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VI IBEROLAB 1 A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE EM UM LABORATÓRIO DE PESQUISA QUE REALIZA ENSAIOS ECOTOXICOLOGICOS SALGUEIRO, C. R. i ; WIEZEL, J.G.G. I ; OLIVEIRA, Á.C. I ; ALBUQUERQUE, A. F. I ;VENDEMIATTI, J. A.S. I ; ALMEIDA,G. I ; AZEVEDO,F. I ; UMBUZEIRO, G.A. I ; I LEAL Laboratório de Ecotoxicologia e Microbiologia Ambiental "Prof. Dr. Abílio Lopes" FT Faculdade de Tecnologia- FT, Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Rua Paschoal Marmo, 1888, Jd Nova Itália 13484-332 - Limeira - SP - Brasil [email protected] ;[email protected] ;[email protected] ;[email protected] ; [email protected];[email protected];[email protected] ;[email protected] ÁREA TEMÁTICA. (Marque una opción) REQUISITOS DE GESTIÓN RESUMO A acreditação de laboratórios de rotina tem aumentado significativamente nos últimos anos, como forma de assegurar a competência dos resultados. Entretanto, esta tendência se apresenta em menor intensidade em laboratórios universitários. Este trabalho descreve a implantação de um sistema de gestão da qualidade em um laboratório universitário de pesquisa, que realiza ensaios ecotoxicologicos, utilizando-se os conceitos da qualidade e melhoria contínua preconizados na norma ISO/IEC 17025. Foi aplicado no Laboratório de Ecotoxicologia Aquática e Limnologia - LEAL, da Faculdade de Tecnologia UNICAMP - Campus de Limeira, seguindo um roteiro préviamente estabelecido. Pode ser concluído que não foram encontrados impedimentos na sua consecução em tal ambiente e que esta experiência agrega conhecimentos importantes para o currículo do alunos, aproximando-os às exigências do mercado. Palavras-chave Laboratórios de ensino e pesquisa, ensaios ecotoxicológicos, gestão da qualidade. 1.- Introdução Os conceitos da qualidade e a adoção de sistemas de gerenciamento e programas da qualidade são largamente utilizados nos diferentes segmentos da sociedade como forma de garantir os processos e produtos, bem como a produtividade e atendimento a entidades regulamentadoras (ABNT NBR ISO 9000:2008). Verificando um distanciamento de produtividade entre os setores privados e públicos, o Brasil, voltado à gestão pública, iniciou o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade - PBPQ - em 1990 para a difusão dos conceitos da qualidade. Desde então, no Brasil, intensificou-se o movimento na adoção de sistemas de gestão da qualidade e da garantia da qualidade sendo que os setores públicos e privados mantêm- se na busca constante de sua aplicação. Os laboratórios estão presentes em nosso cotidiano e são necessários para atividades essenciais, como por exemplo, o diagnóstico de doenças, demonstração de evidencias em casos de conflito, garantia da qualidade de alimentos e medicamentos, no comércio e na avaliação da qualidade ambiental, sendo fundamental a consistência e confiança dos resultados por eles emitidos. Sendo os laboratórios um segmento importante na sociedade, pois geram resultados que são utilizados para pequenas e grandes decisões, é imprescindível que os dados gerados pelos mesmos sejam consistentes e confiáveis. Uma das formas de demonstrar competência no desempenho e confiabilidade dos dados gerados em laboratórios, é a adoção de um sistema de gestão da qualidade adequado.para o atendimento a requisitos de normas de avaliação da conformidade. Os laboratórios no Brasil, fazendo parte desse contexto, demonstraram a preocupação do reconhecimento formal de sua competência em gerar resultados satisfatórios, sendo que atualmente percebe-se que esta preocupação também se faz presente nos laboratórios de instituições de ensino e pesquisa. Devido às diferentes vocações e características dos processos desenvolvidos, em laboratórios de ensino e pesquisa, a implantação de sistemas de gestão da qualidade seguiu rumos diferentes de outras organizações tanto na receptividade como no ritmo de implantação dos referidos sistemas. Os laboratórios privados tomaram a frente na adoção de sistemas de gestão da qualidade não somente pela conseqüente melhoria do processo como também por ser inegável diferencial no mercado. Nas instituições de ensino superior e pesquisa, verificamos que o processo ocorre de forma mais lenta devido à natureza das atividades desenvolvidas, especialmente quando falamos de laboratórios que fazem parte dessas instituições.Tal fato é reafirmado pelas dificuldades encontradas na adoção de sistemas da qualidade nos centros de pesquisa, independentemente do empenho e reconhecimento da necessidade da implantação (GOMES, 2000). Ainda no processo de aplicação de sistemas da qualidade, percebemos que nas instituições de ensino e pesquisa, os laboratórios de calibração seguidos dos laboratórios de ensaios químicos, em sua grande parte

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VI IBEROLAB

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A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE EM UM LABORATÓRIO DE PESQUISA

QUE REALIZA ENSAIOS ECOTOXICOLOGICOS

SALGUEIRO, C. R.i; WIEZEL, J.G.G.

I; OLIVEIRA, Á.C.

I; ALBUQUERQUE, A. F.

I;VENDEMIATTI, J. A.S.

I;

ALMEIDA,G.I; AZEVEDO,F.

I; UMBUZEIRO, G.A.

I;

ILEAL – Laboratório de Ecotoxicologia e Microbiologia Ambiental "Prof. Dr. Abílio Lopes" – FT – Faculdade de

Tecnologia- FT, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Rua Paschoal Marmo, 1888, Jd Nova Itália 13484-332 - Limeira - SP - Brasil

[email protected];[email protected];[email protected];[email protected];

[email protected];[email protected];[email protected];[email protected]

ÁREA TEMÁTICA. (Marque una opción) REQUISITOS DE GESTIÓN

RESUMO

A acreditação de laboratórios de rotina tem aumentado

significativamente nos últimos anos, como forma de

assegurar a competência dos resultados. Entretanto, esta

tendência se apresenta em menor intensidade em

laboratórios universitários. Este trabalho descreve a

implantação de um sistema de gestão da qualidade em um

laboratório universitário de pesquisa, que realiza ensaios

ecotoxicologicos, utilizando-se os conceitos da qualidade e

melhoria contínua preconizados na norma ISO/IEC 17025.

Foi aplicado no Laboratório de Ecotoxicologia Aquática e

Limnologia - LEAL, da Faculdade de Tecnologia –

UNICAMP - Campus de Limeira, seguindo um roteiro

préviamente estabelecido. Pode ser concluído que não

foram encontrados impedimentos na sua consecução em tal

ambiente e que esta experiência agrega conhecimentos

importantes para o currículo do alunos, aproximando-os às

exigências do mercado.

Palavras-chave

Laboratórios de ensino e pesquisa, ensaios

ecotoxicológicos, gestão da qualidade.

1.- Introdução

Os conceitos da qualidade e a adoção de sistemas de

gerenciamento e programas da qualidade são largamente

utilizados nos diferentes segmentos da sociedade como

forma de garantir os processos e produtos, bem como a

produtividade e atendimento a entidades regulamentadoras

(ABNT NBR ISO 9000:2008).

Verificando um distanciamento de produtividade entre os

setores privados e públicos, o Brasil, voltado à gestão

pública, iniciou o Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade - PBPQ - em 1990 para a difusão dos

conceitos da qualidade.

Desde então, no Brasil, intensificou-se o movimento na

adoção de sistemas de gestão da qualidade e da garantia da

qualidade sendo que os setores públicos e privados mantêm-

se na busca constante de sua aplicação.

Os laboratórios estão presentes em nosso cotidiano e são

necessários para atividades essenciais, como por exemplo,

o diagnóstico de doenças, demonstração de evidencias em

casos de conflito, garantia da qualidade de alimentos e

medicamentos, no comércio e na avaliação da qualidade

ambiental, sendo fundamental a consistência e confiança

dos resultados por eles emitidos.

Sendo os laboratórios um segmento importante na

sociedade, pois geram resultados que são utilizados para

pequenas e grandes decisões, é imprescindível que os

dados gerados pelos mesmos sejam consistentes e

confiáveis.

Uma das formas de demonstrar competência no

desempenho e confiabilidade dos dados gerados em

laboratórios, é a adoção de um sistema de gestão da

qualidade adequado.para o atendimento a requisitos de

normas de avaliação da conformidade.

Os laboratórios no Brasil, fazendo parte desse contexto,

demonstraram a preocupação do reconhecimento formal

de sua competência em gerar resultados satisfatórios,

sendo que atualmente percebe-se que esta preocupação

também se faz presente nos laboratórios de instituições de

ensino e pesquisa.

Devido às diferentes vocações e características dos

processos desenvolvidos, em laboratórios de ensino e

pesquisa, a implantação de sistemas de gestão da

qualidade seguiu rumos diferentes de outras organizações

tanto na receptividade como no ritmo de implantação dos

referidos sistemas.

Os laboratórios privados tomaram a frente na adoção de

sistemas de gestão da qualidade não somente pela

conseqüente melhoria do processo como também por ser

inegável diferencial no mercado.

Nas instituições de ensino superior e pesquisa,

verificamos que o processo ocorre de forma mais lenta

devido à natureza das atividades desenvolvidas,

especialmente quando falamos de laboratórios que fazem

parte dessas instituições.Tal fato é reafirmado pelas

dificuldades encontradas na adoção de sistemas da

qualidade nos centros de pesquisa, independentemente do

empenho e reconhecimento da necessidade da

implantação (GOMES, 2000).

Ainda no processo de aplicação de sistemas da

qualidade, percebemos que nas instituições de ensino e

pesquisa, os laboratórios de calibração seguidos dos

laboratórios de ensaios químicos, em sua grande parte

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num esforço pontual, tomaram a frente na busca da garantia

da qualidade e para tal, na adoção de sistemas de gestão da

qualidade, enquanto que por diferentes fatores, nos

laboratórios de ensaios biológicos o processo se apresenta

ainda mais dificultoso e mais lento.

De forma geral, nos laboratórios de ensino e pesquisa são

desenvolvidas as atividades rotineiras de aulas práticas para

cursos de graduação ou extensão e atividades de pesquisa.

As atividades de pesquisa normalmente são realizadas por

professores da instituição ou professores convidados e

ocasionalmente os laboratórios podem ser utilizados por

estagiários.

Adicionalmente a essas atividades, os laboratórios de

instituições de ensino e pesquisa podem incluir o

desenvolvimento de projetos e prestação de serviços junto a

diferentes segmentos da sociedade. Tais projetos certamente

são atividades fora da rotina, resultantes de solicitações

específicas, o que demanda metodologia diferenciada.

Tais características dificultam a implantação de sistemas

da qualidade, não somente na definição de

responsabilidades relativas a instalações, equipamentos e

verificações sistemáticas, como com a própria cultura

acadêmica no reconhecimento da necessidade de controles e

registros adicionais que advém com a implantação da

garantia da qualidade.

Por outro lado, somente com um sistema de gestão da

qualidade implementado o laboratório pode demonstrar que

possui instalações e equipamentos adequados para execução

de análises e que o trabalho foi realizado por pessoal

competente de forma controlada, seguindo metodologia

referenciada ou validada (ABNT ISO/IEC 17025: 2005).. Os requisitos necessários para demonstrar a competência

de laboratórios e o sistema de gestão da qualidade estão

formalizados em normas ou protocolos publicados. Tais

requisitos são aplicáveis a laboratórios de ensaio e

calibração, não havendo restrição à característica do ensaio,

podendo ser o mesmo físico-químico ou biológico.

É neste panorama que se fortifica a busca de sistemas da

qualidade nos laboratórios de instituições de ensino e

pesquisa, independentemente dos ensaios realizados,

visando agilizar as atividades de rotina, o completo

atendimento das solicitações externas e a integração dos

conceitos da qualidade de forma sistemática na formação

dos alunos e também a garantia da qualidade dos dados

gerados para os trabalhos de rotina e pesquisa.

Em nosso trabalho, a demanda para a implantação do

sistema da qualidade surgiu através de uma necessidade

pontual do LEAL, estimulado pela crescente busca da

qualidade de seus resultados e consistência dos dados

gerados em seus projetos, como também da obrigatoriedade

em cumprir legislações vigentes que se tornam cada vez

mais restritivas e exigentes na demonstração da

competência reconhecida.

Dizemos competência reconhecida quando um laboratório

após implementar seu sistema da qualidade passa por um

processo de acreditação (reconhecimento formal) junto aos

órgão acreditadores/certificadores locais (SANTOS, 2009).

Como não poderiamos deixar de citar, a importância no

reconhecimento da competência nos dados gerados pelos

laboratórios, também é pontuada por exigências dos

órgãos reguladores em diferentes estados do Brasil e

também por órgaos reguladores federais (Resolução

CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005; Portaria

n°518 de 25 de março de 2004; CONAMA No

430 de 13

de maio de 2011 e Resolução SMA 37 de 30 agosto de

2006 ).

2.- Materiais e Métodos

Este estudo foi realizado no Laboratório de

Ecotoxicologia Aquática e Limnologia - LEAL, que

integra a Faculdade de Tecnologia – UNICAMP -

Campus de Limeira.

A Faculdade de Tecnologia oferece os cursos de

Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações,

Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,

Tecnologia em Saneamento Ambiental e Controle

Ambiental e Tecnologia em Construção de Edifícios e

Estradas.

O LEAL desenvolve atividades de ensino e pesquisa e

presta serviços relacionados à avaliação ecotoxicológica

de efluentes industriais, compostos químicos, agentes

biológicos e amostras ambientais. Realiza de forma

rotineira testes de toxicidade com diferentes organismos.

Os testes são realizados por alunos de iniciação cientíca,

mestrado e doutorado. Eventualmente presta serviços a

empresas mediante solicitação de pesquisas e

desenvolvimento com objetivo de prevenção, mitigação e

remediação, promovendo a interação entre o setor

produtivo e a universidade.

São realizados no LEAL, testes de toxicidade aguda e

crônica utilizando bactérias, algas e diferentes metazoários

(microcrustáceos, planárias, rotíferos, peixes) tanto de

água doce como salgada, incluindo organismos da coluna

d’água e de sedimentos.

A aplicação dos conceitos metrológicos em laboratórios

como o LEAL, que além de ser um laboratório de ensino e

pesquisa, desenvolve ensaios biológicos, enfrenta outras

dificuldades devido à diversidade metodológica, à

utilização de microrganismos nos ensaios e à dificuldade

na execução dos controles analíticos.

Portanto, mediante esse panorama, não pudemos adotar

um protocolo rígido na implantação do sistema da

qualidade. Foram respeitadas as vocações e rotinas e ainda

a estrutura laboratorial. Foram ponderadas todas as

diferenças para então proceder à aplicação dos requisitos

da norma ABNT ISO/IEC 17025 em sua totalidade.

O roteiro proposto para a implantação do sistema da

qualidade no LEAL, esta representado na Figura 1.

O programa de implantação foi realizado em conjunto

com os técnicos do laboratório, através de reuniões

sistemáticas, treinamentos e aplicação dos ciclos de

melhoria PDCA: - Planejamento (Plan), Execução (Do),

Verificação (Check), Atuação (Act),

Todos os integrantes do laboratório, estagiários,

bolsistas, mestrandos e voluntários, foram indistintamente

envolvidos na elaboração da documentação e demais itens

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do programa.

Concluiam-se as etapas de estruturação e elaboração da

documentação. Resta agora o ciclo seqüente, a implantação

dos procedimentos e formulários, formação de auditores e

auditoria interna. As conclusões que já se fazem presentes e

são relatadas no item seguinte.

Diagnóstico da situação através do levantamento das atividades do laboratório.

Reconhecimento das áreas de Interface: Compras,

Manutenção, Logística, Informática e Secretaria.

Definição das responsabilidades na implantação

do sistema e gestão da qualidade e do escopo do

estudo.

Definição da estrutura da documentação,

verificando a necessidade de criação de Normas

de utilização do laboratório (normas internas)

Estabelecimento da política e objetivos da qualidade - Estabelecimento das políticas para os

requisitos do sistema de gestão da qualidade e

requisitos técnicos

Divulgação do programa e da importância do

sistema de gestão da qualidade - Treinamento

Elaboração da documentação: Manual da Qualidade, Procedimentos e Formulários

Criação de modelos para Garantia da Qualidade

verificando a aplicação do CQ (cartas de controle, validação e incerteza de medição)

Formação de auditores internos

Auditoria Interna

Elaboração do organograma funcional e Formação

da equipe

Cria

ção

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Figura 1 – Etapas de implantação do sistema de gestão da qualidade

3.- Resultados e Discussão

O diagnóstico da situação mostrou que o laboratório já

apresentava a cultura da qualidade, sendo que os técnicos

possuíam conhecimento dos requisitos da norma,

envolvimento nos conceitos e a motivação para implantar

um sistema da qualidade.

O laboratório apresentava algumas atividades

documentadas e registros, porem de forma dispersa e por

vezes duplicada.

Como parte integrante da FT, o laboratório tem áreas em

comum aos outros cursos. No presente momento, para

facilitar a implantação, prevaleceram para essas áreas, as

instruções e procedimentos estabelecidos pela instituição,

sendo apenas inseridas as exigências dos requisitos quanto

a ratreabilidade nas aquisições e resgatados os cargos e

funções do laboratório para a adequação posterior.

Para cumprimento do item relativo ao pessoal, por se

tratar de uma demanda do laboratório, foi necessário criar

uma estrutura interna para definir as responsabilidades. A

alta direção foi designada ao Coordenador do laboratório.

A Tabela 1 a seguir descreve os cargos e as funções do

laboratório.

A equipe formada para a consecução do trabalho decidiu

preparar o laboratório para o atendimento à norma ABNT

ISO/IEC 17025-Requisitos gerais para competência de

laboratórios de ensaio e calibração, sem, entretanto buscar

um processo de acreditação formalizado junto ao órgão

acreditador do Brasil – INMETRO. Tabela 1 – Cargos e Funções

Cargo Requisitos

Estabelecidos

Atividades (Função)

COORDENADOR DE

LABORATÓRIO

Professor da

instituição;

Docente na área biológica

Gerenciamento do laboratório. Orientação e coordenação da

equipe técnica e nos trabalhos

de pesquisa. Estabelece as prioridades e garante a

provisão de recursos..

VICE

COORDENADOR DE

LABORATÓRIO

Professor Substituição do coordenador

em suas atividades.

SUPERVISORES DE

LABORATÓRIO

Técnico nível

superior

Responsabilidade nos serviços

laboratoriais. Coordenação das atividades laboratoriais.

Manutenção e controle dos

equipamentos. Ministrar treinamentos

internos. Realização de

coletas.

ALUNOS BOLSA

TRABALHO

Aluno de

graduação em

Tecnologia em Saneamento

Ambiental com

bolsa trabalho SAE.

Realizar o preparo de soluções

para as aulas práticas da

graduação. Manter a organização do laboratório.

Lavar vidrarias. Realizar a

manutenção dos organismos cultivados no laboratório.

ALUNOS

VOLUNTÁRIOS

Aluno de

graduação em Tecnologia em

Saneamento

Ambiental.

Realizar o preparo de soluções

para as aulas práticas da

graduação. Manter a organização do laboratório.

Lavar vidrarias. Realizar a

manutenção dos organismos cultivados no laboratório.

ALUNOS

ESTAGIÁRIOS

Aluno de

outras

Realizar o preparo de soluções

para as aulas práticas da

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universidades graduação. Manter a

organização do laboratório.

Lavar vidrarias. Realizar a

manutenção dos organismos

cultivados no laboratório

ALUNOS

INICIAÇÃO

CIENTÍFICA

Aluno de

graduação em

Tecnologia em Saneamento

Ambiental com

bolsa PIBIC ou FAPESP.

Realizar serviços laboratoriais

relacionados ao seu trabalho

de iniciação científica.

ALUNOS TGI–

TRABALHO DE

GRADUAÇÃO

INTERDISCIPLINAR

Aluno de

graduação em

Tecnologia em Saneamento

Ambiental que

realiza seu trabalho de

conclusão de

curso.

Realizar serviços laboratoriais

relacionados ao seu trabalho de graduação interdisciplinar.

ALUNOS DE PÓS-

GRADUAÇÃO

REGULARES

Aluno de pós-

graduação.

Realizar serviços laboratoriais relacionados ao seu trabalho

de pós-graduação.

ALUNOS DE PÓS

GRADUAÇÃO

ESPECIAIS

Aluno de pós-

graduação com

bolsa

Realizam ensaios e trabalhos

laboratoriais relacionados ao

seu projeto de pós-graduação.

A política foi elaborada através de reuniões e com a

participação dos técnicos e alunos envolvidos nos projetos

do LEAL e para divulgar o programa foram realizados dois

treinamentos. O primeiro, para o conhecimento e

interpretação dos requisitos da norma e o segundo para

divulgar os trabalhos de implantação do sistema de gestão

da qualidade no lEAL junto aos outros laboratórios da FT.

A estrutura da documentação foi definida no sentido de

minimizar os procedimentos documentados formando um

sistema enxuto e funcional. Os registros seguem a linha

estrutural dos procedimentos e instruções, de acordo com a

Tabela 2 a seguir. Tabela 2 – Estrutura da Documentação

Tipos de

procedimentos Conteúdo - Estrutura

Manual da Qualidade

Este documento estabelece as politicas e faz referencia os procedimentos do laboratório

Procedimentos do

Sistema de Gestão da Qualidade

Esse procedimento faz a descrição das ações

para a execução de tarefas específicas voltadas

ao atendimento dos requisitos gerenciais do sistema de gestão da qualidade, estabelecendo

o procedimento para sua execução.

Procedimentos para Atividades Gerais

São os procedimentos estabelecidos para

as rotinas gerais e de apoio às atividades técnico-analíticas, como preparo de materiais,

limpeza das áreas e outros.

Procedimentos

Analíticos do Laboratório

São os procedimentos estabelecidos para

execução dos ensaios no Laboratório.

Procedimentos para

cultivo e preparo do

alimento:

São procedimentos que descrevem as tarefas

de preparo dos alimentos e cultivo dos

organismos

Instrução Técnica

São procedimentos resumidos para desenvolvimento de ações simples. São os

passos de operação de equipamentos,

apresentando conteúdo de menor complexidade em sua estrutura.

Procedimentos para São os procedimentos estabelecidos para as

atividades de

amostragem

atividades relativas à amostragem e

recebimento de amostras.

Procedimentos para

Atividades Técnicas

São procedimentos estabelecidos para padronizar as atividades técnicas como cálculo

da incerteza de medição, calibrações, registros,

transferências e verificações, etc.

4.- Conclusões

No programa de implantação do sistema de gestão da

qualidade segundo os requisitos da norma ABNT ISO/IEC

17025 no LEAL - FT – UNICAMP, não foram

enfrentadas grandes dificuldades, uma vez que a cultura

da qualidade já existia e o pessoal estava envolvido. As

áreas de interface e outros laboratórios demonstraram

interesse na adesão ao programa, o que fortalece a idéia

dos autores na confiança de que o sistema da qualidade é

aplicável aos laboratórios de ensino e pesquisa.

Embora a cultura das instituições de ensino mostre que

ainda não há um espaço solidamente construído para

sistemas da qualidade em seus laboratórios, sendo que

algumas universidades sequer abrem esse espaço em seus

cursos de graduação, os progressos conquistados na fase

de implantação do sistema de gestão da qualidade

permitem ver a aplicabilidade do mesmo em laboratórios

de ensino e pesquisa.

Ainda que os ensaios realizados no LEAL sejam ensaios

biológicos e o controle da qualidade não tenha sido

totalmente explorado, não encontramos impedimento na

aplicação dos requisitos da norma ABNT ISO/IEC 17025.

Em laboratórios de instituições de ensino e pesquisa, os

resultados gerados certamente servirão de base para

elaboração de projetos ou serão utilizados no

desenvolvimento de pesquisas. Por outro lado, quando a

forma de obtenção desses resultados se faz rotineiramente

como parte da dinâmica do ensino, percebemos uma forte

contribuição na formação acadêmica do estudante e

conseqüentes reflexos em sua vida profissional.

Portanto, como resultados adicionais à cristalização da

cultura da qualidade nos laboratórios de pesquisa que

realizam ensaios ecotoxicológicos, contribuímos com

nosso trabalho, trazendo os conceitos de reconhecimento

da competência e de garantia da qualidade aos

laboratórios da academia, demonstrando que a

implementação da gestão da qualidade colabora para o

melhor desempenho de laboratório de ensino e pesquisa e

fundamentando os conceitos da qualidade em laboratórios

de ensino, de forma a incorporá-los sistematicamente no

perfil profissional dos alunos que serão os futuros

profissionais do nosso mercado de trabalho.

5.- Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO

9000:2008 Sistema de Gestão da Qualidade - Fundamentos e

Vocabulário. Rio de Janeiro: 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO/IEC 17025: requisitos gerais para a competência de

laboratórios de calibração e ensaio. 2. ed. Rio de Janeiro: 2005.

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de

água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como

estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n°518 de 25 de março de 2004.

Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,

26 mar. 2004 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 430

de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de

lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-

CONAMA.

SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. RESOLUÇÃO SMA Nº 37, de 30 agosto de 2006. Dispõe sobre os requisitos dos laudos analíticos

submetidos aos órgãos integrantes do Sistema Estadual de

Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos

Naturais - SEAQUA.

GOMES, G. Demonstração da Qualidade e da Competência Técnica Laboratorial. Estratégia modular para implementação do sistema da

qualidade em laboratórios que operam no ambiente de universidades e

centros de P&D. Dissertação de Mestrado. PUC Rio, Rio de Janeiro, 2000.

SANTOS, L. L., MAINIER, F. B. A evolução do sistema de gestão da

qualidade em laboratórios de ensaio e calibração e a sua importância para as relações comerciais. VI Congresso Nacional de Excelência em

Gestão. 2010 – ISSN 1984-9354.