A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGEM COMO FERRAMENTA DA … · necessidade da mudança de conceitos e...

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1 Rev FacUnicamps Cien A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGEM COMO FERRAMENTA DA GESTÃO AMBIENTAL SANTOS, Gledson Alves dos 1 SOUZA, Adelson Pereira de 1 LIMA JR, Geraldo Lopes de 2 RESUMO Este artigo visa demonstrar a importância da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental. No decorrer do trabalho é apresentada por diversos autores a gestão ambiental como uma nova forma de pensar a organização, com foco em resultados sustentáveis, em uma gestão que se preocupe com o meio em que as organizações estão inseridas e que vise garantir acesso a qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. Dentre os mecanismos ao se adotar este tipo de gestão, a reciclagem se apresenta como uma ferramenta indispensável no processo de frear o avanço da degradação dos recursos naturais, desencadeando benefícios tanto para as organizações quanto para a sociedade. Neste sentido para que ocorra uma integração nos objetivos que envolvem empresas, sociedade e governo é necessário a mudança de conceitos e hábitos relacionados as questões ambientais, a fim de chegar a uma conscientização da necessidade de preservação dos recursos primários. Estes questionamentos vão sendo respondidos no decorrer do trabalho através de estudos bibliográficos e de pesquisa de campo aplicada no condomínio residencial Aldeia do Vale em Goiânia. Palavras-Chave: Gestão Ambiental. Reciclagem. Conscientização Ambiental. ABSTRACT This article aims to demonstrate the importance of recycling as a tool for environmental management. In the course of the work, several authors present environmental management as a new way of thinking about the organization, focusing on sustainable results, a management that is concerned with the environment in which the organizations are inserted and that aims to guarantee access to quality of life for present and future generations. Among the mechanisms by adopting this type of management, recycling is an indispensable tool in the process of slowing the progress of the degradation of natural resources, unleashing benefits for both organizations and society. In this sense, in order to achieve integration in the objectives that involve companies, society and government, it is necessary to change concepts and habits related to environmental issues, in order to reach an awareness of the need to preserve primary resources. These questions are being answered throughout the work through bibliographical studies and field research applied in the Aldeia do Vale residential condominium in Goiânia. Keywords: Environmental Management. Recycling. Environmental awareness. INTRODUÇÃO Para atender a demanda dos novos consumidores, cada vez mais, as organizações necessitam se desdobrar afim de garantir uma boa participação no mercado globalizado. Um dos grandes desafios da atualidade diz respeito a preservação dos recursos naturais, tendo em vista a crescente conscientização por parte da sociedade em relação aos aspectos ambientais, estes novos consumidores acabam exigindo ainda mais das organizações um posicionamento gerencial que adote as questões ambientais em sua estratégia. Diante destas questões cabe a pergunta: qual a contribuição da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental? Como resposta a essa problemática ambiental no que tange a preservação dos recursos primários, a reciclagem surge como alternativa fundamental no processo de reutilização de materiais, minimizando a exploração de novos recursos, diminuído o descarte junto ao meio ambiente e estabelecendo uma nova fonte de renda. Além desses benefícios deve-se destacar 1 Graduando do curso de Bacharelado em Administração, Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E-mail: [email protected] 2 Orientador, Mestre. Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E-mail: [email protected]

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Rev FacUnicamps Cien

A IMPORTÂNCIA DA RECICLAGEM COMO FERRAMENTA DA GESTÃO

AMBIENTAL SANTOS, Gledson Alves dos

1

SOUZA, Adelson Pereira de1

LIMA JR, Geraldo Lopes de2

RESUMO Este artigo visa demonstrar a importância da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental. No decorrer do

trabalho é apresentada por diversos autores a gestão ambiental como uma nova forma de pensar a organização,

com foco em resultados sustentáveis, em uma gestão que se preocupe com o meio em que as organizações estão

inseridas e que vise garantir acesso a qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. Dentre os

mecanismos ao se adotar este tipo de gestão, a reciclagem se apresenta como uma ferramenta indispensável no

processo de frear o avanço da degradação dos recursos naturais, desencadeando benefícios tanto para as

organizações quanto para a sociedade. Neste sentido para que ocorra uma integração nos objetivos que envolvem

empresas, sociedade e governo é necessário a mudança de conceitos e hábitos relacionados as questões

ambientais, a fim de chegar a uma conscientização da necessidade de preservação dos recursos primários. Estes

questionamentos vão sendo respondidos no decorrer do trabalho através de estudos bibliográficos e de pesquisa

de campo aplicada no condomínio residencial Aldeia do Vale em Goiânia. Palavras-Chave: Gestão Ambiental. Reciclagem. Conscientização Ambiental.

ABSTRACT This article aims to demonstrate the importance of recycling as a tool for environmental management. In the

course of the work, several authors present environmental management as a new way of thinking about the

organization, focusing on sustainable results, a management that is concerned with the environment in which the

organizations are inserted and that aims to guarantee access to quality of life for present and future generations.

Among the mechanisms by adopting this type of management, recycling is an indispensable tool in the process

of slowing the progress of the degradation of natural resources, unleashing benefits for both organizations and

society. In this sense, in order to achieve integration in the objectives that involve companies, society and

government, it is necessary to change concepts and habits related to environmental issues, in order to reach an

awareness of the need to preserve primary resources. These questions are being answered throughout the work

through bibliographical studies and field research applied in the Aldeia do Vale residential condominium in

Goiânia. Keywords: Environmental Management. Recycling. Environmental awareness.

INTRODUÇÃO

Para atender a demanda dos novos consumidores, cada vez mais, as organizações

necessitam se desdobrar afim de garantir uma boa participação no mercado globalizado. Um

dos grandes desafios da atualidade diz respeito a preservação dos recursos naturais, tendo em

vista a crescente conscientização por parte da sociedade em relação aos aspectos ambientais,

estes novos consumidores acabam exigindo ainda mais das organizações um posicionamento

gerencial que adote as questões ambientais em sua estratégia. Diante destas questões cabe a

pergunta: qual a contribuição da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental?

Como resposta a essa problemática ambiental no que tange a preservação dos recursos

primários, a reciclagem surge como alternativa fundamental no processo de reutilização de

materiais, minimizando a exploração de novos recursos, diminuído o descarte junto ao meio

ambiente e estabelecendo uma nova fonte de renda. Além desses benefícios deve-se destacar

1Graduando do curso de Bacharelado em Administração, Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E-mail: [email protected] 2Orientador, Mestre. Faculdade Unida de Campinas-FacUnicamps. E-mail: [email protected]

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também o papel social desencadeado pela geração de emprego a pessoas que em sua maioria

não teriam outras oportunidades no mercado de trabalho. Este projeto visa apresentar a

necessidade da mudança de conceitos e paradigmas em um âmbito geral, que envolva todas as

dimensões da sociedade no que diz respeito à preservação e conservação dos recursos

naturais. Através deste, mostrar como as organizações estão se movimentando em relação a

esse novo mercado e suas exigências e qual a importância da reciclagem como ferramenta da

gestão ambiental.

Para chegar ao objetivo proposto que é demonstrar a importância da reciclagem como

ferramenta da gestão ambiental, o trabalho apresenta em sua estrutura a seguinte composição:

No primeiro tópico é apresentado a origem da gestão ambiental, sua evolução e principais

conceitos. No segundo tópico é abordado o surgimento do termo reciclagem, as primeiras

formas de utilização, o crescimento e fortalecimento da ideia até chegar nos dias atuais,

demonstrando seus conceitos e formas de utilização. O terceiro tópico traz os benefícios ao se

adotar uma gestão ambiental, tanto para as organizações na redução de custo, criação de uma

imagem verde, e o diferencial competitivo. E para a sociedade, com a geração de novos

empregos, inserção social e qualidade de vida. O quarto tópico aborda a metodologia aplicada

no desenvolvimento do trabalho, em primeiro momento foi utilizado a pesquisa bibliográfica

que traz os principais conceitos sobre os pontos principais do artigo, gestão ambiental e

reciclagem, posteriormente foi aplicado uma pesquisa de campo afim de responder de forma

prática as questões que motivaram a elaboração do trabalho. O quinto tópico apresenta a

pesquisa de campo, realizada no condomínio residencial Aldeia do Vale na cidade de Goiânia,

com exemplos gráficos dos resultados obtidos em campo. O sexto tópico traz o estudo dos

dados obtidos em campo, através do método de comparação, no qual foram feitas analises

entre o material bibliográfico e o resultado da pesquisa de campo. O sétimo tópico traz as

considerações, as respostas para os questionamentos levantados, a conclusão da ideia e do

objetivo proposto.

Como profissionais do campo da administração, nossa intenção é mostrar que a gestão

ambiental é uma grande força a ser usada para o desenvolvimento sustentável deste país,

refletindo diretamente na qualidade de vida da população por meio da prevenção e do uso

consciente dos recursos naturais, desencadeando uma conscientização em todos os níveis da

sociedade, das empresas e do governo.

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1 ORIGEM DA GESTÃO AMBIENTAL.

Dias (2011), traduz o surgimento da gestão ambiental a partir dos problemas

ambientais, causados pelo homem na busca pela qualidade de vida, interferindo diretamente

de forma destruidora no ambiente natural, com a finalidade de atender o crescimento

populacional e das necessidades básicas que a vida em sociedade exige. O autor faz um

paralelo desde o princípio das civilizações, abordando o estilo de vida do ser humano com

início na pré-história, mostrando a facilidade de adaptação do homem em relação ao meio

mesmo em ambientes distintos como, o frio Antártico ou o exaustivo calor do deserto

desenvolvendo ferramentas para superar suas limitações. Para Barbieri (2007), os problemas

ambientais, por mais variados que sejam surgem primeiro, do uso do meio ambiente como

fonte de recursos para a subsistência humana e segundo como recipiente de resíduos da

produção e consumo. Estes problemas são ocasionados pelo modo como o ser humano se

interage em relação a natureza.

Segundo Dias (2010), há cerca de 8.000 anos atrás o homem aprendeu a domesticar

animais e a plantar sementes selecionadas. Essas duas novas atividades, domesticação de

animais e técnica de cultivo, provocaram uma revolução na história da humanidade (uma

revolução agrícola), se caracterizando na primeira grande revolução cientifico-tecnológica, a

partir daí são criadas as primeiras aldeias e civilizações. Porém quanto maiores as

aglomerações humanas, maiores e mais destrutivas também se tornariam do ponto de vista

ambiental, tendo como exemplo a civilização Romana, que foi na antiguidade a que mais

criou espaços urbanos em todo mediterrâneo e também a que mais contribuiu para a

diminuição da diversidade do meio ambiente, principalmente de animais predadores usados

como atração nas inúmeras arenas que existiam nas cidades

A partir do Século XVIII, ocorre a segunda grande revolução tecno-científica a Segunda

Guerra Mundial, também conhecida como revolução industrial. Tendo início na Inglaterra,

promoveu o crescimento econômico e contribuiu para a criação de uma perspectiva de maior

geração de riquezas e qualidade de vida. Porém, juntamente com o desenvolvimento industrial

cresciam os problemas inerentes as necessidades da produção industrial, como a alta

concentração populacional, o consumo excessivo de recursos naturais incluindo alguns não

renováveis (petróleo e carvão mineral), contaminação do solo, das aguas, desflorestamento

entre outros. (DIAS, 2010).

A visão errada de que os recursos naturais eram inesgotáveis e se manteve durante todo

século XVIII e grande parte do século XIX. Motivados pelo lançamento do livro Silent Spring

(Primavera Silenciosa) em 1962 pela escritora Rachel Carson. O livro expõe os perigos do uso

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de um inseticida, o DDT. O livro tem o objetivo de alertar as pessoas a reagir contra o abuso

do uso dos inseticidas químicos. A sua publicação soou como um alarme e despertou em anos

seguintes intensa fiscalização por parte dos países preocupados com os danos causados ao

meio ambiente; neste contexto a poluição surge como um dos grandes problemas ambientais

no mundo.

Esse conceito equivocado do homem em relação ao meio ambiente só começou a ser

questionado, quando começaram a ser evidenciados os riscos do esgotamento dos recursos

naturais e dos processos de deterioração do meio ambiente. A partir daí deu-se início a uma

série de encontros, conferências, tratados e acordos assinados pelos países que tinham como

objetivo a mudanças de conceitos e do grande perigo que o mundo estava correndo.

Para Dias (2010), os fatores que levaram a aceleração do problema ambiental foram à

intensificação da industrialização e o consequente aumento da capacidade de intervenção do

homem na natureza. E que esse conflito entre crescimento econômico e preservação ambiental

prevalece até os dias atuais fazendo parte da pauta obrigatória da maior parte dos encontros

mundiais tornando-se uma preocupação crescente na maioria das organizações que não

querem ser vistas como vilãs da sociedade.

A partir da década de 60, começaram as mudanças em relação as emissões de materiais

poluentes, e com isso os recursos naturais passaram a ser mais valorizados. Para Seiffert

(2009), esta preocupação materializou-se através de uma série de eventos de grande

importância para melhoria do controle ambiental nos ecossistemas urbanos, que levaram ao

amadurecimento dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Em 1968, autoridades de

governos e lideres ambientalistas de dez países se reuniram em Roma na Itália, com o

objetivo de discutir os dilemas atuais e futuros do homem. Deste encontro surgiu o clube de

Roma, cuja finalidade era promover o entendimento dos aspectos econômicos, políticos,

naturais e sociais que formam o sistema global. Em 1972 foi publicado um relatório através

do clube de Roma, chamado Os Limites do Crescimento, e através de cálculos matemáticos

foram feitas projeções de crescimento populacional, poluição e esgotamento dos recursos

naturais da terra. De acordo com Seiffert (2009), os países desenvolvidos, defendiam um

programa internacional voltado para conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta,

pregando que medidas preventivas teriam que ser implementadas imediatamente, evitando um

grande desastre no futuro.

Na mesma década passou a ser exigida nos EUA, a realização de estudos de impacto

ambiental (EIA) como um pré-requisito à aprovação da instalação de

empreendimentos potencialmente poluidores. Esta foi a primeira regulamentação

criada que apresentava um enfoque eminentemente preventivo em contraste com as

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demais criadas na mesma década, em geral de caráter corretivo (SEIFFERT, 2009,

p.13).

Em 1972 em função da crescente preocupação ambiental, a ONU (Organização das

Nações Unidas), realizou na capital da Suécia, Estocolmo, a conferencia das nações unidas

sobre o meio ambiente humano, que apresentou como resultado uma declaração e um plano

de ação com 109 recomendações, sendo criado também a partir deste encontro o (PNUMA),

Programa da Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente, encarregado de monitorar o avanço dos

problemas ambientais no mundo.

Na década de 80, a Assembleia Geral da ONU, criou a Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD). Como reflexo do acentuado nível das

preocupações ambientais, foi solicitado a criação de uma agenda global para a mudança. Em

muitos países foram criadas leis de regulamentação de atividade industrial e poluição, que

nesta mesma década impulsionou a formalização e obrigação de estudos de impacto ambiental

com relatórios sobre o meio ambiente. Em 1987, é publicado o “Relatório de Brundtland,

intitulado “Nosso futuro comum” (Our common future), o relatório define as premissas do

que seria o desenvolvimento sustentável, o qual contém dois conceitos bases: primeiro as de

“necessidade, principalmente as essenciais dos pobres no mundo”. E segundo “a noção das

limitações que a tecnologia e das organizações impõem ao meio ambiente, influenciando as

gerações presentes e futuras. Para Seiffert (2009), os impactos ambientais passaram a ser

contemplados a partir dessa década com acordos internacionais. Em setembro de 1987 vinte e

quatro países juntamente com a Europa assinaram o Protocolo de Montreal, que traz o uso de

substâncias que reduzem a camada de ozônio. O tratado propunha restrições amplas a

produção e ao uso de CFCs, como também dos halons, outro grupo de produtos químicos

destruidores da camada de ozônio.

A década de 90 ficou marcada pela Agenda 21, uma conferência realizada na cidade do

Rio de Janeiro, Brasil. Intitulada como Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(CNUMAD), onde se popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável, tornando as

questões ambientais e de desenvolvimento totalmente ligadas. Tratada como tentativa de

promover em escala planetária um novo padrão de desenvolvimento que agrupe a questão

ambiental, a sociedade e a economia. Participaram governos e instituições civis de 179 países

o que constituiu a maior e mais ousada tentativa de promover um novo padrão de

desenvolvimento sustentável. Teve como função servir de modelo para que cada pais

desenvolva suas ações e agenda 21 nacional, compromisso assumido por cada pais

participante.

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O século XXI ficou evidenciado pela criação da Cúpula Mundial Sobre o

Desenvolvimento Sustentável (CMDS) definido como Rio +10, ocorrido em Johanesburgo,

África do Sul. Com o objetivo de avaliar a situação do meio ambiente global, foram criados

dois documentos oficiais a partir do encontro: a Declaração Política e o Plano de

Implementação. O primeiro tinha como objetivo estabelecer condições políticas e assistência

financeira aos países em desenvolvimento. O segundo propunha a erradicação da pobreza, a

mudança nos padrões de produção e consumo, e proteção dos recursos naturais.

Assim como aconteceu em todo o mundo no Brasil não fora diferente, a partir da década

60 com o aumento da indústria e da população nas áreas urbanas, culminou com a

intensificação dos impactos ambientais, ocasionados por esses fatores. Principalmente nas

áreas mais industrializadas a questão ambiental começou a ser sentida com mais intensidade.

Como reflexo foram criados vários órgãos de regulamentação e fiscalização ambiental como:

o Estatuto da Terra em (1964), o novo Código Florestal Brasileiro (1965), e a lei de Proteção

a Fauna em (1967). Com base na Conferência de Estocolmo (1972), o governo brasileiro

criou a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e no ano de 1981 o Congresso Nacional,

sancionou a Lei n. 6.938, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente

(NASCIMENTO, 2012).

2 A ORIGEM DA RECICLAGEM.

Segundo Strasser (2009), a história da reciclagem se deu através dos antigos egípcios

em 2100 a.C. A parte mais pobre da população coletava o lixo dos ricos, levando o mesmo até

um local adequado. Em meados de 500 a. C. na cidade de Atenas foi assinado um decreto, em

que os dejetos deveriam ser transportados a dois quilômetros de distância. Em 200 a. C. cria-

se então o primeiro serviço de coleta de lixo de rua através dos romanos; já em 1031 no Japão

foi criado um sistema de reutilização de matéria- prima do papel. Em 1690 na Filadélfia

começou a reciclagem a partir de fibras de trapos velhos, de algodão e outros tecidos. Em

1810 os ingleses diante de longa jornada rumo à guerra ganharam um novo invento criado por

Nicholas Appert, uma lata de metal onde os soldados pudessem armazenar uma quantidade

maior de comida. Em 1853 começa então o uso de caixas de papelão na armazenagem de

diversos produtos. No início de 1865 inicia-se então um exército de salvação, só que desta vez

para empregar pessoas mais pobres na coleta e reciclagem de materiais usados.

No ano de 1874 é criado então o serviço de incineração do lixo em uma pequena parte

da Inglaterra. Em Nova York no ano de 1897 iniciou-se o primeiro ponto de reciclagem de

materiais como, tecido, cordas e outros. Em 1904 na cidade de Chicago foi fundado o

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primeiro centro de reciclagem de alumínio; na década de 50 surgem outras fontes de matérias-

primas como resinas plásticas, derivadas de petróleo, aumentando e muito o campo dos

recicláveis. Só em 1968 que a indústria de lata de ferro e alumínio passam a ver a grande

importância do reaproveitamento de matéria prima, implantando então um programa de

reciclagem; nos Estados Unidos foi lançado uma campanha denominada “Bem the Can”

(Elimine as Latas). Com a intenção de diminuir o lixo, em 1972 os astronautas da Apollo 17

levam a público a primeira imagem da terra que, foi utilizada pelos ambientalistas na intenção

de mostrar a necessidade de preservação do planeta terra (STRASSER, 2009).

Em 1973 começa então o uso da garrafa pet, reutilizando matéria prima para fabricação

das garrafas; a reciclagem começa em 1977, ganhando força em 1991, quando as empresas de

refrigerantes passaram a usar o material em uma escala maior. No Brasil, o bairro de São

Francisco na cidade de Niterói deu início a primeira experiência de coleta de lixo em 1985.

Em São Paulo no ano de 1989 nasce a primeira cooperativa de catadores de matérias

recicláveis do País. No final do Séc. XX, com a chegada de novas tecnologias, aumenta o

reaproveitamento de matéria prima para fabricação de um nicho maior de produtos

recicláveis; em 2007 cooperativas de catadores são reconhecidas através da Lei Nacional de

saneamento básico como agentes de saneamento; já em 2008 o Brasil passou a reciclar algo

em torno de 12% do lixo urbano (140 mil ton/dia). Com isso o Brasil fica entre os maiores do

mundo na reciclagem de alumínio, papelão, plástico tipo PET e longa vida.

De acordo com Strasser (2009), A reciclagem no mundo se deu na década de 1940 nos

Estados Unidos da América, quando a economia norte-americana se voltou totalmente para a

produção bélica, no entanto, a população civil empenhava em servir a indústria de matérias-

primas, inclusive, no Brasil campanhas governamentais incentivavam os cidadãos, a doarem

jornais velhos, panelas, vasilhames de leite, restos de alumínio, pneus, enfim, tudo que

pudesse ser reutilizado para o esforço da guerra.

O estímulo a reciclagem de materiais durante a guerra foi excepcional, porém, não era

estranho à cultura do século 20. No período anterior ao “boom econômico” que se seguia a

segunda guerra mundial, não existia o consumo em massa, e bens hoje fartamente adquiridos

eram raros. (STRASSER, 2009).

Ainda segundo a autora, a palavra reciclagem voltou a fazer parte do vocabulário na

década de 1990. Não nos mesmos moldes do início do século XX ou do período da segunda

guerra mundial, mas levando em conta essas preocupações mais recentes. A partir da

iniciativa de alguns países, como Japão, Alemanha, e Canadá, ganhou força o conceito dos

três Rs – reduzir, reutilizar e reciclar. Traduzido significa reduzir a geração de resíduos

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mediante novos hábitos na hora da compra e técnicas industriais; reutilizar embalagens e

outros produtos de uso cotidiano, retardando o descarte; e por fim reciclar o material

descartado após o consumo, transformando os seus componentes em matéria-prima industrial

para a fabricação de novos produtos.

De acordo com a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP, 2009), no

Brasil os primeiros vestígios de reciclagem ocorreram 1986, quando catadores de lixo tinham

ordem para encaminhar garrafas, ferros, folhas e outros materiais para fábricas e locais que

seriam reutilizados. Mas as preocupações em relação aos problemas trazidos pelo lixo

excessivo no meio ambiente ganharam força em 1920, devido às aglomerações e divulgações

que vinham sendo realizadas por países estrangeiros que, realizavam a reciclagem do lixo, no

interesse de que era um bom rendimento econômico que a reciclagem resultava.

2.1 CONCEITOS E MODELOS DE UTILIZAÇÃO DA RECICLAGEM.

Desde o surgimento da reciclagem no Brasil e no mundo, discute- se a questão do meio

ambiente, mas o que se vê é muito mais que isso, pois essa geração vivencia a era do consumo

desordenado, onde as pessoas consomem apenas por prazer, sem preocupar-se com mais nada

a sua volta. A grande quantidade de lixo descartado ao meio ambiente é um problema comum

tanto nos países ricos como pobres; mais da metade do lixo das cidades são gerados dentro

das residências, um problema que deve ser enfrentado por todos já que cada pessoa produz em

média um quilo e trezentos gramas de lixo por dia. De acordo com Weinberg (2007), a cidade

brasileira campeã no quesito reciclagem é Curitiba (PR), com um serviço de caminhões que

recolhe apenas o lixo seco levando a um processo muito mais limpo e tornando o preço bem

mais atrativo nas indústrias de reciclagem, melhorando o sistema de coleta com um baixo

custo do serviço, de forma que a cidade envolvida com a reciclagem ganhe nos custos do

tratamento do material reciclável.

Para Garcez e Garcez (2010), a reciclagem é uma nomenclatura utilizada, para

demostrar à importância do reaproveitamento de muitas matérias-primas, diminuído assim a

grande quantidade de material a ser descartado nos aterros ou a incineração. Ainda segundo as

autoras, na compreensão sobre a reciclagem é importante a mudança de conceito de lixo,

deixando de pensar em uma coisa suja e inútil e visualizando o alto lucro que este tipo de

material pode gerar tanto para as pessoas físicas como jurídicas, e para isso basta que seja

feita a separação adequada do lixo. Donaire (2011), afirma que é possível uma organização

assimilar a obtenção de lucros, respeitando o meio ambiente e a sociedade, desde que as

empresas adotem certa dose de criatividade e condições internas que, possam transformar as

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restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócio. Ainda segundo o autor entre

essas oportunidades aparece a reciclagem de materiais que tem trazido uma grande economia

de recursos para as empresas.

Para Borges (1999), a reciclagem é uma boa solução para resolver os problemas do lixo

nas grandes metrópoles, mediante medidas adotadas a cada dia, fazendo que aumente a

quantidade de material recolhido; nos Estados Unidos da América 25% de todo lixo

produzido são reciclados, reduzindo bem a poluição ambiental; são vários tipos de materiais

enviados para reciclagem como vidro, lata, plástico, papel, papelão e componentes

automotivos. Para o Instituto Ethos (2007), no Brasil o grande volume de matéria prima é

proveniente do trabalho de catadores em condições precárias, e através da coleta seletiva

realizada pelas associações um pouco mais organizada, ainda através das indústrias com

processos próprios, ou por terceiros dentro de uma estrutura tradicional da cadeia de

reciclagem como setores formais e informais da economia.

3 A IMPORTANCIA DA GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES.

Diante do cenário que se criou nas últimas décadas em relação às necessidades de

mudança global no que diz respeito às questões de preservação dos recursos naturais, e do

crescente impacto ambiental causado pelo aumento da população mundial e da demanda de

recursos naturais, em grande parte não renováveis, despertou-se a necessidade da criação de

políticas de desaceleração de agressão ao meio ambiente.

Devido à crescente importância dada aos aspectos de responsabilidade ambiental, as

organizações não podem mais deixá-los de fora do seu planejamento estratégico, pois, além

de interferirem diretamente nos custos de produção, os problemas decorrentes de uma má

gestão ambiental podem interferir até na continuidade do processo produtivo (Dias, 2011).

Para Tachizawa (2011), na medida em que as organizações tem que atender as

necessidades e expectativas de clientes e do mercado que estão inseridas, deve-se dar atenção

especial ao impacto das variáveis ambientais na composição das estratégias coorporativas. Já

para Barbieri (2007), uma das fontes que mais vem pressionando as empresas em relação a

responsabilidade ambiental, tem sido a consciência dos consumidores que, cada vez mais

buscam a utilização de produtos ambientais saudáveis, exigindo uma visão mais ampla por

parte das organizações e práticas que diferencie os produtos e serviços pelo seu desempenho

ambiental.

Este novo conceito econômico fica caracterizado pela nova postura dos consumidores

em relação às organizações que se preocupam e praticam politicas ecologicamente

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responsáveis, e que atendam às exigências legais impostas pelo governo no que diz respeito

aos aspectos ambientais. Para corresponder a essas exigências tanto legais quanto dos

consumidores, as organizações com visão moderna estão incorporando em suas estratégias a

Gestão Ambiental, com o objetivo de aumentar sua participação de mercado, como nova fonte

de renda e de diferencial competitivo. Podem-se apresentar diversas definições para o termo

gestão ambiental, segundo alguns conceitos mais utilizados.

Para Dias (2011), gestão ambiental denomina-se pela gestão empresarial, voltada para

evitar possíveis problemas para o meio ambiente. Em outras palavras é a gestão cujo

objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a carga suportada pelo

ambiente que a organização está inserida.

Segundo Barbieri (2007), gestão ambiental é um conjunto de diretrizes e atividades

administrativas e operacionais que, tem o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio

ambiente, reduzindo ou eliminando os danos causados pelas organizações.

De acordo com Tachizawa (2009), a gestão ambiental surge como uma resposta natural

das empresas ao novo cliente, o consumidor verde e ecologicamente correto. O autor enfatiza

a necessidade que as organizações têm de partilhar um objetivo comum, e não um conflito,

entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

Segundo Barbieri (2007) para uma solução mais prática dos problemas ambientais, os

empresários e administradores devem considerar o meio ambiente como ponto de decisão,

adotando parâmetros administrativos e tecnológicos que, possam contribuir para uma melhor

aplicação e capacidade de suporte ao planeta; em outras palavras, mostrar que as empresas

deixem de ser causadoras do problema e passem a ser solução. Com base nos conceitos

apresentados pelos autores citados, pode-se definir a gestão ambiental como sendo a

preocupação da gestão organizacional com os impactos que suas atividades podem ocasionar

ao meio em que está inserida, e de que forma as empresas podem contribuir para minimizar a

exploração de novos recursos e desastres ao meio ambiente.

Segundo Tachizawa (2009), para que possa haver uma inclusão da proteção ambiental

nos objetivos estratégicos das organizações, é necessário que administradores, executivos e

empresários ampliem seus conceitos sobre administração, e pensem em novos programas de

inovações ecológicas como ferramenta da gestão ambiental, tais como: Utilização da

reciclagem, medidas para poupar energia e água entre outros.

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3.1 OS BENFECIOS OBITIDOS ATRAVÉS DA GESTÃO AMBIENTAL

3.1.1 NAS ORGANIZAÇÕES

A prática da gestão ambiental desenvolvida pelas organizações, a princípio pode refletir

apenas na obrigatoriedade de se cumprir os regimentos impostos pelo governo através das

leis, e de atender as questões levantadas por ambientalistas, porém as empresas que se

antecipam a essas questões legais e estão dispostas a investirem em uma gestão que leve em

conta os aspectos ambientais, podem obter outros benefícios significativos para sua

sobrevivência e diferenciação do seu negócio. Na medida em que aumentam o interesse dos

vários grupos ligados a questão ambiental, tais como: trabalhadores, ambientalistas,

consumidores, investidores e governo. Com isso, pode-se apresentar como benefícios da

gestão ambiental corporativa, diversos pontos que merecem destaque como veremos a seguir.

De acordo com Barbieri (2007), a prática da gestão ambiental pode proporcionar os seguintes

benefícios estratégicos para a organização.

-Melhoria da imagem institucional.

-Renovação do portfólio de produtos.

-Produtividade aumentada.

-Maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho.

-Criatividade e abertura para novos desafios.

-Melhores relações com autoridades públicas, comunidades e grupos ambientalistas

ativistas.

-Acesso assegurado aos mercados externos.

-Maior facilidade para cumprir os padrões ambientais.

Para Dias (2010), a adoção da gestão ambiental traz entre outros benefícios, a condição

de se obter uma redução nos custos de produção; incremento na qualidade do produto;

melhoria da imagem do produto e da empresa; a necessidade de inovação; aumento da

responsabilidade social e sensibilização do pessoal interno. Outro fator que deve ser

considerado é a certificação ou selos ecológicos que, podem garantir um grande diferencial

competitivo para a organização.

De acordo com o SEBRAE (2004), são muitas as vantagens obtidas pelas organizações

ao se adotar a gestão ambiental, por exemplo:

-Criação de uma imagem “verde”.

-Acesso a novos mercados.

-Redução de acidentes ambientais e custos de remediação.

-Conservação de energia e recursos naturais.

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-Racionalização de atividades.

-Menor risco de sanções do poder público.

-Redução de perdas e desperdícios.

-Maior economia.

-Facilidade de acesso a financiamentos.

Como foi apresentado, existem diversos benefícios ao se adotar a implantação e prática

de uma gestão ambiental nas organizações, tanto do ponto de vista econômico com a redução

de custos e participação em nichos de mercados emergentes, quanto as questões sociais que

vão além das exigências legais, atendendo a demanda de novos consumidores preocupados

com a questão ambiental, e criando a imagem de uma organização que atende aos aspectos

ambientais, com a preocupação de garantir tanto para as gerações atuais, como para as futuras

uma boa qualidade de vida.

3.1.2 PARA A SOCIEDADE

A abordagem da gestão ambiental traz em sua essência o uso de práticas

organizacionais que, estejam ligadas ao conceito de preservação dos recursos naturais, a fim

de garantir às gerações futuras o acesso a uma boa qualidade de vida. A partir do momento

que esse modelo de gestão é aplicado, é liberada uma série de benefícios para o ambiente

externo das organizações, voltada para a sociedade que cerca a mesma.

Esses benefícios podem ser notados, na medida que a população recebe direta ou

indiretamente os efeitos resultantes da prática de uma gestão ambiental adotada por certa

organização. Eles podem se apresentar de diversas formas, como: na geração de novos

empregos; reinserção de pessoas no meio social; nova fonte de geração de renda;

desenvolvimento social e econômico; melhora a qualidade de vida de um grupo ou

comunidade; geração de expectativa de melhoria de vida, entre outros.

De acordo com o SEBRAE (2004), as vantagens percebidas pelos clientes que,

consomem produtos ou serviços de organizações que, adotem a gestão ambiental em seus

processos organizacionais, são:

-Segurança de estar consumindo produtos ou serviços ambientalmente corretos.

-Possibilidade de acompanhar a vida útil do produto.

-Confiança de estar contribuindo para a conservação dos recursos naturais e redução da

poluição.

-Segurança de estar participando, mesmo que indiretamente, dos esforços dos países-

membros da ONU para solucionar os problemas ambientais do planeta.

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Contudo, além da percepção de consumir produtos que, estão de acordo com os

princípios de sustentabilidade, e a sensação de estarem contribuindo de forma ativa, como

sendo um dos principais agentes na mudança da visão capitalista, faz com que esses novos

consumidores mostrem a sociedade em geral a importância de buscar cada vez mais

organizações que se preocupem com a harmonia entre desenvolvimento econômico e

ambiental.

4 METODOLOGIA

A metodologia como o próprio nome já diz, é o método, o caminho e os meios a serem

percorridos para a realização de um trabalho científico; através dela é possível identificar as

formas de pesquisa, de coleta de dados e de abordagens sobre o tema a ser estudado. Segundo

Kauark (2010), a metodologia cientifica apresenta-se como parte fundamental na elaboração

de um trabalho cientifico, pois ela aborda as principais regras para uma produção cientifica,

fornecendo as técnicas, os instrumentos e os objetivos para um melhor desempenho e

qualidade no projeto a ser desenvolvido.

Para a elaboração deste artigo foram definidas duas linhas de pesquisa. Sendo, a

pesquisa de campo e a pesquisa bibliográfica, necessárias para o alcance do objetivo proposto

no mesmo.

De acordo com Ruiz (2011), a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já

publicada de determinado tema ou estudo. Inclui-se desde livros, publicações avulsas, jornais,

periódicos, boletins, revistas, pesquisas, monografias, teses, etc. Sua finalidade é colocar o

leitor em contado direto com tudo o que já foi escrito sobre determinado assunto. Pretende-se

com a pesquisa bibliográfica, levantar o maior número possível de material bibliográfico

relacionado ao tema abordado.

Segundo Ruiz (2011), a pesquisa de campo é utilizada com o objetivo de levantar

informações ou conhecimento a cerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,

ou de uma hipótese, que se queira confirmar. Os instrumentos usados para a coleta de dados

dentro da pesquisa de campo são: a observação no local escolhido para a pesquisa, a aplicação

de questionário e entrevista com as pessoas envolvidas no ambiente pesquisado. A utilização

deste método na realização deste artigo contribuiu como ferramenta indispensável na coleta

de dados, que posteriormente serão usados para se chegar aos objetivos propostos neste

projeto. O cálculo da amostra da população finita, pode obter respostas assertivas com um

nível de confiança de 95% (noventa e cinco por cento), considerando uma margem de erro de

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05% (cinco por cento), (STEVENSON, 1981). O cálculo do erro de estimação da amostragem

pode ser feito através da fórmula abaixo:

Onde: n = número de elementos da amostra N = número de elementos da população Z

² = nível de confiabilidade

P = proporção de ocorrência da variável Q = proporção de não ocorrência da variável e² = margem de erro Nível de confiabilidade (Z=1,96): 95%

Tabela 1. Cálculo de amostragem para população finita

Fonte: Adaptado de Stevenson (1981).

Neste caso, o número de elemento da população é de 650 (seiscentos e cinquenta), ou

seja, N que é a quantidade de residências habitadas no Condomínio Residencial Aldeia do

Vale na cidade de Goiânia/GO. Assim como o nível de confiança da pesquisa é de 95%

(noventa e cinco por cento), logo apresenta-se Z = 1,96 e a margem de erro é de 05% (cinco

por cento). Neste sentido, aborda-se o cálculo abaixo:

Constata-se que a amostragem que deve ser adotada pela pesquisa, é de pelo menos

66 (sessenta e seis) residências do condomínio residencial Aldeia do Vale. Tal quantitativo

População

Nível de confiança 95%

P 0,95

Q 0,05

Erro (e) 0,05

Z 1,96

N 650

Amostra solicitada ?

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garante a veracidade da pesquisa aplicada, considerando o nível de confiança da pesquisa de

95% (noventa e cinco por cento).

5 PESQUISA DE CAMPO, RESIDENCIAL ALDEIA DO VALE

Após ser abordados os temas principais deste artigo, dando destaque a gestão ambiental

e a reciclagem desde seu princípio, evolução histórica, conscientização dos problemas

causados pelo crescimento populacional e a forma inadequada de tratar o lixo, até chegar à

conscientização da necessidade de mudança de hábitos e conceitos tanto organizacionais

quanto de consumidores. Pretende-se demonstrar através de exemplo prático, utilizando de

pesquisa de campo, como uma organização pode utilizar a reciclagem como ferramenta da

gestão ambiental, com o objetivo de atender e responder a essas questões que se interagem

dentro de um contexto social, econômico e ecológico.

Foi escolhido o Condomínio Residencial Aldeia do Vale na cidade de Goiânia, para

responder de forma prática a problemática levantada e o objetivo proposto na elaboração deste

trabalho. Através de pesquisa de campo realizada no dia 18 de outubro de 2015 no período

das 08:00 as 12:00 horas da manhã, no evento “Primavera em Movimento”, organizado pela

direção do condomínio. Foi aplicado um questionário contendo seis perguntas em 66

residências do condomínio.

Em 1998 chegava no Aldeia o primeiro morador Dr. Antônio César, 16 anos já se

passaram, e o Aldeia do Vale sempre buscou a qualidade ambiental, utilizando das suas

ferramentas uma dessas a reciclagem. Dentre as ferramentas da gestão ambiental, a coleta

seletiva tem sido bastante enfatizada nos dias atuais, e o Residencial Aldeia do Vale desde sua

fundação tem buscado a cada dia, melhorar a aplicabilidade desta ferramenta junto a cada

morador, que separa o material reciclável como papeis, plásticos, vidros e metais que

previamente separados pelos moradores, são destinados para uma cooperativa de reciclagem

sem custo algum para o condomínio numa elogiável ação de responsabilidade social.

Para que a pesquisa fosse possível, foi levado ao conhecimento da diretoria a aplicação

de um questionário contendo 6 perguntas, as quais foram analisadas e posteriormente

autorizadas pela mesma na pessoa do Diretor Presidente Fernando Morais Pinheiro, e

acompanhado pelo o Sr. Eustáquio Teixeira, responsável Tec. Agrícola da área de paisagismo.

As perguntas a seguir demonstram a importância do uso da gestão ambiental e o

envolvimento das partes no processo de reciclagem.

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77,27%

6,06%

16,67%

1

2

3

75,76%

4,55%

19,75%

1

2

3

59,09%34,85%

6,06%

1

2

3

1. Os condôminos percebem as ações práticas da gestão ambiental (por meio da

reciclagem) proposta pela administração do condomínio Figura 1.

Fonte: própria De acordo com o figura 1 de número 1, 77,27% dos condôminos percebem na prática as

ações da gestão ambiental através da reciclagem, 16,67% diz não perceberem estas ações e

6,06% responderam que poucas vezes percebem as ações desenvolvidas.

2. Os moradores compreendem a importância da questão ambiental e estão envolvidos

no programa desenvolvido pelo condomínio?

Figura 2

Fonte: própria A figura 2 demonstra que 75,76% dos moradores compreendem a importância da

gestão ambiental e estão envolvidos, 4,55% não compreendem esta importância e 19,75%

confirmaram que às vezes compreendem esta importância.

3. Em relação aos meios utilizados pelo programa de reciclagem do condomínio os

moradores praticam a separação adequada do lixo?

Figura 3

Fonte: própria

A figura 3 mostra que 59,09% dos moradores praticam a separação adequada do lixo,

34,85% dos moradores não fazem a separação adequada e 6,06% dos moradores as vezes

fazem a separação.

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18,18%

60,61%

21,21%

1

2

3

62,12%16,67%

21,21%

1

2

3

4. Os condôminos tem conhecimento do destino final do material recolhido no

condomínio?

Figura 4

Fonte: própria

A figura 4 demonstra que 18,18% dos moradores tem conhecimento do destino final do

material recolhido, 60,61% não sabem para onde vai o material recolhido e 21,21% às vezes

sabem.

5. Dentre os benefícios gerados pelo programa, tanto a parte administrativa quanto os

moradores percebem o impacto gerado por este trabalho, (Social, Econômico e

Ecológico?).

Figura 5

Fonte: própria

De acordo com o gráfico de número 5, 62,12% dos moradores e administrativo

percebem a importância dos benefícios gerados através do programa de coleta seletiva,

16,67% não sabem a importância e 21,21% às vezes sabem.

6. Você sabe a importância da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental?

Quanto a esta pergunta ficou evidenciado o conhecimento dos moradores que 100% dos

entrevistados responderam sim.

6 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.

O tópico de número 3 trata a importância da gestão ambiental nas organizações, da

necessidade de mudança dos conceitos organizacionais em relação ao meio ambiente. Este

novo conceito econômico é caracterizado, pela postura adotada pelos novos consumidores

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conscientes das questões de preservação dos recursos naturais. Para corresponder a essas

exigências tanto legais como dos clientes as organizações estão incorporando em suas

estratégias a gestão ambiental. Os dados obtidos através da pesquisa de campo, demonstram

na figura 1 que o condomínio residencial Aldeia do Vale consegue desenvolver suas ações de

preservação do meio ambiente onde 77,27% dos moradores percebe as atividades propostas

pelo condômino. O tópico de número 3 item 1.2, aborda os benefícios da gestão ambiental

para a sociedade, demonstrando a percepção dos consumidores em consumir produtos que

estejam de acordo com os princípios de sustentabilidade, afim de garantir as gerações futuras

uma boa qualidade de vida. De acordo com o questionário aplicado, na figura 2 revela que

75,76% dos moradores compreende a gestão ambiental, e eles estão envolvidos com o

programa proposto pelo condomínio, apresentando sua preocupação em garantir a preservação

do meio ambiente e no desenvolvimento de uma educação ambiental.

O tópico de número 2 Item 1, trata os conceitos e modelos de utilização da reciclagem;

Os autores Garcez e Garcez (2010), diz que para que a reciclagem seja melhor compreendida,

é necessário a mudança do conceito que existe em relação ao lixo; o primeiro passo para obter

um melhor aproveitamento, é fazer a separação adequada do mesmo. Este evento fica bem

demonstrado através da pesquisa de campo, onde 59,09% dos moradores pratica a separação

do lixo em suas residências como apresenta a figura 3.

É relatada também no tópico de número 3, uma nova visão por parte dos consumidores

em relação aos produtos e serviços oferecidos pelas organizações, exigindo das empresas uma

mudança em suas estratégias. Porem percebe-se que essa mudança no comportamento dos

consumidores ainda tem muito a desenvolver, tendo em vista o gráfico de n° 4 referente a

pesquisa de campo, que demostra que mesmo havendo um programa de reciclagem e de

coleta seletiva, 60,61% representando grande parte dos condôminos não sabe o destino final

do material recolhido. Mesmo sendo divulgado pela administração do condomínio através de

revistas internas e no próprio site do condomínio. A figura 5, vem demonstrar que tanto

administração quanto moradores percebem os efeitos resultantes do programa de reciclagem

proposto pelo condomínio, com 62,12% dos entrevistados confirmando os benefícios gerados.

No tópico de número 3 item 1.1, o objetivo é demonstrar os benefícios obtidos pela gestão

ambiental, tanto para a organização quanto para sociedade; estes benefícios ficam

evidenciados a partir do momento em que o tripé da sociedade é atingido, ou seja, quando se

consegue obter uma harmonia entre os aspectos sociais, ecológicos e econômicos. Podendo

assim concluir através da pesquisa que, administração e moradores percebem os benefícios

gerados pela prática da reciclagem.

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Por fim a questão 6, vem confirmar o quanto a reciclagem é importante no processo de

desenvolvimento de uma gestão ambiental, contribuindo como forte ferramenta de auxílio na

preservação dos recursos naturais, onde 100% dos entrevistados reconhece a reciclagem como

ferramenta da gestão ambiental, confirmando assim o objetivo deste trabalho, que é

demonstrar o papel da reciclagem como agente de transformação, tanto no âmbito social

como coorporativo.

7 CONSIDERAÇÕES

No decorrer deste trabalho foram abordados temas de grande relevância na atualidade, e

que são pautas de debates em âmbito internacional; a gestão ambiental, juntamente com a

reciclagem foram citadas pelos principais autores, também representadas através de pesquisa

de campo, culminando em um resultado final satisfatório no que diz respeito a apresentação

das ideias.

A problemática deste trabalho foi demonstrar de que forma a reciclagem contribui como

ferramenta da gestão ambiental, fato que ficou evidenciado, quando são apresentados os

diversos benefícios originados a partir do uso da reciclagem, benefícios estes que influenciam

diretamente no tripé da sociedade. Transformando o ato de reciclar numa poderosa arma no

combate de exploração dos recursos ambientais. Outro fato que faz com que se acredite na

mudança destes conceitos é a nova visão da sociedade, mostrada através de pesquisa de

campo, conscientização que apesar de ser ainda incipiente, revela que os pesquisados dizem

conhecer a importância da reciclagem como ferramenta da gestão ambiental e estão dispostos

a contribuir na preservação dos recursos primários respondendo diretamente ao objetivo deste

trabalho.

Como resultado pode-se destacar a satisfação de contribuir em um processo de mudança

de paradigmas e conceitos da sociedade. Não deixando de citar a alegria e orgulho em

concluir este trabalho, que exigiu muita dedicação e entrega, para superar os obstáculos e

desafios apresentados durante sua elaboração.

Há um convencimento após a elaboração deste artigo, que o uso da reciclagem,

contribui de forma indispensável como ferramenta da gestão ambiental e que sua pratica se

faz necessária tendo em vista o crescimento populacional e o desenvolvimento de novas

tecnologias, que somados resultam na geração desordenada do lixo. Claro que esses fatores

ainda tem muito a serem explorados, por isso espera-se que novos estudos sejam feitos acerca

das questões pesquisadas, principalmente por se tratar de um fator que envolve interesses

comuns para toda sociedade.

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