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O papel do Centro Espírita no mundo pós-pandemia Seria Kardec ? Marco Milani A incoerência doutrinária das técnicas no passe Alexandre da Fonseca Espiritismo hoje Heloísa Pires O papel do centro espírita no mundo pós pandemia Antonio Cesar Perri de Carvalho Não nos deixemos enganar Orson Peter Carrara Espiritismo e política: o que fazer? Allan Kardec Pitta Veloso O papel do Espiritismo rumo à regeneração Eulália Bueno Como implantar estudos sistematizados Mário Gonçalves Fé e esperança em um mundo melhor Espiritismo hoje MAIO/JUNHO – 2020 – EDIÇÃO 177 revista digital MAIO/JUNHO 2020 – EDIÇÃO 177 Veículo de comunicação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

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O papel do Centro Espírita no mundo pós-pandemia

Seria Kardec ?Marco Milani

A incoerência doutrinária das técnicas no passeAlexandre da Fonseca

Espiritismo hojeHeloísa Pires

O papel do centro espírita no mundo pós pandemiaAntonio Cesar Perri de Carvalho

Não nos deixemos enganarOrson Peter Carrara

Espiritismo e política: o que fazer?Allan Kardec Pitta Veloso

O papel do Espiritismo rumo à regeneraçãoEulália Bueno

Como implantar estudos sistematizadosMário Gonçalves

Fé e esperança em um mundo melhor

Espiritismo hoje

MAIO/JUNHO – 2020 – EDIÇÃO 177

revista digitalMAIO/JUNHO 2020 – EDIÇÃO 177

Veículo de comunicação daUnião das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

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primeiro jornal da USE, o Unificação,apareceu em 1953 e foi editado e circulou até 1990.Foram 370 números, mensais ou bimestrais. Dependiados prazos e do dinheiro disponível. Sempre em papel.A partir do segundo setembro de 1990, surge o DirigenteEspírita, substituindo aquele e direcionado diretamenteaos que administram as casas espíritas e com os órgãosde unificação. Também, em papel, até a edição dobimestre passado, março/abril, número 176.

Dirigente Espírita celebra neste ano, 30 anos dedivulgação de práticas e informações para o dirigenteespírita. Veja na página 7, nossa homenagem aoseditores das quase duas centenas de ediçõesproduzidas.

Estamos mudando, agora. Com aobrigatoriedade do isolamento social, que iniciamos emmeados de março, é difícil tornar realidade mais umaedição em papel. Aproveitamos, então, para lançar estaedição digital. Vamos começar com o modelo simples.

Uma grande vantagem é que podemos ter maispáginas e divulgar para uma quantidade ainda maior deleitores, quer sejam dirigentes ou não, quer estando noestado de São Paulo, no Brasil ou no exterior. A lista égrande.

Com o tempo, desenvolveremos modelosdiferentes, usando recursos que a tecnologia nosapresenta e com novidades a cada momento. Podemosdisponibilizar, além de texto, áudios e vídeos, noDirigente. Inclusive, estamos mudando também oformato. Passamos de jornal para revista bimestral.

Mantivemos algumas sessões dos últimosnúmeros: análise de A gênese e Ciência Espírita.Apresentamos textos sobre o papel do centro nomundo pós pandemia, espiritismo e política, overdadeiro centro espírita, o papel do Espiritismo rumoà regeneração, como Herculano Pires veria omovimento espírita, hoje, contado por sua filha,Heloísa Pires, chegando ao Circuito Aberto, ondetrazemos informações dos diferentes Departamentosda USE. Agora com mais espaço.

Textos especialmente escritos para os dirigentes.Revisto e atualizado, oferecemos 4 páginas especiaissobre Como implantar estudos sistematizados.

Veja as próximas páginas. Em um momento deCovid-19, este tema pode estar recorrente em váriosdos textos apresentados. Mas integrado nas ações dascasas e dos órgãos de unificação.

Aproveite e boa leitura!

EDITORIAL

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maio/junho – 2020 – edição 177

O Entidade federativa, coordenadora e representativa do movimento espírita paulista no Conselho Federativo

Nacional da Federação Espírita Brasileira

Diretoria ExecutivaAparecido José Orlando

PresidenteRosana Amado Gaspar

1a Vice-PresidentePascoal Antonio Bovino

2º Vice-PresidenteHélio Corrêa Alves

Secretário GeralNewton Carlos Guirau

1º SecretárioEronilza Souza da Silva

2ª SecretáriaWalteno Santos Bento da Silva

3º SecretárioMaurício A. Ferreira Romão

1º TesoureiroElisabete Márcia Figueiredo

2º TesoureiroSilvio César Carnaúba da Costa

Diretor de Patrimônio

DepartamentosAPSE – Pascoal Antonio Bovino

Arte – Lirálcio RicciAtendimento Espiritual – Mauro dos Santos

Comunicação – Marcelo UchôaDoutrina – Marco Milani

Estudos Sistematizados – Mário GonçalvesEventos – Ângela BiancoFamília – Ângela Bianco

Infância – Ana Luísa BoiagoJurídico-Administrativo – Julia Nezu

Mediunidade – Silvio CostaMocidade – Filipe Felix

Tecnologia da Informação – Walteno Silva

Jornalista ResponsávelAparecido José Orlando, MTb 39.211

ExpedienteRua Dr. Gabriel Piza, 433 – Santana

São Paulo - SP – CEP 02036-011Tel. (11) 2950 – 6554

Home page: www.usesp.org.brE-mail: [email protected]

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Sumáriomaio/junho – 2020 – edição 177

2 Editorial4 Mensagem da Presidência5 PerfilMaria Aparecida Guimarães Ferri

7 HomenagemAos editores do Dirigente Espírita

8 Seria Kardec ?Marco Milani

12 A incoerência doutrinária dastécnicas no passeAlexandre Fontes da Fonseca

14 Espiritismo hojeHeloísa Pires

17 O papel do Centro Espírita no mundo pós pandemiaAntonio Cesar Perri de Carvalho

19 Webradio espírita em Ribeirão Preto

20 Não nos deixemos enganarOrson Peter Carrara

21 Rede resgata memória histórica

22 Espiritismo e política: o que fazer ?Allan Kardec Pitta Veloso

24 O papel do Espiritismo rumo à regeneraçãoEulália Bueno

26 USE comemora 73 anos de suafundação

27 A regeneração da TerraEliana Haddad

14 30 Circuito AbertoA arte como linguagem no Centro Espírita

OpenClipart-Vectors por PixabaySite Fundação J. Herculano Pires

Espiritismo hojeHeloísa Pires traz a possível visão de J.Herculano sobre o movimento espírita atual

29 Circuito das Águas desenvolve projeto para bibliotecas espíritas

30 A arte como linguagem no Centro EspíritaLirálcio Ricci

32 Acolhimento em tempos de criseFernando Porto

34 A responsabilidade que nos competeMarcelo Uchôa

36 Discursos materialistas sobre o abortoMarco Milani

37 Ação sobre aborto para gestantes com zika é rejeitada no STF

42 Trabalhos na área da famíliaÂngela Bianco

44 Ação evangelizadora em tempos de transiçãoAna Luísa Boiago

46 Por que estudar mediunidade ?Silvio Costa

48 O jovem, o centro e o mundo digital diante da pandemiaFilipe Felix

50 Campanha USE ConecteWalteno Bento da Silva

51 Painel Espírita Nacional

52 Painel Espírita Estadual

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stamos próximos ao final do mês deabril. Ainda isolados e distantes, socialmente, emcumprimento às orientações sanitárias e da saúde.Vemos como uma quebra de braço para permitirou não o retorno às atividades fora de casa. Nãosabemos, efetivamente, o que pode acontecer emmaio. Abertura ou continuidade do isolamento.No entanto, uma reflexão está clara e se faznecessária.

A Diretoria Executiva da USE tem emitido,desde o princípio da pandemia da covid-19,comunicados ao movimento espírita paulista. Emtodos eles, a base sempre tem sido o cumprimentoao que as autoridades constituídas definem para obem estar da população. Qualquer novocomunicado ou posicionamento vai continuar comesta base, pois é princípio de convivência em ummundo em sociedade.

Como afirmado, não sabemos o que maionos traz de desafio ou de abertura. A reflexãoacima lembrada é a que sugerimos a toda Diretoriade centro espírita e ela está associada à pergunta:

Caso as autoridades competentes decidam pelo retorno das atividades presenciais, é

conveniente que abramos as portas da nossa casa espírita de imediato ?

É necessário ? É imprescindível que istoaconteça ? É o momento certo ? Ou podemosaguardar e acompanhar a evolução do quadro geralda pandemia ?

Entendemos ser isto importante eorientamos as casas espíritas e seus dirigentes paraque façam esta reflexão. Abrir ou não abrir.Retornar de imediato ou não. São dúvidas oureflexões que necessitam de boas respostas poistemos que ter em mente que, toda decisão deveestar alinhada aos cuidados adequados com opúblico participante da casa espírita, quer sejamfrequentadores, quer sejam trabalhadores.

Considerando que a decisão seja: não vamosabrir ou mesmo que decidimos manter a casaespírita ainda fechada, vale a pena, ainda, refletiralgumas outras situações ou condições. Sabemosque o retorno é inevitável. Não sabemos quandoisto será possível. Sendo assim, a outra reflexãoque nós, como dirigentes espíritas de nossas casas,devemos fazer é a seguinte:

Quais as condições que devem ser desenvolvidas e implementadas para quando

do retorno às atividades presenciais?

Como condições, incluímos osprocedimentos que devem ser implementados emnossas casas no retorno a uma realidade diferentedo que tínhamos até meados de março. Como seráo acesso, acompanhamento, posicionamento,distanciamento, contato, uso de máscaras ematerial de limpeza, limpeza de superfícies e decontato, todas elas ações que buscam a prevençãoao contágio do vírus, se for o caso.

A terceira reflexão que sugerimos aosdirigentes de casas espíritas é quanto ao conteúdodas atividades. Manteremos os mesmos temas queestávamos comentando nas palestras, osatendimentos fraternos seguem a mesma rotina, asatividades de evangelização e de mocidade terão amesma continuidade, a assistência e promoçãosocial continuarão sendo do mesmo modo, ou seja

As atividades da casa espírita continuarão sendo feitas do mesmo modo e conteúdo

como realizávamos antes ?

Mas nossas reflexões continuam.Acrescentamos uma outra. Tudo bem, tudodefinido, pensamos em todos os aspectos materiaise de organização, conteúdo das atividades, novosformatos, novos temas para a divulgação daDoutrina, mas está faltando outro trabalho queprecisa ser desenvolvido e é tão importante quantoos anteriores. De nada vale termos desenvolvidoos procedimentos, as condições físicas e oconteúdo das nossas ações sem que tenhamoscomunicado e treinado nossos trabalhadores.

Assim, fiquemos com a seguinte perguntapara ajudar na reflexão:

Desenvolvemos e implementamos um planode treinamento para comunicar todas estas

decisões e procedimentos aos nossos trabalhadores e coordenadores?

Pronto, se tudo o que apresentamos acimafoi feito, e as autoridades competentes decidirampelo retorno, temos condições de abrir as portasde nossas casas espíritas. E cumprir tudo.

Bom retorno !

mensagem da presidênciamaio/junho – 2020 – edição 177

EO retorno. Retorno ?

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DE-Como se tornou espí-rita?Marina Ferri (MF)-Por conta deuma afazia, com perda total davoz por 4 meses; aos 30 anos deidade. Fui convidada a conhecerum centro espírita e receber umpasse. Era católica praticante etotalmente avessa a qualqueroutra forma de religião, especial-mente o Espiritismo; contudo,minha mãe fez questão de ir.Fui, ouvi, achei interessante.Recebi o passe, achei estranho.Ao término minha mãe foi falarcom o dirigente, J. Bonani, queme disse que meu lugar erafalando do Evangelho e atravésde gesto, disse a ele que estavalouco mas, na semana seguinteeu lá estava e eles me colocaramsentada à mesa com o livro Pãonosso nas mãos para fazer aleitura. Nem um som saía epacientemente todos esperavam.Lágrimas, passes por 5 anos nagarganta e a voz voltou. Então,como costumo dizer, só não faleina Casa Espírita a primeira noite,e lá se vão 43 anos, falando...falando... Sempre gostei muitode estudar e queria saber do

Espiritismo. Indicaram-me Olivro dos espíritos... que estudo atéhoje. Fui totalmente convencidapela lógica e pelo Evangelho docaminho a seguir.

projeto de unificação, parece-nosque no geral os espíritas tau-bateanos entenderam a boaconvivência, respeitando as dife-renças.

DE-Como você analisa oMovimento Espírita de Unifi-cação?MF-Como algo necessário parao bom andamento de nossasatividades, mas sobretudo denossos pensamentos. E, perceboque é um desejo comum emnossa cidade. Não tenho tidomuitas possibilidades de par-ticipação nos eventos regionais,estaduais ou nacionais, emboramantenha-me informada, sejapor representante nos eventosou pelos meios eletrônicos dis-poníveis.

DE-Como analisa o papel doespiritismo em sua vida?MF-Fundamental. Um divisor deáguas nessa minha caminhadaterrena. Sempre fui crédula na féque abraçava, porém o Espiri-tismo me trouxe certezas, pensa-mento crítico, racional e uma fémais sólida. Seus ensinamentossão setas para uma vida mais

Vinte e nove dias depois do nascimento de MarinaAparecida Guimarães Ferri, em Taubaté, eracriada, no 1º Congresso Espírita do Estado de SãoPaulo, a União Social Espírita (a atual União dasSociedades Espíritas do Estado de São Paulo). Hoje éprofessora aposentada. Casada, tem quatro filhos edois netos. É presidente da USE Intermunicipal deTaubaté, expositora e coordenadora de trabalhospúblicos e mediúnicos. Tem participação constanteem atividades nos Centros Espíritas União eCaridade, Irmã Dulce e na Associação EspíritaBeneficente Joana d’Arc, todos, na cidade em quenasceu. Nos demais Centros, participa em exposiçõesdoutrinárias e em passes, quando convidada. Éexpositora nas cidades do Vale do Paraíba e LitoralNorte. Marina Ferri é o Perfil desta edição.

perfilMarina Ferri

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maio/junho – 2020 – edição 177

DE-Conte-nos seu envolvi-mento com a USE e o movi-mento de unificação.MF-Conheci a USE aindaUNIME em Taubaté, no final dadécada de 70. Movimentopequeno mas com o desejo deunir as Casas e as pessoas.Desde então, estivemos semprepresente participando das dire-torias que se formaram e, algu-mas vezes, com o cargo depresidente. Atualmente entendoque temos maior atuação no

... Como costumodizer, só não faleina Casa Espírita aprimeira noite, e láse vão 43 anos,falando, falando ...

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serena e ética. Assim, acredito,vou melhorando o meu modo deser e de ver a vida a cada dia.

DE-Quais as principais difi-culdades encontradas pelascasas espíritas atualmente?MF - Algumas dificuldades sãoobservadas: a) financeira; b) faltade trabalhadores (talvez pelafalta de oportunidades aosnovos) causando ausência deEvangelização Infantil e Mocida-de; c) pouca participação dos jo-

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terrena, temos encontradoexplicações na Doutrina, pelasleis naturais, pela evolução dahumanidade e do planeta que elanos demonstra em seus ensinos.Temos o conhecimento paraadquirir sabedoria e resignação,sabendo que embora imortaisestamos encarnados, sujeitostambém às leis humanas queprecisamos respeitar. Assim,cumpre-nos seguir semesmorecer, entendendo que detempos em tempos a humanida-

todos. E, quem sabe estejamosresgatando valores nobres davida em família, esquecidospelo corre-corre do nosso existirterreno.

DE - Os centros serão osmesmos depois da pandemia?MF - Acredito que não. Estamostendo oportunidade de buscarnovos meios de comunicação;fazer um movimento espíritamais abrangente, ou seja, foradas paredes dos centros espíritas.Pessoas não espíritas estão tendooportunidade de conhecer osensinos doutrinários e têm en-tendido que eles se aplicam atoda e qualquer religião, pois quese aplica ao ser humano. Odistanciamento a que estamosobrigados só faz com que aoretornamos celebremos a vidaem toda a sua grandeza, maisgentis uns para com os outros,mais fraternos e mais hábeis nas

Estamos tendo oportunidade de buscar

novos meios de comunicação; fazer um

movimento espírita mais abrangente, ou seja, fora das paredes dos centros

espíritas

vens.; d) trabalhos sociaise assistenciais organiza-dos.

DE-Acredita que osjovens estão tendoespaço para atuar noscentros e no movimen-to espírita?MF-A dificuldade para aparticipação nesse ou na-quele trabalho começapela classificação de “jo-vens” (idade, compromis-so, responsabilidade, co-nhecimento da Doutrina).Entendo que tudo possa seresolver se "jovens" e "adultos"se aproximarem mais, seconhecerem e trocarem seusconhecimentos.

DE-Espiritismo e COVID-19?MF-Assim como toda e qualquersituação social ou particular desaúde, economia, política, etc...que faz parte de nossa jornada

de em grupos mais localizadosou no sentido geral sofreturbulências e aflições. A destemomento não é diferente detantas outras já vividas, talveztenhamos agora mais divulgaçãoo que oportuniza a todos o de-senvolvimento mais conscientedo livre arbítrio com a res-ponsabilidade do bom combatecristão na seara do bem para

lhadores da última hora" e queverdadeiramente possamos serreconhecidos como discípulosde Jesus por muito nosamarmos! Paz e luz a todos!

"Solidários, seremos união. Separados uns dos outros sere-mos pontos de vista. Juntos, al-

cançaremos a realização de nossos propósitos.” Bezerra de Menezes

tarefas a realizar.

DE - Qual a sua men-sagem para os dirigen-tes espíritas?MF - Amigos, temos umadoutrina santa que nos le-va ao "Homem de Bem",portanto não esmoreça-mos nas atividades espí-ritas que abraçamoscom tanta alegria, nemnas responsabilidades queos cargos trouxeram aosnossos ombros, sejamoshoje e sempre os “traba-

perfil

maio/junho – 2020 – edição 177

Marina Ferri, representante espírita, no dia da Bíblia, em Taubaté

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30 Anos do Dirigente Espírita

Nossas homenagens aos seus editores

nas 176 edições, de 1990 a 2020

Wilson Garcia

1 (SO 1990) – 15 (JF 1993)

15 edições

Éder Fávaro 16 (MA 1993) – 22 (MA 1994)

7 edições

Antonio Cesar Perri de Carvalho 23 (MJ 1994) – 50 (ND 1998)

28 edições

Julia Nezu de Oliveira

51 (JF 1999) – 77 (JA 2003) 112 (MJ 2009)

28 edições

Humberto Alves Mendes 78 (SO 2003) – 93 (MA 2006)

16 edições

Merhy Seba 94 (MJ 2006) – 111 (MA 2009)

18 edições

Martha Rios Guimarães

113 (JÁ 2009) – 139 (JF 2014)

27 edições

Rubens Toledo 140 (MA 2014) – 164 (MA 2018)

25 edições

Eliana Haddad 166 (JA 2019) – 176 (MA 2020)

11 edições

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lgumas pessoas ainda estão em dúvida seas alterac o es no texto da 5ª edic a o francesa daobra A gênese, os milagres e as predições segundo oespiritismo são doutrinariamente relevantes. E umadúvida saudável, pois incentiva ao estudo compa-rativo da edic ão original com essa publicadaposteriormente à morte de Allan Kardec.

Em todos os seus 18 capítulos, na 5ª edic a ode A gênese, registram-se supressões, acréscimose/ou reordenamentos de trechos e ate itens intei-ros. Em alguns capítulos, não houve comprome-timento doutrinário significativo, porém, em ou-tros, houve sim. Um desses e o Capítulo XVIII,intitulado “Os tempos são chegados”.

Comentários sintéticos sobre as inconsistên-cias doutrinárias das alterac o es encontradas nessecapítulo da 5ª edic a o já foram anteriormente publi-cados aqui no Dirigente Espírita, nov/dez 2018, p. 5,e e está disponível para consulta no seguinte link:https://educadorespirita1.blogspot.com/2018/12/inconsis

tencias-doutrinarias-da-5.html Adicionalmente, os comentários a seguir,

também referenciados em outras obras, objetivamapenas detalhar algumas relações conceituais quefavorecem o exame desse capítulo de A Gênese.

O ensino dos Espíritos, analisado,organizado e publicado por Allan Kardec, ébastante claro ao se contrapor a crendicessupersticiosas e místicas que vinculam o destinodas pessoas à influência dos astros. Cada serhumano possui livre-arbítrio e é responsável porseus atos e consequências, sendo irrelevante aposição astronômica em que os orbes celestes seencontravam quando o indivíduo nasceu.

Sobre esse tema, podemos citar, porexemplo, a questão no 867, de O livro dos espíritos,reproduzida a seguir:

867. Donde vem a expressão: Nascer sob umaboa estrela?“Antiga superstição, que prendia às estrelas osdestinos dos homens. Alegoria que algumaspessoas fazem à tolice de tomar a pé da letra.”

Igualmente, Kardec critica a ilusóriainfluência que as constelações teriam sobre oshomens no Capítulo 5, item 12, na própria obra AGênese, tanto em sua 1ª edic a o quanto na 5ª edic a o.Após consistentes esclarecimentos sobre osmotivos de já não se poder levar a sério talcrendice diante do avanço do conhecimento, assim

Marco Milani *

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Espiritismo hojeO papel do Centro Espírita no mundo pós-pandemiaSeria KARDEC ?

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ele conclui o item:

“A crença na influência dasconstelações, sobretudo dasque constituem os doze sig-nos do zodíaco, proveio daideia ligada aos nomes queelas trazem. Se à que sechama leão fosse dada o no-me de asno ou de ovelha,certamente lhe teriam atri-buído outra influência.”

Como movimento naturaldo desenvolvimento das ideias,certamente a humanidade progri-de desvendando a realidade ba-seada em fatos, conjecturando eanalisando as causas dos diferen-tes fenômenos observados. Nes-se sentido, Kardec situa a astro-logia e outras tentativas de expli-car a realidade e prever aconteci-mentos como a expressão doconhecimento de determinadaépoca, mas que foi superada peloavanço da ciência. No Capítulo1, da obra O que e o espiritismo,durante o diálogo com o cético,Kardec assim escreve:

Antes dos progressos sériosda Astronomia, acreditava-sena Astrologia. Será razoáveldizer-se que a Astronomiapara nada serve, porque jánão se pode encontrar nainfluência dos astros oprognóstico do destino?Assim como a Astronomiadestronou os astrólogos, oEspiritismo veio destronaros adivinhos, os feiticeiros eos que liam a buena-dicha. Eleé para a magia, o que é aAstronomia para aAstrologia, a Química para aAlquimia.

Ao questionar se osacontecimentos já estavam fatal-mente determinados, Kardecobteve a seguinte resposta na

questão no 851, de O livro dosespíritos, em que se destaca a claraseparação entre provas físicas edecisões morais dos indivíduos:

851 – Há uma fatalidade nosacontecimentos da vida, se-gundo o sentido ligado a essapalavra, quer dizer, todos osacontecimentos são prede-terminados? Nesse caso, emque se torna o livre-arbítrio?“A fatalidade não existe se-não pela escolha que fez oEspírito, em se encarnando,de suportar tal ou tal prova.Escolhendo, ele se faz umaespécie de destino que é aconsequência mesma da po-sição em que se encontra.Falo das provas físicas,porque para o que é provamoral e tentações, o Espí-rito, conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e sobreo mal, é sempre senhor deceder ou resistir. Um bomEspírito, vendo-o fraquejar,pode vir em sua ajuda, masnão pode influir sobre ele demaneira a dominar suavontade. Um Espírito mau,quer dizer, inferior, mostran-do-lhe, exagerando-lhe umperigo físico, pode abalá-lo eassustá-lo; mas a vontade doEspírito encarnado não ficamenos livre de todos osentraves.”

Acontecimentos físicos,portanto, não implicam fatali-dades sob o aspecto moral, dadoo livre-arbítrio do homem. Astransformações morais depen-dem das escolhas e ações dosEspíritos, independentemente deocorrências físicas, sejam essascoletivas ou individuais.

Naturalmente a Humani-dade progride sob os aspectosmorais e intelectuais e, indivi-dualmente, o Espírito nunca re-

troage (LE-118). Considerandoque há épocas em que essesprogressos se caracterizam demaneira mais intensa, é possívelregistrar momentos marcantesque atestam essa marchaevolutiva. No Capítulo I do livroO evangelho segundo o espiritismo,temos, por exemplo, as trêsrevelações como movimentosevolutivos do conhecimentosobre a realidade espiritual enossa relação com Deus, commuitos séculos de espaçamentoentre elas. Sob a perspectivaespiritual, esses movimentospodem ser previstos porque osseres evoluem e é por isso queos Espíritos afirmaram a Kardecque o período de regeneração daHumanidade já havia se ini-ciado. Isso não se trata deprevisão astrológica, mas moral.

Os registros bíblicos queassociam o final dos tempos(para início da era de rege-neração) estavam fartamente as-sociados a imagens que deveriamimpressionar os sentidos e osenso comum.

No item 50, do CapítuloXVII de A gênese, ao tratar dossinais precursores, encontramosuma citação evangélica, nova-mente usando a figura da quedade estrelas:

50. Logo depois desses diasde aflição, o Sol se obscu-recerá, e a Lua deixara de darsua luz; as estrelas cairão docéu e as potestades dos céusserão abaladas. Então, osinal do Filho do homemaparecerá no céu e todos ospovos da Terra estarão emprantos e em gemidos everão o Filho do homemvindo sobre as nuvens docéu com grande majestade.(Mt, 24:29-30)

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Os Espíritos explicaram,no item 54 desse Capítulo XVII,que esse quadro do fim dostempos “era evidentementealegórico”, para impressionarinteligências ainda rudes. Noitem 55, destacam que “entre osantigos, os tremores de terra e oobscurecimento do Sol eramacessórios forçados de todos osacontecimentos e de todos ospresságios sinistros”, e aindacomentam que a figura de umaqueda de estrelas do céu ”nãopassa de ficção”.

Assim, imagens ficcionaisrelacionadas a vaticínios povoa-ram a imaginação de gerações,fazendo com que as crendicessupersticiosas do passado aindapossam estar presentes no com-portamento atávico de muitaspessoas.

Uma pessoa em particular,entretanto, não demonstrou ne-nhuma tendência mística e su-persticiosa durante a estrutu-ração da Doutrina Espírita:Allan Kardec.

Durante toda a suatrajetória, o Codificador se pau-tou pelo rigor metodológico eargumentação criteriosa baseadana razão.

Estranhamente, ha umanota do autor (ou seja, suposta-mente de Kardec) acrescentadana 5ª edic a o de A gênese,referente ao item 10, do CapítuloXVIII, o qual trata de relaçõesentre acontecimentos físicos emorais, reproduzida a seguir:

Nota: A terrível epidemiaque, de 1866 a 1868, dizimoua população da Ilha Mauríciafoi precedida por uma chuvatão extraordinária e tãoabundante de estrelas ca-dentes, em novembro de1866, que os habitantesficaram terrificados. A partirdesse momento, a doença,que grassava desde algunsmeses de maneira muito be-

nigna, tornou-se um verda-deiro flagelo devastador.Sem dúvida houve umsinal do céu, e talvez nessesentido que era precisoentender as estrelascaindo do céu de que falao Evangelho, como umdos sinais dos tempos.(Detalhes sobre a epidemiada Ilha Maurícia, Revistaespírita, julho de 1867, p. 208;novembro de 1868, p. 321.).

Allan Kardec faria aafirmação supersticiosa de que“sem dúvida” a chuva deestrelas cadentes era um “sinaldos céus” para algum flagelo?

Para explorar oassunto, faz-se necessário lersobre a epidemia ocorrida na IlhaMaurícia, na Revista espírita denov/1868. Duas cartas escritaspor espíritas moradores nessa ilhaforam lidas na Sociedade Parisien-se de Estudos Espíritas e, depois,verificaram-se comunicações me-diúnicas sobre o caso.

Especificamente, em trechoda segunda carta lida na ocasião, omissivista afirma:

“... Em nosso ponto de vistaespiritualista, poderíamos verai uma aplicação do prefáciodo Evangelho Segundo oEspiritismo, porque operíodo nefasto queatravessamos foi marcado,no começo, por umaextraordinária chuva deestrelas cadentes, caída emMaurícia na noite de 13 depara 14 de novembro de1866. Posto que o fenômenofosse conhecido, por ter sidomuito frequente de setembroa novembro em certa épocasperiódicas, não e menosadmirável que, desta vez, asestrelas cadentes foram tãonumerosas que fizeramtremer e impressionaram os

que as observaram. Esseimponente espetáculo ficaragravado em nossa memória,porque foi precisamentedepois desse aconteci-mento que a moléstiatomou um caráter aflitivo.Desde esse momento tor-nou-se geral e mortal, o quehoje nos pode autorizar apensar, como diz o Dr.Demeure, que chegamos aoperíodo de transformaçãodos habitantes da terra,por seu adiantamento mo-ral.”

A respectiva nota apre-sentada na 5ª edic ão capturaparte do conteúdo da carta aci-ma do habitante da IlhaMaurícia, cujo embasamentodoutrinário é altamente questio-nável, pendendo para a inter-pretação supersticiosa dos “sinaisdos céus” pressagiando aconteci-mentos terríveis associados aoperíodo de regeneração da Terra.O missivista se posicionar expres-sando crendices do passado écompreensível, pois o amadureci-mento doutrinário varia de pessoapara pessoa, porém seria sur-preendente se Kardec assim seexpressasse.

Logo após a leitura dascartas, registrou-se a comunicaçãomediúnica de Clélie Duplantier,em 16/10/1868. Tal comunicação,e passível de análise quanto aoconteúdo. A seguir, apresentam-seos parágrafos iniciais damensagem:

Em todos os temposfizeram preceder os gran-des cataclismos fisiológi-cos de sinais manifestosda cólera dos deuses.Fenômenos particulares pre-cediam a irrupção do mal,como uma advertência parase prepararem para o perigo.

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Essas manifestações, comefeito, ocorreram não comoum presságio sobrenatural,mas como sintomas da imi-nência da perturbação.Como tivemos oportunidadede dizer-vos, nas crises emaparência as mais anor-mais que dizimam passo apasso as diferentes regiõesdo globo, nada foi deixadoao acaso; elas são a conse-quência das influênciasdos mundos e dos elemen-tos uns sobre os outros(outubro de 1868); elas sãopreparadas de longa data,e sua causa é, por com-sequência, perfeitamentenormal.A saúde é o resultado doequilíbrio das forças naturais;se uma doença epidêmica de-vasta qualquer lugar, ela nãopode ser senão a conse-quência de uma ruptura des-se equilíbrio; daí o estadoparticular da atmosfera e osfenômenos singulares que aípodem ser observados.Os meteoros conhecidospelo nome de estrelas ca-dentes são compostos deelementos materiais, comotudo o que cai sob os nossossentidos. Eles não aparecemsenão graças à fosforescênciadesses elementos em com-bustão, e cuja natureza espe-cial por vezes desenvolveno ar respirável, influên-cias deletérias e mórbidas.As estrelas cadentes eram,para a Ilha Maurícia, nãoo presságio, mas a causasecundária do flagelo. Porque sua ação se exerceu emparticular sobre aquela re-gião? Primeiro, porque, co-mo disse muito bem o vossocorrespondente, ela e umdos. Meios destinados aregenerar a humanidade e a

Terra propriamente dita,provocando a partida de em-carnados e a modificaçãodos elementos materiais. De-pois, porque as causas quedeterminam essas espéciesde epidemias em Madagas-car, no Senegal e por todaparte onde a febre palustre ea febre amarela exercem suadevastação não existem naIlha Maurícia, a violência e apersistência do mal deveriadeterminar a pesquisa sériade sua fonte e atrair a aten-ção sobre a parte que aí po-diam tomar as influências deordem psicológica.

As mensagens publicadasna Revista Espírita são registroshistóricos relevantes e fontes depesquisa, porém há diferentes ti-pos de comunicações, conformeo grau de conhecimento e eleva-ção moral do Espírito comuni-cante. A mensagem acima inicia-se de maneira evidentementemística, fazendo referência àcólera dos deuses e às supostascrises fatalistas “preparadas delonga data”, além de reforçaruma suposta inter-relação deacontecimentos físicos com a re-generação moral da humani-dade, caracterizando-se pordesencarnações coletivas. Chegaa associar influências mórbidas edeletérias dos elementos quími-cos dos meteoros no “arrespirável” da região em que seprecipitam, assim as estrelas ca-dentes agora não seriam maisum presságio (como sinalizadono início da comunicação), masem uma “causa secundária doflagelo”!

Na Revista espírita, AllanKardec não comentou, nem ascartas dos moradores da IlhaMaurícia nem as respectivascomunicações mediúnicas.Estranhamente, foram acrescen-

tados no Capítulo XVIII da 5ªedição, itens sobre a influênciamútua dos astros relacionados aacontecimentos morais (ver oitem 10, por exemplo) e, geran-do perplexidade, também foiacrescentada uma Nota “doautor” com teor supersticioso.

Diante desses fatos, cadaleitor pode ponderar se o com-teúdo supersticioso deve ser atri-buído a Kardec. A mesmapergunta é possível de ser feitadiante de fragilizações e outrasinconsistências presentes nosdemais capítulos dessa 5ª ediçãode A gênese, que anuncia em suacapa “revista, corrigida e aumen-tada”. Na dúvida ou reconhe-cendo que as alterações dis-torcem os conceitos espíritas,fiquemos com a edição original.

* Marco Milani é Diretor doDepartamento de Doutrina da USE SP epresidente da USE Regional deCampinas.

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6ª questão do nosso projeto é sobre opasse: as técnicas empregadas no passe têm basedoutrinária? SIM ( ) NÃO ( X ). Por “técnicasempregadas no passe”, estamos nos referindo atodo e qualquer procedimento de natureza exteriorde posicionamento e movimentos de mãos, pernasou de outras partes do corpo, sejam do passista,sejam do assistido. Infelizmente, não há basedoutrinária que dê suporte a movimentos outécnicas do passe.

Embora a possível estranheza do leitor, issonão é novidade. Herculano Pires, em sua obraObsessão, o passe, a doutrinação, já houvera dito isso.Nesta matéria, para compreender a incoerênciadoutrinária do uso de técnicas no passe, vamosanalisar 3 coisas: i) o significado de “ter basedoutrinária”; ii) a principal razão para concluirmosque nenhuma técnica do passe tem basedoutrinária; e iii) as afirmativas de Herculano Piresem apoio a essa conclusão.

Nos próximos números da revista DirigenteEspírita, analisaremos, sob à luz da DoutrinaEspírita, a incoerência doutrinária de alguns tiposespecíficos de técnicas do passe como fechar ouabrir as mãos em determinados momentos do

passe, a velocidade e direção de movimentos dotipo longitudinal, etc.

Uma coisa é dita “ter base doutrinária” quando sepode aplicá-la com os conceitos fundamentais daDoutrina Espírita. Isso é diferente de “estar escritonas obras de Kardec”. Por exemplo, as palavras“castigo” e “punição” estão escritas em mais de umaobra de Kardec. Mas o fato de estarem escritas nasobras de Kardec, não as tornam conceitos espíritasou corretos. Quando se estuda a expiação, porexemplo, entendemos que ela significa umprocesso de (re)educação moral, e não de puniçãoou castigo. Que o sofrimento proporcionado poruma expiação é uma forma de despertar o Espíritopara o bem, e não punição ou castigo pelo malpraticado. Assim, o conceito de expiação tem basedoutrinária, mas o de castigo ou punição não tem basedoutrinária. Isso é importante porque as técnicasensinadas em vários cursos de passe não têm basedoutrinária, embora encontremos nas obras deKardec comentários em favor da antiga ciência doMagnetismo, que as propõe.

A principal razão para que técnicas de passenão tenham nenhuma base doutrinária decorre dadefinição simples de passe (uma doação ou troca

A incoerência doutrinária das técnicas no passe

Alexandre Fontes da Fonseca*

A

ceefa.org.br

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Projeto Valorizar Kardec – VI

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de fluidos) e da forma como a Doutrina ensinasobre como os fluidos “funcionam”. Do item 14do capítulo XIV de A Gênese (GE) temos:

“14. Os Espíritos agem sobre os fluidosespirituais, não os manipulando como oshomens manipulam os gases, mas com aajuda do pensamento e da vontade.”(Grifos em negrito, meus).

Segundo a Doutrina Espírita, é somentepela ação do pensamento e da vontade que osEspíritos conseguem manipular os fluidos,modificar as qualidades do fluido cósmicouniversal e imprimir neles “esta ou aquela direção”(item 14, cap. XIV da GE). Kardec mostra que asqualidades dos fluidos dependem das qualidadesdo pensamento que age sobre eles (item 15, cap.XIV da GE). Nem mesmo a simples imposiçãode mãos é necessária, embora seja aceitável por serum gesto simples. Pensemos: de outro modo,uma pessoa sem as mãos ou sem os braços nãopoderia aplicar passes? Não poderia usar nenhumatécnica do passe, mas consegue imprimirqualidades aos fluidos e direcioná-los a qualquerpessoa que esteja necessitada. A Doutrina Espírita,portanto, não fornece bases para o uso de gestos eo uso da imposição simples das mãos ou mesmomenos que isso, decorre apenas do bom senso.Mesmo a imposição simples das mãos não teránenhum efeito se não estiver acompanhada depensamentos elevados e de um forte e ardentedesejo de ajudar o irmão necessitado.

Quem usa técnicas do passe estáprejudicando alguém? Não. Mas o que a Doutrinadiz é que quem usa técnicas do passe mas mantémpensamentos elevados e um forte e ardente desejode ajudar o próximo, aplicará um passe tão bomquanto aquele que não usa nenhuma técnica, masigualmente mantém os mesmos pensamentos.

Por fim, vejamos o que Herculano Pirespensa sobre o passe:

“O passe espírita é simplesmente a imposiçãodas mãos, usada e ensinada por Jesus como se vênos Evangelhos.”

“O passe espírita não comporta as encenações egesticulações em que hoje o envolveram algunsteóricos improvisados.”

“Todo o poder e toda a eficácia do passe espíritadependem do Espírito e não da matéria, daassistência espiritual do médium passista e não

dele mesmo.”

“Os passes padronizados e classificadosderivam de teorias e práticas mesméricas,magnéticas e hipnóticas de um passado já hámuito superado. Os Espíritos realmente elevadosnão aprovam nem ensinam essas coisas, mas aprece e a imposição das mãos.”

“Toda a beleza espiritual do passe espírita, queprovém da fé racional no poder espiritual,desaparece ante as ginásticas pretensiosas eridículas gesticulações.”

“O passe espírita é prece, concentração edoação. Quem reconhece que não pode dar de simesmo, suplica a doação dos Espíritos.”

As afirmações acima estão em total sintoniacom o que Kardec ensina no capítulo XIV da GE,isto é, elas têm base doutrinária. Não foi à toa queHerculano foi considerado por Emmanuel “ometro que melhor mediu Kardec”.

A próxima questão, em prosseguimentoao nosso estudo sobre o passe, segundo oEspiritismo, é sobre o movimento longitudinale/ou transversal seja para infundir fluidos oudispersar fluidos no assistido. Isso têm basedoutrinária? Sim ou não ?) NÃO (

Não perca a resposta na próxima edição doDirigente Espírita, Se desejar tirar dúvidas ou sugerirtemas para analisar, escreva para a USE

([email protected]).

BibliografiaPIRES, J. H. 2009. Obsessão, o passe, a doutrinação,Editora Paidéia, 10ª edição, São Paulo, SP.

KARDEC, A. 1996. O livro dos médiuns. Editora FEB,96ª edição, Rio de Janeiro, RJ.

* Alexandre Fontes da Fonseca é físico e professor da Unicamp,escritor e palestrante espírita.

... somente pela ação do pensamento e da vontade que os Espíritos conseguem manipular os fluidos ... e

imprimir neles “esta ou aquela direção”. (item 14, cap. XIV da GE)

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m grande número de casas espíritascompreende e estuda os livros indispensáveis doMestre de Lyon, Allan Kardec, o único quetrabalhou na Doutrina Espírita sempre assessoradopela equipe do Espírito da Verdade; uma equipe deEspíritos sábios, dirigidos por Jesus de Nazaré.Felizmente hoje essa compreensão aumenta. Apóso estudo do trabalho magnífico de Jesus e Kardec,utilizam livros que respeitam essas duas bússolas eainda outros de espíritas encarnados e desen-carnados. Livros como os psicografados porFrancisco Cândido Xavier, apresentando mais dequatrocentos livros, entre os quais os de AndréLuiz e Emmanuel. E escritores como Léon Denis,Camille Flammarion, José Herculano Pires e osdos médiuns Yvonne Pereira e tantos outros.

Mas o que o grande filósofo, meu pai,Herculano Pires, considerava um bom médium?O critério era: amar e respeitar o próximo como asi mesmo, como Jesus ensinou. Outro critério:desapego dos bens ilusórios da Terra. Respeito ao“dinheiro amigo”, como explica Emmanuel numartigo lindo. O dinheiro que deve ser utilizado paraauxiliar o desenvolvimento do nosso planeta e dosseus habitantes. Respeito ao corpo físico, mas nãoescravidão. Compreensão do sentido da vida (umlivro lindo do meu pai), e da importância de Jesus

e Kardec para conseguirmos evoluir ... Com-preender que todos, médiuns com tarefamediúnica, palestrantes, escritores espíritas, somos,como dizia Herculano, alunos do querido planeta.Os centros estão trabalhando através de cursos, dotrabalho assistencial, para que consigamoscompreender e praticar “O Consolador Prome-tido” por Jesus de Nazaré.

Não somos corpos de carne, somosespíritos e como disse Jesus: “sois deuses e luzes.Podeis fazer o que eu faço e muito mais... Sois osal da Terra... se o sal perder seu sabor, com que sehá de salgá-la?” E tantas vezes, colocamo-nosacima de Jesus e Kardec. Mas a cada dia, oEspiritismo vai sendo melhor compreendido; epraticado. Respeitado pela sociedade que, em geral,considera com carinho o Espiritismo..., comalgumas exceções. Herculano deve estar satisfeitocom essa compreensão.

A Casa Espírita tem, também, a finalidadede despertar consciências adormecidas pela “festado mundo”; pelos reinos ilusórios do dinheiro e dopoder”, na incompreensão do “Reino“ (tambémum lindo pequeno grande livro do pai). Esse livroestá sendo estudado através de palestras e cursos,em várias Casas.

Indispensável a educação das crianças na

Heloísa Pires*

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Espiritismo hoje

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apresentação correta do trabalhode Jesus, Kardec e grandesvultos da Humanidade e doEspiritismo. Esse trabalho estásendo feito com grande correçãopela maioria dos trabalhadoresna divulgação do desenvolvi-mento das crianças e adoles-centes. No livro de Herculano,Introdução à doutrina espírita, há umesclarecedor capítulo sobre anecessidade da apresentação daarte de bem viver através dostrabalhos das nossas bússolas(Jesus e Kardec). O filósofo JoséHerculano nos lembra que todosviemos preparados para a Vitó-ria (livro: Introdução à DoutrinaEspírita, cap. Fideísmo crítico),mas que para atingi-la, énecessária a estimulação moralque possibilita que a apren-dizagem realizada no mundoespiritual consiga gravar nocérebro do corpo físico; a socie-dade em geral esquece o desen-volvimento moral, a necessidadedos exemplos dos verdadeirosheróis, que não são os guerrei-ros, mas os homens de bem... AsCasas Espíritas e as instituiçõesque as agregam, como a USE, aFEESP, a FEAL, a FEB, aFEP, e tantas outras, têm procu-rado desenvolver esse conheci-mento. E muito tem sido feitopara o desenvolvimento da com-preensão da Ética, através dotrabalho de um grande númerode espíritas.

No livro Pedagogia espírita,o filósofo explica porque ne-cessitamos uma pedagogia espí-rita: porque a pedagogia cristãtraz os ensinamentos de Jesus,mas nós que estávamos traba-lhando na divulgação dosensinamentos do Mestre, retira-mos, na nossa ignorância e mui-tas vezes para manipular asmassas, o que podia libertá-las: areencarnação, a imortalidade ouinexistência da morte; a possibili-

dade de comunicação entre“mentes físicas e extrafísicas”,como diz o parapsicólogo Rhinee outros (e que aparece já nohorizonte primitivo e em toda aBíblia, com seus anjos que velame aconselham os indivíduos daTerra). O poder do pensamento,tão bem explicado por Jesus eKardec e, hoje, pela Ciênciatradicional. Não há como educarsem essa visão dilatada que veioem todos os tempos mas que noEspiritismo aparece como estrelabrilhante através do trabalho deJesus e Kardec.

Alguns problemas surgi-ram da incompreensão do tra-balho de Kardec, após a mortedo mestre de Lyon, mas foramagora resolvidos, o que deve terdeixado meu querido pai profun-damente feliz... Quando os errossão apagados não devemos ficarfocados neles, mas nos voltar-mos para os acertos, para asluzes. Ai de nós se ficássemospensando sempre no erroscometidos nessa ou em outras,

encarnações; entraríamos emdepressão. Jesus estimulou a for-mação de uma auto imagempositiva. Mesmo nos conhe-cendo e sabendo das nossasdificuldades.

A Parapsicologia encantouHerculano, que participava doInstituto de Parapsicologia queestudava os médiuns e os fenô-menos espíritas, só mudando osnomes mas respeitando os com-ceitos apresentados por Kardec.Na Rússia estudaram, nafaculdade de Kirov, o francêsAllan Kardec, que havia apresen-tado o corpo bioplásmico exata-mente como era compreendidopelos parapsicólogos , mas dera aesse corpo o nome de peris-pírito. E esse senhor conseguiraas informações não com ospotentes aparelhos usados pelosparapsicólogos mas através depessoas paranormais entre asquais adolescentes... Importante:reconheceram o trabalho magní-fico de Kardec ... Herculanoexplicava em palestras mara-

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vilhosas realizadas nas casasespíritas, nas Universidades cató-licas e protestantes e leigas... Hojeficaria feliz ao ver o grandenúmero de filósofos, cientistas eescritores não espíritas que come-çam a compreender a inexistênciada morte, a reencarnação, a comu-nicação possível entre mentesfísicas e extrafísicas, como diriaRhine e sua esposa Luísa... Notempo e no espaço esses fenôme-nos existiam mas muitas vezes nãoeram compreendidos... Hoje émais fácil ser espírita... Somosrespeitados, também, graças aoauxílio que a maioria das casasespíritas dispensa aos maisnecessitados, na assistência socialtão necessária no nosso queridoBrasil ...

Penso como encanta ao paio mundo atual na expressão daTerra, com o auxílio dos com-putadores, celulares, programasque diminuem a distância física epermitem a ligação entre os países.

Herculano escreveu osmais de cem livros em uma má-quina antiga que exigia até mudara fita para que as letras apare-cessem com clareza. O telefoneera pesado e raro. As rádios reali-zavam com dificuldade seus pro-

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gramas. Herculano gravava naRádio Mulher. Hoje o grande de-senvolvimento técnico facilita asantigas tarefas realizadas pelogrande filósofo, jornalista e escri-tor... E as casas espíritas utilizamcom precisão os recursos atuaisnos cursos, palestras, reuniões nasquais os participantes permane-cem cada um na sua casa, reunidosatravés de vários programas napequenina tela do celular ou natela maior do computador. É claroque no plano espiritual os recursossão até melhores, mas para ofilósofo, que havia criado umcurso enviado pelo correio, O cursobásico de espiritismo, a alegria deverificar como o curso é apresen-tado, como se fosse ao vivo comos recursos modernos. As casasespíritas surgem nas pequenastelas atendendo aos desejos ounecessidades da sociedade. Aspalestras são consultadas facil-mente no apertar de um númerodo celular ou de outros recursosmesmo as mais antigas.

Importante é a dilatação dapublicação de livros e filmes queapresentam a verdade ensinadapor Kardec; filmes: Minha vida naoutra vida, e outros. Livros comoO cérebro que se transforma, escrito

por vários professores das Univer-sidades dos Estados Unidos que,coordenados pelo Dr. NormanDodge, demonstram a importân-cia dos nossos pensamentos noequilíbrio ou desequilíbrio dasnossas defesas orgânicas ou nadestruição dessas defesas; e apossibilidade do trabalho das casasespíritas através de cursos epalestras e desobsessão, na curadesses problemas . O convite d’OConsolador Prometido” enviadopor Jesus através de Kardec,permite a cura do corpo e doespírito, porém não dispensando otratamento médico.

José Herculano Piresrealizou o que prometeu antes dereencarnar e outros irmãos queri-dos continuam a tarefa de con-solar e tornar mais felizes oshabitantes do nosso planeta, atra-vés do “Amai o próximo como asi mesmo”, como disse Jesus... Acasa espírita e as instituições queas agregam realizam hoje umtrabalho admirável na evolução dahumanidade do nosso queridoplaneta... E hoje nessa hora demudanças em nosso planeta,Herculano deve, como sempre,orar confiante para o Criador eunido aos grandes vultos da

humanidade, trabalhar paraque consigamos compreen-der as lições ministradasatravés não de bombas, masde um vírus que mostra anossa fragilidade física, masnossa força espiritual: “Po-deis fazer o que eu faço emuito mais”. A casa espírita,com Jesus, nos permitecompreender e resolver oproblema.

Tudo passa mas Jesuspermanece...

* Heloísa Pires é escritora e palestranteespírita. Foi, nessa encarnação, filha deJosé Herculano Pires.

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pandemia provocada pelo chamadoCovid-19 está afetando profundamente todo omundo. Como o tempo de disseminação poderá seprolongar por um tempo não muito definido, nopresente momento, não se pode prever a completaextensão de suas repercussões.

Claramente, há prenúncios de grandes criseseconômicas, sociais, sanitárias e familiares.

Nesse contexto, os problemas espirituaissão inevitáveis junto às populações afetadas e devehaver também envolvimento do mundo espiritual,dos grupos socorristas e apoiadores da humani-dade e alguma agitação entre aquelas entidadesespirituais que se aproveitam para prejudicar em si-tuações de tensão pessoal e coletiva.

Na medida em que o tempo for passando,ficarão claras as alterações junto às instituições es-píritas.

De um lado pode ocorrer eventual maiorprocura pela busca de compreensão dos sériosimpactos, acolhimento, consolo e orientaçãoespiritual. Esse atendimento é o objetivo maior docentro espírita.

Ao mesmo tempo, pode-se ampliar a faixade pessoas carentes de apoio material, atingidas

pelo desaquecimento da economia e pelo desem-prego.

As próprias instituições espíritas poderãoestar imersas em dificuldades para a manutenção eaté, em alguns casos, com a necessidade de recom-posição de equipes de colaboradores.

Na vigência da pandemia, as instituiçõesespíritas tiveram que atender às recomendaçõessanitárias e governamentais de isolamento social,fechando suas portas materiais. E aí, muitasinstituições, grupos de estudo e de trabalho, eexpositores passaram a adotar as chamadas reu-niões virtuais ou online. Rapidamente alguns tive-ram que treinar para utilizar as formas decomunicação a distância e as redes sociais.

A dificuldade criada pela pandemia, emtempo curtíssimo, já provocou também um efeitointeressante: a adequação para a utilização dos no-vos recursos tecnológicos. Muitos nem poderiamimaginar que estariam inseridos nesse contextonovo.

Interessante é que temos conhecimento deque o cenário físico é uma cópia adaptada derealidades do “outro lado”, valendo a pena bus-carmos a ilustração em obras espíritas bem

Antonio Cesar Perri de Carvalho *

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O papel do Centro Espírita no mundo pós-pandemia

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difundidas, e que muitas vezes oleitor não percebe o detalhe dealguns episódios reveladores decondições do Plano Espiritual.Ou seja, “do outro lado” sãoempregadas várias formas de co-municação.

A propósito, nos recor-damos de palestra proferida porEdimilson Luiz Nogueira1, inte-grante da antiga equipe da secre-taria geral do Conselho Federa-tivo Nacional da FEB, em even-to no Centro Espírita AndréLuiz, de Brasília, e que tambémcontou com nossa presença.Nosso companheiro desenvol-veu oportuna exposição com re-curso visual relacionando fatosdescritos pelo espírito AndréLuiz na obra Nosso Lar2. Narealidade, os registros feitos porAndré Luiz, àquela época no anode 1944, foram algumas anteci-pações tecnológicas sobre equi-pamentos do Plano Espiritual.Referente ao livro citado, o ex-positor comentou sobre: portaautomática com acesso digital eprojetor multimídia (Cap. 3);auscultação tomográfica (Cap.5);o veículo aéreo designado deaeróbus (Cap. 10); um grandeaparelho com imagens daGovernadoria (Cap. 17); apare-lho à maneira do cinematógrafoterrestre com cinco projeçõesvariadas e simultâneas (Cap. 32);e, uma descrição também anteci-pando a arquitetura moderna, degraciosos edifícios, a espaços re-gulares, exibindo formas diversas(Cap. 7).2

Essas notas nos chamamatenção de que em algumas dé-cadas essas informações espiri-tuais já se tornaram realidadesentre nós e se torna inimaginávelo que possa ser descoberto e in-ventado, respectivamente, naárea da ciência e da tecnologia.

O tempo atual demonstravertiginoso progresso nos meios

de comunicação. A rotina - doslares, estudos, trabalhos profis-sionais, desenvolvimento tecno-lógico e científico e lazer -, pas-sa por profundas modificaçõescom a utilização de formas dife-rentes de equipamentos e com aampliação dos recursos da redesocial.

As várias faixas etárias,precocemente desde a infância,mas já atingindo a 3ª idade, em-pregam computadores, tablets e

se interessante que as reuniõespúblicas, de estudo, administra-tivas, de planejamento deatividades e até o atendimentofraterno, incluam também orecurso das transmissões online.

Muitos eventos como se-minários e até congressos po-dem ter o alcance de difusãobem ampliado com a transmis-são ao vivo.

A essa altura surge umaindagação natural: será que mui-tas viagens de expositores, atéonerosas, não poderiam sersubstituídas por videoconferên-cias ?

Evidentemente que nasreuniões presenciais e a distân-cia, a linguagem e o tempo deduração devem se adequar a ca-da público alvo.

Sem dúvida, algumasatividades presenciais são im-prescindíveis, pois o calor huma-no e a vibração do local são im-portantes.

Mas aí emerge uma outraquestão: nos centros espíritasrotineiramente fazemos vibra-ções a distância para lares, pes-soas necessitadas e doentes. Aspessoas unidas por um tema oupor uma prece feitas emreuniões virtuais também pode-

E o que dizer do evidente crescimento da expectativa de vida, ampliando a faixa de idosos ?telefones celulares.

Em função dessa rea-lidade dinâmica e que se expan-de rapidamente nas várias faixassociais, torna-se necessário queas instituições espíritas se ade-quem ao contexto atual incluin-do o emprego de videocon-ferências.

Na medida do possível eda realidade de cadalocal, torna-

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riam se vincular vibratoriamentea uma mesma faixa e receberemapoios espirituais?

E o que dizer do evidentecrescimento da expectativa de vi-da, ampliando a faixa de idosos?Entre estes surgem problemasde mobilidade, acesso aos locaise em algumas cidades até de se-gurança. A opção de eventos ereuniões virtuais poderia favore-cê-los.

Entre o público que apre-cia e se utiliza da leitura já cresceem nosso país o número daque-les que preferem os livros digi-tais, os e-books. As editoras edistribuidoras espíritas necessá-riamente precisam se adaptar aessa demanda crescente e quefavorece a difusão do livro paraqualquer parte do mundo. Logi-camente será um novo desafioeconômico para as editoras espí-ritas e principalmente aquelasque editam livros com objetivosfilantrópicos.

Todavia os futuros cená-rios econômicos das instituiçõese das pessoas demandarão algu-mas ações solidárias.

A propósito, cabe a refle-xão se essa séria crise mundialnão teria também outros desdo-bramentos na área das relaçõesentre as pessoas? A pandemiapoderá provocar reflexões sobrea vida e sobre valores?

Sobre isso, é cabível refle-tirmos em trecho do Codifica-dor, quando comenta sobre “Ostempos são chegados” e gera aesperança para o momento detransição da humanidade: “[...] afraternidade será a pedra angularda nova ordem social, mas nãohá fraternidade real, sólida eefetiva sem estar apoiada sobreuma base inabalável. Essa base éa fé; não a fé em tais ou quaisdogmas particulares que mudamcom o tempo e os povos e quese apedrejam mutuamente…” 3.

Bibliografia1. Nogueira, Edimilson Luiz.Antecipações Tecnológicas no PlanoEspiritual segundo André Luiz.[Palestra]. Brasília, 18 de abril de2009.

2. Xavier, Francisco Cândido.Pelo espírito André Luiz. Nossolar. Cap. 3, 5, 7, 10, 17, 32. Rio

de Janeiro: FEB.

3. Kardec, Allan. A gênese, osmilagres e as predições segundo oespiritismo. Cap. XVIII. SãoPaulo: FEAL. 2018.

* Antonio Cesar Perri de Carvalho éex-Presidente da FEB e da USE SP.

Webradio espírita em Ribeirão Pretowww.webradioverdadeeluz.org.br

O ano de 1986 foi marcante na história do movimento espírita naregião de Ribeirão Preto, especialmente na área da comunicação.Naquele ano a USE RP criou o jornal e o programa semanal de rádioVerdade e Luz. A primeira edição do jornal circulou em fevereiro e oprograma foi ao ar, pela primeira vez, no dia 5 de outubro daqueleano.

A dedicação de inúmeros companheiros garantiu que os doisveículos de comunicação, nestes 34 anos, tivessem presençaininterrupta, na família espírita e na sociedade em geral.

O Departamento de Comunicação da USE RP sempre buscouatualizar-se e utilizar os avanços tecnológicos que surgiram ao longodeste período. Assim, dando mais um passo, foi inaugurada uma webrádio.

A rádio digital e a online se complementam e uma fortalece aoutra. Cada uma tem sua característica, sua vantagem, seu público eseu perfil de usuário ideal. Ainda, o público consumidor de conteúdodas rádios é maior pelo uso do meio analógico, sintonizando as rádiosdentro de carros, por exemplo. Contudo, a tendência dedesenvolvimento das rádios online já é muito forte em países commaior acesso à internet. Portanto, a manter-se a escala de crescimentoatual de internautas brasileiros, a base de ouvintes online crescerácada vez mais, podendo até mesmo superar a base de ouvintesanalógicos.

A rádio online, além de ser acessível para pessoas do mundotodo, demanda um investimento inicial baixo e, ainda assim, tem umaboa qualidade de transmissão.

Outro benefício para o movimento, além da divulgação damensagem espírita, é que com a criação da web rádio, abre-se umgrande campo de trabalho, no qual um maior número de pessoaspode se engajar à tarefa, seja produzindo conteúdos, gravandoprogramas, fazendo a locução ao vivo, preparando a programaçãodiária, coordenando a parte técnica, etc.

A rádio foi ao ar no final de abril, com o mesmo nome doprograma e do jornal: “Web Rádio Verdade e Luz”, mantendoassim “o nome de família”.

Visite e ouça a rádio. Para enviar suas ideias e sugestões,escreve para o e-mail:

[email protected]

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e você se sente perturbado, angustiado,necessitado de orientação e busca respostas ouajuda, fique atento. Nem sempre essa ajuda seráoferecida por pessoas honestas ou comprometidascom o bem-estar do semelhante. Por ignorância(não no sentido pejorativo, mas sim no sentido denão saber mesmo), despreparo ou más inten-ções mesmo (como infelizmente tem ocorrido atécom certa frequência), muita orientação oferecidase transforma em desdobramentos lamentáveis,com prejuízos emocionais e psicológicos de ex-pressão na vida de muita gente.

Pessoas humanas somos falíveis, sujeitos aequívocos e distrações, seduzidos muitas vezespela vaidade ou pelas variadas paixões, mani-pulados por vontades alheias ou conduzidos porimpressões e imperfeições que tanto nos carac-terizam, que nos dão visão limitada e bem pequenada realidade que nos cerca, bem como dos obje-tivos maiores nas ocorrências e acontecimentos.

Ao procurar um centro espírita, porexemplo, para pedir ajuda ou buscar respostas,preste atenção. Se a pessoa que atendê-lo,amedrontá-lo, assustá-lo, ameaçá-lo, chantageá-loou mesmo cercá-lo de informações esdrúxulas,

detalhando seu passado ou seu futuro e até fizerprevisões ou mesmo indicar perseguiçõesespirituais, esqueça ! Isso não é uma orientaçãoespírita. O grupo que você foi pode até estar pre-parado, mas a pessoa que atendeu está despre-parada ou não foi bem orientada. O serviço deatendimento fraterno de uma instituição espíritaou mesmo qualquer pessoa chamada de espíritaque você procura para conversar e pedir orien-tação, não existe para assustar ou ameaçar. O diá-logo com qualquer pessoa de bom senso de-ve primar-se pela ordem, pelo respeito mútuo,numa análise ponderada, sem uso de argumentosou citações que piorem a situação.

Ninguém tem o direito de ameaçar, explo-rar, ditar procedimentos, exigir. Podemos sugerir,claro, o que não significa que será aceito, o que seenquadra na liberdade individual da escolha a serfeita. Portanto, se você está diante de pessoa queameace, ordene, exija ou tente qualquer tipo de ex-ploração, esqueça. Isso não é orientação espírita.Esse não é um espírita. Isso contrasta totalmentecom a orientação espírita.

Num centro espírita sério não há revelaçõesdo passado ou do futuro, não há previsão de datas

Orson Peter Carrara *

S

Não nos deixemos enganar

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ou acontecimentos, não háconsultas a torto e direito(usando expressão popular) aosEspíritos para as mínimas ques-tões que nós mesmos podemosdiscernir ou resolver. Aliás,dependência de Espíritos é outroequívoco que você pode prestaratenção. Não temos que seguirpessoas, médiuns ou Espíritos,temos que seguir a Jesus, o únicoinfalível que pisou neste planeta.

Se você perceber que hádependência de tal médium, detal Espírito, isso deixa de ser prá-tica espírita. Poderá ser práticamediúnica, mas não espírita. Ofenômeno pode ser real, masdeixa de ser espírita, pois que ofenômeno espírita se prima pelodesejo único de auxiliar as pes-soas, sem qualquer tipo de ritualou dependência de médiuns ouEspíritos, atendentes ou pales-trantes, todos instrumentos daBondade Divina, mas livres paraescolher caminhos de equívocos,aos quais responderão pelos des-dobramentos advindos, no devi-do tempo.

Cuidado e prudência,pois. E você, naturalmente, vaise perguntar: Mas como vou sa-ber a quem procurar com segu-rança ?

É simples e fácil: bastaobservar com atenção. Qualquerprática que traga em seu contex-to ausência do bem e mistura de

personalismo, ou indique ma-lícia, exploração de qualquer tipoou mesmo imposições e atémesmo previsões e também in-formações fáceis sobre passado efuturo, esqueça. Isso não é práti-ca espírita. Isso é mediunismosem responsabilidade.

E se exigir que você façaalgo, seja um pagamento ou umcomportamento, afaste-se. Issonão é Espiritismo. Pode ser oque for, mas não é Espiritismo.Espiritismo é simplicidade, fé,fraternidade. Se não houverbondade com simplicidade, estámanchado pelo egoísmo huma-no que busca outros propósitos.

Não se deixe enganar,pois. Busque ajuda sempre queprecisar, com quem lhe mereçaconfiança. Sempre que houverexigências ou imposições, des-confie. Busque sim, um gruposério, espírita ou de qualquer ou-tra crença, onde haja sinceridadee desejo do bem. Isso é o queimporta.

Num centro espírita sério não há revelações do

passado ou do futuro.

Nenhum de nós pode secolocar no pedestal de orienta-dores, embora possamos sim,nos tornarmos mutuamente am-paradores uns dos outros, emdiferentes situações. Mas em es-sência somos todos aprendizes,desejando aprender uns com osoutros. Toda vez que alguém secoloca na posição de sábio einfalível, pronto, já começou aísua derrocada. Se encontrar al-guém assim, ele é digno denossa compaixão e precisa depreces, pois está se perdendo naprópria vaidade.

Uma leitura atenta àIntrodução de O evangelho segundoo espiritismo, especialmente nosubtítulo II – Autoridade da Dou-trina Espírita – Controle Universaldo ensino dos Espíritos, fornece atodos nós lúcida orientação quenos ajudará a perceber o quantode discernimento precisamos de-senvolver em nós mesmos –estejamos na posição de quemdeseja ajudar ou de quem buscaajuda – para perceber auten-ticidade e confiança ou equívo-cos de entendimento.

O texto é muito opor-tuno, lúcido, extremamente atuale de peculiar orientação. Suge-rimos buscá-lo. Vai nos fazerimenso bem.

* Orson Peter Carrara é escritor eexpositor espírita.

Rede resgata memória históricaColaboradores de 23 cidades do estado estão

trabalhando no resgate da memória histórica da USESP. Atas da Diretoria Executiva e do ConselhoDeliberativo Estadual de 1947 a 1990 estão sendodigitalizadas e digitadas.

O grupo formado por 32 voluntários estáatuando desde o início do ano, sob a coordenação daDiretoria Executiva, e espera-se que nos próximosdias finalize a geração de mais de 750 documentosque encontram-se, hoje, nos chamados ‘livros de atas’de antigamente.

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screver sobre Espiritismo e Política exigelembrar no mínimo, alguns fundamentos básicosda Doutrina Espírita e da Política. Gostaria deabrir uma clareira nesse cipoal de ideias tãointrincadas, mas sei que em um artigo apenas não éfácil. Vamos começar por conceituar o que é aPolítica. Sabemos que existem inúmeros conceitosinteressantes e diferentes, mas vamos usar aqueleque diz ser ela a ciência da busca do bem comum,dos homens que vivem em sociedade.

Lembramos que a Política é uma ciência quetem seus fundamentos e métodos próprios deanálise, que pode ser observada com dois olharesdiferentes conforme Weber, ou seja, como“Ciência ou como Arte”. Ciência para aqueles queestudam os fenômenos políticos e tentaminterpretá-los à luz da razão através de pesquisas earte para aqueles que são os agentes políticos oupúblicos como legisladores e executivos, quetratam das questões públicas, que acontecem nosmunicípios, Estados e União, e também os quetrabalham nas organizações não governamentais,tais como as associações de bairros, deprofissionais, de idosos, defensores do meioambiente e outras.

Uns pesquisam e estudam os fatos e asrelações políticas, outros fazem política na prática,independente de estudá-las ou não. As áreas deinteresse são entre outros, o de como o poder searticula na sociedade, ou seja, quem decide e comodecide as ações que vão atingir a todos, a vida emsociedade, a coisa pública, a representação política,as políticas públicas, etc.

Em linhas gerais, a Doutrina Espírita,codificada por Allan Kardec, é a ciência que temcomo objeto central de estudo, o “Espírito imor-tal” e suas relações diversas com o universo. Elatambém tem seus fundamentos básicos, dentreeles destaco a crença em Deus, Jesus como mo-delo e guia, evolução do espírito, reencarnação, li-vre arbítrio, fé raciocinada, diversidade dos mun-dos habitados. Naturalmente podemos discutiresses dois campos e fazer centenas de análises di-ferentes entre eles e suas relações.

A tudo o que acontece dentro do Universoe no conhecimento humano, pode ser discutido edebatido à luz da Doutrina Espírita, mas quem sedisponha fazê-lo, precisa ter conhecimento tantodo Espiritismo em primeiro lugar, quanto doassun-to que pretenda debater e relacionar comela, neste

EAllan Kardec Pitta Veloso*

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Espiritismo e política:o que fazer ?

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é preciso fazer o bem em todos os dasrelações humanas, inclusive pelas ações políticasque atingem todos nós, seja pelo voto conscienteou pela participação social ativa, responsável econsciente.

A pergunta é como fazer isso tendo comobase a doutrina espírita, consequentemente, ocristianismo ? A resposta não é simples, mas épreciso estudar o tema à luz da doutrina, debateras questões sem fanatismo respeitando asinterpretações diferentes, facilitando dessa forma, aque cada criatura humana possa agir através do seulivre arbítrio, optando pelas melhores escolhas decomo participar dela. Poderão escolher oscaminhos pensando no “bem comum” e não nosseus próprios interesses pessoais ou de seu círculode amigos e familiares.

Defendo a ideia de que a Doutrina Espíritanos convoca a mais um desafio, o de exercer umacidadania ativa, madura e responsável. Quanto aosapologistas que defendem a omissão dos espíritasna vida pública, lembramos sempre do antigoditado de que “enquanto o povo não participar dapolítica, ela será fruto do conchavo dasoligarquias”, e os resultados disso conhecemosatravés da história e da atualidade.

Finalizando, deixo um trecho do poema AVida é uma dança, de André Luiz psicografado porChico Xavier, que diz: “Toda inércia é umdesserviço à obra divina. Há um mundo a sertransformado, seu papel é contribuir para deixá-lomelhor do que você o encontrou. Recursos paraisso você tem, só falta a vontade de servir a Deusservindo aos homens”.

* Allan Kardec Pitta Veloso é presidente da USERegional da Baixada Santista e Vale do Ribeira.

caso a Política.Isto posto, tanto a Doutrina Espírita quanto

a Política (principalmente a ciência política)têm a “racionalidade” como uma ferramenta ne-cessária para a análise ou debate e podemos agre-gar o uso do bom senso como recomenda Kardec,pois sem elas, não chegamos a um porto seguro.Mas quando se trata das questões políticas, vemosque as paixões, os preconceitos, a ignorância doassunto e o fanatismo falam mais alto, até mesmono movimento espírita, pois vemos pessoas que sóconhecem um dos campos ou nenhum deles,fazendo afirmações fora do contexto, da realidadeou do bom senso, como se fossem doutores nosdois temas, esquecendo a fala de José HerculanoPires, de que em se tratando de Espiritismo “nãohá mestres e doutores, somos todos aprendizes”.

Tanto em O livro dos espíritos, especialmentena parte das Leis Morais, como em outras obras deKardec, temos textos com informações riquíssimaspara esse diálogo, tais como a pergunta 573. “Emque consiste a missão dos Espíritos encarnados?”cuja resposta “Em instruir os homens, em lhesauxiliar o progresso; em lhes melhorar asinstituições, por meios diretos e materiais”, apontapara todos nós encarnados, o dever de agir paramelhorar as instituições, todas elas, inclusive asque governam os povos como os podereslegislativo, executivo e judiciário.

Se é uma missão dos Espíritos encarnados,não devemos nos omitir das decisões da coisapública, da política, porque na resposta da questão642 do L.E. em que ele diz “respondemos nãoapenas pelo mal que fazemos, mas pelo bem quedeixamos de fazer”, fica claro que se podemosfazer o bem a uma pessoa ou a milhares delas pelasações políticas, devemos fazê-las. Fica óbvio que

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Capela dos Ossos situada em Évora,Portugal, foi construída entre os anos de 1845 a1848 pelo pároco Antônio da Ascenção Delvos,com esqueletos de cinco mil pessoas, de todas asclasses sociais, a fim de promover uma profundareflexão ao povo da época, que atinge os nossosdias sem que tenha sido absorvida a contento. Paracoroar essa obra, por muitos considerada tétrica,mas que reúne em si um sério chamamento para oque temos feito de nossa vida, tem sobre seupórtico de acesso o seguinte epígrafe: “Nós ossosque aqui estamos pelos vossos esperamos.” Econta ainda com um poema de autoria do referidosacerdote, cujas estrofes nos incitam aincomparáveis considerações. Diz ele:

Aonde vais caminhante acelerado?Para... não prossigas mais avante:

Negócio não terás mais importanteDo que este à tua vista apresentado

Recorda quantos desta vida tem passadoReflete em que terás fim semelhanteQue para meditar é causa o bastanteTerem todos os mais, nisto parado.

Pondera que influído dessa sorteEntre negociações do mundo tantasTão pouco consideras a da morte

Porém se os teus olhos aqui levantasPara, porque em negócio deste porte

Quanto mais tu parares, mais adiantas.

O sábio sacerdote, àquela época, já nosconvocava a avaliar as condições em queestabelecíamos os parâmetros de nossa existência.Ele é mais um que chamava a atenção para aimortalidade da alma, contemporâneo das irmãsFox, que despertaram o interesse sobre o fenô-meno mediúnico e do próprio Kardec, cuja missãoera inaugurar novos horizontes para a Terra,através da compilação do Espiritismo.

Aqueles que o veem simplesmente comoum portal para a vida após a morte, não oconhecem o suficiente a fim de torná-lo umindispensável manual de conduta à evoluçãoespiritual, afinal de contas, somos espíritosimortais carregando conosco a maior de todas asfatalidades: evoluir continuamente.

Recorrendo à Revista espírita, outubro de

Eulália Bueno *

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O papel do Espiritismo rumo à regeneração

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1866 algumas considerações quenão podem ser ignoradas para aplena compreensão do querepresenta o Espiritismo para aregeneração da humanidade:

“Quem quer que hajameditado sobre o Espiritismo esuas consequências, compreendeque que ele abre à humanidadeuma nova via e lhe desenrola oshorizontes do infinito. Inician-do-os aos mistérios do mundoinvisível, mostra-lhes deu ver-dadeiro papel na criação, papelperpetuamente ativo, tanto noestado espiritual quanto noestado corporal. O homem jánão marcha como cego: sabe deonde vem, para onde vai e por-que está na Terra... Sabe que oseu ser não está limitado a algunsinstantes de uma existência; quea vida espiritual não é interrom-pida pela morte; que já viveu ereviverá ainda e que de tudo oque adquire em perfeição, pelotrabalho nada fica perdido;encontra nas existências ante-riores a razão e do que hoje a sifaz, pode concluir o que será umdia.”

Integrando as duas men-sagens, uma de um pároco eoutra de Kardec sob a direçãodo Espírito da Verdade, amesma observação do ínfimoinstante de uma existência e anecessidade de se avaliar comoser imortal que precisa, acima detudo, perquirir quais são as fina-

lidades da reencarnação. Alertaque não há neste mundo nadatão importante quanto cuidar doque vem após a morte, porqueno túmulo todos, físicamentefalando, nos igualamos de talmaneira que se torna impossí-vel, à vista dos ossos, estabelecera identidade que mantivemosmomentaneamente. Quem sãoos nobres e os pobres?

O Espiritismo, de formairrefutável, nos apresenta, à luzda lógica, a solução para osquestionamentos mais básicos daalma e que fazem a diferençaperante o valor que damos àprópria vida.

Em “O livro dos médiuns”em seu capítulo I, Kardec nosconduz a um raciocínio coeren-te, numa sequência de três per-guntas: Credes em Deus? Credesque tendes uma alma? Credes nasobrevivência da alma após amorte? E a partir das respostasnos oferece o leme seguro para acondução do barco da existência.

Será que já refletimos aamplitude que nos oferece aopensamento a certeza daperpetuidade do ser espiritual ?Se não tivéssemos ultrapassadoos limites da vida material, qualseria para nós, neste momento, osignificado da terrível pandemiaque assola as nações, que comoos ossos da Capela, se tornamiguais uns aos outros, porque omal arrebata a vida de pobres e

ricos, ignorantes e doutos,adoradores de todas as crenças,cidadãos de todas as raças, afe-rindo nossos valores para daruma maior ressignificação à nos-sa estrada.

“Somos convocados à fra-ternidade, que o Espiritismo noscoloca como sinônimo da cari-dade pregada pelo Cristo. Dosentimento de fraternidade nasceo da reciprocidade e dos deveressociais de homem a homem, depovo a povo, de raça a raça.”

Em O livro dos espíritos emresposta à questão 913, osEspíritos confirmam que oegoísmo é a maior chaga dahumanidade, pois é incompatívelcom a justiça, o amor e a cari-dade. É sentimento relativo ànossa própria inferioridade esucedem-se os clamores envia-dos pelos benfeitores do planeta,

‘ Sabe que o seu ser não

está limitado a alguns

instantes de uma

existência.’

convocando-nos auma atitude diferen-ciada no trato comnossos semelhantes.

Precisávamosde um freio que estan-casse a investida tres-loucada na busca devalores materiais quenada nos acrescenta-rão, à mudança de há-bitos verdadeiramente

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degradantes nos costumes do Homem que atingiupatamares invejáveis de inteligência, sem dar amesma importância às conquistas morais.

Vínhamos desprezando a benção querepresenta uma família, que segundo Emmanuel,no livro Vida e sexo é a mais importante de todas asinstituições da Terra no que toca ao processoreeducativo do Espírito.

O Espiritismo, ainda na Revista espírita, nonúmero citado anteriormente, “coloca-se como ocampeão absoluto da liberdade de consciência;combate o fanatismo sob todas as formas e o cortapela raiz, proclamando a salvação para todos oshomens de bem e a possibilidade, para os maisimperfeitos de, pelos próprios esforços, pelaexpiação e pela reparação, chegar à perfeição quesó ela conduz à suprema felicidade. Em vez dedesencorajar o fraco, encoraja-o, mostrando-lhe ofim que pode atingir. Não diz fora do Espiritismo não

há salvação, mas afirma incontestável que “Não há féinabalável senão a que pode olhar a razão face a face emtodas as idades da humanidade”, destrói o império dafé cega, aniquila a razão da obediência passiva queembrutece; emancipa a inteligência do homem elevanta a sua moral.”

E finalizando, ainda com Kardec:“Espíritas, o futuro é vosso e de todos os homensde coração e devotamento. Não temais osobstáculos, pois nenhum poderá entravar osdesígnios da Providência. Trabalhai sem desanimare agradecei a Deus por vos haver colocado navanguarda da nova falange, É posto de honra quevós mesmos pedistes, e do qual vos deveis tornardignos pela vossa coragem, perseverança edevotamento.”

É uma honra, realmente, ser Espírita!

* Eulália Bueno é escritora e palestrante espírita.

A União das Sociedades Espíritas do Estadode São Paulo comemora no dia 5 de junho, 73anos de sua fundação, ocorrida em 1947, quandoda realização do 1º Congresso Espírita Paulista.

Do Congresso, a tese vencedora, de EdgarArmond, aprovada por 551 centros espíritas do es-

formada por 12 representantes, sendo 4 de cadainstituição patrocinadora: Aristóteles Soares daRocha, Ary Lex, Benedito de Godoy Paiva, CarlosJordão da Silva, Edgard Armond, Emílio MansoVieira, José Herculano Pires, Julio Abreu Filho,Luiz Monteiro de Barros, Pedro de CamargoVinícius, Sebastião Guedes de Souza e StollNogueira.

Menção especial ao sr. Sebastião Guedes deSouza que, nas primeiras 60 reuniões do CDE,participou de todas elas, sem nenhuma ausência,mesmo que justificada.

Para lembrar destes anos de trabalho nomovimento paulista de unificação, no dia 5 dejunho deste ano, sexta-feira, a Diretoria Executivarealiza comemoração especial pelos 73 anos dafundação da USE.

Pesquisa Dirigente EspíritaDesde o bimestre novembro/dezembro de 2019,incluímos no Dirigente Espírita, pesquisa sobre oveículo de comunicação da USE SP.

Até o momento desta edição, apenas oitorespostas foram encaminhadas pelo seus leitores.Este número, no entanto, é insuficiente para sedefinir o perfil do leitor, base das perguntas quefaziam parte da pesquisa.

Comunicamos, assim, que estamosencerrando a pesquisa, cujo objetivo era melhorarnosso atendimento.

USE comemora 73 anos de sua fundação Da redação

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tado e das quatroentidades federa-tivas da época, asentidades inicial-mente patrocina-doras da USE:Federação Espí-rita do Estado deSão Paulo, LigaEspírita do Esta-do de São Paulo,União FederativaEspírita Paulista eSinagoga EspíritaNova Jerusalém.

Também a-provada peloCongresso foi aprimeira constitui-ção do ConselhoDeliberativo Esta-dual da instituiçãoUSE, a UniãoSocial Espírita,

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Terra atravessa momentos de grandeaflição e a humanidade perplexa teme e sofre pelaincerteza do futuro.

Nada a admirar, desde que se compreendamos mecanismos da lei divina, que ensina ser neces-sário que cada coisa venha a seu tempo

O espiritismo traz essa clareza de raciocínioao explicar de forma bem simples por que não hámilagres para a solução das dificuldades que en-frentamos, sejam de âmbito particular ou coletivo:o progresso é inexorável.

“O progresso é lei da Natureza. A essa leitodos os seres da Criação, animados e inanimados,foram submetidos pela bondade de Deus, que querque tudo se engrandeça e prosperem”, disse emParis, em 1862, o espírito Santo Agostinho (O evan-gelho, segundo o espiritismo (capítulo 3-19). “A própriadestruição, que aos homens parece o termo finalde todas as coisas, é apenas um meio de se chegar,pela transformação, a um estado mais perfeito, vis-to que tudo morre para renascer e nada sofre oaniquilamento”, complementa.

Assim, por mais nebuloso e complexo nospareça o amanhã, está tudo certo para as nossasnecessidades de evolução. Não existe o acaso e o

aprendizado é sempre a parte mais importante des-se processo, sua razão de ser. Às vezes, a lição éaté percebida rapidamente; na maioria delas, po-rém, a dificuldade em decifrá-la é bem grande, fru-to do estágio em que ainda nos encontramos semvisão de longo alcance. É por isso que o progresso,perfeito e misericordioso por ser Lei Divina, res-peita a condição de cada um. Pode até nos dar umchacoalhão, mas não pode dar saltos. É preciso com-preender cada etapa.

Assim também é a progressão dos mundos,as muitas moradas da Casa do Pai, como observouJesus.

Para diferentes estados de alma, tem-se aoportunidade de diferentes moradas de avanço –mundos primitivos, mundos de expiações e pro-vas, mundos de regeneração, mundos interme-diários, mundos felizes e mundos celestes oudivinos.

Muitos se perguntam como seria essapassagem de um nível para outro. A Terra, mundode expiações e provas, por exemplo, passará a serum mundo de regeneração mediante o avanço deseus habitantes.

Assim, para sabermos se a Terra está pas-

Eliana Haddad *

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A regeneração da Terra

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sando por essa fase de transição,precisamos nos perguntar se es-tamos nos esforçando na con-quista por melhores condiçõesintelectuais e, principalmente,morais.

E como saber em quemorada nos encontramos e quaisdesafios nos aguardam pela fren-te para sermos “promovidos” amundos melhores?

A Doutrina Espírita nosmostra detalhes dessa rota defelicidade, por todos tão alme-jada.

No caso da Terra, que nos

maior dificuldade, quandovalorizamos o que já alcançamose fazemos planos para angariar-mos virtudes em lugar de tantosvícios, identificando-nos com a

Há outros meios de evoluir ...

como o trabalho coletivo no bem

rico de evolução e progresso.É preciso compreender

que, como o homem conservasempre o seu livre-arbítrio, é jus-tamente ele que influenciará esseprocesso com suas decisões indi-viduais e coletivas, sendo tam-bém constrangido a suportar asconsequências de suas escolhas.

Por isso o papel das crisesna história da humanidade éacelerar o progresso e nos levar arefletir sobre o que queremos,representando possibilidades deruptura com o “velho”, e a nóscompete espaná-lo, modificá-lo

Como são os Mundos de Regeneraçãoü Servem de transição entre os mundos de expiação e

felizes.ü O homem ainda se acha sujeito às leis que regem a

matériaü Há sensações e desejos, mas não paixões desordenadasü Perfeita equidade nas relações sociaisü Todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele,

cumprindo-lhe as leis.ü Ainda não há felicidade perfeita, mas a aurora da

felicidade.ü O homem está sujeito às vicissitudesü Há provas, mas sem as angústias da expiação.ü São mundos ditosos e representam a calma após a

tempestadeü O homem ainda é falível porque o mal ainda existe.ü Se o homem não se houver firmado bastante na senda

do bem, pode recair nos mundos de expiação

O evangelho segundo o espiritismo - Santo Agostinho (Paris, 1862.)

toca mais de perto,quais seriam entãoas mudanças a se-rem observadas ecomo identificar ossinais dessa trans-formação?

Apesar dasguerras, dos dessas-tres naturais, dasdoenças e pande-mias, das angústiasmais recentes tãoamplamente divul-gadas pela mídia,nós estamos pro-gredindo. Aconteceque esses sinais detransformação de-vem ser contem-plados em seuaspecto moral. Sãonossas imperfei-ções que nos atama dores e sofri-mentos como ala-vancas para come-çarmos a espiar e acompreender o valor da “portaestreita”.

Segundo Allan Kardec, "épela educação, mais do que pelainstrução que se transformará ahumanidade." E essa educaçãoquer dizer amor, fraternidade,sentimentos que são justamentedespertados nos momentos de

justiça e misericórdia divinas.Essa é a educação moral

que precisa ser desenvolvida,para que nos habilitemos a alçarvoos mais seguros rumo à rege-neração, já que o ascendente es-piritual estará sempre presentena vida das coletividades a de-senvolverem seu percurso histó-

para melhor.Há outros

meios de evoluir.Também pode-mos optar poroutro caminho aseguir, como otrabalho coletivono bem, atentar àspossibilidades quea vida nos mostrae muitas vezesdeixamos escaparpor entre os de-dos. mas o pro-gresso está aí anos acenar muitasvezes com maisvariados infortú-nios, convidando-nos muitas vezesa processos cole-tivos de expiaçãoe prova.

Não sócompreender, masvivenciar o ladoespiritual da vida

em nosso cotidiano vai nospermitir uma maior conscienti-zação sobre a nossa responsa-bilidade rumo à evolução.

Será que já vivemos a erada regeneração ? (veja quadro).Não nos esqueçamos de quesomos considerados os cristãoschamados na última hora. Que

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aprendamos, pois, a não esperarque o mundo de regeneraçãochegue até nós, mas a nosmovimentar em direção a ele,começando a buscá-lo dentro denós.

A caminhada é longa.Depois, ainda virão as outrasmoradas, até que estejamosaptos a verdadeiramente auxiliaroutros a subirem os mesmosdegraus. Isso é mundo feliz.

O que diz o EspiritismoA Terra, um dos tipos demundos expiatórios, servindo delugar de exílio para Espíritosrebeldes à lei de Deus. Esses

Espíritos têm aí de lutar, aomesmo tempo, com a per-versidade dos homens e com ainclemência da Natureza, duploe árduo trabalho que simul-taneamente desenvolve as quali-dades do coração e as dainteligência. É assim que Deus,em sua bondade, faz que opróprio castigo redunde emproveito do progresso doEspírito.

(...) Este mundo estevematerial e moralmente numestado inferior ao em que hoje seacha e se alçará sob esse duploaspecto a um grau mais elevado.

Ele há chegado a um dos seusperíodos de transformação, emque, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração,onde os homens serão ditosos,porque nele imperará a lei deDeus.

O evangelho segundo o espiritismo - Santo Agostinho

(Paris, 1862.)

* Eliana Haddad é jornalista e ex-editora do Dirigente Espírita. Éjornalista responsável do CorreioFraterno do ABC.

A USE Intermunicipal doCircuito das Águas, com sede emSerra Negra, está desenvolvendoprojeto-piloto para catalogação einformatização de bibliotecasespíritas.

O projeto nasceu daverificação de que a maioria dascasas espíritas oferecem livros eperiódicos ao seu público,porém, devido à imensa disponi-bilidade de recursos digitais, esseserviço tem sua procura dimi-nuída a cada dia, causando umimenso desalento aos dirigentes,que mantêm uma estrutura físicae que veem os livros serem per-didos devido à falta de utilização.

“Com isso, vemos cons-tantemente que as própriasinstituições, percebendo a situa-ção, não divulgam mais o serviçode biblioteca”, analisa CaioMello, presidente do órgão deunificação e coordenador doprojeto.

Segundo Mello, o projetotem dois objetivos: “a informa-tização das bibliotecas espíritas

e a disponibilização através deaplicativo a toda comunidade,espírita ou não, o conhecimentode obras pouco divulgadas noMovimento Espírita, principal-mente daqueles autores clássicos,

pelas instituições, estas infor-mações serão implementadas emaplicativo, a ser desenvolvido,podendo ser acessado pelosinteressados.

Circuito das Águas desenvolve projeto para bibliotecas espíritas Da redação

continuadores deKardec, mas tambémde obras complemen-tares mais atuais, poisqualquer pessoa po-derá saber quais obrasestão disponíveis na-quele centro próximoà sua residência oubuscar em outroscentros aqueles títu-los mais raros.”

Foco na orga-nização e na difusãoda informação são osdois pilares do proje-to, cabendo à cadainstituição a decisãopelos títulos a seremoferecidos ao público.

Com a organi-zação e o cadastra-mento dos livros

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rte é linguagem que serve para expressar, desenvolver e comunicar qualquer conteúdo, em qualquer contexto. Enquanto linguagem, a Arte apresenta algumas características específicas que interessam de modo especial ao contexto do Centro Espírita, como o uso criativo da linguagem simbólica, a capacidade de emocionar e despertar para aspectos transcendentais da existência humana.

Por todos esses motivos, pode ser a Arte um valioso instrumento de comunicação, tanto no contexto interno da Casa Espírita, como na difusão de aspectos doutrinários para o público externo; os não espíritas, cujo interesse pelo Espiritismo pode ser despertado por uma obra de arte impregnada de doutrina num contexto ficcional, simbólico ou didático, pois a diversão pode ser veículo de conhecimento e reflexão.

Existem inúmeras formas de inserir alinguagem artística nas atividades da Casa Espírita,as mais frequentes são a música para harmo-nização de ambiente para palestras e reuniões, aformação de corais que abrilhantam os eventospúblicos, ou as apresentações públicas de teatro ecinema. A psicopictografia é praticada em algumascasas, bem como a psicografia de poemas; algunsCentros têm grupos de teatro ou utilizam músicas,dramatizações e contação de histórias na Evangeli-zação infantil. Na maioria delas, porém, essasatividades ficam por conta de alguns entusiastas,sem maior integração à dinâmica geral da casa.

Lirálcio Alves Ricci *A

Mas, afinal, se a linguagem artística oferece tantas

possibilidades, como poderá, na prática, integrar-

se à dinâmica do Centro Espírita ?

A arte como linguagem no Centro Espírita

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Existem inúmeras formasde inserir a linguagem artísticanas atividades da Casa Espírita,as mais frequentes são a músicapara harmonização de ambientepara palestras e reuniões, a for-mação de corais que abrilhantamos eventos públicos, ou as apre-sentações públicas de teatro ecinema. A psicopictografia é pra-ticada em algumas casas, bemcomo a psicografia de poemas;alguns Centros têm grupos deteatro ou utilizam músicas,dramatizações e contação de his-tórias na evangelização infantil.Na maioria delas, porém, essasatividades ficam por conta dealguns entusiastas, sem maior in-tegração à dinâmica geral dacasa.

Por outro lado, quando secomenta sobre função e utilida-de, o primeiro entendimento éde que a Arte Espírita pode ser-vir à Doutrina como instru-mento de propaganda e divulga-ção. Sim, certamente. Mas seráessa a única possibilidade?

Na realidade a Arte éinstrumento de comunicaçãodirecionado a um público – oespectador nas artes cênicas, oleitor na literatura, o observadornas artes plásticas, o ouvinte namúsica – porém existe outroefeito, resultante direto do fazerartístico, que é o efeito transfor-mador da Arte sobre o artista,resultante das disciplinas, estu-dos e reflexões a que se dedica,no intuito de aprimorar suatécnica. Fazer arte, seja o artistaprofissional ou diletante, é umadas formas mais eficazes paradesenvolver a sensibilidade eampliar visão de mundo.

Ao propor uma reflexãosobre o assunto, nosso propósitoé sinalizar possíveis caminhos esugerir algumas formas deaplicação.

Validade da Arte como instrumento para o aprimoramento do SerA Arte atinge em profundidade o espectador, criando uma experiên-cia inesquecível. Disso resulta um alto índice de assimilação e reten-ção do conteúdo enfocado.

Por outro lado, quando praticadas coletivamente, as atividadesartísticas oferecem oportunidade valiosa para convivência saudável,focada nos objetivos comuns do grupo, seja ele musical, teatral,coreográfico ou um projeto de escrita colaborativa, proporcionandoocasião para troca de informações, conhecimentos e vivênciascompartilhadas.

O conteúdo tratado com arte pode ser retrabalhadoposteriormente, com atividades de revisão e aplicação, estimulando osenso crítico tão caro à Doutrina Espírita. Um evento público reper-cute externamente, trazendo visibilidade ao trabalho do Centro.

Desse modo, mais do que mero meio de comunicação e lazer,a Arte na Casa Espírita pode ser assumida como caminho para oconhecimento e o autoconhecimento, desenvolvimento da sensibili-dade e sociabilização. Tudo girando em torno da Doutrina, a sercolocada como o objeto central, inspirador e estimulador da criativi-dade, como propôs Kardec, em Obras Póstumas.

Arte no Centro Espírita – Uma proposta de abordagemEstabelecer diálogo colaborativo entre integrantes de cada atividadeartística com os coordenadores de todas as atividades doutrinárias, demodo que o grupo de arte sinta-se integrado e alinhado com ospropósitos da casa.

Incentivar o estudo doutrinário entre os integrantes do grupode arte, convidando-os a participarem dos cursos e atividadesmediúnicas.

Inserir a linguagem artística no instrumental pedagógicoutilizado na casa com crianças, jovens, adultos e idosos.

Promover análise crítica colaborativa dos trabalhos artísticos,com vistas ao aprimoramento formal e ao alinhamento doutrinário.

Revisar os repertórios dos corais e grupos cênicos, com vistasà inserção de obras de conteúdo espírita, sejam músicas, peças oucoreografias.

Identificar talentos entre os frequentadores. Pode ser que entreos frequentadores da casa existam pessoas com vivências econhecimentos valiosos, que possam contribuir com sua expertisepara o crescimento dos grupos incipientes.

* Lirálcio Alves Ricci é Diretor do Departamento de Arte.

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ivemos um momento sui generis na históriada humanidade. A pandemia e a política deisolamento social, até o presente momento semprazo definido para acabar, pelo menos aqui noBrasil, produzirá transformações econômicas,sociais e políticas sem precedentes.

Uma das primeiras consequências é a tem-dência da relação do ser humano com a tecnologiasofrer uma ampliação nunca antes vista, algo quetodos os dirigentes e lideranças precisarão ficaratentos, pois impactará a participação e frequêncianas Casas Espíritas. Um dos questionamentos quetemos feito é se haverá uma queda brusca defrequência, em razão da mudança de hábitos daspessoas, ou pelo contrário, uma procura muitogrande em virtude de problemas emocionais,psicológicos e espirituais ocasionados pela crise.

Os fatores psicológicos provocados emsituação de isolamento social ou confinamento jáforam estudados em eventos semelhantes nopassado, embora em proporções muito menores.A sensação de isolamento, a imposição obrigatóriada evitação do contato social, a falta de contatofísico, principalmente em relação aos entes que-ridos, é um dos aspectos mais difíceis deste mo-mento. Apesar das redes sociais, que nos permitemabrandar esse sentimento de solidão, a percepçãode distância do mundo exterior é uma con-sequência natural e inevitável. Além disso, é pre-ciso considerar a ansiedade oriunda da incerteza,do medo, das expectativas negativas a respeito dasnotícias que são veiculadas pela imprensa.

Aprendemos com a Doutrina Espírita que ohomem é um ser social, nasceu para viver emsociedade (Questões 766 a 775 de O livro dosespíritos), por isso temos a linguagem e os órgãos decomunicação mais desenvolvidos que as espéciesanimais. Nossas emoções são também uma formade comunicação e de acordo como as expressamosou não, isso se reflete em nosso corpo material eem nosso padrão mental. A recomendação é darvoz a essas emoções, estar atento às mudanças dopadrão de nossos pensamentos. E então fica apergunta: como ocupar o tempo livre e ocioso denosso dia de modo produtivo e o menosestressante possível?

A contribuição que o Espiritismo tem aoferecer é muito grande, pelo seu poder deconsolar, de gerar esperança e esclarecer sobre anossa condição humana, em sua fragilidade, assimcomo a nossa imortalidade, apresentando aDivindade como um pai amoroso e justo, e quetudo ocorre de conformidade as suas leis. Asmudanças no planeta, as epidemias, catástrofesnaturais são contingências esperadas na dimensãofísica, ainda mais considerando as características deum mundo de expiação e provas como o nosso.

Mas para que essa mensagem possa chegar atodas as pessoas sedentas de um alívio moral eespiritual, faz-se indispensável que os agrupa-mentos espíritas se apresentem ativamente paraconfortar aqueles que sofrem.

A perda de entes queridos em massa noplaneta, o sentimento de desamparo das famílias,

V Fernando Porto *

Acolhimento em tempos de crise

departamento deatendimento espiritual

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as dificuldades de ordem material, pela falta derecursos, são alguns dos problemas mais imediatosa que serão acometidas as pessoas. Não é aceitávelque os centros espíritas simplesmente fechem suasportas e abandonem seus frequentadores, todosaqueles que são atendidos material eespiritualmente. Embora seja indispensável orespeito às autoridades sanitárias, no sentido decolaborar para a preservação da vida, isso nãopode servir de justificativa para que cruzemos osbraços no momento mais desafiador de nossotempo.

Para isso é preciso estar vigilante e daratenção às tarefas mais imediatas de assistênciaespiritual e material aos mais necessitados.Disponibilizar canais de comunicação para que aspessoas possam receber o acolhimento pelapalavra amiga e orientadora, realizar os trabalhosde explanação evangélica e irradiação à distância,inclusive por meio dos aplicativos que permitam acomunhão de pensamentos de diversoscolaboradores, são recursos inadiáveis para omomento em que vivemos.

Jesus convoca os trabalhadores da últimahora para que se apresentem no campo de batalha.Vive-se uma guerra invisível e sem fronteiras etodos somos solidários na dor e no aprendizado.O apóstolo Paulo compara a divulgação da BoaNova e sua vivência prática em suas epístolas àuma luta constante. O combatente precisa armar-se do “escudo da fé”, da “espada do Espírito” e do

“capacete da salvação”. A fé e a esperança são aproteção contra os ataques do desespero e daangústia. A espada do Espírito é a mensagem doEvangelho de paz, é o consolo que o Espiritismooferece. O capacete da salvação é a esperança deque tudo passa, o convite ao equilíbrio da mente,contra os maus pensamentos do medo que assolaos corações.

Por essa razão que o empenho de cada umde nós em favor do próximo, será umaoportunidade de semear a mensagem de paz noslares e nas famílias, preparando-nos para o grandedesafio que nos aguarda no retorno de nossasatividades habituais, pois não há um só mal queperdure indefinidamente e de tudo podemosextrair o bem.

* Fernando Porto é 1º Secretário do Departamento deAssistência Espiritual no Centro Espírita.

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á algum tempo, tomando de umaapostila universitária para o estudo da disciplina“Interpretação e Produção de Texto”, nos depara-mos com o seguinte enunciado: “Quando a máqui-na apitar, retire toda a roupa.”. Após o enunciado,uma pessoa, ao ler o texto, começou a despir-se...

Tomemos um outro exemplo na mesmadireção. Você está andando pela rua e, de repente,vê um carro muito velho passando e lê assim escri-to no vidro traseiro deste mesmo carro: “Deus éfiel”. Logo abaixo há outro texto: “Porque paraDeus nada é impossível!”. Poderíamos buscar, dasvárias interpretações suscitadas pelo texto, que se-ria muito difícil, para aquela pessoa, vender aquelecarro, entretanto, com a ajuda Deus, lograria êxito.

Buscando ampliar a noção de texto, há oentendimento da linguagem. Esta é uma espécie decódigo, essencial na materialização do sentido damensagem, da comunicação, sendo mesmo umanecessidade humana.

Podemos entender como linguagem todosistema de signos compartilhados entre emissor(es)e receptor(es) de modo a ocorrer a comunicação.Assim, a escolha das palavras pode alterar, signi-ficativamente, a percepção da mensagem. Isso

acontece com palavras sinônimas, semelhantes,mas que, pelo uso, acabam possuindo significadosdiferentes.

Vejamos mais um exemplo na mesmadireção: “Ela assistiu ao doente”. Aqui, o verbo as-sistir está relacionado ao ato de dar assistência, deamparar, cuidar, proteger, entretanto, podemosconstruir um outro texto, com a mesma palavra,mas com outro enfoque. Vejamos: “Ela assistiu ofilme.”. Neste instante o verbo assistir está nosentido de ver.

Assim, no estudo da literatura depreen-demos que é possível compreender um texto e,ainda assim, não sermos capazes de interpretá-lo.A interpretação de um texto, dentre os muitos ele-mentos envolvidos, diz da nossa capacidade deperceber como este texto foi construído, conce-bido, e qual o efeito de sentido que deve provocarem nós.

Os dias hodiernos estão cheios de textos, designos e de sinais. São como placas de trânsito,indicando a velocidade, a direção e o sentido.Contudo, cabe a nós o imperioso exercício dainterpretação.

Tomemos agora a mensagem do Alto e

HMarcelo Soares Uchôa *

A responsabilidade que nos compete

departamento decomunicação

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Por este motivo, Allan Kardec vai colocar, nacontracapa da obra O evangelho segundo o espiritismo, acoerente exortação:

“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente arazão, em todas as épocas da Humanidade.”

Temos (alguns de nós) encontrado maistempo em nossas agendas. O tempo destinado aodeslocamento até o trabalho, motivado pelanecessidade de reclusão social, foi substituído parao ampliar de nossa convivência familiar,melhorando nossa reflexão diante dos desafios domundo. Também nos forneceu mais tempo para oestudo.

Entretanto, atenção! Este não é o tempoocioso no sentido vulgar da palavra. A palavra óciovem do grego skholê e significa tempo livre. É daí,inclusive, que vem a origem da palavra Escola. Doantônimo (contrário) desta palavra é que se originaa palavra Negócio, qual seja, a negação do ócio, emúltima análise, o tempo destinado ao comércio.

Utilizemos assim, de forma espiritual, otempo de liberdade que a divindade nos concede.Não façamos comércio com o nosso tempo.Imperioso interpretemos, no texto que a divindadeexpõe para toda a humanidade, o que a Vida desejafalar ao nosso coração.

Assim, nada de desespero, de construção deincertezas, como se o Mundo fosse um navio asoçobrar. Ele, Jesus, está no leme da nossa TerraGaia, da nossa mãe-escola. E a lição destes dias é oda interpretação e análise de textos. Utilizemo-lacomo uma escola, de verdade, aprendendo ainterpretar as mensagens que nos falam danecessidade de crescer, da imperiosa necessidadede (con)viver como Espíritos imortais que somos.

Buscando agregar mais elementos à nossareflexão, deixamos algumas das considerações doEspírito Erasto, como elementos de nossa liçãointerpretativa:

“Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que adesprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aospequenos e simples que a aceitarão; porque,principalmente entre os mártires do trabalho, destaprovação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estesreceberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, asanta consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte,rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhesdestina.”

* Marcelo Uchôa é Diretor do Departamento de Comunicação.

vejamos o enunciado, muito bem arranjado pelomestre de Lyon, no Evangelho Segundo oEspiritismo, capítulo 20 item 4:

“Não escutais já o ruído da tempestade que há dearrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjuntodas iniquidades terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós quehaveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que,novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozessuperiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e daelevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bemou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.”.

A mensagem está na forma imperativa.Convida a todos a acuradas reflexões sobre o papeldo Espírita diante do inexorável patrimônio cha-mado Reencarnação. Neste aspecto, o papel do di-rigente espírita toma contornos belíssimos, respon-sabilidades diferenciadas para melhor e alinha-mento estratégico com o Plano Superior.

Os dias hodiernos têm dado ao homem noséculo 21 enormes desafios, todavia, os maioressão mesmo os de ordem endógena, os de dentro,os desafios da alma, como nos revela o mesmotexto um pouco mais adiante:

“(...)mais pesados do que as maiores montanhas, jazemdepositados nos corações dos homens a impureza e todosos vícios que derivam da impureza.”

Há aí o desafio no cuidado com a almahumana, e é neste instante que a Casa Espírita,conceituada por Joanna de Ângelis como sendo a“célula máter da nova sociedade”, ganha papelfundamental. Desta forma, cabe a nós, dirigentesde instituições espíritas, lideranças dos órgãos deunificação do estado de São Paulo, e em últimainstância, a cada espírita, ações na direção docuidado, do amparo, do esclarecimento e da boaconvivência.

No estudo da História da Filosofia encon-tramos o pensamento de um pré-socrático,Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), que produziu areflexão de que:

“O conhecimento sensível é enganador e que deve sersuperado pela razão.”

Nos tempos obscuros da Idade Média,alguns de nós queimávamos pessoas em praçaspúblicas, motivados por sentimentos antagônicos earbitrários de amor a Deus, constituindo umenorme paradoxo.

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a conclusão de O livro dos espíritos, parte II,encontramos a afirmação de que o Espiritismo é omais terrível antagonista do materialismo. Essacontraposição torna-se evidente ao se fundamentaros discursos sobre as mais diferentes questões.

O aborto é um dos temas que, apesar declaramente considerado nos ensinamentos dosEspíritos (ver questão LE-358, por exemplo),ainda fomenta polêmica àqueles que abraçamargumentos materialistas para defendê-lo.

A única exceção sob o ponto de vistadoutrinário espírita que justificaria o abortoprovocado seria quando a continuidade dagravidez colocasse a vida da mãe em risco (LE-359).

Por não acreditarem haver nada mais alémda matéria e suas consequências, materialistasjustificam a afirmação de que o aborto provocadoé uma questão de escolha exclusiva da gestante,pois eles supõem que o ser em gestação seja parteindissociável do próprio corpo orgânico damulher, e não exista um Espírito independentevinculado ao processo reencarnatório. Assim, obebê nada mais seria que uma extensão do corpoda mãe.

Outra afirmação materialista é a de que oaborto é um caso de saúde pública, supondo que oser em gestação é descartável perante o desejomaior da mãe de expulsá-lo de seu corpo servindo-se de procedimentos que não coloque a suaprópria vida em risco. Sob essa narrativa, caberiaao Estado oferecer mais segurança sanitária para aexpulsão do ser em gestação.

Um argumento abortista recorrente sobreesse tópico é a de que mulheres ricas estariam maisseguras para eliminar o bebê do que as pobres,então dever-se-ia, por uma questão de “justiçasocial”, oferecer as mesmas condições para os maiscarentes.

O sacrifício dos seres que apresentem algumtipo de má-formação ou características patológicasgraves é, ainda, aceitável para materialistas quevislumbram as dificuldades que serão geradas aosresponsáveis para o acolhimento, gastos ecuidados necessários. Chegam a usar o discurso deque será melhor para a criança não nascer (ou seja,ser eliminada) do que viver em sofrimento,desconsiderando todas as causas espirituais quelevaram a essa situação.

Longas discussões médicas e jurídicas mar-

NMarco Milani *

Discursos materialistas sobre o aborto

departamento dedoutrina

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O discurso materialista ignora o elementomais frágil, que é o ser reencarnante. Facilitar oaborto não resolverá, certamente, o problema,nem do bebê que teve a vida ceifada, nem da mãee outros responsáveis diretos e indiretos, quearcarão com as consequências espirituais do ato.Enfim, são visões de realidade diferente. Estariamos Espíritos equivocados ao afirmarem que oaborto provocado é um crime?

Cabe à casa espírita receber, amparar e nãojulgar as mulheres que experimentaram situaçõesabortivas ou estão pensando em interromper agestão, incentivando-as à valorização da vida peloesclarecimento seguro e fraterno sobre o processoreencarnatório e as responsabilidades de todos nósperante a própria consciência.

Ao desvendar a realidade espiritual junto àsLeis Naturais, o Espiritismo consola e liberta oindivíduo dos grilhões da ignorância e o conduz àcerteza de uma vida futura mais feliz emdecorrência da coragem de seus atos equilibradosno presente, ainda que envoltos em dificuldades edores que são apenas temporárias perante ainfinitude da vida.

* Marco Milani é Diretor do Departamento de Doutrina.

cam a determinação de quando, efetivamente,começaria a vida. Discute-se se a partir daconcepção ou outras fases do desenvolvimento docorpo. Materialistas, servindo-se de malabarismosconceituais, relativizam a existência intrauterina.

Ao se inserir o elemento espiritual, amplia-se a perspectiva da análise, pois considera-se o serreencarnante um indivíduo independente, comdireito à vida (LE-880), continuando seu processoevolutivo junto àqueles que, por afinidade,participarão de sua jornada terrena. Ao proteger-sea sobrevivência do nascituro, valoriza-se a vida.

Uma das características do Espiritismo é afé raciocinada, portanto espera-se que os seusadeptos creiam baseados em argumentos válidos eassumam posturas compatíveis com os princípios evalores doutrinários. Certamente, o nível dematuridade e compreensão desses princípios evalores variarão e refletirão nas expressõespúblicas e privadas de cada um.

Sobre a temática do aborto, Kardec sinalizaclaramente as consequências a todos envolvidos,proporcionais ao conhecimento, intenção eresponsabilidade sobre o ato. Em momento algumdesconsidera-se o livre-arbítrio e, com ênfase,destaca o mérito daqueles que superam as maisdolorosas situações para preservar a vida.

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O Plenário virtual do STF- Superior Tribunal Federal rejei-tou o julgamento do mérito deduas ações referentes à possi-bilidade de aborto por mulherescom zika vírus, condição quepode levar ao parto de criançacom microcefalia.

Ambas as ações foramimpetradas pela Associação Na-cional dos Defensores Públicos(Anadep).

Segundo a Anadep, o arti-go restringe o benefício ao prazomáximo de três anos e excluicrianças que apresentem outrasdesordens identificadas comosinais da síndrome congênita dozika. Além disso, impede orecebimento do benefício, que

Consiste em um salário mínimo,junto com o auxílio-materni-dade, pois só é concedido após ofim da licença-maternidade.

E, por meio da arguiçãode descumprimento de preceitofundamental, aponta omissão doPoder Público quanto àpossibilidade de interrupção dagravidez nas políticas de saúdepara mulheres grávidasinfectadas pelo zika. Pede, ainda,a inconstitucionalidade do en-quadramento de mulheres nessasituação ao artigo 124 do CódigoPenal, que pune pelo aborto.

A Diretoria Executiva daUSE encaminhou aos membrosdo Supremo manifesto contrárioao mérito das ações.

O documento foi redigidopelo Departamento Jurídico-Administrativo. A ação da USEfaz parte da campanha perma-nente Em defesa da Vida, domovimento espírita paulista enacional.

Ação sobre aborto para gestantes com zika é rejeitada noSTF Da redação

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ncontramos na Codificação as premissas que fundamentam o estudo do Espiritismo:

“Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como

primeira condição, dispor-se a um estudo sério [...]”.O livro dos médiuns, Cap. III - Do método, item 18

“O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá [...]”

“Quem quer adquirir uma ciência deve fazer um estudo metódico dela, começar pelo princípio e seguir o encadeamento e

o desenvolvimento das ideias. [...]”O livro dos espíritos, Introdução ao

estudo da doutrina espírita, Item VIII

Em 1983, o Conselho Federativo Nacionalda FEB visando difundir os princípios doutrináriosdo Espiritismo, lançou a “Campanha do EstudoSistematizado da Doutrina Espírita (ESDE)”, emâmbito nacional. O ESDE é um programa deestudo metódico, contínuo e sério doEspiritismo, a ser realizado em grupo privativo,fundamentado na codificação espírita e emobras subsidiárias reconhecidamente importantes.As experiências exitosas deste programa levaramao surgimento de outros programas de estudo,com a mesma metodologia.

A criação de uma Área de Estudo doEspiritismo (AEE) que abrangesse todos osestudos realizados pelas Instituições Espíritas fez-se necessária. A Área foi criada em 2014 com o

E

Como implantar estudos sistematizados

departamento deestudos sistema:zados

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objetivo de definir, em conjunto com as federativas que compõemo Conselho Federativo Nacional da FEB, as orientações necessáriaspara estimular, orientar e promover o estudo continuado daDoutrina Espírita nas instituições espíritas brasileiras. A USErecomenda os programas de estudo oferecidos ao movimentoespírita pela AEE, a saber: Introdução ao Estudo do Espiritismo(IEE), Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), Estudoda Obra Básica (EOB), Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita(EADE).

O que é estudar de forma sistematizada?É debruçar-se com dedicação sobre um tema que se quer conhecer,de maneira organizada, começando pelo início e se aprofundandona temática, com sequência, método e coerência.

A sistematização do estudo do espiritismo apoia-se naseguinte orientação de Allan Kardec: “Um curso regular de Espiritismoseria professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundiro gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade deprincípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritase de desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso como denatureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suasconsequências.”

Obras póstumas, Projeto 1968

Por que estudar em grupo?Estudar em grupo facilita aapropriação do conhecimentopois estimula os participantes àtroca de informações eexperiências, propiciando-lhesnão apenas a construção do seupróprio entendimento doEspiritismo, mas também odesenvolvimento de suasqualidades morais pelasreiteradas oportunidades deinteração grupal.

Este tipo de estudo é coerentecom a Doutrina Espírita?As obras básicas citam, inúmerasvezes, a importância do outropara o progresso espiritual.Destacamos entre tantas, aresposta da questão 768 de Olivro dos espíritos: “O homem deveprogredir, mas sozinho não opode fazer porque não possuitodas as faculdades: precisa docontato dos outros homens. Noisolamento, ele se embrutece e seestiola”.

Kardec indicava este tipo deestudo?No livro Viagem Espírita de 1862,Kardec relata: “Recentementeformaram-se alguns grupos espe-

ciais, cuja multiplicaçãojamais deixaríamos deencorajar: sãos osdenominados grupos deensino. Neles, ocupam-sepouco ou quase nada dasmanifestações, mas, sim, daleitura e da explicação de Olivro dos espíritos, de O livrodos médiuns e de artigos daRevista espírita. Algumaspessoas devotadas reúnemcom esse objetivo certonúmero de ouvintes,suprindo para eles asdificuldades de ler e estudarpor si mesmos. Aplaudi-mos de todo o coração

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essa iniciativa que, esperamos,terá imitadores e não poderá, emse desenvolvendo, deixar de pro-duzir os mais felizes resultados.”

Viagem Espírita em 1862 –Instruções Particulares – Item X.

Que benefícios os estudossistematizados trazem para asCasas Espíritas?O ESDE traz amplos benefíciospara todos os envolvidos na suarealização. Para a casa espírita,capacita trabalhadores esclare-cidos e comprometidos com adoutrina. Para os participantes,desenvolve a fé raciocinada eajuda a promover seu progressoespiritual, conscientizando-os so-bre a responsabilidade na cons-trução do bem.

Como montar a equipe?Recomenda-se à Casa Espírita,que disponibiliza um ou maisgrupos de estudos, a criação deum setor / departamento com afinalidade de planejar os estudose integrá-los com as demaisatividades. A equipe de trabalhodeve ser constituída por pessoascom conhecimento doutrinário;dois monitores são suficientespara iniciar as atividades; a equi-pe será ampliada à medida que secriar mais grupos de estudo.

A equipe deve planejar edivulgar previamente as ativi-dades. Levando-se em conta otempo de desenvolvimento doprograma de estudo, sugere-seque faça o planejamento para asturmas que virão na sequência,preparando-se para, a cada ano,formar uma turma nova do mes-mo programa de estudo e/ou deoutros.

Como montar os grupos deestudo sistematizado?Inicialmente pode-se começarcom um monitor para cada tur-

ma. O ideal é que sejam dois monitores e que ao menos um deles sejafixo durante todo o curso, pois o vínculo com o monitor é um dosfatores de permanência do participante. Os monitores são respon-sáveis principalmente por elaborar o cronograma e coordenar osestudos.

O tamanho de cada grupo vai depender do espaço disponível,da quantidade de inscritos e do programa de estudo adotado. Areunião é formada por participantes previamente inscritos e podedurar de 90 a 120 minutos.

Quais as características do monitor?O monitor deve estar atento aos participantes do grupo, sendo capazde observar, ouvir, refletir, discutir e compreender. Deve estarsempre preparado para os temas a serem estudados (conhecimentodoutrinário) e concentrar-se na postura íntima de vivenciar osensinamentos espíritas. Recomenda-se que saiba utilizar-se dosinstrumentos programáticos, metodológicos e avaliativos. No as-pecto administrativo, deve organizar calendário, materiais didáticos,etc. Esta postura faz transparecer a seriedade e o planejamento dotrabalho.

Qual a metodologia se deve seguir no ensino espírita?“Não se espantem os adeptos com esta palavra — ensino. Não constitui ensinounicamente o que é dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simplesconversação. Ensina todo aquele que procura persuadir a outro, seja pelo processodas explicações, seja pelo das experiências. [...]”

O livro dos médiuns, Cap. III - Do método, item 18.

É conveniente não fixar o ensino espírita em posiçõesindividuais ou teorias específicas. Deve-se conhecer as teorias atuais,aproveitando seus elementos aplicáveis ao ensino espírita, sem, noentanto, adotar seus rótulos transitórios. O ensino espírita devereceber tratamento similar ao que lhe foi conferido por Allan Kardec,isto é, fundamentado em noções generalistas e abrangentes acerca daformação do ser humano, especialmente porque seu conteúdo éamplo e abrangente, envolvendo a educação moral integral dosindivíduos. O objetivo do ensino espírita é dar subsídios aosparticipantes para que estes conheçam os princípios espíritas,aprofundem seus estudos de forma segura, com análise crítica. Assim,

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criam-se condições para que o aprendiz traga estes conhecimentos para seudia-a-dia. Busca-se avançar do conhecimento teórico, para, a partir dele,desenvolver os caracteres e hábitos salutares do verdadeiro homem de bem, eque lhes proporcionarão felicidade duradoura alicerçada no exercício dafraternidade legítima.

No ensino espírita não há mestres, nem doutores, todos os espíritassão aprendizes, uns ensinando aos outros, dentro de suas diminutaspossibilidades e experiências vivenciadas.

Como planejar o estudo?Ensinar implica criar condições para o aprendizado. Este trabalho exigedisciplina, organização e reflexão sobre os passos do aprendizado. Os roteirosdos programas fornecem um auxílio aos monitores nesse sentido,proporcionando informações e orientações sobre como proceder para o bomandamento do estudo. Mesmo adotando um programa de estudosistematizado, o monitor deverá preparar a reunião de estudo, levando emconta as características do grupo, o espaço físico e os recursos materiaisdisponíveis.

Há cursos de preparação de monitores paragrupos de estudo?O Departamento de Estudos Sistematizados daUSE oferece regularmente cursos de curtaduração, programas de formação continuada,oficinas e Encontros estaduais voltados para apreparação de pessoas interessadas no trabalhocomo monitores de grupos de estudo.

Há orientações sobre como organizar osestudos nas casas espíritas?O livro Orientação para a área de estudo do

espiritismo (OAEE), publicado em 2019, foielaborado com o objetivo de subsidiar asInstituições Espíritas na implantação, acompa-nhamento e manutenção de estudos que promo-vam a unidade de princípios espíritas, sedimen-tados nas obras básicas, à luz do Evangelho deJesus, e de orientar os trabalhadores voluntáriosnas diversas tarefas que envolvem cada grupo deestudo, incentivando o compartilhamento do sabere a vivência evangélica pautados na fraternidade ena solidariedade entre todos os envolvidos.

Recomendamos consultar o OAEE comoum instrumento de auxílio para as reflexões ne-cessárias sobre a organização do estudo da Dou-trina nas instituições. O documento está disponívelno site da FEB (febnet.org.br / movimentoespírita / conselho federativo nacional /documentos orientadores das áreas do CFN).

“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis segundo.”O evangelho segundo o espiritismo, Cap. VI, item 5

Como coordenar o estudo?Nos próprios programas, há orientações sobrecomo conduzir o estudo de cada roteiro, quedinâmicas e recursos utilizar. É muito importantesaber o objetivo do roteiro. O objetivo nos mostraaonde o estudo se propõe a chegar, evitandodevaneios ou distrações pelo caminho. O monitorprecisa ter sempre claro o objetivo de cada roteiro,pois se os caminhos podem ser muitos, o destinojá está dado, para que seja possível seguir, deforma sistemática, a proposta do estudo.

É importante usar diferentes técnicas deensino?Recomenda-se que, nas reuniões de estudos, sejamevitadas longas falas ou exposições do monitor eque se estimule a participação do grupo nadiscussão dos assuntos. O uso de diferentestécnicas facilita esse envolvimento dosparticipantes do grupo, tornando o estudo maisdinâmico, interessante e produtivo. Importanteainda valorizar as manifestações dos participantes,para que sejam evidenciadas as ideias principais doconteúdo estudado.

É necessário avaliar a reunião de estudo?Sim. A avaliação possibilita saber se os objetivosforam alcançados e pode ser feita observando aparticipação dos membros do grupo, os resultadosdas atividades propostas, ou formulando perguntasno decorrer da reunião.

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objetivo do Departamento da Família éauxiliar na capacitação dos dirigentes, que tenhamatuação nos departamentos ligados à família. Como intuito de elucidar dúvidas a respeito dos temaspolêmicos da atualidade fundamentados na Dou-trina Espírita, busca atender às necessidades doscoordenadores, com diretrizes sólidas para estru-turar projetos embasados na segurança das dire-trizes Kardequianas.

Apesar das diferenças encontradas em umestado tão grande como o nosso, as Regionaisencontram desafios similares no que diz respeito àsaflições, como também aos anseios da sociedade.

O Departamento da Família, trabalhando natransversalidade com os outros departamentos,busca capacitar coordenadores com projetos,encontros, seminários, dinâmicas diversas eprofundas reflexões, que possam auxiliar as Casasna criação de ações, que levem os grupos aEntender para Acolher a família contempo-rânea, visto serem elas que atendem os que seencontram em desarmonia com a Leis do Criadorou ainda, reforçam as bases daqueles que jácaminham dentro da Doutrina libertadora doespiritismo.

O Departamento da Família, buscandoatender as sugestões e indagações trazidas emencontros e reuniões nos principais núcleos doEstado, elaborou projetos que serão desenvolvidosjuntos as regionais, a fim de que nosso trabalhoseja resultado da rica experiência dos dirigentes ecoordenadores da USE.

Poucas vezes a família foi tão valorizadacomo no atual momento de nossa sociedade. Abase sólida, a célula máter como é chamada porinúmeros pensadores, é a família, a bússola dohomem e quando ele a perde ou não a tem, muitasvezes pelos desafios reencarnatórios que enfrenta,necessita de diretrizes sólidas para encontrar ocaminho da renovação espiritual.

Temos como exemplos dentro de nossaDoutrina verdadeiros missionários cuja base foi afamília, segundo nos traz a literatura sobre a vidado admirável Chico Xavier, como também deDivaldo Franco, onde foi de suma importância apresença da família, no exemplo de resignação,caridade e diretrizes no caminho do homem debem, trilhado por eles.

Diante das dificuldades evidenciadas nosúltimos meses, está cabendo à família, seja de que

OÂngela Bianco *

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Trabalhos na área da família

departamento dafamília

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Entender para Acolher estará presente para que,em conexão com as Regionais, unida aos outrosdepartamentos da USE, possa buscar instrumentospara auxiliar na capacitação dos dirigentes.

Vamos nos aprofundar em obras ricas comoO livro dos espíritos, O evangelho segundo o espiritismo eem tantos outros livros. Estaremos a Família,assim como todos os outros departamentos daUSE unidos, buscando nos fortalecer noconhecimento e na amorosidade, que serãograndes facilitadores para podermos levarcapacitação à aqueles que estarão recebendo osque, ainda atordoados buscarão as respostas parasuas dores maiores.

Nesse momento desafiador, podemosoferecer o consolo através da fé raciocinada, sempreconceitos trazendo o acolhimento aos quesofrem sem julgar, apenas aceitando e amando opróximo como o Mestre nos ensinou!

Em nossa meta temos algumas ações que,em decorrência da pandemia tiveram que serpostergadas, mas que no devido tempo serãoretomadas.

Teremos nova edição do livro Família eespiritismo, como também a Semana Espírita daFamília USE, ações que serão retomadas para queatravés delas, possamos atuar junto aos dirigentesdas regionais, que são em sua essência osmultiplicadores das diretrizes doutrinárias seguras,trazendo às Casas conhecimento que semultiplicarão em trabalhos sérios e seguros,possibilitando o exercício da fraternidade junto aopróximo.

* Ângela Bianco é Diretora do Departamento daFamília.

modelo for, dar a sustentação para que em cadalar, haja força e determinação para transpor osdesafios que se abeirou da Humanidade!

Nessa experiência pudemos vivenciar oconceito verdadeiro da família através da união decorações, muitas vezes, separados fisicamente, masunidos pela prece e pelo pensamento.

Será esta família que precisará de auxíliopara se recompor, ou mesmo para continuarenfrentando novos desafios que com certezasurgirão, seja pela perda de pessoas queridas, sejapela perda financeira que irá despontar em muitossetores, seja pela insegurança que irá se abater emalguns, levando ainda mais pessoas à depressão emuitas vezes ao suicídio!

Uma experiência como essa traz tambémgrandes transformações, nos mostra a fragilidadedo corpo e a fortaleza do espírito.

Caberá aos dirigentes permanecerem firmesno alicerce da Doutrina, amparados pela fé, pelaLei de Causa e Efeito, pelo entendimento dapluralidade de existências como também peloentendimento da Lei do Progresso, assim as Casasse prepararão para acolher seus assistidos.

Por outro lado, haverá corações que estarãomais receptivos para a Verdade libertadora da“vida após a vida”, muitas vezes ávidos paraentender o porquê dos constantes desafios que ahumanidade enfrenta, sem privilegiar sexo, crença,idade, classe social ou condição financeira.

A ausência do abraço nos fez entender aimportância do acolhimento, os inúmeros atos desolidariedade nos fizeram entender que somos umser coletivo dentro do universo e que a dor dooutro nos afeta !

O Departamento da Família buscando

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ão chegados os tempos”, diz-nos oCodificador da Doutrina Espírita no últimocapítulo de sua derradeira obra, intitulada A gênese -os milagres e as predições segundo o espiritismo. Comlógica e clareza, Kardec explica o momento detransição que estamos vivendo em nosso planeta,que se tornou ainda mais patente com o início dapandemia do coronavírus. Entretanto, o quesignifica para nós, evangelizadores, a passagem pormomentos tão difíceis e conturbados como este?

Nesses instantes em que nossas vidasparecem mudar radicalmente, há uma necessidadeimperiosa de dedicarmos nossas atenções àcompreensão daquilo que Allan Kardec, em O livrodos espíritos, designou como flagelos destruidores. Naquestão 737, dizem-nos os Espíritos que osflagelos destruidores atingem a humanidadesegundo a vontade divina, a fim de “fazê-laprogredir mais depressa”, acelerando, assim, oprocesso de renovação moral dos indivíduos,abreviando o progresso que seria feito, de algunsséculos para alguns anos. Temos de afastar,portanto, o pensamento infundado de que asituação atual é uma obra do acaso ou, ainda,planejada por Espíritos das trevas, uma vez que

sua ocorrência é, na verdade, um recurso divinopara evitar que Espíritos ainda imperfeitos, comoos que habitam a Terra, tenham séculos e maisséculos de sofrimento no porvir.

É inquestionável que a pandemia do novocoronavírus trouxe para todos nós umaoportunidade para a reflexão, para revermos asnossas atitudes, tanto individual quantocoletivamente. E é nisso que reside o progresso aser realizado, já que, historicamente, esse é ummomento único em que foi dada ao homem umagrande oportunidade para a reflexão acerca de suavida e do mundo que habita: Quais as nossasprioridades? Quais frutos estamos colhendo denossa semeadura? O que temos feito, até agora,dessa nova existência que nos foi concedida? Sãoestas questões de grande importância para o nossoaprimoramento moral.

Seriam, porém, os flagelos destruidores oúnico mecanismo de se garantir a regeneração doorbe terrestre? A própria questão 738 de O livro dosespíritos informa que Deus emprega todos os diasoutros meios para que o homem progrida,ofertando a ele o conhecimento do bem e do mal.A. Evangelização espírita. infanto-juvenil é,

“SAna Luísa Boiago *

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Ação evangelizadora em tempos de transição

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portanto, uma engrenagem fundamental noprocesso de regeneração do planeta, porquecontribui com o progresso gradual das almas aocultivar nos Espíritos reencarnantes a moral e a fé,na fase da vida humana mais propícia aoaprendizado.

Não obstante sermos alvo do problema e,muitas vezes, deixarmos que os sentimentos deansiedade e medo façam morada em nossoEspírito, temos o sagrado dever de recordar anossa tarefa diante do Mestre Jesus na orientação econsolação das almas. É preciso dar continuidadeao trabalho mesmo nos momentos de turbulência,aliás, especialmente nesses períodos, quando aalma aflita precisa de esclarecimentos paracompreender de forma espiritual o que estáacontecendo, adquirir ferramentas morais paralidar com a convivência no lar, suportar a saudadede entes queridos afastados, lidar com a doença e amorte com resignação e grande coragem, recursosestes que o Espiritismo oferece em abundância.

Deus emprega todos os dias outros meios para que o homem progrida, ofertando a ele o conhecimento do bem e do mal.

evangelizadores a prosseguirem seu trabalho comas crianças e a família de forma digital,contemplando temas como Regeneração da Terra eAmbiência espiritual do Lar durante esse período.Além disso, o Departamento está promovendoreuniões em âmbito estadual, a fim de esclarecer osevangelizadores acerca dos desafios do momentoatual e as possibilidades de superá-los através dautilização da tecnologia, como a realizada no dia10 de abril, que contou com a participação de maisde 30 representantes de diferentes regionais (verpágina 54).

Dada a incerteza do retorno às atividadesregulares, os trabalhos digitais prosseguirão. Entreas futuras ações do departamento, estão a “Oficinade Evangelização Online”, que objetivademonstrar ideias práticas para Evangelização adistância e a elaboração de seminários com o fimde esclarecer doutrinariamente o cenário atual daTerra, refletindo também sobre como esse temapode ser abordado com as crianças.

Dessa forma, chamamos todos os evange-lizadores do Estado a essa tarefa preciosa à qual oCristo nos convidou. Avante, amigos! Sigamosfortes e confiantes, pois o Cristo não nosdesampara.

* Ana Luísa Boiago é Diretora do Departamento de Infância.

Tais reflexões levantam uma importantequestão: como prosseguir a evangelização dentrodo atual quadro de afastamento social ? Deus, emsua excelsa bondade, não nos deixaria percorreressa vereda sem as ferramentas necessárias,legando-nos os recursos tecnológicos para oexercício de nossa tarefa. O avanço da ciência vemao nosso socorro, possibilitando o contato e ointercâmbio entre almas nesse momento em que ascasas espíritas se encontram fechadas. É dessaforma que, através de aplicativos como Whatsapp,Zoom e Google Meet, os conteúdos doutrináriospodem ser disseminados, através de mensagens,vídeos, áudios ou videoconferências.

É nesse sentido que o Departamento deInfância vem trabalhando para encorajar os

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o decorrer destes últimos anos, muitosseminários foram desenvolvidos pelo Departa-mento de Mediunidade no Estado, dois dos quaisgostaríamos de destacar: “Mediunidade: Estudo ePrática” e “A Importância do Estudo da Mediunidade”.

Esses seminários são desenvolvidos paratodos que se interessam pelo tema, incluindo tare-feiros, estudantes, dirigentes de grupo de estudo,dirigentes de casas espíritas ou de órgãos de unifi-cação.

Durante a apresentação dos seminários,uma das nossas perguntas iniciais é: todos preci-sam estudar mediunidade?

Em O livro dos médiuns, Cap. XIV, OsMédiuns, item 159, há a seguinte definição:

Toda pessoa que sente a influência dosEspíritos, em qualquer grau de intensidade,é médium. Essa faculdade é inerente aohomem. Por isso mesmo não constituiprivilégio e são raras as pessoas que não apossuem, pelo menos em estadorudimentar. Pode-se dizer, pois, que todossão médiuns em maior ou menor grau.Usualmente, porém, essa qualificação se

aplica somente aos que possuem umafaculdade mediúnica bem caracterizada, quese traduz por efeitos patentes de certaintensidade, dependente de uma organizaçãomais ou menos sensitiva.

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade nãose revela em todos da mesma maneira. Osmédiuns têm, geralmente, aptidão especialpara esta ou aquela ordem de fenômenos, oque os divide em tantas variedades quantassão as espécies de manifestações. Asprincipais são: médiuns de efeitos físicos,médiuns sensitivos ou impressionáveis,auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos,curadores, pneumatógrafos, escreventes oupsicógrafos.

Tendo consciência que o Espiritismo nãofoi o precursor, não é e nunca será dono daMediunidade, essa prática no Centro Espírita devediferir da mediunidade de forma geral, respeitandoas orientações das Obras Básicas.

Podemos concluir que a justificativa paraparticipar de um curso de mediunidade no Centro

NSilvio César Carnaúba da Costa *

Por que estudar mediunidade ?

departamento demediunidade

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Algumas casas, ainda de forma perigosa,propõem ao indivíduo que chega na casa espírita irdiretamente para o trabalho, justificando situaçõesdo tipo: “Ah... essa é sua prova ou expiação". Oupior, sugerindo ou amedrontando aquele que alichegou, com a frase: "Você tem uma missão!”.Passar por esse tipo de experiência pode levar oindivíduo a um completo desajuste, que, por medoou até mesmo vaidade, se coloca como intérpretedos Espíritos.

Dessa maneira, fica evidente que o estudoconsciente da mediunidade é uma ferramenta deevolução do encarnado, muito antes de serqualquer expiação, prova ou merecimento.Precisamos também nos afastar de algunsconceitos errôneas, como de que o médium é umser sofredor, endividado, que poderá cair e sofrerno plano espiritual (esses conceitos não têmrelação com a Doutrina Espírita).

No estudo, buscamos o aprendizado noenfrentamento das dificuldades e desenganosrelativos ao desconhecimento do assunto,relacionados à manifestação dos Espíritos e aodiálogo com Entidades sofredoras; à obtenção deboas comunicações mediúnicas e à neutralizaçãode atos oriundos de Espíritos moralmenteinferiores.

O estudo traz uma condição mais segura detrabalho, pois (i)incentiva o trabalho,intensificando a colaboração com os técnicosespirituais responsáveis pela atividade mediúnicaque se apresenta e (ii) melhora a sintonia com osinstrutores, envolvendo os comunicantes, para quese portem ordenadamente, não transformando asreuniões em perfeitas confusões.

Enfim, a educação mediúnica é para toda aexistência, pois à medida que o medianeiro setorna mais hábil e aprimorado, melhores requisitosele tem à sua disposição para a realização doministério abraçado.

A mediunidade não é, portanto, um estudopara conversar com os Espíritos, masprincipalmente um fator de autoeducação.

O objetivo essencial do Espiritismo é omelhoramento dos homens. Não é precisoprocurar nele senão o que pode ajudá-lo para oprogresso moral e intelectual. (O espiritismo em suaexpressão mais simples – item 35)

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Jesus

* Silvio César Carnaúba da Costa é Diretor do Departamento de Mediunidade.

Espírita seja a necessidade que o médiumtem, como condição primordial, do estudo para acompreensão da sua faculdade e do conhecimentoda natureza dos Espíritos que utilizam suapossibilidade mediúnica para um contato maispróximo com os encarnados.

Assim, conseguimos entender que há umadiferença no entendimento do que significadesenvolver, na visão contida em O livro dosmédiuns, do que geralmente vemos na prática.Precisamos compreender que o desenvolvimentoenvolve a Educação da Mediunidade e que odesenvolvimento “prático” é apenas uma pequenaetapa desse amplo processo. A educação dizrespeito à mudança de estrutura mental,vibracional e de ação no bem.

Conviver com a mediunidade é umasituação que todos nós presenciamos, de umaforma ou outra. Para alguns, torna-se mais árduodevido a forma que ela se manifesta e que dependedo nível de entendimento, equilíbrio psíquico,emocional, físico, etc., do indivíduo.

Vemos, em muitas instituições, pessoas quechegam no atendimento fraterno com distúrbiossupostamente mediúnicos, que, muitas vezes, sãoerroneamente confundidos com obsessão oumesmo com desalinhamentos físicos.

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stamos em meio a uma pandemiadeclarada, com impactos profundos e ainda nãomensuráveis na economia e na vida social. Essedesconhecido nos fez isolar para prevenir eimpediu a abertura de nossas casas para nãoimpulsionar o contágio dentre os nossos. As casasespíritas fecharam.

Toda realidade nos leva a nos conformar aela, quer seja uma situação fácil, quer seja difícil,visto que uma das características principais denossa espécie é a adaptação. Em tempos derecolhimento preventivo em nossos lares, éfundamental encontrar ferramentas que nospossibilitem o andamento das atividades exercidasnas casas, visto que a evolução não cessa e éimperioso fornecer caracteres para o crescimentoespiritual nosso e de nossos companheiros, mas,principalmente, pelo caráter consolador que asatividades espíritas possuem, o que é fundamentalnesse momento.

Estudiosos de gestão e liderança dizemcomumente que crises são oportunidades e que emtoda dificuldade está oculta uma chance decrescimento. O Espiritismo corrobora essa ideia enos informa que o aprendizado se dá em todo o

tempo e que as dificuldades que a vida nos impõeem certos momentos, na verdade, são propulsoresde nossa evolução espiritual. Nesse sentido,estamos diante da oportunidade de unir as pontasetárias de nossas casas espíritas para viabilizar acontinuidade dos trabalhos.

O jovem tem grande facilidade de navegarno mundo digital, conhece ferramentas de contatosocial que permitem reuniões, transmissões online,organização de tarefas, criação de grupos, etc.Essas ferramentas serão fundamentais nestemomento e seguirão daqui para frente como umbraço importante dos centros espíritas para oalcance de mais e mais pessoas que necessitem deconsolo ou queiram encontrar-se com a doutrinapara seu crescimento pessoal.

Em 2019 a USE Regional de Marília, pormeio da união de suas Intermunicipais, organizouum encontro de lideranças para discutir a relaçãodo jovem com a casa espírita, com enfoque nodiálogo entre gerações. Muitas dificuldades foramrelatadas nesse contato, dificuldades queverificamos em nossos lares e que se deslocampara o ambiente do centro. Pontos de vistasdivergentes, subestimação recíproca, dificuldade de

EFilipe Felix *

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O jovem, o centro e o mundo digital diante da pandemia

departamento democidade

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importante o uso das ferramentas tecnológicaspara a manutenção dessa união. Temos a chancede encontrar pontos de convergência e utilizar ashabilidades dos jovens para a realização e difusãodas atividades e trabalhos do centro espírita.

O convite para os dirigentes de centros,grupos de estudos e palestras públicas é o dareinvenção de suas atividades para a continuidade.Chamem seus jovens para colaborar com asatividades da casa, para organizar os grupos deestudo e ensinar o uso das ferramentas para que oConsolador prometido tenha acesso aos lares denossos irmãos.

O convite aos jovens é o de ser portadordas ferramentas necessárias para a continuidadedas atividades de estudo e consolo dos centrosespíritas. Coloquem-se à disposição, esclareçamseus companheiros de ideal sobre o uso dasferramentas tecnológicas e acompanhem seudesenvolvimento dando segurança e qualidade aotrabalho desenvolvido em ambiente virtual.

Na verdade, o convite real deste momento éo de estreitamento de laços e aprofundamento dasrelações, da vivência real da doutrina espírita nocotidiano. Certamente veremos ainda maisqualidades em nossos companheiros do que asapresentadas nos convites acima e produziremosjuntos mais e mais atividades. Sairemos mais fortesdessa pandemia, novos desafios virão e estaremospreparados para eles se nos olharmos frater-nalmente agora e apresentarmos nossas mãos aotrabalho. Independentemente da geração em queencarnamos, temos muito a colaborar e oferecer,sigamos juntos.

* Filipe Felix é Diretor do Departamento de Mocidade.

diálogo, foram alguns dos pontos encontradospor esse grupo que estudou durante o evento essarelação que muitas vezes pode ser conflituosa.Todavia, não foram somente divergências queforam vistas, muitos casos de sucesso nas relaçõesforam trazidos e demonstraram que é muitoenriquecedora essa relação saudável entre geraçõesdistintas.

No momento atual, a aproximação entre asgerações é fundamental para que possamosviabilizar de forma fluida e contínua as atividadesde nossos Centros Espíritas, de nossos grupos deestudos, de nossas palestras públicas, etc. Utilizarde ferramentas como o Skype, Google Meet, Zoom,Facebook, Youtube, dentre outras, não é novidadepara jovens e pode ser a grande saída para acontinuidade de laços que poderiam se fragilizarnessa quarentena. Aproveitar o momento para oaprendizado mútuo enquanto é obrigatória aseparação permitirá a continuidade do trabalho eno futuro, quando houver a reabertura de nossascasas espíritas, seremos capazes de potencializarnossas atividades e alcançar mais corações ementes pela via digital.

O convite é claro, já expressado em Oevangelho segundo o espiritismo, Capítulo XX – Ostrabalhadores da última hora, item 5 - Os obreirosdo Senhor: "Trabalhemos juntos e unamos osnossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar,encontre acabada a obra”. O texto prossegue esempre é atual, pois nos indica a necessidade deunião, de trabalho conjunto e nos apresenta aperspectiva da importância de esquecermos nos-sas diferenças e observar o que nos une.

Em meio ao isolamento social, seja total ouparcial, temos a grande oportunidade de nosreinventarmos em nossas atividades e agregarainda mais nossos grupos de trabalho, incluindotodas as faixas etárias e gerando resultadossuperiores em qualidade, quantidade e vivência doevangelho. Depois dessa pandemia, se soubermosenxergar e aproveitar as oportunidades que nos sãoapresentadas, teremos uma nova estrutura decentro espírita e de movimento espírita.

Um dos relatos do evento regional acimacitado foi de que na década de 1970 foi realizadoum evento parecido, pois já havia umdistanciamento entre jovens e adultos nomovimento espírita e que não foram vistasmelhoras desde então. Devemos aproveitar aoportunidade atual. Nunca foi tão importantemantermos conexão como agora e nunca foi tão

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om a obrigatoriedade de se cumprir asregras de isolamento e distanciamento social, osCentros Espíritas foram obrigados a fechar as suasportas. Todos nós entendemos essa medida comoracional e adequada para a crise sanitária quevivemos. Mas o fato é que muitas pessoasperderam a alimentação espiritual que ossustentava. Cada reunião doutrinária era um pontode ligação com a espiritualidade superior. Asfamílias que frequentavam os Centros precisamagora de algo que recomponha, ao menos emparte, o que lhes nutria o espírito.

Trazemos então a reflexão da importância dese buscar meios alternativos para integrar osparticipantes das Casas Espíritas. Convidamosassim, a todos os trabalhadores de boa vontadeque se empenhem ao máximo para manter osCentros Espíritas ativos, realizando estudosdoutrinários, reflexões, vibrações e preces,reunindo a família espírita novamente através dosmodernos recursos tecnológicos que estão aonosso alcance.

Considerando isso, nós da USE, criamosuma campanha chamada USE CONECTE, quetem por finalidade oferecer às casas espíritas umaplataforma de software denominada G-SUITE,sendo que os centros espíritas podem contar coma USE e com o nosso Departamento deTecnologia da Informação para o suporte técnicode forma gratuita.

Um ponto de muita relevância que essaplataforma oferece é a possibilidade de se criar

reuniões online com até 250 pessoas. Atravésdessas reuniões os Centros Espíritas podem reabrirseus cursos de Doutrina Espírita bem como outrasatividades doutrinárias como EvangelizaçãoEspírita e também Mocidade. Dessa forma a CasaEspírita não só poderá manter os laços com seustrabalhadores e frequentadores como tambémreatar laços com os amigos que se distanciaram.

Outros benefícios ainda poderemos usufruirem nosso Movimento Espírita organizado, porexemplo, a criação de agendas compartilhadas,evitando os conflitos que de certa formaatrapalham o desenvolvimento de ações integradascujos efeitos seriam a unificação dos espíritas pelonosso país.

A utilização prática da plataforma iniciaapós a criação de um e-mail institucional onde oCentro Espírita recebe uma conta de e-mail com odomínio “usesp.org.br”. Não há a necessidade daCasa Espírita estar filiada â USE pois o que nosmotiva é incentivar que as Casas Espíritascontinuem em sua missão de iluminação daspessoas através da Divulgação do Espiritismo.

Também estão sendo planejadas reuniões decapacitação para o uso da ferramenta, acompanhenosso site : www.usesp.ogr.br, lá iremos colocaratualizações sobre o andamento da campanha e asações que se desenvolverão. Venha, conheça eparticipe!

* Walteno Santos Bento da Silva é Diretor doDepartamento de Tecnologia da Informação

CWalteno Santos Bento da Silva *

Campanha

departamento detecnologia de informação

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Reuniões do CFNO Conselho Federativo Nacionalda FEB realizou duas reuniões,utilizando-se de plataforma digi-tal.

As reuniões tiveram oobjetivo de analisar e discutir arealização dos CongressosNacional e Regionais nomomento de pandemia (dia21/3) e definição de datas dosCongressos e realizações dasreuniões regionais deste ano. Asreuniões das Comissões Re-gionais serão virtuais, e a da Re-gional Sul será realizada cominício em 18 de julho, deste ano.

Convite ao futuroA Federação Espírita do Estadodo Espírito Santo realizou nosdias 14 e 15 de março, oENPRECE 2020, Encontro dePresidente de Casas Espíritas,com o tema Aspectos Práticos naGestão da Casa Espírita, comparticipação de Álvaro Chrispino(RJ), Ricardo Augusto Leite (RJ)e do presidente da USE,Aparecido José Orlando, quedesenvolveu o tema Engajamentode Trabalhadores.

O evento aconteceu noGrupo Espírita FraternidadeJeronymo Ribeiro, em Vila Velha(ES).

Chico 110 anosA União Espírita Mineira (UEM)desenvolveu durante o último mêsde abril a Campanha Chico Xavier110 anos. O objetivo principal foio de divulgar o lado humano domédium mineiro, que “emborasempre vinculado à sua mediu-nidade, é menos trabalhado e re-presentado na mídia”, segundo afederativa mineira.

Quais as características do monitor?O V Congresso Espírita Brasileiro, em edição nacional, seriarealizado em Brasília, no mês de novembro deste ano. Antes disso,envolvendo as 4 regionais do Conselho Federativo Nacional, Norte,Nordeste, Centro e Sul, ocorreriam os Congressos Regionais,respectivamente, em Manaus, Salvador, Belo Horizonte e CampoGrande. Tudo foi alterado em função da pandemia.

Em reunião virtual, o CFN da FEB decidiu pela transferênciados Congressos Regionais para 2022, nos mesmos mesesanteriormente definidos. Como proposta da FEB, o CongressoNacional fica para 2023, uma vez que em outubro de 2022 acontece oCongresso Mundial de Espiritismo, em Nice, na França, no mês deoutubro. A data ainda será definida.

Orientação ao Centro Espírita em análiseA partir de proposta da Federação Espírita Catarinense, e após incluirsugestões da FEB, foi apresentada na reunião do CFN, de 2019, aminuta de revisão do documento Orientação ao Centro Espírita. Asanálises estão sendo feitas pelas federativas estaduais, com o objetivode que o documento seja totalmente revisado e submetido àaprovação final na próxima reunião ordinária do Conselho denovembro deste ano.

A primeira versão deste documento foi elaborada e aprovadapelo Conselho Deliberativo Estadual da USE em 1975, sendodenominado Carta ao Centro Espírita, com o objetivo de estabeleceradequação ao Centro Espírita para cumprimento de suas finalidades.Foi encaminhado, em seguida, como proposta ao CFN da FEB, nomesmo ano, tendo sido analisado e recebido propostas nas reuniõeszonais do ano seguinte.

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Dia de Allan KardecNo dia 18 de abril, Charles Kempffez palestra online, às 14 horas,pelo Facebook, nas comemoraçõesem evento que tem lei municipal,de 1996, na cidade do Vale doParaíba. A realização foi da USEIntermunicipal de São José dosCampos.

Além de Kempf, Carlos Augus-to Abranches, jornalista, escritor epalestrante, participou também doDia de Allan Kardec, com palestraonline no mesmo dia, às 20 horas.

Conheça o EspiritismoA USE Intermunicipal de Piraci-caba “cumprindo sua função deunificar o movimento espírita edivulgar o Espiritismo” lançou acampanha ‘Conheça o Espiritismo’,“que tem o objetivo de levar oconhecimento espírita a todos quenecessitam de esclarecimento econsolação”.

Os recursos para a aquisição delivros para doação são obtidoscom participação de pessoasinteressadas na divulgação.

A meta é distribuir 25.000exemplares do livro Fundamentos dadoutrina espírita.

Confraternizações adiadasNo período da chamada SemanaSanta, haveria as quatro Confrater-nizações das Mocidades Espíritas,realizadas pelas Assessorias do De-partamento de Mocidade da USE,em Adamantina, Diadema, Indaia-tuba e Ribeirão Preto. Todasforam adiadas em função dapandemia de Covid-19.

Deixando de lado os encontrospresenciais, os jovens inovaram, efizeram, no mesmo período,encontros virtuais usando plata-formas digitais, nos mesmos diasem que aconteceriam as Confrater-nizações presenciais.

Encontro de Corais é adiadoPrevisto inicialmente para o dia 5de abril, domingo, o Departa-mento de Arte da USE adiou arealização do 5º Encontro Paulistade Corais Espíritas.

O evento seria realizado nasede Santana da USE, rua GabrielPiza, 433, SP.

Diretoria Executiva ‘virtual’A Diretoria Executiva da USEcontinua realizando suas reuniõeseletrônicas semanais. Desde o anopassado, a DE iniciou seus encon-tros com frequência semanal, utili-zando-se de meio virtual.

As reuniões presenciais acon-teciam mensalmente, incluindo osrepresentantes dos Departamen-tos. No último dia 4 de abril, foi aprimeira realizada com os depar-tamentos por plataforma digital.

Praia Grande tem sarau ...A USE Municipal de Praia Grandeestá em tratativas com a Prefeituralocal para realizar sarau ao ar livre,pelo menos uma vez ao ano, comapresentações de músicas, poesiase arte em geral.

... nova associaçãoParticipa, também, na criação daAME Praia Grande, a AssociaçãoMédico-Espírita da cidade dolitoral sul, do estado de São Paulo.Diariamente, às 19 horas, realizaeventos nas mídias sociais.

... e aulas de evangelização

Mês do Livro EspíritaNos dias 3, 5 e 6 de abril, a USEDistrital do Ibirapuera realizoupalestras online, com desenvol-vimento do tema principal, O céue o inferno, de Allan Kardec, queem 2020, no dia 1 de agosto, sãocomemorados os 155 anos de seulançamento.

Análise da GêneseA USE Regional de Campinasiniciou em maio, reuniões virtuaispara análise das modificações da 5ªedição de A gênese, os milagres e aspredições segundo o espiritismo. Serão20 reuniões semanais, às segundas-feiras, até o mês de setembro.

Da Redação

Desenvolver aulas deevangelização infantil peloscentros espíritas e compar-tilhar através do Departa-mento de Evangelização daUSE Municipal de PraiaGrande é atividade que odepartamento está realizan-do junto às casas espíritas dacidade. Todas as casas têmacesso ao acervo de aulas.

Painel Espírita Estadual

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Estudo, divulgação ...A USE Intermunicipal de Baurutem incentivado o estudo e adivulgação do Espiritismo comorientação a monitores emultiplicadores, nas diversas casasque solicitam cursos.

A procura por cursos tem sidosignificativa, muito além dos anosanteriores, ministrado em institui-ções da cidade e da região, sejameles do ESDE, EADE, MEP eoutros.

Em 2019, duas cidades daregião foram atendidas e, para esteano, estão agendados cursos eseminários em outras quatro.

... e orientação jurídicaDestaque especial na solicitação deorientação jurídica, pois asdiretorias das casas espíritas estãodespertando para a necessidade demanter a documentação legalizadasempre adequadamente.

6ª pesquisa para espíritasEsta pesquisa é feita anualmentedesde 2015. Seu objetivo é cola-borar com o Movimento Espírita,levantando dados sobre o modode pensar e se comportar dosespíritas. Com esses indicadores, asinstituições podem prever asnecessidades dos frequentadores etrabalhadores, além de ajustar suasestratégias e ações de governança.

O questionário não possuirespostas certas ou erradas e nãopermite identificação pessoal.

Prazo para resposta até 30 dejunho de 2020. Você respondeem menos de 15 minutos. Acesse:http://franzolim.blogspot.com.br

Dúvidas e informações podem ser obtidas pelo e-mail:

[email protected]

Doação de alimentosA USE Intermunicipal de Taubatée a AME-Vale do Paraíba estãoempenhadas na Campanha dedoação de alimentos não-perecíveis para posteriordistribuição organizada às enti-dades que realizam este tipo deassistência social.

A iniciativa considera asuspensão temporária das ativi-dades públicas presenciais em de-corrência de orientações dasautoridades para o combate aocoronavírus, que diminuiu dras-ticamente a doação de alimentospara os antendidos pelas diversascasas espíritas da cidade.

Mídia social ...Página da USE Intermunicipal deItanhaém, no Facebook, mostraáudios e vídeos com mensagensespíritas de conhecidos expositorese palestrantes do movimentoespírita nacional. Divulga tambémeventos online.

... e SorocabaEm parceria com instituiçõesespíritas da cidade, a USE Inter-municipal de Sorocaba tem desen-volvido e realizada extensa progra-mação semanal, utilizando-se doFacebook, e levando palestrasespíritas online.

... e Rio PretoTambém com extensa lista depalestras programadas e divulgadaspelo Facebook, pelo órgão local.

CentenárioEm 21 de abril de 2021, aDoutrina Espírita fará 100 anos dehistória em Araçatuba, com oaniversário de fundação da UniãoEspírita Paz e Caridade / AbrigoIsmael. As comemorações come-çaram com a realização daComenoesp, em abril de 2019 e seestenderão até o final de 2021. Apromoção e realização é da USERegional de Araçatuba.

Livro espírita em domicílioA Livraria Espírita Humberto deCampos da USE de São João daBoa Vista esteve fechada com oisolamento social. Mas as vendascontinuaram. Ideia: iniciaramserviço de entrega em domicílio.

Palestras onlineA USE Intermunicipal de Lins, emconjunto com a Casa dos Espíritas,realiza transmissão de palestrasonline, em vários dias da semana,divulgando a mensagem espírita.

Da RedaçãoPainel Espírita Estadual

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Caravana em JacareíEm 2020, para intensificar a intera-ção com as instituições espíritas,foi implantada a Caravana da USEIntermunicipal de Jacareí, projetopiloto, criada sob inspiração vindada Caravana da Fraternidade.

Consiste na promoção de pales-tras públicas às instituições espí-ritas interessadas. É uma formados frequentadores e trabalhadoresdas instituições espíritas conhe-cerem a USE e a sua atuação nomovimento espírita da região,inclusive promovendo aproxima-ção com aquelas mais afastadas.

Gestão de Centro EspíritaOrganizado pela Regional deRibeirão Preto, aconteceu o Cursode Gestão de Centro Espírita no dia 8de março, em São Carlos, comdirigentes e trabalhadores da maio-ria das casas espíritas da cidade eregião.

O curso objetiva contribuirpara o enfrentamento de desafios ecomplexidades atuais, ampliandoconhecimentos e melhorando re-sultados com a gestão de recursose pessoas, sustentabilidade e pro-cessos de trabalho.

15 anos ”no ar”Desde 21 de novembro de 2004, aUSE Intermunicipal de São Carlos,pela Rádio Clube1 FM 91,1 MHz,divulga o Espiritismo com o pro-grama de rádio Momento Espírita,das 8h30 às 9h30, aos domingos.

São mais de 793 programas jáproduzidos por voluntários: con-tando sempre com dois apresen-tadores, um convidado, três pes-soas para apoio na produção eatendimento aos ouvintes. Os pro-gramas, também, são transmitidospelo Facebook, na página doórgão.

Ação do Momento EspíritaCom coordenação de Suzete e Antonio Carlos Amorim, os voluntáriosque participam semanalmente do Momento Espírita estão gravando osprogramas também a distância. Utilizando-se da tecnologia e do roteirodesenvolvido pelos coordenadores, mesmo separados fisicamente, fazemseus comentários sobre os diferentes temas levados ao ar. Amorim é oresponsável pelos ajustes finais. O programa gravado é enviado à RadioBoa Nova para sua divulgação, aos domingos, a partir das 12 horas, pelaAM 1450 ou pela internet.

Novos projetosLivraria virtual e exibição periódicade filmes com temática espírita noCine Clube da cidade são os novosprojetos em desenvolvimento pelaUSE Intermunicipal de RibeirãoPreto.

Painel Espírita Estadual Da Redação

Reunião digital do Departamento de InfânciaNo último dia 10 de abril, o Departamento de Infância da USE SPpromoveu a primeira reunião digital com 32 representantes dosDepartamentos de Infância de órgãos do estado. O objetivo foi discutiros desafios impostos pela atual pandemia do coronavírus para oprosseguimento das atividades da evangelização espírita e aspossibilidades de superá-los por meio do uso das novas tecnologias.

A reunião, realizada por meio do aplicativo de videoconferênciaGoogle meet, por si só, demonstrou a importância das ferramentas digitaispara que a união dos espíritas não desfaleça durante o isolamento social,quando as necessidades espirituais se fazem ainda mais prementes.

Os participantes compartilharam suas experiências naevangelização à distância, enriquecendo a todos com sugestões queabriram o caminho para possibilidades nunca antes imaginadas. Oencontro comprovou a importância de recorrermos aos “poderes doespírito”, mencionados por Paulo de Tarso, quando surgirem aslimitações materiais.

Garça presente tambémA USE Intermunicipal de Garça eo Centro Espírita Irmã Catarinarealizam, em conjunto, o 1º Ciclode Palestras Espíritas 2020, noformato online pelo página doFacebook.

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