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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA CORPORATIVA PARA AS EMPRESAS ATUAIS AUTORA: HILANA PAULA DRUMMOND DE ANDRADE RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2001.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO

A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA CORPORATIVA PARA AS

EMPRESAS ATUAIS

AUTORA: HILANA PAULA DRUMMOND DE ANDRADE

RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2001.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO

A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA CORPORATIVA PARA AS

EMPRESAS ATUAIS

ORIENTADORA: YASMIM MARIA RODRIGUES MADEIRA DA COSTA

RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2001.

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I

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO

A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA CORPORATIVA PARA AS

EMPRESAS ATUAIS

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO

COMO REQUSITO PARCIAL PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA E

GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE.

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II

Agradeço a Deus pelo Seu cuidado por mim. Agradeço aos professores,

aos colegas de curso e a todos que contribuíram para execução desta pesquisa.

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III

Dedico este trabalho aos meus pais, ao Mizinho e

aos meus sobrinhos (Luana, Letícia e Rafael).

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IV

“Quando, se não agora? Quem, se não eu?”

Bertrand Russell

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V

Lista de tabelas, ilustrações e gráficos

1 - Hierarquia das Necessidades de Maslow ............................................................25 2 - Confiança nas instituições ....................................................................................26 3 - A expectativa do consumidor quanto aos papéis

convencionais da grande empresa e padrões éticos mais elevados....................27 4 - As pessoas têm diferentes opiniões quanto ao papel

que as grandes empresas devem ter na sociedade.............................................28 5 - Pensou em prestigiar uma empresa que considerasse socialmente

responsável, comprando ou falando bem dela para outras pessoas....................29 6 - Influência da escolaridade no comportamento de se prestigiar

uma empresa considerada socialmente responsável comprando seus produtos, ou falando bem dela para outras pessoas...................................30

7 - A empresa realizou ações sociais para a comunidade em 1998?........................31 8 - Número de empregados: Qual foi a participação das

empresas em ações sociais para a comunidade em 1998...................................32

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VI

Resumo

O conceito de Cidadania Corporativa é um novo modelo estratégico que tende

a se fortificar nas próximas décadas. Qualidade nos processos, um excelente

produto, preço competitivo e bom serviço agregado, não são mais uma vantagem

competitiva e sim uma obrigação. O que se busca hoje é a qualidade nas relações

com os consumidores, acionistas, fornecedores,funcionários, comunidade e governo.

As empresas cidadãs podem incentivar seus funcionários a trabalharem como

voluntários num projeto pois assim a empresa, o funcionário e a sociedade lucram.

Durante a história da humanidade vemos o processo de humanização acontecer,

ainda que timidamente – como na Revolução Industrial – em algumas épocas e mais

rapidamente – como nos dias atuais - em outras. Com a globalização, ser

socialmente responsável chega a ser uma questão de sobrevivência para as

empresas. Nesse contexto inicia-se o conceito de uma empresa atenta às

necessidades sociais que são evidentes no mundo atual: A empresa cidadã;

consciente de sua responsabilidade social e co-participante de projetos nesse

sentido. Contribuir para a formação de indivíduos, construção de uma sociedade

mais justa pode ser aliado ao fim prático de cada empresa. Canalizando esforços

corretos, esta tendência tem a acrescentar experiência, dignidade, respeito e até

lucros às empresas que adotam este perfil.

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VII

Sumário

Introdução.....................................................................................................................8

1 - Fatores históricos e tendências sociais para o surgimento

do novo conceito de negócios, baseado na cidadania corporativa............................10

1.1 - Revolução industrial: O início da preocupação

social no ambiente empresarial ............................................................10

1.2 - O novo cenário de valores do consumidor............................................12

1.3 - O lugar da empresa...............................................................................13

2 - Cidadania Corporativa – o novo conceito de negócios.........................................15

3 - Benefícios do trabalho voluntário para as empresas,

para os funcionários e para a comunidade................................................................19

Conclusão...................................................................................................................22

Apêndice.....................................................................................................................24

Bibliografia..................................................................................................................33

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Introdução

O Tema do presente trabalho monográfico será a importância da cidadania

corporativa para as empresas atuais.

2001 é o ano do voluntariado. Muito se tem falado e ainda há muito o que

falar a este respeito.

O mundo dos negócios está em transformação. As empresas estão

percebendo que além de satisfazer aos interesses somente dos seus acionistas têm,

cada vez mais, que satisfazer a comunidade, os clientes, os funcionários e os

fornecedores.

Hoje além de se preocuparem com seus produtos e processos, as empresas

devem ter qualidade em suas relações.

As empresas cidadãs são apreciadas e procuradas pelos seus stakholders

(comunidade, clientes, funcionários e fornecedores). O mercado exige cada vez mais

o comprometimento das empresas com os interesses deste grupo.

Os consumidores estão mais interessados em descobrir o papel das

empresas na sociedade, e também estão buscando demonstrações de boa

cidadania corporativa, que levem em conta as necessidades de todos os envolvidos

no processo.

O objetivo principal desta pesquisa monográfica é mostrar a importância da

cidadania corporativa para as empresas atuais. Portanto será apresentado o novo

modelo de negócios, onde o conceito de responsabilidade social está se

transformando em uma questão estratégica e de sobrevivência.

Serão abordadas algumas tendências históricas e sociais que ajudam a

entender o contexto para o surgimento deste novo modelo de negócios. Ao final

serão analisados os benefícios da cidadania corporativa.

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A hipótese trabalhada é a de que as empresas precisam se envolver com

ações em benefício da sociedade, para despertarem a admiração do mercado e o

respeito da sociedade.

As empresas devem ainda incentivar seus funcionários a doar um pouco de

seu tempo e de suas habilidades a projetos sociais. Funcionários envolvidos com

ações sociais desenvolvem habilidades primordiais tais como criatividade e trabalho

em equipe.

Como este tema é muito atual, pesquisas estão sendo feitas sobre a reação

dos consumidores quanto à prática de boa cidadania corporativa. O trabalho foi

pautado principalmente nas teorias do livro Marketing Social – Marketing para

causas sociais e a construção das marcas, de Hamish Pringle e Marjorie Thompson

e no material e dados de pesquisa do Instituto Ethos e do IPEA (Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada).

O trabalho monográfico foi baseado em pesquisas bibliográficas, online e em

revistas.

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10

Capítulo 1

FATORES HISTÓRICOS E TENDÊNCIAS SOCIAIS PARA O SURGIMENTO DO NOVO

CONCEITO DE NEGÓCIOS, BASEADO NA CIDADANIA CORPORATIVA.

Cidadania corporativa é uma atividade comercial, que só pode acontecer

dentro de um contexto cultural e social onde existe o conceito e a prática da

caridade. A idéia de caridade é muito antiga e persiste até os dias de hoje. Há

algumas razões para uma pessoa fazer caridade: porque realmente quer fazer o

bem, porque ao fazer uma doação se sente bem, ou ainda porque a faz sentir-se

generosa diante da comunidade.

O conceito de caridade faz parte da cultura atual. As pessoas são caridosas,

uma vez que vivem em comunidade e percebem que existem benefícios se a

sociedade for mais coerente, menos conturbada e mais segura.

1.1 Revolução industrial: O início da preocupação social no ambiente empresarial

Com a Revolução Industrial do final do século 18 e início do século 19, o

trabalho, que até então, era no campo, passou a ser nas fábricas. Houve migração

das regiões rurais para as cidades. A Revolução Industrial mecanizou a maioria dos

processos manufatureiros. Os preços dos produtos caíram e a produção se

multiplicou. Surgiram as fábricas e a classe operária. Com o crescimento das

indústrias, houve uma exploração de grande parte dos trabalhadores por uma

minoria dominante. As classes trabalhadoras sofreram com as péssimas condições

de emprego. Muitas fortunas surgiram através desta relação desigual e

desequilibrada

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11

O crescimento explosivo da indústria trouxe então, novo vigor à escravatura.

A escravidão renasceu devido a uma demanda enorme por mão-de-obra de baixo

custo. A família, que até então era a unidade de produção, também foi impactada

por esta Revolução. Marido, mulher e filhos que trabalhavam juntos na fazenda e na

oficina do artesão passaram a ter que trabalhar nas fábricas.

Neste processo, a relação entre o homem e a comunidade mudou. A

mobilidade da mão-de-obra, a mudança nos padrões de propriedade e a pressão da

população reduziram a noção de responsabilidade pelos outros que caracterizava as

comunidades rurais mais antigas.

Era uma época de contrastes. Por um lado, ambição extrema por riqueza e

desenvolvimento acelerado. Por outro, um profundo sentimento de culpa pelas

terríveis condições de trabalho a que eram submetidos os operários. Havia a

necessidade de progresso, as pessoas passaram a se preocupar com sua posição

na sociedade e, ao mesmo tempo, havia o sentimento comum de que toda essa

riqueza material não era realmente merecida. Tentou-se contrabalançar a

exploração da força de trabalho nas fábricas. Extraordinários atos de caridade e

filantropia marcaram a era.

Havia também uma necessidade, principalmente entre os mais poderosos, de

deixar uma marca para a posteridade. Empresários, milionários, políticos e outros

que se destacaram na sociedade, tiveram um impulso de deixar algo para a

sociedade. Museus, galerias e estátuas são alguns exemplos de seus legados.

Evidências mostram que mesmo no nível mais alto de realização pessoal e

financeira muitas pessoas de sucesso ainda precisam de recompensas não

materiais e que a melhor forma de usarem seu dinheiro é com ações altruístas.

O desejo de deixar uma marca na sociedade se estendeu à empresa também.

O empresário capitalista emergente percebeu que sua força de trabalho pode ser

mais produtiva se for bem tratada e não explorada. Proteger a mão-de-obra dos

excessos de exploração passou a ser de grande benefício para a empresa. Os

empregadores passaram a se esforçar para melhorar a qualidade de vida de seus

empregados.

Esta tendência continuou pelos séculos seguintes. Embora a crítica diga que

este dinheiro representa uma parte muito pequena da fortuna destas pessoas, suas

doações representam uma grande ajuda para os beneficiários envolvidos.

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12

O século XXI começou com uma economia de interdependência, denominada

globalização. Transformações tecnológicas sofisticadas provocaram mudanças no

cenário político, social e econômico. Esta é a era da Revolução da Informação, que

muito se assemelha à da Revolução Industrial. Há uma rapidez nos avanços

tecnológicos, megacorporações estão sendo formadas através de fusões, o poder

está concentrado num número cada vez menor de grupos empresariais, há uma

intensa concorrência, entre outros. Estas mudanças geram crescimento e empregos,

mas ao mesmo tempo provocam volatilidade e crise. Como na época da Revolução

Industrial, as pessoas começam a se preocupar com este cenário de pobreza e

degradação da sociedade.

1.2 O novo cenário de valores do consumidor

Os consumidores estão mais exigentes. Eles estão procurando mais do que

um bom desempenho do produto ou seus benefícios e bem mais do que os aspectos

emocionais e psicológicos associados à personalidade e à imagem da marca. Hoje

em dia eles não querem só saber o que o produto faz, ou que imagens ele transmite

ao comprador, agora eles precisam saber “em que” a marca que eles compram

“acredita”.

Na década de 40, A. H. Maslow elaborou a Hierarquia das Necessidades,

simbolizada por uma pirâmide1. Para Maslow, os seres humanos têm uma escala

progressiva de necessidades que procuram suprir. As básicas são relativas às

necessidades fisiológicas de sobrevivência: alimento, abrigo, calor, sexo e outras. À

medida que estas necessidades são satisfeitas, as pessoas procuram suprir as

necessidades que têm mais a ver com seu papel no relacionamento com os outros,

e com sua posição na comunidade. E, quando essa necessidade é atingida, passa-

se para um nível superior de interesses, relacionado com o grau de auto-estima de

uma pessoa por sentir que “pertence” à sociedade e com sua auto-realização por se

sentir valorizado.

De acordo com o livro Marketing Social, de Hamish Pringle e Marjorie

Thompson, há evidências de que os consumidores estão seguindo a seqüência

1 Ver apêndice 1.

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estabelecida por Maslow. De que estão ascendendo ao topo da Hierarquia das

Necessidades. Um exemplo, é que hoje em dia, em relação à riqueza material,

existem pequenas diferenças entre os consumidores de alta renda e os de baixa, em

termos de bens duráveis que possuem. Mesmo lares com renda tradicionalmente

inferior, agora têm mais riqueza material. A riqueza material está se tornando cada

vez menos relevante para a satisfação e felicidade pessoal, à medida que o desejo

de “pertencer” ou fazer parte, de “auto-estima” e de “auto-realização” se tornam mais

ascendentes e importantes.

1.3 O lugar da empresa

O mundo está passando por terríveis ameaças. Há uma deterioração

ambiental, que traz consigo variações climáticas. A escassez de recursos naturais

põe em risco a sobrevivência humana. A explosão do crescimento populacional traz

consigo fome, doenças e desemprego. Grande parcela da população não tem

acesso à educação e vive em condições precárias.

A pobreza mundial aumentou muito. O Instituto Ethos divulgou uma pesquisa

realizada na América Latina, eis os resultados: “De acordo com o Banco Mundial,

entre 1987 e 1998, na América Latina, o número de pobres aumentou e o de

indigentes saltou de 63,7 milhões para 78,2 milhões, sendo que 29 milhões são

brasileiros que vivem com menos de dois dólares por dia.” 2

Estes problemas são reais e só poderão ser resolvidos com uma

conscientização e mobilização de todos os elementos da sociedade.

Um dos fenômenos da última década foi o colapso das instituições

tradicionais. O Henley Centre acompanhou este declínio3, os pilares da sociedade

(governo, política e forças armadas) pelos quais as pessoas se orientavam,

perderam autoridade e credibilidade. Estas instituições que antes eram distantes e

fechadas foram expostas e reveladas pela mídia jornalística.

Por outro lado, algumas instituições têm ganhado credibilidade e confiança

pública. Algumas empresas também foram avaliadas pela pesquisa e muitas delas

2 INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. Responsabilidade social

das empresas – Percepção e tendências do consumidor brasileiro: versão 2000 [online]. 2000. Disponível: http://www.ethos.org.br/prl/open/publicacoes/consumidor.asp [capturado em 6 fev. 2001].

3 Ver apêndice 2.

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elevaram significativamente sua posição no conceito público. Essas empresas estão

inseridas num mercado disputado e, apesar de estarem sob a mira da mídia,

defendem seus códigos de práticas e valores diante do consumidor, justificando a

confiança recebida.

Diante deste cenário, as empresas têm um papel fundamental. O

desmoronamento dos antigos pilares da sociedade traz para as empresas, a

possibilidade de alavancar a confiança do consumidor para seu benefício. De acordo

com a teoria de Maslow, é importante para os consumidores a noção de participar.

Como as instituições tradicionais perderam a credibilidade, cabe às empresas

preencherem esta lacuna.

As pessoas querem deixar uma marca na sociedade. A era da Revolução

Industrial destacou atos de caridades de personalidades importantes, que

desejavam diminuir as desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, estruturar a si

mesmos na sociedade da época. Hoje, as empresas têm a possibilidade de

deixarem a sua marca na sociedade através de uma atuação mais responsável. Se

elas se alinharem em defesa de grandes causas, então provavelmente conquistarão

mais confiança e fidelidade das pessoas do que se investissem simplesmente num

relacionamento de compra e venda.

As corporações conquistaram muito poder. Atualmente detêm o capital, a

capacidade de gestão dos recursos e os talentos. Segundo Cláudia Vassallo, “são

as empresas que geram empregos e conhecimento, dominam técnicas de gestão,

dispõem de capital e concentram um número extraordinário de talento e de pessoas

inovadoras que fazem as coisas acontecer.” 4

As empresas, então, têm um papel muito importante na preservação e

manutenção do meio ambiente e na definição da qualidade de vida de seus

funcionários e das comunidades que se relacionam com elas.

4 VASSALLO, Cláudia. REVISTA EXAME. Guia de boa cidadania corporativa. São Paulo, v.728, Caderno especial. p.9

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Capítulo 2

CIDADANIA CORPORATIVA – O NOVO CONCEITO DE NEGÓCIOS

Empresa Cidadã é aquela que busca o sucesso do seu negócio

levando em conta as aspirações da sociedade, dos funcionários, dos clientes

e dos acionistas. Que se preocupa com a qualidade ética de suas relações

com estes grupos.

Ainda existe a luta pela produtividade cada vez mais alta, por produtos

melhores, pelo lucro e a concorrência é desafiadora. As empresas ainda

existem com a finalidade de gerar valor. O que está mudando é a forma de se

atingir estes objetivos.

As empresas estão percebendo que as boas ações revertem lucros

não apenas para a comunidade, mas para elas também. A empresa

socialmente responsável é reconhecida, pelo mercado, como amiga,

ecológica, engajada culturalmente, entre outras qualidades. Ela passa a se

relacionar com o consumidor, fora do ambiente normal e esperado de compra

e venda, onde sempre há um interesse imediato.

Adquirir um novo cliente é uma tarefa muito difícil e dispendiosa.

Portanto as empresas têm buscado a fidelidade dos seus atuais clientes com

promoções, descontos e serviços de atendimento após a compra. No entanto,

fidelidade não é algo que se possa comprar. Fidelidade tem que ser

conquistada.

As pessoas estão percebendo, cobrando e prestigiando as empresas

que demonstram uma boa cidadania corporativa. Os consumidores querem

saber qual o papel das empresas na sociedade.

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O dinheiro usado com estas ações sociais não é mais visto pelas

empresas como uma doação, mas sim como um investimento. A empresa

cidadã obtém ótimos resultados para o seu negócio, ela desperta a admiração

do mercado e o respeito da sociedade.

Uma empresa responsável, porém, tem que encarar alguns desafios:

Um deles é o operacional. A empresa social pensa nas conseqüências que

suas ações vão causar ao meio ambiente, a seus empregados, à

comunidade, ao consumidor, aos fornecedores e a seus acionistas. Acima de

tudo, ela atua de uma maneira que não venha a prejudica-los. Ela deve ser

coerente em suas ações. Não adianta investir em um projeto comunitário e

poluir a área próxima às fábricas. Não adianta cobrir de benefícios os

empregados e não possuir transparência com os mesmos.

Cidadania deve estar no centro do planejamento estratégico. E isso fica

demonstrado no dia-a dia dos negócios. Pode ser que em alguns momentos

os lucros até caiam, mas a empresa deve colocar a responsabilidade social e

a transparência como prioridades. Agindo desta forma, a empresa acaba

preservando a reputação de sua marca.

A atuação social do mundo corporativo abrange todas as relações com

seus stakholders (comunidade, clientes, funcionários e fornecedores),

influencia nas decisões e define estratégias e modelos de gestão. A Revista

Exame publicou uma pesquisa que nos ajuda a entender o processo de

crescimento das empresas preocupadas com seus stakholders: “Um estudo

recente da Universidade de Harvard mostra que companhias preocupadas em

manter relações equilibradas com todos os seus stakholders crescem, em

média, 4 (quatro) vezes mais do que as que são focadas apenas em obter

resultados para seus acionistas”.5

A responsabilidade social da empresa começa com uma decisão

assumida pela alta administração. A direção e os líderes precisam estar

envolvidos e comprometidos com a aplicação dos princípios e valores em

todas as operações.

Os dirigentes têm um papel fundamental em todo o processo. Eles

devem servir de exemplo aos seus funcionários. Prioridades devem ser

5 Ibid. p.9.

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estabelecidas e os comportamentos precisam ser moldados a esta nova

forma de gestão. A empresa precisa de um sistema de crenças simples e

claro e, seus dirigentes devem divulgá-lo.

Uma companhia passa a ser admirada quando ela incorpora aos seus

negócios, valores de uma gestão socialmente responsável. Seus líderes

ganham um novo estímulo e a sociedade ganha mais um parceiro para ajudá-

la a ser próspera, sustentável e melhor.

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e o jornal

Valor Econômico conduziram uma pesquisa, que analisa o comportamento

dos consumidores. Os dados brasileiros foram comparados com os de outros

países. A pesquisa detectou que o consumidor brasileiro ainda é um pouco

imaturo quando comparado com os consumidores de outros países. Mas,

como até o conceito de responsabilidade social é muito recente, pode-se

concluir que o Brasil está em um processo de conscientização do consumidor

para um posicionamento de selecionar e prestigiar as empresas cidadãs.

No Brasil, 41% das pessoas pesquisadas ressaltam o papel tradicional

da empresa: gerar lucros, pagar impostos, gerar empregos e cumprir as leis.

E, 35% esperam que a empresa estabeleça padrões éticos mais elevados,

que vá além do que é determinado pela lei e que ajude a construir ativamente

uma sociedade melhor para todos.6

A média brasileira é menor do que a mundial. Dois terços dos

entrevistados no mundo pensam que a empresa deve expandir o seu papel

tradicional.7

A pesquisa também constatou que 58% das pessoas entrevistadas não

pensou em prestigiar uma empresa socialmente responsável, comprando ou

falando bem dela para outras pessoas, no último ano. Apenas 24%

efetivamente fez isto no último ano e 15% pensou em fazer, mas acabou não

fazendo.8

Nesta questão, o Brasil também apresenta uma média menor do que a

de outros países. O quadro denota passividade do consumidor brasileiro. As

evidências diante da pesquisa sinalizam que há uma correlação entre a

6 Ver apêndice 3. 7 Ver apêndice 4. 8 Ver apêndice 5.

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informação e uma atitude mais crítica. As pessoas com um nível de

escolaridade mais elevado tendem a demonstrar mais sua insatisfação e/ou

satisfação junto às empresas. 9

O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realizou a

Pesquisa Ação Social das Empresas, incluindo desde as microempresas até

as de grande porte. O foco inicial desta pesquisa foi a região Sudeste

(Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). O universo

pesquisado é composto por 445 mil empresas privadas desta região, com um

ou mais empregados.

Dois terços destas empresas declararam ter realizado algum tipo de

ação social para a comunidade em 1998. São 300 mil empresas que fizeram

tanto doações pequenas e eventuais até grandes projetos sociais bem

estruturados.10

Responsabilidade social é um processo que não faz distinção entre

grandes, médias e pequenas empresas. A pesquisa realizada pelo IPEA

ainda identificou que as microempresas (até 10 empregados) tiveram uma

participação expressiva, com 61% delas dando alguma contribuição para a

sociedade.11

9 Ver apêndice 6. 10 Ver apêndice 7. 11 Ver apêndice 8.

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Capítulo 3

BENEFÍCIOS DO TRABALHO VOLUNTÁRIO PARA AS EMPRESAS, PARA OS

FUNCIONÁRIOS E PARA A COMUNIDADE

Apostar nos funcionários e incentivá-los a doar tempo e habilidades, tem se

tornado um trunfo para as empresas. Os funcionários envolvidos com ações sociais

desenvolvem algumas habilidades vitais para a empresa tais como comunicação,

criatividade, capacidade de alocar recursos e de trabalhar em equipe. Com esta

contribuição para a sociedade, muitos funcionários alcançam satisfação pessoal e

motivação verdadeira para o trabalho. Eles sentem-se pessoas úteis à sociedade, e

encontram na empresa um lugar onde não só trabalham, mas onde se desenvolvem

também. A empresa cresce quando seus funcionários crescem.

Segundo Peter Drucker, “Uma conotação importante para o setor social é a

seguinte: não existe melhor maneira para saber onde a gente se situa do que

tornando-se voluntário em uma organização sem fins lucrativos.”12 Para ele, o

desenvolvimento real do pessoal das empresas, vem do seu trabalho como

voluntários em uma organização. Quando há responsabilidade, os resultados logo

aparecem e em pouco tempo as pessoas descobrem quais são os seus valores.

As empresas que incentivam a relação de seus funcionários com a

comunidade, conseguem atrair e reter alguns dos profissionais mais brilhantes do

mercado. “Empresas cidadãs são pólos de atração de talentos. Mais da metade dos

2500 estudantes de MBA entrevistados nos Estados Unidos disseram, num estudo

12 DRUCKER, Peter. Você está preparado? [online]. Ago.2000. Disponível:

http://www2.uol.com.br/vocesa/edi26/2artigo.sm [capturado em 21 ago. 2000]. p.4

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recente, que aceitariam ganhar salários menores para trabalhar em negócios

socialmente responsáveis.”13

Empresas adeptas do voluntariado têm a oportunidade de agregar valor à

imagem corporativa. A confiança da comunidade também tem se tornado uma

vantagem competitiva.

Geralmente as ações sociais são realizadas por equipes de pessoas com

diferentes níveis de conhecimento, o que facilita a troca de experiências e exercita o

trabalho em equipe, que está sendo muito valorizado no mundo dos negócios

atualmente.

As empresas podem ceder horas de trabalho de seus funcionários a projetos

solidários ou incentivá-los a participar de um programa em seus horários livres e fins

de semana. A cultura da empresa e as prioridades das pessoas que trabalham para

ela é que vão definir isso. Os programas devem ser adequados à disponibilidade e

às habilidades dos funcionários. As empresas precisam então, pesquisar e conhecer

bem o seu público interno.

A disposição das pessoas em contribuir para a comunidade tem relação com

a forma como são tratadas no ambiente de trabalho. Salários competitivos,

benefícios atraentes, treinamento e possibilidade de crescimento na carreira são

muito importantes, mas não fazem a diferença por si só. A empresa deve estreitar os

laços com as pessoas que ali trabalham. Ela deve promover o funcionário como

pessoa, como profissional e como cidadão.

Os programas sociais oferecem à comunidade, a energia para o trabalho, o

conhecimento e o tempo dos funcionários. Existia uma tradição de se fazer o bem,

não se levando em conta o como. Porém, com a participação das empresas nas

causas sociais, um novo valor está surgindo, o de fazer o bem “bem feito”, com aval

técnico, foco em resultados e tratando com zelo os recursos investidos. Há uma

ênfase em eficácia, pois práticas e conceitos do mundo empresarial estão sendo

adotados. A comunidade ganha muito em termos de qualidade e excelência nos

trabalhos realizados.

Deve-se eliminar todo e qualquer tipo de discriminação no ambiente de

trabalho. Atualmente já existem algumas empresas preocupadas em dar

oportunidade de trabalho a pessoas normalmente excluídas da sociedade: idosos,

13 Op.cit. REVISTA EXAME, p.9

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deficientes físicos e mentais, ex-detentos e aqueles que continuam na prisão.

Algumas empresas aceitaram este desafio e já obtêm resultados satisfatórios no

relacionamento entre os funcionários e no clima organizacional da empresa.

Caminhar nesta área é um investimento que trará à empresa lucros em todos os

sentidos.

Para que um programa de trabalho voluntário tenha sucesso, é

fundamental que se valorize o trabalho dos voluntários. O funcionário se sente

importante e mais motivado quando sua colaboração é reconhecida.

Peter Drucker escreve:“Uma das oportunidades importantes que temos no

setor social, uma das coisas exclusivas que podemos oferecer, é justamente esta: o

fato de ocuparmos um espaço onde qualquer trabalhador que esteja interessado em

adquirir conhecimentos possa realmente descobrir quem ele é e aprender a

administrar a si próprio.”14

14 Op.cit. DRUCKER, p.5.

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Conclusão

Para qualquer negócio, crescer é desejável, mas isso se torna um grande

desafio quando se leva em consideração o relacionamento entre a empresa e seus

stakholders (comunidade, clientes, funcionários e fornecedores). A empresa atual,

não conseguirá ter vida longa oferecendo somente os melhores produtos. Ela deve

estar disposta a responder às demandas da sociedade.

As empresas têm o capital, a capacidade de gestão dos recursos e um

estoque de talentos. E, para que desempenhem seu papel de empresa cidadã,

devem adquirir a consciência da realidade que as rodeiam; devem entender o

conceito de responsabilidade social; seus líderes devem cuidar para que a política

organizacional seja orientada pela responsabilidade diante da sociedade, e devem

transformar o discurso em realidade, envolvendo todos na formulação, aplicação e

avaliação da responsabilidade social.

As organizações e seus líderes têm um papel determinante na construção de

um futuro melhor. A empresa socialmente responsável é uma das grandes

beneficiárias de suas próprias ações sociais. Ela passa a ser respeitada por suas

atitudes, assim atraindo e “fidelizando” clientes.

No mercado globalizado, ética, responsabilidade, relacionamento, equilíbrio e

transparência são condições básicas para o aumento da competitividade. Estes

conceitos devem ser amplamente perseguidos e disseminados pelas empresas

dispostas a serem reconhecidas como cidadãs.

As evidências diante da pesquisa mostram que os consumidores brasileiros

ainda são um pouco imaturos no que diz respeito a prestigiar empresas

responsáveis. Mas, isso se deve ao fato do conceito de responsabilidade social das

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empresas ainda ser novo. Mesmo assim, as empresas já podem sentir os benefícios

de suas realizações como socialmente responsáveis.

Pensar “o ser humano” concomitantemente com o “pensar o negócio” é o

lema da empresa cidadã, que deixa marcas no mercado e na sociedade; que

constrói um novo código de ética capaz de pensar o ser humano de igual modo – ou

de maior modo – que os negócios.

O incentivo ao trabalho voluntário é outro aspecto de uma empresa

preocupada com seu relacionamento com seus stakholders. Ele tem um impacto

positivo para os funcionários, para todas as áreas da empresa e para a comunidade.

O funcionário melhora suas relações no trabalho e sua auto-estima, aprende a

trabalhar em equipe, se sente mais responsável e tem mais criatividade.

O fato de uma empresa ser socialmente responsável, não significa que ela

seja perfeita, mas que, apesar de suas imperfeições, saltou na frente e teve uma

visão de futuro. Suas ações e decisões contribuem para o aprimoramento da

sociedade e para uma perspectiva de um futuro com menos desigualdades sociais.

Responsabilidade Social tem um começo, depende de uma decisão por parte

da liderança da organização e do engajamento de todos da empresa, mas não tem

fim. Este é um processo permanente e de longo prazo.

Estudar empresas cidadãs é comprovar que a “luz no fim do túnel” para o

negócio chamado “humanidade” é bem mais forte e está bem mais próxima do que

se pensa.

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APÊNDICES

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Apêndice 1

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW.

Necessidades de auto-atualização

(autodesenvolvimento e realização).

Necessidades de estima (auto-estima, reconhecimento, status)

Necessidades sociais (noções de pertencer, amor)

Necessidades de segurança (segurança, proteção).

Necessidades fisiológicas (fome, sede)

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Apêndice 2

Confiança nas Instituições (% respondendo “enorme” ou “grande”)

Instituições 1983 1993 1998

Forças Armadas 88 84 71

Polícia 83 70 59

Família Real 25 18 30

A Igreja 52 37 30

Sistema Judiciário 58 36 26

Serviços Civis 46 36 20

Sindicatos 23 26 17

Parlamento 54 30 16

Imprensa 32 18 7

Fonte: Esses dados são uma compilação do “Planejamento para a mudança do Consumidor, de 1999” e do “Planejamento para a Mudança Social, de 1996/7”, apud Marketing Social – Marketing para causas sociais e a construção das marcas. Hamish Pringle e Marjorie Thompson. Editora Makron Books. Páginas 29 e 30.

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Apêndice 3

A EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR QUANTO AOS PAPÉIS CONVENCIONAIS DA GRANDE EMPRESA E PADRÕES ÉTICOS

MAIS ELEVADOS.

BRASIL

Concentrar-se em gerar lucro, pagando os impostos, gerando empregos e cumprindo todas as leis

Não tenho nenhuma expectativa em relação às empresas

Ter um padrão de comportamento entre os dois pontos de vista

Não sabe / Não responderam

Outro

Fazer isto para estabelecer padrões éticos elevados, indo além das expectativas legais, construindo sociedade

41% Concentrar-se em gerar lucro

1% Não têm expectativa

19% Equilíbrio entre os dois pontos de vista

3% Não sabe / Não respondeu

1% Outro 35% Preocupação com padrões éticos e sociedade melhor

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Apêndice 4

AS PESSOAS TÊM DIFERENTES OPINIÕES QUANTO AO PAPEL QUE AS GRANDES EMPRESAS DEVEM TER NA SOCIEDADE.

VÁRIOS PAÍSES

(em %)

Fazer tudo isto levando em conta padrões éticos

Ter um padrão de comportamento entre os dois pontos de vista

Preocupação com padrões éticos e sociedade melhor

Ale Arg Bra Esp EUA Grã-Bretan Índia Ita Méx0

102030405060

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Apêndice 5

PENSOU EM PRESTIGIAR UMA EMPRESA QUE CONSIDERASSE SOCIALMENTE RESPONSÁVEL, COMPRANDO OU FALANDO BEM

DELA PARA OUTRAS PESSOAS.

BRASIL

58% Não pensou em fazer isto

3% Não sabe / Não respondeu

24% Efetivamente fez isto no último ano

15% Pensou, mas não fez

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Apêndice 6

INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE NO COMPORTAMENTO DE SE PRESTIGIAR UMA EMPRESA CONSIDERADA SOCIALMENTE

RESPONSÁVEL, COMPRANDO SEUS PRODUTOS, OU FALANDO BEM DELA PARA OUTRAS PESSOAS.

Total Escolaridade

Menções estimuladas

%

Até primeiro

grau incompleto

Até segundo

grau incompleto

Até segundo grau completo

e/ou curso superior

Não pensou em fazer isto

58 61 63 51

Pensou em fazer, mas acabou não fazendo

15 14 12 18

Efetivamente fez isso no último ano

24 21 24 29

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Apêndice 7

A empresa realizou ações sociais para a comunidade em 1998?

Fonte: Pesquisa Ação Social das Emrpesas da Região Sudeste - Primeira etapa IPEA/INCOD (1999)

Sim 87%

Não 33%

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Apêndice 8

NÚMERO DE EMPREGADOS: QUAL FOI A PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS EM AÇÕES SOCIAIS PARA A COMUNIDADE EM 1998.

(escalas em%) Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas na Região Sudeste - Primeira Etapa. IPEA/DICOD (1999).

Até 10 11-50 51-100 101-500 + de 500

0

20

40

60

80

100

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Bibliografia

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REVISTA EXAME. Guia de boa cidadania corporativa. São Paulo, v.728, Caderno especial. ROSENBURG, Cynthia. Promessa verde: Fusões, comércio global e pressões sociais fazem a consultoria ambiental florescer no Brasil. REVISTA EXAME. São Paulo, mar. 2000. p.42-44.