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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA Por: Francisca Regilane de Sousa Teixeira Orientadora Prof.ª Solange Monteiro Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Por: Francisca Regilane de Sousa Teixeira

Orientadora

Prof.ª Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Apresentação de monografia a AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: Francisca Regilane de Sousa Teixeira.

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AGRADECIMENTOS

Ao corpo docente do Instituto a Vez do Mestre, à professora Solange Monteiro pela revisão dos textos. Aos alunos e pessoas, que direta e indiretamente, contribuirão para a confecção desse trabalho acadêmico e sua constante atualização.

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DEDICATÓRIA

Ao meu amado esposo sempre presente, me apoiando meu maior incentivador. Meus pais e a Deus que me deu a direção para concluir este trabalho.

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RESUMO

Esse trabalho ressalta a importância da participação da família no processo de

aprendizagem da criança. Tem como objetivos, investigar o conceito de família,

seu significado, deveres e obrigações de acordo com as políticas públicas, e

sua formação atual, ressaltando sempre sua fundamental importância em todos

os sentidos, embora ela venha se modificar, sempre irá buscar o equilíbrio

tornando-se cada vez mais forte. Educar é dever e responsabilidade da escola

ou da família? Irei também abordar a família e o processo de aprendizagem

escolar, sua relação e influencia negativa ou positiva. A omissão da instituição

família e o fracasso escolar, os pais são os causadores do fracasso escolar? O

aluno que possui a participação de sua família em seu cotidiano escolar e seus

ganhos no processo de aprendizagem. Os pais esperam que a escola seja uma

continuidade de casa? A participação da família no cotidiano escolar e sua

importância. Os fatores históricos, as mudanças na sociedade ao longo dos

anos, a falta de tempo devido à longa jornada de trabalho da família. O atual

valor da instituição familiar, como a mesma vê a escola, e como a escola vê a

família? O que causa a barreira existente entre o seio familiar e a escola,

trazendo inúmeros danos à aprendizagem da criança. A família não deu conta

e está transferindo suas obrigações a escola, sem ao menos se preocupar em

participar do cotidiano escolar da criança, alegando falta de tempo? A escola

por sua vez assumiu sem perceber um papel que não é apenas seu, sentindo-

se sobrecarregada. A parceria Escola-família, como é importante que ambas se

unam. As dificuldades encontradas nessa relação tão delicada. E para mediar

essa relação tentando solucionar seus conflitos está o psicopedagogo, com sua

intervenção. Qual o papel deste profissional quando se fala em escola e

família? Portanto, este estudo visa compreender a importância da participação

da família no processo de aprendizagem da criança, acreditando ser

fundamental o dialogo e participação da família no processo de aprendizagem

da criança.

Palavras chaves: Família, aprendizagem, participação, criança.

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METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de um estudo teórico. Os dados serão

coletados através de documentação indireta. Será realizada uma pesquisa

bibliográfica, com consulta a fontes secundárias tais como: livros, sites, artigos

e documentos oficiais que abordam o tema.

Inicialmente irei Investigar o conceito de família com base na leitura

de Silva (2008), a palavra família vem do latim, de famei (escravo doméstico),

uma família compreende o cônjuge e seus filhos. Em seguida irei investigar se

o dever de educar é da escola ou da família, de acordo com a leitura de

Szimanski (2000), educar deve ser uma responsabilidade da escola e da

família de forma igual.

Adiante irei relacionar família à aprendizagem escolar, os danos

causados a aprendizagem da criança quando há omissão da família na vida

escolar, dando ênfase ao fracasso escolar, com base na leitura de Hubner

(1999), um dos fatores determinantes do fracasso escolar, é a falta de

participação dos pais na aprendizagem dos filhos. Logo mais, a diante, irei

relacionar as causas do fracasso escolar a ausência dos pais, de acordo com a

leitura de Paro (2007), que salienta alguns fatores que podem favorecer o

fracasso escolar. Em seguida, versarei o que os pais esperam da escola?

Segundo Fevorini (2009), a família espera apenas, que a escola seja uma

segunda casa.

Também, irei abordar sobre a importância da participação da família

no cotidiano escolar, de acordo com Casarin e Ramos (2007), “os pais são

responsáveis pela sustentação emocional dos filhos”. Em seguida a respeito da

boa relação família-escola, essa grande parceria, com base na leitura de Lopes

(2000), é imprescindível a parceria entre família e escola. Posteriormente sobre

as dificuldades encontradas na relação escola-família, a dificuldade de

comunicação e relação entre ambas.

E por fim a relação família-escola e o psicopedagogo, sua mediação

entre as duas instituições, de acordo com a leitura de Golbert (1985) que cita

os objetivos da psicopedagogia que é: preventivo e terapêutico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPITULO I

O CONCEITO DE FAMILIA 10

CAPITULO II

A FAMÍLIA E A APRENDIZAGEM ESCOLAR 17

CAPITULO III

A PARTICIPAÇÃO DA FAMILIA NO COTIDIANO ESCOLAR 28

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 47

ÍNDICE 52

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo da importância da participação da

família no processo de aprendizagem da criança. Este trabalho desenvolveu

um estudo preliminar sobre o conceito de família. A família e a aprendizagem

escolar, e os benefícios da boa relação escola-família.

O atual estudo justifica-se pelo fato da pouca interação prática entre

escola e família, pois, acarretam prejuízos de forma direta e indireta ao aluno.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 a educação é dever

da família e do Estado, porém o que se pode observar hoje, é que elas estão

cada vez mais distantes no que diz respeito à educação de seus filhos.

Esse afastamento não é de hoje, mas um processo histórico, que

teve seu inicio na Revolução industrial. Segundo Orsi (2003), com a

industrialização, e a modernidade vieram também à preocupação com a

educação dos filhos, e a definição das atribuições de cada um na família, a

mãe que antes não trabalhava, passou a trabalhar agora com uma dupla

jornada de trabalho, e assim tendo que deixar seus filhos na escola, passando

a dedicar menos tempo do dia a eles. Cada vez mais a mulher conquista seu

espaço, ganha independência, decide quando engravidar e o número de filhos

que deseja ter. O modelo de família também mudou, antes era mãe, pai e

filhos, atualmente observamos novos arranjos familiares, as figuras materna e

paterna já não são determinantes na sua formação, o modelo tradicional de pai

e mãe mudou e é comum encontrarmos pessoas do mesmo sexo exercendo a

função de pai e mãe.

Segundo Pontes (2000), sempre que o individuo precisa de forças

de uma sustentação ele sempre recorre à família como sua base. Pode-se

ressaltar a sua importância na vida de qualquer ser humano, sem seu apoio

tudo se desestrutura principalmente na vida de uma criança, que é totalmente

dependente da mesma. É no seio familiar que suas maiores dificuldades serão

vencidas seus medos e anseios, pode-se apontar também o quanto é

importante uma boa estrutura familiar, não importa a formação dessa família e

sim o que ela transmite.

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Segundo Kupfer (1989), reprimir inibir e orientar faz parte da

educação da criança, quando há a ausência de restrições o que acontece é

uma deseducação afetando não só a aprendizagem na escola, mas também

levando a criança a outros caminhos. A família tem a obrigação de educar,

orientar participar da vida dos filhos em todos os sentidos principalmente na

escola. De acordo com Polity (1998), os problemas as dificuldades serão

diminuídas ou multiplicadas dentro do contexto familiar. Ou seja, se não há um

apoio um acompanhamento dos pais na aprendizagem da criança, essas

dificuldades serão multiplicadas.

De acordo com o Ministério da Educação (2011), quando as famílias

se envolvem na educação de seus filhos os benefícios são inúmeros, como:

melhora na capacidade de leitura, convívio social, melhora o comportamento e

aumenta a probabilidade de conclusão do ensino médio. Quando há uma

mudança na atitude dos pais com relação à escola, havendo uma boa

comunicação, eles passaram a ver a escola com outros olhos, contribuindo de

forma decisiva para o sucesso do aluno. O ministério da Educação ainda

ressalta, que, mesmo as famílias querendo participar da vida escolar dos filhos,

elas ainda dependem muito da ação de professores gestores e funcionários,

que em muitas das vezes a escola resiste a uma participação das famílias,

achando que atrapalhariam na gestão escolar, desconhecendo totalmente os

benefícios da participação, e fazendo com que a família não olhe com bons

olhos a escola, uma vez que a forma como as famílias veem a escola faz toda

diferença na vida do aluno.

Diante da relação família-escola, os papéis que a escola vem

assumindo, sobrecarregando a todos, existe um mediador, o psicopedagogo,

de acordo com Luchese (2009), que considera o papel do psicopedagogo,

fundamental diante dos conflitos escolares, dificuldade de aprendizagem e na

troca de papéis que a escola vem sofrendo nos últimos anos.

A seguinte pesquisa limitou-se ao estudo teórico sobre a importância

da participação das famílias na aprendizagem de seus filhos ao longo de sua

vida escolar.

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CAPITULO I

O CONCEITO DE FAMILIA

De acordo com Silva (2008), a palavra família vem do latim, de

famei (escravo doméstico), o seio familiar compreende o cônjuge e seus

filhos, sendo constituída pelo casamento. O autor ressalta que falando de

família no sentido lato, seria conjunto de pessoas que estão ligadas pela

consanguinidade, ou seja, do mesmo sangue. Porém nem toda família é

formada por pessoas do mesmo sangue. O Estatuto da criança e do

adolescente (ECA) Lei n°8.069, 1990, cita a família substituta, quando a

criança ou adolescente é colocada mediante tutela, guarda ou adoção, é um

novo conceito de família, que não precisar haver laços sanguíneos.

O ECA também cita a família natural, que é constituída pelos pais

ou qualquer deles e seus descendentes, mesmo os filhos constituído fora do

casamento desde que seja reconhecido pelos pais, também fazem parte da

família natural. De acordo com Cunha (2010), a família natural recebeu

adaptação da igreja católica, fazendo do casamento uma instituição sagrada

e a única forma de formar o seio familiar cristão. Constituída pela união de

duas pessoas de sexo diferente, através de uma cerimônia, onde estarão

presentes seus familiares. A tradição do casamento já ultrapassa milênios,

sendo ainda muito comum. O autor ainda ressalta que a família pode ser

considerada a instituição social mais antiga do mundo.

Assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir

subsistemas, podendo estes ser formados pela geração,

sexo, interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de

poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e

influenciam os outros membros. A família como unidade

social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento,

diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as

mesmas raízes universais (MINUCHIN,1990).

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A instituição família não existe pelo simples fato de existir, ou

porque uma denominação religiosa decidiu celebrar uma cerimônia,

designada de casamento, e a partir daí seus membros viveriam de acordo

com seus próprios princípios, sem obrigações. Pelo contrário, ela possui

obrigações para com seus membros. A Constituição Federal Brasileira no

artigo 227 diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à

criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,

à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,

além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão”.

Para o Estatuto da Criança e do Adolescente A Lei 8.069/90 “É

dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público

assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à

vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à

profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária”.

Para CASARIN e RAMOS (2007, p. 194).

O papel da família vai além de prover os meios necessários

a sobrevivência. Para o casal que decide ter filhos a

responsabilidade é ampla. A criança deve ter suas

necessidades básicas satisfeitas, receber afeto, usufruir do

aprendizado que permite torna-se um ser capas de viver em

sociedade.

Com tantas obrigações atribuídas o principal que não pode falta

numa família, é o amor o diálogo a amizade entre pais e filhos. De acordo

com Casarin e Ramos (2007), o ato de proteger está relacionado à

orientação a criança ou o adolescente, favorecendo seu crescimento social e

aprendizado.

Para Casarin e Ramos (2007), no Brasil a família passou por

diferentes momentos, sempre relacionados com o momento social e

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econômico, o qual o país se encontrava no momento. Os autores relatam a

situação no Brasil Colônia, marcado pela escravidão e pela produção rural, e

as exportações, o modelo era uma família extensa, patriarcal e os

casamentos baseavam-se em interesses econômicos. Bem diferente do que

é possível ver nos dias de hoje, para que haja casamento é necessário o

amor, o interesse econômico fica em segundo plano. Para Casarin e Ramos

(2007), nas últimas duas décadas a família sofreu profundas mudanças,

tanto no plano socioeconômico quanto no cultural, sofrendo uma

interferência direta em sua organização. “É na família que as transformações

individuais e coletivas podem ser maturadas e se desenvolver nos padrões

da sociedade em que vive. Mas isso demanda tempo e convívio”. (CASARIN

e RAMOS, 2007, p. 184).

A família não é um simples fenômeno natural. Ela é uma

instituição social variando através da história e apresenta até

formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar,

conforme o grupo social que esteja. (PRADO, 1981 pag. 12).

De acordo com Casarin e Ramos (2007), ao definir família, é

possível afirmar que ela está em constante transformação, sempre

evoluindo, buscando estabilidade e reorganizando suas bases. Sendo assim,

a família está em constante evolução, e como exemplo os autores citam o

nascimento de uma criança, que por mais que se tenha planejado tudo, a

prática não passa nem perto da realidade, a família terá que se adaptar

aquele novo membro, a nova rotina.

1.1. Educar é responsabilidade da família ou da escola?

Com a opção de um ensino em horário integral, muitas são as famílias que optam por esta modalidade, por considerar a escola o melhor

lugar para deixar seu filho em tempo integral, ou seja, dedicando poucas

horas ou nenhuma hora do dia a criança, levando a outra questão muito

importante, à responsabilidade que os pais tem depositado na instituição

escolar, de ser ela a que tem toda obrigação de educar a criança, alegando

até mesmo o fato de a criança ficar em período integral na escola, sentindo-se

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isenta da de suas obrigações como família, e deixando de participar da

aprendizagem da criança.

Entende-se a família como sendo uma estrutura protetora,

que desempenha a tarefa de orientar a criança ou

adolescente, de forma a favorecer seu crescimento e

aprendizado no contexto social. Com o passar do tempo essa

ideia sofre transformações até o ponto de tornar-se uma

função da escola. (CASARIN e RAMOS, 2007, p. 184).

De acordo com Szymanski (2001), a família não pode ser

substituída pela instituição escolar, a relação estabelecida entre a criança e

a escola não é a mesma de seu convívio familiar, é necessário que fique

bem claro o papel da escola e da família. Para Seagoe (1978), o aprender

está relacionado às experiências vividas na escola, no meio social e no seio

familiar, ou seja, educar não é obrigação apenas da escola, ou da família,

mas deve ser um trabalho em conjunto, não se aprende apenas na escola,

ou em casa, nós aprendemos o tempo todo, é claro que alguns conceitos e

valores só podem ser transmitidos no seio familiar, como há também

saberes e deveres que devem ser transmitidos pela escola, um completa o

outro.

Tanto a escola como a família não demonstram mínimo interesse em

realizar uma parceria, muito menos cumprem seu papel. Para Fevorini

(2009), os pais tem demonstrado sua incapacidade em ensinar com amor,

ensinar suas crianças o respeito, e abrir mão de suas próprias vontades, a

escola também tem se mostrado incapaz. De acordo com Patto (1997), a

escola é incapaz de garantir o direito a educação a todas às crianças e

adolescentes, não importa sua cor, sexo ou classe social. Educar é

responsabilidade de ambas, no entanto a família se mostra incapaz.

A educação (recebida na família, na escola, e na sociedade de um modo geral) cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos. A atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento

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individual e, consequentemente, influenciam o comportamento da criança na escola. VYGOTSYK (1984, p.87).

Essa compreensão de ambas da necessidade uma da outra, tem

facilitado o trabalho do professor, deixando a escola segura com relação à

aprendizagem da criança. De acordo com Donatelli (2004), dentro do próprio

seio familiar existe um jogo do passa a vez entre o pai e a mãe, dizendo de

quem é a obrigação de educar dar limites. Uma vez que deveria ser uma

iniciativa dos dois, a responsabilidade de criar e educar são dos pais. E

quando os pais são separados a situação se agrava ainda mais, por não

saberem separar os conflitos conjugais da educação dos filhos, um

responsabiliza o outro pela péssima educação que a criança tem recebido,

nesses casos é muito comum à ausência de um dos dois ou de ambos na

vida da criança.

É possível observar hoje uma troca de papéis. Para Donatelli (2004),

a escola é conivente com a troca de funções, ao não buscar compreender as

transformações a sua volta. A mesma tem permitido fazer além do seu papel o

da família, ocorrendo assim uma sobrecarga nas instituições escolares. Para

Fevorini (2009), “a escola e seus educadores se sentem sobrecarregados por

terem de assumir funções que consideram não ser genuinamente suas” por

outro lado, há também reclamações por parte das famílias, dizendo que a

escola não ensina tudo que deveria. Ambas deveriam se unir e buscar

solucionar as causas da dificuldade de aprendizagem, mas o que acontece é o

contrário, a escola culpa os pais, que por sua vez culpam a escola.

Com toda essa sobrecarga sob a escola, reclamações e funções que

não são suas, elas não conseguem dar conta de transmitir o que lhe foi

atribuído, assim dando margem ao fracasso escolar, onde dirigentes e

professores responsabilizam os pais que pouco participam do cotidiano escolar

dos filhos.

De acordo com Szymanski (2003), os próprios professores afirmam

que as famílias não possuem nenhuma estrutura, há pouco interesse pela

aprendizagem do filho, e se tratando de pessoas de baixa renda, são violentas,

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com esse pensamento criam uma barreira entre escola e família, afastando-as

do cotidiano escolar.

Os professores esperam que haja continuidade de valores e atitudes entre a escola e o lar e quando isso não acontece tendem a culpar a família acusando-as de falta de cultura.(...) Notou-se um uso persistente e continuado, em todas as escolas, de formas de comunicação negativas, que deitam as culpas aos pais pelo fracasso dos filhos e que acentuam os problemas escolares.( MARQUES, 2002 p. 3).

Diante desse impasse Szymanski ressalta a necessidade da escola se

aproximar das famílias, quebrando qualquer tipo de preconceito de ambas as

partes, deixando os pais à vontade para participar da aprendizagem dos filhos.

De acordo com Libâneo (2000), “A pedagogia familiar não deve estar

desarticulada da pedagogia escolar” (p.85). Escola e família devem manter um

diálogo quando o assunto é educar, não sobrecarregando uma a outra.

Educar e transmitir o saber é responsabilidade, de ambas as

instituições. De acordo com Enguita (2004) a escola de hoje nada mais é que

uma extensão familiar, a escola de antes ocupava um parte significativa na vida

da criança, e hoje ela está presente da infância a vida adulta, a família tem

ditado qual é a função da escola, porém ela não pode questionar, acabou

assumindo essa responsabilidade sem perceber as causas, o autor ainda cita a

principal função da escola, a de educar. Segundo Brandão (1982): “Não há

uma forma única nem um modelo de educação (...), e o ensino escolar não é a

sua única prática e o professor não é o seu único praticante” (p.9). Deixando

bem claro que, a educação é papel tanto da escola quanto da família, e a

existência de inúmeras formas de se educar, assim a escola não será

sobrecarregada, com tal responsabilidade sendo ela a única capaz de

transmitir o saber.

Para Casarin e Ramos (2007), a escola e a família, possuem em

comum a mesma responsabilidade educacional, porém uma não pode fazer o

dever da outra. Os autores ainda ressaltam que as famílias ignoram

completamente essa responsabilidade ou conhecem muito pouco a importância

de sua participação na aprendizagem dos filhos, e que só é possível perceber o

quanto é significativo sua participação, em famílias mais organizadas, onde há

diálogo.

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Para Szimanski (2000), educar deve ser uma responsabilidade da

escola e da família de forma igual, não importando o fato de que seus pais

tenham que trabalhar fora para trazer o sustento para casa. O fato de

trabalhar fora, não isenta os pais de cuidar, dar atenção aos filhos e

participar da vida escolar deles. Ambas tem seu grau de responsabilidade

sob a educação da criança.

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CAPITULO II

A FAMÍLIA E A APRENDIZAGEM ESCOLAR

Quando se fala em família e aprendizagem escolar, vem a seguinte

pergunta: O que família e aprendizagem escolar têm em comum? Parece que

nada, mas elas têm sim, ou melhor, um ator principal, a criança, que faz parte

do seio familiar e da escola, e para que sua aprendizagem seja satisfatória ela

depende muito do apoio dos pais. Quando a família desenvolve seu papel na

aprendizagem da criança se reflete no bom desempenho escolar. De acordo

com Nogueira (1998), a participação da família no cotidiano escolar pode

influenciar de forma efetiva no desenvolvimento escolar da criança. É

indiscutível o envolvimento dos pais na aprendizagem, seja ele numa reunião

na escola ou em casa auxiliando no dever de casa ou lendo uma história.

Muitos pais não são mais participativos, por falta de orientação, da

própria escola, Szymanski (1994), ressalta a importância dos pais serem

orientados pela escola de seu papel e obrigações. É muito comum às escolas

falarem de seu excelente currículo, suas normas, e não orientar os pais, que

eles devem participar mais do cotidiano escolar, e de que maneira eles podem

compartilhar esse momento com a escola e os filhos, como já foi citado, os pais

deixam de participar, por achar que estão atrapalhando, não precisa a escola

dá conta.

A família exerce um papel muito importante na aprendizagem da

criança, mas para que isso se reflita de maneira positiva, é necessário que a

mesma esteja muito bem, em todos os sentidos, seja financeiro ou emocional,

havendo uma instabilidade em umas de suas áreas pode comprometer de

forma severa a aprendizagem da criança, além de participativa a família

também precisa ser equilibrada, ter uma forte estrutura, de acordo com Casarin

e Ramos (2007), o desequilíbrio familiar pode acontecer por inúmeros motivos

e fatores como, o desemprego, corrupção, violência, e ainda ressalta a

importância dos adultos terem uma estrutura emocional ao enfrentar os

problemas dentro de casa. Para os autores, a maturidade no seio familiar em

algumas situações também conta muito, quando ela tem que perceber que na

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vida existem coisas muito mais importantes que os bens materiais, e que

jamais poderão substituir a família. Para Casarin e Ramos (2007), é preciso

chamar atenção para um olhar mais clínico sob as mudanças e transformações

na família, nos dias atuais onde as pessoas são tão individualistas, valorizam

tudo menos a família, como é possível cobrar da família seu importante papel

na aprendizagem quando ela própria não é valorizada?

A família deveria ser a célula da sociedade, mas está se

esfacelando aos poucos, dando lugar ao liberalismo

descontrolado, a procura de segurança no trabalho, no

dinheiro, resumindo em coisa materiais. Estamos perdidos

inseridos em um meio que não percebe a família como a base

ou a sustentação para a resolução dessas dificuldades de

ordem individual e coletiva. (CASARIN e RAMOS, 2007, p.

187).

Quando acontece, casos como de uma separação, algo que

desestrutura qualquer família, mesmo quando o casal tenta poupar os filhos, as

reações por parte dos filhos são inúmeras, uma delas relacionada ao fracasso

escolar, onde pode ser uma forma que a criança encontra de mostrar para os

pais sua tristeza com o acontecido. De acordo com Casarin e Ramos (2007),

os primeiros sintomas do fracasso escolar, aparecem nos primeiros anos do

divórcio, os autores ainda chamam atenção para o fato de que a escola é como

se fosse à vitrina da família, onde é possível ver o que acontece naquela

família, ou seja, se está bem ou mau tudo se reflete na aprendizagem. “por isso

é natural que seja a escola que tome frequente iniciativa de encaminhara a

criança para o atendimento” (CASARIN E RAMOS, 2007 p. 188). O aluno que

está bem na escola, não significa que ele tenha uma família perfeita, pelo

contrário, esta longe do normal, porém aquele que apresenta dificuldade de

aprendizagem não se relaciona bem com os colegas, tudo o que acontece em

sua casa se reflete na escola em sua aprendizagem. “A família influencia

positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e

negativamente quando impõe normas através de leis dos usos e dos costumes”

(PRADO, 1981 p. 13). A importância dos pais na aprendizagem não esta

relacionada apenas, a fazer o dever de casa, ir às reuniões, mas também na

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forma como elas se estruturam e se desestruturam, mexendo com o emocional

dos filhos, em alguns casos sem a menor preocupação em poupá-los de

intermináveis brigas conjugais, ou judiciais, ignorando totalmente o motivo do

fracasso escolar do filho.

O fracasso escolar e suas manifestações podem estar

associados aos problemas que involuntariamente, impedem o

aluno no processo de aquisição do conhecimento, levando-o a

apresentar dificuldades ou transtorno emocionais, problemas

complexos que advêm de influências familiares. (CASARIN E

RAMOS, 2007 p. 188).

Os problemas familiares facilitam o não aprendizado, é como se

fosse formado um bloqueio, a criança não absorve o que lhe é transmitido.

Para Casarin e Ramos (2007), se houvesse uma parceria entre família e

escola, desde o início das séries iniciais, a situação seria outra, a criança que

está bem tende a melhorar, a que se encontra com dificuldades, receberá

auxilio da escola e dos pais. Pode-se então ressaltar a falta de comunicação

entre escola e família, elas não se comunicam, não expõe seus problemas, ou

seja, as dificuldades que a criança vem manifestando.

Os autores ressaltam que, a participação da família nos dias atuais

deixa muito a desejar no que diz respeito ao ensino, por exigir sustentação

emocional, prática e acompanhamento, o ato de aprender exige pesquisa, mas

como pesquisar se não há apoio por parte dos pais. “A aprendizagem é um

processo individual, mas se dá no contexto sócio cultural, no qual o individuo

está inserido, promovendo uma articulação entre a inteligência e as

experiências afetivas”. (CASARIN E RAMOS, 2007 p. 188). A aprendizagem é

de forma individual no sentido de que cada um aprende de acordo com seu

tempo, a sua maneira, ninguém aprende do mesmo jeito, seria uma forma

muito mecânica de se aprender, porém ela não acontece de forma solitária,

mas em grupos, seja ele familiar ou escolar, para aprender, é necessário,

debater interagir argumentar, e sozinho isso não seria possível.

Quando a família sabe de sua responsabilidade com a

aprendizagem da criança, isso facilita muito o trabalho da escola, tanto a

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instituição escolar como os pais são responsáveis por favorecer e criar

situações de aprendizagem, como já foi citado, tanto a escola ou a família tem

a obrigação de educar, “Ensinar é propiciar situação que permitam ao

educando modificar o seu comportamento de determinado modo” (SEAGOE,

1978,p. 07). Embora a família e a escola saibam da responsabilidade que cada

uma delas possui sob a criança.

Para Casarin e Ramos, (2007. p. 189).

Os pais mostram um distanciamento na vida dos filhos no que

diz respeito à escola. Para muitos, não participar é mais

interessante, uma vez que tem outras atividades que não

podem deixar de assumir. Pra a escola a ausência da família

significa que pode decidir sozinha levar em conta seus próprios

interesses.

É comum em alguns casos a família ignorar seu papel na

aprendizagem, ou até mesmo possui pouco conhecimento a respeito do

assunto. Há casos de pais que nem conversam, alegando falta de tempo para

tudo, participar da escola, estudar com a criança, fazer algo relacionado ao

lazer, são pais ausentes que geram em seus filhos improdutividade, daí a

importância do diálogo e do carinho. Para Casarin e Ramos (2007), a rigidez

nas famílias é muito preocupante, a criança quer atenção carinho, ser ouvida,

uma vez sentindo-se ameaçada, ela se retrai para um mundo fantasioso, não

sendo possível sentir segurança na família, escondendo seu fracasso escolar.

Os autores deixam bem claro, o dever dos pais, de educar os filhos,

estimular os estudos, orientar, dialogar, a escola não é a única que deve

educar, é indispensável o envolvimento dos pais, para que haja um excelente

desempenho escolar.

O papel da família na aprendizagem vai muito além, de sua

participação no cotidiano escolar, à família precisa dar apoio emocional, amor,

conversar, tomar as decisões certas, evitar conflitos presenciados pela criança,

não envolvê-la em problemas familiares, dar valor a si própria, seu papel é um

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conjunto de fatores que juntos iram resultar no bom desempenho da criança na

escola.

2.1. A omissão da família e o fracasso escolar

Como já foi citado em capítulos anteriores, a omissão da família na

aprendizagem tem favorecido muito ao fracasso escolar, mas antes de explorar

a relação família e fracasso escolar, é importante saber um pouco do conceito

e as causas do fracasso escolar. De acordo com o dicionário Michaellis, a

palavra fracasso significa ruína, desgraça, mau êxito e insucesso. Ou seja, a

criança que por algum motivo chegou ao fracasso escolar, ela teve ruína mau

êxito insucesso em seus estudos, a palavra soa forte e seu significado também,

mas o maior impacto é na vida da criança ou adolescente que passou ou passa

por um processo de fracasso escolar.

De acordo com Forgiarini e Silva (2007), o fracasso escolar surgiu,

quando a classe trabalhadora rural e urbana, teve acesso à escola pública e

gratuita, isso não quer dizer que só fracassa na escola alunos de escolas

públicas, o mesmo não está relacionado apenas à qualidade da educação, seja

ela privada ou pública, porém em alguns casos a qualidade da educação pode

favorecer o fracasso, como também pode ser tudo ao mesmo tempo. Para os

autores o fracasso escolar gera uma série de problemas como: descrença e

indisciplina. O aluno e até mesmo sua família não acreditam mais na educação

e na escola. Segundo Forgiarini e Silva (2007), em 1869, quando eram

realizados testes mentais, as dificuldades de aprendizagem começam a ser

diagnosticadas mais adiante, já no século XX década de 40, os diagnósticos de

fracasso escolar checam ao seu limite. De acordo com Patto (1999), os alvos

desse tipo de diagnóstico mais uma vez foram crianças oriundas de famílias

trabalhadoras, que na época faziam parte de um numeroso grupo de

fracassados na escola. Esse direcionamento do fracasso a crianças pobres é

um ato preconceituoso, é como se deixassem bem claro que crianças de

famílias ricas jamais seriam fracassadas na escola, indo contra o pensamento

escolanovista.“a estrutura e funcionamento da escola e a qualidade do ensino

seriam os principais responsáveis pelas dificuldades de aprendizagens”

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(PATTO, 1999, p. 69). Negando a ideia de que fracassado é o aluno pobre ou

rico, no entanto não isentando os pais da responsabilidade, mas apontado à

escola e seu sistema de ensino como os principais responsáveis pelo fracasso.

Porém apontar a pobreza como causa do fracasso escolar é um ato

precipitante, e ao mesmo tempo dá a impressão de que, já achamos o culpado

caso resolvido. Não é mais necessário pesquisar o assunto muito menos

solucioná-lo. Após esse período foi constatado que o meio ao qual a criança

está inserida é deficiente de estímulos, valores, hábitos, dificultando a

aprendizagem. Isso está relacionado à baixa escolaridade dos pais e condições

financeiras, são crianças que crescem em lares onde a leitura não é

estimulada, não existe o hábito de estudar pelo menos uma hora por dia, as

condições de vida na época dificultavam o acesso a eventos culturas, e mais

uma vez confirmando a teoria de que o fracasso escolar está relacionado à

pobreza. Porém de acordo com Forgiarini e Silva (2007), essa ideia só ganhou

força na década de 70, quando surgiu a teoria da carência cultural.

Em 1980, todas as tentativas de explicar o fracasso escolar

voltavam-se para as crianças e sua famílias, poucos eram os estudos

apontando a escola como também culpada pelo fracasso do aluno. Com tantas

tentativas de explicar o fracasso escolar de acordo com Patto (1999), até a

década de 90 foi possível ver vários avanços.

É importante notar que se nos anos de predomínio da teoria da deficiência cultural os aspectos intra-escolares receberam pouca atenção, se na vigência da teoria da diferença cultural a responsabilidade da escola pelo fracasso ficou limitada à sua inadequação à clientela, à medida que as pesquisas vão desvendando mais criticamente aspectos da estrutura e funcionamento do sistema escolar, ao invés de atribuir à clientela as causas do fracasso escolar ter sido superada, ela foi apenas acrescida de considerações sobre a má qualidade do ensino que se oferece a essas crianças. Neste sentido, a pesquisa no início dos anos 80 sobre o fracasso escolar repete, com algumas exceções, o discurso fraturado que predominou no período em que vigoraram as ideias escolanovistas, quando não repetem a tentativa de colagem deste discurso afirmando que a escola que aí está é inadequada à clientela carente (PATTO, 1999, p.154).

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O fracasso escolar não é um assunto novo, é algo predominante há

séculos, e ainda não solucionado, não é possível direcionar a culpa do fracasso

a criança, a família ou a escola, todas possuem sua parcela de culpa. O que

existe é uma instituição jogando a culpa na outra, quando o assunto é sucesso

escolar todas querem ser os autores.

De acordo com Nérici (1972), é fundamental que os pais participem

da educação dos filhos, e que nenhuma outra instituição pode substituí-los. A

família não pode ser omissa com o que diz respeito à educação, é sua

obrigação acompanhar o desenvolvimento da criança na escola, ninguém pode

cumprir o papel da família, a não ser a própria.

E indispensável que a família e a escola sejam parceiras, com os papeis bem definidos, onde não se pratica a exigência e sim a proposta, o acordo. A família pode sugeri encontros para a escola, não ficando presas somente as reuniões formais, pois além de ser um bom momento para consolidar a confiança, podem discutir juntas a cerca de seus papeis. A escola pode estimular a participação dos pais, procurando conhecer o que pensam e fazem, e obtendo informações sobre a criança. (LOPES, 2000 p. 01).

Para evitar o fracasso, tanto por parte da família como da escola, as

duas instituições devem caminhar juntas formar uma parceria para o bem das

crianças. De acordo com Paro (2007), quando o assunto é sucesso escolar,

logo a família se manifesta como a autora, e quando se trata de fracasso

escolar a autoria é sua também. Ou seja, a mesma que é responsável pelo

sucesso pode ser também responsável pelo fracasso, os pais são culpados

pelo fracasso da criança, quando são omissos na educação e participação do

cotidiano escolar, deixando tudo a cargo da escola, embora inúmeros estudos

tentem alertar a família das consequências ainda não é o bastante, os pais

surgem nesse contexto como os vilões e os mocinhos da história, ao mesmo

tempo em que eles são capazes de levar a criança ao fracasso escolar com

sua omissão, são os únicos que podem suprir as necessidades da criança. A

partir dessa observação, é possível mais uma vez ressaltar a importância da

boa estrutura familiar, como é importante a criança viver em um lar saudável, e

o quanto ela é dependente da família, e o tamanho da responsabilidade que os

pais carregam para o resto da vida.

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De acordo com Polonia e Dessem (2005), os pais provocam o

distanciamento dos filhos da educação, provocando o desinteresse e

desvalorização da mesma. A família favorece o distanciamento não só na sua

omissão, mas também na forma como ela se refere à educação a escola ou a

professora, a família precisa ver a escola e professores com bons olhos, e não

criticar o tempo todo, procurar entender o que acontece na escola, participar,

para depois fazer as criticas positivas ou negativas. Para Charlot (2000), o

fracasso escolar, abre portas para outras questões como: a eficácia dos

docentes, a aprendizagem, a igualdade de chances, os modos de vida entre

outros. Levantando a hipótese do fracasso escolar está relacionado a esses

fatores. No entanto o autor nega a existência do fracasso escolar, o que existe

são alunos fracassados, situações de fracasso, histórias que terminaram mal e

que as mesmas devem ser analisadas. São casos isolados de alunos que por

algum motivo não foram bem na escola. Charlot (2000), cita que para que seja

feita uma analise sobre o fracasso escolar, é necessário analisar também o

seio familiar, sua relação com o aluno e o fracasso escolar, porém não é

possível taxar somente a família como a culpada pelo fracasso, por isso o autor

ressalta a importância de analisar o fracasso escolar em sua origem.

De acordo com Paro (2007), existem alguns fatores que podem

favorecer o fracasso escolar como: métodos inadequados do ensino, má

aparelhagem, professores sem nenhuma preparação, um grande número de

alunos por classe, construções escolares inacabadas e mal conservadas,

métodos inadequados de ensino, equipamentos em precárias condições de

uso, professores com baixos salários, a falta de formação continuada, pouco

interesse por parte dos governantes com relação à educação. O autor não cita

a família, porém no caso de alguns dos fatores acima ser o causador do

fracasso a família é totalmente omissa, ela está direta e indiretamente

relacionada a todos os fatores citados, uma vez que, ela presencia tais

situações e não reagi, a sociedade é o que é pelas pessoas que a constituem.

Esse tipo de atitude, de não fazer valer seus direitos, não exigir uma

educação de qualidade, é muito comum em escolas públicas, por isso a

mesma é o que é, e mais uma vez, mesmo sem querer fazer qualquer ligação

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do fracasso escolar com crianças pobres, infelizmente o fracasso é direcionado

as classes mais desfavorecidas, pelo fato delas serem omissas também na

hora de exigir seus direitos, mas isso não quer dizer que famílias de classe

mais favorecidas fazem valer seus direitos, isso não é uma regra.

De acordo com Charlot (2000), o aluno não deve ser o responsável

pelo seu fracasso, há toda uma contextualização histórica, algumas condições

favoreceram para o fracasso, que pode ser a família, o sistema de educação a

escola entre outras. O aluno por si só não fracassou sozinho.

Por pequena que seja, em comparação com tudo que há por fazer na escola, a contribuição que os pais podem dar para o processo pedagógico escolar precisa ser levada em conta para evitar o risco de se ignorar algo que é imprescindível para o bom desempenho dos alunos (PARO, 2001, p. 72).

O sucesso escolar tem relação direta com a família, pois, depende

dela, uma característica de pais participativos da vida escolar da criança é o

elevado grau de escolaridade, boas condições financeiras, são pessoas que

estão mais conscientes da situação atual do país em todos os sentidos, porém

isso não é uma regra, nem todas as famílias que se encaixam nesse perfil,

participam do cotidiano escolar do filho, muitas são omissas por pensarem que

por pagar uma boa escola, já é o bastante, a escola que cumpra seu papel e da

família, o que não é verdade. De acordo com Scoz (1994), a participação da

família na aprendizagem da criança é decisiva, crianças oriundas de famílias

ausentes, seja essa família rica ou pobre, são improdutivos, inseguros sentem-

se desvalorizados, quando a família não é ausente, a criança se sente segura

sendo capaz de vencer os desafios impostos pela vida.

O papel principal dos pais na educação é proporcionar espaço para que essa aconteça, ou seja, permitindo que ocorra e seja presente no contexto familiar, ou qualquer outro onde haja interação social (...) O papel de educar deve ser iniciado na família e se estender na escola, uma vez que os conceitos e valores que norteiam a vida são transmitidos pelos pais. (LOPES, 2000 p. 01).

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É preciso deixar bem claro que nem sempre a participação da

família irá resulta no sucesso escolar, ou sua ausência no fracasso escolar, em

ambos os casos a mesma pode estar envolvida.

Para Polônia e Dessen (2005), nem sempre é isso que acontece.

Em alguns casos, aqueles alunos que não tiveram um aproveitamento

satisfatório, possui uma família ausente, ou pode ser o contrário, pais que

participam, mas o aluno vai mau na escola. De acordo com Patto (1997), os

motivos para insucesso escolar são inúmeros, um deles o currículo escolar da

própria instituição. A escola na tentativa de encobrir suas deficiências atribui a

dificuldade do aluno à família. Professores mau preparados, métodos de ensino

ultrapassados, são alguns dos problemas que a escola omite.

Tudo começa no seio familiar, e a partir dele, se expande, é assim

também com a educação, os pais além de educar devem participar. A família

não deve ser a principal responsável pelo fracasso escolar, devido a sua atual

configuração, no entanto é fato que, quando ela decide se juntar a escola,

juntar forças, a criança só tem a ganhar em sua aprendizagem.

2.2. O que a família espera da escola?

Para Fevorini (2009), os pais esperam da escola, o que já é uma

obrigação da escola, a continuidade dos valores familiares. Não só da escola,

mais de toda comunidade escolar. Esperam que a escola seja uma

continuação de casa, para isso muitas escolas trabalham, para que a criança

ou o adolescente não se sinta oprimido e sobrecarregado, oferecendo

momentos de descontração, ambientes que imitam suas casas.

Em relação ao ensino o que se pode destacar como comum a todos os participantes é que os filhos tenham prazer em aprender, a curiosidade aguçada, uma formação ampla em todas as áreas do conhecimento, inclusive nas artes no esporte, mais que, sobretudo, desenvolvam um pensamento critico. Preparar o aluno para ele pegar uma informação e ser capaz de fazer uma análise critica da informação, ser capaz de estudar a informação. (FEVORINI, 2009, p.86).

São pais críticos e esperam o mesmo da formação de seus filhos, os

pais buscam uma escola que prepara a criança para o futuro, eles matriculam

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na educação infantil, já pensando no vestibular. Hoje o vestibular de muitas

faculdades é substituído pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), os

pais querem matricular os filhos, nas escolas onde no ultimo exame ficaram

entre as melhores.

Os pais esperam que a escola promova um ambiente harmonioso,

entre os alunos, uma boa convivência, que ali sejam constituídas amizades

para toda vida, as grandes amizades, os futuros amores, padrinhos de

casamento, de filhos são conquistados ainda na escola, por isso é importante

essa interação entre colegas, e a escola deve promover a boa convivência, é

até mais prazeroso estudar entre amigos. De acordo com Fevorini (2009), os

pais esperam que a escola, tenha um pouco mais de estabilidade, em seu

corpo docente, e em suas propostas também. Eles não gostam quando há uma

mudança constante de professora, mudanças na direção coordenação, isso

causa insegurança, insatisfação quanto à qualidade e os valores que à escola

diz transmitir.

Para Nogueira (1998), o que os pais esperam da escola, é que se

ajuste ao seu filho. É claro que muitos querem currículo, nome, mas sua maior

preocupação é se a escola é acolhedora, se seu filho está feliz. Certa vez ouvi

um relato de uma mãe, ela contava porque matriculou sua filha na educação

infantil do atual colégio onde ela está, sendo que esse colégio é distante de sua

casa, e o anterior bem mais perto. Ela disse que no dia em que ela foi conhecer

o colégio levou sua filha, e logo que a menina avistou o jardim aquelas galerias

enormes do colégio, a menina saiu correndo pelo jardim brincando e feliz, a

mãe logo pensou é aqui! Ela não teve duvidas, de que ali sua pequena seria

feliz.

É isso que os pais esperam, muito mais que um currículo, o

acolhimento, mas o bem estar da criança.

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CAPITULO III

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO COTIDIANO ESCOLAR

Em meio a tantas mudanças não só no núcleo familiar, mas

também na escola, é possível perceber a falta de participação da família na

aprendizagem do filho. Porém essa falta de participação não se resume em

um simples desinteresse por parte da mesma, inúmeros fatores podem ser

ressaltados. O modelo familiar de hoje não é o mesmo de antigamente. De

acordo com Vasconcellos (2005), o modelo predominante era o patriarcal, o

pai era tido como referencia, a mulher tinha como obrigação cuidar da casa,

ser uma boa dona de casa e educar os filhos. Entretanto por uma questão

de sobrevivência o homem precisa trabalhar, e com a chegada do século

XVIII, vieram também às mudanças, uma delas a Revolução Industrial

provocando grandes mudanças na vida da mulher, mãe e dona de casa, que

terá que deixar seus filhos na escola, para trabalhar, daí por diante surge

uma serie de mudanças, entre elas: o divórcio, gerando uma nova

concepção de família, a liberdade sexual, passa a ser comum pessoas

casadas manterem relacionamentos fora do casamento, surge a pílula

anticoncepcional, decidindo quantos filhos quer ter, a mulher ganha seu

espaço. Para Ferry (2008), a possibilidade de escolhas a sensação de ser

livre, permite a família uma função educativa, é como se a família só se

desestruturasse no nome, ela muda, mas para melhor negando uma

possível crise.

Para ilustrar melhor os novos conceitos de família, Hobsbawn

(1996), de acordo com seus estudos no ano de 1938 na Inglaterra houve um

divórcio a cada 58 casamentos, um número relativamente baixo

considerando os dias atuais, em 1980 o cenário já era bem diferente, um

divórcio para cada 2,2 casamentos, as pessoas passaram a morar sozinhas

cerca de 50% da população. Nos Estados Unidos, caiu de 44% para 29% o

número de casais com filhos, entre 1960 a 1980. Na Suécia o número de

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partos entre as mulheres solteiras aumentou em 1980. No Brasil de acordo

com dados coletados no ano de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), o número de divórcios foi considerado baixo 2,0% na

mesma época, após a promulgação do divórcio em 1977 houve um aumento

para 2,7%. No entanto apresar da crise e desestruturação das famílias,

ainda de acordo com dados do IBGE de 2007, não é só o número de

divórcios que cresce os casamentos também.

De acordo com Arendt (1998), a família está em crise, devido à

falta de estrutura no seio familiar que deixou cair em decadência à

autoridade do pai e a conservação do saber, dos valores as funções estão

fora de ordem, o que antes era sagrado à instituição familiar, hoje quase

ninguém mais reconhece. Para Enguita (2004), a crise fez com que os

papéis fossem trocados, o que antes era papel da família hoje é da escola, é

como se a escola fosse uma extensão de casa, e ela é, mas no sentido de

dar continuidade ao que é transmitido em casa, e não de assumir o papel da

família.

A família burguesa começa a delinear-se a partir do período

da industrialização, que sinalizou a modernidade, do

surgimento da escola, da conquista da privacidade, da

preocupação com a educação dos filhos e do sentimento de

família, também valorizado, sobretudo pela igreja. Com isso,

os papéis, o lugar e as atribuições de cada um de seus

membros começam a ser definidos. (ORSI, 2003, p.31)

Para Donatelli (2004), a família moderna está em crise, onde não

é possível apontar um modelo ideal, um dos fatores seria o enfraquecimento

da autoridade dos pais, em muitos casos são desrespeitados pelos filhos, a

falta de respeito não ligada apenas aos filhos adolescentes, crianças de 3, 7

anos enfrentam os pais, mas tudo isso está também relacionado a liberdade

que os pais dão aos filhos, eles tem sempre o que querem, não há perdas,

só ganhos. “A falta de tempo, os desencontros e a solidão denotam as

dificuldades dos adultos dentro de suas casas”. (CASARIN e RAMOS,

2007,184). Os autores ainda ressaltam que vários fatores contribuem para a

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atual situação da família, entre eles a incerteza, a ansiedade, o fato de os

jovens iniciarem uma família com a ajuda dos pais, pode ser um futuro

problema, uma fase onde a tomada de decisões pode prejudicar de forma

severa a família que está em formação, levando a uma futura

desestruturação. Outro fator a ser ressaltado é a sobrecarga das mulheres,

que mesmo trabalhando fora continuam com a função de educar os filhos

cuidar da casa e do marido. O homem continua sendo o principal provedor

do sustento, e uma vez que ele se encontra desempregado pode gerar um

grande desequilíbrio na família, abalando sua estrutura, podendo gerar uma

separação e a partir daí constituir uma nova família.

Hoje o conceito de família já não se resumo em casamento, as

famílias se formam independe de existi laço matrimonial e com a

independência da mulher, ela ganhou seu espaço nas decisões domésticas

que antes era atribuição do homem. Apesar de tantas mudanças, não

perdeu sua essência acolhedora.

De acordo com Osório (1996), a família continua sendo o porto

seguro do homem. Ela é uma estrutura sólida, ainda que ela venha se

desestruturar seus membros sempre voltam em busca de apoio por se

sentirem seguros e protegidos. Para um adulto é difícil recorrer à família e

não encontrar um refúgio, para uma criança um ser tão frágil pode ser muito

mais difícil.

De acordo com Casas (1998), devido a tantas mudanças no

núcleo familiar, é raro encontrar famílias que participam do cotidiano escolar

do filho. Mudanças já citadas antes, uma delas a mulher se insere no

mercado de trabalho, provocando profundas mudanças em seu lar. De

acordo com Sá (2001), quando a família demonstra algum interesse em

participar é de acordo ao que ela propõe, é como se a família estivesse

dizendo: se não for do meu jeito não será de jeito nenhum, ela delega

tarefas a escola, professores, diretores e demais funcionários praticamente

cumprem ordens dos pais, eles ordenam e a professora abaixa a cabeça, e

o pior, sem demonstrar nenhum interesse em saber o que acontece no

cotidiano escolar. Sá ainda ressalta que alguns pais não participam da

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aprendizagem da criança por que acham que está tudo bem, não há

necessidade de interferir, por achar normal a situação, isso é muito comum

quando o aluno tira boas notas é disciplinado, é aquele que não faz

bagunça, mas não tira dúvida, não questiona nada, para a professora isso é

ótimo, mas isso não é motivo para ele ser “ignorado” tanto pelos pais como

pela própria escola.

Para Szymanski (2000), o simples fato dos pais terem que

trabalhar, já pode ser considerado um fator relevante para não participar do

cotidiano escolar da criança, alegando falta de tempo, isso é uma situação

real e ao mesmo tempo triste da nossa sociedade, que constitui uma família

capitalista. Porém a falta de tempo não a isenta de acompanhar a criança na

escola, pelo menos não deveria ser assim, cuidar e educar uma criança é

algo que exige muita responsabilidade e tempo, é algo que precisa ser muito

bem pensado antes de tudo. Embora não encontre tempo durante a semana,

não podemos descartar os fins de semana, onde como é de costume,

realizar uma atividade relacionada ao lazer, tornando praticamente

impossível até mesmo pensar que apenas duas horas de seu tempo se

dedicado às atividades da escola da criança pode fazer toda diferença.

A importância da participação dos pais na vida escolar dos

filhos tem apresentado um papel importante no desempenho

escolar. O diálogo entre a família e a escola, tende a

colaborar para o equilíbrio no desempenho escolar, o que é

possível considerar que as crianças e os pais trazem

consigo uma ligação intima com o desempenho (CHECHIA,

2007 p.1).

De acordo com Vicente (1998), a estrutura psicológica dos pais

influencia muito no cotidiano escolar da criança, seja ela positiva ou negativa, a

participação não está relacionada apenas em reservar algumas horas do dia

para estudar com o filho, ou ir às reuniões da escola, mas também nas

conversas ou discussões familiares presenciadas pelas crianças, depende

muito da estrutura psicológica dos pais, influência bastante. Prestes (2005),

chama a atenção para a carência de estímulos que a criança sofre desde seu

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nascimento até a infância, essa criança não irá se socializar, encontrará

dificuldades para desenvolver suas capacidades humanas, ela precisa de apoio

de estímulos na vida e na escola.

Barbosa (1998), ressalta que a não participação de algumas

famílias na aprendizagem da criança, está também relacionada à classe

social, ou seja, a baixa escolaridade, não permitindo perceber a importância

do estudo, por falta de informação, em muitos casos pais analfabetos, não

permitindo ajudar seu filho na tarefa de casa, esse tipo de situação é muito

comum em famílias da Zona Rural, porém não é a classe social que irá

definir a participação dos pais ou não, quantas não são as famílias que não

são de baixa renda, de excelente condição financeira que sequer sabem

com quem andam seus filhos. Como também as famílias onde os pais são

analfabetos, mas não deixam de participar de uma reunião da escola,

priorizando uma hora do dia onde a criança deve dedicar-se aos estudos.

3.1. A parceria escola-família

É fundamental que tanto a escola como a família, saibam de suas

responsabilidades na aprendizagem da criança, outro ponto muito importante é

saber que ambas precisam andar juntas, a escola e a família precisam ser

parceiras. Quanto maior for à parceria, melhor será o retorno na aprendizagem

da criança, é claro que essa parceria deve ser produtiva, para que venha dar

frutos.

As bases dessa parceria produtiva devem considerar por um lado, a família como um fenômeno social e historicamente situado, ou seja, afastar a concepção acrítica de que basta tornar-se pai ou mãe para saber educar crianças e adolescentes. (FEVORINI, 2009 apud. SZIMANSK, 2000 p.22).

A participação dos pais não interfere apenas na aprendizagem da

criança, de acordo com Lopez (2002), a qualidade da educação depende muito

do grau de participação dos pais na escola, como exemplo podemos citar a

escola privada, onde os pais são mais instruídos, sabem reivindicar seus

direitos, embora nem todos se envolvam nos assuntos escolares, mas existe

uma porcentagem, que faz com que as coisas aconteçam, ao contrário da

escola pública, onde infelizmente, as famílias desconhecem o valor da

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educação, e tão pouco seus direitos, acham que a escola pública é um favor

dos governantes para eles. Isso não quer dizer que pais de alunos da rede

pública não participam da vida escolar do filho.

De acordo com Parolin (2007, p. 36): “A qualidade do relacionamento

que a família e a escola construírem será determinante para o bom andamento

do processo de aprender e de ensinar do estudante e o seu bem viver em

ambas as intuições”. A escola precisa ver os pais com bons olhos, saber que

pode contar com eles, e que precisa deles, e assim também deve ser com a

família, ver a escola como sua parceira na educação de seu filho, o

distanciamento de ambas provocará o distanciamento da criança da

aprendizagem. De acordo com Piaget (1991), “Uma relação estreita e

continuada entre os professores e os pais leva, muita coisa, mais que uma

informação mútua”. Ou seja, para que venha dar certo essa relação família-

escola deve ser continuada, é muito mais que um encontro de pais, com

informações às vezes sem sentido. É um intercâmbio entre ambas uma troca

de informações, onde seus objetivos devem girar em torno do aperfeiçoamento

de ideias.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei

9394/96) “Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as

do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: articular-se com as famílias

e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola.“

Ou seja, a escola deve proporcionar um ambiente amigável com as famílias,

convidá-las a participar da escola, criar um clima amistoso entre ambas, a

união das duas instituições é tão importante que as próprias leis estão voltadas

ao incentivo dessa aproximação da escola com a família. Outras ações

governamentais voltadas para essa união estão sendo realizadas, por exemplo,

no Estado de São Paulo existe um programa do Governo Estadual de São

Paulo.

E uma iniciativa que une [...] profissionais da educação, [...] estudantes universitários, [...] e voluntários para criar uma cultura da paz despertar potencialidades e desenvolver hábitos saudáveis junto aos mais de 7 milhões de jovens [...] o objetivo deste programa é a abertura, nos finais de semana, de 2334 escola da Rede Estadual de Ensino, transformando-as em

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centro de convivência, com atividades voltadas as áreas esportivas, cultural, saúde e de trabalho.(PROGRAMA ESCOLADAFAMILIA)http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/aprese

De acordo com Faverini (2009), outra iniciativa que é bastante

conhecida, por ser divulgada por uma rede de TV é o “Amigos da Escola” é um

projeto que tem parceria com a Fundo das Nações Unidas para a infância

(Unicef), junto com o Conselho Nacional dos Secretários de Educação

(Consed), e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime),

além de empresas. O objetivo desse projeto é que os pais e a comunidade

sejam colaboradores de suas atividades. Qualquer projeto ou iniciativa de

aproximar a família da escola são bem vindos, porém há autores que veem o

lado negativo da iniciativa do Amigos da Escola. De acordo com Ribeiro (2000),

os conflitos entre pais e escola podem aumentar pelo fato dos pais se sentirem

obrigados a participar do projeto, gerando a discriminação daqueles que não

podem ou não querem participar, esse tipo de projeto pode afastar ainda mais

as famílias, criando uma barreira entre ambas.

Apesar de documentos oficiais do governo também reconhecerem a importância da participação mais efetiva dos pais na escola para a melhoria da qualidade de ensino, os programas desenvolvidos nessa direção ainda são bastante tímidos, pontuais e não se caracterizam como um espaço de formação também para os pais. (FEVORINI, 2009 p. 113).

Considera-se importante que os pais mantenham contato com a

escola, mas nem sempre esse contato constante dos pais é bem visto pela

instituição, em alguns casos os pais são taxados de “chatos” estão sempre na

escola, ou sempre que podem ligam, querendo marcar reunião, se fala tanto

numa relação amistosa entre ambas, quando as duas instituições querem

distância uma da outra, assim também acontece com os pais, reclamam de

tantas reuniões e não seguem as orientações da professora.

Os pais devem manter contato periódico com os professores para ter conhecimento constante do processo educativo. Prestar a colaboração que lhe for exigida por parte dos professores para tornar mais coerente e eficaz a atuação escolar tanto no campo acadêmico estrito como no mais amplo das atitudes e dos hábitos de comportamento que pretende fomentar como parte do projeto educacional da escola. (LÓPEZ 2002, p. 77).

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A família deve acompanhar a educação da criança não só no que

diz respeito à aprendizagem, mas verificar as instalações da escola, se o

horário das aulas estão sendo cumpridos, manter contato com a escola mesmo

que por telefone, marcar reuniões com a professora e coordenadores. Quando

falamos na participação na escola, surge outro tema muito importante e

polêmico, a gestão democrática nas escolas, que nem sempre é cumprida por

parte de seus dirigentes. De acordo com Gadotti (1993), para que haja uma

gestão democrática a comunidade e usuários da escola devem ser seus

gestores, e não apenas fiscalizadores ou usuários, na gestão democrática pais

e alunos devem assumir suas responsabilidades para com a escola, ou seja,

gestor não é apenas aquele que recebe um título na escola, que recebe um

salário X para gerenciar funcionário, mas todos os envolvidos, como os pais e a

comunidade. De acordo com Paro (2000), para que haja um bom

funcionamento da escola é necessário à adesão de seus usuários, alunos,

famílias e comunidade. De acordo com Piaget (1991), “Ao aproximar a escola

da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar

reciprocamente aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até

mesmo a uma divisão de responsabilidade”.

Para Vasconcellos (1989), existem inúmeras maneiras de formar

parcerias com a escola, ou seja, participar da comunidade escolar, além das

reuniões e conselhos de classe, entre elas: os pais que possuem uma

profissão podem dispor de sua especialidade a favor da escola, como por

exemplo, os pais médicos, artistas, psicólogos, advogados, dentistas, pintores

e etc.. Porém em alguns casos como de uma escola pública, esse tipo de

aproximação da família com a escola, talvez não seja bem vinda, já que o

governo deve prestar qualquer assistência necessária, seja ela na área da

saúde, ou na contratação de professores, reforma da escola entre outras, para

que ninguém faça o que é obrigação dos governantes. De acordo com Paro

(1993), um dos fatores que tem impedido a participação dos pais na escola, é a

falta de comunicação, ou a dificuldade ao se comunicar, os pais não

compreendem a escola, em alguns casos, essa falta de compreensão é devida

a dificuldade dos professores em transmitir o que a escola tem proporcionado

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aos alunos, assim fica difícil ambas formarem uma parceria, uma não

compreende a outra, é necessário que essa questão seja discutida entre

professores e dirigentes da escola, o melhor caminho para chegar até a família,

facilitando a comunicação. De acordo com Paro (2000), a escola precisa ter

postura em relação aos pais, abrindo espaço para o diálogo, que resultará na

participação dessas famílias na vida escolar de seus filhos. A escola precisa

criar mecanismos para se aproximar do seio familiar, chamar sua atenção, por

exemplo, muitas escolas já comemoram o dia da família, onde todos participam

de eventos e oficinas com seus filhos, almoçam, fazem atividades recreativas,

é uma forma de até conhecer o espaço físico da escola, pois muitos nem

conhecem devido à correria e falta de tempo, a comemoração de festas juninas

também é uma forma de ambas se aproximarem, isso não quer dizer que os

pais só iram a escola em dia de festa, Já que é tão difícil se aproximar das

famílias nas reuniões a escola pode então começar uma aproximação em

momentos mais descontraídos.

Mas como todos sabem, muitos deixam de ir às reuniões por

acharem chatas e maçantes, não atendem as suas necessidades, não são

informativas, a escola deve informar a família seus objetivos, deve ser clara,

informar seu planejamento pedagógico, não apenas para os pais terem

conhecimento, mas de maneira que venham formar parcerias e juntos

alcançarem seus objetivos.

Uma das melhores formas de se atingir a família é através dos próprios filhos; daí a relevância da escola desenvolver um trabalho participativo, significativo, em que realmente o aluno se envolva e entenda o que está sendo proposto para ele. Desta maneira, o próprio filho terá argumentos para ajudar os pais a compreender, a proposta da escola. (VASCOCELLOS, 1989, p. 80).

Quando a escola cumpre seu papel com seus alunos, esse trabalho

se reflete na casa no aluno, os pais logo reconhecem o trabalha e será

automática a aproximação dos pais com a escola. A influência da família na

vida da criança pode ser sentida também na escola, através do bom

desempenho em sala de aula, o entusiasmo da criança com os estudos, a

facilidade em assimilar os conteúdos.

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Para Vasconcelos (1989), Uma forma de aproximação seria a escola

convidar a família para a elaboração de seu Projeto Político Pedagógico, assim

os pais já ficariam sabendo da realidade da escola, da comunidade e seus

deveres podendo caminhar juntas em direção ao mesmo objetivo, às vezes a

escola usa um método que não é conhecido pelos pais, e os pais por não

saberem como agir, acabam se afastando do cotidiano escolar dos filhos. A

escola e os pais precisam se conscientizar que uma precisa da outra.

Para Azevedo (2009), a construção do projeto político pedagógico,

é um momento de grande importância, por ali também definir a participação da

família no cotidiano escolar como: a formas de escolha de dirigentes escolares,

reuniões de pais. A escola e os pais não fazem ideia do poder que elas

exercem na mobilização e incentivo a aprendizagem na vida de uma criança,

quando ambas se juntam.

É muito bonito ver as duas instituições trabalhando juntas, fazendo

um ótimo trabalho, porém deve-se levar em conta o contexto social ao qual a

criança está inserida. Infelizmente não é muito difícil encontrar famílias a mercê

da cruel sociedade, vivem em áreas de risco, em extrema pobreza, são

crianças que não conseguem prestar atenção na aula, porque não dormiram

bem, passaram a noite ouvindo tiros na comunidade onde moram, não

conseguem aprender porque se alimentam mau. Nesse caso a escola precisa

ser parceira da comunidade, auxiliando na educação dos filhos. Temos que

considerar as condições culturais, condições materiais, disponibilidade de

tempo, a escola deve cobrar a participação dos pais, mas a sociedade não é

formada por família de modelo padrão, com tempo para trabalhar ficar com os

filhos, mora em boas condições, excelente condição financeira, não é bem

assim, são casos distintos, e a escola precisa ter conhecimento dessas

dificuldades, da situação da comunidade local, os limites até onde ela pode

chegar com a comunidade.

Quando ambas trabalham juntas, diminui o índice de violência, a

evasão escolar, melhora a qualidade do ensino, as crianças vão felizes para a

escola, e os professores também, pois sabem que podem contar com os pais,

mesmo diante da dificuldade. Cabe à escola promover essa parceria,

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convidando a família a participar da escola, porém não é o suficiente, os

profissionais da escola devem estar preparados para atender os pais, a falta de

preparo e de informação dos educadores tem afastado as famílias da escola.

De acordo com Lopes (2009), a parceria entre escola e família é

indispensável, mas para isso cada uma deve ter ciência de seu papel, não

fazer exigências, mas propor, fazer acordos, chegar a um consenso, visando

sempre à melhoria do ensino e benefícios para a comunidade.

A família pode sugerir encontros para a escola, não ficando presos somente às reuniões formais, pois além de ser um bom momento para consolidar a confiança, podem discutir juntos acerca dos seus papéis. A escola pode estimular a participação dos pais, procurando conhecer o que pensam e fazem e obtendo informações sobre a criança. (LOPES, 2009 p. 01).

Se a escola, não se manifesta, os pais devem tomar a iniciativa, e

sem medo de está ferindo a regra tal ou o estatuto da escola, isso não existe.

Os pais podem se unir e criar vínculos, geralmente eles só se encontram nas

festinhas de aniversário, mas nunca fora da escola para discutir os problemas

internos e externos da escola.

Quando a família se aproxima da escola, os preconceitos são

quebrados, ela passa a compreender o sentido da escola e seu papel. A

questão não é ensinar como educar seu filho, mas de criar um vínculo, um

espaço onde todas as questões que envolvem a escola e a comunidade

possam ser discutidas ali. De acordo com Polônia e Dessen (2005), quando a

escola demonstra interesse pela pelo seio familiar, os pais se sentem

valorizados, ficam mais próximos dos professores, que passam a trabalhar

melhor, esse sentimento de valorização dos pais, os estimula a incentivar a

aprendizagem do filho e a se envolver no cotidiano escolar dos filhos. De

acordo com Paro (2000), a escola tem como função a de educar, porém ela

precisa dos pais para dar continuidade, como já foi citado, à família é uma

extensão da escola.

Faz-se mister, sobretudo, estimular as produções acadêmicas direcionadas ao estudo do envolvimento da família com a escola, transformando-as em fomento e em mecanismos que

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contribuam para o planejamento de políticas e de programas educacionais. (POLONIA E DESSEN, 2005, p 310).

De acordo com Caetano (2003), quem deve tomar a iniciativa de

aproximação é a escola, embora outros autores como já foi citado defendam

que a família deve tomar a iniciativa, quando a mesma não parte da escola.

3.2. As dificuldades encontradas na relação escola-família

As dificuldades encontradas na aproximação da escola com a família

surgem de ambos os lados. De acordo com Sá (2001), há certo interesse por

parte dos pais de se aproximar da escola, porém de acordo com os professores

o interesse dos pais é em apenas em auxiliar nas tarefas enviadas para casa,

não demonstram nenhum interesse em ir a uma reunião ou conselho de classe.

Por outro lado os educadores temem que essa aproximação dos pais com a

escola, venha dar muita liberdade aos pais, ao ponto de querer avaliar

professores, decidir o calendário escolar entre outros. Há um interesse dos pais

em participar da escola, porém a escola tem imposto barreiras impedindo essa

aproximação. Por isso a participação dos pais na escola é tão limitada, assim

afastando-os da escola, e ao mesmo tempo rotulando-a como a culpada pelo

fracasso escolar da criança. A escola não permiti essa aproximação, os pais

também não demonstram interesse, os próprios professores se encarregam

disso, depois reclamam que a família é omissa!

É possível perceber, que em alguns casos surgem alguns

obstáculos entre essa relação família-escola, ambas não tem interesse na

intervenção da outra. A escola até reconhece sua importância, no entanto de

acordo com Gomes (2007), nas reuniões de pais, a escola mostra pouca

iniciativa, em aproximar as duas instituições. De acordo com Paro (2000), para

os professores a família deve ser uma continuidade da escola, principalmente

no dever de casa, o autor chama essa atitude de “continuidade de mão única”.

Os pais consideram a escola uma segunda casa, porém são tímidos diante dos

professores por medo dos filhos serem reprovados. As dificuldades

encontradas nessa relação é uma realidade, as situações não favorecem uma

relação amistosa, que proporcione situações de igualdade, onde realmente os

pais participam, diferente da participação onde pais vão a reuniões onde eles

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escutam a professora falar, do mau comportamento do filho, ou não, em muitos

casos a professora fala o que os pais querem ouvir, que a criança aceita

limites, seu comportamento é exemplar, e ainda chamam isso de participação

na vida escolar do filho, não falto a uma reunião.

Segundo Paro (2000), a péssima formação dos professores tem

facilitado bastante esse distanciamento. A escola não dá a mínima para o que

acontece com seus alunos fora e dentro dela, o autor salienta a importância de

pesquisar uma solução para este problema, e diz que é necessário “estudar

formas organizacionais mais adequadas de integração dos pais a propósitos

escolares de melhoria de ensino.” (2000, p, 15).

Macedo (1996), lista uma serie de sentimentos que estão entre a

relação família-escola entre elas: os desejos de que a escola ofereça o melhor

ao seu filho, o sentimento de culpa por ficar tanto tempo longe do filho, a

necessidade da garantia do melhor para o filho, o ciúme ao dividirem os filhos

com os professores, o medo do fracasso escolar, as projeções dos próprios

fracassos compensados através dos filhos, o pouco interesse pela vida escolar

da criança, as superexigências dos pais, as atitudes de aceitação ou não dos

filhos, as questões de rejeição ou negligencia dos filhos, as dificuldades

pessoais dos pais, o contexto sócio-econômico-histórico em que se

fundamenta a família, a liberdade ou o autoritarismo, as relações de amor ou

de hostilidade, a violência contra os filhos, ou entre familiares, as atitudes,

padrões e valores morais, o relacionamento entre o casal e filhos, doenças

separações, desemprego, os diferentes modelos de formação familiar.

A escola jamais substituíra a família e o mesmo acontece com a

família, sendo assim o que precisa ficar claro é que uma completa a outra, elas

não podem caminhar sozinhas.

Não só os pais contam com a escola, mas esta, igualmente conta com eles. Por isso a instituição escolar precisa conversar com elas, dar orientações, promover palestras, saber o que está acontecendo com a criança em casa, como ela está vivendo ou reagindo a muitos e inevitáveis problemas existentes em qualquer família (...). A escola também precisa compartilhar com os pais aspectos da conduta de seu filho na escola (relacionamento com colegas, aproveitamento escolar, atitudes, valores, respeito às normas, qualidade da realização

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das tarefas). Por isso, a interdependência, ou seja, o esforço comum e recíproco para promover o desenvolvimento da criança. (MACEDO. 2005, p12).

Outro obstáculo que é possível apontar, é que os pais não possuem

condições de educar sozinhos nem a escola, há inúmeras deficiências

encontradas no trabalho de ambas, pois quando trabalham juntas elas se

completam, solucionando suas deficiências.

Quanto à falta de um necessário conhecimento e habilidade dos pais

para incentivarem e influenciarem positivamente os filhos a respeito de bons

hábitos e valorização do saber o que se constata é que os professores, por si,

não tem a iniciativa de um trabalho a esse respeito junto aos pais. “Mesmo

aqueles que mau enfaticamente afirmam constatar um maior preparo dos pais

para ajudarem seus filhos em casa se mostram omissos no tocante a

orientação que eles poderiam oferecer, especialmente nas reuniões de pais,

pois, é quando há um encontro que se poderia considerar propício para isso”.

(PARO, 2000 p. 65).

3.3. A relação família-escola e o psicopedagogo

A relação entre as duas instituições família e escola, já foi bastante discutida nesta pesquisa, o conceito, a história, e a função de cada uma delas,

e as inúmeras mudanças ao longo do tempo. A dupla função da escola, de

cumprir seu papel e o da família, e a omissão dos pais diretamente ligada ao

fracasso escolar. Constatou-se que ambas possuem a dever de educar dentro

de seus limites, e que ambas possuem um grande valor distinto na vida da

criança ou do adolescente, uma completa a outra.

Entre todos esses fatores abordados existe um mediador, o

psicopedagogo, iremos discutir então sua função entre a relação família-escola.

Iniciando com uma breve definição do que é psicopedagogia.

(...) o objetivo do estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo. Não deve se

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restringir a uma só agência como a escola, mas ir também a família e a comunidade (...).(GOLBERT, 1985, p. 13)

O autor deixa bem claro a definição da psicopedagogia, sua

atuação, que se estende a família e a comunidade. Segundo Luchese (2009), o

psicopedagogo tem um papel muito importante na escola, o mesmo “deve ter

um olhar clínico. Esteja sempre disposto a contribuir com a professora e a

família, estando presente sempre com o intuito de verificar e compreender

ambas as partes, tanto a escola quanto a família”. O psicopedagogo os pais e a

escola devem trabalhar em conjunto, não existe, um trabalho individual. Seu

papel é de mediador entre a escola e a família. De acordo com Brambatti

(2010), “o psicopedagogo atuaria em conjunto com o educador no sentido de

estarem fornecendo subsídios, elementos estruturais (teórico prático) para que

essa visão abrangente pudesse ser internalizada por aquele que ali naquele

espaço, exerce a condição de mediador do conhecimento”.

E quando o psicopedagogo se depara com a dificuldade de

aprendizagem? De acordo com Brambatti (2010), diante deste fato o papel do

psicopedagogo seria primeiro analisar a situação para poder dar um

diagnóstico, levantar hipóteses, no entanto é necessário conhecer o sujeito em

todos os sentidos, fisiológicos, social e sempre procurando compreender o

sujeito. Para Brambatti (2010), há possibilidades do psicopedagogo, atuar

também na prevenção do fracasso escolar, mas na prevenção do fracasso,

junto à família e a escola. Nesse tipo de caso Luchesi (2009), salienta ser de

grande importância sua participação. A autora chama a atenção para as

diversas causas da dificuldade de aprendizagem, como: orgânicas, cognitivas,

emocionais e ambientais, que sempre estão relacionados, a própria pessoa, os

pais ou a escola. É ai que surge a intervenção do psicopedagogo, em um

trabalho conjunto com a escola e a família, para diagnosticar as dificuldades de

aprendizagens entre outros problemas.

A escola atual, de modo geral, apresenta maior disponibilidade em aceitar um relacionamento mais próximo com os pais. Todavia, o caminho percorrido para se chegar a tal interação foi um tanto difícil, em consequência das transformações políticas, econômicas e sociais, das rupturas de paradigmas. Os objetivos da escola, como também da família nos dias de hoje deverão procurar tornar a criança/adolescente apta a

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assumir responsabilidades, tomar decisões, aprender qualquer ofício, desenvolver suas habilidades, como também orientar o educando/filho na medida em que demonstre necessidade. (BRABANTTI, 2010, p.11).

De acordo com Brambatti (2010), a intervenção do psicopedagogo,

possibilita que a escola e a família, vejam a dificuldade de aprendizagem com

outros olhos, havendo uma mudança de atitude, isso graças a sua intervenção,

isso leva tempo, há todo um trabalho a ser desenvolvido junto às instituições.

Diversos fatores abrangem a dificuldade de aprendizagem e outras

áreas também, trazendo mais uma vez a eficácia da atuação do

psicopedagogo na relação família-escola, desenvolvendo no sujeito autonomia,

responsabilidade, independência, a possibilidade de resolver os próprios

problemas, aprender a lidar com as frustrações da vida, e o respeito por si

próprio. O psicopedagogo está sempre evoluindo, buscando aprender,

refletindo sua prática, em busca de novos caminhos e possibilidades.

Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma da relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio (BOSSA, 2000, p. 22).

Para Brambatti (2010), “Portando, a psicopedagogia, pode fazer um

trabalho entre os muitos profissionais, visando à descoberta e desenvolvimento

das capacidades da criança”. Podemos citar este profissional como um aliado,

da escola e da família.

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CONCLUSÃO

Nos dias atuais, a busca pelo sentido da família principalmente no

resgate de seus valores, deve ser algo que merece uma reflexão. É essencial

buscar seu conceito suas origens e mudanças ao longo dos séculos, para

tentar resgatar seu verdadeiro sentido, o de acolhedora, protetora, aquela que

se une para proporcionar a vida. A instituição família, sua importância, é

discutida, nas políticas públicas, definindo sua formação, seus direitos e

deveres em seu seio familiar, e na escola, ela é lembrada, quando se fala de

sua importância como base na vida do aluno.

As transformações foram muitas, ela já foi numerosa, hoje se reduz

a poucos membros, já teve diversos arranjos, porém apesar de pequena em

números de membros, sua importância ainda é muito grande na vida da

criança, e cada vez mais sua participação é exigida no cotidiano escolar.

Educar é uma responsabilidade muito grande, é muito comum as

pessoas, transferirem suas responsabilidades, talvez por medo de falhar ou por

não querer mesmo ser o responsável por um determinado dever. Em alguns

casos como da educação, a falta de tempo, ou “isso não é obrigação minha”,

são as falas mais comuns, entre pais e professores, afinal de quem o dever de

educar? Da escola ou da família? Neste estudo ficou bem claro, que a

obrigação é de ambas, porém cada uma tem seu papel, uma não pode

cumprira função da outra.

Os pais não possuem uma porcentagem maior em seu dever de

educar, nem a escola, é necessário um equilíbrio, que cada instituição tenha

ciência de seu papel e o cumpra com responsabilidade. A família não pode

substituir a escola, nem a escola substituí-la, ambas possuem seu valor e seu

lugar na vida da criança ou do adolescente, o que elas precisam é entender

que juntas elas se completam formam um só corpo. Portanto o dever de educar

é de ambas.

Quando falamos em aprendizagem, tudo se volta para a instituição

escolar, esquecendo que a família também faz parte da mesma. O estilo de

vida sua formação, estrutura emocional, condições financeiras junto com tipo

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de moradia, sua formação, se é constituída por pai mãe e irmão, ou como é

muito comum, lares onde o chefe da casa é apenas a mãe, ou pode ser

formado por pessoas do mesmo sexo. Parece que não, mas tudo influencia na

aprendizagem escolar, seja de forma positiva ou negativa.

Enfim, uma das formas onde os pais têm grande influência na

aprendizagem da criança, é em sua participação no cotidiano escolar, quando

os mesmos não são ausentes, estudam com a criança, vão as reuniões, estão

cientes de tudo que acontece na escola, em alguns casos eles são omissos

sem se dar conta, por falta de orientação da própria escola. A estrutura

emocional da família é outro fator muito agravante, no desempenho escolar da

criança.

Pelo fato das famílias não serem tão presentes na vida de seus

filhos, muitas dessas crianças tem caminhado a passos largos em direção ao

fracasso escolar. É claro que ela não é a única a promover ou facilitar o

fracasso. Porém estudos mostram que quando o assunto é fracasso escolar, a

família logo é citada, quando o assunto é sucesso também.

A omissão não é a única forma de levar o aluno ao fracasso, quando

a mesma vê a escola e os professores com maus olhos também, a criança

precisa confiar na escola nos professores, e quem transmite essa confiança

são os pais. Embora alguns autores neguem a existência do fracasso escola,

ele é um fato na sociedade!

Apesar da falta de interesse com relação à aprendizagem de seus

filhos, elas ainda esperam que seus filhos sejam bem educados, que a escola

represente sua segunda casa, que sejam preparados para a vida e para o

mercado de trabalho, ainda veem a escola com bons olhos, aquela que pode

proporcionar o aprendizado.

A família já passou por inúmeras crises, e há autores que acreditam

que no momento ela está em crise, devido a sua falta de estrutura familiar, e

devido às mudanças, fica mais difícil os pais participarem da vida escolar dos

filhos.

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O objetivo desse trabalho foi salientar a importância da família na

participação da aprendizagem. Concluiu-se então ser indispensável sua

participação no cotidiano escolar, que sua ausência gera uma série de

problemas na aprendizagem da criança, e até emocionais, um desses

problemas o fracasso escolar. Embora exista resistência em se aproximar a

escola da família, a escola precisa criar mecanismos para uma parceria com a

família, a iniciativa deve ser da escola, ambas precisam ir em direção ao

mesmo objetivo. Ainda foi ressaltado a importância da participação do

psicopedagogo nessa relação tão complicada. Sua contribuição nos conflitos

que envolvem escola, família e aluno. As atribuições do trabalho do

psicopedagogo, quando há sua intervenção, o olhar da família e da escola sob

a criança muda completamente, vendo aquela dificuldade não como uma

deficiência, mas algo que pode ser tratado e superado. As dificuldades na

relação escola-família são muitas e sempre irão existir, por parte da escola ou

da família, contudo cabe à escola e a família quebrarem as barreiras de

preconceitos, para que problemas tais como: dificuldade de aprendizagem,

fracasso escolar e falta de comunicação, sejam minimizados e diluídos, que

ambas possam encontrar o caminho de uma convivência baseada na

cooperação e na busca de soluções, que ajudem o aluno a vivenciar o

processo de aprendizagem seguro e confiante. Entendemos ainda, que tal

parceria requer um investimento, no sentido de formação tanto dos professores

quanto das famílias, que por conta das mudanças socioeconômicas e culturais

se perderam no exercício de suas funções. A criação de um espaço que

provoque reflexões sobre o papel de cada uma na sociedade pode ser um

caminho promissor. Portanto considera-se importante e fundamental a

participação da família no processo de aprendizagem escolar.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDOCATÓRIA 04 RESUMO 05 METOFOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPITULO I O CONCEITO DE FAMILIA 10 1.1. Educar é responsabilidade da família ou da escola 12 CAPITULO II A FAMÍLIA E A APRENDIZAGEM ESCOLAR 17 2.1. A omissão da família e o fracasso escolar 21 2.2. O que a família espera da escola? 26 CAPITULO III A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO COTIDIANO ESCOLAR 28 3.1. A parceria escola-família 32 3.2. As dificuldades encontradas na relação escola-família 39 3.3. A relação família-escola e o psicopedagogo 41 CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 47