A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO OBRIGATÓRIA E DO JEJUM
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A IMPORTÂNCIA DA
ORAÇÃO OBRIGATÓRIA
E DO JEJUM
Seleção de Excertos e Orações
das Escrituras Bahá‟ís Compilada pelo
Departamento de Pesquisa da
Casa Universal de Justiça
CENTRO MUNDIAL BAHÁ‟Í
Título original em inglês: The Importance of Obligatory Prayer and Fasting
© 2000. Todos direitos reservados pela:
A Casa Universal de Justiça
Direitos autorais pra a Lingua Portuguesa cedidos à
Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá‟ís do Brasil
© 2002. Todos os direitos reservados pela
Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá‟ís do Brasil
Tradução:
Luís Henrique Beust
Revisão:
Iradj Roberto Eghrari
Primeira Edição: 2002
Editora Bahá‟í do Brasil
A Casa Universal de Justiça, ao rever a aplicabilidade adicional das leis de Bahá‟u‟lláh
no decorrer dos últimos quatro anos, determinou ser imperativo para todos os bahá'ís
"aprofundarem sua consciência das bênçãos concedidas pelas leis que diretamente
promovem a vida devocional do indivíduo e, dessa maneira, da comunidade”.Entre estas
leis estão a oração obrigatória e o jejum, os quais foram descritos pela Abençoada
Beleza como “duas asas para a vida do homem”.
Esta nova seleção de traduções recentemente autorizadas foi extraída do vasto oceano
dos Escritos originais de Bahá‟u‟lláh e „Abdu‟l-Bahá. Seu propósito é ampliar ainda
mais a percepção dos crentes quanto à importante significação dessas duas grandes leis.
Maio de 2000
CONTEÚDO
1
Dos Escritos de Bahá‟u‟lláh
2
Dos Escritos de „Abdu‟l-Bahá
3
Orações de Bahá‟u‟lláh para o Jejum
1
6
Dos Escritos de Bahá’u’lláh
I. Nós, verdadeiramente, expusemos todas as coisas em Nosso Livro, como um sinal de graça
àqueles que acreditaram em Deus, o Onipotente, o Protetor, O que subsiste por Si próprio. E
ordenamos a oração obrigatória e o jejum para que através deles todos possam aproximar-se de
Deus, o Mais Poderoso, o Bem-Amado. Assentamos por escrito estas duas leis e explanamos todo
decreto irrevogável. Proibimos aos homens seguir tudo aquilo que possa desviá-los da Verdade, e
lhes ordenamos o que os aproximará dAquele que é o Onipotente, o Todo-Benévolo. Dize: Observai
os mandamentos de Deus por amor à Sua beleza, e não sejais dos que seguem os caminhos dos tolos
e desprezíveis.
II. Todo louvor a Deus, Que revelou a lei da oração obrigatória a fim de manter seus servos
atentos, e ordenou-lhes o Jejum para que os abastados apreendam as dores e sofrimentos dos
destituídos.
III. Aquele que não realiza boas obras nem atos de adoração é como uma árvore infrutífera. É
como uma ação que não deixa um traço sequer. Quem experimentar o santo êxtase da adoração
jamais trocará tal ato – ou qualquer louvor de Deus – por tudo o que no mundo existe. O jejum e a
oração obrigatória são como duas asas para a vida do homem. Bem-aventurado quem por meio delas
se eleva ao paraíso do amor de Deus, o Senhor de todos os mundos.
IV. Firma-te firme na oração obrigatória e no jejum. Verdadeiramente, a religião de Deus é
como o céu; o jejum é o seu sol e a oração obrigatória, a sua lua. Em verdade, eles são os pilares da
religião, através dos quais os retos se distinguem daqueles que transgridem Seus mandamentos.
Suplicamos a Deus, exaltado e glorificado seja Ele, que generosamente capacite a todos a
observarem aquilo por Ele revelado em Seu Livro Antigo.
V. Sabe tu que a religião é como o céu; e o jejum e a oração obrigatória são seu sol e sua lua.
Suplicamos a Deus, enaltecido e glorificado seja, que bondosamente ampare cada um que age
segundo Sua vontade e Seu bel-prazer.
VI. Não sejas negligente com a oração obrigatória e o jejum. Aquele que os não observa
jamais foi e jamais será aceitável aos olhos de Deus. Segue tu a sabedoria sob todas as condições.
Ele, verdadeiramente, ordenou que todos seguissem o que lhes tem sido e será benéfico. Ele, em
verdade, é o Todo-Suficiente, o mais Elevado.
VII. Quanto à oração obrigatória: a Pena do Altíssimo a fez descer de uma maneira tal que
inflama os corações e cativa as almas e mentes dos homens.
VIII. No tocante à oração obrigatória: ela foi revelada de tal modo que quem a recitar com
coração desprendido, mesmo que apenas uma vez, encontrar-se-á inteiramente apartado do mundo.
IX. Ó Meu irmão! Quão grande, quão magnífica pode ser a lei da oração obrigatória quando
se é capacitado a observá-la através de Sua misericórdia e amorosa bondade. Quando um homem se
põe a recitar a Oração Obrigatória, ele dever-se-ia achar independente de todas as coisas criadas e
considerar a si mesmo como simplesmente nada ante a vontade e o propósito de Deus, de tal modo
que nada mais contemple no mundo dos seres, a não ser Ele. Esta é a condição dos favorecidos por
Deus e dos que Lhe são inteiramente devotados. Quem realizar a oração obrigatória deste modo será
7
contado por Deus e pela Assembléia no alto como um daqueles que verdadeiramente ofertaram a
oração.
X. Um dos atos em obediência à lei é a oração obrigatória. Aquele que é Portador dos
mistérios divinos referiu-se a ela como a escada para a ascensão. Diz Ele: “A oração obrigatória é
uma escada de ascensão para o crente”.1 Em seu seio se encobertam e ocultam miríades de efeitos e
benefícios. De fato, são incalculáveis. Quão grande seria a indolência e a injustiça de um homem
para consigo mesmo fosse ele abandonar esta escada de ascensão e se prender aos tesouros da terra.
É nossa esperança que sejamos capacitados a realizar atos puros e aceitáveis. Imploramos a Deus,
louvado e glorificado seja, que nos confirme no que for Seu desejo e agrado e naquilo que nos
aproxime dEle. Verdadeiramente, Ele é o Todo-Poderoso, o Onipotente, Aquele que se compraz em
atender às preces de todos os homens.
XI. Dentre as novas Orações Obrigatórias que foram posteriormente reveladas, a Oração
Obrigatória longa deveria ser dita naqueles momentos em que a pessoa se encontra inclinada à
oração. Em verdade, de tal modo foi ela revelada que se fosse recitada a uma pedra, a pedra agitar-
se-ia e por-se-ia a falar; e se fosse recitada a uma montanha, a montanha haveria de se mover e
deslizar. Feliz aquele que a recita e cumpre os preceitos de Deus. É suficiente ler qualquer uma das
orações.
XII. Suplicamos a Deus que ajude Seu povo, para possam observar o supremo e excelso
Jejum, o qual visa proteger os olhos de contemplarem tudo o que é proibido e apartar o homem de
alimento, bebida e tudo o que não provenha dEle. Oramos a Deus para que confirme seus amados, de
modo que tenham êxito no cumprimento daquilo que lhes foi ordenado neste Dia.
XIII. Louvores Àquele que revelou leis segundo Seu bel-prazer. Verdadeiramente, soberano é
Ele sobre tudo o que deseja. Ó Meus amigos! Agi em conformidade àquilo que vos foi ordenado no
Livro. Decretou-se-vos jejuar durante o mês de „Alá. Jejuai por amor ao vosso Senhor, o Poderoso, o
Altíssimo. Abstende-vos do nascer ao pôr do sol. Assim vos instrui o Bem-Amado da humanidade,
conforme determinado por Deus, o Todo-Poderoso, o Irrestrito. Ninguém deve exceder os limites
impostos por Deus e por Sua lei, nem seguir suas próprias imaginações vãs. Feliz aquele que cumpre
Meus decretos por amor à Minha Beleza, e ai de quem é negligente para com a Alvorada do
Comando nos dias de seu Senhor, o Todo-Poderoso, o Onipotente.
XIV. Esta é uma das noites do Jejum e no seu decurso a Língua da Grandeza proclamou: Não
há outro Deus senão Eu, o Protetor Onipotente, O que subsiste por Si próprio. Nós, verdadeiramente,
como um favor de Nossa parte, ordenamos a todos observarem o Jejum nestes dias. Entretanto, o
povo segue inconsciente, exceto os que lograram atingir o propósito de Deus assim como foi
revelado em Suas leis, aqueles que compreenderam Sua sabedoria, que permeia todas as coisas
visíveis e invisíveis. Dize: Por Deus! Sua Lei é uma fortaleza para vós, pudésseis apenas
compreender. Verdadeiramente, Ele não tem nisso outro propósito que não seja beneficiar as almas
de Seus servos. Porém – que lástima! – a maioria da humanidade permanece indiferente. Firmai-vos
à corda das Leis de Deus, e não segui os que se afastaram do Livro, pois eles, verdadeiramente,
opuseram-se a Deus, o Poderoso, o Amado.
XV. Estes sãos os dias do Jejum. Bem-aventurado quem aumenta seu amor através do calor
gerado pelo Jejum, e que, com alegria e radiância, ergue-se para realizar obras dignas.
Verdadeiramente, Ele guia ao caminho reto quem quer que Ele queira.
1 Tradição atribuída ao Imame „Alí
8
XVI. Apesar de o Jejum ser exteriormente difícil e trabalhoso, entretanto, interiormente ele é
graça e tranqüilidade. A purificação e a capacitação estão sob condição e dependência apenas
daquelas práticas rigorosas que estejam em conformidade com o Livro de Deus e tenham sido
sancionadas pela Lei divina, e não daquelas que os insanos infligiram ao povo. A alma ama tudo
aquilo que Deus revela. Nós Lhe suplicamos que generosamente nos ajude a realizar o que Ele
deseja e aceita.
XVII. Verdadeiramente, digo: jejuar é o remédio supremo e o mais poderoso tratamento para
a enfermidade do ego e da paixão.
XVIII. Todo louvor ao Deus uno e verdadeiro, Aquele que ajudou Seus amados a observarem
o Jejum e os amparou para cumprirem o que foi decretado no Livro.Em verdade, incessante louvor e
gratidão Lhe são devidos por ter Ele generosamente confirmado Seus amados na realização daquilo
que é a causa de exaltação de Sua Palavra. Se um homem possuísse dez mil vidas e as oferecesse
todas para estabelecer a verdade das leis e mandamentos de Deus, ainda assim Lhe seria devedor,
pois tudo o que provêm de Seu irresistível decreto serve tão somente para beneficiar Seus amigos e
Seus bem-amados.
XIX. Há vários estágios e condições no Jejum, e incalculáveis efeitos e benefícios jazem nele
ocultos. Felizes os que os atingiram.
XX. Em casos evidentes de fraqueza, doença ou ferimento, a lei do Jejum não é aplicável.
Esta injunção está em conformidade com os preceitos de Deus, eterno no passado, eterno no futuro.
Felizes os que agem de acordo.
XXI. A lei do Jejum é ordenada para aqueles que estão fortes e saudáveis. Quanto aos
enfermos e debilitados, a lei nunca lhes foi aplicável, nem o é agora.
2.
Dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá
I. A oração obrigatória e o jejum estão entre as maiores ordenanças desta sagrada
Dispensação.
II. No reino da adoração, o jejum e a oração obrigatória constituem os dois mais firmes
pilares da sagrada Lei de Deus. De modo algum é permitido negligenciá-los, e certamente não é
aceitável falhar em seu cumprimento. Na Epístola da Visitação Ele diz: “Suplico a Deus por Ti e por
9
aqueles cujas faces foram iluminadas pelos esplendores da luz do Teu semblante – aqueles que
observaram, por amor a Ti, tudo o que lhes fora mandado”.2 Ele declara que o cumprimento das
ordenanças de Deus advém do amor pela beleza do Mais-Amado. O buscador, quando imerso no
oceano do amor de Deus, será movido por intenso anelo e erguer-se-á para cumprir as leis de Deus.
Destarte, é impossível que um coração no qual se encontra a fragrância do amor de Deus possa, no
entanto, deixar de adorá-Lo, exceto em circunstâncias quando tal ato causaria a agitação dos
inimigos e despertaria dissensão e intriga. Não sendo assim, um amante da Beleza de Abhá
seguramente demonstrará incessante perseverança na adoração do Senhor.
III. As leis de Deus relativas ao jejum e à oração obrigatória se impõem a Seus servos de
maneira absoluta. Portanto, eles devem volver as faces ao Ponto de Adoração da Assembléia
celestial, firmar-se à Condição mais sublime e orar e suplicar para serem libertos das dúvidas das
interpretações equivocadas. É este o modo de „Abdu‟l-Bahá. É esta a religião de „Abdu‟l-Bahá. É
esta a senda de „Abdu‟l-Bahá. Que escolham este caminho reto os que nutrem o amor de Bahá.
Quem abandona esta trilha conta-se entre aqueles apartados dEle como que por um véu. Se
observares uma alma que nutre dúvidas sobre este mandamento, ou que o mal-interpreta, mas que
não possui motivos secretos ou antagonismo em seus atos, oferece-lhe tua amizade e, com a maior
cordialidade e as palavras mais gentis, esforça-te por desviá-la de tal interpretação, reconduzindo-a
ao pleno significado dos versículos de Deus.
IV. As leis de Deus, tais como o jejum e a oração obrigatória, bem como Seus conselhos com
relação às virtudes, boas obras e conduta adequada, precisam ser praticados em todas as partes na
medida do possível, a menos que algum obstáculo intransponível ou algum grande perigo se
apresente, ou se for contra os ditames da sabedoria. Pois a indolência e a lassidão estancam as
emanações de amor das nuvens da misericórdia divina e, assim, as pessoas permanecerão destituídas.
V. Ó vós, amados de Deus! Em agradecimento pela firmeza no Convênio eterno, erguei-vos
para servir o limiar do Senhor onipotente, observai a oração obrigatória e o jejum e ocupai-vos com
a difusão dos doces aromas de Deus e a disseminação dos versículos divinos. Rompei os véus!
Removei os obstáculos! Ofertai as águas vivificadoras! Indicai o caminho da salvação! É isto que
„Abdu‟l-Bahá vos admoesta toda manhã e noite.
VI. Ó tu, filha do Reino! As orações obrigatórias são indispensáveis, pois conduzem à
humildade e à submissão e fazem com que se volva a face a Deus e se Lhe expresse devoção.
Através desta oração o homem comunga com Deus, busca aproximar-se dEle, conversa com o
verdadeiro Bem-Amado de seu coração e atinge graus espirituais.
VII. Ó tu, amigo espiritual! Perguntaste qual a sabedoria da oração obrigatória. Sabe tu que
esta oração é mandatória e indispensável. Sob nenhum pretexto está o homem dispensado de sua
prática, a menos que seja incapaz de cumpri-la, ou que algum grande obstáculo o impeça. A
sabedoria da oração obrigatória é esta: ela conecta o servo ao Ser Verdadeiro, porque naquele
momento o homem volve a face para o Onipotente com todo seu coração e alma, buscando a
associação com Ele e desejando Seu amor e Sua companhia. Para aquele que ama, não existe
nenhum prazer maior do que conversar com quem é o objeto de seu amor; e para aquele que busca,
não há bênção maior do que a intimidade com o alvo de seu desejo. O maior anseio de toda alma
atraída ao Reino de Deus é achar tempo para volver-se com interira devoção para seu Bem-Amado, a
fim de buscar Sua generosidade e Sua bênção, e imergir-se no oceano da comunhão, do rogo e da
súplica. Ademais, a oração obrigatória e o jejum tornam o homem atento e desperto, e o protegem e
preservam das provações. 2 Orações Bahá‟ís p.127 (Edição 1983)
10
VIII. Fortalece tu os alicerces da Fé do Deus Onipotente e ocupa-te em adorá-Lo. Sê
constante na prática da oração obrigatória e não descuides o jejum. Dedica-te dia e noite à oração, ao
rogo e à súplica, especialmente nas horas prescritas.
IX. As orações obrigatórias foram enviadas pela Pena do Altíssimo e são mencionadas no
“Perguntas e Respostas” persa, que suplementa o Kitáb-i-Adqas. Elas são evidentemente
indispensáveis e sem dúvida todos têm de fazer uma dessas três orações...
Através da adoração o homem se torna espiritual, seu coração é atraído e sua alma e seu ser
interior alcançam tal ternura e contentamento que a Oração Obrigatória infunde-lhe nova vida. É por
esta razão que na Epístola da Visitação foi revelado: “Suplico a Deus por Ti e por aqueles cujas
faces foram iluminadas pelos esplendores da luz do Teu semblante – aqueles que observaram, por
amor a Ti, tudo o que lhes fora mandado”.3 É evidente, pois, que o amor pela beleza do Todo-
Misericordioso nos impele a adorar o Deus Onipotente.
X. Ó tu, servo de Deus! Todo amanhecer a infinita graça de Deus confirma as invocações de
„Abdu‟l-Bahá, feitas com ardor e em lágrimas. Da mesma forma, que cada alma vigilante alcance, na
medida de sua capacidade, uma porção desta graça espiritual. Isso pode ser alcançado ao se oferecer
a Deus ardorosas orações e súplicas a cada alvorada e através da observância à lei da oração
obrigatória. Desta maneira cada um poderá deliciar-se com os doces aromas que sopram do jardim
da graça divina, alcançará nova vida para sua alma e sua realidade espelhará os fulgores do Todo-
Misericordioso.
XI. A oração obrigatória faz com que o coração fique atento ao reino divino. Está-se a sós
com Deus, conversando com Ele e alcançando bênçãos. Da mesma forma, se alguém realiza a
Oração Obrigatória com o coração num estado de máxima pureza, esta pessoa obterá as
confirmações do Espírito Santo, e isto eliminará completamente o amor ao ego. Espero que
perseveres na recitação da Oração Obrigatória e assim venhas a testemunhar o poder do rogo e da
súplica.
XII. Escreveste a respeito da oração obrigatória. Esta oração é indispensável e mandatória
para todos. Com toda certeza deves guiar a todos para sua prática, porque ela é como uma escada
para as almas, uma lâmpada para o coração dos retos e a água da vida que flui do jardim do paraíso.
Trata-se de um claro dever prescrito pelo Todo-Misericordioso, no qual não se aceita o adiamento ou
a negligência.
XIII. A oração obrigatória e a súplica fazem com que o homem alcance o reino dos mistérios,
e a adoração ao Ser Supremo. Elas conferem proximidade ao Seu limiar. Na prática da oração existe
um prazer que transcende todos os demais prazeres, e na recitação e entoação dos versículos de Deus
há uma doçura que é o desejo supremo de todos os crentes, sejam homens ou mulheres. Durante a
recitação da Oração Obrigatória conversamos intimamente com o verdadeiro Bem-Amado, e com
Ele compartilhamos segredos. Não há prazer maior do que este, se agirmos com a alma desprendida,
vertendo lágrimas, com o coração cheio de confiança e pleno de anseio o espírito. Toda alegria é
terrena, exceto esta, cuja doçura é divina.
XIV. A oração obrigatória é o próprio alicerce da Causa de Deus. Através dela a alegria e a
vitalidade preenchem o coração. Ainda que todos os sofrimentos Me cerquem, no momento em que
me ponho a conversar com Deus através da oração obrigatória, todas as Minhas tristezas
desaparecem e Eu alcanço o júbilo e o regozijo. Desce sobre Mim um estado que não consigo nem 3 Ibid.
11
descrever nem expressar. Sempre que, plenos de consciência e humildade, nos dedicarmos a realizar
a Oração Obrigatória ante Deus, e a recitarmos com ternura sincera, haveremos de experimentar uma
doçura tamanha que é capaz de conferir vida eterna a toda a existência.
XV. Pratica a Oração Obrigatória que te está disponível para que o portal da generosidade se
possa abrir e a máxima espiritualidade possa ser alcançada; grandes sinais serão testemunhados e a
ascensão espiritual haverá de ocorrer.
XVI. Persevera no uso da Oração Obrigatória e das súplicas no começo da manhã, para que
dia a dia te tornes mais vigilante e, através do poder do conhecimento de Deus, possas romper o véu
do erro do povo da dúvida, e conduzi-los à Sua guia infalível. Em toda congregação, como uma vela,
deves emanar a luz do conhecimento divino.
XVII. Recita a Oração Obrigatória e as súplicas tanto quanto fores capaz, para que dia a dia
possas crescer em firmeza e constância e desfrutar de maior júbilo e regozijo. Assim o círculo do
conhecimento divino ampliar-se-á e o fogo do amor de Deus queimará mais ardentemente dentro de
ti.
XVIII. As orações obrigatórias e as súplicas são a própria água da vida. São a causa da
existência, do refinamento das almas e da obtenção do maior júbilo. Deves ter o maior cuidado com
relação a isso, e encorajar os outros a recitar as orações obrigatórias e as súplicas.
XIX. Ó tu, servo do Senhor Verdadeiro! A oração obrigatória e as demais súplicas são
requisitos essenciais da servitude Àquele que é Todo-Suficiente... Quando as Orações Obrigatórias e
as demais preces se unem e seguem umas às outras, a adoração alcança a perfeição. Vê-se que elas
são companheiras espirituais e como uma alma em dois corpos. Que Deus vos ajude a todos para
crescer em amor e camaradagem.
XX. Ao dizer a oração obrigatória, a pessoa deve volver-se para a Santa Realidade de
Bahá‟u‟lláh, aquela Realidade que a tudo abarca.
XXI. Quanto à Oração Obrigatória, ela possui um Qiblih fixo, específico, santo e abençoado.
Peço a Deus que abra ao teu coração o portal do conhecimento desta posição, para que possas
apreender tudo o que é necessário e adequado, acumular bênçãos espirituais do céu do Todo-
Misericordioso, obter os esplendores do conhecimento do Sol da Realidade e tornar-te uma
manifestação da inspiração do Invisível e uma fonte das boas-novas do Todo-Misericordioso.
XXII. Com relação à Oração Obrigatória, ela deve ser dita individualmente, porém não
requer um lugar privado.
XXIII. Ó servo do sagrado limiar! Perguntaste a respeito daquelas orações que excedem ao
que foi prescrito, aquelas que são recomendadas, invocações e preces honradas pela tradição. Nesta
Dispensação, aquilo que foi expressamente prescrito é obrigatório. Mas atos de adoração pessoal,
invocações, preces supererrogatórias4 e orações especialmente recomendadas não são mandatórias.
Entretanto, a recitação individual de qualquer prece em seqüência às Orações Obrigatórias é
aceitável e bem-vinda, mas não há nenhuma em particular que tenha sido destinada a este fim.
XXIV. Prescrições obrigatórias e decretos mandatórios são os que emanaram da Pena
Suprema, ou aqueles determinados por uma decisão da Casa Universal de Justiça. Pois nós somos os
4 Adjetivo bastante específico, inclusive de cunho teológico, que designa aquilo que está além do necessário ou
obrigatório. NT
12
comandados, não os comandantes. Somos aqueles aos quais se impõem deveres, não aqueles que os
impõem. Esta é a realidade da lei de Deus e o alicerce da religião de Deus. Quanto às preces e
invocações, quem desejar poderá, depois das orações obrigatórias, recitar outras súplicas da
Abençoada Perfeição.
XXV. Escreveste a respeito do Jejum. Este é um assunto da maior importância e deverias
esforçar-te ao máximo para cumpri-lo. É uma parte essencial da lei divina e um dos pilares da
religião de Deus.
XXVI. Feliz és tu, pois seguiste a Lei de Deus e te ergueste para observar o Jejum durante
estes dias abençoados, já que este jejum físico é um símbolo do jejum espiritual. Este Jejum faz com
que a alma se purifique de todos os desejos egoístas, adquira atributos espirituais, seja atraída pelas
brisas do Todo-Misericordioso e se inflame com o fogo do amor divino.
XXVII. Jejuar causa a elevação do grau espiritual da pessoa.
3.
Orações de Bahá’u’lláh para o Jejum
I. Este, ó Meus Deus, é o primeiro dos dias em que ordenaste a Teus amados observarem o
Jejum. Peço-te, por Ti próprio e por aquele que jejuou por amor a Ti e para Teu agrado – e não por
causa do ego e do desejo, nem movido por medo à Tua ira – e Te peço, por Teus mais excelentes
nomes e Teus majestosos atributos, que purifiques Teus servos do amor a tudo que não sejas Tu e
que os aproximes do Nascente onde alvorecem as luzes do Teu semblante e da Sede do trono de Tua
unicidade. Ilumina seus corações, ó Meu Deus, com a luz do Teu conhecimento e alegra suas faces
com os raios do Sol que brilha do horizonte de Tua vontade. Potente és para fazer o que Te apraz.
Não há outro Deus senão Tu, o Todo-Glorioso, cujo amparo é implorado por todos os homens.
Ajuda-os, ó Meu Deus, a Te fazerem vitorioso e a exaltarem Tua Palavra. Faze, então, que
sejam como as mãos de Tua Causa entre Teus servos, e torna-os reveladores de Tua religião e de
Teus sinais em meio à humanidade, de tal modo que o mundo inteiro se torne pleno de Tua
lembrança e louvor, e de Tuas provas e evidências. Em verdade, Tu és o Todo-Generoso, o Mais
Excelso, o Poderoso, o Grande, o Misericordioso.
13
II. Em nome dAquele que foi prometido nos Livros de Deus, o Conhecedor de tudo, O de
tudo informado! Chegaram os dias do Jejum, durante os quais jejuaram os servos que circundam Teu
trono, aqueles que alcançaram Tua presença. Dize: Ó Deus dos nomes e criador dos céus e da terra!
Eu te suplico por Teu Nome, o Todo-Glorioso, que aceites o jejum dos que jejuaram por amor a Ti e
para Teu agrado, e que cumpriram o que Lhes ordenaste em Teus Livros e Tuas Epístolas. Eu Te
imploro, por eles, que me ajudes a promover Tua Causa e que me faças firme em Teu amor, para que
meus passos não vacilem devido ao clamor de Tuas criaturas. Verdadeiramente, tens poder sobre
tudo o que desejas. Não há outro Deus senão Tu, o Vivificador, o Todo-Poderoso, o Mais Generoso,
o Ancião dos Dias.
III. Louvado sejas, ó Senhor meu Deus! Observamos o Jejum de acordo com Tua vontade e o
quebramos agora por Teu amor e Teu agrado. Digna-Te de aceitar, ó Meus Deus, as obras que temos
realizado em Teu caminho inteiramente por amor à Tua beleza, com nossas faces voltadas para Tua
Causa, livres de tudo senão de Ti. Concede, pois, Teu perdão a todos nós e aos nossos antepassados,
e a todos os que acreditaram em Ti e em Teus poderosos sinais nesta mais sublime, nesta mais
gloriosa Revelação. Potente é para fazer o que desejas. Verdadeiramente, Tu és o Mais Excelso, o
Onipotente, o Irrestrito.
IV. Ó meu Deus e meu Mestre! Tu me vês em meio àquelas criaturas Tuas que transgrediram
e se rebelaram contra Ti. Sempre que os convido para o oceano de Teu conhecimento, seu repúdio à
Tua Causa aumenta e cresce sua rejeição ao Nascente de Tua vontade. Suplico-Te, ó meu Deus, por
aqueles que jejuaram por amor a Ti e que sorveram, das mãos da Tua generosidade, as águas
vivificadoras da submissão, que ordenes para Teus amados – aqueles que sob o fogo do orbe de Tuas
provações firmaram-se à corda da paciência – todo o bem que apontaste em Teus Livros e Tuas
Epístolas. Decreta, pois, para os que sofreram adversidades por amor a Ti, a recompensa dos que
foram martirizados na senda de Tua aprovação. Ainda mais, ó Senhor, faze descer sobre eles o que
lhes alegre os corações, console os olhos e faça suas almas rejubilarem. Tu és, verdadeiramente, o
Mais Poderoso, o Excelso, O amparo no perigo, o Onissapiente, a Suma Sabedoria.
V. Louvores a Ti, ó Deus, meu Deus! Estes são os dias durante os quais ordenaste que
Teus eleitos, Teus amados e Teus servos observassem o Jejum, o qual fizeste ser uma luz para o
povo do Teu reino, assim como fizeste da oração obrigatória uma escada de ascensão para os que
reconheceram Tua unidade. Eu Te suplico, ó meu Deus, por estes dois firmes pilares que ordenaste
como fonte de glória e honra para toda a humanidade, que guardes Tua religião a salvo das intrigas
dos ímpios e das maquinações de todo malfeitor. Ó Senhor, não ocultes a luz que revelaste através de
Tua força e Tua onipotência. Ajuda, pois, aqueles que em Ti crêem verdadeiramente com as hostes
do visível e do invisível através de Teu comando e Tua soberania. Não há outro Deus a não ser Tu, o
Onipotente, o Mais Poderoso.
VI. Enaltecido és Tu, ó Senhor meu Deus! Suplico-Te, por aqueles a quem ordenaste
observar o Jejum por amor a Ti e para Teu agrado, aqueles que demonstraram lealdade à Tua lei e
que seguiram Teus versículos e preceitos, e que quebraram o jejum em Tua presença e contemplando
Teu semblante. Por Tua glória! Todos os seus dias são dias de jejum, pois eles estão volvidos para a
corte de Teu beneplácito. Se a boca de Tua vontade lhes dirigisse estas palavras: “Observai o Jejum,
ó povo, por amor à Minha Beleza, e não coloqueis término à sua duração”, Eu juro, pela majestade
de Tua glória, que cada um deles irá cumpri-lo fielmente, abster-se-á de tudo o que viole Tua lei, e
continuará a fazê-lo até render a alma a Ti, pois experimentaram a doçura de Teu chamado e ficaram
inebriados com Tua lembrança e Teu louvor e com as palavras emanadas dos lábios de Teu decreto.
14
Eu Te suplico, ó Senhor, por Ti mesmo, o Excelso, o Altíssimo, e por Tua mais recente
Manifestação, através de Quem o reino dos nomes e o domínio dos atributos foram abalados, e os
habitantes da terra e do céu ficaram inebriados, e todos os que vivem nos reinos da Revelação e da
criação tremeram – exceto os que jejuaram de tudo o que Teu agrado repugna e abstiveram-se de
mirar qualquer outra coisa além de Ti – que nos incluas entre eles, e escrevas nossos nomes na
Epístola onde registraste seus nomes. Ó Deus, através das maravilhas de Teu poder e os sinais de
Tua majestade e grandeza, Tu fizeste seus nomes emanarem do oceano de Teus nomes e, da
substância de Teu amor, criaste sua essência mais íntima e do espírito de Tua Causa fizeste o íntimo
de seus seres. Eles desfrutam de uma reunião que não é seguida de afastamento, de uma proximidade
que desconhece distanciamento e uma perpetuidade que jamais finda. Verdadeiramente, estes sãos
servos que sempre Te mencionam, que eternamente giram ao Teu redor e que circumpercorrem o
santuário de Tua presença e a Caaba da reunião contigo. Tu não decretaste, ó meu Deus, nenhuma
distinção entre eles e Ti, exceto que quando contemplam as luzes de Tua face eles se volvem para Ti
e se prostram ante Tua beleza, submissos ante Tua grandeza e desprendidos de tudo exceto de Ti.
Nós jejuamos neste dia, ó meu Senhor, por Tua determinação e ordem e em conformidade
com o que revelaste em Teu Livro perspícuo. Abstivemos nossas almas da paixão e de tudo o que
abominas até o dia aproximar-se do fim e chegar a hora de quebrar o Jejum. Portanto, eu Te imploro,
ó Tu que és o Desejo dos corações dos que amam ardentemente e o Bem-Amado das almas daqueles
dotados de compreensão – ó Êxtase dos corações dos que por Ti anseiam e Objeto do desejo dos que
Te buscam – que nos faças voar na atmosfera de Tua proximidade e no céu de Tua presença e que
aceites de nossa parte o que realizamos na senda de Teu amor e Teu agrado. Inscreve nossos nomes,
então, entre aqueles que reconheceram Tua unicidade e confessaram Tua singularidade e se
humilharam ante as evidências de Tua majestade e os sinais de Tua grandeza – aqueles que
buscaram refúgio em Tua proximidade e abrigo em Ti, que despenderam a vida no anseio de Te
encontrar e atingir a corte de Tua presença, e que, na ânsia de se aproximarem de Ti, deitaram fora o
mundo por amor a Ti e romperam todos os laços salvo contigo. Estes são servos cujos corações se
dissolvem em ardoroso desejo por Tua beleza sempre que Teu nome é mencionado, e cujos olhos
transbordam lágrimas em seu anseio de Te encontrar e de ingressar nos recintos de Tua corte.
Aqui tens, ó Senhor, minha língua a dar testemunho de que és uno e inigualável, meus olhos
a contemplar a sede de Tua generosidade e incontáveis bênçãos, e meus ouvidos prontos para
atender a Teus chamados e Teus pronunciamentos, pois estou certo, ó meu Deus, de haveres
decretado serem inexauríveis as palavras que emanam da boca de Tua vontade, e a elas os ouvidos
que santificaste para escutar Tuas palavras e versículos prestam constante atenção. E aqui tens
minhas mãos, ó meu Senhor, erguidas para o céu de Teu favor e terna misericórdia. Poderás, então,
rejeitar este pobre ser que não buscou outro bem-amado a não ser Tu, nenhum doador além de Ti,
nem outro rei senão Tu, nenhum outro abrigo que não seja sob a sombra de Tua mercê ou qualquer
refúgio que não seja ante Tua porta, a qual tens aberta para todos os que habitam Teu céu e Tua
terra? Não! Por Tua glória! Sou aquele cuja confiança em Tua terna bondade permanecerá
inquebrantável ainda que me aflijas com tormentos por toda a duração de Teu domínio. E se alguém
me perguntar sobre Ti, cada membro de meu corpo proclamará: “Ele é amado em Seus atos e
obedecido em Seu decreto, misericordioso em Sua natureza e compassivo para com Suas criaturas!”
Teu poder me dá testemunho – ó Bem-Amado dos corações dos que por Ti anseiam – fosses
Tu afastar-me de Tua porta e abandonar-me às espadas dos tiranos entre Teus servos e ao açoite dos
ímpios dentre Tuas criaturas, e alguém me perguntasse sobre Ti, cada cabelo de meu corpo ainda
declararia: “Ele é, em verdade, o Mais Amado dos mundos; Ele é o Mais Generoso; Ele é o
Sempiterno! Ele me aproxima quando dEle me afasta; Ele me concede Seu santuário quando me
impede de Sua presença. Jamais encontrei outro mais generoso do que Ele, através de Quem me
tornei independente de tudo o que não seja Ele e fui erguido acima de tudo que não Ele próprio.”
Feliz aquele, ó meu Deus, que foi tão enriquecido por Ti a ponto de se tornar independente
dos reinos da terra e do céu. Rico é quem se firmou à corda de Tua riqueza, quem é submisso ante
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Tua face e para quem és suficiente sobre todas as coisas. Pobre é aquele que Te dispensou, que se fez
arrogante ante Tua face, que se afastou de Tua presença e desacreditou em Teus sinais. Permite-me,
pois, ó meu Deus e meu Bem-Amado, ser contado entre aqueles que as brisas de Tua vontade
movem a seu bel-prazer, e não entre aqueles que o vento do ego e da paixão sacode e orienta
conforme seu desejo. Não há outro Deus senão Tu, o Onipotente, o Excelso, o Mais Generoso.
Toda glória a Ti, ó meu Deus, por me haveres generosamente capacitado a jejuar durante este
mês que relacionaste ao Teu Nome, o Excelso, chamando-o „Alá (Sublimidade). Tu ordenaste que
Teus servos e Teu povo jejuassem durante seu curso e assim buscassem aproximar-se de Ti. Os dias
e meses do ano culminaram com o Jejum, do mesmo modo que o primeiro mês começou com Teu
Nome, Bahá, para que todos possam testemunhar que Tu és o Primeiro e o Último, o Manifesto e o
Oculto, e possam assim estar bem seguros de que a glória de todos os nomes somente é concedida
através da glória de Tua Causa, e que a palavra é exposta por Tua vontade e revelada através de Teu
propósito. Tu ordenaste que este mês seja uma lembrança e uma honra provinda de Ti, e um sinal de
Tua presença entre eles, para que não esqueçam de Tua grandeza e majestade, de Tua soberania e
glória, e possam saber com toda firmeza que Tu, desde tempos imemoriais, sempre foste e sempre
serás o Governante sobre a criação inteira. Nada do que foi criado no céu ou na terra pode Te
impedir de Teu governo, nem pode qualquer um nos reinos da Revelação e da criação Te impedir de
cumprires Teu propósito.
Eu te imploro, ó Meu Deus, por Teu Nome, que causou o lamento de todos os povos da terra
– exceto aqueles que protegeste com Tua infalível proteção e abrigaste à sombra de Tua
transcendente mercê – que nos faças tão firmes em Tua Causa e tão perseverantes em Teu amor que
se Teus servos se levantassem contra Ti e Teu povo se afastasse de Ti e ninguém restasse na terra
que invocasse Teu nome e volvesse a face para o santuário da comunhão contigo e a Caaba de Tua
santidade, eu ainda assim erguer-me-ia, desamparado e só, para a vitória de Tua Causa, para exaltar
Tua palavra, para proclamar Tua soberania e celebrar o louvor a Teu Ser Excelso. E isso, ó meu
Deus, apesar de eu me encher de perplexidade cada vez que tento Te exaltar através de qualquer
nome, pois estou bem consciente que todos os Teus sublimes atributos e todos os mais excelentes
nomes que associo a Ti e pelos quais em Tua santa presença eu Te suplico, nada refletem senão a
medida de minha própria compreensão, já que sempre associei a Ti qualquer nome que eu
considerasse louvável.
Imensamente elevada é Tua verdadeira condição acima da descrição ou do conhecimento de
qualquer um senão Tu, e santificado estás da glorificação de Tuas criaturas e do louvor de Teus
servos em suas tentativas de a Ti ascenderem. Tudo o que emana de Teus servos é circunscrito pelas
limitações de seus próprios seres e é obra de suas próprias vãs fantasias e imaginações.
Lástima, lástima, ó meu Bem-Amado, por minha inabilidade de Te louvar de um modo digno
e por minhas faltas durante Teus dias! Se eu Te louvar, ó Meus Deus, como Aquele que tudo
conhece, imediatamente percebo que, fosses Tu apontar para uma pedra silente com um único dedo
de Tua vontade, Tua a capacitarias a desdobrar o conhecimento de todas as eras passadas e futuras; e
se eu Te glorificar como o Todo-Poderoso, descubro que uma palavra emanada da boca de Teu
propósito é suficiente para convulsionar os céus e a terra.
Tua glória me dá testemunho, ó Bem-Amado de todos os que Te reconheceram, se algum
erudito falhasse em confessar sua ignorância antes as revelações de Teu conhecimento, ele seria
considerado o mais ignorante de Teu povo; e se qualquer um dotado de poder se recusasse a admitir
sua fraqueza ante as evidências de Teu poder, ele seria tido como a mais fraca e desatenta de Tuas
criaturas. Uma vez que sei e estou certo disso, como posso, pois, Te glorificar, ou Te descrever, ou
louvar? Portanto, sabendo de minha fraqueza, apressei-me ao abrigo de Tua força; e reconhecendo
minha pobreza, busquei refúgio à sombra de Tua riqueza; e sabendo de minha incapacidade, ergui-
me para me colocar ante o tabernáculo de Tua força e Teu poder. Podes expulsar esta pobre criatura
após ter ela desprezado o auxílio de todos a não ser Tu, ou afastar este estranho depois de ele apenas
ter achado a Ti como seu bem-amado?
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Tu sabes tudo o que vai em mim, ó meu Senhor, mas eu não sei o que vai em Ti. Tem
misericórdia de mim, pois, através de Tua amorosa providência e inspira-me com o que possa trazer
paz a meu coração durante Teus dias e tranqüilidade à minha alma através das revelações de Tua
santa presença. Todas as coisas criadas foram iluminadas com os esplendores das luzes de Teu
semblante, ó Senhor, e os habitantes da terra e do céu brilham resplandecentemente por conta das
manifestações de Tua incomparável majestade, de tal modo que nada contemplo sem que em seu
imo eu contemple primeiro a revelação de Ti próprio, uma revelação oculta das vistas daqueles
servos Teus que estão profundamente adormecidos.
Não me prives, é meu Senhor, de Tua graça, que abarcou todos os reinos da existência, quer
visíveis, quer invisíveis. Poderás permanecer distante, ó meu Deus, depois de haveres convidado
toda a humanidade a regressar e a se aproximar de Ti, e os haveres instado a se segurarem
firmemente à Tua corda? Poderás Tu me expulsar, ó meu Bem-Amado, apesar de teres prometido,
em Teu Livro incorruptível e em Teus maravilhosos versículos, reunir dentro do pavilhão de Tua
generosa providência todos aqueles que por Ti anseiam, e à sombra de Teu generoso favor todos
aqueles que Te desejam, e sob o pálio de Tua misericórdia e amorosa ternura aqueles que por Ti
buscam?
Juro por Teu poder, ó meu Deus, que meus lamentos contiveram minha Pena e, em verdade,
o pranto de meu coração arrancou as rédeas de minhas mãos! Sempre que me tranqüilizo e alegro
minh‟alma com as maravilhas de Tua misericórdia, com os sinais de Tua amorosa providência e as
evidências de Tua generosidade, tremo diante das manifestações de Tua justiça e dos sinais de Tua
ira. Atesto que és conhecido por estes dois nomes e és descrito por estes dois atributos; entretanto,
Te é indiferente se és invocado por Teu nome O que sempre perdoa, ou por Teu nome o Deus de ira.
Por Tua glória! Não fosse por meu conhecimento de que Tua misericórdia supera todas as coisas, os
membros de meu corpo teriam deixado de existir, minha realidade haver-se-ia extinguido e meu ser
interior ter-se-ia reduzido ao nada absoluto. Mas quando contemplo que Tua graça abarca todas as
coisas e Tua misericórdia envolve a criação inteira, minh‟alma e o mais íntimo de meu ser se tornam
serenos.
Lástima, lástima, ó meu Deus, pelas coisas que me escaparam durante Teus dias, e,
novamente, lástima, lástima, ó Desejo de meu coração, pelo que deixei incompleto no serviço e na
obediência a Ti durante estes dias cujos semelhantes jamais foram contemplados pelos olhos de Teus
eleitos e Teus fidedignos. Eu Te suplico, ó meu Senhor, por Ti mesmo e pelo Manifestante de Tua
Causa, o Qual está assentado no trono de Tua misericórdia, que me confirmes em Teu serviço e em
Teu bel-prazer. Protege-me, então, dos que se afastaram de Ti e desacreditaram em Teus versículos,
que negaram Tua verdade, rechaçaram Tuas evidências e violaram Teu Convênio e testamento.
Todo louvor, ó Senhor meu Deus, Àquele que é a Manifestação de Tua Essência, o Sol de
Tua unidade, a Mina de Teu conhecimento, a Fonte de Tua Revelação, o Repositório de Tua
inspiração, a Sede de Tua soberania e o Nascente de Tua Divindade – Aquele que é o Ponto Primaz,
o Semblante Mais Sublime, a Raiz Antiga e o Vivificador nas nações; e glória àquele que foi o
primeiro a acreditar nEle5 e em Seus versículos, do qual fizeste um trono para a ascendência de Tua
mais sublime Palavra, um ponto focal para a manifestação de Teus mais excelentes nomes, uma
alvorada da radiância do Sol de Tua providência, um nascente para o aparecimento de Teus nomes e
atributos e um tesouro das pérolas de Tua sabedoria e de Teus mandamentos. E toda honra àquele6
que foi o último a vir até Ele, cuja chegada foi como Sua chegada, e Tua manifestação nele7 como
Tua manifestação nEle8, exceto pelo fato de que ele era iluminado pelas luzes de Sua face e se
prostrou ante Ele e deu testemunho de sua servitude a Ele; e glória àqueles que foram martirizados
em Seu caminho e que sacrificaram suas vidas por amor à Sua beleza.
5 Mullá Husayn
6 Quddús
7 Idem
8 o Báb
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Nós damos testemunho, ó meu Deus, de que estes são servos que acreditaram em Ti e em
Teus sinais, que buscaram o santuário de Tua presença e se volveram para Tua face, que voltaram os
rostos para a corte de Tua proximidade e caminharam na trilha de Teu agrado, que Te adoraram
segundo Teu desejo e se desprenderam de tudo menos de Ti. Ó Senhor, concede a seus espíritos e
seus corpos, em todos os tempos, uma medida das maravilhas de Tua misericórdia toda envolvente.
Tu és, verdadeiramente, poderoso para agir como te apraz. Não há outro Deus senão Tu, o
Onipotente, o Todo-Glorioso, cujo amparo todos os homens imploram.
Eu Te suplico, ó Senhor, por Ele e por eles, e por Aquele a Quem estabeleceste sobre o trono
de Tua Fé e fizeste sobrepujar todos os habitantes da terra e do céu, que nos purifiques de nossas
transgressões, que ordenes para nós um assento de verdade em Tua presença e nos faças associar
com aqueles aos quais as adversidades do mundo e seus infortúnios não impediram de se volverem a
Ti. Tu és, em verdade, o Todo-Poderoso, o Mais Sublime, o Protetor, O que sempre perdoa, o
Misericordioso.