A Importância Econômica dos Muares em Meio Urbano - Pluralidades

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Faculdade de Ciências Agro-Ambientais – FAGRAM Introdução a Zootecnia A importância Econômica dos Muares no Meio Urbano - Pluralidades João Felix Vieira¹; Marcos Aronovich² 1. Estudante do 1º período de Zootecnia; 2. Professor Marcos Aronovich - Faculdade de Ciências Agro-Ambientais – Campus Penha Titulo: A importância dos muares no meio urbano - Pluralidades Resumo: A inteligência desenvolvida é uma característica dos Muares. Os Muares são imbatíveis na eficiência com que se locomovem ao longo de trilhas estreitas, sinuosas, pedregosas, acidentadas e íngremes em região de montanhas. No meio rural a obediência e disciplina na lida com o gado aliada a uma movimentação equilibrada, estável, cadenciada, rítmica e ágil quando necessários são atributos qualitativos e inerentes dos autênticos Muares. Sob quaisquer circunstâncias associadas ao perigo, o muar, antes de tudo, é um animal prudente, sem demonstrar reações afoitas, típicas dos Eqüinos: carros, sons, pessoas, assustam menos aos Muares. Em uma cavalgada, é impressionante a regularidade de movimentação dos Muares. Na doma, os Muares demonstram um notável potencial de treinabilidade, ao contrario do que muitos pensam, são animais facilmente domados, desde que pelo método da doma racional, em contra partida, através do método da doma tradicional, rude, os muares oferecem maiores dificuldades. Algumas regras são simples e práticas: A expressão, "muar não amansa, acostuma", usada por pessoas com pouco conhecimento, do grande potencial de aprendizado e condicionamento dos Muares, pois devido ao alto grau de inteligência eles exigem muita capacidade de treinadores e domadores.

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Faculdade de Ciências Agro-Ambientais – FAGRAMIntrodução a Zootecnia

A importância Econômica dos Muares no Meio Urbano - Pluralidades

João Felix Vieira¹; Marcos Aronovich²

1. Estudante do 1º período de Zootecnia; 2. Professor Marcos Aronovich - Faculdade de Ciências Agro-Ambientais – Campus Penha

Titulo: A importância dos muares no meio urbano - Pluralidades

Resumo: A inteligência desenvolvida é uma característica dos Muares. Os Muares são imbatíveis na

eficiência com que se locomovem ao longo de trilhas estreitas, sinuosas, pedregosas, acidentadas e

íngremes em região de montanhas. No meio rural a obediência e disciplina na lida com o gado aliada a

uma movimentação equilibrada, estável, cadenciada, rítmica e ágil quando necessários são atributos

qualitativos e inerentes dos autênticos Muares. Sob quaisquer circunstâncias associadas ao perigo, o

muar, antes de tudo, é um animal prudente, sem demonstrar reações afoitas, típicas dos Eqüinos: carros,

sons, pessoas, assustam menos aos Muares. Em uma cavalgada, é impressionante a regularidade de

movimentação dos Muares. Na doma, os Muares demonstram um notável potencial de treinabilidade, ao

contrario do que muitos pensam, são animais facilmente domados, desde que pelo método da doma

racional, em contra partida, através do método da doma tradicional, rude, os muares oferecem maiores

dificuldades.

Algumas regras são simples e práticas: A expressão, "muar não amansa, acostuma", usada por

pessoas com pouco conhecimento, do grande potencial de aprendizado e condicionamento dos Muares,

pois devido ao alto grau de inteligência eles exigem muita capacidade de treinadores e domadores.

Segundo Oliveira (2004), “Os muares são animais de grande popularidade no meio rural e

urbano, principalmente devido à sua rusticidade, força física e docilidade, pelos diversos serviços

prestados em regiões com topografias acidentadas e por sua adaptação aos mais variados climas no

Brasil”.

A audição, em especial, é um sentido extremamente sensível e desenvolvido nos Muares. Prova

disto é a facilidade e rapidez com que estes animais assimilam comandos vocais no processo da doma de

sela e no desempenho dos serviços de tração. São condicionados com rapidez: a virar, parar, recuar, e

caminhar com breves comandos de voz, colocando-o assim, como um animal essencialmente importante

também nos meio urbanos e dos grandes centros, onde seja regulamentado, pois em alguns municípios

brasileiros, não permitem trafego de animais de tração, pondo em cheque, a sua importância econômica.

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Origem da espécie: Devido ao fato de o cavalo (Equus caballus) possuir 64 cromossomos (2-n),

enquanto que o jumento (Equus asinus) possui 62 (2-n), resultando em 63 cromossomos (2-n), os Muares

(Equus mullus) são quase sempre estéreis.

Os cruzamentos: São raros os casos em que uma mula deu à luz, desde 1527, data em que os casos

começaram a ser arquivados, apenas 60 casos foram registrados. Diz-se, que um muar é um ponto final na

biologia dos eqüídeos, um híbrido estéril que resulta do cruzamento entre duas espécies diferentes - os

Eqüinos e os Asininos. Os romanos tinham um ditado a propósito de acontecimentos impossíveis: cum

mula peperit, que é como quem diz, “quando a mula parir!”. Mais existe casos isolados de mulas férteis.

Ao todo, a História registra algumas dezenas de mulas férteis, no mundo inteiro. Os partos comprovados

cientificamente não chegam à meia dúzia. Em Portugal, uma mula teve uma cria - fizeram-lhe análises

citológicas, de DNA, testes de fertilidade e ganhou um lugar no pódio das raridades (Tereza Raquel, in

Visão, 6 de Setembro de 2001).

Uma mula Pampa de 13 anos de idade foi utilizada como receptora de um embrião de Eqüino da

raça Paint Hourse em agosto de 2005, parindo em julho de 2006, no Haras Cafalloni, no município de

Pindamonhagaba-SP. Confirma-se então, que embora a grande maioria das mulas seja infértil, podem ser

utilizadas como receptoras e que têm habilidades materna para cuidar de suas raríssimas crias naturais ou

artificiais (Oliveira, 2006).

Importância econômica e social: Desde a vulgarização dos motores a diesel, nos anos 40 e 50, os

muares perderam terreno para os equipamentos motorizados, mas continuam a ser admirados pela sua

capacidade e de utilidade no trabalho, seja na zona rural ou no meio urbano, no transporte de turistas,

transporte de cargas pesadas em regiões montanhosas e ou de difícil acesso, entretanto, não podemos

aceitar de forma efetiva a desvalorização desses fantásticos animais ao longo da História do Brasil, até

mesmo com as afirmações infelizes, como: “As mulas estão marchando na contramão da História”, disse

Geraldo de Macedo, Secretário de Agricultura de Currais Novos, no Rio Grande do Norte (Revista Época

de 26 de agosto, 2002).

Segundo Oliveira (2006), os muares são utilizados desde o Brasil Império, servindo de montaria

para ir à cidade e para viagens distantes, podendo fazer etapas diárias de até 40 km, sem esgotar-se. Sobre

o lombo dos resistentes muares transportavam-se alimentos, mercadorias diversas e, até mesmo, armas e

munições. Seu papel foi mais extraordinário ajudando a transportar em dado momento, nossas ingentes

riquezas: o ouro das minas, o açúcar dos engenhos e o café das fazendas (Vieira, 1992).

No tropeirismo, tiveram importante papel na formação do Brasil, em específico no Rio Grande

do Sul – criando e mantendo núcleos urbanos que viviam isolados. Através do transporte (nos lombos dos

burros e mulas) de produtos, como alimentos e utensílios, entre diferentes e distantes regiões. Os tropeiros

ajudaram a consolidar as fronteiras nacionais. Desde o início do século XVII, Vacaria Del Mar era

conhecida e percorrida pelos tropeiros, sendo estes contrabandistas de gado que visavam abastecer as

Minas Gerais. O tropeiro de gado foi responsável pelo fornecimento de animais para o corte, passando a

objetivar os rebanhos de mulas (Goulart, 1962). O tropeirismo foi uma atividade econômica desenvolvida

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no sul do Brasil. Com a descoberta de grandes jazidas de ouro nas regiões de Minas Gerais, no Século

XVIII, o gado muar, encontrado nos campos sulinos, passou a suprir a necessidade de meio de transporte.

Segundo Goulart (2001), a utilização do muar como animal de sela nunca chegou a ser regular e

nem muito intensa: sempre se resumiu os casos de absoluta necessidade, inclusive é tido como o animal

nobre, amigo, fiel ao homem, o muar, por sua vez, é muito hábil, inteligente mesmo de pessoas de ínfima

condição financeira, mas que, tão pronto podiam, adquiriam seu cavalo de sela, desprezando a nobre

“mula de patrão”.

Nos dias atuais, os muares ainda são de muitíssima utilidade, desde a coleta de materiais

recicláveis nas cidades, no transporte de forrageiras, na retirada de areia em rios, no transporte de

materiais de construção, no transporte alternativo, na agricultura familiar e no turismo, reforçando em um

percentual importante na economia brasileira. Na atualidade, os muares são utilizados nas cavalgadas e

nos concursos de marchas na região Sudeste, onde os animais têm uma valorização comercial acentuada

(Andrade, 1999 b).

Impacto ambiental: Segundo Oliveira (2006), a alimentação é um dos fatores que mais

prejudicam a produção de muares no Brasil. A eles são reservadas as piores pastagens e mesmo quando

sobram forragens, as éguas e jumentas não recebem suplementação alimentar em épocas de estiagem.

Afirma ainda, a maioria dos criadores de muares está preocupada em fornecer uma melhor alimentação,

tanto nos períodos das águas, quanto nos períodos de estiagem, possibilitando, assim, melhores condições

corporais aos animais em gestação, melhor desenvolvimento fetal, maior produção das éguas e jumentos,

e conseqüentemente, um melhor e maior desenvolvimento dos potros.

No entanto, no meio urbano, essas afirmações vão à contramão das condições da realidade

social, pois criadores de muares para fins de sobrevivência, declinam de conhecimentos zootécnicos e

financeiros para manterem esses animais em boas condições na lida do dia-a-dia, com isso, eles (os

muares) ficam relegados apenas como ferramenta de trabalho, sem instalações apropriadas e quando

doentes, são abandonados.

Sem tratos, abandonados e sem alimentação, vão à busca do alimento nos lixões das cidades.

Com o abandono dos muares e os jumentos especificamente, o homem da roça, suprime o animal das

condições básicas de sobrevivência: alimento e água. Sem local seguro, passaram a viver e perambular

pelas estradas – risco constante de acidente, periferias e ruas das cidades. À procura de comida, os

animais devoram tudo que encontram; comem plantas, papéis, sacos plásticos e outros achados

consumíveis. A ausência de comida e água para o consumo é um componente fatal que os levam à morte.

Pluralidade: A Lei nº. 7.291 de 19 de dezembro de 1984, dispõe sobre as atividades da

Eqüídeocultura no País, e dá outras providências. No Capitulo I - Da Conceituação; Art.2º - A criação

de eqüídeo no Território Nacional compreende as medidas consideradas necessárias ao desenvolvimento

das atividades agropecuárias, militares e desportivas, bem como de interesse para a economia nacional. -

Parágrafo único. As medidas de incentivo às atividades agropecuárias, inclusive financiamentos e

isenções fiscais, abrangerão os eqüídeos de qualquer natureza.

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A Pluralidade Cultural é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN/MEC). Como a sociedade brasileira é formada por diversas etnias, a pluralidade cultural

é um tema especialmente importante. O desafio é respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o

mosaico étnico brasileiro, incentivando o convívio dos diversos grupos e fazer dessa característica um

fator de enriquecimento cultural econômico.

Nesses contextos, damos ênfase na importância econômica e na pluralidade cultural, pois desde o

Brasil Império, os muares estão presentes no transporte de alimentos, nas cavalgadas, feiras de exposição,

concursos de marchas, romarias religiosas, no esporte, lazer e estudos científicos. Em todas as

modalidades e serviços o interrelacionamento e a misturas de culturas reforçam essa pluralidade, pois em

todas as modalidades (Olivera, 2006), tipos e serviços em que os muares são utilizados, observam-se

excelente desempenho produtivo, além da geração de milhares de empregos e riquezas, nas fabricas de

insumos, de selarias, de carroças, implementos agrícolas, na lida com o gado e no transporte de variadas

cargas.

Por fim, a importância econômica dos muares, não é desprezível para o desenvolvimento do país,

mesmo em pleno século XXI, com todas as suas tecnologias. É preciso que sua importância seja vista e

revista, pois, no lombo dos Muares a economia do País, caminha a passos firmes como é de suas

características.

Referencias Bibliográficas

OLIVEIRA, V. B. ; BARROS, S. S. ; ALMEIDA, F.Q. MUARES: Como tema transversal para o ensino médio e técnico em Agropecuária. Rio de Janeiro, RJ. Publit. 2ª ed., 2007. 123  p. ABCJP. Bem vindo ao site da ABCJP. Disponível em < http: //www.abcjpega.com.br> Acesso em 15 de março, 2008.

GOULART, JOSÉ A. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. Rio de Janeiro: Conquista, 1962, p. 107.

www.presidencia.gov.br - Lei nº. 7.291 de 19 de dezembro de 1984, acessado em 27/03/2008

CÂMARA CASCUDO, LUIZ DA. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954, p.308 – INL, Rio, 1954 – 3ª edição, 1972.

GOULART, JOSÉ ALIPIO. O Muar - Meios e transportes no interior do Brasil. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura / Serviço de Documentação, 1959, p.176-179) Jangada Brasil © 1998-2004 – Disponível no site: www.jangadadobrasil.com.br em 22/03/2008 João Felix Vieira, Humberto Antonio da Silva e Adarley Teixeira – Alunos do Colégio Técnico/UFFRJOs eqüídeos – Seminário-turma 85/2007 - Disciplina Grandes Animais.

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