e nos fez co-herdeiros com Seu único filho de tudo que é dele. Reinaremos com Ele, através da obra e morte de Seu filho na cruz por nós.

Hoje, devemos nos achegar a Ele como filhos que O amam, como filhos que são gratos e que desejam agradar e honrar seu pai. Éramos crianças perdidas e abandonadas. Estávamos sem Deus, sem salvação, sem pai e mãe, famintos, mendigando no pecado o pão nosso de cada dia.

Mas Ele nos chamou ao seu castelo. Nos forçou a entrar e, dele, recebemos o pai que nos salvou da morte. A ele pedi-mos todos os dias o “pão nosso de cada dia”, pois seu único filho assim nos ensinou a pedir.

Nada disso desfrutaríamos, se Jesus não tivesse vindo nos resgatar. A missão de Jesus foi a maior missão de resgate de toda a história. É por isso que esse verso do louvor paulino termina com a expressão:

por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,

A adoção se deu por meio da obra de Cristo na cruz. Nada nem ninguém pode substituir o sacrifício e a obra que ele rea-lizou em nosso lugar. Todo esforço é vão diante da perfeição do que Jesus consumou no Calvário.

Ali, Deus revela seu desejo de que sejamos dele. Uma vez que já sejamos dele, nada nos arrebatará de Suas mãos (Rm 8).

Tudo isso aconteceu conosco por causa do conclave, por causa do amor que envolveu e preencheu aquela reunião (ou conselho) na qual se determinou, antes da fundação do mundo, que os arrependidos e convertidos seriam totalmente dele, ado-tados para serem chamados eternamente de seus filhos.

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Versículos 6 e 7

Por que louvamos a Deus? O que louvamos quando louva-mos? Pelo que agradecermos? Somente pelas bênçãos? O que recordarmos quando nos colocarmos diante dele para adorá-lo?

Estas são perguntas feitas por quem, sinceramente, dese-ja adorar a Deus. Os motivos, sem dúvida, são vários. No en-tanto, há alguns motivos que deveriam se destacar. Paulo os destacou nesta epistola. Vejamos.

6. para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,

7. no qual temos a redençãob, pelo seu sangue, a re-missão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,

para louvor

Ja vimos nos textos anteriores o que Paulo tinha em mente quando o assunto é adoração. Por tanto, não veremos mais aqui o que é louvor, mas, sim, qual o conteúdo dessa adoração.

29 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

da glória de sua graça,

Nesta belíssima expressão, Paulo expressa quão cara e preciosa está graça é para Deus. Deus não apenas ama, mas este amor é glorioso. Quando o adoramos, fazemos questão de anunciar em alto e bom som a grandeza desse amor. Deseja-mos espalhar a fama desse amor, ou seja, a glória de sua graça.

Não há como um cristão não encontrar aqui o motivo maior de seu louvor. Nada pode ser maior que o amor de Deus pelos seus. É em amor que ele nos escolheu, que ele veio e morreu, que ele ressuscitou, que ele enviou seu Espírito, que ele nos chamou da morte para vida, que ele nos regenerou, que ele nos justifi-cou, e que ele tem nos santificado. É em amor que ele opera tudo o que opera em nossas vidas. Nada que Deus faz é sem amor. Tudo é uma expressão de seu amor. Até mesmo o inferno!

Aqui, Paulo destaca mais uma vez um motivo especial em seu louvor: a graça de Deus. Nós também, em meio a tan-tos períodos de louvor vazios nas igrejas contemporâneas, de-vemos resgatar o motivo de nosso louvor. Não cantamos sobre nós, mas sobre Deus e seu amor. Não cantamos para que ele nos restitua, mas para que ele nos quebre e transforme para a sua glória. Louvor tem a ver com Deus e não com os seus.

que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,

Essa graça não tem preço. Ele não nos vendeu, muito menos negociou. Ele, gratuitamente, decidiu derramá-la sobre nós. Veja que Paulo está louvando a Deus aqui por causa disso. Há motivo maior pelo qual louvar?

Nada que o ser humano faça pode comprar esse amor. Nada que o ser humano tenha pode atrair esse amor. O fato é que somos todos como o mendigo, sem nada a oferecer ao Rei, e famintos. E o Rei decidiu nos acolher, limpar, alimentar e tor-nar filhos dele. Gratuitamente.

30 Estudo de Efésios 1

Por isso, louve a Deus. Louve a Deus.

no qual temos a redenção,

O texto continua dizendo que temos redenção. Mas, o que significa isso? Somos redimidos do quê? Aliás, o que significa redenção? Vejamos.

A palavra redenção está ligada à resgate. Resgate tem a ver com compra. Compra tem a ver com preço. E, tudo isso, tem a ver conosco, os redimidos.

Era comum então o comércio escravista. Sempre horro-roso, incluía a prática de colocar preço nas pessoas. No Bra-sil, no final do Brasil Império, um escravo custava em média o valor de um carro popular zero quilômetros em nossos dias. Al-guns custavam menos, outros mais. Tudo dependia do tempo de vida e das qualidades no serviço.

Quando eram comprados por outros senhores de escra-vos, um alto preço normalmente era pago por cada um deles. Assim, eram resgatados. Eram adquiridos por outros que por eles tinham interesse.

Assim, também, Paulo aqui diz que por ele e pelos efé-sios, um alto preço havia sido pago. Sendo que fomos redimi-dos por Cristo, pertencemos a ele. Um alto preço foi pago por nós. Mas, como se deu esse pagamento? Qual o nosso preço? Paulo continua.

pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,

O preço foi o sangue, sangue inocente, sangue humano. Um sangue humano inocente substituiria o sangue humano impuro (lembre-se de que, então, a vida era simbolizada pelo sangue). Isto é, uma vida pura substituiria na Cruz a condena-ção por inúmeras vidas impuras, condenadas, perdidas.

31 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Pelo sangue de Cristo, recebemos a remissão pelos nossos pecados. Sem Cristo, ainda pertencemos a outro senhor (ídolos de nosso coração). Remidos de nossos pecados, ele não nos per-tence mais. A idéia aqui também é de ele, Jesus Cristo, com-prou nossos pecados. Nossos pecados ele levou para ele. Não são mais nossos, mas dele. Ele tomou sobre ele todas as nossas iniqüidade, passadas, parentes e futuras. Na Cruz, tudo esta-va sobre ele. Ele comprou nossos pecados e foi punido por isso. Ele veio para isso. Louvado seja seu precioso nome!

Nada disso seria feito se essa graça e misericórdia não fossem abundantes. Deus é rico em graça. Graças a Deus por isso! Toda a obra da redenção e resgate se deu envolvida por um Deus que é riquíssimo em graça. Não há limites para esta graça. Ela esteve presente no inicio, por ocasião de nossa elei-ção, e nos acompanhará por toda a vida. Nada nos separará do grande amor de Deus!

Por isso, que nossa vida seja para louvá-lo por tão grande e rica graça. Que vivamos para meditar no amor de Deus reve-lado na Cruz. Precisamos, diariamente, meditar e agradecer a Deus por tudo isso. Fosse Deus diferente, sem duvida alguma amargaríamos o sofrimento eterno e a perdição no inferno. O que podemos fazer senão louvarmos diariamente por tão gran-de amor e salvação? Comecemos hoje mesmo.

32 Estudo de Efésios 1

Versículos 8 a 11

Como é bom saber que nossa salvação foi planejada cui-dadosa e graciosamente pela Santíssima Trindade antes da fundação do mundo. Como é bom saber que nossa salvação não depende nós, não depende de nosso esforço ou merecimento.

Como é bom saber que, além de salvos, nos foi dado pelo Espírito Santo o dom para perseverar até o fim, quando recebe-remos, ainda que imerecidamente, a coroa da vida e o fruto da Árvore da Vida, colhido pelas mãos do próprio Cordeiro de Deus.

Continuemos a refletir, em espírito de oração, nas pala-vras de Paulo inspiradas pelo Espírito Santo à igreja que se reunia na cidade de Éfeso.

8. que ele fez abundar para conosco em toda a sabe-doria e prudência,

O início deste verso nos faz lembrar do que o Senhor fez abundar para conosco. Sua graça maravilhosa e inesgotável, como vimos na pregação anterior, está para nós como uma a água está para uma esponja. A graça de Deus nos envolve e

33 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

nos preenche. É por isso que Paulo aqui ressalta que o Senhor a fez abundar sobre nós.

Outro ponto curioso do verso 8 é que Deus a derramou sobre nós com sabedoria e com prudência. O que significa isso? Vejamos.

Sabedoria tem a ver com o conhecimento perfeito que Deus possui e que lhe faz agir como age. Todas as suas ações são poderosas e perfeitas porque feitas sabiamente. Sabedoria não é algo necessariamente que está em Deus. De certo modo, ele é a própria sabedoria, a fonte dela. É por isso que a graça de Deus não vem impulsivamente sobre nós, ou mesmo apaixo-nadamente. Vem em sabedoria. Deus sabe o que ama e a quem ama. Seu amor e graça é absolutamente racional.

Já a Prudência tem a ver com uma virtude que não exis-tiria se soubéssemos que Deus não existe. Ele é a fonte de toda prudência. A ação redentora não foi (nem é) ingênua ou pueril. Agiu o tempo todo prudentemente, sabiamente, demonstrando que há em Deus justiça e bondade em sua escolha eterna. Não é preciso muito esforço para concluirmos que nossos padrões acerca de justiça são insuficientes quando desejamos entender a Deus e o que ele fez. Portanto, fuja da tentação de achar que Deus é injusto em sua eleição. Nós nem mesmo sabemos o que é justiça, ainda mais aquilo que para ele é justiça.

9. fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito,

Como fruto de um amor que não se pode medir nem ex-plicar, Deus revelou a nós seu amor, coisa que, aparentemen-te, não revelou a nenhuma outra de suas criaturas. Quando o apóstolo fala do «mistério de sua vontade», ela fala de nossa salvação, motivo do louvor de Paulo nesta primeira de duas orações que ele faz no capítulo um de sua epístola aos efésios.

Esta salvação vem a nós de acordo com seus planos pré-

34 Estudo de Efésios 1

-estabelecidos na eternidade passada. O beneplácito de Deus de certo modo revela sua prudência, mencionada no verso an-terior. Deus agiu de um modo sensato em sua eleição. É possí-vel a nós compreendermos isso? A menos que provem o contrá-rio, afirmo com convicção que não. Por melhor que argumente-mos, não conseguiremos nos desfazer do embaraço daquilo que para nós é justiça. Sempre acusaremos Deus de injusto.

Devemos, sabiamente, abandonar todo esforço em querer justificar a Deus quanto à eleição. Três coisas são certas:

; Nenhum ser humano merece a salvação (nem mesmo os eleitos);

; Deus escolheu de um modo sábio, sensato e prudente; ; Deus foi e sempre será justo e bom, em seu caráter e em suas decisões.

Portanto, desistamos de querer «ganhar a briga» pela doutrina da eleição. Ela não nos foi revelada para que brigás-semos, mas para que louvássemos a Deus por sua maravilho-sa graça que nos anteviu salvos antes da fundação do mundo. Nunca pergunte o por quê de Deus não ter salvo um amigo seu. Pergunte o por quê dele ter salvo você. E então, o louve, com todo seu coração.

O beneplácito, conforme muitas versões em por-tuguês traduz, vem da palavra original εὐδοκίαν1 para “plano generoso”. Foi de um modo generoso que o Senhor nos anteviu, nos predestinou e que, generosa e abundan-temente, tem nos abençoado e amparado dia após dia2.

1 - Do grego koinê εὐδοκία, ας (aquilo que satisfaz alguém).

2 - Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testa-ment: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 298.

35 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Assim, sabemos que nossa salvação trouxe grande prazer ao próprio Deus.

Na continuação da epístola, Paulo afirma que a vinda de Cristo se deu naquilo que Deus mesmo chamou de “a plenitu-de dos tempos”. Este termo tem a ver com o ápice da história, o momento mais especial dentro do plano da criação. Para aque-le que é o Criador e que é Eterno, tudo o que acontece antes e depois desse momento é periférico e menos importante em comparação com a crucificação. A história da humanidade é a história da redenção. O que não tem a ver com redenção, é pe-riférico.

Vejamos o por quê.

10. de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra,

Como disse o teólogo puritano Matthew Henry, todas as linhas da revelação divina encontram-se em Cristo. Ou seja, além da própria história da humanidade encontrar o seu ápice em Cristo, tudo o que de Deus recebemos através de revelação especial (Verbo Escrito e Verbo Encarnado) convergem igual-mente a Cristo.

Sem Cristo não há religião (no sentido puro da palavra, ou seja, um religar-se a Deus). Todos os povos, todas as lín-guas, todas as nações, tudo e todos que se encontram redimi-dos encontram-se e ainda encontrar-se-ão em Cristo, através da morte e ressurreição de Cristo.

Deus fez tudo convergir à cruz. Tanto os que serão salvos quanto os que continuarão perdidos por escolha própria por toda a eternidade. A cruz divide a história e aqueles que esta-rão ou não na eternidade com Deus. Este atrair ou convergir não seria apenas algo terreno, mas algo cósmico, toda a natu-reza criada seria convergida à Cristo na cruz. A cruz é o cen-tro de toda a história e é nela que tudo encontra sua redenção.

36 Estudo de Efésios 1

Através dela, abre-se a esperança para uma “nova humanida-de” ligada ao “segundo Adão” que habitará a “nova Terra e os novos céus”!3

11. nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,

Paulo, aqui no verso 11, apresenta o papel dos que somos salvos dentro da história da redenção. Em Cristo, todos fomos feitos herança. Essa herança há muito havia sido prometida. Mesmo antes de Cristo nascer, Deus usou o profeta Isaías para revelar isso:

Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará sa-tisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, jus-tificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; con-tudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgresso-res intercedeu. <Is 53.11-12>.

Ele levou os nossos pecados sobre a cruz e lá pagou o preço por cada um deles. Agora, já não há mais condenação. Tendo pago o nosso preço, fez de nós a sua herança. Assim, do início ao fim, nossa salvação tem a ver com Ele, Cristo, e nunca co-nosco. Somos totalmente passivos no que diz respeito à obra e méritos pela salvação.

Tudo isso foi feito por causa da vontade de Deus. Do iní-

3 - Matthew Henry, Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: complete and unabridged in one volume (Peabody: Hendrickson, 1994), 2308.

37 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

cio ao fim, nossa salvação é pela pura e graciosa vontade de Deus. A expressão grega κατὰ τὴν βουλὴν τοῦ θελήματος αὐτοῦ poderia ser traduzida livremente assim: «de acordo com aqui-lo que foi planejado segundo a vontade dele». Ou seja, não se trata apenas de um conhecimento prévio, ou de uma presciên-cia, mas de algo que foi planejado, pensado, segundo a sabedo-ria, a justiça, a bondade e o amor que há nas pessoas benditas da Santíssima Trindade. Dessa graciosa deliberação, resultou o «beneplácito» de sua vontade4.

Não foi por acaso nem ou presciência, mas por decisão ativa e deliberada do Pai, do Filho e do Espírito Santo na eter-nidade. Assim foram todos os santos predestinados para a gló-ria daquele que nos criou.

4 - Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testa-ment: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 357.

38 Estudo de Efésios 1

Versículos 12 a 14

Por que você existe? Você já se perguntou isso? Por que você está vivo? Será que é só por causa de um encontro físico de seus pais? Será que é apenas por que eles lhe planejaram? É comum pessoas se questionarem sobre a razão de sua existên-cia. Muitas pessoas sofrem com crises existenciais terríveis.

Quando pensam na brevidade da vida e naquilo que será de cada um deles após sua morte, muitos ficam transtornados com a ideia de que existiram para nada. Você já se questionou sobre o por quê de estar vivo?

Na continuação de sua adoração a Deus, Paulo explica ter compreendido a razão de sua existência. Veja suas palavras:

12. com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo;

13. no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa,

14. o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.

39 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

No início do verso 12, Paulo demonstra ter compreendido a razão de estar vivo. Aliás, ele compreende a razão de ter sido criado. O fim de nossa existência é glorificar a Deus. Se não o glorificamos, secamos e morremos vazios.

Paulo aqui está falando de uma segunda criação. A pri-meira, obviamente, é quando Deus nos fez do pó da terra. A primeira criação está ligada a nossos primeiros pais – Adão e Eva. Já a segunda criação diz respeito à nossa conversão a Cristo. Paulo escreveu aos coríntios (2Co 5.17) que, “se alguém está em Cristo, nova criatura é”. Àquele que nega a si mesmo e torna-se um fiel seguidor de Jesus de Nazaré, Deus faz dele uma nova criatura. Ele é recriado. Nas Palavras de Cristo, ele nasceu de novo (João 3.3).

A razão pela qual fomos criados é para que vivêssemos para o louvor da glória de Deus. Mas não é assim que vivemos, desde o início da criação da história humana. A história da hu-manidade é uma história de rebelião contra Deus. Amamos tudo o que Ele odeia; e odiamos tudo o que Ele ama.

A razão de Paulo louvar a Deus aqui é que, pela grande paciência e misericórdia divina, Paulo se vê com um nova opor-tunidade de viver e de ser o que ele foi criado para ser. Deus não nos criou por acaso ou por brincadeira. Ele não nos criou para deixar-nos soltos pelo planeta. Houve um objetivo, um propósito. Logo, há uma razão para você estar vivo. Há um ob-jetivo para com a sua vida neste mundo.

Você foi criado para a glória de Deus e para glorificar a Deus em tudo o que faz. Seja brincando, jogando, ensinando, namorando, casando, comprando, vendendo, etc. «Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus» (1Co 10.31).

Paulo está adorando a Deus pela obra que o Senhor come-çou em sua própria vida. Afinal, ele descobriu a razão de sua vida, o motivo de estar vivo. Ele encerra o verso 12 dizendo que ele, juntamente (provavelmente) com todos os judeus, espera-

40 Estudo de Efésios 1

vam por Cristo, ou seja, pelo Messias, visto que ele daria sen-tido às suas vidas. No verso seguinte, ele vai expressar alegre-mente que a mesma salvação que trouxe razão à sua existên-cia também foi oferecida a outros povos.

no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa,

Alegremente, Paulo expressa seu conhecimento de que os efésios também haviam descoberto a razão de suas vidas. Quando foi que eles descobriram isso? Quando foi que tudo fez sentido para eles? Quando foi que suas dúvidas sobre vida e morte foram dissipadas?

No verso 13, Paulo afirma que foi no exato momento de suas conversões a Cristo. Essa é a hora quando tudo faz senti-do. É assim que homens e mulheres de Deus no passado fala-ram do momento de suas conversões. É como se, naquele mo-mento, tudo fizesse sentido. É isso que C.S.Lewis, professor da Universidade de Oxford na Inglaterra, ateu, afirmou sobre sua conversão: “Eu acredito no cristianismo como eu acredito no sol, não apenas por que eu o vejo, mas por que por meio dele eu vejo tudo o mais”.

Na conversão, a luz de Cristo irrompe dentro de nós assim como a luz do sol irrompe na aurora sobre as trevas da madru-gada. Assim como o nascer do sol dissipa as trevas da noite, o nascer do sol da justiça em nossos corações também dissipa as trevas do medo, da insegurança, da dúvida, e do pecado de nos-sos corações.

Como dizia Calvino, após uma vida de trevas, enfim vemos a luz. “Após as trevas, luz!” (post tenebras lux) era o lema da cidade de Genebra nos dias em que João Calvino foi o seu pastor.

41 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Tendo isso em mente, é importantíssimo que entendamos o que Paulo está falando neste verso. Vejamos como se dá o nascer do Sol da Justiça em nossos corações. Vejamos como Cristo nasce dentro de nós.

1. Tento o ouvido a palavra da verdade;

Em primeiro lugar, Paulo afirma a importância de ouvir-mos o Evangelho, a Palavra da Verdade. O Evangelho é a boa notícia de que nós estamos perdidos, mortos em nossos peca-dos, cegos para enxergarmos a luz de Deus, cauterizados para sentir prazer em Deus, mas Deus enviou o Seu Filho unigêni-to para pagar o preço necessário para que mortos vivam, cegos vejam e cauterizados voltem a sentir.

Mas essa transformação sobrenatural no ser humano não pode acontecer sem que o próprio Deus intervenha. É necessá-rio um milagre para que sejamos salvos. E o milagre está intei-ramente relacionado à Palavra da Verdade, ou seja, à Sagrada Escritura. O primeiro passo para que Cristo «nasça em nossos corações», ou seja, para que nasçamos de novo, é ouvirmos à Palavra de Cristo. Lembre-se de que somos salvos por meio da fé e que a fé é um dom de Deus concedido no ato da pregação:

E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. <Rm 10.17>

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. <Ef 2.8>

De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. <Hb 11.6>

Assim, sem fé não é possível agradar a Deus, sem fé não

42 Estudo de Efésios 1

é possível ser salvo. Todavia, a fé não vem (e nem está em) de nós, mas vem de Deus, é um presente de Deus. E esta mesma fé, segundo a Sagrada Escritura, vem a nós como um dom de Deus por meio da pregação da palavra de Cristo, ou seja, do Evangelho.

2. E tendo nele também crido;

Em segundo lugar, após ouvir o Evangelho, é necessário crer em sua mensagem. Ouvir sem crer não muda a situação perdida do ser humano. Após ouvir o Evangelho, é necessário reconhecer a si mesmo como um pecador, como um perdido, como um mendigo faminto sem nenhuma condição de retribuir o gesto gracioso de quem o encontrou e o socorreu.

Assim são os eleitos. Eles reconhecem-se como mendigos desesperados por pão, sentido, vida, limpeza, mudança. E tudo isso lhes é dado se arrependidos de seus pecados passados e presentes, curvam-se diante de Cristo clamando o seu perdão. Crer no Evangelho significa crer em sua miséria e pecaminosi-dade, e estar arrependido da mesma.

No entanto, crer no Evangelho também significa crer que é pela graça de Cristo que tal pessoa será salva. Ela desiste de depender de seus méritos para sua salvação. Reconhece que, do início ao fim, sua salvação é pela obra de Deus.

Crer em Cristo salvificamente significa crer que você é um pecador perdido sem Cristo, que nada em você agrada a Deus, que nada que você faça ou fizer terá o poder de agradar a Deus a ponto dele lhe salvar por tal (ou tais) atitudes; e tam-bém significa crer que é pela graça de Deus em Cristo que sua salvação acontecerá.

43 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

3. Fostes selados com o Espírito Santo da promessa.

Esta expressão é uma das fortes em toda a Bíblia. É dela que tiramos nossa segurança. Originalmente, Paulo escreveu ἐσφραγίσθητε τῷ πνεύματι τῆς ἐπαγγελίας τῷ ἁγίῳ5. A primeira palavra é a palavra da qual se traduz “vós fostes selados”. Ela está no passivo, ou seja, denotando algo que foi feito a alguém sem que esse alguém tivesse qualquer participação na ação. O tempo verbal é o aoristo, mais especificamente, aoristo passi-vo, indicativo, na segunda pessoa do plural. Ou seja, todas as pessoas a quem Paulo se dirigia foram totalmente passivas na ação que concretamente conferiu salvação e segurança de sal-vação a cada um deles.

Sem dúvida, Paulo aqui trata daquilo que em outras par-tes é chamado de batismo com o Espírito Santo. Quando é que somos batizados pelo Espírito Santo? Aqui, Paulo afirma clarissimamente que é no exato momento em que ouvimos o Evangelho e cremos nele. Neste momento, Deus nos sela (ba-tiza, ato que vem de cima e marca algo ou alguém) com o Es-pírito Santo.

Este selo, tal qual os selos reais de outrora, é irrevogável. Ele não pode ser destruído nem mesmo cancelado. Ele é a ga-rantia de nossa salvação, de que pertencemos a ele. A palavra σφραγίς traz a ideia de um objeto usado para imprimir uma marca que denota posse, aprovação, proximidade6.

5 - Eberhard Nestle et al., The Greek New Testament, 27th ed. (Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1993), 504.

6 - Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testa-ment: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 59.

44 Estudo de Efésios 1

o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória.

Paulo encerra seu louvor afirmando que a garantia de que realmente somos filhos de Deus é o selo do Espírito Santo em nós. O fato de termos sido batizados com o Espírito Santo de Deus faz com que tenhamos a garantia de que entramos no céu. Aliás, o Espírito Santo não é apenas a garantia de nossa salvação futura do inferno, mas é a garantia de uma boa qua-lidade de vida no presente.

O que chamo de qualidade de vida? Paz. Não apenas saúde física, que é mais do que importante, mas saúde espiri-tual. Ou seja, paz em seu interior. É a isso que chamo de quali-dade de vida. Só o Espírito Santo pode lhe garantir isso

Você, assim como Paulo, já compreendeu a razão de estar vivo? Você não é um mero resultado do acaso. Para os seres humanos o acaso pode ser algo real. Mas não para Deus. Para Deus não há acasos, coincidências, surpresas, etc. Como Sobe-rano, nada foge ao seu controle.

Nós estamos vivos com o objetivo de vivermos para o lou-vor da sua glória. Foi para isso que ele nos redimiu, tornando--nos sua possessão particular. Quem garante à Deus de que somos seus é o selo que ele imprimiu em nós por meio da obra do seu Espírito Santo.

Louvado seja Deus por isso! Louvado seja Deus por tama-nha segurança e esperança que isso nos traz.

45 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Versículos 15 ao 17

O início da epístola de Paulo aos efésios é recheado com a vida espiritual do apóstolo. Numa carta onde ele tratará de temas teológicos e doutrinários relacionados à igreja, Paulo co-meça com duas palavras de e sobre oração.

A primeira, como já vimos anteriormente, foi sobre a graça de Deus que nos salva do inferno. Então, esta primeira diz respeito a Deus. Já a segunda, que vem agora no texto, diz respeito aos homens. Isso lembra, embora não podemos dizer que isso estava na mente de Paulo, o que Cristo ensinou na oração do Pai Nosso — primeiro Deus, depois nós.

Vejamos os versos 15 e 16 de Efésios:

15. Por isso também eu, tendo ouvido falar da fé que entre vós há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos,

16. não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,

Paulo era um homem de oração e suas orações não conta-vam apenas com suas próprias necessidades. O foco de Paulo

46 Estudo de Efésios 1

nesta passagem é ressaltar seu louvor a Deus e sua oração pelos efésios. Consequentemente, a passagem lança luz sobre a presença da oração na vida de Paulo. Ressalta-se também que esta oração era em favor de outros.

Após uma oração sobre o amor de Deus, uma pequeni-na oração pela vida de seus amigos. Nela, Paulo fala da fé que havia entre eles. A preposição que aparece originalmente no es-crito paulino (κατα - kata), quando usada com um acusativo — que é o caso aqui —, possui um sentido distributivo. Ou seja, Paulo não falava da fé presente no momento da conversão, mas da fé que acompanha a vida do cristão e que é posta em prática nas mais diferentes situações da vida. Trata-se de uma fé posta em prática. Não da fé presente no momento da salvação.

A palavra fé possui alguns significados na Sagrada Escri-tura. Ela pode estar tratando de um conjunto de crenças que alguém possui, de uma atitude interior da pessoa que está se convertendo, ou, como é o caso aqui, de uma atitude contínua exercida diariamente diante de Cristo7.

Esta fé resulta no amor citado por Paulo, manifesto na prática à todos os santos. A própria palavra “amor” está ligada a um amor que só o Espírito Santo pode produzir em nossos co-rações, e que vem primeiramente a nós para que, depois, possa-mos amá-lo e também amar ao outro (ἀγαπη - ágape - 1Jo 4.198).

7 - Wuest, K. S. (1997). Wuest’s word studies from the Greek New Testament: For the English reader (Eph 1:14–15). Grand Rapids: Eerdmans, p. 51.

8 - Johannes P. Louw and Eugene Albert Nida, vol. 2, Greek-English Lexicon of the New Testament: Based on Semantic Domains, electronic ed. of the 2nd edition. (New York: United Bible Societies, 1996), 1.James Swanson, Dictionary of Biblical Languages With Semantic Domains: Greek (New Testament), electronic ed. (Oak Harbor: Logos Research Sys-tems, Inc., 1997).

47 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

No verso seguinte, dois aspectos da vida de oração de Paulo são ressaltados:

1. Persistência;2. Gratidão9.

Essa atitude não se vê somente aqui, mas praticamen-te em todas as orações que Paulo faz pelas outras igrejas para as quais ele escreveu (cf. Rm 1.9; 2Co 11.28; Fl 1.3-4; Cl 1.3, 9; 1Ts 1.2-3; 2Tm 1.3, Fm 4). Leia:

Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemen-te faço menção de vós. <Rm 1.9>

Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim dia-riamente, a preocupação com todas as igrejas. <2Co 11.28>

Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4fa-zendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, <Fp 1.3-4>

Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, … Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espi-ritual; <Cl 1.3,9>

Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando--vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, dian-

9- Robert James Utley, vol. Volume 8, Paul Bound, the Gospel Unbound: Let-ters from Prison (Colossians, Ephesians and Philemon, Then Later, Philippians), Study Guide Commentary Series (Marshall, TX: Bible Lessons In-ternational, 1997), 79.

48 Estudo de Efésios 1

te do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da ab-negação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, <1Ts 1.2-3>

Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. <2Tm 1.3>

Dou graças ao meu Deus, lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações, <Fm 4>

A vida de oração de Paulo era completamente equilibra-da. Ele adorava a Deus e intercedia por Seu povo. Mesmo cren-do que a igreja pertence a Deus, mesmo sabendo que cada uma daquelas igrejas para as quais ele escreveu estavam debaixo do cuidado de Deus, Paulo também compreendia que não deve-ria deixar de interceder em favor de cada uma delas. Ou seja, a soberania de Deus não anula nossa responsabilidade de orar!

Nossas orações, de certo modo, estão em pleno equilíbrio com a soberania de Deus. Deus é soberano e, em sua sobera-nia, escolheu deixar que seres humanos fossem cooperadores de Seus planos através da oração. Ainda que correndo o risco de ser mal compreendido, afirmo com toda certeza de que as orações dos santos são as chaves que abrem as portas para as bênçãos que, na eternidade, Deus já havia determinado nos dar. Veja o que disse o irmão de Jesus:

Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para es-banjardes em vossos prazeres. <Tg 4.2>

Sem dúvida, a oração intercessora permanecerá um misté-rio para o povo de Deus. Sabemos que Deus já determinou todas as bênçãos que receberemos (Ef 1.3-4). Por outro lado, também sabemos que devemos pedir, bater e buscar (Mt 7.7-8).

49 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Paulo, então, com perseverança e gratidão nunca deixou de lembrar de cada um deles em suas orações. Vejamos o verso 17 de Efésios 1:

17. para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele;

A primeira coisa que nos salta aos olhos é a afirmação trinitária do apóstolo Paulo. Pai, Filho e Espírito Santo são mencionados como objeto das orações de Paulo pelos efésios. O Filho é o nosso Senhor e mediador. É o Filho que nos leva ao Pai. O Pai é aquele que recebe a nós e nossas orações. E o Es-pírito é o agente da doação. É o Espírito que opera em nós.

Aqui, o Espírito Santo é quem nos dará sabedoria e reve-lação sobre nosso Senhor Jesus Cristo. No Novo Testamento, o Espírito nos dá muitas coisas. Exemplos:

; Espírito de Adoção: Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de ado-ção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! <Rm 8.15>

; Espírito de mansidão: Que quereis? Irei a vós com vara, ou com amor e espírito de mansidão? <1Co 4.21>

; Espírito da verdade: Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é que conhecemos o espíri-to da verdade e o espírito do erro. <1Jo 4.6>

; Espírito de sabedoria e revelação de nosso Senhor Jesus Cristo <Ef 1.17>: Esse espírito é dado pelo Pai da glória. E esse espírito não é apenas para uns pou-cos, mas é para todos os que nele creem

50 Estudo de Efésios 1

até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhe-cimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à me-dida da estatura da plenitude de Cristo... <Ef 4.13>

Isso nos mostra que o conhecimento não é algo que Deus deseja dar para um grupo pequeno dentro de seu rebanho (como afirmava alguns gnósticos). Jesus é A Verdade! E o Evangelho é dado por Deus e focado em Cristo, cuja mensagem é para todos.

O conhecimento de Jesus Cristo é fruto da obra do Es-pírito em nossas vidas e corações. Sem o Espírito, não pode-mos jamais conhecer plenamente a Cristo. Em suma, “espí-rito de sabedoria e revelação” está relacionado a conhecer plenamente a Jesus Cristo10.

Só conheceremos plenamente Jesus Cristo dentro da esfera de ação do Espírito Santo. E não se trata apenas de um conhecimento formal, mas de um conhecimento pessoal e relacional11.

Concluo que todos devemos lutar para ter em nossas vidas os dois elementos presentes na vida de oração de Paulo: perseverança e gratidão. Isso nos livrará de muita coisa ruim.

Que nunca nos esqueçamos dos outros em nossas orações.Que clamemos a Deus por mais conhecimento e sabedo-

ria, pois isso nos trará para mais perto de Cristo e fará com que nosso relacionamento com ele seja muito maior.

10 - Wuest, K. S. (1997). Wuest’s word studies from the Greek New Testament: For the English reader (Eph 1:15–17). Grand Rapids: Eerdmans.

11 - Marvin Richardson Vincent, Word Studies in the New Testament (New York: Charles Scribner’s Sons, 1887), Eph 1:15–17.

51 Um amor que ultrapassa o tempo e a história

Versículos 18 a 23

No texto anterior, o apóstolo Paulo introduz sua segunda palavra de oração do início dessa carta. Ele enfatiza que perse-verava em lembrar de orar pelos efésios e de fazer grata men-ção deles em suas orações por causa de sua fé confirmada pelas obras e pelo amor pelos demais cristãos. Paulo pede que o Se-nhor lhes dê espírito de sabedoria e revelação de nosso Senhor Jesus Cristo.

Após tais palavras, o apóstolo traz as palavras abaixo, as quais estão intimamente relacionadas ao início de sua oração pelos efésios. Assim, dando o Pai da glória espírito de sabedoria e revelação, os olhos dos efésios seriam iluminados a ponto de entenderem (revelação) aspectos sobre Cristo e Sua Palavra que o homem sem o dom do Espírito jamais será capaz de perceber.

18. iluminados os olhos do vosso coração, para saber-des qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos

19. e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;

52 Estudo de Efésios 1

O Espírito de revelação sobre quem é Jesus e o Espírito de sabedoria dados pelo Espírito Santo do Senhor produziriam luz sobre o coração dos efésios. Paulo, aqui, tratará de algo muito especial e profundo, de difícil compreensão se não visto com muito cuidado e dedicação.

O primeiro ponto nesta porção exposta por Paulo (Ef 1.18-23) começa no final do verso 19. O texto fica mais claro quando começamos com a expressão do final do verso 19:

Segundo a eficácia da força do seu poder.

Então, é segundo a obra ou operação da força do poder de Deus que os “olhos do nosso coração” são iluminados.

Obviamente, esta expressão é figurada. Nossos corações não possuem olhos. Até mesmo o “coração” é uma expressão fi-gurada. “Coração” aqui refere-se às nossas emoções e à parte imaterial de nosso ser. Àquilo que não é a nossa carne. Os “olhos do coração” referem-se à porta de entrada desta parte imaterial de nosso ser — nossa alma, se você preferir.

Outros trechos da Sagrada Escritura chamam nosso cora-ção de “entendimento”, também. E este entendimento ou “co-ração” permanece cego, incapaz de enxergar a luz de Deus. É impossível ao homem “enxergar” o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo sem que o próprio Deus o cure de sua cegueira e abra os olhos de sua alma, seu entendimento, ou, os “olhos de seu coração”.

Lembre-se do que escreveu Paulo aos coríntios

nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos in-crédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. 2Co 4.4>

Paulo, então, está orando para, pela força do poder de Deus os olhos do coração dos efésios fossem iluminados. Paulo

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sabia que só por Deus eles enxergariam o Evangelho e teriam suas vidas transformadas.

Agora, a continuação do verso 18 afirma que, uma vez que a cegueira não existisse mais, todos eles saberiam de três coisas muito especiais:

; A esperança do seu chamamento; ; As riquezas da glória de sua herança nos santos; ; A suprema grandeza de seu poder para com os que cremos;

Estas três coisas que ele faz para conosco, ele o faz por causa da grandeza de Seu poder. Vejamos:

; Segundo a grandeza de seu poder para conosco, enten-damos qual é a nossa vocação neste mundo. E quando digo “vocação” não quero dizer de uma profissão espe-cífica, mas de uma vocação inerente a todas as voca-ções que os homens têm. Se a vocação profissional de alguém é ser marceneiro, então a outra vocação que subjaz a esta é a vocação de glorificar a Deus por meio da marcenaria. Se a vocação de um jovem está ligada à medicina, a vocação que subjaz a esta é a de glorificar a Deus como médico. E assim por diante.

; Segundo a grandeza de seu poder para conosco, en-tendamos quão grandes e maravilhosas coisas nos aguardam nos céus. Uma vez que os nossos olhos são iluminados, passamos a ver mais beleza nas coisas do porvir do que nas coisas deste mundo.

; Segundo a grandeza de seu poder para conosco, apren-demos a confiar e a descansar na certeza da soberania e do poder de nosso Deus.

Então, Paulo aqui compartilha o quanto deseja de Deus

54 Estudo de Efésios 1

que ele abra os olhos dos efésios para que eles vejam a gran-deza e maravilha que é o poder de Deus sobre nós, o poder do Evangelho sobre nós. Sobre este poder, Paulo fala nos versos seguintes:

20. o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o den-tre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,

21. acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro.

22. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,

23. a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.

Esta conclusão nos apresenta duas coisas importantes. A primeira é que o mesmo poder que “exerceu ele em Cristo” (ou seja, operou em Cristo — Ἣν ἐνήργησεν ἐν τῷ Χριστῷ), como está no texto (v. 20a), é o poder que opera em nós no ato de nossa iluminação. Este poder de Deus que um dia abriu os nos-sos olhos é o poder que fez nosso Senhor Jesus Cristo ressusci-tar, ascender aos céus, assentar-se à direita de Deus, fazendo com que nosso Senhor Jesus Cristo tivesse poder e autoridade sobre todo principado, autoridade, poder, domínio e sobre tudo e todos. Ele, literalmente, se tornou por meio desse poder o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. É este mesmo poder que hab-ita em nós e transforma nossa história.

A segunda coisa interessantíssima que o texto nos traz é que este poder foi dado à igreja, por ser ela o seu corpo. O verso 23 afirma que a igreja é complemento, a plenitude de nosso Se-nhor Jesus Cristo. Por isso, o poder dele repousa sobre a igreja.

Paulo, então, conclui sua palavra sobre suas orações re-velando algo maravilhoso: nós fomos alcançados pelo mesmo poder que ressuscitou a nosso Senhor Jesus Cristo e que o fez

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ascender aos céus onde ele permanece até a sua segunda vinda.No capítulo seguinte [Efésios 2], Paulo tratará sobre os

efeitos desse poder na vida de sua igreja. Sobre o que vimos até aqui, concluímos que há muito poder que repousa sobre nós. Somos envolvidos pelo poder de Deus em nossa con-versão e em nossa peregrinação. Acontece conosco o mesmo que aconteceu com os israelitas na primeira páscoa. Assim como o poder de Deus os acompanhou na saída do Egito e du-rante toda a peregrinação no deserto, o mesmo poder esteve envolvido em nossa conversão e está envolvido com todos os eventos de nossa vida agora.

Esta é a razão pela qual nosso Senhor Jesus Cristo nos afirmou em Mt 6.25: «não andeis ansiosos pela vossa vida» e Paulo, usado pelo Espírito Santo, escreveu «Não andeis ansio-sos de coisa alguma» (Fp 4.6). Quando sabemos e cremos que um poder sem limite, o mesmo poder que ressuscitou a nosso Senhor, repousa sobre nós, o que haveremos de temer? Nós nunca estamos sozinhos. Nunca abandonados completamente.

Confiando nessa verdade, espera-se que descansemos no poder de Deus. A ansiedade elevada a um nível incontrolável torna-se pecaminosa e revela um coração que confia nem acre-dita que Deus de fato seja poderoso e/ou bondoso.

Que nunca nos esqueçamos de seu grande amor. Que nunca deixemos de louvá-lo em nossas orações e canções por sua grandiosa graça e por seu grandioso poder que não apenas nos salvou, mas permanece sobre nós e permanecerá para nos guardar durante toda a nossa peregrinação neste mundo.

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