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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM REDE: UM ESTUDO DE CASO DAFNE BORGES DA SILVA REIS NITERÓI 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

EM REDE: UM ESTUDO DE CASO

DAFNE BORGES DA SILVA REIS

NITERÓI

2018

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DAFNE BORGES DA SILVA REIS

A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM REDE: UM

ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Administração da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a obtenção

do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Martius Vicente Rodriguez y Rodriguez

NITERÓI

2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, não só por todo o suporte dado ao longo da vida, mas

principalmente pela extrema preocupação em prover a melhor educação possível, com base em

valores fortes. O incentivo e apoio para todas as minhas decisões, a formação que me foi

proporcionada, os ensinamentos transmitidos e os exemplos dados dentro e fora de casa

possibilitaram todas as minhas conquistas, sendo fundamentais no meu processo de

desenvolvimento como ser humano. Essa conquista é para e por vocês.

Aos meus amigos – e aos colegas também-, que dividiram essa jornada comigo. Desde o CIEP 437,

passando pelo Cemol e finalizando no Colégio M3. Vocês foram peças-chave em boa parte do

caminho, sendo o motivo de alegria e incentivo para que eu persistisse todos os dias na árdua tarefa

de seguir a rotina.

Aos “presentinhos da UFF”, o quinteto (ou quarteto, ou trio, ou seja lá como for) que se formou

sem uma explicação específica logo no primeiro ano de faculdade e que, em meio a tantas idas e

vindas, foi porto seguro pra enfrentar os desafios que uma universidade pública federal de

administração proporciona.

Aos meus professores, todos, desde o pré-escolar até os cursos extracurriculares. Admiração,

respeito e gratidão são sentimentos eternos.

À Pacto Consultoria Júnior e aos “paquitos”, que me deram a oportunidade de representa-los por

mais de um ano, experiência essencial para minha formação enquanto pessoa, administradora,

profissional e líder. O orgulho de ser águia e o sangue laranja sempre farão parte de mim.

Por fim, mas não menos importante, à Brasil Júnior que me possibilitou viver uma das experiências

mais intensas da vida e que, principalmente, me fez entender, aceitar e amar o meu país.

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“O mundo é como um espelho que devolve a cada

pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus

atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda

diferença. A vida muda, quando você muda. ”

(Luís Fernando Veríssimo)

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RESUMO

REIS, Dafne Borges. Planejamento Estratégico em Rede: um estudo de caso. 2018. 70f. Trabalho

de Conclusão de Curso. Curso de Administração. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.

O movimento empresa júnior, presente no contexto universitário desde 1967 após a criação da

primeira empresa júnior na França, chegou ao Brasil em 1988 e, desde então, vem crescendo a

nível nacional. Desde 2003, com o surgimento da Confederação Brasileira de Empresas Juniores,

o movimento demonstra sua atuação em Rede através de produtos, projetos e ações que

materializam sua estratégia colaborativa. Com a implementação do Planejamento Estratégico em

Rede, que evidencia o papel estratégico da Brasil Júnior e sua atuação em sistema de influência

perante as instâncias, o movimento passou a expandir significativamente, tendo mais que dobrado

de tamanho nos últimos 6 anos. Por meio de pesquisa explicativa, com abordagem quali-quanti,

buscou-se analisar a atuação e a influência da Confederação no cenário de expansão do movimento

empresa júnior durante os últimos dois triênios do PE da Rede (2013 a 2015, 2016 a 2018). Os

resultados obtidos demonstram um crescimento significativo, acelerado e organizado, com um

salto de 15 para 27 federações e de 211 para 765 empresas juniores. Não só o PE, mas diversos

produtos e estímulos provenientes da Confederação proporcionaram e garantiram esses avanços do

MEJ no período em questão.

Palavras-chave: Planejamento Estratégico. Rede. Expansão.

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ABSTRACT

REIS, Dafne Borges. Strategic Planning in Newtork: a case study. 2018. 70p. Monograph.

Administration Course. Federal University of Fluminense, Niterói, 2018.

The junior movement companies, present in the university context since 1967 after the creation of

the first junior company in France, arrived in Brazil in 1988 and since then has been growing

nationally. Since 2003, with the foundation of the Brazilian Confederation of Junior Enterprises,

the movement demonstrates its network activity through products, projects and actions that

materialize its collaborative strategy. With the implementation of the Strategic Networking

Planning, which demonstrates the strategic role of Brasil Júnior and its performance in a system of

influence with the instances, the movement has expanded significantly, having more than doubled

its size in the last 6 years. Through and explanatory research, with a qualitative-quantitative

approach the aim was to analyze the role and influence of the Confederation in the scene of

expansion of the junior movement enterprise during the last two three-year periods of the

Network’s EP (2013 to 2015, 2016 to 2018). The results obtained show a significant, accelerated

and organized growth, with a jump from 15 to 27 federations and from 211 to 765 junior companies.

Not only the EP, but several products and stimuli from the Confederation provided and guaranteed

these advances of MEJ in the period in question.

Key Words: Strategic Planning. Network. Expansion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclos Estratégicos da Brasil Júnior............................................................................15

Figura 2 – Análise PEST..............................................................................................................24

Figura 3 - Ecossistema Empreendedor.........................................................................................25

Figura 4 - Mapa de Orientação Conceitual..................................................................................32

Figura 5 - Redes Centralizada, Descentralizada e Distribuída.....................................................33

Figura 6 - Modelo conceitual de formulação das estratégias para a Brasil Júnior.......................36

Figura 7 - Ambiente total da Rede Brasil Júnior..........................................................................37

Figura 8 - Ciclos do Planejamento Estratégico............................................................................38

Figura 9 - Questões Estratégicas da BJ........................................................................................39

Figura 10 - Cadeia de Valor do MEJ...........................................................................................40

Figura 11 - Ciclo do Impacto.......................................................................................................42

Figura 12 - Vivência Empresarial................................................................................................43

Figura 13 - Mapa de Produtos da Brasil Júnior............................................................................45

Figura 14 - Mandala da Estratégia 2018 da Brasil Júnior............................................................46

Figura 15 - Crescimento mínimo do Movimento Empresa Júnior nos próximos dois anos........49

Figura 16 - Radar Federação do Programa de Suporte as Federações 2015................................51

Figura 17 - Radar das Dores das Federações 2016.1...................................................................52

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BARÉ – Baré Júnior – Federação das Empresas Juniores do Estado do Amazonas

BJ – Brasil Júnior

CONCENTRO – Federação das Empresas Juniores do Distrito Federal

EJ – Empresa Júnior

ENEJ – Encontro Nacional de Empresas Juniores

FEJEA – Federação das Empresas Juniores do Estado do Alagoas

FEJECE – Federação das Empresas Juniores do Estado do Ceará

FEJEMG - Federação das Empresas Juniores do Estado de Minas Gerais

FEJEPAR - Federação das Empresas Juniores do Estado do Paraná

FEJEPE - Federação das Empresas Juniores do Estado de Pernambuco

FEJERS - Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio Grande do Sul

FEJESC - Federação das Empresas Juniores do Estado de Santa Catarina

FEJESP - Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo

FEMTEJ – Federação Mato Grossense de Empresas Juniores

IES – Instituição de Ensino Superior

JUNIORES - Federação das Empresas Juniores do Espírito Santo

MEJ – Movimento Empresa Júnior

PB - Federação das Empresas Juniores do Estado da Paraíba (PB Júnior)

PE – Planejamento Estratégico

RIOJUNIOR - Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro

RN - Federação das Empresas Juniores do Estado do Rio Grande do Norte (RN Júnior)

SERJUNIOR - Federação das Empresas Juniores do Estado de Sergipe

UNIJR - Federação Baiana de Empresas Juniores

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Histórico de Expansão por Federação no triênio 2016 – 2018.............................55

GRÁFICO 2 - Histórico de Estados Confederados......................................................................56

GRÁFICO 3 - Histórico de EJs Confederadas.............................................................................57

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Resultados de EJs e Federações no ciclo 2013 - 2015..........................................51

TABELA 2 - Resultados de EJs e Federações no ciclo 2016 - 2018.............................................54

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SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................................................. 8

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................................. 9

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................................ 11

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 14

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................. 18

3 OBJETIVOS DA PESQUISA ..........................................................................................................................19

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................................................... 19

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................................................... 19

4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................................ 20

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................................................................ 20

4.1.1 Conceito de Planejamento .................................................................................................................... 20

4.1.2 Conceito de Estratégia ......................................................................................................................... 21

4.1.3 Planejamento Estratégico ..................................................................................................................... 22

4.1.4 Análise de Ambiente ............................................................................................................................. 23

4.1.4.1 Ambiente Externo ............................................................................................................................. 24

4.1.4.2 Ambiente Interno.............................................................................................................................. 25

4.1.5 Intenção Estratégica ............................................................................................................................. 26

4.1.6 Objetivos Estratégicos .......................................................................................................................... 27

4.2 REDES ORGANIZACIONAIS ................................................................................................................... 29

4.2.1 Conceito de Rede .................................................................................................................................. 30

4.2.2 Conceito de Redes Organizacionais ..................................................................................................... 30

4.2.3 Formas de Organização ....................................................................................................................... 31

5. MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................................................................... 34

A METODOLOGIA INCLUI CARACTERIZAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO DOS OBJETOS DE ESTUDO E SUJEITOS, ALÉM DA

ESCOLHA, UTILIZAÇÃO E LIMITAÇÃO DAS TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS. ........................................... 34

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5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................................................... 34

5.2 OBJETOS DE ESTUDO E SUJEITOS .......................................................................................................... 34

5.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS .............................................................................................................. 34

6. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................................................... 36

6.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM REDE .......................................................................................... 36

6.2 PE DA REDE 2010-2012 .................................................................................................................................. 38

7.3 PE DA REDE 2013-1015 ................................................................................................................................... 40

7.4 PE DA REDE 2016-2018 ................................................................................................................................... 41

7.5 CONTEXTUALIZAÇÃO BRASIL JÚNIOR .................................................................................................... 44

7.6 RESULTADOS DE EXPANSÃO DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR NO CICLO 2013-2015 .............. 46

7.7 RESULTADOS DE EXPANSÃO DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR NO CICLO 2016-2018 .............. 51

7.8 COMPARATIVO DE RESULTADOS ............................................................................................................. 54

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................... 58

8. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................................. 60

ANEXOS ..................................................................................................................................................................... 65

APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................................................. 69

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1. INTRODUÇÃO

França. 1967. ESSEC – L’École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales.

Da necessidade dos alunos em ter o conhecimento das ferramentas e práticas utilizadas no mercado

em que atuariam, surge a Junior ESSEC Conseil – primeira empresa júnior da história. O conceito

rapidamente se espalhou por escolas francesas de engenharia e administração e, após 2 anos, com

mais de 20 organizações, ganhou forças para que fosse criada a Confederação Francesa de

Empresas Juniores.

Ao final da década de 1980, por iniciativa de João Carlos Chaves – Diretor da Câmara de

Comércio Franco Brasileira, o conceito chega aos alunos de Administração da Fundação Getúlio

Vargas de São Paulo e assim é criada a EJGV, primeira empresa júnior brasileira. Ao ser exposta

a nível nacional através de uma reportagem na Folha de São Paulo, se espalhou rapidamente por

todo o território estadual e nacional, fazendo com que também em dois anos surgisse o conceito de

Federação com a FEJESP – Federação de Empresas Juniores do Estado de São Paulo, primeira no

Brasil. Essa era formada pelas instituições: Júnior Poli Estudos, Mauá Júnior, Júnior Estudos

Eletro-Eletrônicos, GEPEA, Júnior Mackenzie e Empresa Júnior da G.V.

Em 1993, o Movimento Empresa Júnior no Brasil já começava a se auto organizar. Grande

marco foi a realização do primeiro ENEJ – Encontro Nacional de Empresas Juniores – com a

participação de 200 participantes. Na sua sétima edição, por consenso das federações existentes e

da visível necessidade, surge a Rede Brasil Júnior com metas compartilhadas para todas as

federações. No momento em que os objetivos foram alcançados, mais especificamente durante o

OXE ENEJ em 2003, foi fundada a Brasil Júnior – Confederação Brasileira de Empresas Juniores.

A Brasil Júnior surge com a finalidade de propor e repassar diretrizes nacionais que devem

ser adotadas pelas federações estaduais e com a missão de “Desenvolver e representar as Empresas

Juniores Brasileiras, de forma integrada com as Federações Estatuais e articulada com outras

entidades de âmbito nacional e internacional, promovendo e apoiando o desenvolvimento

sustentável do País nas suas dimensões econômica, social, educacional e cultural”. (Planejamento

Estratégico – OXE ENEJ 2003 – Salvador, BA).

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Em 2006, a BJ definiu durante o planejamento estratégico um referencial estratégico

nomeado “Ciclos Estratégicos”. Esse referencial ajudou as lideranças vigentes tanto a compreender

o desenvolvimento que a associação vinha tendo, quanto projetar seu posicionamento e objetivos

estratégicos futuros.

Figura 1- Ciclos Estratégicos da Brasil Júnior

Fonte: documentos da organização

Cada ciclo, com três anos de duração cada, era baseado em uma frente de atuação:

Gestão (2004-2006): estruturação e consolidação dos processos principais,

desenvolvimento de capacidade de gestão estratégica e sustentabilidade de ativos

(humanos, financeiros e materiais);

MEJ (2007-2009): alinhamento do Movimento Empresa Júnior, por meio de sua efetiva

regulamentação, e obtenção de reconhecimento da confederação como instituição legítima

na representação de seus interesses perante a sociedade;

Sociedade (2010-2012): fortalecimento da marca Empresa Júnior perante os diversos atores

da sociedade, em especial, Governo, Instituições de Ensino Superior, Micro e Pequenas

Empresas e Mídia.

“A intenção de se construir um novo processo de planejamento estratégico surgiu a partir

de dois fatores: a própria mudança de foco estratégico prevista para o período de 2010- 2012, de

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MEJ para Sociedade ...” (FELDHAUS, 2009, pag. 69) e de sua insatisfação pessoal como

responsável pela organização (FELDHAUS, 2009);

Tal insatisfação se baseava em dois principais fatores: as evidências que demonstravam a

não conclusão do ciclo MEJ e, por isso, a falta de preparo da instituição para focar seus esforços

na representação externa do movimento perante a sociedade. Despreparo esse que significava o

risco de fracassar estrategicamente na manutenção e melhoria dos bons resultados obtidos ao longo

dos últimos ano; além disso, não havia uma consideração consciente para o fato de que a Brasil

Júnior é parte (e representante) de uma rede de organizações, e que seu propósito de potencializar

o desempenho de todos os atores nela presentes não estava sendo cumprido em plenitude muito

devido a forma de se pensar e agir na organização, que se dava de forma gerencial em ações não

integradas com os demais atores a ela vinculados.

Com o crescimento do número de empresas juniores e a criação das federações, obtém-se

pessoas diferentes, em vários lugares do país, trabalhando por uma causa: capacitar alunos

de ensino superior por meio da realização de projetos que impactem positivamente na

sociedade. É daí que vem o motivo pelo qual o Movimento Empresa Júnior pode ser

classificado como um movimento de fato: todos os envolvidos acreditam e trabalham em

prol de um único objetivo. Contudo, seria necessário um elo oficial que tornasse o

movimento coeso, para que a sua essência não se perdesse. Surge, portanto, a necessidade

de uma orientação, um norte que seria o Planejamento Estratégico em Rede”.

(Planejamento Estratégico em Rede 2010-2012, p. 4)

Em 2009 surge o PE da Rede, que dava diretrizes sobre o crescimento e desenvolvimento

do MEJ por três ciclos de três anos cada, totalizando nove anos de duração. Seu primeiro ciclo foi

iniciado em 2010 e está atualmente no seu último ano de planejamento.

Desde a sua criação, há 10 anos atrás, o PE da Rede passou por diferentes ciclos,

acompanhado de diversos direcionamentos e estímulos gerados pela Brasil Júnior.

Nos seus dois últimos ciclos, junto da substituição do antigo estímulo de qualidade por

metas de crescimento, outras diversas ações e produtos provenientes da Confederação trouxeram

para a rede novos indicadores compartilhados. O número de EJS confederadas mais do que dobrou

e parte da visão de 2018 foi alcançada no meio do ano. No ENEJ 2018, oficializaram um Brasil em

Rede através de 27 federações confederadas.

Com o crescimento acelerado, a busca de estímulos para gerar resultados em todo o

território nacional e encerramento do PE da Rede, faz-se necessário compreender de que forma o

seu gerenciamento por parte das instâncias envolvidas vem sendo executado e gerenciado. Assim,

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deseja-se saber: como a implementação do planejamento estratégico em rede influenciou na

consolidação do processo de expansão do movimento empresa júnior?

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2. JUSTIFICATIVA

O presente estudo se torna relevante diante do contexto em que o Movimento Empresa

Júnior, considerado o maior movimento de empreendedorismo universitário do mundo, passa por

um momento marcante de transição de Planejamento Estratégico. Ao final de 2018, se despede do

P.E. da Rede e passa para o projeto Futuro do MEJ, em que o principal direcionamento em relação

a expansão é fazer com que as empresas juniores estejam cada vez mais presentes nos diversos

cursos de graduação. Não só em quantidade, mas principalmente em qualidade.

Tendo o movimento empresa júnior como case de sucesso de desenvolvimento e expansão

de rede Inter organizacional, uma análise sobre a atuação da sua instância maior num sistema de

influência complexo se torna ainda mais importante para traçar as próximas ações, baseadas em

novas perspectivas para o próximo ciclo estratégico.

Além disso, o trabalho foi essencialmente motivado pelas experiências pessoais da autora,

que não só atuou como representante da Empresa Júnior de Administração da UFF, mas também

foi responsável pelo processo de expansão do MEJ em 2018 através da Brasil Júnior. O alcance

das 27 federações representou um sonho alcançado não só pelo movimento, mas também mais um

indicador do enorme potencial de crescimento das instâncias participantes.

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3. OBJETIVOS DA PESQUISA

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral desse trabalho é compreender como a atuação da Confederação Brasileira

de Empresas Juniores se tornou fundamental para a expansão do Movimento Empresa Júnior,

analisando os resultados dos últimos 2 ciclos de implementação do planejamento estratégico em

Rede.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever a estratégia utilizada pela Brasil Júnior para a rede do MEJ nos ciclos de 2013 a

2015 e 2016 a 2018;

Verificar, na atuação da Brasil Júnior, os principais estímulos gerados em relação ao

trabalho de expansão;

Identificar os resultados da rede do MEJ nos últimos 6 anos;

Analisar os resultados de mudança e expansão do movimento empresa júnior no período

em questão.

Para alcançar os objetivos estabelecidos, foi trabalhado com referencial de estratégia para

análise de documentos do planejamento estratégico, bem como a análise de dados da rede do

movimento empresa júnior entre o período de 2013 e 2018. Dessa forma, direta e indiretamente,

foram combinadas diferentes áreas da administração e seus diferentes métodos.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo busca apresentar referenciais teóricos e bibliográficos sobre o tema estudado,

pretendendo aprofundar os conhecimentos teóricos, confrontando o pensamento de diversos

autores. A fundamentação teórico-empírica está fundamentada em dois fatores: planejamento

estratégico e redes organizacionais.

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

4.1.1 Conceito de Planejamento

Planejar, segundo definição do dicionário, é “a ação de preparar um trabalho, ou um

objetivo, de forma sistemática; procedimentos ou meios que devem ser usados no desenvolvimento

de um trabalho”. Significa formular objetivos e ações para que, ao final, se obtenha o melhor

resultado possível.

Segundo Silva (2001) o planejamento, a parte fundamental da administração, tem suas

origens nas mais longínquas civilizações, desde o momento em que o homem precisou organizar

recursos disponíveis e realizar tarefas. Em sua obra “Teorias da Administração”, se utilizou de

civilizações antigas - Sumérios, os Egípcios, os Babilônios e Chineses – para exemplificar tal

afirmação. Através do sistema tributário sumério, o gerenciamento e administração de bens, valores

e recursos em geral; das obras antigas como a construção das pirâmides e a complexidade que

exigia, demonstra a importância do planejamento para concretizar tais ações.

Hindle (2002) acaba por complementar ao contar que os primeiros conceitos de

planejamento, embora nem reconhecidos como tais, devem provavelmente ter surgido ainda na

pré-história, entre as primitivas “donas-de-casa”. Ao não terem espaço e nem tecnologia para

conservar alimento, “inconscientemente” programavam os horários e se planejavam, seja no

preparo das refeições, na ordenha ou no cuidado com o lar desenvolvendo os primeiros indícios do

que seria hoje um planejamento de controle de orçamento, estoque, produção, logística.

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4.1.2 Conceito de Estratégia

A palavra estratégia pode ter infinitas atribuições e significados, de acordo com a

perspectiva que se é usada. As diferentes abordagens e consequentes visões próprias sobre sua

definição tornam necessária uma breve contextualização sobre a literatura.

Olhando para sua origem etimológica, o termo estratégia origina-se do grego strategos:

“comando ou ofício de um general”, surgiu da aglutinação “stratos – multidão, expedição, exercíto)

mais “agos” – líder, chefe e “agein” – comandar, liderar.

Nessa vertente, suas origens se encontram na teoria militar, como se pode ver no livro “A

Arte da Guerra”, de Sun Tzu. Com a ideia de objetivo a ser alcançado e planos de ação a serem

realizados de diferentes formas de acordo com o cenário em questão e comportamento do inimigo,

a estratégia se torna algo aplicável a qualquer contexto.

Olhando para o âmbito organizacional, em que pós Segunda Guerra Mundial ganhou maior

complexidade, as empresas passaram a demandar novas estratégias para que pudessem superar seus

desafios e atingir seus objetivos. A partir de 1950, o estudo da área e sua relação com a gestão

administrativa entram em expansão com o marco da pesquisa financiada pela Fundação Ford

aplicada nas escolas de administração de empresas (Gordon e Howell, 1959).

Segundo Mintzberg (1967), estratégia deve ser vista como um processo complexo, “soma

das decisões tomadas por uma organização em todos os aspectos, tanto comerciais como

estruturais, ” (MINTZBERG, 1967, p. 71-81), que evolui de acordo com o processo de aprendizado

do gestor da firma. Não só isso, enxerga a estratégia como um plano a ser interpretado por 5 vieses

(ou 5Ps): plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva.

Também numa abordagem sistêmica, Barnard (1938) explica que a estratégia é essencial

para a eficácia da organização, “seja do ponto de vista externo, em que salienta a pertinência dos

objetivos face o meio envolvente, ou do ponto de vista interno, no qual salienta o equilíbrio da

comunicação dos membros da organização e a vontade de contribuir para a ação e para a realização

de objetivos comuns” assim como Andrews (1971) a relaciona com ambiente externo e processos

e estruturas internas.

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Por outro lado, mas não tão distante, Ansoff e McDonell (1993), que definem estratégia

como um conjunto de regras de tomada de decisão, fazem uma classificação delas em quatro tipos:

objetivos e metas, estratégia empresarial, conceito organizacional e políticas operacionais.

Em resumo, a estratégia demanda uma análise e visão sistêmica, em que condições

ambientais (fatores externos), recursos (fatores internos) e objetivos devem ser combinados para

que saiba como posicionar-se corretamente frente as situações e incertezas. Essa multiplicidade a

torna um conceito complexo e suscetível a diversas interpretações e até mesmo subjetividade. Ao

se definir planejamento e estratégia, tem-se a base para contextualizar o que seria planejamento

estratégico, assunto principal do presente trabalho.

4.1.3 Planejamento Estratégico

Antes de definir o que é planejamento estratégico, Drucker (1977) em “Introdução a

Administração”, define o que não é o mesmo. Para ele:

Planejamento estratégico não é uma caixa de mágicas nem um amontoado de técnicas –

quantificar não é planejar;

Não é previsão – ele se faz necessário por não se ter a capacidade de prever;

Não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas decisões presentes;

Ele não é uma tentativa de eliminar o risco. É fundamental que os riscos assumidos sejam

os riscos certos.

De modo complementar a Drucker, definindo o que seria planejamento estratégico, Matos

(1999, p.30) afirma que o mesmo possui cinco características fundamentais:

a. O planejamento estratégico está relacionado com a adaptação da organização a

um ambiente mutável. Ou seja, sujeito à incerteza a respeito dos eventos ambientais. Por

se defrontar com a incerteza tem suas decisões baseadas em julgamentos e não em dados

concretos;

b. O planejamento estratégico é orientado para o futuro. Seu horizonte de tempo é o

longo prazo. Durante o curso do planejamento, a consideração dos problemas atuais é dada

em função dos obstáculos e barreiras que eles possam provocar para um almejado lugar

no futuro;

c. O planejamento estratégico é compreensivo. Ele envolve a organização como uma

totalidade, abarcando todos os seus recursos, no sentido de obter efeitos sinergísticos de

todas as capacidades e potencialidades da organização. A resposta estratégica da

organização envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico. A participação

das pessoas é fundamental nesse aspecto, pois o planejamento estratégico não deve ficar

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apenas no papel, mas na cabeça e no coração de todos os envolvidos. São eles que o

realizam e o fazem acontecer;

d. O planejamento estratégico é um processo de construção de consenso. Devido à

diversidade dos interesses e necessidades dos parceiros envolvidos, o planejamento deve

oferecer um meio de atender a todos na direção futura que melhor convenha para que a

organização possa alcançar seus objetivos;

e. O planejamento estratégico é uma forma de aprendizagem organizacional. Por

estar orientado para a adaptação da organização ao contexto ambiental, o planejamento

constitui uma tentativa constante de aprender a ajustar-se a um ambiente complexo,

competitivo e suscetível a mudanças.

Nessa mesma linha, (Oliveira – 2004) define o planejamento estratégico como um processo

administrativo para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao

otimizado grau de fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e

diferenciada”.

4.1.4 Análise de Ambiente

Entendendo que um planejamento estratégico deve ser construído sustentado por uma visão

sistêmica, também devem ser avaliados os ambientes com os quais a organização está relacionada.

A análise ambiental tem como objetivos mapear, classificar e analisar as variáveis do contexto em

que a organização está inserida, além de servir de base para a gestão organizacional. Esse contexto

também pode ser divido em interno e externo.

Segundo Glaister e Falshaw (1999), a análise PEST é uma das práticas mais úteis quando

se busca compreender o ambiente e/ou o contexto no qual as companhias atuam, analisando suas

oportunidades e ameaças por diversas esferas simultaneamente.

Ela é importante para o diagnóstico correto da situação de determinado mercado, o que

inclui os ambientes político-legal, econômico-demográfico, sociocultural e tecnológico-natural. A

partir do uso dessa ferramenta, a organização consegue visualizar seus desafios, oportunidades, e

tendências do seu contexto competitivo com mais clareza (KOTLER, 2000).

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Figura 2 – Análise PEST

Fonte: adaptado de Kotler, elaborado pela

autora (2018).

4.1.4.1 Ambiente Externo

Para Bethlem (2009) o ambiente externo exerce muita influência no desempenho da

empresa. Por isso, a empresa precisa realizar uma análise de oportunidades e ameaças, que só é

possível a partir de um conhecimento prévio do ambiente em que ela atua ou deseja atuar.

Segundo Ferrel (2005, p 38), a “análise do ambiente externo inclui fatores externos

pertinentes – competitivos, econômicos, sociais, políticos/leais e tecnológicos – que podem exercer

pressões diretas e indiretas”

Esse conceito pode ser vinculado ao de ecossistema empreendedor, que segundo Isenberg

(2011), desenvolve algumas percepções que afastam uma visão linear de encadeamento de

interações como causa-efeito, possibilitando ao empreendedor pautar suas ações cotidianas

referenciadas nas seis dimensões, interagindo simultaneamente com elas. A definição também

mostra um sistema complexo e com alto grau de incerteza que impulsiona o agir, o fazer para

acontecer o que se busca, com o envolvimento de diversos agentes para efetivar os objetivos de

cada um deles.

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Figura 1 - Ecossistema Empreendedor

Fonte: Medium – Diego Barreto

Trazendo uma exemplificação e explicitação dos atores envolvidos no ecossistema

empreendedor, temos:

Políticas públicas – Liderança e Governo: instituições, apoio financeiro, estrutura

regulatória, institutos de pesquisa, legislação facilitadora de investimentos;

Capital Financeiro – micro empréstimos, investidores anjo, venture capital, fundos,

patrimônio privado, dívidas;

Cultura – Histórias de sucesso e normas da sociedade: reputação internacional, sucessos

visíveis, tolerância aos riscos, status social do empreendedor, experimentação;

Instituições de Suporte – Infraestrutura, profissões de apoio e Instituições Não

Governamentais: telecomunicações, transporte e logística, energia, advocacia,

contabilidade, promoção do empreendedorismo, conferências, associações de apoio;

Recursos Humanos – mão de obra e instituições educacionais: empreendedores seriais,

diplomas gerais, treinamentos específicos;

Mercados – Redes e clientes iniciais: redes de empreendedores, corporações

multinacionais, early adopters, canais de distribuição.

4.1.4.2 Ambiente Interno

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Simultânea a análise do ambiente externo, a do ambiente interno deve acontecer com o

objetivo de identificar pontos fortes e fracos da organização. Para isso, a empresa pode realizar

uma análise de suas principais áreas: marketing, finanças, produção, pessoas, entre outras, e

verificar sua estrutura organizacional e suas políticas internas, considerados aspectos

organizacionais relevantes, além de realizar um estudo de seu desempenho (MAXIMIANO, 2008).

Analisando esses aspectos, segundo Oliveira (2006), a estrutura organizacional deverá estar

de acordo com as exigências do mercado, atender as necessidades da organização e promover a

eficiência da mesma.

4.1.5 Intenção Estratégica

Esse termo, citado por Gary Hamel na revista Harvard Business Review em 1989, elucida

o quanto a intenção estratégica, que está presente nas empresas, promove em todos os níveis

hierárquicos a vontade de atingir a liderança do mercado. A mesma comumente se divide em três

elementos: missão, valores e visão.

4.1.5.1 Missão

Niven (2002) diz que a missão de uma empresa existe para se definir o motivo de sua

existência. É a razão de ser a organização, e deve deixar claro o objetivo pelo qual os colaboradores

trabalham na mesma.

A correta identificação da missão ou razão de ser da empresa proporciona a ela uma chance

maior de alcançar êxito nas atividades que desenvolve. Chiavenato (2003, p.55) complementa

definindo missão como sendo: a declaração do propósito e do alcance da organização em termos

de produto e de mercado.

Para ele, a declaração da missão dentro da empresa tem não só a função de contribuir com

o direcionamento dos esforços das pessoas para uma direção, mas também de afastar o risco de

conflitos durante a operacionalização do planejamento estratégico, de reunir os recursos de acordo

com as regras anteriormente definidas, de estabelecer as responsabilidades por categoria de tarefa

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para a execução do planejamento estratégico, de embasar a formulação das políticas e de definir os

objetivos organizacionais. (CHIAVENATO, 2003)

4.1.5.2 Valores

Valores são as atitudes e crenças que guiam os comportamentos dos colaboradores de

uma organização. E para Chiavenato (2003, p.69), os valores são “o conjunto de conceitos,

filosofias e crenças gerais que a organização respeita e emprega e está acima das práticas

cotidianas, na busca de ganhos de curto prazo. ”

4.1.5.3 Visão

A visão, abordagem que deve ser compartilhada pela organização, determina os objetivos

de médio e longo prazo da mesma. Ela deve responder a questões como: O que queremos ao longo

deste nosso caminho?

Para alguns autores, como Collins & Porras (1996, p. 65-77), ela deve possuir algumas

características como:

Deve retratar um estado futuro desejado;

Deve ser de longo prazo;

Deve ter uma descrição clara;

Deve estar alinhada com os valores centrais da organização;

Deve confrontar padrões atuais.

Tendo em vista a importância da visão para a qualidade do processo, Almeida (2003) alerta

que: a visão não é apenas um grande objetivo, mas um desafio e deve, também, indicar como atingi-

lo. Em uma organização onde as pessoas têm a visão estratégica, não é necessário determinar tudo

o que elas devem fazer, pois a visão orienta as ações.

4.1.6 Objetivos Estratégicos

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Assim como ela é um norte para a organização, no sentido de ser um objetivo comum a

médio ou longo prazo, também é a base de onde derivam os objetivos estratégicos e indicadores de

uma empresa. Segundo Moraes (2001), o objetivo é “um estado desejado no futuro, que a

organização quer alcançar. Os objetivos são importantes porque as organizações existem para uma

finalidade definida e estabelecida por elas”.

E, conforme Sampaio (2004), devem possuir algumas características, descritas a seguir:

a) ser coerente com os recursos e com o ambiente da empresa;

b) ser viável e desafiador, para que o estímulo e a motivação estejam presentes no dia-a-

dia;

c) ser mensurável, para que a empresa possa controlar e fazer uma avaliação;

d) possuir prazo definido, para que sejam avaliados num determinado tempo; e

e) ser um número reduzido, para evitar a dispersão das pessoas e esforços envolvidos.

Para os autores, a cada objetivo estratégico deve ser atribuído ao menos um indicador e, a

cada indicador, uma meta. Para atingir as metas, deverão ser elaboradas iniciativas, que serão

conduzidas na organização para o alcance das metas e, consequentemente, dos objetivos

estratégicos (KAPLAN, NORTON, 2008).

4.1.7 Indicadores

Esse surge como um instrumento que permite mensurar as modificações nas características

de um sistema, ou seja, os indicadores devem estabelecer uma medida de sustentabilidade para o

mesmo (DEPONTI, 2001). Não só mensurar, mas também avaliar os resultados de um determinado

setor, produto ou até mesmo serviço.

Avaliar o desempenho é permitir à organização analisar o seu próprio desempenho no

decorrer do tempo, seu desempenho atual em relação ao passado e projeções de resultados futuros.

(WEGNER e DAHMER, 2004, p. 4.305)

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Segundo MPSP, em “Manual de Indicadores de Desempenho” (2017), existem algumas

propriedades básicas para que os indicadores realmente reflitam a evolução, sendo eles:

Realista: os indicadores precisam ter a capacidade de representar, com a maior

proximidade possível, a realidade que se deseja medir e modificar. Um indicador deve ser

significativo/ realista ao que está sendo medido e manter essa significância ao longo do

tempo; Confiabilidade: indicadores devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem

metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e divulgação. Devem

ainda ser apurados de forma adequada para que a tomada de decisões em nível

operacional, tático e estratégico sejam assertivas;

Simplicidade/ Praticidade: indicadores devem ser de fácil obtenção, construção,

manutenção, comunicação e entendimento tanto pelo público interno quanto externo.

Além disso, eles podem ser classificados em tipos, como:

Simples – que representam um valor numérico atribuível a uma variável e não expressa

relação entre duas ou mais delas;

Compostos – que expressam a relação entre duas ou mais variáveis e podem ser divididos

em quatro grupos:

o Proporção ou Coeficiente: é o quociente entre o número de casos pertencentes a

categoria e o total de casos considerados na situação;

o Porcentagem: dada a partir do cálculo das proporções, multiplicando seu quociente

por 100;

o Razão ou Índice: tal termo é usado quando A e B representam categorias distintas

e separadas. Também chamado de índice quanto se trata da razão entre duas

grandezas tais que uma não inclui a outra;

o Taxa: coeficientes multiplicados por uma potência de 10 e seus múltiplos para

melhoras a compreensão do indicador.

As referências de estratégia e planejamento citadas nesse trabalho são relacionadas à sua

aplicação nas organizações. Contudo, sendo o objeto de estudo uma rede de organizações, se torna

necessário contemplar também alguns conceitos sobre redes organizacionais, como pode-se

observar a seguir.

4.2 REDES ORGANIZACIONAIS

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4.2.1 Conceito de Rede

O conceito de redes apresenta múltiplos significados, uma vez que, desde suas origens é

utilizado por pesquisadores das diferentes áreas das ciências sociais, de forma independente, ainda

que compartilhem do mesmo objetivo e tenham alguns pontos de interseção.

Segundo Santana (2004), provém do latim retiolus, que “designa um conjunto de linhas

entrelaçadas”. Contudo, inicialmente, no âmbito da psicologia, o conceito de redes era usado para

mapear a cadeia de conexões que os indivíduos estabeleciam, desvelar as reciprocidades e as

assimetrias nas suas relações, buscando com isso compreender as limitações e as oportunidades

para a ação no comportamento psicológico, a partir do seu contexto relacional (Scott, 1996).

Explorando o aspecto social do conceito, também na antropologia surgiu da observação de

que uma estrutura social é constituída pelas relações concretas criadas pelos indivíduos (Marques,

1999). Na mesma área, aplicada no âmbito das organizações por Elton Mayo em sua pesquisa de

Hawthorne, comprovou através da observação da rotina dos trabalhadores e os relacionamentos

entre eles que sua existência influenciava diretamente na produtividade, muito mais do que os

instrumentos motivacionais.

4.2.2 Conceito de Redes Organizacionais

Contudo, um novo conceito de rede tem surgido em diversos aspecto. São redes mais

formalizadas, que não só tem objetivos mais definidos, como também buscam a autopreservação

de sua estrutura. Trata-se um novo fenômeno, no qual organizações e indivíduos se articulam com

a finalidade de aliar interesses em comum, ou resolver um problema complexo, ou ainda ampliar

o raio de alcance de suas ações (O´Toole, 1997). As organizações, quando se articulam em rede,

reconhecem que não podem alcançar determinados objetivos de modo isolado e por isso somam

seus recursos aos de outras organizações, como, por exemplo, informações, conhecimento, capital

ou até mesmo, status.

Contudo, para Amaral (2002), a constituição de redes organizacionais questiona

frontalmente as relações interpessoais e interinstitucionais de poder. Participar verdadeiramente de

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uma rede implica aceitar o desafio de rever as formas autoritárias de comportamento às quais

estamos acostumados e que reproduzimos.

Segundo Ayres (2001), para que uma rede organizacional usufrua de todo seu potencial, é

necessário atender alguns princípios como: ter um propósito unificador, um espírito de Rede, que

pode ser expresso por um conjunto de valores compartilhados; participantes independentes e auto

motivados, que dão força motriz a rede; possuir interligações voluntárias, ou seja, participantes que

se relacionam e atuam de forma voluntária; multiplicidade de líderes, como pessoas que assumem

compromissos mas também atuam como seguidores; interligação e transposição de fronteiras,

sejam elas geográficas, sociais, hierárquicas ou política.

Assim, de forma sistêmica, a atuação em rede requer uma organização mínima e, por isso,

serão explicitadas algumas formas para tal.

4.2.3 Formas de Organização

As formas de organização em rede mais difundidas foram demonstradas por Marcon e

Moinet (2000) em forma de “Mapa de Orientação Conceitual”. Trata-se de um gráfico de quatro

quadrantes, representando quatro dimensões diferentes nas quais as redes se estruturam em formas

opostas.

No eixo vertical, relacionando hierarquia e cooperação; no eixo horizontal, relacionando

contrato e conivência.

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Figura 4- Mapa de Orientação Conceitual

Fonte: Balestrin, Vargas (2004).

Assim, as redes podem ser classificadas em:

a) Redes verticais: pertencem a dimensão da hierarquia e são conhecidas como cadeia de

suprimentos. É um tipo de configuração utilizado por grandes redes de distribuição que

a adotam para estar mais próximo do cliente, como ocorre com as grandes redes de

distribuição integrada, distribuição alimentar e banco. Se assemelham as relações entre

filial e matriz. (BALESTRN, VARGAS. 2004).

b) Redes horizontais: pertencem a dimensão da cooperação e são formadas por empresas

que resguardam sua independência, mas ainda executam suas atividades de forma

conjunta para atingir objetivos como: criação de novos mercados, suporte de custos e

riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, definição de marcas de

qualidade, entre outros. Essas redes formam-se sob a dimensão da cooperação de seus

membros, que escolhem a formalização flexível para melhor adaptar a natureza de suas

relações. (MARCON E MOINET apud BALESTRIN e VARGAS, 2002).

c) Redes formais: pertencem a dimensão contratual, e são aquelas que definem as suas

relações por meios contratuais, estabelecendo regras claras para a interação dos agentes.

Alguns exemplos são joint-ventures, exportação e franquias. (BALESTRIN, VARGAS,

2004).

d) Redes informais: pertencem a dimensão da conivência. Permitem os encontros

informais entre os atores, que por sua vez são guiados pela troca de experiência e de

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informação sobre livre participação. “Nessa dimensão, as redes são formadas sem

qualquer tipo de contrato formal que estabeleça regras e agem em conformidade com

os interesses mútuos de cooperação, baseados, sobretudo, na confiança entre os atores”

(BALESTRIN, VARGAS, 2004).

Figura 5 - Redes Centralizada, Descentralizada e Distribuída

Fonte: Baran (1964, p2)

Outro conceito bastante utilizado é o de Paul Baran (1964), que demonstrou a forma de

organização por 3 maneiras:

Centralizada – parte em diferentes ligações vindas de um único ponto;

Descentralizada – além de um polo central, existem polos secundários ligados a outros

pontos. Seu ponto de atenção é a sua fragilidade: basta destruir um dos nós ou alguns para

inutilizar o sistema;

Distribuída – não há hierarquia entre os pontos e todos eles estão conectados entre si. Nesse

caso, a destruição de um ponto ou mais não afetariam seu funcionamento.

Dentre diversos autores, o foco nos conceitos de Baran e Marcon se faz necessário uma vez que

essas são as definições mais utilizadas no Movimento Empresa Júnior e, inclusive, serviram como

base na construção do Planejamento Estratégico em Rede. Todos os conceitos explanados até então

se unem nos tópicos a seguir tratando de sua aplicação no Movimento Empresa Júnior Brasileiro.

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5. MÉTODO DE PESQUISA

Os métodos utilizados em um trabalho como este são fundamentais para garantir sua

consistência. A pesquisa em questão será, a seguir, caracterizada metodologicamente a fim de

estabeler como seus objetivos serão alcançados.

A metodologia inclui caracterização, identificação dos objetos de estudo e sujeitos, além da

escolha, utilização e limitação das técnicas de coleta e análise de dados.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa é de tipo quali-quantitativo, sendo separada em uma primeira análise

quantitativa, a partir da utilização de contagem de dados, seguida de análise qualitativa,

comparando as informações dos ciclos entre si e com os anos posteriores ao surgimento da BJ.

5.2 OBJETOS DE ESTUDO E SUJEITOS

A presente pesquisa foi realizada com as instâncias do Movimento Empresa Júnior, principalmente

a Brasil Júnior, no período de 2013 a novembro de 2018. O universo MEJ conta com mais de 20

mil universitários, mapeados anualmente através da pesquisa “Censo Identidade”, distribuídos em

27 unidades federativas brasileiras.

Mesmo com o tamanho significativo do universo da pesquisa, a mesma foi feita com auxílio do

Portal BJ, plataforma de auditoria dos dados do MEJ, e afunilada através da participação dos

sujeitos representantes da equipe da Brasil Júnior e também representantes das federações

confederadas,

5.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

As técnicas de coleta de dados foram as seguintes: pesquisa bibliográfica, análise

documental e entrevistas semiestruturadas.

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A pesquisa bibliográfica foi utilizada com o principal objetivo de embasar o projeto e

revisar os conceitos referentes à planejamento estratégico à constituição de redes organizacionais,

através da coleta de dados em artigos, livros e referenciais externos.

A pesquisa e análise documental teve duas principais fontes: (i) documentos internos da

organização ou sobre a organização, principalmente aqueles relacionados ao planejamento

estratégico e seu desdobramento: atas, relatórios, planilhas, apresentações. Todo e qualquer

material que pudesse auxiliar no melhor entendimento da história e dos acontecimentos da Brasil

Júnior; (ii) coleta de documentos das instâncias do Movimento por parte da BJ, sendo esses

contratos de projetos, recibos, extratos bancários, registros civis, dentro outros fornecidos

voluntariamente. Para auditoria completa dos documentos citados, contou-se com a participação

de representantes das federações estaduais para garantir a segurança e a confiabilidade do processo.

Os dados são referentes à mais de 750 empresas juniores que estiveram, em algum momento,

confederadas a Brasil Júnior durante o período de 2013 a 2018.

A entrevista semi-estruturada tem como característica a utilização de questionamentos básicos,

apoiados em hipóteses e teorias relacionados ao tema da pesquisa. Este tipo de entrevista foi

realizado não só com integrantes e ex-membros da Brasil Júnior, mas também com as lideranças

das 27 federações para identificar sua percepção sobre alguns aspectos relacionados a

Confederação, sua atuação por meio de produtos e ações ao longo do período em questão.

Contudo, o estudo apresentou algumas limitações no que diz respeito a veracidade dos dados

mais antigos visto o modelo de auditoria dá época em questão. Além disso, a falta de gestão do

conhecimento das federações também dificultou não só na coleta, como também na adesão à

pesquisa por parte de alguns entrevistados.

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6. ESTUDO DE CASO

6.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM REDE

Como trabalho de conclusão de estágio, Diego Calegari (Feldhaus, 2009) deu forma ao

primeiro planejamento estratégico do MEJ que, como já citado, se dividia em três ciclos com

duração total de nove anos.

Esse novo modelo de PE se fundamentou nas seguintes premissas:

1. A rede deve ser orientada para uma finalidade social compartilhada;

2. As estratégias de cada um dos atores da rede devem estar alinhadas com uma visão de

futuro compartilhada;

3. As estratégias de cada um dos atores da rede devem considerar algumas diretrizes

compartilhadas para aquele grupo de atores;

4. As estratégias das federações devem considerar as diretrizes para as empresas juniores;

5. As estratégias da Brasil Júnior devem considerar as diretrizes para as empresas juniores

e federações (FELDHAUS, 2009).

Assim, deveria alinhar propósitos e interesses das instâncias envolvidas para que todos

tivessem seus resultados potencializados, principalmente as empresas juniores.

Figura 6 - Modelo conceitual de formulação das estratégias para a Brasil Júnior

Fonte: FELDHAUS (2009)

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Para construção do modelo, foram estabelecidas as macro etapas de: Finalidade social

compartilhada, visão compartilhada, análise ambiental da rede, diretrizes compartilhadas seguidas

da Dimensão Brasil Júnior (Organizacional).

Como finalidade social compartilhada, que vigora até hoje no movimento empresa júnior,

ficou definida “Formar, por meio da vivência empresarial, empreendedores comprometidos e

capazes de transformar o Brasil. ” (Feldhaus, 2009). ”

Vale também citar a definição de Empreendedor “indivíduo que, por meio de aprofundada

competência em gestão e elevado senso de responsabilidade, é capaz de gerar resultados de grande

impacto e abrangência na Sociedade. ”

Falando de análise ambiental, como (Vasconcelhos Filho, 1982), foram considerados o

macroambiente, o ambiente operacional e o interno, envolvendo desde atores que até então estavam

formalmente associados até os que não poderiam exercer influência direta. Sendo eles: a Brasil

Júnior, federações estaduais, empresas juniores, IES, família, MPEs, poder público, MGEs e as

variáveis do ecossistema empreendedor.

Figura 7 - Ambiente total da Rede Brasil Júnior

Fonte: FELDHAUS (2009)

Olhando mais atentamente para o ambiente interno, temos os principais atores envolvidos

na seguinte pesquisa: Brasil Júnior, Federações e EJS. Tal análise servira como base na definição

das diretrizes compartilhadas.

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A maior diretriz compartilhada pelo MEJ é o seu propósito: Brasil Empreendedor. O

principal impacto que ele busca gerar no país, através de uma transformação desdobrada em

grandes desafios para a rede.

Além disso, também como base do planejamento estratégico, os valores da Brasil Júnior

passaram a ser os valores do movimento, sendo eles:

Compromisso com resultados. Buscamos gerar valor para nossas partes interessadas e

nos comprometemos com a superação das suas expectativas, de forma perene.

Sinergia. Somos unidos por visões compartilhadas e trabalhamos em cooperação, para

fazer com que o conjunto de nossas forças seja maior que a soma de suas partes.

Postura empreendedora. Para formar empreendedores, é necessário que sejamos

empreendedores. Inconformismo, visão para oportunidades, pensamento inovador e

capacidade de empreender são características que nos definem.

Transparência. Somos transparentes em todas as nossas ações, acertadas ou erradas.

Temos plena consciência que um futuro melhor se faz com ética e compromisso com a

verdade.

Orgulho de ser MEJ. Somos apaixonados pelo nosso trabalho e trabalhamos pelo que

nos apaixona. Nosso orgulho de ser júnior é o que nos faz “gigantes pela própria natureza”.

(FELDHAUS, 2009, p.91)

6.2 PE da Rede 2010-2012

Figura 8 - Ciclos do Planejamento Estratégico

Fonte: PE da REDE 2010-2012

O PE em Rede, inicialmente considerado para 2010-2012 logo foi expandido para até 2018,

em que foram incluídas as etapas de início, amadurecimento e consolidação para cada ciclo

existente.

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Uma vez que Brasil Júnior assumiria como “instância máxima” do movimento empresa

júnior, era necessário ter mais claro o seu papel, responsabilidades e contribuição para a

concretização do PE. Assim, a BJ passara a ser a atuar por meio de cinco projetos estratégicos:

Representação (aumentar a visibilidade do MEJ), Regulamentação (Regulamentar o MEJ

Nacional), Fomento e Orientação (Expandir a rede de atuação), Integração e Alinhamento

(Promover alinhamento e obter reconhecimento), Suporte (Obter excelência na gestão da rede).

Figura 9 - Questões Estratégicas da BJ

Fonte: PE da REDE 2010-2012

Afim de elucidar os objetivos a serem alcançados, a visão compartilhada, e todas as

questões estratégicas envolvidas foi criado o mapa estratégico.

Não só com a definição da cadeia de valor, mas também no mapa estratégico foram

definidos os caminhos de cada integrante do sistema. Assim, os objetivos compartilhados para as

empresas juniores são:

1. Estar em conformidade com os critérios mínimos de qualidade do Selo Brasil Júnior;

2. Ter foco em resultados e buscar excelência nos serviços;

3. Aumentar o conhecimento sobre o mercado e ter ações proativas frente ao mesmo;

4. Obter reconhecimento da Universidade e participar na elaboração de suas políticas”.

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40

E para as federações:

1. Expandir a rede de empresas juniores federadas nos estados;

2. Aumentar a visibilidade do MEJ perante a mídia e demais partes relevantes;

3. Promover alinhamento e obter legitimidade do MEJ regional;

4. Criar sentimento de paixão pelo Movimento e reconhecimento de suas instâncias representativas

(federações e confederação).

7.3 PE DA REDE 2013-1015

Com papéis e objetivos compartilhados verificados no primeiro ciclo, o segundo triênio

passa a ter estímulos um pouco mais direcionados para a troca de valor entre os atores envolvidos.

Com o objetivo compartilhado de, ao final de 2015, “ser o principal movimento de

empreendedorismo universitário do país” (Planejamento Estratégico em Rede 2013-2015, p. 18),

esse ciclo pautado no pilar MEJ definia sua cadeia de valor com as responsabilidades das instâncias

de modo mais direcionado.

Figura 10 - Cadeia de Valor do MEJ com desdobramento do core business

Fonte: Estratégia MEJ 2013 - 2015

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41

Depois de 4 anos, surge o primeiro mapa estratégico de um PE da REDE: 2013 – 2015,

desdobrado em duas principais perspectivas estratégicas: “Formação Empreendedora e

“Desenvolvimento da Rede”.

O primeiro expressa os desafios e resultados que cada empresa júnior deve buscar

diariamente para, não só potencializar seus resultados, mas principalmente tornar possível a

vivência empresarial dos seus membros.

Já no segundo, o objetivo é influenciar o ambiente nos quais a EJ está inserida para que

consigam desenvolvê-la e permitir que alavanquem seus resultados. Além disso, essa perspectiva

busca replicar o impacto do MEJ e garantir o seu crescimento de forma ascendente e sustentável.

Olhando para os objetivos de Desenvolvimento da Rede, temos:

Representatividade – Posicionar o MEJ como agente de Formação Empreendedora

e Fortalecer a marca empresa júnior como opção acessível e de qualidade para o

mercado;

Suporte – Alavancar os resultados dos atores da Rede;

Integração e Alinhamento - Fortalecer o trabalho em rede e engajar seus agentes

com o propósito do MEJ;

Expansão – Aumentar o impacto através de uma expansão inclusiva e sustentável;

Regulamentação – Regulamentar o conceito empresa júnior.

7.4 PE DA REDE 2016-2018

Já no terceiro ciclo, até mesmo pela parte gráfica do documento PE, os estímulos e

indicadores vem totalmente diferentes. O propósito, Brasil Empreendedor, agora vem

sustentando por quatro pilares:

Mais competitivo, com empresas melhores, governos melhores e universidades melhores.

Mais ético, íntegro e comprometido com a verdade. Mais educador, que empodera as

pessoas a realizarem as mudanças necessárias. Mais colaborativo, em que os atores

integrados geram micro revoluções por todo país. Acreditamos que esse país será

construído por meio da vontade de uma gestão inconformada com sua realidade com a

coragem de sonhar e a ousadia de agir. Acreditamos que o MEJ forma líderes para

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42

empreender esta mudança. (Brasil Júnior, Planejamento Estratégico da Rede 2016-2018,

p. 4).

A cadeia de valor ganha o que seria um novo formato, chamado “Ciclo do Impacto”, em

que o empresário júnior – comprometido e capaz – aprende com a Rede e também com o

ecossistema, causando impacto em todas as esferas envolvidas.

Figura 11 - Ciclo do Impacto

Fonte: Planejamento Estratégico da Rede 2016 - 2018

Nesse ciclo de impacto, a vivência empresarial ganha uma nova forma circular, trazendo a

ideia de que o empresário júnior passa por diferentes estágios em cada pilar para se tornar líder

empreendedor.

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43

Figura 12 - Vivência Empresarial

Fonte: Marques, Pimentel, Didler Jr, Camargo (2016, p.59).

Os pilares, já citados anteriormente, são: projetos, gestão e cultura empreendedora e todos

passam pelos níveis de capacitação, execução e liderança. O formato circular “é proposital, haja

vista que este aprendizado não ocorre de forma rígida. Muito pelo contrário, ele acontece de forma

fluida e perpassa por todos os pontos simultaneamente. ” (NEVES, BRANDÃO, 2016, in:

MARQUES; PIMENTEL; DIDIER Jr; CAMARGO, 2016)

Nesse triênio, os objetivos estratégicos estavam baseados em Desenvolvimento da Rede,

Formação Empreendedora e Impacto no Ecossistema. Tendo, o presente estudo, o foco em

expansão, dá-se o destaque aos indicadores de Impacto No Ecossistema, uma vez que esse é o

objetivo voltado o mesmo.

Instituições de Ensino Superior: número de federações e EJs confederadas;

Mercado: número de micro e pequenas e empresas e microempreendedores individuais

atendidos;

Brasil: número de pós juniores.

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44

7.5 CONTEXTUALIZAÇÃO BRASIL JÚNIOR

Em sua criação, no OXI ENEJ 2003, a Brasil Júnior vinha com a missão de “Desenvolver

e representar as Empresas Juniores Brasileiras, de forma integrada com as Federações Estaduais e

articulada com outras entidades de âmbito nacional e internacional, promovendo e apoiando o

desenvolvimento sustentável do País nas suas dimensões econômica, social, educacional e

cultural.”

Com a implementação do PE da Rede, definição de papeis mais claros das instâncias e seu

envolvimento na cadeia de valor, a estratégia da organização Brasil Júnior passa a se adaptar em

prol do PE da Rede.

Assim, como forma de contribuição para o atingimento do mesmo no ciclo de 2013-2015,

a missão da organização era “Representar o Movimento Empresa Júnior e potencializá-lo como

agente de formação de empreendedores capazes de transformar o Brasil”.

Para tornar real a sua missão e atingir o seu maior objetivo para 2015 de “ (...) terá forte

capacidade de articulação dentro do ecossistema empreendedor e potencializará os resultados da

integração de seus agentes.”, possuía produtos e ações pautados nos três principais pilares,

conforme a figura abaixo:

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45

Figura 13 - Recorte do Mapa de Produtos da Brasil Júnior

Fonte: Reformulação do Planejamento Estratégico (2016, p. 9)

Olhando para seus indicadores estratégicos, direta e indiretamente ligados a expansão do

Movimento Empresa Júnior, representavam na sua estratégia a busca:

Pelo aumento no número de federações de maneira sustentável;

Auxílio as federações na expansão e regulamentação de EJs;

Regulamentação do conceito Empresa Júnior a nível nacional.

Os mesmos eram diretamente suportados pelos produtos: BJ Visita, Selo EJ, Selo

Federação, Programa Aspirante, Programa de Suporte.

Com base nos aprendizados desse ciclo, principalmente por ter sido uma estratégia

multifocal, com sobreposição dos meios, visão não mensurável e multidirecionada, a estratégia

2016-2018 vem com uma ideia mais pragmática, mensurável e focada nos objetivos pré-definidos.

A missão passa a ser “Representar e potencializar o movimento empresa júnior como

agente de formação de empreendedores comprometidos e capazes de transformar o Brasil. ”

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e a visão de “Até 2018, catalisaremos o alcance de 430 EJs de Alto Crescimento em todo o Brasil”

tinha como objetivos, direta e indiretamente ligados a expansão:

Número de Federações Confederadas;

Trabalho com Federações.

Figura 14 - Mandala da Estratégia 2018 da Brasil Júnior

Fonte: Planejamento Estratégico da Brasil Júnior – documento interno.

Que também eram suportados pelos mesmos produtos, porém com algumas ações pontuais

que serão explicadas conforme a apresentação dos resultados de expansão.

7.6 RESULTADOS DE EXPANSÃO DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR NO

CICLO 2013-2015

O ciclo 2010-2012, ao ser finalizado, deixou como “aprendizado” para o próximo ciclo de

que os possíveis desafios seriam: Confederar o Norte do Brasil, alavancar o número de EJs da

Rede, disseminar o Conceito de Empresa Júnior no MEJ não-federado, alinhar o Conceito a nível

mundial, interiorizar o MEJ.

Vale ressaltar que, apesar do mapa bem definido, a maturidade organizacional da Brasil

Júnior ainda era relativamente baixa e isso impactava diretamente na construção do Planejamento

Estratégico da Rede.

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Somente no segundo ciclo de PE que todas as instâncias foram devidamente envolvidas, já

que até então o foco maior era na Brasil Júnior. Além disso, não existia o desdobramento das metas

conforme os anos posteriores.

Segundo Matheus Aguiar – Presidente do Conselho Administrativo da Brasil Júnior em

2013, eram feitas coletas da Rede, juntando os resultados das EJS. Em muitos casos era necessário

utilizar um fator de correção, já que alguns números estavam fora da realidade. A ideia era utilizar

de um “termômetro” para que pudessem analisar os avanços e possíveis rumos do movimento

empresa júnior, além de iniciar o incentivo à cultura de responsabilização e sentimento de rede

conectada.

No que tange a expansão, os indicadores do PE da Rede nesse ciclo, separados por

diretrizes, eram:

Aumentar o impacto através de uma expansão inclusiva e sustentável:

I. Número de Empresários Juniores

II. Número de Empresas Juniores

III. Número de Federações

IV. Índice de Permanência de EJs – fórmula: Número de EJs que receberam o Selo EJ /

Número de EJs Auditadas no Selo EJ

V. Índice de Permanência de Federações – fórmula: Número de Federações que receberam

o Selo Federações / Número de Federações Auditadas no Selo Federações

Contudo, como já citado acima, a preocupação com a estratégia e mensuração dos resultados

nessa época acontecia muito mais na organização Brasil Júnior do que na Rede em si. Assim, os

resultados das três gestões complementam os resultados do movimento empresa júnior.

Como principais indicadores relacionados a expansão:

Regulamentar o conceito de empresa junior nacionalmente

I. Selo EJ - % de EJS federadas que se mantém federadas : 86%

Aumentar o número de federações de maneira sustentável

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48

I. Número de federações: 16

II. Número de empresas juniores

Número de federações que se associaram a BJ no período: 2

Índice de permanência de federações: 100%

Em janeiro de 2013, primeiro mês do segundo ciclo do planejamento estratégico em Rede,

a Brasil Júnior contava com 212 empresas juniores confederadas através de 14 federações, ainda

ausente na Região Norte (FEJEA, FEJEPE, PB, FEJESP, UNIJR, FEJECE, JUNIORES, FEJERS,

CONCENTRO, FEJEPAR, FEJEMG, FEJESC, RIOJUNIOR, GOIÁS JÚNIOR).

Se por um lado, comparando a 2012, em que 91% (193 EJs) das EJs se mantiveram

confederadas através de 14 estados, em 2013 apenas 86% das EJs se encaixaram nesse contexto. A

15ª federação a ser confederada pelo Programa Aspirantes foi a Maranhão Júnior, em dezembro de

2013 e, do mesmo modo, 235 EJs confederadas.

O Programa Aspirantes tem como principal objetivo desenvolver e amadurecer

Federações Aspirantes para que as mesmas possam fazer parte da Brasil Júnior. É

realizado através de treinamentos, auditorias e orientações pela Coordenadoria de

Expansão da Brasil Júnior. Se divide em seis níveis, sendo eles respectivamente: Iniciação,

criação, evolução, representação, formalização e Confederação.

(Programa Aspirantes, 2014- p. 2)

Iniciando o segundo ciclo estratégico, e também sua revisão, o Movimento começa a

demonstrar os primeiros sinais de maturidade enquanto rede, assim como a Brasil Júnior enquanto

organização.

Apesar dos avanços no que dizia respeito a expansão, ainda era evidente a falta de

representatividade do MEJ uma vez que 77% ainda não estava associado a uma federação.

Assim, em 2014 é feito o Plano Nacional de Expansão, desenvolvido pela Coordenadoria

de Expansão da BJ com o objetivo de avaliar os aspectos da função Fomento e Orientação sobre

os estados confederados. Além disso, incentivar o fomento de novas ejs e crescimento em número

de associadas nas federações.

Para sua construção, fora feita uma pesquisa com as 15 federações das quais 04 ainda não

tinham meta de expansão para seus estados. Junto a isso, apenas 50% concordava que a expansão

era feita de maneira correta, alinhando expectativas.

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49

Com base nesse cenário, um dos principais outputs do Plano foi o chamado Limite Mínimo

de Representatividade, que definia a parcela mínima de crescimento do MEJ federado para que

esse pudesse ser, de fato, representativo. Esse limite seria alcançado quando a federação alcançasse

um aumento de 30% na sua rede, trazendo indicadores numéricos de expansão.

Figura 15 - Crescimento mínimo do Movimento Empresa Júnior nos próximos dois anos

Fonte: Plano Nacional de Expansão (2014, p. 8)

Três federações novas em 2014, duas em 2015 – com pelo menos 3 ejs cada;

Cada federação aumentando 30%;

Maior foco na expansão como meio de sustentabilidade.

Também do plano, de forma qualitativa, outros outputs foram a conclusão da necessidade de

algumas mudanças, sendo elas:

Remodelar os programas da Brasil Júnior, com foco em desenvolvimento de plataformas

autoaplicáveis capazes de suprir com as demandas da rede.

Discutir novos modelos de governança corporativa capazes de ferenciar uma rede tão

complexa quanto aquela que surgiria nos anos seguintes.

Ainda nesse ano, apesar de feita uma revisão do planejamento estratégico, deixando cada

objetivo estratégico mais aprofundado, de maneira mais enxuta (objetivo – significado – contexto

e- impacto) e um documento mais clean e visual, ainda não são explicitadas as noções de sucesso.

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Apesar dessas ações, ao final do ano de 2014 eram 236 EJs confederadas (75% da meta

alcançada), que por sua vez apresentaram um aumento de quase 10% na obtenção do selo EJ em

relação ao ano anterior. Cerca de 94 % (222 EJs) se mantiveram totalmente regulamentadas em 16

estados (33% da meta), uma vez que mais uma federação (RN Júnior) fora confederada através do

Programa Aspirantes.

Com a revisão do PE da Rede, consequentemente a Brasil Júnior revisa sua estratégia interna

e passa a dar ainda mais sinais de maturidade organizacional. Na sua 11º gestão, além da revisão

do PE da BJ, também é criado o JeitoBJ – O guia de Cultura da Brasil Júnior. Nesse ano, dois dos

principais pilares de atuação da organização é “Adesão nacional aos produtos” e “Fortalecimento

de relacionamentos”. Por consequência, é criada a primeira versão do Programa de Suporte as

Federações com o objetivo de fazer “com que lideranças sejam os agentes de transformação da sua

Federação, utilizando um modelo de excelência em gestão e conhecimentos técnicos obtidos pela

interação com a rede para bater metas e, consequentemente, diminuir lacunas que atrapalham o seu

desenvolvimento”.

A sobrevivência das Federações depende diretamente da sua capacidade satisfazer as

necessidades das suas empresas e potencializar o alcance de resultados das mesmas. Para

tanto, as federações devem ser organizações capazes de propor mudanças rápidas e

eficazes para que possam enfrentar os desafios que irão encontrar. O melhor meio para se

obter isso é ter um modelo de gerenciamento da organização baseado em metas, que não

devem ser propostas de forma empírica, mas baseadas nas lacunas existente entre a

realidade atual da Federação e a situação desejada para que ela possa cumprir com sua

missão e fortalecer o processo de vivência empresarial nas empresas juniores e o

Movimento Empresa Júnior em sua totalidade. (introdução do Manual Programa de

Suporte, 2015 – p.3).

Visando fortalecer as federações por meio de duas frentes: organização – parte & Rede –

todo; era baseado num radar que indicava as etapas a serem seguidas ao longo do programa, sendo

uma delas a expansão.

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Figura 16 - Radar Federação do Programa de Suporte as Federações 2015

Fonte: Histórico – Trabalho com Federações e Mandala (2017, p. 17)

Já em 2015, apesar de finalizado com o mesmo percentual de crescimento em relação ao

número de EJs, o número absoluto teve um aumento significativo. O segundo ciclo do

planejamento estratégico se encerra com 311 EJs confederadas, sendo 306 delas com Selo EJ, um

avanço de 4% em relação a 2014. No aspecto de expansão nacional, juntam-se a rede confederada

os estados de Mato Grosso do Sul e Sergipe, alcançando 18 federações.

Tabela 1 – Resultados de EJs e Federações no ciclo 2013 - 2015

2013 2014 2015

Meta Alcançado Meta Alcançado % Alcance Meta Alcançado % Alcance

EJs - 235 316 236 75% 411 311 76%

Federações - 15 18 16 89% 20 18 90%

Fonte: autora, a partir dos dados auditados pela Brasil Júnior.

7.7 RESULTADOS DE EXPANSÃO DO MOVIMENTO EMPRESA JÚNIOR NO

CICLO 2016-2018

O terceiro e último ciclo, que tinha como principal objetivo um “Brasil em Rede:

fortaleceremos a educação empreendedora no país, alcançando 27 federações, 600 empresas

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juniores sendo 330 de alto crescimento”, se inicia gerando uma transformação estratégica bastante

significativa no MEJ. Não só pelo documento ser ainda mais visual, mas também pela forma como

foi organizada, com objetivos e metas claras para cada ano. No que diz respeito a expansão, o

“Impacto no Ecossistema” deixava claro quanto e como deveria ser.

Do mesmo modo, internamente, a Brasil Júnior revisava sua estratégia fazendo com que o

trabalho com as federações se tornasse algo mais palpável e real em execução. Nessa frente, tinha

dois objetivos finalísticos diretamente ligados a expansão:

Confederar todos os estados brasileiros

Desenvolver as Federações

A partir desses objetivos, o programa de suporte e o programa aspirantes passaram por

alterações que demonstraram resultados muito mais positivos e efetivos. O direcionamento em

relação ao trabalho de expansão com os articuladores estava mais claro, assim como os estímulos

gerados para as federações aspirantes e o sentimento de Rede mais aflorado.

Figura 17 - Radar das Dores das Federações 2016.1

Fonte: Histórico – Trabalho com Federações e Mandala (2017, p 38)

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Nesse primeiro ano de transição, ainda que um tanto quanto conturbado por conta da

mudança da transmissão da mudança de mensagem do movimento, aconteceu o primeiro salto nos

resultados consequentes do novo PE.

Finalizado 2016, eram 444 EJs confederadas e 20 estados, tendo confederado Piauí e Pará

ao longo do ano. O salto em relação ao número de EJs fora atribuído não só ao PE da Rede com

metas numéricas, mas também a divulgação do Processo de Federação Padrão – um guia de

melhores práticas observadas nos processos de federação existente em cada uma das 18 federações

confederadas e em consonância com o PE da REDE. Seu objetivo era construir um processo

eficiente e alinhado, fortalecendo as conexões da rede a fim de superar e compartilhar mais e

maiores desafios. Tal documento permitiu que diversas federações revisassem seus processos

internos, além de auxiliar no ultrapasse de mais de 15% na meta de expansão.

Do mesmo modo, as alterações no programa Aspirantes o tornaram mais fluido, segundo

Daniel Pimentel – Diretor de Impacto no Ecossistema em 2016:

A estratégia em 2015 que definiu atingir 27 estados em 2018 foi a primeira grande

mudança. Crescemos 8 federações em 15 anos e decidimos crescer mais 9 em 3 anos. Na

medida que definimos a estratégia, tanto o direcionamento de recursos humanos quanto

financeiros auxiliaram para que a gente alcançasse esses resultados”.

“A gente viu que o que estava acontecendo não estava dando certo e vimos que tínhamos

que mudar os planos. O que tinha antes era o Programa Aspirantes, que tratava todo mundo

da mesma forma, quase que exclusivamente em questões burocráticas. A gente mudou as

perguntas de “Por que esses estados deveriam se confederar? ” para “Por que esses estados

ainda não estão confederados?” focando muito mais em negócios e ecossistema de forma

personalizada. Foram feitas ações com uma abordagem não só unidirecional (BJ –

Federação Aspirante), mas de todo o ecossistema com mentoria entre EJs e líderes de

federações, empresários, governo, empreendedores locais, agências instititucionais e

universidades para que eles pudessem dar os subsídios necessários. Além disso, surgiu a

iniciativa do crowdfunding para mostrar que toda a Rede queria a confederação desses

estados. (Comunicação feita por Daniel Pimentel em 15-11-2018 em entrevista, São

Paulo)

Não só as metas relacionadas a expansão, mas todos os indicadores relativos a

“Desenvolvimento da Rede” e “Impacto no Ecossistema” foram ultrapassados, fazendo com que o

PE da Rede passasse por uma revisão no início de 2017, adiantando algumas metas de 2018 ou até

mesmo as aumentando em mais de 40% como no faturamento.

Com a revisão do PE, o mindset de mais e melhores projetos feitos por meio da vivência

empresarial em todo o Brasil, o segundo ano do terceiro ciclo também se encerra com resultados

ainda maiores do que até então.

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Finaliza o ano com 601 EJs confederadas, 5% a mais do que a meta e 35% de aumento em

relação a 2016. Além disso, passa a contar com 25 estados confederados, um a mais do que o

objetivo, sendo os novos Mato Grosso, Amazonas, Tocantins, Rondônia e Acre.

Apesar de ainda não finalizado o ano de 2018, na ótica de expansão esse é um dos anos

mais representativos na história do movimento. O objetivo de ter 27 federações confederadas –

com a entrada de Amapá e Roraima - fora alcançado desde agosto, e a meta de 800 EJs já está com

95% de alcance. Além disso, algumas federações com resultados exponenciais, e o acontecimento

do segundo estado brasileiro (SP) ter ultrapassado a marca de 100 EJs federadas no Brasil.

Com o alcança de um “Brasil em Rede”, o Programa Aspirantes se encerra ao mesmo tempo

em que se incorpora ao programa de suporte, já que ambas as federações precisaram de uma atenção

diferenciada nesses primeiros meses de confederação.

Tabela 2 - Resultados de EJs e Federações no ciclo 2016 - 2018

2016 2017 2018

Meta Alcançado

%

Alcance Meta Alcançado

%

Alcance Meta Alcançado

%

Alcance

EJs 380 444 117% 565 601 106% 800 765 96%

Federações 21 20 95% 24 25 104% 27 27 100%

Fonte: autora, a partir dos dados auditados pela Brasil Júnior.

7.8 COMPARATIVO DE RESULTADOS

Por fim, fazendo uma análise comparativa entre as federações, temos abaixo uma visão

geral dos últimos 3 anos. A ausência do cenário no ciclo 2013-2015 se dá pela falta de gestão do

conhecimento generalizada no movimento. Alguns diretores, como da PB Júnior e da FEJECE

alegaram que, assim como no PE da REDE vigente, suas federações não se preocupavam em

mensurar os resultados de expansão, muito menos deixar registrado o que era feito na área – ainda

que há poucos anos atrás. Por outro lado, em casos como o da RioJunior, que sofreu falência em

2005 ao realizar um ENEJ e só começou a se recuperar em 2012, fazer com a que a organização

sobrevivesse era uma preocupação muito maior do que a de expandir. Assim, foram alguns anos

federando no máximo 02 ou até mesmo nenhuma EJ.

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Gráfico 1 - Histórico de Expansão por Federação no triênio 2016 - 2018

Fonte: autora com base nos dados coletados

Entre 2016 e 2017, as federações de maior percentual de crescimento foram Baré Júnior

com 267% (de 3 pra 8), FEJEMS com 186% (7 pra 13) e Pará Júnior com 183%(6 pra 11). Ainda

que sejam percentuais altos, tal fato ocorre por serem federações menores e também recém-

confederadas, que obtiveram tais resultados antes mesmo de sua confederação. É relativamente

mais fácil para tais estados expandirem o movimento internamente uma vez que, fazendo uma

analogia às fases do CVO segundo Greiner (1998), a 1ª fase de uma organização está diretamente

ligada ao seu crescimento voltado para a sobrevivência, sua segunda fase.

Por outro lado, em número absoluto, os estados em destaque foram FEJESP (23), FEJEMG

(21) e FEJEPAR (13). Vale ressaltar que para esses estados, principais economias do país e

consequente ecossistema favorável ao surgimento de iniciativas ligadas ao empreendedorismo, o

surgimento de EJs não é algo que precisa ser fomentado. Além disso, são federações mais antigas,

com maior nível de maturidade e consequente processo de federação mais consolidado.

Já entre 2017 e 2018, com dados auditados até outubro, as de maior porcentagem de

crescimento foram FEMTEJ com 225% (4 pra 9), Pará Júnior com 182% (11 pra 20), e Baré Júnior

com 150% (8 pra 12). Resultados explicados pelo mesmo motivo do biênio anterior, assim como

as federações com maior resultado em absoluto: FEJESP (31), FEJEMG (22) e FEJEPAR (16).

0

20

40

60

80

100

120

Histórico de Expansão Por Federação

2016 2017 2018

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Gráfico 2 - Histórico de Estados Confederados

Fonte: autora com base nos dados coletados.

Numa visão geral das federações é notório o avanço do terceiro triênio comparado ao

segundo. Se, no primeiro período, foram confederadas apenas 2 federações em 3 anos (ou em 12

anos, se contar desde a fundação da BJ), no segundo e último ciclo foram 7 federações. Isso

significa um aumento de cerca de 10% comparado a 35%.

1516

1820

2527

0

5

10

15

20

25

30

Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Federações

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57

Figura 2Gráfico 3 - Histórico de EJs Confederadas

Fonte: autora com base nos dados coletados

Apesar de não detalhado por federação, olhando de modo coletivo para o cenário de EJs,

também é notório o avanço do terceiro triênio comparado ao segundo, ainda maior do que no

contexto de federações. No primeiro período, foi um diferencial de 76 EJs (aumento de 32%)

enquanto no segundo e último ciclo 321 (aumento de 72%).

235 236

311

444

601

765

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado Alcançado

2013 2014 2015 2016 2017 2018

EJs

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7. CONCLUSÃO

“Se existe um plano de ação e a meta não é batida, das duas uma, ou as ações não foram

executadas ou o plano está péssimo”. Assim dizia Falconi em “O Verdadeiro poder”, 2009. Do

mesmo modo, Deming afirma que “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se

define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia. ” Ambos os

autores explicitam muito bem os resultados desse presente estudo.

Ao iniciar o trabalho, o objetivo inicial era de analisar como a implementação do

planejamento estratégico em rede influenciou na consolidação do processo de expansão do

movimento empresa júnior, fazendo uma comparação dos seus últimos dois ciclos. Não só isso,

mas também entender quais foram os avanços de expansão do MEJ e como a Brasil Júnior –

Confederação Brasileira de Empresas Juniores - teve ações e estímulos gerados para que o PE se

concretizasse. Dadas a principal característica do Movimento de ser uma rede inter organizacional,

a pesquisa fora baseada em autores do campo estratégico como Mintzberg, Kaplan e Chiavenato e

na temática de Redes, como Baran, Balestrin e Marcan.

Analisando não só os resultados dos últimos seis anos de modo comparativo, mas

principalmente a estratégia em si e os depoimentos dos líderes de federações e do próprio Time BJ,

constatou-se que a consolidação por si só não foi o suficiente, uma vez que ela não deu

direcionamentos claros e específicos para onde se queria chegar. Como pontuado por Matheus

Aguiar – Presidente do Conselho de 2013, os dois primeiros ciclos de PE em Rede foram

conduzidos como um meio de entender quais rumos o MEJ estava tomando, e não necessariamente

guia-lo.

Assim, o triênio 2016-2018 claramente apresentou melhores resultados. Esse fato ocorreu

não só por conta da revisão do planejamento estratégico em 2015 e 2016, mas também por diversas

ações e produtos geridos pela BJ ao longo dos anos. Como instância máxima do movimento,

consequentemente serve como exemplo para as federações, que acabam por acatar seus

direcionamentos e por vezes replicar suas práticas, alavancando seus resultados. Além isso, a

estratégia da organização Brasil Júnior existe como forma de contribuição para os resultados da

Rede. Tal maturidade desenvolvida ao longo dos anos chega neste triênio com uma significativa

melhora na capacidade de realização e execução.

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Ainda que o ciclo ainda não esteja finalizado, o “sonho grande” de alcançar as 27

federações simboliza a expansão do movimento empresa júnior, especialmente no ano em que

completa 30 anos de história. Por outro lado, o aspecto “Brasil em Rede”, com as mais de 800

organizações em total sintonia trabalhando pelo mesmo propósito não está tão próximo de ser

completamente alcançado se analisada a quantidade de variáveis envolvidas e principalmente o

tamanho e a complexidade que o MEJ vem adquirindo.

Apesar de não possuir um ”nível operacional” de forma explícita, isso também se aplica

ao MEJ, a partir do momento em que analisamos a BJ como o nível estratégico e as EJs (ou até

mesmo o empresário júnior) como o nível operacional. Se, segundo Kaplan e Norton, 1991,

somente 5% desse nível compreende a estratégia, do mesmo modo em que somente 1 a cada 10

estratégias são entendidas por problemas de comunicação, o movimento ainda enfrentará grandes

desafios.

Com o final de um planejamento estratégico em Rede e a chegada do projeto Futuro do

MEJ, que abrange a estratégia dos próximos três anos, expansão ganha um olhar mais estratégico

uma vez que passa a ter como um de seus indicadores a IES Júnior – universidade com pelo menos

25% dos seus cursos com empresas juniores. Com isso, para pesquisas futuras, sugere-se analisar

como operacionalizar esse novo objetivo de forma efetiva para 27 realidades, com níveis de

maturidade, complexidade e ecossistema diferentes. Além disso, no âmbito da expansão e seus

novos indicadores estratégicos, desenvolver um método ou abordagem para o relacionamento com

Instituições de Ensino Superior e, principalmente, definir uma régua específica para mensurar quais

de fato seriam as IES Júnior ou não, uma vez que ainda está em aberto se seguirá as especificações

do MEC ou variar conforme o estado.

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ANEXOS

ANEXO A - MAPA ESTRATÉGICO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA REDE

2010-2012.

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ANEXO B – ETAPAS DE CRIAÇÃO DO MODELO OPERACIONAL PARA

FORMULAÇÃO E CONTROLE DAS ESTRATÉGIAS.

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ANEXO C - MAPA ESTRATÉGICO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA REDE

2013-2015.

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ANEXO D - MAPA ESTRATÉGICO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA REDE

2016-2018

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APÊNDICE – Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada

Roteiro de Entrevista para Levantamento de Dados e Percepções sobre a Expansão do MEJ

Objetivo geral: entender, de forma detalhada, o histórico de expansão do Movimento Empresa

Júnior por federação e suas percepções sobre a atuação da Brasil Júnior no que tange ao assunto.

Introdução

Qual foi o ano de confederação do seu estado?

Qual a sua federação?

Bloco 2013

Sua federação estava confederada no ano em questão?

Principais ações de Fomento e Orientação no ano indicado

Quantas empresas juniores foram federadas neste ano?

Quantas empresas juniores foram desfederadas neste ano?

Qual era a meta de expansão de sua federação neste ano?

Com quantas EJs sua federação encerrou o ano?

Bloco 2014

Sua federação estava confederada no ano em questão?

Principais ações de Fomento e Orientação no ano indicado

Quantas empresas juniores foram federadas neste ano?

Quantas empresas juniores foram desfederadas neste ano?

Qual era a meta de expansão de sua federação neste ano?

Com quantas EJs sua federação encerrou o ano?

Bloco 2015

Sua federação estava confederada no ano em questão?

Principais ações de Fomento e Orientação no ano indicado

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Quantas empresas juniores foram federadas neste ano?

Quantas empresas juniores foram desfederadas neste ano?

Qual era a meta de expansão de sua federação neste ano?

Com quantas EJs sua federação encerrou o ano?

Bloco 2016

Sua federação estava confederada no ano em questão?

Principais ações de Fomento e Orientação no ano indicado

Quantas empresas juniores foram federadas neste ano?

Quantas empresas juniores foram desfederadas neste ano?

Qual era a meta de expansão de sua federação neste ano?

Com quantas EJs sua federação encerrou o ano?

Bloco 2017

Sua federação estava confederada no ano em questão?

Principais ações de Fomento e Orientação no ano indicado

Quantas empresas juniores foram federadas neste ano?

Quantas empresas juniores foram desfederadas neste ano?

Qual era a meta de expansão de sua federação neste ano?

Com quantas EJs sua federação encerrou o ano?