A IMPORTÂNCIA DO CARVÃO NA MATRIZ ENÉRGETICA...

7
XXIII Encontro Nacional de Tr atamen to de Minérios e Metalurgi a Extrativa A IMPORTÂNCIA DO CARVÃO NA MATRIZ ENÉRGETICA NACIONAL E NA INTERNACIONAL José O. Silva 1 I Hernani A.F. Chaves 1 I Patrícia Maia 1 & Francisco Dourado 2 ' Depart am en to de Estratigrafia e P al eont ologia da Universidade do Estado do Rio e Janeiro. Rua São Francisco Xavier, 524 /2° andar - Ma racanã - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20550-900 2 Dout orando, Geólo go , Pesquisador do Centr o de Informaç ões sobre Petróleo e Gás Natural do Estado do Rio de Janeiro (CIPEG ) e Diret or de Geologia do Serviço Geológico do ERJ . Marechal Deodoro, 3 51 - Niter ói - Ri o de Janeiro - CEP 2 4030-060 E-mail: prof.j otavio@t erra. co m.br ; [email protected]; [email protected]om; fdourado @drm.rj.g ov.br RESUMO A mat riz enerti ca nacional tem sido tema de des taque no ce nário nacional cm fun ção d as novas descobertas de petról eo e gás natura l. na cha mad a áreas do pré-sa l. A pre ocup ão está relacionada à oferta e à d eman da do s recursos naturais que dão or i- ge m a ess a matriz. Atua lmente . a matriz energética bras il eira esta baseada nos com busve is fó sse is, petróleo e derivad os- fon- tes não renováv eis c altamente nocivas ao meio ambiente. que junt os repr esentam aprox imadam ente quase 4íi% das fo ntes de energia. A média mu ndial. no entanto. é bem mais ele vada. com cerca de X6'% de participaç ão des sas fonte s. A ma triz energé- ti ca no Brasil cm 200 7 teve a seg uinte co mpos ição: Petról eo re prese ntando 37,4%, Biomass a e outros renováveis com 27.7%, Hídrica 14.9'Y o, s natural com 9,3 %, Ca rvão co m 6. 0'Y.,, Nuclear I ,4% c Outras c om 3,3%. Quando se transporta os núme- ros para oferta nac i on al de energia clétrica. o qu adro mu da co m a predo minânc ia da hidrclétrica co m 77, I %, Importação íi,3% , CJá s natural co m 4.1 %, Renováveis com 3,9%, Derivados do petróleo com 2,íi%, Nucl ear com 2,2% c Carvão com I ,4%. No cenário internac ional cm 2 005 a o ferta de en ergia apr ese ntava a seg uinte distribui ção : Petróleo re presentando 35,0%, Car vão minem i co m 25,3%. Gús natural com 20. 7%. Co mbus tíve is rcnov úvcis com I 0,0 %, Nucl ea r com 6,3%, Hídrica c om 2, 2% ou- tros 0.5%. No caso da oferta de energia elétrica no mundo o ca rvão predomina com 4 1.1 %, Gás co m 1 9,4%, Hidr elétrica co m 15. 9%. Nuclea r com 15,X'X ,, Óleo com 6.9% c outros 1,9%. Ve rifica-se um quadro internacional bem diferente do Brasileiro, no que se refere ao s meio s de geração de e nergia elétrica a par tir das fontes primárias. A tendên cia mun dial é a predominância do carvão mineral co m 41 , I%. enquanto no Bras il apenas I ,4%. O Estado do Rio Grande do S ul de staca-se no cenário nacio- nal com o o maior pro dutor co m 53. %. seguido de San ta Cat arina com 46 ,3% . PALAVRAS-C HAVE: Carvão, Mineral, Matriz Energética A BSTRACT The nat ional encrgy matri x has becn a thc me in cvidence in lhe na ti onal sccnc due to new dis cove ries of o ii and gas in thc so called prc-salt arcas. This co ncern is relatcd to the demand and supply of thc natural resources which give ri se to that matri x. Currcntl y. thc Braz il ia n encrgy matri x is b ascd on foss il fu cls, pctrolcum and o il products - nonre newa blc sources which are vcry harmful to the env ironmcnt. and which togct her reprcscnt app rox imatcly 4R 0 /., of thc e nergy sourccs. Th e world ave rage, on th c other hand, is c on s id cra bl y hi ghcr, with nca rl y X6% of total cnergy comin g from th esc sources. Th e Brazilian energy matrix in 200 7 had the following c ompo sition: o ii ac co untcd fi.Jr 3 7.4%; bio ma ss and other rc newable sourccs 27. 7%; hydro 14.9%; na tural gas 9.3'%; co ai 6 .0%; nuclear 1.4%; and other sn urces 3.3%. Whcn th ese numbers ar e presented in rcla ti on to th c na ti onal elcctric en crgy suppl y. a diff erc nt picture e merge s. with the prc do minance ofh y dro , with 77. 1 %; imports 8. 3%; na- tural gas 4. 1 % ; rcnc wa blcs 3.9%: o ii pro duc ts 2.X%; nuclear 2. 2%, a nd coa i 1.4%. ln thc international scc ne in 200 5, the enc r- gy supply had thc fo ll owing distri bution: o ii 3 5.0%; mineral coa i 25 .3%; natural gas 20 . 7%; ren ewables I 0.0 %; nuclear 6. 3%; hydr o 2.2%: and oth er sourccs 0.5%. For wo rld elcctric cnergy supply, coai prcdominates w ith 4 1. 1 %; natural gas 19.4%; hydro 1 5.9%: nucle ar 15.X% ; oi l 6.9%,; a nd oth er 1. 9%. Th c inte rn ational picturc is vcry ditTercnt from the Braz ilian one, in rela ti on to the rn e ans of gcn cra ting clcctric it y fh11n pri ma ry sourccs. since th cre is a world tre nd toward s coai gcneration, with 41 .1 %, whcreas in Braz il it s s harc is 1.4% . Thc statc of Rio Grande do S ul stands ou t in the nati ona l scene as the major coai producer, with 53% of thc production. foll o wed by Santa Catarina State with 46. 3%. KEY WORDS: Co ai: Min eral: Encrgctic Matrix 421

Transcript of A IMPORTÂNCIA DO CARVÃO NA MATRIZ ENÉRGETICA...

XXIII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa

A IMPORTÂNCIA DO CARVÃO NA MATRIZ ENÉRGETICA NACIONAL E NA INTERNACIONAL

José O. Silva 1 I Hernani A.F. Chaves 1

I Patrícia Maia 1 & Francisco Dourado2

' Departamento de Est ratigrafia e Pal eontologia da Universidade do Estado do Rio e Janeiro. Rua São Franc isco Xavier, 524/2° andar - Maraca nã - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20550-900

2 Doutorando, Geólogo, Pesquisador do Centro de Informações sobre Petró leo e Gás Natural do Estado do Rio de Janeiro (CIPEG ) e Diretor de Geolog ia do Serviço Geológico do ERJ . Marechal Deodoro , 3 51 -Niterói - Rio de Janeiro - CEP 24030-0 60 E-mail : prof.jotavio@terra. com.br ; [email protected]; maia.rj@gmail. com; [email protected]

RESUMO

A matriz energética nac iona l tem s ido tema de destaque no cenário nac ional cm função das novas descobertas de petró leo e gás

natura l. na chamada áreas do pré-sa l. A preocupação está relacionada à oferta e à demanda dos recursos naturais que dão ori­

gem a essa matriz. Atualmente. a matri z energéti ca bras ile ira es ta baseada nos combustí ve is fósseis, petróleo e deri vados- fon­

tes não renovávei s c a ltamen te noc ivas ao me io ambiente. que juntos representam aprox imadamente quase 4íi% das fontes de

energia . A média mundial. no entanto. é bem mais elevada. com cerca de X6'% de participação dessas fontes. A matriz energé­

tica no Brasil cm 2007 teve a seguinte compos ição: Pe tró leo representando 37,4%, Biomassa e outros renováveis com 27.7% ,

Hídrica 14.9'Yo, Gás natural com 9,3 %, Carvão com 6.0'Y.,, Nuc lear I ,4% c O utras com 3,3% . Q uando se transporta os núme­

ros para o fert a nac ional de energ ia c lé trica. o quadro muda com a predominância da hidrc létrica com 77, I%, Importação íi,3% ,

CJás natural com 4. 1 % , Renováveis com 3,9% , Derivados do petróleo com 2,íi%, Nuclear com 2,2% c Carvão com I ,4%. No

cenário internac iona l cm 2005 a o fe rta de energia apresentava a seguinte di stribuição: Pe tróleo representando 35 ,0% , Carvão

m inem i com 25,3% . Gús na tural com 20. 7%. Combus tíve is rcnovúvcis com I 0,0%, Nuclear com 6,3% , Hídrica com 2,2% ou­

tros 0.5% . No caso da o ferta de energ ia e lé trica no mundo o carvão predomina com 4 1. 1 % , Gás com 19,4%, Hidrelétrica com

15.9%. Nuclea r com 15,X'X,, Ó leo com 6.9% c outros 1,9%. Verifica-se um quadro internac ional bem diferente do Brasileiro,

no que se refere aos meios de geração de energia e létrica a partir das fontes primárias. A tendência mund ial é a predominância

do ca rvão mineral com 41 , I% . enquanto no Bras il apenas I ,4% . O Es tado do Rio Grande do Sul destaca-se no cenário nac io­

nal como o maior produtor com 53.%. seg uido de Santa Catarina com 46,3%.

PALAVRAS-C HAVE: Carvão, Mineral , Matriz Energética

ABSTRACT

The nat ional encrgy matri x has becn a thcme in cv idence in lhe nati onal sccnc due to new discoveries of o ii and gas in thc so

called prc-salt arcas . T his concern is rela tcd to the demand and suppl y of thc natura l resources which g ive ri se to tha t matri x.

Currcntly. thc Brazil ian encrgy matri x is bascd on foss il fuc ls, pct rolcum and o il products - nonrenewablc sources which are

vcry harmful to the environmcnt. and which togcther reprcscnt approx imatc ly 4R0/., o f thc energy sourccs. The world average,

on thc other hand , is considcrabl y hi ghcr, w ith ncarly X6% o f to ta l cnergy coming from thesc sources. The Brazilian energy

matrix in 2007 had the foll owing composition : o ii accountcd fi.Jr 3 7.4% ; biomass and other rcnewable sourccs 27. 7%; hydro

14.9% ; natura l gas 9.3'%; coai 6 .0% ; nuc lear 1.4% ; and o ther snurces 3.3%. Whcn these numbers are presented in rc lation to

thc national elcctric encrgy supply. a differcnt picture emerges. with the prcdominance ofhydro, with 77. 1 %; imports 8.3%; na­

tura l gas 4. 1 % ; rcncwablcs 3.9%: o ii products 2.X% ; nuclear 2.2%, and coa i 1.4%. ln thc interna tional sccne in 2005, the encr­

gy supply had thc fo ll owing d istri bution : o ii 35.0%; mineral coai 25 .3%; natural gas 20 . 7%; renewables I 0.0%; nuclear 6. 3%;

hydro 2.2%: and other sourccs 0.5% . For world e lcctric cnergy supply, coai prcdominates w ith 4 1. 1 %; natura l gas 19.4%; hydro

15.9%: nuclear 15.X% ; oi l 6.9%,; and other 1.9% . Thc inte rnational pic turc is vcry ditTercnt from the Brazilian one, in relation

to the rneans o f gcncrating c lcctri c ity fh11n pri mary sourccs. s ince thcre is a world trend towards coai gcneration, w ith 41 . 1 % ,

whcreas in Braz il it s sharc is 1.4% . T hc sta tc o f Rio Grande do Sul stands out in the national scene as the major coai producer, with 53% of thc production. foll owed by Santa Catarina State w ith 46.3%.

KEY WORDS : Coai: Mineral: Encrgcti c Matrix

421

Silva, Chaves, Maia & Dourado

L INTRODUÇÃO

O carvão brasileiro foi descoberto em Santa Catarina, cm I l:\27 . na localidade de Guatá , município de Lauro Müller c foi inicialmente cxplotado por uma empresa inglesa que construiu uma ferrovia ligando Lauro Müllcr ao porto de Laguna. Como o carvão catarincnse era considerado de baixa qualidade, não despertou interesse para os ingleses, obrigando o Governo Federal a repassar a concessão para indústrias cariocas, destacando-se inicialmen­te empresários como Henrique Lage, Álvaro Catão c Sebastião Neto.

A ocorrência do carvão no Brasil encontra-se principalmente nos estados do Rio Grande do Sul (2X bilhões de to­neladas), Santa Catarina (3 ,3 bilhões de toneladas) c Paraná (I 04 milhões de toneladas). Existem ocorrências meno­res que situam-se no Paraná e cm São Paulo. As reservas brasileiras totalizam 32 bilhões de toneladas de carvão "in situ". Deste total, o estado do Rio Grande do Sul possui l:\9,25'Y.,, Santa Catarina I 0.4 I%, Paraná 0,32% e São Paulo 0,02%, de acordo com o site da CPRM. Abaixo a situação das reservas nacionais por Estados na Tabelas de I a III :

Tabela I

Situação das Reservas Geológicas- Rio <irandc do Sul r--- ,-------,---------·------- ~·----T·-------·---·-----------~-1-------~-~,

I Tipo de Reserva I CRM ! COPELMI I PALERMO i TOTAL : f-------- -----------·- ·-----·-·---- ---·------------ -----+ ···--------~- -------- --------1 ----- ---- -- ------- ---- --- ---·+----·--- -------c ' I ' I ; I Medida- CA 376.580 i 1.221.13 I 1 34.2):19 i 1.632.000 l ~ --------t - ----------------- --- -' ----- -------- ------ - --- --- -~------------!

I Medida- SS 83.303 1 125.308 j 22.851 j 231.462 :

Indicada L 31.883 1 709.308 L' 50.696 I 791.714 -----~-- - - --·- ------- ·---- ---------- -- --- -1 - .. - -- ' ---+--------------------- --- --- -~

[ J I ! I

~' -----~~::~:a--+ ~:7~::~ - i--~:;~4:;;~---t-- is2

~: -- -1--2:;~63

:;7 ! +-·-----+------~- -----------+-- ---- ------ --------------- ·+-- ---- --- - ------,

%Participação I 17,23% I 78,79% I 3,99% I 100% l

r'--------------- ---·-----~ - ---- --- -t-- -- --- -- - t· -·-·- --- -- --·-- -- t··--- ---------~

Com Mineração t 294.576 I 138.074 1 12.274 1

444.924 ;

r---- --% Parttctpaçà~--- ---66J I 'X~- i---- --- ;-~_;;:;., -------+---- - -··;~;~~~.- ---- --~---- --100% ---;

~-- Sem-~~ner~ção ____ 1

-·-·202~~; ·--t·--;~~-~~5-1-+----;~;~7~----~ 2.441.611 :

'---------------~ ---- ----~-+- - ---------- · --~---- ----------··------··-------·--- ---t -- --- ---·------------~

[ %Participação ! 8,30% i 87,49%, , 4,21•Yo i 100% : ---------------------------·------· ·..L _________ ___ _____ __ _____ ..... L ... _ _L . _____ __ ___ __[ ___ ___ .. ·--- ---- -·------ --- -- J

Tabela 11

Siluaçiio da s Reservas Geológicas- Santa Catarina r - --r----:---- --- r~-----------------------,----~-------. - -, ; 1t ---~~:~,:~·::·---r _PRO~PERA _f_ ~·::r";p~~T~"A _ + _ C~I~:~MA_+ ;~l~ _ ~ - -- ------~------·------ ------l-- ---- ---- ------ -- --- - ------ ------- -- -f ---- ---- _______ _______ _j_··------- -·---1 I I I I .

r -- -"~:~~:r- -j - ;: ;~: . j- ::: :: J _2;~:r -+~~73:;~ J

E~~z~~=r- ;~:~~~ _-_ --~ -= 7~,~~H~ = ~==t=;;;;~ :-~ k:·:',::~:::~-l--2!-~ + - :::~':: t ;~·::: i :.::: . r------------------_ --·-·t· --------------·--- -------·1----I % participação 1 15,31 % 1 i · -·-··- ·- --------·-- ·-·--- -- --·-- ___ _, _____________________ --- ------ _____ _,_ __ --· --1 Sem Mineração I 296.499 ! ~---------- --------- --- --'- "--- ----- --·-- - · ___ _j ----1 I I

·1 % participação i 18,69% ! ----· - --------------- - _________ ___ L -- - -- -··- .. · -- --- -- - '---

159.587

5,08% 26.4X%

507.185 440.610

31.98% 10.06%

I , . ----- -·-r-----------~

I

: 27,78%

422

XXII I Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Meta lurgia Extrativa

Í Tipo de Reserva , 1---·- --- ·--·-· ·-·· ·· .... -. --- -t i Mcdida-CA . 3X.9 10 L ___ --- - ···-. ···-· ----- --- --- _( ___ .. -·- --' Mcdida -SS j 39. 140

f Indicada !

4.460

-- -- -- - - --- ~ - -·r----- --- - ·r-- - - l

B~~~-~--~~~~co ___ tl ~B~-~~1!-__jSBC~~

., ' !

21 520 - i - ~ - ---- . -~ - __ ____J. __ _ _____ _ _ - - -1-- -- -

250.490 I 4 I 5 : 19.254 --- -- ----- - ·- ---- - - -·----1--- ---

!W.520 ! - I _ . ------- - - · ···-· - · ·---- -···---~ - - --. --_j

-- -- ---- --,---- -- - ----·-~------· ·l

X.620 i i I ln terida

Total

% participação

I - . .. - - - t ·. --- ---r--- -~

:~~~~0-~-j ~;Çt t_i~,_~o/._~--~-1~-~i~~J 771 332.030 i 415 i 15.064 1 Com Mineração 1 . ·' -- --- -:---- ---l-----··1

o, 1 o·x. ! 41.94'% : o,05% l 1 ,90% , -- ------- - --·- --·- r---- - ---· -- - ---- --··· ·---~-·---------- +--·· - -- -:--~

i';;~ J --~:i:~ ~ ! ~0;~=-~~:~J % participação

Med ida- SS

Indi cada

% participação

Tabela III

Siluaçô..:s das Res~rvas G..:ológieas- Paraná

Tipo de Reserva CAMBUÍ KLABI N TOTAL !

Medida- CA . i--- .

Medida- SS 19.562 1.392 20.954

Indicada 2 12 212

ln !Crida

Total 19.562 1.604 21.l66

%partic i paçào 92.42°;(, 7,5R% 1001Yo

Com Mineração 10.914 1.392 12.306

%participaç;lo XX,69% 11 ,3 1% 100%

Sem Mineração 8.648 212 8.860

%partic ipação 97.61 % 2,39% 100%

Fonte: www.ambi..:nlebrasi l. com.br -1995. Unidade de referência = Reservas da Companhia x 1.000 toneladas; CA mineração a ceú aberto c SS ··· mincraçüo subtcrdnca; Reservas aprovadas pelo DNPM e com título de I avra;

c Nos valores apresentados foram consideradas as minas cm alividadc ou para lisadas, cm implantação ou com projeto aprovado.

Somente a Jazida de Candiota. no sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, contribui com 38% da reserva do car­vão nacional. distribuído cm 17 camadas de carvão. A mais importante é a camada Candiota, com 4,5 metros de espes­sura. cm média. composta por do is bancos de carvão. O carvão su l-rio-grandcnse foi descoberto pelo soldado português

423

Silva, Chaves, Maia & Dourado

Vicente Wcnceslau Gomes de Carvalho, conhecedor do carvão de pedra por ser ferreiro de profissão, na localidade de Curral Alto, na Estância do Leão. O consumo de carvão nacional aumenta consideravelmente por ocasião da t•. Guerra Muncüal, especialmente pela Viação Férrea (também abastecida pelo carvão do baixo Jacui c Candiota-Hulha Negra). No pós-guerra o carvão estr-c:mgeiro volta a ocupar o mercado e as mineradoras gaúchas buscam novo mercado para o seu carvão, adquirindo o controle de duas empresas cm Porto Alegre (Fiat Lux e Força e Luz) resultando na construção da primeira usina térmica a carvão- Usina do Gasómetro; foi o primeiro passo à utilização do carvão na tcnnoeletrici­dade. Porto Alegre, em 1928, contava com energia clétrica, bondes e tétricos e gás encanado do carvão na Rua da Praia, mas por não contarem com filtros e prccipitadores de cinzas, a poluição por parti cu lados era grande.

A construção da Companhia Siderúrgica nacional (CSN) cm 1946, com a obrigatoriedade da utilização do car­vão nacional estabelecida em 10% cm 1931, e aumentando esta cota para 20% em 1940. O último boom no setor foi com a crise do petróleo em 1973, com as atenções voltadas novamente para o uso do carvão nacional. No iní­cio da década de 90 o setor é desregulamentado por decreto do Governo Federal, mergulhando toda a região sul­catarinense em profunda crise.

O início de uma nova fase de desenvolvimento da atividade carbonifera no Sul do estado se avizinha com a implantação de um parque tém1ico na região. O trabalho tem envolvido as empresas mineradoras da região que, nos últimos cinco anos, priorizaram politicas de recuperação c proteção ambiental, de segurança c saúde do traba­lhador e investimentos oa qualificação tecnológica das minas.

2. SITUAÇÃO NO CONTEXTO NACIONAL E MUNDIAL

As maiores reservas do mundo estão na Rússia (50%) e nos EUA (30%), mas os maiores produtores são a Chi­na c os EUA; este último país é também o maior consumidor do minério (25%). O Brasil possui O, 1% do carvão conhecido no mundo, mas ele é considerado de baixa qualidade. É utilizado, principalmente, em usinas tennoe­létricas. As principais reservas estão no Rio Grande do Sul, que possui 89,2% das reservas de carvão mineral na­cional, um total de 28,802 milhões de t, e em Santa Catarina, algumas cidades se destacam como Criciúma, Lauro Müller, Siderópolis e Urussanga como produtoras e/ou vias de escoamento desta produção.

O carvão mineral é a segunda fonte de energia mais utili7.ada do mundo, depois do petróleo, sendo responsável por 23,3% da energia consumida no mLmdo em 2003 e no Brasil 6,6% como mostrado na Figura I. O maior con­sumo de carvão nacional está na termocletricidadc com 85% da produção nacional ; outros consumidores são a in­dústria cimenteira com 6%, petroquimica, papel e celulose com 4%, alimentos e cerâmica com 5%, de acordo com CPRM. A siderurgia, que já foi grande consumidora, hoje depende inteiramente de importações.

424

Matriz Energética Mundial em 1987

1 Petróleo

G.lsN~tun~l

Eneraia Nucltar

1 Hldroelitrlca

ÚIV~

Forte BP statlsllçel Revlew

Matriz Energética Brasileira em 1987

-·.-?Z3 ..• . . . ··>~

•·_.··· j' .. . - . .

- . ~ . - ,

I PtttOieo

G.1s Natural

a Energia Nuclear

• Hidrodetnca

lúrvJo

Forte BP S\Jhllotm Rev•tw

Matriz Energética Mundial em 2007

I Petróleo

G.ls Narun~l

Energ1a Nuclear

1 Hldroelétrlca

1Co\rv3o

Forte BP StaliSbcal Rev1ew

Matriz Energética Brasileira em 2007

I"

I Pettóleo

G.1s Natural

Enef8la Nuclear

I Hldroelétrlca

Colrv~o

Figura 1 - Comparativo da matriz energéhca mundial c brasileira cm 1987 e 2007. Fonte Maia, 2009.

XXIII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa

Também segundo a CPRM, a produção de carvão brasileiro minerado em 1999 atingiu 10,3 milhões de tone­ladas e 13,8 mílhões no ano 2000. No ano de 1999 o mercado interno consumiu J 6,2 milhões de toneladas de car­vão, parte importada dos Estados Unidos (33%), Austrália (3 1 %), África do Sul (9%) e Canadá (8%), ao custo de US$ 600 milhões. O balanço de exportações/importações mostra um déficit de US$ 807 milhões, sendo o segundo produto na pauta de importações. Mais do que a insuficiência de recursos, constata-se serem as dificuldades na in­dústria carbonifera devidas a erros de planejamento, de carátcr técnico e politico, tomando-se necessário, portan­to, resolver os problemas pendentes do passado antes de projetar novos empreendimentos.

O carvão mineral tem um papel minoritário no cenário nacional, ocupando em 2007 somente 6% da oferta in­terna de energia enquanto no mundo e le ocupa o segundo lugar com 25,3% (Figura 2). Isso se deve em parte pelo Brasil ter investido pouco em pesquisas de desenvolvimento de novas tecnologias utilizando o carvão como fon­te energética. A matriz energética brasileira é diferenciada dos demais países, pelo grande uso da bidroeletricida­de relegando o carvão a um uso secundário. Ao contrário de outros países que não podiam contar com outras for­mas de energia. utilizando o carvão como uma das fontes principais no início do século passado. Com o tempo a poluição causada pelo uso primitivo e ou inadequado do carvão, o transformaram no grande vilão energético do século passado, causando um grande mal estar, até nos dias de hoje, do seu uso como fonte energética. Hoje mes­mo com novas tecnologias desenvolvidas a população recebe muito negativamente seu uso, desde a cxtração até a utilização final.

OFERTA INTER~ DE ENERGIA· BRASIL2007 (%) OFERTA INTERNA DE ENERGIA· MUNDO 2006 (%)

Hllldw<AE IUTMOIWl€

1#,91'

UIIÂI\I0 - -0/ I, <I%

3. CONCLUSÕES

lDIOYÁVEIS: lnll: 45~ OECD:\HI

lobldo· 12,9 ~

liomoso; I.Mihl; l:n.

"""*-cf• CJIII; 11,9'1.

OuttJS: J.2 "

Figura 2 -Comparativo da Oferta Interna de Energia. Fonte: BEN 2007.

No mundo as reservas se concentram principalmente na Ásia, Europa e América do Norte que também repre­sentam os maiores produtores e consumidores de carvão mineral mundial. como mostrado na próxima Figura 3. Na Ásia, principalmente representada pela China, a extração c o uso do carvão ainda se dão de forma bastante pre­cária e primitiva. Isso pode ser comprovado pelos altos índices de acidentes em minas e poluição atmosférica na China, que para sustentar seu alto desenvolvimento econômico dos últimos anos, tem deixado em segundo plano a segurança e bem estar da população. Cenário diferente existe na Europa e América do Norte onde leis mais rigo­rosas protegem o meio ambiente e a segurança nas minas e investimentos em pesquisas e desenvolvimento de uso mais limpo do carvão desenvolvem sistemas mais seguros.

4 2 5

Silva, Chaves, Maia & Dourado

29U(192.111

50.3 (50.2)

Productlon Consumptlon Milllon tonnes ollequovalent Mlllion tDMea oil aquNBionl

·~ --------------------------------------~,==~

I~ --------------------------~--·r-~ ~ ,. c=

·~ t---;iõõ ----uõó

~ ~ 1----tõiõ t--eõõ '-----­! ~

-Ooot,.•• ogoin lhewotld'll-.growing_,lu.t ln :zoo&. Glob.tcon•u""""'" roM b'/4 li4 ~ wilh 01~.-ogeot 2 .8~ llwAiio _,OQIOn..........,IOCI for ,..1'1\1 809(, or QIObol or- ln contumptlon ond 110" ot lhe 11<0W1h ln prod\lction

Figura 3 - Reserva, produção e consumo de carvão mineral separado por continentes Fonte: BP 2008.

As crises de petróleo e energia no geral dão novo impulso na produção e uso do carvão, ativando minas antes con­sideradas não economicamente viáveis. Mundialmente seu uso vem sendo substituído por gás natural nas tennoelé­tricas, que emitem menores emissões de agentes poluidores. O papel do carvão minera l no mundo está em constante mutação, muitas vezes exercendo papel de vilão dentre as fontes de energia, sua importância é indiscutível, o certo é que o mundo ainda não pode abrir mão do carvão mineral, que já foi considerada energia do passado. Hoje o carvão continua presente nas matrizes energéticas e, provavelmente, continuará assim por algumas décadas.

4. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a FAPERJ pela disponibilização dos recursos necessários à pesquisa c a ANP, representado pelo PR.H-17 (UERJ), pela bolsa de graduação e a CAPES pela bolsa de mestrado.

426

XXIII Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BP Statistical Rcvicw of World Encrgy, Junho de 2007. MAIA, P. N., CIIAVES, H. A. F.- Auto-suficiência: Mitos c Verdades ln: 17" Semana de iniciação científica, 200il ,

Rio de Janeiro . 19" UERJ sem muros. Rio de Janeiro, 200il. Trabalho ganhador do prêmio da 17" Semana de Iniciação Científica da UERJ, na área de Ciências Exalas e da Terra.

MAIA , P. N. , -ANÁLISE DAS SÉRIES HISTÓRICAS DA PRODUÇÃO E DAS RESERVAS DE ÓLEO E GÁS: AUTO-SUFICIÊNCIA, POR QUANTO TEMPO? Monografia de final de curso, UERJ, Rio de Janei­ro. 2009.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (MME). Balanço Energético Nacional 2006. Disponível cm: CPRM, disponível cm: <http ://www.cprm.gov.br/coluna/carvaomineraiO.html> , accssado em 2S de abril de

2009. http://ambicntcs.ambicntcbrasil.com.br/cncrgia/artigos_ carvao.html , accssado em 2X de abril de 2009. http://www.mmc.gov.br/sitc/menu/sclcctmainmcnu_itcm.do?channelld= l432. , acessado cm 20 de abril de

2009. http ://www.energybulletin.nct/, accssado cm 20 de abril de 2009. http ://www.carvaomincral.cum.br/abcm/cm _historia.asp, a cessado cm I O de abril de 2009. http: //cducacao.uol.com.br/gcografia/ult 1694u29X.jhtm, accssado em I O de abril de 2009. http ://tonto.cia.doc .gov/country/country _ cnergy _ data.cfm''fips= BR, a cessado cm 2X de abril de 2009.

427