A INDÚSTRIA EM PERSPECTIVA - FIESC · Administração da Celesc S/A no período de 2005 a 2010....

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GLAUCO JOSÉ CÔRTE

s textos reunidos neste livro foram publicados ao

longo dos últimos anos na imprensa. Eles abrem

ao leitor uma nova janela para a análise da

realidade. As opiniões aqui exteriorizadas são as

de um homem com anos e anos de experiências múltiplas,

que já militou no jornalismo, ocupou cargos de relevância e

grande responsabilidade em empresas e entidades e teve a

oportunidade de conhecer diferentes realidades e debater

com estudiosos, governantes, homens de negócios,

professores, colaboradores ou executivos de micro,

pequenas ou grandes empresas – enfim, com um sem

número de indivíduos.

Dessa vivência nasceram e amadurecerem visões de mundo

apresentadas com maestria em textos que, mesmo quando

curtos, iluminam aspectos da sociedade e são material de

formação de cidadãos.

Pode-se concordar integralmente, em partes ou discordar

das opiniões de Glauco José Côrte. Mas não é possível

ignorá-las. Seus argumentos, apresentados com clareza e

objetividade, trazem a força da ideia que foge do lugar

comum e do açodamento. Em vez disso, revelam de

imediato a firmeza da retórica construída a partir de estudo,

coerência, bom senso e temperança, matérias primas de

opiniões e análises que por certo vão enriquecer o

ferramental dos leitores para encarar e dissecar a realidade.

Ademir Arnon

Presidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI)

Casa do Jornalista

O

ESTA OBRA DISCUTE, a partir de Santa Catarina, os aspectos mais importantes para o desenvolvimento do setor e do Brasil. Além de líder industrial, Glauco José Côrte também é um dos mais conhecidos articulistas catarinenses, participando, há décadas, do debate das questões relevantes. Em seus artigos, defende que o crescimento econômico não é um m em si mesmo e que seus resultados precisam chegar às pessoas, objetivo último do desenvolvimento.

Nos artigos, publicados entre 2011 e 2017, ca evidente a forte convicção do autor sobre o papel da educação. O Movimento Santa Catarina pela Educação é uma ação que, iniciada pela FIESC, ganhou a adesão das federações de outros setores econômicos em Santa Catarina e do governo estadual. Entre 2011, quando se iniciou o Movimento, e 2016, o número de trabalhadores com escolaridade básica completa, no estado, passou de 60% para 70%.

Os artigos reunidos neste livro são exemplos de lucidez no trato dos assuntos públicos, de coragem cívica, de entrega à indústria e de amor pelo país. Uma aula que deve ser aproveitada por todos os brasileiros, em especial pelos catarinenses. Boa leitura.

Robson Braga de AndradePresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

ISBN 978-85-69609-17-9

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), empresário e advogado formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Glauco José Côrte tem diversas especializações por instituições como UFSC (SC), Fundação Getúlio Vargas (RJ), American Graduate School of International Management (Arizona, EUA) e IMD (Lausanne, Suíça).

Na Confederação Nacional da Indústria (CNI) ocupa atualmente os cargos de vice-presidente e presidente do Conselho Temático Permanente de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico. Integra o Conselho Deliberativo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio e Exterior; e os Conselhos de Administração da Portobello S/A e Multilog S/A.

Foi diretor financeiro adjunto da Sotelca e Eletrosul, vice-presidente executivo da Portobello S/A, diretor da Portobello América (EUA) e diretor financeiro e de relações com o mercado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), além de presidir o Conselho de Administração da Celesc S/A no período de 2005 a 2010. Ainda foi Professor da Faculdade de Economia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) no período de 1966 a 1969 e seu diretor em 1969.

GLAUCO JOSÉ CÔRTE

GLAUCO JOSÉ CÔRTE

Re f l e x õ e s s o b r e a s q u e s t õ e s e s t r a t é g i c a s p a r a o f u t u r o d o s e t o re m a r t i g o s p u b l i c a d o s n a i m p r e n s a e n t r e 2 0 1 1 e 2 0 1 7

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A INDÚSTRIAEM PERSPECTIVARe f l e x õ e s s o b r e a s q u e s t õ e s e s t r a t é g i c a s p a r a o f u t u r o d o s e t o re m a r t i g o s p u b l i c a d o s n a i m p r e n s a e n t r e 2 0 1 1 e 2 0 1 7

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F l o r i a n ó p o l i s . S a n t a C a t a r i n a . B r a s i l

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s textos reunidos neste livro foram publicados ao

longo dos últimos anos na imprensa. Eles abrem

ao leitor uma nova janela para a análise da

realidade. As opiniões aqui exteriorizadas são as

de um homem com anos e anos de experiências múltiplas,

que já militou no jornalismo, ocupou cargos de relevância e

grande responsabilidade em empresas e entidades e teve a

oportunidade de conhecer diferentes realidades e debater

com estudiosos, governantes, homens de negócios,

professores, colaboradores ou executivos de micro,

pequenas ou grandes empresas – enfim, com um sem

número de indivíduos.

Dessa vivência nasceram e amadurecerem visões de mundo

apresentadas com maestria em textos que, mesmo quando

curtos, iluminam aspectos da sociedade e são material de

formação de cidadãos.

Pode-se concordar integralmente, em partes ou discordar

das opiniões de Glauco José Côrte. Mas não é possível

ignorá-las. Seus argumentos, apresentados com clareza e

objetividade, trazem a força da ideia que foge do lugar

comum e do açodamento. Em vez disso, revelam de

imediato a firmeza da retórica construída a partir de estudo,

coerência, bom senso e temperança, matérias primas de

opiniões e análises que por certo vão enriquecer o

ferramental dos leitores para encarar e dissecar a realidade.

Ademir Arnon

Presidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI)

Casa do Jornalista

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ESTA OBRA DISCUTE, a partir de Santa Catarina, os aspectos mais importantes para o desenvolvimento do setor e do Brasil. Além de líder industrial, Glauco José Côrte também é um dos mais conhecidos articulistas catarinenses, participando, há décadas, do debate das questões relevantes. Em seus artigos, defende que o crescimento econômico não é um m em si mesmo e que seus resultados precisam chegar às pessoas, objetivo último do desenvolvimento.

Nos artigos, publicados entre 2011 e 2017, ca evidente a forte convicção do autor sobre o papel da educação. O Movimento Santa Catarina pela Educação é uma ação que, iniciada pela FIESC, ganhou a adesão das federações de outros setores econômicos em Santa Catarina e do governo estadual. Entre 2011, quando se iniciou o Movimento, e 2016, o número de trabalhadores com escolaridade básica completa, no estado, passou de 60% para 70%.

Os artigos reunidos neste livro são exemplos de lucidez no trato dos assuntos públicos, de coragem cívica, de entrega à indústria e de amor pelo país. Uma aula que deve ser aproveitada por todos os brasileiros, em especial pelos catarinenses. Boa leitura.

Robson Braga de AndradePresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

ISBN 978-85-69609-17-9

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), empresário e advogado formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Glauco José Côrte tem diversas especializações por instituições como UFSC (SC), Fundação Getúlio Vargas (RJ), American Graduate School of International Management (Arizona, EUA) e IMD (Lausanne, Suíça).

Na Confederação Nacional da Indústria (CNI) ocupa atualmente os cargos de vice-presidente e presidente do Conselho Temático Permanente de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico. Integra o Conselho Deliberativo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio e Exterior; e os Conselhos de Administração da Portobello S/A e Multilog S/A.

Foi diretor financeiro adjunto da Sotelca e Eletrosul, vice-presidente executivo da Portobello S/A, diretor da Portobello América (EUA) e diretor financeiro e de relações com o mercado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), além de presidir o Conselho de Administração da Celesc S/A no período de 2005 a 2010. Ainda foi Professor da Faculdade de Economia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) no período de 1966 a 1969 e seu diretor em 1969.

GLAUCO JOSÉ CÔRTE

GLAUCO JOSÉ CÔRTE

Re f l e x õ e s s o b r e a s q u e s t õ e s e s t r a t é g i c a s p a r a o f u t u r o d o s e t o re m a r t i g o s p u b l i c a d o s n a i m p r e n s a e n t r e 2 0 1 1 e 2 0 1 7

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2018 © Dois Por Quatro Editora

Editores Maria Cecilia Pilati e Valmor Fritsche

Revisão Roberto Ostermann e Dâmi Radin

Design gráfico Valmor Fritsche

Fotos Fiesc, ACI e Miguel Ângelo/CNI

Supervisão editorial Elmar Meurer / Assessoria de Imprensa da Fiesc

Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO - CIP

C827i Côrte, Glauco José, 1943- A indústria em perspectiva: reflexões sobre as questões estratégicas para o futuro do setor em artigos publicados na imprensa entre 2011 e 2017 / Glauco José Côrte – Florianópolis : Dois Por Quatro, 2018.

332 p. 24 cm.

ISBN: 978-85-69609-17-9

1. Santa Catarina. 2. Economia. 3. Tecnologia e Inovação. 4. Saúde do Trabalhador. 5. Educação. 6. Empresas. I. Título. II. Côrte, Glauco José.

CDD: B869.8

Como referenciar esta publicação:CÔRTE, GlauCo José. A indústria em perspectiva: reflexões sobre as questões estratégicas para o futuro do setor em artigos publicados na imprensa entre 2011 e 2017. Florianópolis : Dois Por Quatro, 2018.

Rua Ivo Reis Montenegro, 191Florianópolis/SC - CEP 88085-600(48) 3371-8222 | (48) 98409-8222

[email protected]

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APOIO INSTITUCIONAL

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S U M Á R I O

PREFÁCIO

APRESENTAÇÃO

AMBIENTE INSTITUCIONAL

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P R E F Á C I O

Elevar a competitividade da indústria nacional e participar, decisivamente, do desenvolvimen-to do Brasil está entre os principais objetivos

da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que congrega as Federações das Indústrias dos estados. A CNI acredita que algumas premissas são fun-damentais para o país avançar: manter a inflação baixa, conter o endividamento público, reduzir as taxas de juros e melhorar o ambiente de negócios para acelerar a retomada de investimentos.

O Brasil enfrenta numerosos obstáculos ao crescimento. Entre eles, estão o complexo sistema tributário, que onera os nossos produtos, a de-ficiência da infraestrutura, o alto custo do crédito, a dificuldade de aces-so a financiamentos, a burocracia excessiva, a insegurança jurídica, a escassez de trabalhadores qualificados e a baixa qualidade da educação. Tudo isso contribui para criar um ambiente adverso aos investimentos e ao aumento da produção.

A coragem cívica de um líder

P R E F Á C I O

Robson Braga de Andrade

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Em todos os países, famílias, empresas e governo são responsáveis pelo desenvolvimento, mas o protagonismo é sempre das empresas. São elas que geram emprego, renda e arrecadação tributária. Movimentam a economia, contratam trabalhadores e propiciam ao governo os recursos que devem re-tornar à população na forma de serviços públicos. Por isso, suas necessidades precisam ser levadas em consideração pelas políticas de Estado.

Mesmo passando por crise ética, o Brasil não pode parar. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, defende, corretamente, num dos artigos aqui publicados, que não deve haver escolha entre combater a corrupção e buscar o desenvol-vimento. Deve-se mirar na recuperação da economia, ao mesmo tempo em que se enfrentam eventuais desmandos, com serenidade e equilíbrio.

Tampouco Santa Catarina pode parar. Mesmo tendo apenas 1,2% do território nacional, o estado apresenta indicadores dignos de destaque: o quarto maior parque industrial, a mais longa expectativa de vida do Brasil e a menor desigualdade de renda. A indústria tem tudo a ver com isso, pois responde por 30% da riqueza e contribui com 34% dos empregos no estado. Dos municípios catarinenses, 91,5% possuem renda per capita maior que a média brasileira e 47% têm maior participação da indústria na economia, também levando-se em consideração a média do país.

De acordo com o Centro de Liderança Pública (CLP), Santa Catarina ocupa o segundo lugar no ranking de competitividade dos estados. As referências sobre a relevância da economia catarinense estão disponí-veis no Observatório de Inteligência Industrial da FIESC, uma inovação construída durante a gestão de Glauco José Côrte na entidade.

A exemplo do que ocorre em todo o país, manter a indústria catari-nense competitiva não é tarefa simples. Com obstinação, Côrte tem se ocupado dessa missão desde 2011, quando assumiu a Presidência da FIESC. Sua atuação segue quatro diretrizes: buscar um ambiente insti-tucional mais adequado à produção, promover a educação profissional,

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estimular a inovação, e valorizar a saúde e a segurança do trabalhador. Tenho a oportunidade de acompanhar de perto esse esforço e ver a deter-minação com que Côrte defende a indústria de Santa Catarina. Não é sem razão que, na estratégia nacional da CNI, três dos Institutos SENAI de Inovação e um dos Centros SESI de Inovação foram instalados no estado. Eles serão fundamentais nos esforços do Sistema Indústria para preparar o setor para a quarta revolução industrial. Estou feliz em continuar con-tando com o apoio de Côrte, agora na condição de vice-presidente execu-tivo da Confederação para a Região Sul na gestão 2018-2022, ampliando suas responsabilidades perante a indústria brasileira.

A Indústria em Perspectiva discute, a partir de Santa Catarina, os as-pectos mais importantes para o desenvolvimento do setor e do Brasil. Além de líder industrial, Glauco José Côrte também é um dos mais co-nhecidos articulistas catarinenses, participando, há décadas, do debate das questões relevantes. Em seus artigos, defende que o crescimento eco-nômico não é um fim em si mesmo e que seus resultados precisam che-gar às pessoas, objetivo último do desenvolvimento. O livro reúne textos publicados entre 2011 e 2017, principalmente em jornais do estado.

Nos artigos, fica evidente a forte convicção do autor sobre o papel da educação. O Movimento Santa Catarina pela Educação é uma ação que, iniciada pela FIESC, ganhou a adesão das federações de outros se-tores econômicos em Santa Catarina e do governo estadual. Entre 2011, quando se iniciou o Movimento, e 2016, o número de trabalhadores com escolaridade básica completa, no estado, passou de 60% para 70%.

Os artigos reunidos neste livro são exemplos de lucidez no trato dos assuntos públicos, de coragem cívica, de entrega à indústria e de amor pelo país. Uma aula que deve ser aproveitada por todos os brasileiros, em especial pelos catarinenses. Boa leitura.

Robson Braga de AndradePresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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A P R E S E N T A Ç Ã O

Imprensa e cidadania

A imprensa tem papel fundamental na formação da cidadania, na preservação do estado democrático e no aprofunda-

mento da discussão de temas essenciais. Para exercer essas funções, não basta ao jornalismo oferecer ao leitor/ouvinte/espectador/inter-nauta dados isolados sobre os acontecimentos. Há necessidade de informar, mas também de contextualizar os fatos, hierarquizá-los, rela-cioná-los entre si e estimular o debate livre a partir de diferentes pontos de vista. Ou seja: aboa imprensa também forma o indivíduo, dá a ele instrumentos para avaliar a realidade e agir.

Os textos reunidos neste livro foram publicados ao longo dos últimos anos na imprensa. Eles abrem ao leitor uma nova janela para a análise da realidade. As opiniões aqui exteriorizadas são as de um homem com anos e anos de experiências múltiplas, que já mili-

Ademir Arnon

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tou no jornalismo, ocupou cargos de relevân-cia e grande responsabilidade em empresas e entidades e teve a oportunidade de conhecer diferentes realidades e debater com estudio-sos, governantes, homens de negócios, profes-sores, colaboradores ou executivos de micro, pequenas ou grandes empresas – enfim, com um sem número de indivíduos. Dessa vivên-cia nasceram e amadurecerem visões de mun-do apresentadas com maestria em textos que, mesmo quando curtos, iluminam aspectos da sociedade e são material de formação de ci-dadãos.

PODE-SE CONCORDAR INTEGRALMENTE, EM PARTE OU DISCORDAR DAS OPINIõES DE GLAUCO JOSé CôRTE. MAS NÃO é POSSíVEL IGNORÁ-LAS.

Pode-se concordar integralmente, em partes ou discordar das opiniões de Glauco José Côrte. Mas não é possível ignorá-las. Seus argumentos, apresentados com clareza e objetividade, trazem a for-ça da ideia que foge do lugar-comum e do açodamento. Em vez dis-so, revelam de imediato a firmeza da retórica construída a partir de estudo, coerência, bom senso e temperança, matérias primas de opiniões e análises que por certo vão enriquecer o ferramental dos leitores para encarar e dissecar a realidade.

Impossível encerrar esta apresentação sem falar de educação. Nos últimos anos, como presidente da FIESC e cidadão, Glauco José Côrte abraçou com entusiasmo incomum a ideia de que a escola é essencial para transformar a sociedade. Mais do que em discurso, ele traduziu essa crença em gestos e ações que vêm transformando a realidade catarinense. O esforço requer tempo e dedicação. Talvez seus frutos não sejam colhidos maduros por nossa geração. Mas a perpetuação das ideias do empresário e a disseminação em livro dos conhecimentos que o levaram a concentrar esforços na área por cer-

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to terão papel importante para formar mais indivíduos comprome-tidos com esse projeto e que serão capazes de seguir nessa direção até a construção de uma sociedade melhor para todos.

Ademir ArnonPresidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI)

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AMBIENTEINSTITUCIONALA atuação da FIESC e suas entidades está fundamentada em quatro diretrizes: ambiente institucional, educação, tecnologia e inovação e saúde e segurança. No que tange ao ambiente institucional, o foco de atuação situa-se na ampliação da inserção global da indústria catarinense, na articulação do desenvolvimento da infraestrutura e logística do Estado, na integração e fortalecimento da matriz industrial catarinense com sustentabilidade e na busca pela melhoria dos ambientes tributário e regulatório.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

26.12.2017

Eleição 2018, emprego e educação

O ano de 2017 termina com sinais de re-cuperação da economia. Em SC a maio-ria dos indicadores está acima da média

nacional. É um alento, embora não possamos desconsiderar que estamos saindo da pior crise dos últimos 120 anos e, portanto, qualquer base de comparação é muito baixa. O descolamento entre os insistentes abalos da política e a reali-dade econômica é uma das melhores surpresas do exercício que finda, mas, com a chegada do novo ano, o Brasil que sairá das urnas voltará a gerar preocupações.

Existem dois cenários possíveis: o melhor é o de um País debaten-do consistentemente as ideias agora ainda pulverizadas, com abertu-ra para novas lideranças, discussão (sem demagogia) das reformas, abrindo espaço para uma nova política. O ruim seria aprofundar a po-larização, a chamada política tradicional, desconectada da realidade,

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ExISTEM DOIS CENÁRIOS POSSíVEIS: O MELhOR é O DE UM PAíS DEBATENDO CONSISTENTEMENTE AS IDEIAS. O PIOR SERIA ACIRRAR A POLARIZAÇÃO.

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numa mera disputa por poder, sem um debate sério sobre a necessida-de de modernização do País.

O Brasil precisa de mais transparência e combate à corrupção, éti-ca, participação da sociedade na construção de políticas públicas, in-tegração das instituições, segurança jurídica, avanço das reformas e de mais atenção à educação e saúde. Se ficarmos às voltas com discussões ideológicas inférteis, os países competitivos, que aceleram na direção da indústria 4.0, nos deixarão para trás e a recuperação do emprego que iniciamos em 2017 avançará pouco.

Santa Catarina evoluiu nos indicadores educacionais ao longo dos últimos anos. Entre 2011 e 2016 o número de trabalhadores com esco-laridade básica completa passou de 60% para praticamente 70%. Mas enquanto o Brasil estiver na posição 66 em matemática, 63 em ciências e 59 em leitura no teste internacional que avalia a qualidade da educa-ção (PISA), não teremos condições de enfrentar nossos concorrentes internacionais num mundo em que a realidade se transforma em ve-locidade nunca antes vista. Essa realidade exige pessoas cada vez mais qualificadas.

As eleições 2018 podem ser o ponto de partida para transformar o País, com a continuidade das reformas, a priorização da qualidade da educação e, assim, a garantia de bons empregos aos brasileiros.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

07.10.2017

Um Brasil melhor

Recente pesquisa da Fiesc revela que, apesar do cenário hostil que as crises política e ética provocam na economia, a confiança

do industrial catarinense continua reagindo po-sitivamente. Com efeito, o Índice de Confiança do Industrial de Santa Catarina  passou de 55 pontos em agosto para 57,8 pontos em setembro, mantendo a tendência de crescimento iniciada em julho. Esse resultado é reflexo do início do processo de recuperação da economia catarinense e aponta para um ponto de inflexão na conjuntura.

É claro que SC também foi duramente afetada. O setor produtivo foi obrigado a realizar ajustes. Mas empresários e trabalhadores catarinen-ses em nenhum momento interromperam os esforços voltados para tirar a economia do fundo do poço. Por isso, o Estado já colhe os primeiros frutos desse trabalho, com base em uma indústria forte, diversificada

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O BRASIL PRECISA DE MAIS TRANSPARêNCIA E COMBATE à CORRUPÇÃO, éTICA, PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NA CONSTRUÇÃO DE POLíTICAS PÚBLICAS.

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e distribuída por todas as regiões, o que lhe confere um protagonismo decisivo também nos momentos de conjuntura desfavorável.

O índice de confiança é apenas um dos indicadores em que Santa Catarina se destaca. O crescimento do Estado foi de 3% nos primeiros sete meses do ano, segundo estimativa do Banco Central, enquanto o Brasil ficou estagnado. Nossa produção industrial, segundo o IBGE, foi a segunda que mais cresceu nos primeiros sete meses do ano (3,5%) em relação a igual período do ano passado. Até agosto, a geração de empregos na indústria de transformação cresceu 3,7%, constituindo-se na segunda melhor performance nacional. Os empregos na indústria da construção civil catarinense cresceram 3,8%, contra queda da média brasileira (o nosso nível de desocupação é o menor do País). Nas expor-tações crescemos 14% até setembro, um pouco menos do que o Brasil.

Agora que na economia o cenário começa a melhorar, os catarinen-ses esperam que a crise ética possa também representar um momento de virada na forma como é conduzida a gestão pública e a sua relação com o setor privado. A Fiesc tem insistido que esta é, também, uma questão de competitividade para o País e trabalha para que, deste mo-mento difícil, nasça um novo, mais íntegro, mais forte e melhor Brasil.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

23.08.2017

Guerra nas estradas

A Fiesc apresentou e debateu recentemen-te, em Chapecó, propostas para redução dos acidentes nas rodovias do Oeste. Tra-

ta-se do primeiro estudo do “Grupo de Traba-lho Rodovias Oeste SC do Futuro”, que preten-de contribuir para o planejamento, segurança e fluidez da malha rodoviária da região. Dada a atual crise econômica e o levantamento realiza-do, que estimou que a região demanda investi-mentos de mais de R$ 600 milhões anuais para manter e modernizar sua malha rodoviária, de-cidiu-se priorizar a vida.

Especialistas contratados pela Federação fizeram uma análise dos pontos de maior periculosidade das estradas da região, com base em dados das Polícias Rodoviárias Estadual e Federal. Estimaram um apor-te emergencial de  R$ 14,1 milhões nesses pontos, a fim de reduzir o grande número de acidentes que se repetem diariamente, parte deles fa-

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NAS ESTRADAS BRASILEIRAS, SÃO qUASE 40 MIL MORTES ANUAIS, SEM CONTAR OS FERIDOS, NÚMERO SUPERìOR AO DA GUERRA DO AFEGANISTÃO.

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tais. Tal valor representa apenas pouco mais de 1% da arrecadação anual de ICMS da região. Foram ainda sugeridas ações na área de educação, melhoria na fiscalização e a instituição de projetos de sinalização e de manutenção das rodovias estaduais.

O cenário nas estradas brasileiras é de guerra. São quase 40 mil mor-tes anuais, sem contar os feridos. Na guerra do Afeganistão (2001-2013), por exemplo, a média anual foi de perto de 10 mil mortes. O IPEA esti-ma que o País gasta cerca de R$ 40 bilhões anuais com acidentes de trân-sito. Santa Catarina possui 15 dos 100 trechos mais críticos das rodovias federais do País, ocupando a segunda posição no ranking de número de acidentes (Dados de 2015 da PRF/SC e PRE/SC). Um terço do orça-mento dos hospitais dos grandes centros urbanos é gasto com vítimas de acidentes de moto. Só nas rodovias estaduais localizadas no Oeste, nos últimos cinco anos foram mais de 5 mil acidentes, com 199 mortes.

Os catarinenses não podem ignorar essa tragédia. Por isso, o tema, como proposto, deve ser objeto de grande mobilização para enfrentar o desafio pela humanização das nossas rodovias.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

14.08.2017

Por um Estado menor“Não existe essa coisa de dinheiro público.

Existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”

Margareth Thatcher

Criou-se no Brasil a cultura de que se pode gastar ilimitadamente. Os contribuintes que se arranjem para trabalhar mais e alimentar

a irresponsabilidade fiscal. Gastos do setor público além do que é prioritário criam cortinas de fumaça e não deixam ver o essencial. Quando esses gastos não se restringem ao essencial e a arrecadação cai, o quadro se agrava.

Quando os dispêndios do setor público pre-judicam o equilíbrio fiscal, por anos a fio, é hora de se pensar em uma solução definitiva. O maior combustível para a crise fiscal chama-se “gover-no perdulário”. Quando um país passa por graves problemas fiscais, como agora, em que a crise econômica herdada dos governos anteriores contrai a economia e reduz a arrecadação, a medida natural é segurar os gastos.

Contudo, dados do Banco Central mostram que, no acumulado em doze meses, até junho, o Brasil registra déficit primário de R$167,2 bi-

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qUANDO OS DISPêNDIOS DO SETOR PÚBLICO PREJUDICAM O EqUILíBRIO FISCAL, POR ANOS A FIO, é hORA DE SE PENSAR EM UMA SOLUÇÃO DEFINITIVA.

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lhões, ou 2,62% do PIB. Em 2014, a mesma relação era de 0,57% do PIB. Governos não devem ceder às demandas políticas sem medir o impacto nas contas públicas.

Enquanto o Brasil não reduzir o tamanho do governo, os resultados dos contingenciamentos orçamentários e do esforço para conter gastos serão pífios e a conta continuará sendo paga pelos contribuintes - em-presas e trabalhadores.

O Brasil não suporta mais conviver com o jogo de sempre. Finan-ciar o déficit fiscal por meio de empréstimos e aumento de impostos é desprezar a necessidade de investimentos para que o Brasil saia da crise com maior rapidez. Embora saibamos que a redução do desempre-go, esse, sim, um verdadeiro flagelo social, ainda vá demorar, um sinal concreto de que o governo começa a cortar em sua própria carne pode reanimar a economia e fazê-la girar mais rápido.

O Brasil anda na contramão das necessidades empresariais e das fa-mílias. A taxa de investimentos, como proporção do PIB, encontra-se em seu período mais baixo. Enquanto, em 2013, os investimentos pú-blicos constituíram 2,7% do PIB, os investimentos privados alcançaram 19%. Ano passado, os investimentos públicos caíram para 1,8% do PIB e os privados para 13,7%. Como se sabe, o investimento puxa o desen-volvimento.

O melhor sinal de mudança para o Brasil sair da crise é pela redução aguda do tamanho do Estado. Em todos os seus Poderes e níveis.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

21.07.2017

Modernização trabalhista e inclusão

A reforma trabalhista, que acaba de ser san-cionada, é um importante passo rumo à modernização das relações entre trabalha-

dores e empregadores. É uma oportunidade de levar proteção a mais de 10 milhões de trabalha-dores que hoje vivem na informalidade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. De acordo com o economis-ta José Márcio Camargo, entre os 20% mais po-bres do País, 60% trabalham na informalidade e 24% estão desempregados. Ou seja, 84% dosbrasileiros mais pobres estão desassistidos. Sozi-nha, a reforma não fará milagres, mas ela ajuda a criar um ambiente mais favorável à geração de novos postos de trabalho, num País com 14 mi-lhões de desempregados. Trata-se, portanto, um instrumento de inclusão.

Um dos aspectos mais importantes do novo marco legal é a valori-zação da negociação coletiva. Santa Catarina é uma prova de que essa

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A REFORMA TRABALhISTA é UMA OPORTUNIDADE DE LEVAR PROTEÇÃO A MAIS DE 10 MILhõES DE TRABALhADORES, hOJE NA INFORMALIDADE.

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prática dá certo. Há sete anos, trabalhadores e empresários sentam à mesa para definir, em conjunto, o valor de atualização do piso mínimo regional. Com a reforma, passa a haver mais segurança jurídica em rela-ção ao que é definido nas convenções e acordos coletivos entre as partes legitimamente interessadas. A maior flexibilidade da jornada, prevista nas novas regras, é um exemplo disso. Acordos que já são tradição em Santa Catarina, frutos de negociação entre empregados e empregadores, sobre a redução do intervalo para o almoço, a fim de diminuir a jorna-da ou evitar o trabalho aos sábados, passam, agora, a ter maior amparo legal. Esta sempre foi uma reivindicação da Fiesc.

Com a evolução tecnológica se acelerando a cada dia, o mundo do trabalho ficou bem diferente daquele de 1943, data da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), quando o País estava começando a se indus-trializar. A CLT possui virtudes, mas precisava entrar em sintonia com os tempos atuais, em que é necessário valorizar a livre-iniciativa e as empresas, sem as quais não há emprego e nem desenvolvimento social.

Santa Catarina e o Brasil reconhecem e valorizam o apoio dos que trabalharam por essa conquista, que ajudará o País voltar a crescer de forma sustentável. Por isso, registramos a posição dos deputados fede-rais e senadores catarinenses que votaram pela manutenção, geração e formalização dos empregos. O Brasil, agora, precisa das reformas previ-denciária, tributária e política. E pode contar com o apoio da indústria para isso.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário do Iguaçu, Voz do Oeste e Destaque Regional

03.07.2017

Investimento no Oeste

A s indústrias de Santa Catarina pretendem investir R$ 7,3 bilhões neste ano, segundo revela pesquisa da Fiesc. É uma informa-

ção relevante, especialmente considerando o atual cenário político e os desafios econômicos. Mostra que o industrial catarinense, embora não ignore ou minimize a crise, olha para frente e se prepara para dias melhores. Um dos segmentos que mais investirá é o de alimentos, que tem no Oeste do Estado seu principal impulsionador, apesar da falta de atenção do governo, especialmente para as condições da infraestrutura da região.

Como a indústria, a Fiesc também mantém seu programa de inves-timentos, pois sabemos que são vitais para a retomada do crescimento. No Oeste, acabamos de entregar projetos que receberam investimentos de cerca de R$ 6 milhões. O SESI concentra-se em melhorar a saúde do trabalhador, fator que também tem direta relação com a competitividade,

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A FIESC ACABA DE ENTREGAR PROJETOS qUE RECEBERAM INVESTIMENTOS DE CERCA DE R$ 6 MILhõES, EM SAÚDE, EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.

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porque trabalhadores felizes, saudáveis e capacitados são mais produtivos, proativos e criativos. Com a nova unidade de Pinhalzinho, recentemente entregue, que oferece serviços de saúde e educação, reforçamos a atuação do SESI em favor de ambientes seguros para o trabalho, propiciando o desenvolvimento pessoal e a saúde do trabalhador.

A unidade do SENAI de Chapecó, assim como o Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos, teve a sua estrutura revitalizada. Além dis-so, entregamos os novos Centros Automotivo e Moveleiro. Com isso, avançaremos na formação profissional e na prestação de serviços para setores que, juntos, respondem por 74% dos empregos da região e 65% de suas exportações, apoiando a competitividade da Região.

Mas não investimos apenas em instalações modernas.  Buscamos as tendências educacionais mais atuais e arrojadas. Em parceria com a OCDE, Instituto Ayrton Senna, Prefeitura Municipal, Governo do Esta-do e SENAI, está sendo executado em Chapecó um projeto que destaca-rá o município pelo pioneirismo na implantação de uma política pública para valorizar as competências socioemocionais. Estamos rompendo os paradigmas tradicionais de educação e potencializando o exercício da criatividade e do pensamento crítico, com temáticas e práticas alinhadas às competências requeridas para o trabalhador do Século XXI.

A luta para melhorar as condições das rodovias e dos aeroportos da Região, assim como pela conclusão do projeto relativo à construção da ferrovia que interligará o Oeste com o litoral não pode e não deve pa-rar. Em paralelo, contudo, a Fiesc, com seus parceiros, trabalha para também melhorar as condições de educação e saúde das crianças, dos jovens e dos trabalhadores locais. Isso é fundamental para o desenvol-vimento de uma das regiões que mais contribui para o crescimento de Santa Catariana e do Brasil. O Oeste catarinense merece muito mais do que recebe do setor público.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

29.06.2017

Concorrência salutar

Em 26 de janeiro de 1817, Thomas Malthus afirmou: “As causas da riqueza e pobreza das nações – eis o formidável objetivo de todas

as investigações em economia política”. A afirma-ção de Malthus consubstancia-se no esforço em-preendido pela maior parte dos governos de bus-car a prosperidade da nação, com justiça social.

Em seu artigo 192, a Constituição do Brasil disciplina a atuação do sistema financeiro como alimentador do “desenvolvimento equilibrado do país, regulado por leis complementares que dis-porão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram”.

Ora, em um país como o nosso, em que 91% do mercado é controla-do pelos cinco maiores bancos, segundo o Instituto Fiscal Independen-te, com base em dados do Banco Mundial, é fundamental que se reveja a função dos componentes do sistema financeiro. Não adianta somente

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O BRASIL REqUER UM SISTEMA FINANCEIRO COM MAIOR CONCORRêNCIA, CONECTADO COM A BASE REAL DA ECONOMIA E qUE FAVOREÇA A ESTABILIDADE.

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o governo fazer a sua parte, quando o faz, enquanto o sistema financeiro permanece sendo um oligopólio, controlado por um pequeno número de bancos.

Um sistema financeiro em que poucos bancos ditam as regras e es-tabelecem o nível de retorno da taxa de juros muito acima do que seria razoável cobrar, é uma situação distante do que o Brasil precisa para alcançar o desenvolvimento sustentável. O financiamento das ativida-des produtivas no Brasil não pode ficar refém de um grupo reduzido de bancos, inclusive porque, nas condições atuais, o País não está protegido de eventuais consequências negativas de futuras crises financeiras.

O Brasil requer um sistema financeiro com maior oferta de recursos e maior concorrência, conectado com a base real da economia e que favoreça a estabilidade do sistema. Precisamos evoluir para uma forma mais equilibrada e distributiva de recursos, que contemple, inclusive, a participação do capital estrangeiro, como prevê o já citado artigo 192 de nossa Constituição.

Só assim, com uma concorrência ampla, o mercado, seja ele empresa ou pessoa física, poderá definir, em um ambiente mais competitivo e salutar, qual a melhor oferta de recursos para sua demanda.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

05.06.2017

quem ganha com o juro alto?

A decisão do Copom em fixar a Selic em 10,25% dificulta a retomada do crescimen-to, pois mantém elevado o custo do crédito

para o consumo, para o capital de giro das empre-sas e para o investimento. Dinheiro caro, tranca a economia e não favorece a criação de empregos. No ano passado, os investimentos representaram apenas 16,4% do PIB, o menor nível desde 1996, enquanto no primeiro trimestre deste ano o recuo foi de 1,6% em relação ao trimestre anterior.

Medida pelo IPCA, a inflação brasileira está em 4,1%, para os últimos doze meses. O Brasil li-dera o ranking dos países no que toca ao juro real, que é medido pela diferença entre a taxa básica de juro e a inflação. Hoje, no Brasil, o juro real é de 6,1%, contra menos 1,2% nos Estados Unidos e 1,4% negativo na Zona do Euro. O spread, a diferença entre o que o banco cobra dos tomadores de crédito e o que ele capta no mercado, está muito além do

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hOJE, NO BRASIL, O JURO REAL é DE 6,1%, CONTRA MENOS 1,2% NOS ESTADOS UNIDOS E 1,4% NEGATIVO NA ZONA DO EURO.

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que se cobra em outros países. Dados do Banco Mundial, de 2014, mos-tram que o spread bancário no Brasil é 5 vezes maior do que no Chile e 6 vezes maior do que na Argentina.

Uma das razões que explicam a taxa de juro tão alta no Brasil é a concentração bancária, uma espécie de oligopólio que dita as regras do mercado. Ainda segundo o Banco Mundial, no Brasil os cinco maiores bancos concentram 91% do mercado, enquanto nos Estados Unidos os principais bancos representam 48% do mercado. No Brasil, dados dis-poníveis revelam que o setor bancário não só faz parte do maior setor da economia, como também possui um lucro maior do que o de todos os outros setores somados. Em 2000, o lucro bancário era de 15% do total. Hoje, é mais de 50%. Trata-se de um desvirtuamento da atividade econômica. O sistema financeiro deve fomentar a economia e contribuir para expansão dos investimentos. E não o contrário.

A não ser o sistema financeiro, todos perdem com o juro alto. A crise é uma oportunidade para a sociedade repensar o papel dos agentes eco-nômicos. Para o bem do Brasil.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

24.05.2017

O Brasil tem pressa

O desemprego é o principal motivo pelo qual defendemos que não deve nem pode haver dicotomia entre o combate à corrupção e o

desenvolvimento econômico. O Brasil não pode mais conviver com 14 milhões de desempregados. Temos o dever de trabalhar pela recuperação da economia, sem prejuízo do combate à corrupção. O Brasil não pode perder a oportunidade de mu-dar seu comportamento ético e, ao mesmo tempo, buscar o caminho da prosperidade econômica e social. Santa Catarina, em especial, não tem outra alternativa senão continuar no caminho do de-senvolvimento para todos. A nossa economia está crescendo acima da média nacional; a indústria voltou a contratar e ser destaque nacional na geração de empregos; a produção e a exportação cresceram; assim como a confiança do industrial, que contribuiu para termos a menor taxa de desocupação do País. O Banco Central estima que nos três primeiros

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NOSSA ECONOMIA ESTÁ CRESCENDO ACIMA DA MéDIA NACIONAL; A INDÚSTRIA VOLTOU A CONTRATAR E SER DESTAqUE NACIONAL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS.

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meses do ano a economia catarinense cresceu quase 3%.Com inflação e juro em queda, é possível prever uma recuperação

gradual dos empregos que foram ceifados ao longo da mais cruel crise que o país já enfrentou. Não se trata de uma questão ideológica. Mas de focar na recuperação do Brasil e reconhecer que os avanços conduzidos pela equipe econômica indicavam a recuperação desejada por todos os brasileiros.

Quando as nuvens começavam a se dissipar, a cena política nova-mente se agravou de maneira dramática, trazendo insegurança sobre a recuperação econômica, sem a qual não será possível gerar os postos de trabalho que os brasileiros tanto precisam.

Mas o Brasil não pode parar! Os desempregados tem pressa. Pre-cisamos valorizar as empresas sérias e transparentes. E avançar com as reformas, para criar um ambiente que permita o retorno ao cresci-mento. A Fiesc confia em que o Congresso Nacional saberá aprovar as propostas para modernizar o Brasil, colocando-o, assim, em condições de competição com os países mais desenvolvidos, gerando empregos e oportunizando aos seus filhos educação, saúde e melhor qualidade de vida.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Voz de Brusque

28.03.2017

Janela de oportunidades

Em mandarim, língua oficial chinesa, a palavra crise tem a mesma grafia da palavra oportu-nidade. Claro, os milenares sábios asiáticos

sempre souberam que em momentos difíceis as pessoas tendem a se dedicar no enfrentamento de situações que, normalmente, por conveniên-cia ou comodidade, são evitadas. Vivemos numa crise sem precedentes no Brasil, principalmente porque tem raízes não só econômicas, políticas e sociais, mas também de natureza ética. Nesse ce-nário de estarrecimento e indignação com a cor-rupção endêmica e generalizada instalada nopaís, causando verdadeira devastação moral, nosso ânimo e nossa deter-minação de trabalhar pelo bem não pode esmorecer.

É essencial que o Brasil avance, não só na profilaxia que está reali-zando em suas instituições, como também nas indispensáveis reformas que viabilizam o nosso futuro. É necessário que, com discernimento,

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é NECESSÁRIO qUE O BRASIL RECUPERE UM AMBIENTE LEGAL qUE POSSIBILITE NÃO APENAS SAIR DA CRISE, MAS GARANTA O SEU DESENVOLVIMENTO.

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serenidade e espírito público o Brasil recupere um ambiente legal que possibilite não apenas sair da crise, mas garanta, principalmente, para as futuras gerações, desenvolvimento e empregos. Nesse contexto, a mo-dernização das Relações Trabalhistas e a reforma da Previdência devem ser enfrentadas.

Trata-se de viabilizar condições de sustentabilidade que estimulem a geração de emprego e que permitam que os recursos para o pagamento das atuais e futuras aposentadorias sejam garantidos.

Hoje, mais do que nunca, as instituições têm papel fundamental, pois estas, como sabemos, são maiores que as pessoas que as dirigem. Mas, as transformações também ocorrem no plano individual, no comporta-mento de cada cidadão, pois como ensina o iluminado Papa Francisco “ser feliz é parar de sentir-se vítima dos problemas e se tornar autor da própria história”.

O Brasil não pode parar, pois trabalhar e reformar é o caminho para alcançar o futuro que os brasileiros merecem, com mais prosperidade e paz.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

24.04.2017

Incógnitas da política e a economia

quando o País parecia encontrar o caminho para avançar na direção das reformas im-prescindíveis para que a economia possa

voltar a crescer de maneira sustentável, um novo terremoto surge na política, reacendendo os ques-tionamentos sobre as perspectivas para o fim da crise econômica. As delações da Odebrecht são o caso mais recente e ofuscam o noticiário sobre a queda dos juros, sobre o controle da inflação ou sobre avanços importantes, como a aprovação da terceirização. Embora estejam longe de justificar euforia, no caso catarinense os dados econômicos do início de ano são predominantemente positivos, confirmando a im-portância de termos um parque produtivo diversificado e bem distri-buído por todas as regiões do Estado. Apesar de as vendas da indús-tria ainda estarem  no vermelho (-3,3% nos dois primeiros meses do ano), a produção subiu 4,8%, o saldo do emprego na indústria é positivo

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AS DELAÇõES DA ODEBREChT OFUSCAM O NOTICIÁRIO SOBRE qUEDA DOS JUROS, CONTROLE DA INFLAÇÃO OU A APROVAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO.

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em  pouco mais de 23 mil vagas no 1º trimestre e as exportações  foram 22% superiores às do 1º trimestre do ano passado.

O Brasil vive um momento histórico, em que tem a oportunidade de deixar de lado práticas inaceitáveis. Escrevi, neste mesmo espaço, no dia 7 de janeiro de 2015, e é oportuno relembrar: ao lado de velhas questões, como a exagerada carga tributária, a legislação trabalhista ultrapassada e a precariedade da  infraestrutura, o Custo Brasil ganhou novos elemen-tos, como a violência e, agora, a corrupção, que parece ter se enraizado na administração pública, com a participação de empresários sem ética. Esse tipo de jogo sujo tira competitividade das empresas que atuam de maneira séria e transparente, além de limitar a atração de investimentos.

É falsa a dicotomia de que precisamos escolher entre o combate à corrupção e o crescimento econômico. Em paralelo ao prosseguimento das investigações,  é necessário avançar nas reformas, como a trabalhista e a da previdência, para criar um ambiente mais propício ao crescimen-to econômico, única maneira de tirar mais de 13 milhões do desempre-go. O enfrentamento da corrupção é mais um fator para tornar o Brasil um país mais competitivo e socialmente justo.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Notícias do Dia e Folha Sete

01.04.2017

Lições da Carne Fraca

Depois da forte repercussão internacional causada pela infeliz operação Carne Fraca, que resultou em suspensões temporárias

de importações da carne brasileira por alguns dos principais mercados consumidores interna-cionais, a decisão da China, do Egito e do Chile de levantar as barreiras é recebida com alívio pela agroindústria. Embora ainda difíceis de mensurar, é certo que haverá grandes prejuízos ao setor, sendo o dano à imagem do produto o mais preocupante deles. Os desdobramentos da operação serão acompanhados atentamente pe-los brasileiros ao longo dos próximos meses, mas já é possível avaliar algumas lições do episódio.

A mais importante é o predomínio da responsabilidade necessária ao se tratar de tema tão sensível, que envolve uma cadeia que assegura sustento a milhares de famílias no campo e gera centenas de milhares de

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O SETOR DO AGRONEGóCIO DEFENDE AS INVESTIGAÇõES, MAS ESPERA RESPONSABILIDADE NA DIVULGAÇÃO DE SEUS RESULTADOS.

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empregos nas plantas fabris do País. Para se ter uma ideia, só em Santa Catarina estamos falando de 60 mil postos de trabalho diretos na indús-tria de carnes e de um sistema de integração fundamental para manter viável a atividade econômica de pequenas propriedades. As carnes de frango e de suínos constituem o principal item da pauta de exportação do Estado. Entre 2010 e 2016 representaram quase 30% das nossas ven-das internacionais, com média anual de embarques entre US$ 2 bilhões e US$ 2,7 bilhões.

Essa posição de destaque resulta de décadas de dedicação, esforço, pesquisa e investimentos em sanidade por parte das empresas e do go-verno. Tanto é que Santa Catarina tem status sanitário internacional di-ferenciado. E isso não é reconhecido apenas pelos governos dos países para os quais exportamos, mas também pelos importadores, que fiscali-zam os rigorosos patamares de exigência que estabelecem para comprar a carne catarinense. Os mesmos que são aplicados pela agroindústria quando direciona seus produtos para o mercado brasileiro.

O setor do agronegócio defende as investigações, que são necessárias para punir eventuais desvios de conduta. Mas espera responsabilidade na divulgação de seus resultados, para que o consumidor, tanto domés-tico quanto internacional, não seja induzido a interpretar que proble-mas isolados são a regra.

A ação proativa, rápida e eficiente dos governos e das entidades asso-ciativas que representam o setor foi fundamental para começar a reco-locar as coisas nos seus devidos lugares. Se todos os envolvidos agirem com a responsabilidade que o tema exige, não precisaremos passar outra vez por situações como estas no futuro.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

22.03.2017

A burocracia na agenda

 

Pesquisa da Confederação Nacional da In-dústria (CNI) revela que 77% dos brasilei-ros consideram o Brasil um país burocrá-

tico; 74% acham que o excesso de burocracia faz o governo gastar mais do que o necessário e 72% acreditam que a redução da burocracia deve ser uma das prioridades do governo.

Se todos estão de acordo quanto ao diagnós-tico, porque o problema não é resolvido? Num momento de grande importância histórica, em que o País pode dar passos decisivos na direção de um futuro melhor, o governo focou na agendaque o Brasil, de fato, precisa e mostra disposição, finalmente, para avan-çar em reformas que foram postergadas demais, como a da previdência, a trabalhista e a tributária. Apesar dessas iniciativas representarem um desafio de enormes proporções, enfrentar a questão da burocracia tam-bém é prioritário e urgente.

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DE ACORDO COM PESqUISA FEITA PELA CNI, 72% DOS BRASILEIROS AChAM qUE A REDUÇÃO DA BUROCRACIA DEVE SER UMA DAS PRIORIDADES DO GOVERNO.

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Assim, demonstrar vontade política para enfrenta-la, como fez o go-verno ao criar o “Conselho Nacional para Desburocratização – Brasil Eficiente”, é o primeiro passo para mudar essa realidade. Mais do que lançar uma nova instância para enfrentar a burocracia, todavia, o que constitui avanço são sinalizações como as dadas por alguns ministérios, como o da Indústria e Comércio (MDIC) e o da Agricultura (MAPA), nos quais boas iniciativas ao alcance do Executivo estão ocorrendo para simplificar a vida dos cidadãos e devolver ao setor produtivo a competi-tividade que o setor público retira com o excesso de burocracia.

A indústria, através da CNI, já apresentou ao presidente Temer uma série de propostas para melhorar o ambiente institucional brasileiro no âmbito da regulação e desburocratização, abordando aspectos como tri-butos, relações de trabalho, logística de transportes, energia, licencia-mento ambiental, regulação, comércio exterior e inovação. Trata-se de uma agenda para já, que deve ser perseguida com método - objetivos, prazos, monitoramento e avaliação - e sentido de urgência.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

04.03.2017

Juro em excesso é retrocesso

Com a queda da inflação, as expectativas po-sitivas se alimentam com o recuo da taxa de juro, o mecanismo mais veloz e imedia-

to para o início da recuperação do mercado. O aumento do consumo depende da retomada da economia. Quando o consumidor confia, supera o temor do desemprego e consome. O nível da taxa de juro pode fomentar ou reduzir consumo e investimento. A recente queda da taxa de juro básica para 12,25% é importante, mas, insuficien-te. Reduzir juros é função direta da redução dos gastos governamentais, principalmente no que diz respeito ao pagamento da dívida pública, que se alimenta da própria taxa de juro. Em um cenário de inflação declinante e com a volta da con-fiança dos empresários e dos consumidores, não podemos cair no mesmo erro do passado e deixar de focar no controle fiscal e, sobretudo, de consi-derar a alta taxa de juro um impeditivo à normalidade de mercado.

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REDUZIR JUROS é FUNÇÃO DIRETA DA REDUÇÃO DOS GASTOS GOVERNAMENTAIS, PRINCIPALMENTE NO qUE SE REFERE AO PAGAMENTO DA DíVIDA PÚBLICA.

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Debate recente situa, de um lado, uma corrente que advoga queda mais intensa no ritmo de redução da taxa de juro. A corrente contrária sustenta que atalhos no ritmo de redução da taxa de juro embutem o risco de voltar à experiência desastrosa da queda do juro sem sustenta-bilidade, acarretando o aumento da demanda e da inflação.

Estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP mostra que há uma regra de paridade em que a nossa taxa de juro é igual à dos Estados Unidos mais o risco Brasil. O estudo revela, ainda que, nos últimos 20 anos, a taxa de juro no Brasil ficou muito acima do que se justificava pela paridade. Em média, mais de 4 pontos percentuais além do previsto pela regra. Esses 4 pontos percentuais de juros em excesso custaram quase R$ 3 trilhões aos cofres públicos para pagamento do juro da dívida pública, ou cerca de R$ 156 bilhões por ano. Em outras palavras, se a paridade tivesse sido respeitada, poderíamos ter reduzido a dívida pública, hoje de R$ 4,4 trilhões, equivalente a 70% do PIB, para R$ 1,8 trilhão ou 28% do PIB.

A carga tributária, atualmente de R$ 2,1 trilhões (igual a 33,5% do PIB), estaria em R$1,9 trilhão (ou 30,5% do PIB), representando R$ 184 bilhões a menos em impostos pagos no ano passado. O estudo não mos-tra que a crise tem fechado empresas, empregos e sonhos, tanto dos em-presários, quanto dos trabalhadores. A redução mais corajosa do juro, como aponta o referido estudo, é fundamental para recuperar empresas e empregos que foram ceifados pelo pagamento da dívida pública, one-rada pelo juro desproporcional. Em síntese, o estudo conclui que juro em excesso é retrocesso.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

13.02.2017

Foco na competitividade

O estudo “Competitividade Brasil: compara-ção com países selecionados”, da CNI, ana-lisou o grau de competitividade de 18 paí-

ses com algum grau de similaridade entre o nível de desenvolvimento de suas economias, incluin-do o Brasil, que ocupa a 17ª colocação. Estamos à frente, apenas, da Argentina. Ser competitivo é transitar com desenvoltura em quesitos como ca-pital e trabalho, infraestrutura, logística, tributos tecnologia, inovação e educação entre outros. O Brasil está mal em vários aspectos, principalmen-te quanto à disponibilidade de capital, quesito em que ocupamos a última colocação. Essa questão pode ser avaliada pelo nível da Selic, que é o indicativo da taxa básica de juros. Os 13% atuais estão muito além do razoável e, ainda assim, não refletem a realidade, uma vez que a taxa média de juros das operações de crédito com recur-sos livres fechou dezembro em mais de 50%. Por sua vez, o custo médio

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MESMO COM TODAS AS LIMITAÇõES, O ESTADO DE SC FOI CLASSIFICADO COMO O 3º MAIS COMPETITIVO DO BRASIL, PELA SEGUNDA VEZ CONSECUTIVA.

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para a pessoa física no mesmo mês foi superior a 70%. Os problemas inerentes a uma infraestrutura arcaica ajudam a con-

solidar a posição do Brasil na penúltima colocação. Segundo estudos da Fiesc/UFSC, para cada real faturado pelas indústrias catarinenses, R$ 0,14 são dispendidos em logística, contra R$ 0,11 da média brasileira e R$ 0,08/R$ 0,09 praticados nos países desenvolvidos. Pesa distribuir a riqueza, duramente produzida. Nossos produtos ficam mais caros e menos competitivos.

Sondagem da Construção Civil, efetuada pela Fiesc, mostra que, em 2016, a elevada carga tributária é o principal problema reportado pelas empresas que buscam superar a crise, seguida pela demanda insuficien-te e pela falta de capital de giro. A dificuldade em acessar o crédito se soma aos custos proibitivos e produz um cenário de liquidez restrita, que afeta, principalmente, as empresas de menor porte.

Mesmo com todas essas limitações, Santa Catarina, pela segunda vez consecutiva, foi classificada como o terceiro Estado de melhor compe-titividade do Brasil, abaixo do Paraná e de São Paulo, que lidera o ran-king, segundo o Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Economist Intelligence Unit e Consultoria Tendências.

Aumentar a competitividade da indústria é uma das missões da Fiesc. Em um mundo que ainda se ressente da crise internacional de 2008, buscar a competitividade é uma forma de se obter um ambiente empresarial seguro e próspero. É o que fazemos, melhorando o nível de escolaridade e de saúde de nossos trabalhadores e investindo em inova-ção e tecnologia, fatores inequívocos de contribuição para o desenvolvi-mento das indústrias e o bem-estar da sociedade catarinense.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

02.02.2017

Um novo horizonte para aindústria na era 4.0

Avanços tecnológicos e novos modelos de negócios despontam no horizonte em-presarial com a quarta onda da revolu-

ção industrial, um fenômeno que surge a partir da hiperconectividade e da inteligência artificial. Objetos conectados entre si recolhem dados que, quando processados e cruzados, permitem que as máquinas tomem decisões. Presente em grandes corporações e em países mais avançados, a nova realidade aparenta ser algo distante e inalcançá-vel para pequenas indústrias ou segmentos mais tradicionais. Mas esta aparência também engana.

Indústrias de todos os segmentos e portes podem, sim, buscar sua inserção ao novo modelo, que ganha nomes como Indústria 4.0, internet industrial ou manufatura avançada, entre outros. O que pode ser discu-tido é o ritmo dessa inserção. Os primeiros passos estão na implantação de uma cultura voltada à inovação em todos os níveis hierárquicos da

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COM TECNOLOGIAS MAIS ACESSíVEIS E COMPETITIVAS E UMA CULTURA INOVADORA, A NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FICA MAIS PRóxIMA DE SC

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organização, começando, claro, sempre pela alta direção, e na adoção de processos produtivos de extrema eficiência, com pleno aproveitamento de recursos e máxima redução de desperdícios.

Instituições de apoio ao desenvolvimento empresarial, como a Fiesc e suas casas integradas – SENAI, SESI e IEL – oferecem inúmeros pro-gramas que permitem tanto as melhorias em eficiência, quanto o desen-volvimento da inovação, perspectivas, aliás, que são complementares. Nesta lista estão, entre outros, o programa Brasil Mais Produtivo e o Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação (NAGI), além da série de even-tos Despertar 4.0, sem contar os serviços prestados pelos institutos de inovação e tecnologia e os próprios programas de educação profissional, cada vez mais focados nas novas demandas de mercado.

Com tecnologias cada vez mais acessíveis e competitivas e uma cul-tura inovadora, baseada na eficiência dos processos, a nova revolução industrial fica muito mais próxima dos catarinenses.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

20.01.2017

hora de racionalizar despesas

O início das gestões municipais, em meio à crise econômica e política, reforça a máxi-ma de que os governos precisam fazer mais

e melhor com um orçamento limitado. Mais do que nunca, é hora de elaborar uma agenda posi-tiva, com as escolhas certas, pautadas em fatos e dados. Recentemente, a Macroplan divulgou o re-latório “Os Desafios da Gestão Estadual – 2016”, que analisa 28 indicadores do País. Santa Catarina lidera o ranking em dez indicadores socioeconô-micos. São eles: IDEB do Ensino Fundamental II (5,1), expectativa de vida (78,4 anos), mortali-dade infantil (10,1 óbitos infantis/1000 nascidos vivos), menor taxa de homicídios (12,7/100 mil habitantes), desemprego (3% da população com mais de 15 anos de idade), informalidade (19,6% de empregados sem carteira em relação ao total de empregados), pobres (4,3%), desi-gualdade de renda (índice de Gini de 0,416), “nem nem nem” (8,8% de

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MAIS DO qUE NUNCA, é hORA DE OS MUNICíPIOS ELABORAREM UMA AGENDA POSITIVA, COM AS ESCOLhAS CERTAS, PAUTADAS EM FATOS E DADOS.

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jovens entre 15 e 29 anos de idade que não trabalham, nem estudam e nem procuram emprego) e gravidez precoce (8% das meninas entre 15 e 19 anos são mães).

Em outras áreas houve avanços na última década, caso da qualidade da energia (embora ainda registremos quase o dobro de horas de in-terrupção de energia elétrica por ano do que SP) e redução da taxa de óbitos por acidente de trânsito. Por outro lado, perdemos posições em algumas áreas, caso da qualidade das rodovias, na qual saímos da sexta para a 16ª posição. Em 2015, o percentual de estradas em condição ruim ou péssima era de 25,2%, enquanto as rodovias avaliadas como regula-res representavam 36,4%. Não é por teimosia que a Fiesc reclama tanto das condições das rodovias catarinenses.

Embora, no geral, os dados confiram posição favorável a SC em termos nacionais, isso é pouco para um Estado exportador, que com-pete com países onde o ambiente para a produção é muito melhor. O momento exige medidas corajosas. Felizmente, o governo estadual e os prefeitos têm anunciado disposição para tomar as decisões necessárias, cortando despesas com o custeio da estrutura administrativa, a fim de não prejudicar o atendimento à população em áreas essenciais como educação e saúde. Manter o esforço de racionalização depois do pico da crise, é essencial para enfrentar e superar os problemas estruturais e assegurar as condições de competitividade para o setor produtivo.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

17.01.2017

A minirreforma trabalhista

No final de dezembro o presidente Michel Temer anunciou o encaminhamento ao Congresso Nacional de uma série de pro-

postas inovadoras na área trabalhista. Sem retirar direitos do trabalhador, as medidas modernizam a legislação, dão mais segurança às relações entre trabalhadores e empresas e podem ajudar a criar e manter vagas. Isso é fundamental no atual ce-nário de forte contração econômica, que tem nos elevados índices de desemprego uma de suas fa-ces mais perversas. Questões importantes na vi-são do setor produtivo, como a NR 12 e tercei-rização, não foram contempladas nesta chamada “minirreforma trabalhista”. Ainda assim ela é um avanço e tem como ponto de destaque a importante valorização das negociações entre empregados e emprega-dores. Em Santa Catarina temos uma excelente tradição nessa área, pois somos o único Estado brasileiro em que o piso mínimo regional é defi-

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SC é O ÚNICO ESTADO EM qUE O PISO MíNIMO REGIONAL é DEFINIDO POR MEIO DE ACORDO DIRETO ENTRE TRABALhADORES E EMPRESÁRIOS.

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nido por meio de acordo direto entre representantes dos trabalhadores e dos empresários – as partes efetivamente interessadas.

Apesar de, em sua grande maioria, as propostas apresentadas serem favoráveis à competitividade, uma delas deve ser apreciada com cautela: a regulamentação do artigo 11 da Constituição Federal, que assegura eleição de representante dos empregados com a finalidade exclusiva de promover o entendimento direto com os empregadores nas empresas com mais de duzentos trabalhadores. A escolha de até cinco represen-tantes, como propõe o governo, não pode enfraquecer o papel dos sin-dicatos.

Além disso, outra questão relevante que não foi contemplada na pro-posta do governo é a quitação do contrato de trabalho. Hoje, na prática, as rescisões só têm efetiva quitação na Justiça, pois, mesmo homolo-gadas pelos sindicatos dos trabalhadores, podem gerar processos tra-balhistas contra as empresas, o que resulta em insegurança jurídica e induz uma desnecessária judicialização, com número insustentável de reclamatórias trabalhistas. O Brasil é líder mundial em processos e só em 2016 foram 3 milhões de novas ações.

A Fiesc propõe para avaliação que o representante dos trabalhadores participe dos atos de quitação das rescisões dos contratos, para que es-tas, feitas dentro da lei, sejam definitivas. O resultado seria a redução do número de ações judiciais e a minimização do ambiente conflitivo, que prejudica as relações trabalhistas.

Valorizar o entendimento é um passo na direção correta.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

04.01.2017

Avanços na área trabalhista 

 

As propostas para modernizar as relações trabalhistas, recentemente anunciadas pelo governo, constituem importante avanço,

que precisa ser reconhecido. Como o setor pro-dutivo defende há muito tempo, não reduzem direitos dos trabalhadores, mas retiram amarras desnecessárias, que hoje não fazem mais sentido e colocam o Brasil em desvantagem na comparação com os países com os quais disputamos mercado.Valorizar as negociações é um ponto fundamen-tal da proposta. A experiência catarinense prova que esse é o melhor caminho. Somos o único Es-tado em que trabalhadores e empresários sentam à mesa para definir, em conjunto, anualmente, o valor do piso mínimo regional.

A flexibilização da jornada de trabalho, outra antiga bandeira da Fiesc, vai dar segurança a acordos como aqueles em que empresas e tra-balhadores definem um intervalo de almoço menor, para oportunizar

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A REFORMA CONSTITUI AVANÇO A SER RECONhECIDO. NÃO REDUZ DIREITOS DOS TRABALhADORES, MAS RETIRA AMARRAS DESNECESSÁRIAS.

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folga aos sábados. É uma tradição no Estado, especialmente no Vale do Itajaí, embora frequentemente questionada.

As propostas, que serão debatidas no Congresso, estão em linha com a retirada, anunciada pelo Conselho Nacional de Previdência Social, em novembro, dos chamados acidentes de trajeto (quando o trabalhador está em deslocamento para seu local de trabalho) das estatísticas consi-deradas para o Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Ele incide sobre a alíquota do seguro de acidente de trabalho pago pelas empresas e é mais elevado para as companhias que registram mais acidentes que a média de seu setor. A lógica é correta e estimula a prevenção. Mas, até aqui, um acidente de trânsito, sobre o qual a empresa não tem nenhuma ingerên-cia, resultava em elevação de custos para a empregadora.

Ainda é necessário avançar em outros campos não contemplados na chamada “minirreforma trabalhista”, como a NR12, a quitação das rescisões dos contratos e a terceirização, por exemplo. Mas as medidas propostas dão mais segurança às contratações e ajudam a melhorar o ambiente para os negócios. Assim, terão efeito positivo no mercado de trabalho. Não faz sentido que o Brasil seja campeão mundial em núme-ro de ações trabalhistas, com acréscimo, só em 2016, de mais 3 milhões de processos. Valorizar o entendimento e estimular um clima menos litigioso é um passo importante na direção correta.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

31.10.2016

Credibilidade para reduzir os juros

O papel do sistema financeiro é fundamen-tal no sentido de complementar os recur-sos de quem deseja consumir ou investir.

São os investimentos que podem fazer retornar boa parte dos 12 milhões de empregos que foram perdidos com a crise econômica, período em que o mercado financeiro se retrai e tenta se preservar para não sofrer as consequências da inadimplên-cia. O juro sobe, principalmente, pela recorrência de demanda financeira por parte do governo, que não controla seus gastos.

O efeito do juro alto é devastador. As empresastêm dificuldades de honrar compromissos, as famílias reduzem o con-sumo com medo do desemprego e o governo não consegue gerar caixa para pagar os compromissos de seus exorbitantes empréstimos, fruto da sua irresponsabilidade fiscal. Por que a taxa de juro não cai mais rapida-mente? Porque o mercado cobra o que julga ser razoável.

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O JURO SOBE, PRINCIPALMENTE, PELA RECORRêNCIA DE DEMANDA FINANCEIRA POR PARTE DO GOVERNO, qUE NÃO CONTROLA SEUS GASTOS.

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Porém, é preciso decompor a taxa de juro para que se possa avaliar se a mesma pode ser revista. A taxa de juro básica, a SELIC, incorpora a expectativa inflacionária, o risco do país e o risco cambial. Acontece que o spread, ou seja, o lucro bancário, cobrado pelo sistema financeiro nacional, está muito além do que se aplica em outros países. Estudo da CNI revela que o spread  no Brasil é de 23% contra 6% na média mun-dial. Para as pessoas físicas, o spread é ainda mais elevado e ultrapassa 30%. O mesmo estudo mostra que o spread representa 71% das taxas cobradas nos empréstimos.

Para o juro cair na velocidade que se deseja, a inflação precisa recuar, a fim de que o risco país e o cambial se ajustem em patamares inferiores. É um processo gradual, que depende da recuperação da credibilidade governamental. O governo tem que parar de gastar além do que arreca-da.

Assim, a aprovação da PEC dos gastos públicos é uma sinalização que tende a promover a redução do custo do juro, da mesma forma que as reformas estruturantes são indispensáveis para o juro cair ainda mais. A recente redução do juro em 0,25 ponto percentual, que fixou a SELIC em 14% ao ano, já era esperada. Ainda assim, o Brasil segue na lideran-ça do ranking mundial do juro real. Estamos longe de ter uma taxa que estimule o consumo e os investimentos, fundamentais para recuperação da atividade econômica e para recuperação dos empregos perdidos.

É impossível para a economia continuar com um sistema em que o capital de terceiros, em lugar de ter seu papel fomentador, acaba sendo devastador de empresas e empregos. Atualmente, aplicar em títulos do governo propicia rentabilidade maior do que investir no próprio negó-cio. Trata-se de uma inversão de valores perigosa, irreal e insustentável, situação que tem que ser urgentemente eliminada.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

12.09.2016

hora de superar os desafios

A decisão do Senado, aprovando o afastamen-to definitivo da presidente da República, permite que o País comece a sair da grave

paralisia em que se encontra há tempo demais. An-tes mesmo da palavra final dos senadores, já havia sinais de um ambiente mais favorável à recupera-ção da economia, embora isso ainda não apareça nas estatísticas da produção ou da balança comer-cial. Mas um clima de confiança é pré-condição para que esses indicadores possam, num segun-do momento, sair do vermelho. Após quase três anos de pessimismo, em agosto, pela primeira vez, desde janeiro de 2014, o setor industrial novamente mostrou-se um pou-co mais otimista, conforme pesquisa da Confederação Nacional da In-dústria (CNI) e da Fiesc.

Contudo, para que a virada na economia ocorra de fato e seja possí-vel começar a resgatar os quase 12 milhões de empregados jogados para

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APóS TRêS ANOS DE PESSIMISMO, PELA PRIMEIRA VEZ, DESDE JANEIRO DE 2014, O SETOR INDUSTRIAL MOSTROU-SE UM POUCO MAIS OTIMISTA.

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fora do mercado com a crise, o novo governo terá que mostrar compe-tência e habilidade política para transformar em fatos concretos as boas intenções anunciadas no período de interinidade. O setor empresarial aplaude os anúncios feitos nessa fase, como, por exemplo, a fixação de limites para os gastos públicos, a adoção de uma política externa de de-fesa dos interesses comerciais do país e o compromisso de ampliar a participação da iniciativa privada nas obras de infraestrutura, que pode levar eficiência ao serviço público, elevar a competitividade do Brasil e ser um importante indutor do crescimento econômico.

Mas não é só isso. Chegou a hora de avançar com seriedade no deba-te, por mais desafiador que seja, de questões estruturais. A CNI propôs como prioridade entre as prioridades para essa nova fase do governo Temer a reforma previdenciária e a modernização das relações do tra-balho. Ainda será necessário enfrentar uma série de outras questões de extrema importância, como a reforma tributária, a recomposição das dívidas das empresas, a retomada dos investimentos, a redução da bu-rocracia e a criação de marcos regulatórios favoráveis à produção. Tudo isso, sem deixar de lado as investigações que podem ter caráter transfor-mador no País.

Só dessa forma o Brasil terá condições de crescer de maneira susten-tada e duradoura. Se chegarmos lá, embora dolorosa, a crise terá valido a pena.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

17.08.2016

Atenção ao Oeste

 

As lideranças do grande Oeste catarinense, que tem mais de 1,2 milhão de habitantes em 120 municípios, reconhecem que o fu-

turo deve ser planejado hoje e envolver as aspi-rações comunitárias. A região responde por 19% dos empregos da indústria de transformação do Estado, sendo que quase a metade desses traba-lhadores exerce atividades no complexo agroali-mentar. A economia da região também se destaca nos setores de móveis e madeira, metalmecâni-co e metalurgia. O desenvolvimento do Oeste se deve, sobretudo, ao esforço da iniciativa privada.

Educação, ferrovias, rodovias, aeroporto, energia, comunicação, centro de tecnologia e inovação, saúde e agricultura são as prioridades para uma agenda de desenvolvimento regional. Elas foram levantadas pelas 40 instituições reunidas no Fórum de Competitividade e Desen-volvimento do Oeste e serão apresentadas ao governo do Estado.

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A REGIÃO RESPONDE POR 19% DOS EMPREGOS DA INDÚSTRIA NO ESTADO, qUASE A METADE DELES NO COMPLExO AGROALIMENTAR.

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Ficou claro que o caminho da competitividade e desenvolvimento da região passa, primeiro, pela educação, pré-requisito para avançar na produtividade e na inovação, que conferem sustentabilidade ao cresci-mento. Outro desafio está na melhoria da infraestrutura precária. Par-ticularmente, a agroindústria ressente-se da distância do mercado de insumos e do custo elevado do seu transporte até o Oeste catarinense. Uma solução definitiva passa não só por urgentes investimentos nas ro-dovias da região, mas, também, pela implantação de um sistema fer-roviário que reduza os custos de transporte dos insumos e barateie a distribuição da produção.

Viabilizar as propostas do Fórum depende de vontade política e vi-são estratégica. No primeiro caso, trata-se de compreender que a tecno-logia e a inovação são fatores-chave que dependem de pessoas com boa formação. Quanto à vontade política, o Oeste espera que os governos federal e estadual sejam sensíveis às prioridades elencadas e as acolham como necessárias e indispensáveis ao progresso da região. As pessoas que moram, estudam, trabalham e geram riquezas no Oeste merecem essa atenção.

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Artigo publicado originalmente nos jornais de Chapecó

11.08.2016

Caminhos para o Oeste

Educação, ferrovias, rodovias, aeroporto, energia, comunicação, centro de tecnologia e inovação, saúde e agricultura. São essas as

prioridades elencadas pelas lideranças do grande Oeste, região que acolhe mais de 1,2 milhão de habitantes em 120 municípios. O trabalho é fruto do esforço de inúmeras instituições da região que, reunidas no Fórum de Competitividade e Desen-volvimento do Oeste, produziram o documento que será entregue ao Governo do Estado, nesta quinta-feira, dia 11, na Unoesc. As lideranças do Oeste percebem que o futuro deve ser plane-jado hoje e envolver as aspirações comunitárias. Em síntese, o cami-nho da competitividade e desenvolvimento da região passa, como primeira prioridade, pela educação, forma inequívoca de se trafegar pela principal estrada do progresso, chamada indústria 4.0, ou ma-nufatura avançada.

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O CAMINhO DA COMPETITIVIDADE E DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO PASSA, COMO PRIMEIRA PRIORIDADE, PELA EDUCAÇÃO.

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O Oeste catarinense é responsável por 19% dos empregos da indús-tria de transformação do Estado, sendo que 48% dos trabalhadores des-te segmento estão alocados no complexo agroalimentar, que contribui, decisivamente, para que Santa Catarina ocupe a primeira colocação na-cional na produção de suínos e a segunda na de aves. A economia do Oeste também se destaca nos setores de móveis e madeira, metalmecâ-nico e metalurgia.

O potencial do Oeste é inegável. Contudo, os entraves apontados no estudo do Fórum revelam que não se pode mais procrastinar as soluções propostas. A infraestrutura precária da região dificulta o processo de desenvolvimento, encarece a produção, atrasa o escoamento da riqueza e frustra a expectativa de melhoria da competitividade.

Particularmente, a agroindústria do Estado ressente-se da distân-cia do mercado de insumos e do custo elevado do seu transporte até o Oeste catarinense. Uma solução definitiva passa não só pela melhoria das rodovias da região, mas, também, pela implantação de um sistema ferroviário que reduza os custos de transporte dos insumos e barateie a distribuição da produção. A precariedade de hoje na infraestrutura da região é uma situação insustentável, cuja resolução depende de visão estratégica e vontade política.

A visão estratégica é perceber que a tecnologia e a inovação são fa-tores-chave, indissociáveis do progresso e que a rodovia do desenvolvi-mento e da competitividade exige pessoal qualificado, o que só se con-segue com educação de qualidade.

No que concerne à vontade política, é de se esperar que o Governo de Santa Catarina seja sensível às prioridades elencadas pelo Fórum e as acate como necessárias e indispensáveis ao progresso da região Oeste.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

20.07.2016

A importância da pequena indústria

quando falamos da indústria, a maioria das pessoas imagina algumas das enormes linhas de montagem que fizeram Santa

Catarina ser destaque nacional no setor. Pou-cos lembram da padaria ou da oficina perto de casa, que também são indústrias essenciais para o desenvolvimento, para a geração de emprego e para a realização de sonhos. O micro e pequeno negócio desempenha papel fundamental na eco-nomia estadual e nacional. Santa Catarina detém 7% das micro e pequenas empresas brasileiras da construção e 10% das industriais. Junto com SãoPaulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná, estamos entre os Es-tados com maior representatividade no segmento.

Entre janeiro e maio de 2016, Santa Catarina liderou a geração de novos empregos em micro e pequenas indústrias, com 4,4 mil vagas, mais que o triplo registrado pelo segundo colocado, o Rio Grande do

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SANTA CATARINA DETéM 7% DAS MICRO E PEqUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS DA CONSTRUÇÃO E 10% DAS INDUSTRIAIS.

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Sul (1,5 mil). Temos mais de 50 mil micro e pequenas indústrias, o que representa 98% dos estabelecimentos industriais catarinenses. Essas empresas empregam 404 mil trabalhadores, ou seja, metade dos em-pregos industriais do Estado. Um segmento tão importante precisa de estratégias específicas de desenvolvimento, acesso ao crédito e oportu-nidades de parceria.

 Entre as prioridades para a competitividade das pequenas está a ele-vação da produtividade. No Brasil ela corresponde a 30% da observada nas grandes empresas, reflexo, em grande parte, dos naturais ganhos de conhecimento e escala destas últimas. O exemplo da Alemanha, onde o micro e pequeno negócio apresenta 70% da produtividade do grande negócio, nos mostra que temos muito a evoluir.

É por isso que a Fiesc acaba de lançar a Câmara das Micro e Pequenas Indústrias, presidida pelo industrial Célio Bayer. Vamos propor medi-das concretas (como é o caso do Simples Trabalhista) para o desenvolvi-mento do segmento, ampliando o seu desempenho e a sua rentabilidade por meio da facilitação dos negócios e do estímulo à produtividade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

22.06.2016

A agroindústria em risco

Com uma necessidade anual de cinco milhões de toneladas de milho e produção de menos de três milhões, as lideranças catarinenses

discutem formas de equacionar a oferta e a de-manda deste cereal essencial à nossa agroindús-tria. O insumo é básico ao setor catarinense mais representativo em termos de valor da transforma-ção e segundo em empregos na indústria. Maior produtor nacional de carne suína e segundo de frangos, o agroalimento é um verdadeiro patrimô-nio que dinamiza a nossa economia, gera renda e orgulha os catarinenses, mas que está ameaçado, em função da falta de produção própria suficiente de milho e do recente salto do preço desse insumo. Com efeito, o ano de 2016 tem exigido esforços extras da cadeia produtiva que depende do grão. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a queda na oferta decorre da instabilidade econômica, da redução nas colheitas em fun-

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SETOR ESTÁ AMEAÇADO, EM FUNÇÃO DA FALTA DE PRODUÇÃO PRóPRIA SUFICIENTE DE MILhO E DO RECENTE SALTO DO PREÇO DESSE INSUMO.

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ção do aumento da área plantada de soja e do aumento do volume ex-portado. Acontece que o problema é cíclico.

Suprir o déficit exige ações de curto, médio e longo prazos, como ficou evidenciado em evento realizado na Fiesc na semana passada. No que se refere às ações de curto prazo, é necessário transferir para o mer-cado interno parte da produção nacional comercializada no mercado externo. Para isso, o produtor brasileiro precisa de incentivo que o faça optar por vender aqui.

As soluções de médio e longo prazos incluem a redução dos desper-dícios e o aumento da produtividade, com melhoramento das sementes, correção de solo e apoio técnico ao pequeno produtor. Também é ne-cessário melhorar as condições logísticas para trazer ao Sul os grãos do Centro-Oeste, como não cansa de repetir, coberto de razão, o vice-pre-sidente estratégico da Fiesc Mário Lanznaster.

Novas vozes precisam se juntar ao coro que insiste na solução para a questão. A realização do Fórum Catarinense do Agronegócio, no último dia 14, com a participação do governador Raimundo Colombo, foi um passo importante nesse sentido. Trata-se de um tema crítico para o de-senvolvimento de nosso Estado que, embora pequeno, dá exemplos no-táveis de competitividade ao País no agronegócio. Não podemos abrir mão de uma agroindústria pioneira e competitiva, fundamental para a manutenção, em condições dignas, de milhares de catarinenses no cam-po e nas pequenas cidades.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

08.06.2016

Para criar empregos

O desemprego, a face mais cruel da crise e o erro mais visível gerado pela irresponsabi-lidade fiscal, requer rapidez, comprometi-

mento e firme vontade política para a sua solução. Para consertar esse mal, temos que agir rápido. Certamente, só quem já perdeu o emprego pode avaliar quão sofrida é a vida nesse período, até en-contrar outra ocupação.

O Brasil tem pressa. As empresas precisam voltar a ter liquidez. Necessitam de recursos que não sejam inflacionários e que possam fazer com que a produção retome o ritmo desejado. O inves-timento empresarial é que gera o trabalho necessitado por quem está desempregado. Como, afinal, ter empregos se não valorizamos e apoia-mos as empresas?

O investimento privado requer segurança jurídica e recursos. A se-gurança tem que ser dada pelo governo, por meio de atos que mirem na

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AS EMPRESAS NECESSITAM DE LIqUIDEZ. O INVESTIMENTO EMPRESARIAL é qUE GERA O TRABALhO NECESSITADO POR AqUELE qUE ESTÁ DESEMPREGADO.

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direção do desenvolvimento. Que reflitam austeridade e confiança para quem emprega. A geração de emprego é um colchão político necessário para o novo governo e a maior prioridade da sociedade brasileira.

Há recursos, que não são inflacionários, desde que direcionados para ativar o giro dos negócios e criar empregos. São os chamados de-pósitos compulsórios. A composição do saldo desses depósitos líquidos disponíveis é de cerca de R$ 385 bilhões. Um quarto desse valor, ou perto de R$ 100 bilhões, poderia ser destinado para investimentos e ca-pital de giro, com a contrapartida da reabertura proporcional dos postos de trabalho fechados. Tal medida não prejudicaria o controle fiscal das contas governamentais.

Com vontade política é possível minimizar o drama das empresas que, sem recursos, não podem quitar os seus compromissos e que, sem capital de giro não terão condições de atender a demanda, quando a mesma for retomada, inviabilizando a geração de empregos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

30.03.2016

O que fizeram com a Petrobras?

O cearense Jesus Soares Pereira foi o men-tor da lei 2.004, que criou a Petrobrás. Ele fazia parte da equipe de Vargas e junto

com alguns economistas e intelectuais, como o paulista Monteiro Lobato, empunhou a bandei-ra “o petróleo é nosso”. Ambos tinham orgulho daquela que já foi considerada a nossa principal estatal. Hoje, os resultados da Petrobras entris-tecem os brasileiros. O prejuízo de quase R$ 35 bilhões, mais do que falta de gestão, escancara os desajustes provocados por uma política lesiva aos interesses da Petrobras. Somado ao prejuízo de 2014, de cerca de R$ 22 bilhões, temos aí R$ 57 bilhões perdidos. O valor de mercado da empresa no dia 21 de março era de R$ 121,4 bilhões. O pico de valoração foi em 21 de maio de 2008, com R$ 510,4 bilhões. Desde então, o valor da estatal caiu R$ 389 bilhões. A política de contenção dos preços dos derivados de petróleo contribuiu para re-

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PREJUíZO DE qUASE R$ 35 BILhõES, MAIS DO qUE FALTA DE GESTÃO, ESCANCARA OS DESAJUSTES PROVOCADOS POR UMA POLíTICA LESIVAà EMPRESA.

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presar a inflação, que explodiu superando a casa dos dois dígitos. Isso gerou problemas de caixa que foram agravados pelos bilhões de reais desviados para a corrupção.

A corrupção é um mal que deve ser combatido por todos. Não é possível aceitar que um cartel de empresas privadas, em conluio com o governo, prejudique o futuro do país. Os Poderes constituídos, em es-pecial o Judiciário, são a esperança para conseguirmos debelar esse mal que corrói as empresas e se infiltra pelos meandros do governo.

O que faz um país se desenvolver é o conjunto dos esforços do gover-no, das empresas, dos trabalhadores e das famílias. Mas, são as empre-sas que têm papel fundamental no desenvolvimento. Geram emprego, renda e arrecadação. Ao governo compete devolver à sociedade bons serviços, como, pelo menos, educação, saúde e segurança, além de ga-rantir boa infraestrutura logística. Com o dinheiro arrecadado dos con-tribuintes, das empresas, dos trabalhadores e das famílias.

Que a atual fase de limpeza do Brasil contribua para recolocar o país no caminho do desenvolvimento sustentável. Essa é a nossa grande es-perança!

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

31.03.2016

O futuro do turismo, para além da balneabilidade

Dados preliminares indicam que tivemos uma das mais movimentadas temporadas de verão de Santa Catarina. Não podemos,

no entanto, crer que estamos navegando em águas tranquilas. O poder público e a iniciativa priva-da precisam trabalhar para levar Santa Catarina ao estágio do turismo inteligente, com menos sa-zonalidade, oferecendo ao visitante a integração entre infraestrutura, serviços, sustentabilidade e urbanização. Um dos primeiros pontos a serem atacados é a infraestrutura. O despejo de esgoto em praias e rios não pode continuar. Temos que agir de forma incisiva, aplicando as mais modernas tecnologias para ele-var os índices de balneabilidade do nosso litoral, proteger o meio am-biente e a saúde da população.

Também na infraestrutura é preciso equacionar a questão da mobi-lidade. Com vias que já estão saturadas e calçadas malcuidadas, a expe-

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PODER PÚBLICO E INICIATIVA PRIVADA PRECISAM TRABALhAR PARA LEVAR SC AO ESTÁGIO DO TURISMO INTELIGENTE, COM MENOS SAZONALIDADE.

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riência de deslocamento vivida pelos turistas e, também, pelos mora-dores, em períodos de pico é frustrante. Mais uma vez, a solução passa pela vontade política e pela implementação de projetos avançados, que valorizem pedestres e ciclistas, e contemplem um transporte coletivo eficiente.

Para irmos além destes pontos mais evidentes, precisamos definir que futuro queremos para o turismo em Santa Catarina. A indústria, como fornecedora para os empreendimentos do setor, tem tudo a ver com esse segmento, que movimenta US$ 1,5 trilhão por ano no mundo. Por isso, a Fiesc, em conjunto com a Fecomércio e o Sebrae, realizou  em março o painel setorial da indústria do turismo. Em dois dias de tra-balho foram debatidos o cenário atual, as melhores perspectivas para o futuro e os fatores que podem nos limitar. Como resultado, estamos elaborando uma rota de crescimento, que aponta as ações necessárias, tanto do poder público quanto da iniciativa privada, para atingir o de-senvolvimento pretendido.

Este é o início de um trabalho fundamental para o turismo de Santa Catarina. Sem descuidar de nossos importantes recursos naturais, deve-mos potencializar o setor, tornando-o mais integrado e alinhado às ne-cessidades dos visitantes. A indústria catarinense conhece os desafios de se manter competitiva em relação aos mercados com os quais concorre, e no turismo não é diferente. Com a dedicação e a persistência da ini-ciativa privada e do poder público, temos condições de colocar o setor em um novo patamar, gerando mais desenvolvimento e riqueza durante o ano todo, todos os anos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

16.03.2016

A pauta que vem das ruas

A força das manifestações realizadas em todo o Brasil no último final de semana não surpreendeu aqueles que estão na linha de

frente do desenvolvimento do País: os trabalha-dores e empresários, que sentem no dia a dia o impacto da crise política, econômica, ética, social e de governança que paralisa o Brasil.

Os brasileiros foram às ruas de forma nunca vista antes, porque exigem uma solução para o atual cenário desolador, em que o noticiário po-lítico se confunde com o policial. Não houve eco nem acolhida à pressão registrada nas manifesta-ções anteriores e a crise segue com graves efeitos sobre a estabilidade institucional e o crescimento econômico.

Os diversos setores empresariais e a indústria, por meio da Fiesc, apoiaram a mobilização, que precisa ser mantida, porque as turbulências ora enfrentadas e a incapacidade dos agentes públicos em lidar com suas

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OS BRASILEIROS ExIGEM UMA SOLUÇÃO PARA O ATUAL CENÁRIO DESOLADOR, EM qUE O NOTICIÁRIO POLíTICO SE CONFUNDE COM O POLICIAL.

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consequências comprometem o futuro da indústria e do País e ameaçam a qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias.

O cenário é de depressão da atividade produtiva e redução dos in-vestimentos e dos empregos, com queda na confiança. A sensação é de que o governo e o Congresso Nacional não estão atentos a essa realida-de. Por isso, de maneira pacífica, mas contundente, a sociedade deixou claro que exige a transformação e renovação do Brasil. A mensagem precisa ser ouvida por aqueles que estão à frente dos destinos do País neste momento histórico.

A Fiesc reafirma seu compromisso com a valorização da indústria e com o respeito à iniciativa privada, para a retomada do desenvolvimen-to. Esperamos que o notável exemplo dado pela população no último final de semana seja um divisor de águas, para o Brasil superar a letargia e iniciar, finalmente, uma agenda que passa pela redução dos impostos, dos juros e da inflação, com mais ética e emprego. Só assim assegurare-mos a estabilidade institucional, o bem-estar e a harmonia de todos os cidadãos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

02.03.2016

Reduzir os juros para preservar os empregos

Escrevo este artigo antes da reunião do Co-pom, que traz consigo o risco de aumento das já estratosféricas taxas de juros e remete

para uma reflexão indispensável: é saudável au-mentar as taxas de juros quando o país passa por uma grave crise de credibilidade política, com re-flexos profundos na economia?

A crise chegou a um ponto que não permite mais ao governo continuar errando. O momento é de criar uma agenda econômica que possibilite a resistência e a recuperação empresarial. Diante de tantos erros cometidos pelo governo federal nosúltimos anos, o único caminho possível para fortalecer o Brasil passa pela preservação de quem faz o desenvolvimento acontecer. São as em-presas que criam riqueza, geram emprego, renda para o trabalhador e arrecadação para o governo, o qual, como parece, se esqueceu disso. Entre os erros cometidos encontra-se a política de redução da inflação

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é SAUDÁVEL AUMENTAR JUROS qUANDO O PAíS PASSA POR UMA GRAVE CRISE DE CREDIBILIDADE POLíTICA, COM REFLExOS PROFUNDOS NA ECONOMIA?

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pelo aumento e manutenção de altas taxas de juros. Juros altos desesti-mulam o consumo, reduzem investimentos e prejudicam toda a cadeia produtiva, gerando redução da produção e de oferta. O que o país tem de gerar para pagar o serviço da dívida consome a esperança de milhões de brasileiros, pela falta dos investimentos necessários para manter e criar novos empregos. A questão central no combate à inflação reside no desequilíbrio fiscal, provocado pelo governo, que aumenta os custos empresariais, reduz a produção e gera um fluxo negativo, que realimen-ta a inflação. Os excessivos gastos públicos estão na raiz de todos os nossos males. O mal se corta pela raiz.

Está mais do que na hora de o governo mostrar competência e va-lorizar mais o setor produtivo e os investimentos e menos os juros e a ganância arrecadatória, fatores que nunca contribuíram para um país recuperar a sua economia e sair da crise.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

31.08.2016

Mercado externo: boa alternativa

As estatísticas sobre o desempenho da eco-nomia indicam que o Brasil se encaminha para um cenário de estabilidade, que tende

a evoluir para uma lenta recuperação em 2017. Está claro, contudo, que o País terá que enfrentar as reformas  estruturais que postergou, antes de ingressar num novo ciclo de crescimento vigoro-so. Nesse cenário, as exportações constituem uma alternativa para enfrentar o ambiente deprimido do mercado doméstico, embora novas estratégias só costumem apresentar resultados no longo pra-zo. Tanto é que, apesar do câmbio mais favorável, o valor dos embarques do Estado em 2015 foi menor do que no ano an-terior, reflexo principalmente da queda nos preços de alguns dos princi-pais produtos exportados por Santa Catarina. 

Segundo a publicação “Análise do Comércio Internacional Catari-nense, 2016”, lançada recentemente pelo Centro Internacional de Negó-

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O BRASIL TERÁ qUE ENFRENTAR AS REFORMAS ESTRUTURAIS qUE POSTERGOU, ANTES DE INGRESSAR NUM NOVO CICLO DE CRESCIMENTO VIGOROSO.

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cios (CIN) da Fiesc, mais de 60% dos exportadores do Estado esperam elevação dos negócios internacionais neste ano, o que é muito positi-vo. Outro destaque são as exportações das micro e pequenas empresas, que tiveram crescimento superior a 150%. O fato de quase 80% dos ex-portadores indicarem a intenção de buscar novos mercados, principal-mente na América do Sul, América Central e América do Norte, tam-bém é animador. O estudo revela, ainda, a necessidade de ampliar as exportações do Estado para um maior número de mercados e de incen-tivar principalmente a produção de bens que vêm demonstrando maior dinamismo no comércio mundial.

 Outra constatação, é a necessidade de maior estímulo à inserção das pequenas empresas no mercado internacional. A Fiesc tem trabalhado para isso, por meio de iniciativas como a criação da Câmara de Desen-volvimento da Micro e Pequena Indústria, do Exporte Agora, do alinha-mento com a CNI e do estreitamento de relacionamento com SEBRAE, APEX, Ministério do Desenvolvimento e Receita Federal.

 A indústria de Santa Catarina tem tradição, cultura e competitivida-de no mercado externo. Com estratégia e foco terá condições de ganhar ainda mais espaço, não só como uma alternativa ao atual cenário de dificuldades,  mas como consistente estratégia de desenvolvimento de longo prazo.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

20.01.2016

Transbordou

Na semana passada, enquanto os catarinen-ses acompanhavam atônitos e constrangi-dos o noticiário sobre o desastre ambien-

tal no balneário de Canasvieiras, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançava um estudo sobre o saneamento no Brasil. Os dados são igual-mente vexaminosos. Com o ritmo atual de inves-timentos, o Brasil levará mais quatro décadas para universalizar os serviços de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto. Apenas 39% do esgoto é atualmente tratado no País. Em Santa Catarina, não chegamos a 20%, segundo o Instituto Trata Brasil. É menos, inclusive, que a média dos Estados do Nordeste (29%). Outro dado estarrecedor: mais de um terço da água que é tratada se perde, um desperdício que resulta em menos investimento para dar destino adequado ao esgoto. Os principais entraves, segundo a CNI, são o excesso de burocracia, a falta de eficiência na aplicação de

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NO RITMO ATUAL, O PAíS LEVARÁ MAIS 40 ANOS PARA UNIVERSALIZAR OS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO.

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recursos e os problemas de gestão, o que eleva custos e onera o preço dos serviços. Em plena segunda década do século XXI, a situação do saneamento no País passou do limite. Transbordou. O episódio de Ca-nasvieiras e o dramático diagnóstico nacional deixam claro que, por dé-cadas, o setor público enterrou o assunto entre suas últimas prioridades.

São necessários R$ 275 bilhões para a universalização no País dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto, o que reduziria as despesas com o tratamento de doenças, uma vez que cada R$ 1 investi-do em saneamento representa uma economia de R$ 4 com saúde. Seria assegurada, também, a viabilidade das atividades ligadas ao turismo e a movimentação da economia.

Já passou da hora de enfrentarmos essa situação. E sem paliativos. A paralisia do Estado brasileiro, que não consegue investir em obras essenciais, revela que o setor privado precisa ser atraído para os inves-timentos em infraestrutura. Com regras claras e que não mudem do dia para a noite, além de agências reguladoras fortes e independentes, é possível transformar o calamitoso quadro atual numa oportunidade. Inclusive para a retomada do crescimento.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

09.12.2015

CPMF, nunca mais!

 

A proposta de ressuscitar a CPMF vem na contramão do que o País precisa, que é uma estratégia para retomar o crescimento 

econômico, os investimentos e a geração de em-pregos. O retorno do tributo, rejeitado pelos bra-sileiros em 2007, vai aumentar custos e tirar ainda mais a competitividade do setor produtivo, o que pode ampliar o nível de desemprego. A pretensão de nova elevação da carga tributária, que já passa de 35% do Produto Interno Bruto (PIB), é uma decisão equivocada e que contraria os princípios adotados em outros países, que reduzem juros eimpostos para tornar suas economias mais competitivas. Isso, sem con-tar que a CPMF incide de forma cumulativa na cadeia produtiva.

A indústria – por meio da CNI e da Fiesc – defende que o reequilí-brio das contas do País deve tomar por base o corte de gastos públicos e a sua melhor aplicação, e não o aumento de impostos. Este é o cerne

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RETORNO DO TRIBUTO, REJEITADO EM 2007, VAI AUMENTAR CUSTOS E TIRAR AINDA MAIS A COMPETITIVIDADE DO SETOR PRODUTIVO

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da questão tributária brasileira. Como as famílias sabem, só se deve gas-tar até o limite da renda auferida. Embora mais complexas, as finanças públicas precisam seguir esse mesmo princípio básico de limitar os gas-tos pela arrecadação. Despesas superiores às receitas geram “desajuste fiscal”, que resulta em cortes nos investimentos e prejudica a atividade produtiva, o emprego e a qualidade de vida dos brasileiros.

No Brasil, nos últimos anos, aumentaram-se as despesas, sem o equi-valente aumento da receita e sem a melhoria dos serviços públicos. Gas-ta-se cada vez mais de forma ineficiente, desperdiçando recursos que seriam melhor aplicados pelo setor produtivo. Infelizmente, o aumento de impostos tem sido a única forma usada pelo governo para ajustar suas finanças. É preciso inverter essa lógica e viabilizar um crescimento sustentável da receita, através do crescimento da economia. CPMF nun-ca mais!

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

12.11.2015

Próximo do colapso

A reunião realizada na semana passada em Blumenau, com o Fórum Parlamentar, li-deranças políticas da região e autoridades

do governo federal, sobre as obras da BR-470 teve um resultado: deixar claro, mais uma vez, que não há no horizonte qualquer perspectiva para que esse projeto fundamental seja concluído em um prazo razoável. Representantes DNIT admitiram publicamente a gravidade da situação. Depois de tantos anos e promessas não cumpridas, essa confirmação só gera novas frustrações. Licencia-mento ambiental, desapropriações e, agora, fal-ta de recursos. Os catarinenses seguem ouvindo desculpas.

O Estado merece uma contrapartida mais justa em relação à con-tribuição que dá ao País. Em 2014, somente em tributos federais, SC arrecadou e mandou a Brasília R$ 45 bilhões. Em troca, o que temos é que, das 36 obras estratégicas do governo federal acompanhadas pelo

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NO qUE SE REFERE àBR-470, O ESTADO MERECE UMA CONTRAPARTIDA MAIS JUSTA EM RELAÇÃOà CONTRIBUIÇÃO qUEDÁ AO PAíS.

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Monitora Fiesc, 72% têm o prazo expirado ou estão com cronograma comprometido. Assim, o Estado, que tem uma indústria eficiente, perde competitividade, sobretudo da porta das fábricas para fora. Enquanto no resto do País o custo logístico é de 11%, em SC é de 14%. Metade dessa conta refere-se ao transporte. Um exemplo: o veiculo que trafega em estradas que estão em condições ruins, como as BRs 470, 282 ou 280, gasta até 5% mais combustível. As péssimas condições dessas importan-tes rodovias prejudicam a economia e geram estatísticas de acidentes e mortes que nos envergonham.

Apesar dos esforços de nossos representantes no Congresso Nacio-nal, não temos conseguido avanços substanciais, capazes de mudar es-truturalmente a situação. Nossos estudos, cartas, contatos e frequentes reuniões, infelizmente, não têm sido acolhidos. Por isso, precisamos re-forçar a mobilização, com ações mais ostensivas e duras junto ao gover-no federal. Do contrário, obras vitais para o desenvolvimento do Estado, como é o caso da BR-470 (mas não só ela), seguirão sendo prioritá-rias apenas no papel. Discursos e promessas não tocam nem concluem obras, como estamos cansados de saber.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

30.09.2015

Por um futuro melhor

O Conselho das Federações Empresarias de Santa Catarina (COFEM) acaba de lançar o Manifesto pelo Futuro, no qual se posi-

ciona contra qualquer tentativa do governo de se apropriar dos recursos que o setor privado reco-lhe para manter os serviços sociais e de educa-ção prestados aos trabalhadores pelas entidades do Sistema S, como SESI, SENAI, SESC, SENAC, SEST, SENAT, SENAR e SEBRAE. Em vez de en-caminhar reformas estruturais para tornar o País mais competitivo, como a da Previdência, a Tri-butária e a Trabalhista, o governo quer avançarsobre um sistema que é mantido e administrado pelo setor privado. E funciona bem. As Federações da indústria (Fiesc), do comércio (FECO-MÉRCIO), da agricultura (FAESC), dos transportes (FETRANCESC), das associações empresariais (FACISC), das câmaras lojistas (FACISC) e das micro e pequenas empresas (FAMPESC) rejeitam, igualmente, ini-

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AO INTERFERIR NOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO SISTEMA S, O GOVERNO COMPROMETE O FUTURO DE EMPRESAS E TRABALhADORES.

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ciativas que resultem em alta na carga tributária. O nível atual já com-promete a competitividade do País e onera toda a sociedade. O setor produtivo catarinense também defende que, em meio à crise política e econômica, a ética seja valorizada como base da administração pública.

É dessa forma que poderemos criar um ambiente favorável aos in-vestimentos e ao crescimento e, por consequência, da arrecadação. No sentido contrário, ao interferir nos serviços prestados pelo Sistema S, o governo compromete justamente o futuro de quem pode ajudar o País a retomar o caminho do desenvolvimento: as empresas e os trabalhadores.

Por isso, o COFEM-SC convida a sociedade a se envolver na Marcha pelo Futuro em defesa do Sistema S, por meio do endereço marchapelo-futuro.com.br. O movimento cresce e recebe apoio porque a sociedade sabe que quando o governo tira do Sistema S tira muito mais do traba-lhador.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

16.09.2015

Perplexidade geral

As propostas anunciadas pelo governo nesta semana revelam que ainda não chegamos ao fundo do poço. Porque o governo segue

cavando. Novamente, o ponto principal na estra-tégia para fechar as contas públicas, deficitárias por decisões equivocadas do próprio governo, passa pela elevação do imposto incidente sobre o setor produtivo e os trabalhadores. O propósito é turbinar ainda mais a elevada carga tributária que, nos níveis atuais, já destrói a competitivida-de brasileira. Em vez de medidas de estímulo à retomada do crescimento, o País recebe um pa-cote que agrava a recessão e demonstra descompasso com a realidade, ao pretender a recriação da CPMF, já rejeitada com veemência pela so-ciedade. Um pacote que contraria o discurso de incentivo às exporta-ções do próprio governo, ao praticamente eliminar o Reintegra, que de-volveria, a partir de 2016, parte dos tributos cobrados dos exportadores.

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EM VEZ DE MEDIDAS DE ESTíMULO à RETOMADA DO CRESCIMENTO, O PAíS RECEBE UM PACOTE qUE AGRAVA AINDA MAIS A RECESSÃO.

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A ousadia arrecadatória avança até nos recursos do Sistema S, man-tido e administrado pelo setor privado, ameaçando serviços essenciais em áreas como formação profissional e atendimento ao trabalhador, por meio de entidades como SENAI e SESI (indústria), SENAC e SESC (co-mércio), SENAR (agricultura) e SEST e SENAT (transportes). O êxito desses programas foi recentemente confirmado, com a obtenção, pelo Brasil, do 1º lugar no torneio internacional de formação profissional, superando Coreia do Sul, Estados Unidos, China e Alemanha, entre ou-tros países. Mais uma interferência e apropriação indevidas, agora sobre recursos dos empresários, já que a contribuição que mantém o Sistema S é custeada pelas empresas (nenhum centavo provém dos trabalhadores, os quais, pelo contrário, são os beneficiários dos serviços prestados).

Aos que queriam acreditar que já estávamos no fundo do poço, o governo transmite a mensagem de que o fundo era falso. Ao invés de novo aumento de tributos, precisamos é de uma estratégia para retomar o crescimento econômico, os investimentos e a geração de empregos. As receitas para o governo vêm por acréscimo!

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

19.09.2015

Brasil e Alemanha mais próximos

Santa Catarina sedia entre os dias 20 e 22 de setembro o Encontro Econômico Bra-sil-Alemanha (EEBA), considerado o mais

importante evento da agenda bilateral dos paí-ses. O evento ganha notoriedade num momento de conjuntura desafiadora no Brasil, ao promo-ver debates sobre questões de interesse recíproco, como política industrial, inovação, bioeconomia e biotecnologia. O Encontro Econômico é reali-zado anualmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere alemã Bundes-verband der Deutchen Industries (BDI), sendo a Fiesc a organizadora desta edição.

O Brasil atravessa três crises: econômica, política e ética. Nesse cená-rio se torna ainda mais importante discutir estratégias para impulsionar o crescimento sustentável do nosso País, especialmente com lideranças da nação mais forte e influente da economia europeia. Laços históri-

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LAÇOS hISTóRICOS UNEM SANTA CATARINA E ALEMANhA, PAíS DE ONDE VIERAM IMIGRANTES qUE TROUxERAM A CULTURA INDUSTRIAL AO ESTADO.

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cos unem Santa Catarina e a Alemanha, de onde vieram imigrantes que trouxeram a cultura industrial ao Estado, um dos diferenciais do desen-volvimento catarinense.

A Alemanha, conforme manifestado pela chanceler Angela Merkel, tem interesse de ampliar os investimentos no Brasil, desde que sejamos capazes de oferecer políticas mais atrativas e segurança para os negó-cios. O Estado catarinense, que possui um dos parques industriais mais ricos e diversificados, mostrará aos empresários alemães uma indústria arrojada e disposta a expandir os negócios por meio de parcerias.

Em 2014, as exportações catarinenses à Alemanha totalizaram US$ 282 milhões. Os principais produtos embarcados foram carne de frango e motores elétricos. No período, as importações do Estado vindas do país europeu somaram US$ 1,02 bilhão. Os principais itens comprados foram automóveis, aparelhos de ressonância magnética e fármacos. Os dados mostram que podemos ampliar essa corrente de comércio e bus-car maior inserção de produtos nos embarques ao país europeu.

Será ainda uma oportunidade para impulsionar a internacionali-zação de pequenas empresas. Na Alemanha, somadas às médias com-panhias, elas respondem por 55% do PIB do País e possuem relevante participação nas exportações, uma lição que precisamos aprender. Em recente análise da Fiesc sobre o comércio exterior, foi possível consta-tar que as pequenas empresas catarinenses se sentem preparadas para exportar e consideram seus produtos competitivos. O EEBA pode ser o ponto de partida para iniciar contatos, ampliar ou dar os primeiros passos no mercado internacional.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

19.08.2015

Preparar o caminho

Em 2015 a indústria registra queda nas ven-das, na produção, nas exportações e, pior, agora também no emprego, o que tende a

agravar o atual quadro de contração da economia. O desemprego tem potencial para realimentar a crise. Nesse cenário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as 27 Federações de Indústria do País lançaram o manifesto “O Brasil que todos queremos”,  dada a urgência de se encontrar alter-nativas de convergência para a saída da crise. O ajuste fiscal proposto pelo governo é importante, mas se não for acompanhado de uma agenda pelocrescimento, com reformas estruturais, terá seu pesado custo pago ape-nas pelos trabalhadores e empreendedores. O ajuste fiscal deve ser um meio para alcançar o equilíbrio das contas públicas, não um fim. O fim tem que ser a retomada do desenvolvimento econômico, o que passa pelo resgate da competitividade industrial.

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EM RAZÃO DO CENÁRIO DE CRISE, A CNI E AS 27 FEDERAÇõES DE INDÚSTRIA DO PAíS LANÇARAM O MANIFESTO “O BRASIL qUE TODOS qUEREMOS”.

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Como apontado no manifesto, há um problema de confiança que paralisa o País, eleva custos, aumenta o pessimismo e aprofunda a reces-são, gerando incertezas sobre o futuro. O País está sendo derrotado pelo pessimismo. A confiança do empresário industrial é a mais baixa desde 1999. Por isso, o momento é de chamar todos os que podem contribuir para a recuperação da economia. Congresso e Governo, com a partici-pação do setor privado, precisam convergir em torno de uma agenda positiva mínima, capaz de restabelecer a confiança, condição indispen-sável para a retomada dos investimentos.

Acontece que a indústria não pode parar. Por isso, está promovendo os ajustes requeridos pelos ambientes interno e externo, preparando-se, assim, para um novo ciclo político e econômico. Mais do que nunca, é hora de simplificar, melhorar processos, reduzir gastos, ganhar eficiên-cia, inovar e investir na formação dos seus trabalhadores.  

Enquanto alguns se encolhem, em Santa Catarina o empresário ga-nha ânimo e força para enfrentar o cenário adverso, como fez em outras situações como esta. Os que não baixam a cabeça em momento de re-cessão, que mantêm suas empresas operando, inovam e aproveitam as oportunidades que vêm com a crise, serão os primeiros a sair dela.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

08.07.2015

Logística emperrada

A Fiesc acaba de lançar a agenda da indústria para a infraestrutura, com propostas, posi-cionamentos e estudos. Um dos trabalhos,

realizado com a UFSC, mostra que para cada R$ 1 faturado, o setor gasta R$ 0,14 com logística. É mais do que a média brasileira, de R$ 0,11 (Fun-dação Dom Cabral), e mais, ainda, do que os R$ 0,09 internacionais. Não é pouca diferença: cada centavo de redução representaria economia de R$ 1,8 bilhão para a indústria do Estado. Os diag-nósticos realizados pela Fiesc mostram porque nossa logística é mais cara, nos diferenciando ne-gativamente, inclusive em relação aos nossos vizinhos. Grande parte das rodovias está em estado deplorável. É uma quantificação daquilo que os que circulam pela BR-282, por exemplo, sentem na prática: a situação é grave. Há pouco percorri uma parte dessa importante rodovia e fiquei estarrecido com a má qualidade do seu leito. No ano passado Santa Ca-

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OS CATARINENSES PRECISAM SE MANTER VIGILANTES PARA EVITAR qUE A FALTA DE INFRAESTRUTURA RETIRE A COMPETITIVIDADE DO ESTADO.

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tarina recebeu apenas 37% do previsto para infraestrutura no PAC e no Orçamento da União. Até junho deste ano o valor é praticamente nulo: 0,09%, para ser exato.

Quando o assunto são os trilhos, preocupam as discussões – muitas vezes sem critérios técnicos – sobre o traçado da Leste – Oeste e propos-tas como realizada pela Funai para a Litorânea, modificando o projeto a ponto de inviabilizá-lo. E mesmo nossos portos, que possuem eficiência acima da média, precisam de investimentos relevantes para não ficarem defasados, já que o tamanho dos navios cresce rapidamente, gerando demanda por portos mais profundos e com áreas de manobras maiores.

Até 2019, a infraestrutura catarinense precisaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões. Ao propor a participação privada, o governo federal reconheceu, finalmente, que não dá conta dos investimentos so-zinho. Passada a parte mais fácil, que é fazer o anúncio, agora entramos numa fase crítica: para que os editais tenham sucesso, precisarão conci-liar rentabilidade ao investidor com tarifas que não retirem competiti-vidade do usuário. E nas obras que seguem sob a administração federal é urgente melhorar a gestão dos projetos. Os catarinenses precisam se manter vigilantes e unidos para evitar que a falta de infraestrutura retire ainda mais a competitividade do Estado.

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O INDUSTRIAL CATARINENSE CONFIRMA UMA TENDêNCIA JÁ OBSERVADA NOS ÚLTIMOS ANOS E INVESTE CADA VEZ MAIS EM INOVAÇÃO.

Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

24.07.2015

Investir, apesar da crise

 

A Fiesc acaba de divulgar pesquisa que reve-la que a indústria catarinense programou para este ano investimentos de R$ 2,1 bi-

lhões. Embora represente queda de 13% em rela-ção ao total aplicado no ano passado, não deixa de ser uma boa notícia, considerando o cenário econômico atual e a perspectiva de maior contra-ção no segundo semestre.

Mais importante do que os valores anunciados são as finalidades dos investimentos. O industrial catarinense confirma uma tendência já observada nos últimos anos e aposta cada vez mais em ino-vação, setor que registrou o maior crescimento na pesquisa deste ano, apesar do ambiente em que tudo parece conspirar contra o setor produ-tivo. Para implementar o necessário ajuste fiscal, o governo não reduz as despesas da máquina pública, mas corta investimentos. Não adota medidas de estímulo à produção, propõe elevar novamente a tributação

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sobre a folha de pagamento, no momento em que a desoneração é mais necessária, para minimizar o impacto da crise sobre o emprego. Até ru-mores sobre a recriação da CPMF voltam a assombrar os brasileiros.

Ainda assim, o industrial que se esforça para manter os investimen-tos, apesar desse cenário, não é insensato. Pelo contrário. O momento requer medidas no sentido da melhoria da produtividade e competiti-vidade. As empresas que mantêm investimentos no desenvolvimento e qualificação de produtos, na eficiência dos processos, na educação de seus trabalhadores e em tecnologia, sairão antes da crise.

Esse é um dos grandes diferenciais do industrial catarinense. Sem-pre disposto a superar a crise, a tomar conta dela, e não deixar que ela tome conta dos seus negócios. Apesar do resultado do jogo deste ano já estar praticamente definido, é com esse posicionamento aguerrido que teremos condições de iniciar a recuperação em 2016.  O industrial catarinense, novamente, está dando a sua contribuição, como mostra a pesquisa sobre investimentos em 2015.

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Artigo publicado originalmente na Revista Tudo, de Tubarão

20.06.2015

Indústria e empreendedorismo:a força da economia catarinense

Enquanto o economista Joseph Schumpeter, no início do século XX, reconhecia teorica-mente a importância do empreendedor para

o desenvolvimento econômico, no solo catarinen-se já estavam sendo edificadas as bases de grandes negócios. Desde o final do século XIX, grandes lí-deres identificaram oportunidades, combinaram materiais e forças que estavam ao seu alcance, para produzir mercadorias ainda não existentes por aqui ou, ainda, para fabricar os produtos já conhecidos mas, com métodos e processos dife-rentes. Foram essas novas combinações que gera-ram mudança e crescimento econômico.

Os exemplos são muitos e presentes em diversos segmentos indus-triais: alimentos, metalmecânica, têxtil, vestuário, cerâmica, plásticos, móveis, etc. Essa diversidade de iniciativas é que possibilita a todos os catarinenses desfrutar de uma indústria diversificada e atualizada, e de

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A DIVERSIDADE DE INICIATIVAS é qUE POSSIBILITA AOS CATARINENSES DESFRUTAR DE UMA UMA ECONOMIA FORTE E RESILIENTE.

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uma economia forte e resiliente, capaz de enfrentar e superar as crises que surgem com frequência no País.

Mas, o empreendedorismo não faz parte do passado. Continua pre-sente no nosso Estado e destaca-se na renovação dos segmentos tradi-cionais, que desenvolveram novos produtos e novos métodos de pro-dução, assim como a geração de novos negócios, seja na indústria de transformação ou em outros setores industriais ou, ainda, nas indústrias emergentes, como a fabricação de equipamentos de transporte nos mais diversos segmentos (automobilístico, ferroviário, aeronáutico), sem es-quecer a dinâmica economia do mar, que contempla a indústria naval.

Temos por todo o Estado, portanto, exemplos de empreendedoris-mo, que são a força da inovação. E, em tempos difíceis, como os que vivemos agora, deve-se destacar que esses grandes líderes sempre en-frentaram desafios. Como nos lembra Schumpeter, os empreendedores, apesar de lidarem com a incerteza, não perdem a capacidade de imagi-nar, intuir um novo caminho. “Tem força de vontade nova e de outra espécie para arrancar, dentre o trabalho e a lida com ocupações diárias, oportunidade e tempo para conceber e elaborar a combinação nova e resolver olhá-la como uma possibilidade real e não meramente como um sonho. Essa liberdade mental pressupõe um grande excedente de força sobre a demanda cotidiana” (Schumpeter, 1934).

É a partir dessa força que a economia catarinense mantém a sua for-midável capacidade de renovação ao longo dos anos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

10.06.2015

O impacto dos juros exagerados

A decisão do Banco Central que elevou nova-mente os juros básicos da economia, ago-ra para 13,75% ao ano, não surpreendeu.

Ainda assim, frustrou as 50 mil indústrias catari-nenses, que têm seu potencial de geração de pos-tos de trabalho e renda prejudicados. Com mais esta alta, os juros passam a se constituir, cada vez mais, num obstáculo à recuperação da economia, porque encarecem o capital de giro das empresas, desestimulam os investimentos e afetam negati-vamente o consumo. Essa decisão ignora o estado de desaceleração da economia, a queda no empre-go e os efeitos do ajuste fiscal no controle à inflação. Recentemente, o IBGE divulgou o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro tri-mestre, com queda de 0,2% da atividade econômica, recuo na produção industrial, serviços, investimentos, consumo das famílias e do governo. Qual a demanda se quer inibir com o aumento dos juros? O atual ce-

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qUAL DEMANDA SE qUER INIBIR COM O AUMENTO DOS JUROS? O ATUAL CENÁRIO, RESTRITIVO, NÃO REVELA OS PERIGOS DA INFLAÇÃO DE DEMANDA.

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nário já é suficientemente restritivo e não revela os perigos da inflação de demanda, que são afetados pelos juros. Altas de custos, como os da energia, por exemplo, não são inibidos com elevações da Selic, embora se disseminem pela economia. Já os gastos com juros da dívida pública, são. E eles aumentaram R$ 63 bilhões no ano passado. É, praticamente, o superávit primário que o governo federal quer que a sociedade agora produza.

Com a redução dos gastos públicos será possível reduzir a inflação e caminhar para o desenvolvimento sustentável. Ao contrário, com o au-mento da taxa de juros imputa-se um sacrifício desmedido à sociedade brasileira e se estimula uma espiral negativa na economia. O que preci-samos, isso sim, é de instrumentos que financiem os investimentos, pois é deles que a retomada consistente da atividade econômica depende. E é de um bom ritmo da atividade econômica que dependem boas arreca-dações para o setor público.

Ao não interromper o danoso ciclo de alta dos juros, o país  perdeu a oportunidade de combinar as políticas fiscal e monetária e a possibilida-de de aliviar o custo do ajuste das contas públicas para as empresas e os consumidores, o que  favoreceria uma retomada gradual da produção.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

19.09.2015

Santa Catarina: um Estado industrial

A experiência em atividades fabris e o espíri-to empreendedor dos imigrantes, inclusive de origem alemã, fizeram florescer, ainda

no século XIX, os primeiros estabelecimentos in-dustriais do Vale do Itajaí e Norte do Estado. Foi essa a grande contribuição que aqueles imigrantes deram a Santa Catarina, Estado que os abrigava e onde eles buscavam novas oportunidades para viver com suas famílias.

É notável a vocação industrial catarinense, o quarto Estado do Brasil em número de estabele-cimentos (52 mil) e o quinto em número de tra-balhadores (813 mil). Os segmentos de artigos do vestuário-têxtil e ali-mentar e têxtil são os que mais empregam. No Estado, o setor secundá-rio responde por 36% dos empregos, por 54% das exportações, por 42% da energia elétrica consumida e por 34% do Produto Interno Bruto – a maior participação no País. Santa Catarina possui o sexto maior PIB do

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é NOTÁVEL A VOCAÇÃO INDUSTRIAL CATARINENSE, O 4º ESTADO EM NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS (52 MIL) E O 5º EM NÚMERO DE TRABALhADORES (813 MIL).

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Brasil (R$ 177 bilhões, em 2011) e é um dos principais exportadores, com U$ 9 bilhões em 2014. Entre os seus principais parceiros comer-ciais incluem-se os Estados Unidos, a China, Japão, Rússia, Argentina, Países Baixos, Reino Unido, México e Alemanha.

O Estado se caracteriza por um parque fabril diversificado e distri-buído em todas as regiões, o que lhe confere um padrão de desenvolvi-mento equilibrado. No Brasil, Santa Catarina é o maior produtor de suí-nos e o segundo nos segmentos de frangos, têxtil e vestuário. Produtos de maior valor agregado fazem parte do portfólio catarinense, poden-do-se citar geradores, transformadores e motores elétricos, motocom-pressores, blocos e cabeçotes para motor, eletrodomésticos, soluções em telecomunicações, redes e segurança.

Esse modelo, com forte participação da indústria, ajuda a explicar os indicadores sociais – educação, expectativa de vida e saúde – do Estado, que estão acima da média brasileira. Santa Catarina tem 23 cidades co-locadas entre as 100 cidades brasileiras com melhor Índice de Desenvol-vimento Humano. Os dez maiores municípios do Estado concentram apenas 40% da população. Joinville, a cidade mais populosa, tem 555 mil moradores.

Criada em 1950, a Fiesc atua intensamente no apoio à competitivi-dade da indústria catarinense. Com suas entidades (SESI, SENAI, IEL e CIESC), tem foco no desenvolvimento do ambiente institucional, na educação, na inovação e tecnologia e na qualidade de vida do traba-lhador. Ações pela melhoria da infraestrutura, do suprimento de ener-gia, do sistema tributário, além de iniciativas pela internacionalização das empresas, inclusive das pequenas e médias indústrias, entre outros, compõem o fortalecimento do ambiente institucional. No âmbito da educação, a Fiesc promove educação profissional e melhoria do nível de escolaridade dos trabalhadores, assegurando cerca de 350 mil matrícu-las por ano. Em 2012, a instituição lançou o Movimento A Indústria pela

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Educação, com o propósito de promover a educação como estratégia de crescimento das indústrias e propor melhorias nos padrões educacio-nais do País. A Fiesc tem investido fortemente em ações de inovação e de valorização de processos tecnológicos nas indústrias. Para isso, está implantando sete institutos de tecnologia e três institutos de inovação, destinados a prestar serviços de desenvolvimento de produtos e proces-sos produtivos, metrologia e apoio à inovação. A qualidade de vida do trabalhador também é fator de competitividade. Por isso, a Fiesc oferece um conjunto de serviços ligados à promoção da saúde e de estilo de vida saudável e implantará o Instituto de Inovação em Promoção da Saúde e Segurança do Trabalhador.

Os laços de Santa Catarina com a Alemanha serão fortalecidos com a realização do 33º Encontro Econômico Brasil Alemanha, em Joinvil-le, Santa Catarina, o principal evento empresarial entre os dois países. Num Estado onde a identidade cultural com o país europeu já é forte desde o período de colonização, será mais uma oportunidade para que as empresas possam intensificar negócios e promover trocas de tecnolo-gia. Sejam todos muito bem-vindos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

27.05.2015

Livre-iniciativa

Na semana em que a Federação das Indús-trias de Santa Catarina, fundada no dia 25 de maio, completa 65 anos, é pertinente

fazer uma reflexão sobre a crescente interferên-cia do setor público nas atividades privadas. O setor produtivo, que cria empregos e as rique-zas do País e que, com o fruto do seu trabalho, produz os recursos que mantém a administração pública, enfrenta cada vez maiores dificuldades para empreender, à espera de infindáveis licenças, autorizações e processos burocráticos, os quais, não raro, se arrastam por anos, tornando os in-vestimentos mais caros ou até inviabilizando-os.

Perdem-se, assim, oportunidades de ouro para impulsionar o de-senvolvimento econômico e social do Brasil e abrem-se portas e ja-nelas para que competidores internacionais, que operam e produzem em ambientes mais favoráveis, ganhem espaços que poderiam ser da

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O SETOR PRODUTIVO ENFRENTA CADA VEZ MAIS DIFICULDADES PARA EMPREENDER, à ESPERA DE LICENÇAS, AUTORIZAÇõES E PROCESSOS BUROCRÁTICOS.

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indústria brasileira, e gerem milhares de empregos em outros países.Como aceitar, num País em que a livre-iniciativa constitui fundamen-to constitucional, que uma empresa não possa contratar outra para lhe complementar os serviços? Como aceitar a interferência exorbitante do Estado na vida das empresas? O excesso de leis e de burocracia é a nova estratégia que a administração pública está aplicando para dominar a livre-iniciativa.

O governo atribui à baixa competitividade da indústria o aumento dos índices de desemprego, mas, ao mesmo tempo, propõe a elevação dos encargos sobre a folha de pagamento. Ora, essa redução é muito mais necessária agora, quando a economia está em ritmo declinante, do que quando foi instituída e precisa ser mantida para que as indústrias possam assegurar os empregos atuais e criar novos postos de trabalho.

Esperamos que o Congresso Nacional compreenda essa necessidade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

22.05.2015

Justo reconhecimento

é reconhecida a força da indústria catarinense. O setor responde por quase 34% do Pro-duto Interno Bruto (PIB) estadual, a maior

participação em todo o País. Muitos dos grandes conglomerados atuais surgiram no século XIX ou na primeira metade do século XX. Mas, até 1950, a indústria catarinense não acompanhava o ritmo do crescimento do setor em outros Es-tados. A data coincide com a fundação da Fiesc, que desde então vem se empenhando em contri-buir para o desenvolvimento da indústria catari-nense. A nossa indústria se consolidou graças ao trabalho intenso e de longo prazo, da persistência, determinação e vi-são de futuro de lideranças que souberam conduzir os rumos de seus empreendimentos. Muitos desses se tornaram também líderes de clas-se, identificando e lutando pelas causas comuns do setor. Homenagens como a Ordem do Mérito Industrial, outorgada, já há algumas décadas,

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A INDÚSTRIA CATARINENSE RESPONDE POR qUASE 34% DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ESTADUAL, A MAIOR PARTICIPAÇÃO EM TODO O PAíS.

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pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e, desde o ano 2000 pela Fiesc, representam um reconhecimento especial a pessoas ou insti-tuições que se encontram alinhadas com esse objetivo.

Em solenidade especial nesta sexta-feira para marcar os 65 anos da Fiesc, mais uma vez essas Comendas serão outorgadas. Desta vez, os homenageados com a comenda estadual serão os ex-presidentes da en-tidade Osvaldo Moreira Douat, José Fernando Xavier Faraco e  Alcan-taro Corrêa (in memoriam), além dos industriais Édio José Del Casta-nhel e Genésio Ayres Marchetti. Por sua vez, por indicação da Fiesc, a CNI prestará reconhecimento a Mário Lanznaster, presidente da Auro-ra Alimentos e líder do segmento agroindustrial. Desde 1958, a CNI já homenageou 27 industriais catarinenses e, nos 16 anos de existência, a Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina já foi outorgada a 80 personalidades.

Ao olhar o passado para compreender a história, a Fiesc preserva a memória da indústria catarinense e pavimenta o caminho para o futuro. Fundada em 25 de maio de 1950, a Federação cresceu junto com a in-dústria catarinense. Na sua fundação reuniram-se sete sindicatos; hoje são 141 (o maior número do país), com presença em todo o território catarinense. O setor possui 50 mil empresas e proporciona 805 mil em-pregos diretos. Com suas entidades integradas – Ciesc, SESI, SENAI, e IEL – a Fiesc trabalha pela melhoria do ambiente institucional, pela educação de qualidade, inovação e tecnologia e qualidade de vida, para que a indústria possa se fortalecer ainda mais e os seus trabalhadores melhorem a sua condição de vida. O dia é para homenagear os indus-triais que tanto trabalharam e trabalham para que os seus frutos alcan-cem a todos os catarinenses.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

13.05.2015

Em nome do trabalho

No dia 25 de maio de 1950, sete sindicatos industriais fundaram a Federação das In-dústrias do Estado de Santa Catarina. Pas-

sados 65 anos, a Fiesc transformou-se numa das principais protagonistas do desenvolvimento do Estado, com atuação que transcende o objetivo inicial, de defender os interesses do setor. Com suas entidades – SESI, SENAI, IEL e Ciesc –, a Fiesc luta por um ambiente institucional propí-cio aos investimentos e à produção (em linha com o propósito de seus fundadores), trabalhando, concomitantemente, pela melhoria da qualidadeda educação e da vida dos trabalhadores, assim como promovendo a tecnologia e a inovação.

O foco é a competitividade da indústria catarinense, cujas 50 mil empresas empregam mais de 800 mil trabalhadores, respondem por um terço do Produto Interno Bruto e geraram, no ano passado, R$ 7,5 bi-

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PASSADOS 65 ANOS, A FIESC TRANSFORMOU-SE NUMA DAS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS DO DESENVOLVIMENTO DE SANTA CATARINA.

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lhões em ICMS e IPI. A agenda de comemoração dos 65 anos da Fiesc será de muito trabalho. Pois se temos orgulho desses números, também temos pela frente grandes desafios.

Nessa sexta-feira (15) abriremos a Bienal Brasileira do Design, even-to que, por quase dois meses, exibirá o melhor da produção nacional e chamará a atenção para a importância crescente desse fator de inovação como estratégia competitiva. A partir de segunda-feira (18), no Global Healthy Workplace, mais de 150 especialistas de 50 países vão propor tendências para ambientes de trabalho mais saudáveis, tema que precisa ser cuidado com atenção pelas empresas. Depois disso, na quarta-feira (20), abriremos a quarta edição da Jornada Inovação e Competitividade, com palestrantes nacionais e internacionais que discutirão educação, ambiente institucional e qualidade de vida, além de inovação e tecno-logia. 

Essa intensa agenda inclui, ainda, um momento muito especial, quando a CNI e a Fiesc homenagearão com a Ordem do Mérito Na-cional e Catarinense os industriais Mário Lanznaster, Alcantaro Corrêa (in memoriam), Edio José Del Castanhel, Genésio Ayres Marchetti, José Fernando Xavier Faraco e Osvaldo Moreira Douat. São lideranças que representam a determinação e o trabalho do industrial catarinense, dos quais Santa Catarina tanto se orgulha.   

 

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

22.04.2015

Os mitos da terceirização

No debate sobre a terceirização, cuja regu-lamentação entra em momento decisivo no Congresso Nacional, tem se propagado

alguns mitos, que precisam ser esclarecidos. Para que o leitor possa formar sua opinião, vamos abor-dar alguns deles, mostrando que a existência de regras claras para a terceirização é boa para todos. O projeto de lei 4.330 não implica precarização do trabalho. Pelo contrário, ele mantém todos os benefícios que existem na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como FGTS, férias, jornada fixa e 13o salário, e ainda contempla segurança adicional ao trabalhador terceirizado, pois inclui garantias como depó-sitos e fiscalizações hoje não exigidos. É importante lembrar que atual-mente já existem 12,5 milhões de trabalhadores atuando em empresas terceirizadas no Brasil. Precária é a situação deles hoje, sem regras claras.É justamente pelo fato de a prática estar disseminada, não só no Brasil,

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O PROJETO DE LEI 4.330 NÃO IMPLICA PRECARIZAÇÃO DO TRABALhO. PELO CONTRÁRIO, ELE MANTéM TODOS OS BENEFíCIOS qUE ExISTEM NA CLT.

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mas no mundo todo, que a regulamentação é tão importante. Para as empresas, isso representará maior segurança jurídica, já que hoje, mes-mo cumprindo todas as exigências legais, as companhias enfrentam problemas judiciais.

Outra questão posta no debate é a dos custos. A terceirização reduz custos, sim, mas isso decorre da especialização, já que as empresas que são especializadas em suas atividades são mais produtivas. Elas fazem mais com menos. Com custos menores, o preços para os consumidores podem cair. Em outras palavras, reduzir custos não significa salários menores ou cortes de benefícios.

Por isso, o setor produtivo catarinense faz um agradecimento pú-blico aos parlamentares do Estado que se posicionaram favoravelmen-te à regulamentação. Carmen Zanotto, Celso Maldaner, Cesar Souza, Edinho Bez, Esperidião Amin, João Rodrigues, Jorginho Mello, Marco Tebaldi, Mauro Mariani, Rogério Peninha Mendonça, Ronaldo Benedet e Valdir Colatto demonstraram sensibilidade com os 23% dos trabalha-dores formais do Brasil que estão na prestação de serviços e constituem a atividade que mais emprega com carteira assinada no setor privado.

Regulamentar a terceirização é um avanço que, protegendo o traba-lhador, dará competitividade às empresas, à economia e ao País. É um passo importante para criar melhores condições para o desenvolvimen-to. É bom para todos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

15.04.2015

Internacionalização das pequenas empresas

O pioneirismo da indústria catarinense na exportação tem direta relação com a sua competitividade. Ao buscar, há décadas,

espaço para seus produtos fora do País, o setor passou a enfrentar um nível bem maior de exi-gência quanto à qualidade, serviços e relaciona-mento com o meio ambiente. Isso ajudou a colo-car nossa indústria na vanguarda em inovação e sustentabilidade.

As estratégias internacionais são sempre de longo prazo e, em momentos de conjuntura des-favorável, podem sofrer adaptações, mas não de-vem ser abandonadas. Em parte por isso, com poucas exceções, a pre-sença externa tem se restringido a empresas de maior porte.

Assim como as indústrias que se globalizaram, a Fiesc mantém, sem interrupções, a agenda de apoio à internacionalização do setor. Entre as iniciativas estão as missões empresariais, promovidas desde a década de

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AO BUSCAR, hÁ DéCADAS, ESPAÇOS FORA DO PAíS, O SETOR PASSOU A ENFRENTAR UM NíVEL MAIOR DE ExIGêNCIA EM INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE.

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1990. Elas oportunizam que as práticas dos empresários participantes sejam comparadas com o que há de melhor na indústria mundial. Agora queremos incentivar que indústrias de menor porte passem a explorar o potencial do mercado externo.

Um capítulo importante nessa estratégia será escrito em setembro, quando, por iniciativa da Confederação Nacional da Indústria e da Fiesc, Joinville receberá o 33o Encontro Econômico Brasil – Alemanha. Nele serão debatidas as principais questões de interesse recíproco, com a presença de autoridades governamentais e lideranças empresariais bra-sileiras e alemãs.

Nessa semana, a Fiesc, o prefeito Udo Döhler, de Joinville, empresá-rios e representantes do governo do Estado cumprem agenda em Ber-lim e Hannover para promover o evento. A mensagem é clara: o Brasil e Santa Catarina têm ótimas oportunidades de investimento e amplas possibilidades de ampliação das relações, sobretudo para as pequenas e médias empresas.

Assim como ocupamos posição de destaque no movimento de inter-nacionalização da indústria brasileira, queremos agora ser referência na conquista do mercado externo pelas pequenas e médias empresas.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

01.04.2015

quem tem medo da terceirização?

O infindável debate sobre a terceirização, tema que tramita há 17 anos no Congres-so Nacional, é exemplo de como o apego

a uma legislação ultrapassada contribui para a redução de oportunidades de desenvolvimento. Embora a terceirização seja generalizada no mun-do inteiro, inclusive no Brasil, a falta de legislação específica provoca insegurança jurídica para em-presas e para um universo de 12 milhões de tra-balhadores, que já se encontram nessa situação.

A suposta preocupação quanto à garantia de direitos trabalhistas emperra as discussões, em-bora o substitutivo ao Projeto de Lei 4.330/2004, proposto pelo deputa-do relator Arthur Maia, contenha dispositivos que até superam a Con-solidação das Leis do Trabalho (CLT). Não leva a reduções de valores, salários ou direitos, mas propõe mecanismos como fiança, retenção de valores contratuais e responsabilidade da empresa contratante em rela-

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EMBORA A TERCEIRIZAÇÃO ExISTA NO MUNDO INTEIRO, A FALTA DE LEGISLAÇÃO ESPECíFICA NO BRASIL PROVOCA INSEGURANÇA JURíDICA.

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ção à garantia dos direitos dos trabalhadores. Como afirma o professor José Pastore (O Estado de S. Paulo – 24/3/2015), a combinação de tec-nologia com terceirização alavancou a competitividade das empresas, reduziu o preço dos bens e serviços para os consumidores e gerou mui-tos empregos para os trabalhadores.

A formalização das regras não significa a precarização do empre-go. Ao contrário, pode até permitir que os serviços especializados se-jam melhor remunerados. Como defende a CNI, a Fiesc e a totalidade das federações industriais, a aprovação do projeto contribuirá para a estabilidade macroeconômica e estimulará a produtividade. A votação do projeto, programada para a próxima semana, representa uma nova oportunidade para o País, pois segurança jurídica e institucional reduz riscos em investimentos, aumenta a competitividade e promove a cria-ção de mais e melhores empregos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

18.03.2015

Chega de castigar o setor produtivo

O Brasil vive um momento decisivo para a competitividade e para a própria sobrevi-vência da indústria, que foi surpreendida

por uma enxurrada de medidas duras do gover-no federal, em nome do ajuste fiscal. Ainda que o ajuste seja necessário, em função de políticas er-radas  implantadas nos anos anteriores pelo pró-prio governo,  e que tornaram a indústria brasi-leira menos competitiva nos últimos 10 anos, não é aceitável que o setor produtivo pague uma con-ta que inclui novos aumentos da carga tributária, que já é uma das mais altas do mundo, e altera re-gras que orientaram o planejamento das empresas para 2015. 

O aumento dos juros e dos combustíveis e a impressionante elevação dos preços da energia também atingiram a indústria no contrapé, num cenário em que os custos industriais já haviam crescido 41% entre 2006 e 2013 (CNI, Indicador de Custos Industriais). Como se tudo isso não

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O AUMENTO DOS JUROS E DOS COMBUSTíVEIS E A IMPRESSIONANTE ELEVAÇÃO DOS PREÇOS DA ENERGIA TAMBéM ATINGIRAM A INDÚSTRIA.

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bastasse, o setor produtivo sofreu os efeitos dos protestos de caminho-neiros que paralisaram boa parte do País em fevereiro.

A indústria defende que as medidas de ajuste fiscal venham acom-panhadas de uma agenda para a competitividade capaz de restaurar a confiança. Tais medidas é que criarão as condições para a retomada do crescimento, que por sua vez, trará aumento da arrecadação. Essa agenda inclui pontos como a modernização das relações trabalhistas, a manutenção do Reintegra e da desoneração da folha de pagamento, a reforma do sistema tributário e um modelo de concessões que viabilize a participação do setor privado nos investimentos em infraestrutura.

Sem avanços nessas áreas,  será inútil o enorme sacrifício imposto ao setor produtivo e aos brasileiros, que acabam de dar um exemplo de ci-dadania, demonstrando de maneira pacífica, mas com veemência, que esperam mudanças profundas na condução do País.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

04.03.2015

Diálogo é o melhor remédio

 

Por ser um dos Estados mais afetados pelos protestos dos caminhoneiros nas últimas duas semanas, podem recair sobre Santa

Catarina também as mais graves consequências do bloqueio de rodovias. A categoria reclama do aumento do preço dos combustíveis que, associa-do às péssimas condições das estradas, eleva os custos operacionais. São efetivamente problemas estruturais do País. No entanto, é imprescindível considerar que, independentemente do mérito, nunca se pode fazer um movimento que cause um abalo econômico e social dessa magnitude.

Com maior incidência no Oeste do Estado, as paralisações colocam em risco um patrimônio catarinense que levou décadas para ser cons-truído: o modelo agroindustrial. O setor se desenvolveu graças a um formato que enfatiza a parceria entre a indústria e os agricultores e que levou o Estado a liderar a produção brasileira de suínos, além de posi-

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COM MAIOR INCIDêNCIA NO OESTE, A PARALISAÇÃO DOS CAMINhONEIROS COLOCA EM RISCO UM PATRIMôNIO CATARINENSE: O MODELO AGROINDUSTRIAL.

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ções de destaque nos segmentos de aves e leite. O bloqueio de rodovias prejudica toda a cadeia produtiva, do fornecimento de insumos, como é o caso da ração para aves e outros animais, ao escoamento dos produtos acabados.

A indústria tem se pronunciado continuamente a respeito das di-ficuldades do setor produtivo no país, notadamente em relação às deficiências da infraestrutura, à elevada carga tributária, ao custo Brasil e à corrupção. Na reunião de negociações pelo fim dos bloqueios da qual participamos em Brasília, na última quarta-feira (25/2), com repre-sentantes dos caminhoneiros e do Governo Federal, propusemos que os tributos recaíssem somente sobre o valor do óleo diesel praticado em 2014, não incidindo sobre a parcela do aumento de preço aplicado em 2015, o que permitiria baixar o custo do combustível. 

A democracia pressupõe o direito à livre manifestação e às reivin-dicações. Mas esse direito não pode sobrepujar o direito dos demais e chegar ao impedimento das atividades das indústrias, dos produtores rurais, do comércio e dos serviços em geral. Até hoje não se descobriu melhor ferramenta do que o diálogo e o entendimento para a superação de conflitos.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

04.02.2015

Reposicionamento internacional

Ao colocar a indústria em contato com os mais exigentes padrões internacionais de mercado, a cultura exportadora do nosso

industrial ajudou a posicionar Santa Catarina na vanguarda da economia brasileira. Mas nossa ba-lança comercial passa por transformações estrutu-rais, dentre as quais uma das mais preocupantes é a predominância da exportação de bens de baixa tecnologia que, junto com os primários, represen-taram 65% de nossas vendas internacionais no triênio 2010-2012. Os dados integram a primeira etapa do Mapa Estratégico do Comércio Exterior Catarinense, da Fiesc.

Embora o valor agregado de nossa pauta de exportação esteja aci-ma da média nacional, os dados requerem reflexão porque o comércio mundial vem se concentrando em produtos de média e alta tecnologia. Além disso, quanto maior o nível tecnológico da produção, maior o seu

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A BALANÇA COMERCIAL PASSA POR TRANSFORMAÇõES; UMA DAS MAIS PREOCUPANTES é A PREDOMINâNCIA DE BENS DE BAIxA TECNOLOGIA.

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dinamismo econômico. É claro que devemos continuar valorizando o que exportamos atualmente, mas nessa pauta estão faltando produtos de maior valor agregado.

Diversos fatores minam a competitividade da indústria catarinense, como a infraestrutura deficitária, o custo da energia, a legislação traba-lhista ultrapassada e a carga tributária. Por sinal, em função disso, algu-mas de nossas indústrias já produzem em outros Países. A conjuntura de crise em destinos tradicionais dos produtos catarinenses, como Es-tados Unidos, Argentina e Europa, também afeta o nosso desempenho, especialmente em bens de mais valor agregado.

É por isso que o Mapa do Comércio Exterior é uma das mais impor-tantes iniciativas da Fiesc, ao jogar luz sobre a importância da inserção internacional competitiva da indústria, aproveitando as oportunidades existentes no mercado global. É estratégico buscar menor concentração na pauta de produtos e no destino dos embarques. O estudo, quando concluído, permitirá ampliar e orientar as iniciativas da Federação e de-mais atores envolvidos na promoção do comércio exterior catarinense.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

21.01.2015

O setor produtivo e o debate ambiental

Produzir, preservando os recursos naturais, é uma equação à qual a indústria está cada vez mais atenta. Dela dependem o desenvol-

vimento social, a sustentabilidade econômica das próprias empresas e o bem-estar das futuras gera-ções. Além de perseguir alternativas para produ-zir dentro desse conceito, o setor produtivo pre-cisa ser ouvido antes de decisões que costumam resultar em medidas que afetam e prejudicam sua atividade. É uma questão de competitividade. Nas últimas semanas duas medidas governamentais chamaram a atenção de quem acompanha o tema.

De um lado, a indústria recebeu uma notícia positiva, pela qual a Fiesc trabalhou bastante: a transferência da gestão da política agrícola para florestas plantadas da área ambiental do governo para o Ministério da Agricultura. Prevaleceu a lógica, pois trata-se de uma cultura e, por isso, é na Agricultura que deve estar a sua gestão. Tal medida aumenta

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O SETOR PRODUTIVO PRECISA SER OUVIDO ANTES DE DECISõES qUE COSTUMAM RESULTAR EM MEDIDAS qUE AFETAM E PREJUDICAM SUA ATIVIDADE.

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o potencial da atividade, valorizando um diferencial de nossa região, que é a produtividade ímpar, decorrente das condições climáticas e do manejo adequado. Importante para uma cadeia que nas atividades in-dustriais tem quase 6 mil estabelecimentos e emprega perto de 90 mil trabalhadores no Estado, gerando 13% dos empregos da indústria de transformação. As árvores plantadas no Brasil absorvem 1,67 bilhão de toneladas de gás carbônico da atmosfera e cerca de 60% dos plantios são certificados, conforme a Associação Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).

De outro lado, a indústria da pesca, que tem em Santa Catarina um dos principais polos produtores do País, foi surpreendida por uma de-cisão do Ministério do Meio Ambiente que suspendeu, unilateralmente, a pesca de diversas espécies importantes para a atividade. Decisão de gabinete, sem consulta ao setor.

Os dois exemplos antagônicos mostram a importância do diálogo: no primeiro caso, houve; no outro, não. Se as decisões na área ambiental forem embasadas em consistentes trabalhos técnicos e debatidos com todos os envolvidos, será possível aliar competitividade e desenvolvi-mento sustentável.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

07.01.2015

Corrupção e competitividade

é constrangedor, mas o Brasil ocupa a posição 69 entre 175 países no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), organizado pela Trans-

parência Internacional. Quanto mais distante das primeiras posições, pior o resultado. O dado, di-vulgado há algumas semanas, ainda não capta in-teiramente os efeitos do escândalo na Petrobras, que parece não ter precedentes. Se confirmadas as estimativas do Morgan Stanley, de que os desvios na maior empresa brasileira podem superar os R$ 20 bilhões, o estudo realizado há alguns anos pela FIESP sobre o problema poderá ficar defasado. Àépoca, a entidade estimava que a corrupção poderia consumir de 1,4% a 2,3% do PIB brasileiro.

O trabalho independente dos órgãos de fiscalização e a divulgação de seus resultados, com importante participação da imprensa, podem ser um indicativo de amadurecimento das instituições do País. Mas não

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O BRASIL OCUPA A POSIÇÃO 69 ENTRE 175 PAíSES NO íNDICE DE PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO (IPC), DA TRANSPARêNCIA INTERNACIONAL.

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podemos nos conformar com as notícias, apenas. Enquanto a população e as empresas sofrem com falta de serviços básicos como saúde, educa-ção e infraestrutura, alguns segmentos se beneficiam subtraindo recur-sos que fariam a diferença na condução do Brasil a uma nova condição de desenvolvimento. Por isso, a Justiça tem que ser célere e exemplar.

A verdade é que, ao lado de velhas questões, como a exagerada car-ga tributária, a legislação trabalhista ultrapassada e a precariedade da infraestrutura, o Custo Brasil ganhou novos elementos, como a violên-cia e, agora, a corrupção, que parece ter se enraizado na administração pública, com a participação de empresários sem escrúpulos. Esse tipo de jogo sujo tira competitividade das empresas que atuam de maneira séria e transparente, além de limitar a atração de investimentos. Por não aceitar essa prática, a diretoria da Fiesc aprovou, por unanimidade, em sua última reunião, moção em que condena a corrupção e valoriza a conduta ética como valor inerente à competitividade e ao desenvolvi-mento do Estado e do País.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

24.12.2014

Um novo Natal

O Natal nos conduz a uma reflexão sobre a nossa vida e sobre o que ocorre no ambien-te e no mundo em que vivemos, que passa

por uma transformação sem precedentes. Par-te dessa transformação é para o bem e contribui para o bem-estar, a melhoria da qualidade de vida e a felicidade das famílias.

Parte, no entanto, é para o mal. Os conflitos entre países e povos, a ganância, a corrupção, a violência, mantém milhões de pessoas reféns de estruturas que as oprimem e as excluem dos be-nefícios que a ciência e as conquistas sociais pro-porcionam. Segundo o Papa Francisco, o medo e o desespero apoderam-se do coração dessas pessoas e a alegria de viver se desvanece para elas (A Alegria do Evangelho, 52). A tecnologia que concentra pode também distribuir. A essência do ser humano é a capacidade de dirigir a própria vida. Podemos fazer escolhas baseados em nossos valores. Temos essa

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TEMOS A LIBERDADE, TANTO NA VIDA PESSOAL qUANTO NA PROFISSIONAL, DE CONSTRUIR O NOSSO FUTURO E INFLUENCIAR PARA O BEM OUTRAS PESSOAS.

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liberdade tanto na vida pessoal quanto na profissional e, assim, também, a liberdade de construir o nosso futuro e influenciar para o bem outras pessoas.

Nas entidades da Fiesc (SESI, SENAIS, IEL e CIESC) escolhemos os valores da ética, do comprometimento, da cooperação e da iniciativa. Não são valores incomuns, mas também não são banais. Requerem, eles próprios, iniciativa (de cada um), cooperação (entre todos), compro-metimento (com a causa) e ética (respeito pelas pessoas e instituições).

Que este Natal renove o propósito de trabalharmos pelo e para o bem. Que o bem coletivo predomine sobre os interesses pessoais. Co-loquemos nossos valores junto à manjedoura despojada que acolheu o Menino Jesus e peçamos a ele que abençoe o nosso Natal e nos ajude, em 2015, a zelar e propagar os valores que escolhemos para nós, nossas famílias e nossas empresas.

Que no novo ano, o Brasil reencontre o seu melhor caminho e que o bem vença o mal, como já nos exortava o apóstolo Paulo: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12,21)

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

12.11.2014

Agenda para restaurar a competitividade

Passadas as eleições, a indústria definiu a agenda para a competitividade do setor e do País. Os pontos críticos de parte do setor

público são os investimentos em infraestrutura e as reformas tributária e trabalhista. Essas áreas concentram um incrível conjunto de ineficiências, distorções e conceitos ultrapassados, que sufocam a capacidade da indústria de contribuir para o de-senvolvimento do País. Tanto que sua participa-ção no PIB reduziu-se em 10 pontos percentuais desde os anos noventa, representando hoje 25% da riqueza nacional.

Na área tributária, o País precisa de um sistema que desonere inves-timentos, unifique tributos sobre circulação de bens e serviços, elimine a cumulatividade e simplifique processos. A modernização das relações trabalhistas deve atualizar as leis, normas e regulamentos, sem prejuí-zo dos direitos constitucionais do trabalhador, sintonizando-as com as

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OS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA PRECISAM ELEVAR-SE EM RELAÇÃO AO PIB E, TAMBéM, EM qUALIDADE E CUSTOS.

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atuais condições de trabalho. Já os investimentos em infraestrutura pre-cisam elevar-se em relação ao PIB e, também, em qualidade e custos, o que só será possível com maior participação da iniciativa privada.

A questão da energia ganhou contornos dramáticos. A oferta é afe-tada não só pelo baixo volume de chuvas, mas pelo baixo volume de in-vestimentos. Por isso, a energia já sai cara das turbinas. E quase dobra de preço, após receber uma enorme carga de encargos setoriais e impostos em cascata, tornando-se uma das mais caras do mundo.

A Fiesc tem priorizado a sua atuação nessas frentes, com um pro-grama intenso de trabalho. Avançamos, mas ainda temos uma enorme agenda a cumprir para restaurar a nossa competitividade. Determina-ção não falta à valorosa indústria catarinense. Esperamos o mesmo do Poder Público cujos mandatos se iniciam em janeiro. 

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

27.10.2014

Motivos para celebrar?

Ainda não! Ou melhor, os catarinenses devem celebrar de forma contida a assinatura da or-dem de serviço para elaboração do Estudo

de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Ferrovia Leste-Oeste. Isso se deve ao fato de que a retrospectiva histórica do desempe-nho da entrega das obras ferroviárias no Estado re-vela que a prática tem demonstrado uma distância significativa entre a intenção e a realização.

No trecho que liga São Francisco do Sul com a malha nacional, as obras dos contornos urbanos es-tão paradas. São intervenções importantes em umaferrovia estratégica em operação: Joinville (início em 2007, parada desde 2011), São Francisco do Sul (início em 2010, parada desde 2012), Jaraguá do Sul (o projeto, iniciado em 2000, ainda não foi concluído).

Em todos esses casos, as emissões das ordens de serviços e a promes-sa do cumprimento dos prazos contratuais foram intensamente cele-

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A ASSINATURA DA ORDEM DE SERVIÇO DO ESTUDO DE VIABILIDADE TéCNICA, ECONôMICA E AMBIENTAL DA FERROVIA LESTE-OESTE AINDA NÃO DEVE SER CELEBRADA.

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bradas. Hoje, além do transtorno na mobilidade dessas cidades, o Porto de São Francisco perde competitividade quando a composição de trens interrompe o tráfego destinado tanto à cidade quanto ao Porto.

No caso da Ferrovia Litorânea, apesar já terem sido investidos R$16 milhões no projeto, a FUNAI, assim como na BR-101, tem comprome-tido o seu andamento em função do sítio indígena existente no Morro dos Cavalos.

Segundo o DNIT, a FUNAI apresentou alternativa de traçado inviá-vel. A situação traduz um paradoxo frequente no País. Ao mesmo tem-po em que o governo anuncia medidas para o início de projetos e obras, a burocracia e ineficiência de órgãos subordinados do próprio governo, impõem obstáculos quase intransponíveis à execução de seus compro-missos.

O governo precisa melhorar gestão de suas obras, tanto para reduzir os seus custos quanto para acelerar a sua conclusão. No caso de Santa Catarina, são obras de transporte estratégicas para a sustentabilidade e competitividade do Estado.

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Artigo publicado originalmente no jornal Município Dia a Dia

15.10.2014

80 jovens anos

Participei, com alegria, da comemoração dos 80 anos de fundação da Associação Empre-sarial de Brusque, completados no último

dia 2, entidade que orgulha o associativismo cata-rinense e brasileiro.

Neste artigo, registro minhas homenagens ao presidente Edemar Fischer e aos seus diretores, ao tempo em que enalteço o grande trabalho que realizam pelo desenvolvimento da economia da região e pela contínua melhoria das condições so-ciais, políticas e culturais de todos os que vivem e trabalham nesse “vale tranquilo”, mas pujante.

A Fiesc também rende homenagens aos seus fundadores e a todos os empresários que já presidiram a ACIBr, assim como a todos os diretores que a ela já serviram e aos seus gestores e colaboradores.

Destaco, nos anos mais recentes, a liderança e o notável trabalho do industrial Ingo Fischer, que assumiu em agosto deste ano a vice-presi-

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ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE BRUSqUE (ACIBR) é UMA ENTIDADE qUE ORGULhA O ASSOCIATIVISMO CATARINENSE E BRASILEIRO.

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dência da Fiesc para a Região do Vale do Itajaí-Mirim, a quem agradeço por sua participação na diretoria que presido e pelo zelo com que defen-de os pleitos da região.

O trabalho voluntário junto às associações de classe é uma das mais importantes formas de atuação em prol da edificação e do desenvolvi-mento das comunidades em que se encontram. É seu papel, também, in-fluenciar o poder político em favor de práticas que valorizem o trabalho e assegurem o bem comum.

O direito e, mais do que isso, o dever da participação em ambientes em que, como a ACIBr, todos podem, responsavelmente, apresentar e debater suas contribuições é princípio inerente à democracia e à cida-dania.

Por essas razões, a Fiesc se associa às justas homenagens prestadas à ACIBr pelos seus primeiros e jovens 80 anos, confiante de que seu tra-balho pelo progresso da região e de sua gente prosseguirá, agora, com mais vigor, ainda.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

01.10.2014

Rotas para a indústria

A atual desaceleração do PIB é reflexo dos problemas estruturais brasileiros que reti-ram a competitividade da indústria, força

motriz da economia. A insuficiência de trabalha-dores com formação adequada às suas ocupações, o excesso de burocracia, a carga tributária elevada e as lastimáveis condições da infraestrutura são alguns dos principais entraves ao crescimento da economia.

A indústria catarinense é reconhecida pelo empreendedorismo, qualidade de seus produtos e serviços, bem como por suas marcas e empre-sas fortes. Em razão das questões citadas, todavia, que fogem ao seu controle, a indústria vive um momento emblemático, em que é difícil enfrentar a concorrência de outros países, onde o ambiente é mais favorável aos investimentos e à produção. Isso exige respostas cada vez mais rápidas, num cenário de comoditização e homogeneização

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O CAMINhO PARA O CRESCIMENTO E PARA A COMPETITIVIDADE COM SUSTENTABILIDADE PASSA PELA DIFERENCIAÇÃO E ExIGE INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO.

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de produtos em vários setores. O caminho para o crescimento e para a competitividade com sustentabilidade passa pela diferenciação e exige investimento em recursos humanos e inovação tecnológica, aumento das exportações, reposicionamento em nichos de produtos com maior valor agregado e aproveitamento das oportunidades do mercado interno.

Para apoiar esse esforço, os 16 setores mais promissores da indús-tria catarinense ganham, a partir de agora, rotas estratégicas. Fruto de mais de dois anos de debates e estudos de industriais e especialistas, o Programa de Desenvolvimento da Indústria Catarinense, da Fiesc, entra em nova fase nesta sexta-feira, quando, em Joinville, serão lançadas as rotas estratégicas de crescimento para os setores metalmecânico e de metalurgia. Os objetivos do programa são mapear as potencialidades e contornar os fatores que limitam o crescimento de cada setor até 2022. Um importante passo para melhorar a competitividade de nossa admi-rável indústria.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

27.06.2014

O mérito de quem acredita

A indústria catarinense está dando, mais uma vez, exemplo de confiança na recu-peração da economia, contrariando as

expectativas nacionais em relação ao seu cresci-mento. Com efeito, projeções recentes indicam que o crescimento da economia, neste ano, não será superior a 2%. Quanto aos investimentos, deverão situar-se em torno de 18%, mesmo nível verificado em 2013, abaixo, portanto, de índice de 22% previsto pelo governo quando lançou seu Plano Brasil Maior, em 2011. A maioria dos in-dustriais catarinenses, no entanto, vem manten-do os seus planos de investimento, reforçando a aposta em um futuro melhor para a nossa economia, conforme apontam os índices de empre-go e de desempenho da atividade industrial. Santa Catarina lidera em 2014 a geração de novos postos de trabalho na indústria, com elevação de 4,2% no número de empregados, contra ganho de 1,2% no índice

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CONTRARIANDO AS ExPECTATIVAS NACIONAIS, A INDÚSTRIA CATARINENSE ESTÁ DANDO ExEMPLO DE CONFIANÇA NA RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA.

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brasileiro. Além disso, as vendas da indústria catarinense acumulam, até abril, alta de 2,4%, contra uma variação de 0,7% no indicador nacional.

Esse comportamento, que gera um desempenho acima da média na-cional, está alinhado com a tradição da indústria de nosso Estado. É um legado que se projeta na Ordem do Mérito Industrial, o mais alto reconhecimento do setor em Santa Catarina. Na edição deste ano serão agraciados os industriais Avelino Bragagnolo, Gerd Edgar Baumer, Hy-lário Zen, João Carlos Brega e Vitor Mário Zanetti (in memoriam).

Santa Catarina também está sendo distinguida com a entrega, ao in-dustrial Frank Bollmann, da Comenda da Ordem do Mérito Nacional da Indústria, a mais importante condecoração da indústria brasileira, concedida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Bolmann se une a outros 26 catarinenses que já receberam essa honraria, desde a sua criação, em 1958, encabeçada pelo sempre lembrado governador Celso Ramos.

As homenagens desta sexta-feira serão prestadas no encerramento da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense. A programação contou com palestras, painéis e mesas redondas sobre temas como qualidade de vida, educação, tecnologia e inovação e am-biente institucional. São temas fundamentais para que setor produtivo do Estado, liderado por industriais diferenciados e que nos enchem de orgulho, prossiga em sua trajetória histórica de confiança no futuro do País.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

09.04.2014

SOS da agroindústria catarinense

O setor de alimentos é o segundo maior empregador da indústria catarinense, gerando mais de 100 mil postos diretos.

Somos uma potência no agronegócio e mode-lo para o País. Mas, apesar de conquistas anti-gas e mais recentes, como a abertura do mer-cado japonês para a carne suína, há grandes desafios. A maior parte da expansão do setor é realizada fora do Estado, que perdeu a lide-rança em produção e exportação de frangos para o Paraná. SC ainda lidera em carne suí-na. A produção local depende de insumos (mi-lho e farelo de soja) que vêm de caminhão do Centro-Oeste. Os fre-tes chegam a custar tanto quanto o produto transportado, tirando competitividade do Estado. O escoamento de produtos acabados também é problemático, devido à grande distância dos centros con-sumidores e portos. A solução passa por ferrovias ligando o Centro

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A PRODUÇÃO LOCAL DEPENDE DE INSUMOS qUE VêM DE CAMINhÃO DO CENTRO-OESTE, MAS O CUSTO DO FRETE TIRA A COMPETITIVIDADE DE SC.

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-Oeste do Brasil ao Oeste catarinense e essa região ao litoral, mas isso ainda vai demorar.

São necessárias ações imediatas. Há anos, várias regiões do País são contempladas com leilões de grãos do Governo Federal em condições favoráveis, mas Santa Catarina foi incluída apenas em dois desses lei-lões, recentemente. É muito pouco. Também é preciso incentivar e faci-litar a instalação de sistemas de armazenagem no Estado.

Há tentativas equivocadas de normatização das relações entre indús-tria e produtores. O sistema integrado de produção é uma parceria de negócios em que a indústria entra com material genético avançado, in-sumos e assistência técnica e os produtores cuidam da criação de aves e suínos. Estamos falando do sustento de aproximadamente 18 mil famí-lias no Estado. Ao invés de onerar a indústria com obrigações crescen-tes, é importante apoiar a ampliação e modernização dos produtores.

A agroindústria é um patrimônio de SC, que possui vantagens com-petitivas únicas, como é o caso do melhor status sanitário do País, tec-nologia de ponta e cultura produtiva no meio rural. É preciso acabar ur-gentemente com os entraves oriundos de inúmeras instâncias públicas, que travam o desempenho do setor, e propiciar ambiente mais favorável a essa importante atividade produtiva, para que continue gerando em-prego e renda.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

12.11.2013

Chega de violência

Os relatos vindos de todas as regiões do Bra-sil geram a sensação de que a violência se generalizou. Se o leitor não foi vítima re-

centemente, provavelmente conhece alguém bas-tante próximo que foi. Um parente, um vizinho ou um amigo.

A violência afeta, inclusive, uma das principais conquistas de nosso sistema democrático, que é a liberdade de expressão. É isso que ocorre quan-do indivíduos mal intencionados se infiltram em manifestações e protestos legítimos e pacíficos para realizar atos criminosos contra outras pes-soas, instituições ou o patrimônio público e privado. Participam para destruir e não para construir uma sociedade melhor.

O ambiente institucional brasileiro preocupa. Ao lado de outras tan-tas questões, podemos considerar que a violência já integra o famige-rado Custo Brasil, tanto para o cidadão quanto para as empresas. Infe-

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A VIOLêNCIA AFETA, INCLUSIVE, UMA DAS PRINCIPAIS CONqUISTAS DE NOSSO SISTEMA DEMOCRÁTICO, qUE é A LIBERDADE DE ExPRESSÃO.

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lizmente, se tornou algo que não pode mais ser desprezado na hora da definição de novos investimentos. E isso é grave, pois deles depende o desenvolvimento, pré-condição para gerarmos os recursos necessários para duas das questões centrais também no enfrentamento do crime: o fortalecimento da educação e a distribuição de renda.

Por isso, não se pode esperar mais. A sociedade precisa reagir e co-brar providências claras e enérgicas do Estado brasileiro, em todas as suas esferas de governo e nos três Poderes, antes que a situação fique incontrolável. A ação do crime organizado, em especial do ligado ao trafico de drogas, precisa ser coibida. Não é possível conviver com a percepção de que assassinatos, roubos, balas perdidas e depredações, junto com a corrupção e a impunidade, sejam algo normal. O Estado tem o dever não só de agir para impedir que as situações de violência se desenvolvam, assim como de punir rigorosamente os que as praticam. E as famílias brasileiras tem o direito de viver, trabalhar e criar os seus filhos em segurança. Não é pedir muito, não é mesmo?

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Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico

26.09.2013

Carvão sem preconceito

Vivemos num mundo saturado de infor-mação em que, paradoxalmente, é difícil chamar a atenção para um ponto de vista

alternativo ao predominante, mesmo quando este contém imprecisões e é permeado pela ideologia. Infelizmente, esse parece ser o caso do uso do carvão mineral como fonte energética no Brasil. Sua reputação tem origem em crenças equivoca-das de que se trata de um combustível ineficien-te, poluidor e gerador de problemas sociais. O preconceito pode levar o país a desperdiçar uma excelente oportunidade de diversificar e ampliar sua oferta de energia elétrica diante de um cenário desafiador, além de abrir importante frente de desenvolvimento regional em locais de eco-nomia deprimida.

Foi preciso que a fragilidade do sistema energético nacional se fi-zesse evidente para que a geração térmica a carvão mineral voltasse a

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é UM EqUíVICO ACREDITAR qUE ESTE é UM COMBUSTíVEL INEFICIENTE, POLUIDOR E GERADOR DE PROBLEMAS SOCIAIS.

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ser contemplada nos leilões de compra de energia do Governo Federal. Devido ao baixo nível dos reservatórios e dos anos que ainda serão necessários para a entrada em operação de novos grandes projetos, a energia térmica é requerida com frequência crescente. E hoje essa ener-gia depende, basicamente, da geração a partir de carvão mineral. Isso porque a capacidade de expansão das termelétricas a gás é limitada pelo alto custo do produto importado na forma GNL e pelo esgotamento da oferta de gás boliviano. O leilão A-5, do final de agosto, reflete esse cenário. Não faltaram, entretanto, artigos e opiniões lamentando o fato de o país estar “sujando” sua matriz energética.

Mas é necessário olhar para a questão com racionalidade e se ba-sear em informações consistentes. Para sustentar suas necessidades de crescimento econômico o Brasil precisa dobrar a capacidade instalada de energia nos próximos 15 anos, segundo o Governo Federal. Isso não é possível só com hidrelétricas. Devido aos impactos socioambientais dos alagamentos, as novas usinas têm sido projetadas a fio de água, re-sultando em pequenos reservatórios. Isso diminui o poder gerador em determinadas épocas do ano. Além disso, já na próxima década estarão esgotadas as áreas com potencial hidráulico na Amazônia. Ainda assim, nos próximos 20 anos o Brasil terá 80% de sua geração proveniente de fontes renováveis. A segurança do sistema dependerá dos outros 20%.

A complementação da oferta com energia térmica poderá vir de usi-nas a óleo e gás natural. São combustíveis também fósseis e mais caros do que o carvão mineral. As reservas de gás do Pré-sal não poderão ser utilizadas no curto prazo, e ainda é incerto o cenário de custos e de oferta futura. Por outro lado, a energia do carvão mineral é a mais dis-ponível, competitiva e barata dentre as térmicas. O carvão representa 42% dos recursos energéticos nacionais em toneladas equivalentes de petróleo (TEP), fatia maior do que o petróleo e o gás natural somados. Opor-se a sua utilização como fonte complementar à hidráulica não é

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coerente com as necessidades do Brasil e com os caminhos trilhados por outros países.

O carvão mineral é não somente a fonte energética mais abundante e utilizada no planeta, como também a que mais cresceu nos últimos 10 anos. Ao contrário do que se apregoa, os bancos internacionais de fo-mento têm financiado a geração a carvão, por entenderem a correlação entre energia elétrica e o desenvolvimento socioeconômico. Num mun-do em que 2,6 bilhões de pessoas vivem na miséria e 1,5 bilhão não têm acesso à eletricidade, a ONU, na Rio+20, definiu o fortalecimento da economia e a erradicação da pobreza como prioridades para os países em desenvolvimento. Outro desafio global proposto é a união de países em torno da proteção ambiental.

É nesse sentido que a ampliação do parque gerador da China, que tirou 600 milhões de pessoas da miséria em 20 anos, foi sustentada por amplo programa de eficiência energética e de redução de emissões de CO2 – a matriz energética do país é preponderantemente a carvão. No mundo desenvolvido, a Europa, que paga pela energia 25% a mais do que os EUA, tem dado sinais claros da necessidade de dispor de eletri-cidade a preços competitivos para viabilizar a sua indústria. Entre 2012 e 2014 a Alemanha colocará em operação mais 10,6 GW de geração na base de carvão mineral.

O Brasil tem um consumo per capita de energia equivalente à metade do de Portugal. Se o país está em déficit energético com sua população, exibe um superávit ambiental com o resto do mundo. A participação de renováveis na matriz elétrica brasileira é de 89%, enquanto a média mundial é de 20%. Por isso o país está na 41ª posição entre os emissores globais. Com um parque instalado de 1,7 GW, o carvão responde por apenas 1,4% da geração do Brasil. A ampliação desse parque para 16 GW nos próximos 20 anos manteria insignificantes as emissões do país, diante das globais.

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Vale ressaltar que a tecnologia ambiental no setor anda a passos lar-gos. Novos sistemas produtivos são mais eficientes para a conversão da matéria-prima em energia e, desde os anos 80, as emissões de dióxido de enxofre foram reduzidas em 80%. A cadeia produtiva é certificada no sistema de gestão ambiental ISO 14001 e investe em um centro de tecnologia em Criciúma (SC) para o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono.

O crescimento da indústria do carvão terá impacto relevante na eco-nomia do Sul, o que justifica a união de forças dos três estados da região para o desenvolvimento da cadeia. Ela movimenta R$ 8 bilhões por ano e emprega 53 mil pessoas. Existem 2,4 GW em projetos de usinas térmicas com licença ambiental. Viabilizados esses projetos, até 2020 serão investidos cerca de R$ 13 bilhões e os empregos no setor salta-rão para 83 mil. O aumento da geração local também significará mais segurança para o Sul, que depende da importação de grandes blocos de energia do Sistema Interligado Nacional. Em suma, o abundante carvão mineral é estratégico para as ambições do país. Só precisa deixar de ser tratado com preconceito.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

22.07.2013

Terceirização: uma oportunidade

Embora fundamental para a competitividade, hoje a terceirização de partes das atividades realizadas pelas empresas gera insegurança

jurídica, em função da falta de uma regulamen-tação clara que estabeleça as responsabilidades de quem contrata e de quem fornece os serviços. O Congresso debate neste momento o Projeto de Lei 4330/04, que pode trazer avanços importantes para empresas e trabalhadores.

A CLT, que acaba de completar 70 anos pra-ticamente intacta, precisa ser adaptada ao século XXI. O desenvolvimento tecnológico e a neces-sidade de inovar criaram uma nova realidade e ela deve ser levada em conta na organização do trabalho. Hoje não podem ser ignoradas ques-tões como a especialização, o trabalho a distância, o horário flexível e o teletrabalho. O desafio é compatibilizar a flexibilidade exigida pelos no-vos tempos com a proteção dos direitos do trabalhador. Nesse sentido,

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A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALhO, qUE ACABA DE COMPLETAR 70 ANOS PRATICAMENTE INTACTA, PRECISA SER ADAPTADA AO SéCULO xxI.

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o PL 4330/04 é um avanço. Mesmo sem ser uma unanimidade, ele pro-cura esclarecer a questão, direcionando a terceirização a serviços espe-cializados. Também garante aos trabalhadores terceirizados os salários, 13º salário, férias e todas as garantias da legislação e dos acordos e con-venções coletivas das respectivas categorias. Além disso, a contratante do serviço poderá ser demandada caso a terceirizada não cumpra suas obrigações com o empregado, sem prejuízo ao trabalhador. As tercei-rizadas também terão que preencher requisitos mínimos para garantir eventual rescisão trabalhista.

Por isso, ao formalizar as regras para a atividade, o projeto fará com que a terceirização, ao contrário do que muitos dizem, não seja sinô-nimo de precarização das relações de trabalho. Pelo contrário, servi-ços especializados podem, inclusive, ser melhor remunerados. Temos uma oportunidade única para construir um marco legal que, respei-tando os direitos dos trabalhadores, vai possibilitar, além de maior se-gurança jurídica, a realização de novos investimentos e o surgimento de bons empregos.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

19.07.2013

Normas regulamentadoras: transição segura

Com a evolução do processo industrial cres-ceu a importância e a preocupação com a segurança e saúde no trabalho. São questões

que, além da obrigação legal, constituem, em mui-tos casos, diferenciais de competitividade para as empresas, as quais, mais do que nunca, precisam de bons ambientes de trabalho para que seus pro-fissionais possam exercer todos os seus talentos.

A indústria, bem como as empresas dos demais setores, tem a obrigação de proporcionar um local de trabalho adequado e corrigir imediatamente as situações de insegurança. Contudo, uma série denormas regulamentadoras, as chamadas NRs, do Ministério do Traba-lho e Emprego, têm trazido dificuldades na sua aplicação, inclusive para as companhias que já se envolvem com a questão há muito tempo.

As NRs apresentam referências técnicas, princípios e medidas de proteção, visando à segurança do trabalhador e estabelecem requisitos

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AS NORMAS NEM SEMPRE SÃO CLARAS E PRECISAS, ALéM DE, MUITAS VEZES, ESTABELECEREM PRAZOS INSUFICIENTES PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO.

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para prevenção de acidentes e doenças. Mas elas nem sempre são cla-ras e precisas, além de, muitas vezes, estabelecerem prazos insuficientes para a sua implementação. Muitas vezes, como é o caso da NR 12, que trata de máquinas e equipamentos, contêm minúcias excessivas que re-querem grande esforço e investimentos incompatíveis com a sua finali-dade originária.

Assim, sem jamais perder de vista a segurança do trabalhador, é ne-cessário que se revisem esses regulamentos e, além disso, que se esta-beleça processo de transição para cumprimento das novas exigências. Nem sempre é possível realizar todas as alterações num estalar de de-dos. É fundamental que sejam consideradas questões como a disponi-bilidade dos fabricantes para oferta das novas máquinas e o cronogra-ma financeiro de investimentos, além de medidas complementares de treinamento para fortalecer o processo de transição. Como sabemos, educação e segurança andam sempre juntas.

Assim, as NRS deveriam considerar um diagnóstico e um cronogra-ma para a efetivação das mudanças, dentro de critérios técnicos, prefe-rencialmente com a participação de organizações voltadas à qualificação profissional, segurança e saúde do trabalhador, como o SENAI e o SESI. O histórico da empresa no campo da segurança também precisaria ser considerado.

Para migrar de um ambiente seguro para um que propõe maior se-gurança ainda, o aperfeiçoamento das NRs é medida que se impõe, dado que a sua aplicação exige bom senso e razoabilidade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico

17.05.2013

A Resolução 13, a guerra fiscale o caos tributário

Glauco José Côrte, presidente do Sistema FiescNelson Madalena, ex-Secretário da Fazenda de Santa Catarina

Um dos mais controvertidos impostos do Sistema Tributário, o ICMS, vem sendo objeto de estudos, pareceres, projetos de

emenda à Constituição, de leis complementares e inclusive de manifestações reiteradas do STF. As maiores controvérsias estão nos incentivos fiscais e na divisão da arrecadação. Não faltam suges-tões de medidas simplificadoras, modernizado-ras e harmonizadoras, mas elas não são aprova-das devido ao impacto nas finanças dos Estados.

Enquanto uma reforma ampla não é apro-vada, alterações pontuais são estabelecidas, deacordo com a gravidade do problema que se apresenta. Mas essas so-luções, embora resolvam algumas questões inadiáveis, criam outros problemas ou agravam os existentes, desorganizando a tributação a ponto de não termos mais um “Sistema Tributário”. Também com-prometem a segurança jurídica e geram custos ao setor produtivo.

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AS NRS NEM SEMPRE SÃO CLARAS E PRECISAS, ALéM DE, MUITAS VEZES, ESTABELECEREM PRAZOS INSUFICIENTES PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO.

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Um exemplo disso é a Resolução 13/2012. Aprovada pelo Senado com o propósito de acabar com a denominada guerra dos portos, fi-xou a alíquota interestadual em 4% para produtos importados ou pro-duzidos a partir de matéria-prima importada. Até então, eram duas as alíquotas interestaduais: de 12% e de 7%. Desde janeiro de 2013 são três. Como a alíquota interestadual é o parâmetro para determinar o conceito de benefício fiscal, pois a Constituição prevê que a alíquota interna não pode ser menor do que a interestadual, surge a questão de qual das três deve balizar a política fiscal que cada Estado pode pra-ticar sem submeter ao CONFAZ. Majoritariamente tem-se entendido que a baliza é a alíquota de 12%, de modo que qualquer tributação, que resulte carga tributária menor, enquadra-se no conceito de “benefício fiscal”, devendo ser submetida ao CONFAZ. Mas sempre existe o risco de interpretações divergentes, pela ausência de uma norma específica sobre a matéria.

É o primeiro efeito colateral da Resolução, pois pode prevalecer o entendimento de que a alíquota interestadual determinante da alíquota interna mínima seja a de 4%. Neste caso, o efeito será contrário ao pretendido, porque o ente da Federação que adotar esse entendimento poderá instituir tratamentos tributários diferenciados, em desfavor da uniformidade necessária ao equilíbrio nacional. A entrada do produto importado é uma operação interna. Prevalecendo como parâmetro mí-nimo a alíquota interestadual de 4%, o Estado que usá-lo para tributar tal tipo de operação, criará um fator de desigualdade com graves prejuí-zos ao parque industrial nacional.

É importante, desse modo, que se defina, claramente, que a alíquota interna não pode ser menor do que 12% e que o mesmo percentual seja a baliza para a definição do conceito de benefício fiscal.

Mesmo que continue a vigorar na importação a alíquota de 17%, legislações estaduais autorizam a concessão de regimes especiais de tri-

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butação, concedendo créditos presumidos e diferimentos parciais, na entrada e na operação interna seguinte, de modo que, até que ocorra a operação interestadual, a carga tributária final fique igual ou inferior a 4%, criando tratamento desigual entre o produto importado e o nacio-nal, em detrimento do segundo.

Pode-se argumentar que o imposto na operação interestadual não integra o custo de aquisição e que a diferença será recolhida nas etapas subsequentes. O argumento procede, mas só em parte, pois quando o adquirente for enquadrado no Simples, por exemplo, não existe crédi-to e o imposto da aquisição é um componente do custo de aquisição. Para contornar o problema, os Estados vêm exigindo o diferencial de alíquotas, na entrada da mercadoria nos seus territórios, gerando novos controles, a cargo do contribuinte, que afetam a competitividade das empresas nacionais. Além disso, existe a questão do prazo de estoca-gem, pois o imposto maior, pago na aquisição interestadual, constitui adiantamento de parte do custo recuperável na operação final com o produto.

Indústrias de médio porte, de diversos setores, poderão ser prejudi-cadas, pois vendem para comerciantes enquadrados no Simples, ficando sujeitas à carga tributária de 12% ou de 17%, tendo que concorrer com produtos importados, tributados em 4%.

Outro efeito colateral indesejado, criado pela resolução, diz respei-to à aferição do conteúdo de importação. Depois de ampla discussão e pressionado por reiteradas manifestações de Juízes e Tribunais, decla-rando a impossibilidade de se exigir a indicação, nos documentos fis-cais, do custo de aquisição, o CONFAZ simplificou consideravelmente a certificação do conteúdo de importação. A questão afeta principalmente o setor industrial que utiliza como insumo produto importado ou com conteúdo de importação. Pelas novas normas, veiculadas através do Convênio 13/2013, o conteúdo de importação será informado através de

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Certificado, elaborado e apresentado periodicamente, ou reapresentado quando ocorrer alteração da relação percentual, dispensada a indicação do custo de aquisição na nota fiscal relativa à venda do produto indus-trializado. O novo método preserva o sigilo comercial, e a informação, prestada apenas no Certificado, circula entre os entes da Federação e o contribuinte que promove a operação. O adquirente da mercadoria terá de exibir ao fisco do seu Estado, para comprovar a regularidade da tri-butação na origem, apenas a nota fiscal emitida pelo fornecedor, na qual deverão constar apenas informações destinadas a identificar a origem do produto, mas que não comprometem o sigilo comercial, tais como o Código da Situação Tributária e o conteúdo da importação, o último limitado a referência dos índices percentuais.

O novo Convênio adotou critério plenamente razoável de aferição do aludido conteúdo: quando o valor da entrada for de até 40%, o produto resultante será considerado nacional; superior a 40% e até 70%, empre-gar-se-á cinquenta por cento do valor da entrada como importado; aci-ma de 70%, será considerado como 100% importado. O critério, apesar de eventuais questionamentos sobre a competência do órgão colegiado para estabelecer limites, é razoável e permitirá aplicação satisfatória de regra de grande complexidade operacional, que nem o próprio Senado quis enfrentar, quando da aprovação da Resolução.

Um terceiro aspecto envolvendo alíquota interestadual significati-vamente inferior à interna, que deverá impactar os contribuintes dos Estados que não adotarem regimes especiais nas operações anteceden-tes à interestadual, é que a existência de uma alíquota menor do que as demais, em determinada etapa do processo de circulação, compromete o já complexo sistema da não cumulatividade. Trata-se do problema do acúmulo de crédito. O Estado que não conceder diferimento parcial, nem reduzir o imposto da importação inviabilizará as tradings, que não poderão operar taxando a importação em 17% e a operação seguinte em

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4%. Mesmo empresas industriais, que usam matéria-prima importada, dependendo da margem de valor agregado, poderão acumular créditos, perdendo competitividade.

É necessária uma lei complementar para disciplinar as questões aqui levantadas, pois, do contrário, cada Estado poderá adotar medidas pro-tegendo seus interesses, em detrimento da harmonização da tributação. O ideal é uniformizar a tributação nas operações interestaduais, com uma única alíquota, projeto já em tramitação no Senado Federal, e a alteração da Lei Kandir, estabelecendo regras claras sobre crédito even-tualmente acumulado, em decorrência da diferença entre a alíquota interna e a interestadual, para não onerar o setor produtivo, além de outras matérias que exigem tratamento uniforme em todo o território nacional.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

21.03.2013

As pessoas e a competitividade

O mundo cada vez mais competitivo exige que as organizações melhorem continua-mente seu desempenho. Isso é ainda mais

importante no caso brasileiro, onde o ambiente para negócios põe por água abaixo grande parte dos esforços dos empresários na busca pela efi-ciência. Para compensar o impacto provocado nos custos de produção por questões como in-fraestrutura e tributos elevados, a indústria pre-cisa se superar, por meio da inovação, de ganhos de produtividade ou diferenciando-se com estra-tégias de marketing arrojadas.

Só se supera desafios como esses com pessoas altamente qualificadas e estimuladas. Temos um longo caminho a percorrer até mudarmos a realidade da educação e da qualificação da força de trabalho, mas o País acordou para a questão. Da mesma forma, as empresas estão se dan-do conta de que bons ambientes de trabalho, desafiantes e motivantes,

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Só SE SUPERA OS DESAFIOS APRESENTADOS ATUALMENTE NO BRASIL COM MAIS EFICIêNCIA E PESSOAS ALTAMENTE qUALIFICADAS E ESTIMULADAS.

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são pré-condição para um bom desempenho e para a ampliação de suas presenças no disputado mercado global.

Assim, tem significado especial para o Sistema Fiesc a conquista do Prêmio Melhores Empresas para se trabalhar em Santa Catarina pelo SENAI-SC (1ª posição) e pelo SESI-SC (2ª) entre as grandes empresas (acima de mil empregados) e, ainda, do segundo lugar pela própria Fiesc entre as organizações com até mil empregados, conforme pesquisa do Instituto Great Place to Work.

Esses prêmios evidenciam o reconhecimento positivo da política de gestão de pessoas do Sistema Fiesc. Além disso, representam uma ga-rantia adicional para a qualidade dos serviços prestados em educação, consultoria, inovação, qualidade de vida e representação institucional, tendo, assim, direta correlação com a competitividade da indústria ca-tarinense, foco central e principal de nossa atuação.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

19.01.2013

Além da queda na demanda externa

A pequena valorização do dólar não foi capaz de evitar um desempenho pífio na balança comercial brasileira, que teve o pior resul-

tado em dez anos e fechou 2012 com queda de 5% nas exportações e de quase 35% no saldo co-mercial. Santa Catarina registrou redução menor nos embarques (de pouco mais de 1%), mas não tem muito a comemorar. O Estado teve o quarto déficit consecutivo, comprando US$ 5,6 bilhões a mais do que vendeu no exterior. Características próprias, como o complexo portuário diferen-ciado e o incentivo a importações, destinadas atodo o País por meio dos terminais catarinenses, explicam o descom-passo entre exportações e importações.

Tanto o resultado do Estado quanto o nacional refletem o cenário externo adverso, que retrai o comércio ao redor do globo. No caso brasi-leiro, ainda é necessário considerar a queda dos preços das commodities.

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TANTO O RESULTADO DO ESTADO qUANTO O NACIONAL REFLETEM O CENÁRIO ExTERNO ADVERSO, qUE RETRAI O COMéRCIO AO REDOR DO GLOBO.

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Mas a retração da demanda é apenas parte do problema, pois outros países se saíram melhor. Como confirma relatório do Banco Mundial divulgado no começo de janeiro, a piora das condições de competitivi-dade do Brasil nos últimos anos afeta o seu desempenho no mercado internacional. Baixa produtividade, salários reais crescentes e ambien-te desfavorável aos negócios ajudam a justificar nosso desempenho no mercado externo, aponta o estudo.

Dados do J.P.Morgan mostram que desde 2001 o salário médio da indústria no Brasil saltou de US$ 309 para 866, tornando-se o mais ele-vado entre os países emergentes listados. No México a elevação foi de US$ 352 para US$ 455, na China de US$ 74 para 348, na Tailândia de US$ 139 para US$ 323, no Vietnam de US$ 112 para 193 e na Indonésia de US$ 52 para 148. A baixa competitividade estrutural do País nos ma-nufaturados é parte da explicação para o fato de, apesar de todo poten-cial e do parque fabril atualizado, o Brasil concentrar as exportações em itens básicos e embarcar apenas o equivalente a 10% do PIB, enquanto na Índia essa relação é de 18%, na China de 26% e na Rússia de 27%. Em SC o valor agregado ainda é maior do que a média nacional. De fato, o preço médio por quilo exportado em 2012 por SC foi de US$ 1,82 con-tra US$ 0,44 do Brasil.

Para inovar, aumentar o conteúdo tecnológico e o valor agregado aos produtos, bem como para ganhar produtividade, a indústria precisa de mais trabalhadores qualificados. O governo federal está atento à questão e, no Estado, o Sistema Fiesc dá prosseguimento a ações consistentes para ajudar a mudar essa realidade. Mas, ao mesmo tempo, é urgente enfrentar as demais questões que encarecem nossos custos de produção, como a infraestrutura deficiente, a carga tributária elevada e a legislação traba-lhista defasada. Do contrário, a indústria local seguirá perdendo espaço, enquanto as contas externas do País ficarão sujeitas a variáveis como a oscilação dos preços das commodities e do apetite da China por elas.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

23.12.2012

Algo errado no seguro-desemprego

A proteção ao trabalhador desempregado é uma conquista das modernas sociedades e constitui importante instrumento de pro-

teção social. Todavia, sua utilização deve ser feita com moderação e, principalmente, respeitando a real necessidade do trabalhador e do mercado de trabalho. No Brasil, as estatísticas do governo de-nunciam que algo está errado. Em 2011, enquan-to os gastos diretos do Ministério da Educação foram da ordem de R$ 44,5 bilhões, os do Minis-tério do Trabalho e Emprego chegaram a R$ 50,6 bilhões, dos quais R$ 32,8 bilhões apenas com o seguro-desemprego.

No ano passado foram concedidos em Santa Catarina 306 mil bene-fícios de seguro-desemprego, o que corresponde a quase metade do total de trabalhadores da indústria de transformação. Essa conta não fecha. Afinal, vivemos uma realidade de falta de força de trabalho, problema

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EM 2011, OS GASTOS DO MINISTéRIO DO TRABALhO E EMPREGO ChEGARAM A R$ 50,6 BILhõES, DOS qUAIS R$ 32,8 BILhõES APENAS COM O SEGURO-DESEMPREGO.

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enfrentado pelo setor produtivo em todas as regiões de nosso Estado. Embora atravesse um momento particularmente difícil, especialmente em alguns de seus segmentos, a indústria foi o setor que mais empregos formais novos criou em Santa Catarina no período janeiro-setembro.

É verdade que o governo realizou um esforço para aperfeiçoar o se-guro-desemprego, vinculando sua concessão à realização de curso pro-fissionalizante quando, no prazo de 10 anos, o benefício é requerido pela terceira vez consecutiva. Apesar do avanço, a medida não é sufi-ciente. O curso já deveria ser exigido na concessão do segundo benefí-cio e a fiscalização precisa aumentar. Além disso, os empresários devem ter maior participação no processo de recolocação dos trabalhadores junto ao Sistema Nacional de Emprego (SINE), que necessita de uma estrutura adequada nos municípios. É nos municípios que estão as em-presas e as vagas. O que não é razoável é o seguro-desemprego consu-mir proporção tão elevada dos gastos do governo, que precisa investir com urgência na melhoria de serviços básicos, como saúde, segurança e infraestrutura. O empresário e o trabalhador que cumprem a lei estão pagando essa conta.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

29.10.2012

Bayerische Motoren Werken

Para a maioria das pessoas o título acima po-deria estar relacionado ao fato de que mais uma empresa estrangeira decidiu instalar-

se em nosso Estado. Trata-se, na verdade, de uma decisão que trará repercussões extremamente po-sitivas para Santa Catarina. A omissão da sigla – conhecida internacionalmente – foi intencional, para saudar a decisão da BMW de aqui instalar a sua primeira unidade industrial na América Lati-na. Em português, Fábrica de Motores da Bavária.De acordo com a consultora britânica Interbrand, a marca BMW está avaliada em US$ 22 bilhões,ocupando a 15ª posição no ranking das marcas mais valiosas do mundo. A BMW iniciou suas atividades fabricando motores para aviões na cidade de Munique, em 1916. Desde então mantém posi-ção de destaque mundial na fabricação de motores para aviões, mo-tocicletas e automóveis.

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A MARCA BMW ESTÁ AVALIADA EM US$ 22 BILhõES, OCUPANDO A 15ª POSIÇÃO NO RANkING DAS MARCAS MAIS VALIOSAS DO MUNDO.

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Uma vigorosa associação de fatores positivos levou a BMW a optar por Santa Catarina. A articulação do governo estadual e a cooperação de entidades com a Fiesc foram decisivas. Mas não se pode deixar de destacar a vocação catarinense para abrigar investimentos dessa natu-reza. Segundo declarações dos executivos da própria BMW a escolha se deu, dentre outros motivos principais, pela existência de trabalhadores tecnicamente preparados, pela reconhecida qualidade da indústria local (potencial fornecedora), assim como pela boa infraestrutura portuária estadual. Igualmente, o conhecimento de que o governo e as entidades do setor privado, entre as quais Senai e Sesi, tem condições de atender as suas demandas.

A decisão realça alguns diferenciais competitivos catarinenses, que devem ser criteriosamente considerados e mantidos. Sobretudo, porque outros investimentos aqui aportarão, tanto de empresas do país e do ex-terior, quanto das indústrias locais, que estão se modernizando através da aquisição de bens de capital e de investimentos na área da inovação.

Essa promissora perspectiva remete à necessidade de reforçar de for-ma eficiente e temporal os investimentos nas áreas de educação, saúde, saneamento básico, transporte, telecomunicação e energia, para que seja possível alinhar essa expansão com os compromissos de sustentabilidade e de competitividade que fazem de Santa Catarina um Estado diferente.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

25.09.2012

Avanços relevantes

O Governo Federal anunciou recentemente medidas relacionadas com três importantes componentes do custo Brasil – transporte,

energia e encargos sociais. São antigas demandas do setor produtivo que, implantadas, beneficiarão a toda a sociedade. Indicam uma nova determinação para definição de uma agenda positiva para o País.

O primeiro conjunto de medidas tem como base um modelo de concessão para atrair inves-timentos privados em rodovias e ferrovias. Os resultados não serão sentidos de imediato, pois obras dessa natureza exigem tempo. Mas é forade dúvida que o tempo para o setor privado é diferente daquele admi-nistrado pelo setor público, inclusive em face de disposições legais e de recursos disponíveis. Se a regulamentação, contudo, propiciar um esta-tuto seguro para os investidores, em menos tempo do que seria previsí-vel imaginar teremos avanços importantes a comemorar nessa área.

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O CONJUNTO [DE MEDIDAS], PORTANTO, é FAVORÁVEL AO CRESCIMENTO DOS INVESTIMENTOS, àS ExPORTAÇõES E à GERAÇÃO DE EMPREGOS.

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O segundo conjunto prevê a aplicação de redutores nas tarifas de energia, sustentados na subtração de 7% dos encargos e de 13% de an-tecipação da renovação das concessões. Neste caso o desafio é grande, uma vez que o resultado depende de negociações complexas com as concessionárias, pois a antecipação da renovação das concessões está condicionada ao compromisso de investimentos na qualidade do forne-cimento, na estrutura de geração, transmissão e distribuição e na obser-vação da modicidade tarifária.

E o terceiro ampliou a relação de setores atingidos com a desonera-ção da folha de salários, medida que tem largo alcance para a indústria.

O conjunto, portanto, é favorável ao crescimento dos investimentos, às exportações e à geração de empregos, revelando uma importante dis-posição do governo da presidente Dilma de contribuir para a melhoria da competitividade das empresas. Outros passos precisam ainda ser da-dos, como é o caso da reforma tributária. O ambiente está ficando cada vez mais favorável para isso.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

12.09.2012

quem é responsável pela competitividade?(parte 1)

Santa Catarina possui um setor industrial com-petitivo, constituído por empresas que se des-tacam nos mercados nacional e internacional.

Ainda assim, algumas indústrias não vão bem. Parte delas atribui somente aos fatores externos a maioria das suas dificuldades, as quais, todavia, poderiam ser enfrentadas com algumas ações internas.

Eis um exemplo pontual: a Fiesc realizou uma pesquisa sobre os custos logísticos e apurou que, em determinado setor industrial, eles represen-tam, em média, R$ 0,18 por real faturado. Des-te valor, 67%, estão relacionados com a gestãode estoque (fator interno às empresas), 19% com transporte (fator exter-no) e o restante com questões administrativas, processamento de pedi-dos e armazenagem. Acontece que, na comparação entre as empresas da amostra, verificou-se que, no mesmo ambiente territorial e tributário, a empresa líder despende com logística apenas R$ 0,08 para cada real

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MESMO COM UMA GESTÃO IRRETOCÁVEL, AS VANTAGENS COMPETITIVAS SE EVAPORAM NO FAMOSO E VELhO “CUSTO BRASIL”.

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faturado. Situações como essas são encontradas em várias outras áreas e reforçam a tese de que a competitividade tem que ser constantemente gerenciada.

De outro lado, não se pode minimizar os fatores que não se en-contram sob o domínio das empresas. Mesmo que o industrial tenha uma gestão irretocável, as vantagens competitivas se evaporam na malha viária precária, nos custos de energia elevados, na carga tribu-tária excessiva, na burocracia, encargos sociais, enfim, no famoso e velho “Custo Brasil”. Nesses casos, o associativismo, por intermédio da representação das entidades de classe, exerce importante papel na defesa dos interesses.

Nesse sentido, um exemplo da atuação da indústria, por meio da Fiesc, se dá por meio do monitoramento dos cronogramas e dos recur-sos investidos na infraestrutura de transporte catarinense e da Região Sul, cujos resultados confirmam as dificuldades da União de executar os investimentos previstos nos orçamentos. No período 2004-2012 fo-ram previstos para a Região Sul investimentos de R$ 17,3 bilhões na infraestrutura de transportes, sendo que foram efetivamente executados somente R$ 8,2 bilhões ou 47% da previsão original.

Tal situação levou as Federações do Paraná (FIEP), Santa Catarina (Fiesc) e Rio Grande do Sul (FIERGS), com apoio da Confederação Na-cional da Indústria (CNI) e do BRDE, a contratar e desenvolver o Proje-to Sul Competitivo, com o objetivo de identificar os eixos de transportes na área de influência de toda a Região Sul e do Mercosul, os quais, quan-do implementados, trarão relevantes reduções nos custos logísticos. O relatório final sugere a priorização de 51 projetos, em oito eixos de transportes, importando em investimentos da ordem de R$ 15 bilhões, cuja implantação gerará economia anual de R$ 3,4 bilhões e a redução de 7% nos custos logísticos da Região.

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A qUESTÃO é SABER SE A DEFESA DO INTERESSE DE UMA CATEGORIA, MESMO qUE LEGíTIMA, DEVE PREVALECER SOBRE O INTERESSE PÚBLICO.

Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

12.09.2012

quem é responsável pela competitividade?(parte 2)

Na primeira primeira parte deste artigo des-tacamos questões que devem ser gerencia-das pelas indústrias para se tornarem mais

competitivas e outras que competem ao setor pú-blico e que podem prejudicar os esforços empre-sariais no enfrentamento da concorrência.

Observar tendências também é essencial para a manutenção e aumento da competitividade. Atual-mente, a sustentabilidade é um diferencial com-petitivo importante. Consumidores conscientes optam por produtos que incorporam boas práticas socioambientais. Indústrias já são solicitadas porclientes e financiadores, estrangeiros e nacionais, a apresentar re-latórios de sustentabilidade. São exigidas informações de toda a cadeia de fornecedores sobre a gestão de resíduos, emissões, ciclo de vida do produto, rastreabilidade do consumo de energia, maté-rias-primas, água, interação com a comunidade de entorno e o bom

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ambiente organizacional, entre outras, como condição para manu-tenção das relações de comércio.

O Plano Sustentabilidade para a Competividade da Indústria Cata-rinense, recentemente lançado pelo Sistema FIESC, propõe ações para apoiar a internalização do conceito e a sustentabilidade no processo produtivo. Uma das ações desse plano foi a realização de um diagnósti-co sobre a eficiência energética na indústria catarinense. Resultados da amostra indicam que 30% das empresas não possuem objetivos e nem metas para redução do consumo de energia. Como no caso da logísti-ca, esse cenário indica que parcela relevante das empresas ainda precisa fazer o chamado “dever de casa”, embora muitas já estejam avançadas nesse campo. A conservação e o uso racional da energia podem contri-buir com o meio ambiente e para redução nos custos de produção, dimi-nuindo o impacto dos custos de energia, um dos mais altos do mundo. A propósito, a FIESC tem sido ativa na cobrança da redução das tarifas (fatores externos), que são altas principalmente em função dos tributos e encargos incorporados nos preços. Felizmente, o governo federal aca-ba de anunciar medidas visando a redução desses custos.

As situações apresentadas são uma pequena amostra de que a com-petitividade não é um processo estático. Exige, além de outras ações, a identificação dos problemas e a busca de soluções criativas, concomi-tantemente com investimentos mais vigorosos em inovação. A indústria catarinense, com apoio do Sistema FIESC, aumenta a sua compreensão para a urgência de melhorar sua competitividade, o que resultará em aumento de investimentos e de novas vagas de trabalho. Dessa forma, ampliaremos substancialmente a qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias.

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A qUESTÃO é SABER SE A DEFESA DO INTERESSE DE UMA CATEGORIA, MESMO qUE LEGíTIMA, DEVE PREVALECER SOBRE O INTERESSE PÚBLICO.

Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

20.08.2012

A dimensão das greves

A greve dos agentes federais que atuam nos portos, aeroportos, pontos de fronteira e recintos alfandegados no Brasil não deve

ser tratada somente como uma questão no âm-bito das relações trabalhistas ou relacionada com prejuízos pontuais das empresas importa-doras e exportadoras. O assunto possui dimen-sões conflitantes com os interesses e o bem es-tar da sociedade.

O primeiro aspecto a ser considerado é a saú-de pública. Esses servidores são responsáveis, di-reta ou indiretamente, pela liberação de cargasde exportação e importação. Acontece que o movimento já comprome-te o suprimento de medicamentos nos hospitais e de insumos para a indústria farmacêutica. O segundo está relacionado com a lei da oferta e demanda. O Brasil ainda é dependente de produtos importados de diferentes naturezas. A falta ou pouca disponibilidade desses produtos

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tende a gerar aumento dos preços no varejo e inflação, com efeitos per-versos no cotidiano dos cidadãos.

Há ainda um terceiro aspecto a considerar, relacionado com valo-res intangíveis, como, por exemplo, a competitividade. A mídia sempre questiona sobre o montante dos prejuízos gerados pelas greves e divulga estimativas baseadas em unidades não embarcadas ou desembarcadas, custos de armazenagem, dentre outros, que por si só não traduzem a realidade. Como avaliar o comprometimento da imagem do Brasil e de seus produtos no exterior, quando contratos e prazos não são cumpri-dos? Como quantificar monetariamente o esforço realizado durante dé-cadas pelos nossos industriais para convencer o consumidor estrangeiro a adquirir um produto catarinense?

No que diz respeito aos valores tangíveis, estimativas mais precisas teriam que incorporar os prejuízos relacionados com a balança comer-cial, com as cadeias produtivas e de fornecimento complexas, como é o caso da agroindústria de Santa Catarina, e com o comprometimento do emprego e renda. Também é preciso levar em conta o acúmulo nos armazéns e a falta de espaço para armazenar produtos perecíveis, além dos custos relacionados com a postergação do suprimento de bens de capital e de insumos importados, que são estratégicos para a moderni-zação e operação das unidades industriais.

Não é nossa intenção fazer juízo sobre a legitimidade dos pleitos dos servidores da ANVISA, Ministério da Agricultura e da Receita e Polícia Federal, mas a questão é saber até quando a defesa do interesse de uma categoria deve prevalecer sobre o interesse público.

A situação requer que o governo federal tenha empenho em resolver o conflito com a celeridade exigida. Cabe também ao Poder Legislativo Federal empreender esforços para regulamentar as greves dos servido-res públicos, o que tem sido postergado desde a promulgação da Cons-tituição.

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Sobre a referida regulamentação, o advogado Alexandre Regnie traduziu muito bem o cenário em recente artigo, argumentando que a Constituição garante o direito de greve aos servidores públicos, mas exige o seu exercício nos termos e limites definidos em lei específica. Trata-se, portanto, de norma constitucional de eficácia limitada, pois depende de regulamentação. Como ainda não foi publicada a lei espe-cífica exigida pelo constituinte, mesmo que legítimas as reivindicações, não há fundamento jurídico para submeter o interesse público da socie-dade civil às restrições, constrangimentos e prejuízos dos movimentos paredistas.

O que não é possível é a sociedade continuar pagando a conta de uma despesa que não gerou.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

15.07.2012

Indústria, educação e inovação

A indústria está numa encruzilhada e tem pressa. A velha cartilha com as questões es-truturais que tornam caros os nossos produ-

tos frente aos concorrentes, tanto no mercado local quando no internacional, infelizmente, segue atual. Questões como tributação, relações do trabalho, bu-rocracia e deficiência na infraestrutura de transporte seguem derrubando a competitividade da produção em nosso país, enquanto ficou claro que medidas pontuais de estímulo ao consumo não têm fôlego para sustentar o crescimento e a geração de postos de trabalho e riqueza no longo prazo.

Por serem decisivos para o futuro do setor, os industriais seguirão insistindo na necessidade de o País acordar para a urgência de enfrentar esses pontos. Mas, ao mesmo tempo, eles sabem que não podem espe-rar. Além de focar na produção de maneira sustentável, considerando harmonia entre os aspectos econômico, ambiental e social, tornou-se

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qUESTõES COMO TRIBUTOS, RELAÇõES DE TRABALhO, BUROCRACIA E TRANSPORTE SEGUEM DERRUBANDO A NOSSA COMPETITIVIDADE.

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questão de sobrevivência inovar nos produtos e processos. É a alternati-va que efetivamente fará a diferença na hora de encarar a concorrência. Porém, o Brasil ocupa a 41ª posição, entre 47 países, no ranking global da inovação da Comunidade Europeia.

É uma realidade que precisa mudar. E inovar, implica uma série de requisitos. O principal é ter trabalhadores preparados. É surpreendente que, ao mesmo tempo, o Brasil seja a sexta maior economia do mundo e tenha 14 milhões de analfabetos, com a nona maior taxa de analfa-betismo na América Latina e Caribe. Provavelmente surpreenda ainda mais o leitor o fato de que metade dos trabalhadores da indústria de Santa Catarina não tem a educação básica completa, o que corresponde a quase 400 mil pessoas.

Por isso, educação e inovação passaram a ser os temas estratégicos na agenda da indústria de Santa Catarina. Tanto é que o Sistema Federação das Indústrias planeja investimentos de R$ 330 milhões até 2014 com esse objetivo. Com parcerias internacionais de peso, serão estruturados oito institutos de tecnologia em todas as regiões do Estado, além de dois institutos de inovação. O número de matrículas em formação profissio-nal do SENAI vai duplicar e a ação do SESI e do IEL em educação básica do trabalhador e agenciamento de estágio será ampliada.

Educação e inovação são também o foco de uma semana inteira de debates, com empreendedores e algumas das maiores autoridades do assunto no país, que realizaremos entre esta segunda-feira, dia 16, e sex-ta-feira, dia 20, na Fiesc, em Florianópolis, com a Jornada Inovação e Competitividade. A discussão é uma etapa fundamental, que será segui-da por grande mobilização pelo tema, nosso próximo passo na defesa da competitividade da indústria catarinense.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

27.07.2012

Os desafios da energia sustentável

A intensidade da emissão de carbono para a geração de energia representa a medi-da da qualidade ambiental de uma matriz

energética e um dos grandes desafios das nações. Nesta questão, o Brasil apresenta pelo menos dois números positivos. O primeiro é que, mesmo sen-do a 6ª economia mundial, o país encontra-se na 18ª posição quando o assunto é emissão de carbo-no para produzir energia. O segundo é que, des-de os anos 1970, a economia brasileira cresce em média 4% anuais, enquanto o consumo de ener-gia se eleva, também em média, apenas 3,3% ao ano,  além do que, em todo o período, as energias renováveis responderam por mais de 40% desse consumo.

Se esses números revelam que fazemos mais com menos, não podem, por outro lado, levar à acomodação. A compatibilização das crescentes demandas por energia, de um lado, e da conservação ambiental, de

APESAR DE BEM COLOCADO NA qUESTÃO DA EMISSÃO DE CARBONO, O BRASIL OCUPA A 41ª POSIÇÃO, ENTRE 47 PAíSES, NO RANkING GLOBAL DA INOVAÇÃO.

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outro, é o fator central para o crescimento sustentável. As alternativas renováveis monopolizarão as pesquisas para o desenvolvimento de ma-triz energética. Outra contribuição fundamental será o consumo cons-ciente, baseado na conservação e eficiência energéticas, tanto por parte das empresas, quanto das pessoas físicas.

O tema é uma das grandes preocupações da indústria catarinense e compõe o recém-lançado Plano de Sustentabilidade do Sistema Fiesc. As alternativas energéticas renováveis, em especial, eólica, solar e, a ain-da pouco disseminada, hidrocinética, bem como a eficiência energética serão temas do Workshop Internacional de Eletroeletrônica, que será realizado nestes dias 27 e 28 de junho, em Jaraguá do Sul. O evento inte-gra o conjunto de ações que redundarão na instalação, na mesma cida-de, do Instituto SENAI de Tecnologia (IST), focado na área eletroeletrô-nica e um dos oito institutos que o Sistema Fiesc implantará no Estado.

Tanto o workshop quanto o IST contam com contribuições de ins-tituições nacionais e internacionais, que são referência na área. E, em ambos os casos, o propósito é auxiliar a indústria, na condição de ge-radora ou de consumidora, a encontrar soluções para o dilema energé-tico-ambiental. A capacidade de criar alternativas inovadoras na área representará efetivas vantagens competitivas para as empresas e para o país nas próximas décadas.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

25.05.2012

Dia da Indústria

25 de maio marca o Dia da Indústria. Data para refletir um pouco sobre a importância de um setor que, em

Santa Catarina, gera 736 mil postos de trabalho e um terço do Produto Interno Bruto, fazendo girar a roda da economia, com impactos nos demais segmentos produtivos, como a agropecuária, o comércio e os serviços.

Uma legião de industriais toca com competên-cia 42 mil indústrias, de pequeno, médio ou gran-de portes, espalhadas por todo os cantos de Santa Catarina, dando a sua contribuição diária para ageração de riqueza e para a melhoria da qualidade de vida dos catarinen-ses, com papel decisivo na construção de um estado com a demografia e a economia muito menos concentrados do que no restante do país.

Fazem isso focados no trabalho duro dentro de suas fábricas. Sem se deixar abalar pelas notícias desanimadoras sobre a crise internacio-

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DATA PARA REFLETIR UM POUCO SOBRE A IMPORTâNCIA DE UM SETOR qUE, EM SANTA CATARINA, GERA 736 MIL POSTOS DE TRABALhO.

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nal ou verdadeiras afrontas ao cidadão brasileiro, como o desenrolar da CPI do Cachoeira. Não desistem, apesar da infraestrutura precária e do ambiente econômico que tira, fora das plantas industriais, a competiti-vidade de seus produtos. Insistem na produção, enquanto defendem e aguardam por reformas sistêmicas, capazes de transformações estrutu-rais (como a bem-vinda redução dos juros) e não somente de medidas pontuais, que são importantes mas não equacionam os problemas sistê-micos do Custo Brasil.

Impossível circular por Santa Catarina, visitar nossas indústrias e conversar com nossos empresários sem sentir orgulho. Nos mais lon-gínquos locais, onde muita gente jamais acreditaria ser possível surgir um empreendimento de sucesso, ele floresce. E dá certo, nos mais ini-magináveis segmentos, pela determinação e empreendedorismo do in-dustrial catarinense e do comprometimento do trabalhador da nossa indústria.

Por isso, neste dia, rendemos nossa homenagem a todos aqueles (in-dustriais e trabalhadores) que fazem a grandeza da indústria catarinense.

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Artigo publicado originalmente no Jornal de Santa Catarina

14.05.2012

Logística industrial

Custos logísticos consomem na média 8% da receita líquida das empresas no Brasil, com-prometendo quase 12% do Produto Interno

Bruto (PIB) brasileiro – enquanto nos EUA o ín-dice fica abaixo de 9%. Os gargalos da competiti-vidade brasileira tem origem na macroeconomia nacional, nas dificuldades regionais ou mesmo dentro da própria organização. O parque fabril catarinense, por exemplo, enfrenta os problemas comuns ao setor em todo o país. Entre eles – e em grandes proporções – carga tributária, burocra-cia, juros, legislação trabalhista e custo de energia.Precisa, além disso, superar as deficiências, maiores que em outros Es-tados, da infraestrutura de transportes. Uma situação típica: apesar dos investimentos de mais de um bilhão de reais feitos pelo setor privado para a modernização dos portos, as rodovias que levam até eles e seus acessos estão limitados e cheios de percalços.

A INDÚSTRIA DE SC PRECISA SUPERAR, ALéM DAS DIFICULDADES COMUNS A TODOS, AS DEFICIêNCIAS DA SUA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.

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Enquanto as questões acima não são enfrentadas, a indústria de San-ta Catarina busca a compensação na melhoria de seus processos inter-nos e da cadeia produtiva. Algumas das práticas bem sucedidas serão apresentadas no Seminário Internacional SENAI de Logística, que o Sis-tema Fiesc promove em Balneário Camboriú, no dia 16 de maio. Com a presença de especialistas nacionais e internacionais, o evento aborda-rá as diversas questões inerentes à competitividade industrial, entre as quais estão as ferramentas de gestão, cadeias produtivas e plataformas logísticas.

O olhar permanente para esses aspectos, estejam dentro ou fora da empresa, é um passo fundamental para a competitividade. Assim, a ra-cionalização dos recursos e uma logística eficiente, produzindo mais com menos, torna-se obrigação para a indústria que deseja obter suces-so e queira entregar ao consumidor um produto de qualidade e preço competitivo.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

29.04.2012

Olhar para frente

Com o uso do rolo compressor do governo, o Senado aprovou na última quarta-feira (25) a resolução que nivela as alíquotas de ICMS

interestadual, eliminando os incentivos fiscais à importação pelos portos do Estado. Isso, apesar de os setores público e empresarial de Santa Cata-rina terem empreendido grande esforço buscan-do uma razoável gradualidade na implantação da medida. Agora, temos que olhar para frente!

A versão final da Resolução 72 trouxe alguns avanços em relação ao texto original, ao excluir da abrangência da medida as importações semsimilar nacional, o que pode permitir a manutenção da importação em condições diferenciadas de máquinas para modernizar nosso parque fabril ou insumos que não temos no País. Precisamos acom-panhar com atenção os produtos que serão incluídos na lista a ser elaborada pela Camex.

A FORTE CONCENTRAÇÃO NA UNIÃO DA ARRECADAÇÃO E DO PODER DE DECISÃO SOBRE A DESTINAÇÃO DOS RECURSOS PREJUDICA OS ESTADOS.

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O texto final contemplou os interesses do Mato Grosso do Sul, ex-cluindo o gás natural boliviano da alíquota de 4%, que poderia baratear o custo deste insumo ao longo do gasoduto. Contemplou também os interesses de Manaus, que teve mantidos os seus incentivos para a Zona Franca. Isso mostra que é hora de o Brasil discutir seriamente o pacto fe-derativo e a competência dos Estados para definir seus incentivos, para que não sejam atingidas apenas determinadas unidades da Federação. A forte concentração na União da arrecadação e do poder de decisão sobre a destinação dos recursos prejudica os Estados.

Em paralelo à positiva medida já anunciada pelo governador Rai-mundo Colombo de manter os investimentos e racionalizar gastos com a máquina administrativa, Santa Catarina precisa compensar os efeitos da resolução do Senado buscando investimentos consistentes sobretudo em sua infraestrutura. Melhorar as rodovias que escoam a produção aos portos é uma questão vital urgente e representará enfrentar um gigan-tesco gargalo que tira a nossa competitividade. O setor privado investiu nos últimos dez anos mais de R$ 1 bilhão nos terminais portuários cata-rinenses, que são mais eficientes que os dos concorrentes. Mas sem bons acessos, a eficiência dos terminais é gravemente prejudicada.

Além disso, Santa Catarina pode e deve estimular os investimentos no Estado por meio da ampliação dos mecanismos do PRODEC, pro-grama que promove a postergação do recolhimento do ICMS. Atenção especial deve ser dada aos investimentos já realizados e às indústrias já em operação, como é o caso, por exemplo, da ampliação dos prazos de recolhimento dos tributos estaduais e do aproveitamento imediato e in-tegral dos créditos decorrentes dos investimentos em ativo imobilizado, o que já é praticado, aliás, em outros Estados.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

29.03.2012

Grito de alerta

O recente ato, que reuniu em Florianópolis trabalhadores empregados e trabalhadores empregadores, teve finalidade clara: aler-

tar o poder público e a sociedade para os efeitos perversos do crescente processo de desindustria-lização brasileiro. Ele causa prejuízos, cujas con-sequências nem sempre são visíveis e sentidas no curto prazo, mas que vão se entranhando no te-cido industrial, tal como um vírus letal, que aos poucos fragiliza e até mesmo destrói os organis-mos mais fortes e saudáveis.

Câmbio desvalorizado e custos de produçãoextremamente altos têm sido mortais para a indústria. De fato, o Brasil hoje é um país de custos altos. As indústrias brasileiras pagam pelo gás natural que consomem um preço três vezes maior do que a média das empresas americanas. O preço da energia elétrica para o setor é mais do que o dobro do praticado nos EUA. A taxa real de juros aplicada aos

O CRESCENTE PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL CAUSA PREJUíZOS, CUJAS CONSEqUêNCIAS NEM SEMPRE SÃO VISíVEIS E SENTIDAS NO CURTO PRAZO.

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empréstimos, na média, é de 38% ao ano, enquanto nos EUA é inferior a 2%. E o mais estranho é que, apesar da queda dos juros básicos, o cré-dito está cada vez mais caro no Brasil. Para as pessoas físicas, esse custo chegou a 45% em fevereiro.

A carga tributária imposta à produção é muito mais alta do que a praticada nos países cujas indústrias competem conosco. O custo do nosso sistema político e da administração pública é excessivo para um país que sofre de carências inaceitáveis na educação, saúde, segurança e infraestrutura.

O Grito de Alerta chama a atenção para a impostergável necessidade de medidas estruturais que assegurem a competitividade da indústria brasileira. Trabalhadores e empregadores querem continuar produzin-do. Não pedimos muito. Não pedimos que façam por nós o que nos cabe fazer, apenas que nos ajudem, através da constituição de um ambiente favorável à produção e aos investimentos, a prosseguir trabalhar ainda pelo Brasil!

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

09.03.2012

Os portos e a Copa

Portos são estratégicos para o desenvolvi-mento do Brasil. O aumento da corrente de comércio, de US$ 113,8 bilhões, em 2001,

para US$ 482,3 bilhões, em 2011, recomenda re-flexão sobre o seu futuro.

Em Santa Catarina, os investimentos realiza-dos, notadamente, nos últimos anos, pelo setor privado, permitirão, em 2015, capacidade anual disponível para movimentar 6,7 milhões de con-têineres. É o mesmo montante que todo o país re-gistrou em 2010, ano em que o Estado movimen-tou 948 mil unidades.

Como a operação portuária depende de complexa rede viária, essa movimentação exigirá ajustes na precária malha de transportes e a cons-trução de novos eixos e acessos, para evitar o colapso do sistema.

Essa possibilidade gera inquietação no setor produtivo, que enfrenta altos custos e reconhecida ineficiência logística, ainda mais quando são

APESAR DE NÃO TER APELO POPULAR COMO O FUTEBOL, UMA BOA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE RESULTA EM AMPLOS BENEFíCIOS SOCIOECONôMICOS.

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visíveis as dificuldades do setor público para investir e executar obras. Situação que se agrava diante das perspectivas de crescimento do mer-cado interno, do desenvolvimento da indústria do petróleo e gás (pré-sal) e do turismo.

Nesse campo, os governos, particularmente o federal, têm papel fun-damental, o que nos leva a sugerir a adoção do mesmo empenho de-dicado para as obras da Copa do Mundo. Apesar de não possuir apelo popular, uma eficiente infraestrutura de transporte de carga resulta em competitividade e amplos benefícios socioeconômicos.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

21.12.2011

Desafios e oportunidades em 2012

A continuidade da crise econômica na Euro-pa e nos Estados Unidos, tida como certa e com possibilidade de se aprofundar, de-

senha um cenário desafiador para a indústria de Santa Catarina em 2012. Tradicionalmente expor-tadora, a indústria fez um grande esforço nos últi-mos anos para aprimorar produtos e processos e se colocar em posição de competir nos mercados mais exigentes. Hoje, porém, são as commodities agrícolas e minerais que encontram as melhores oportunidades graças à manutenção dos altos ní-veis de crescimento da China, que consegue issocomprando produtos básicos e exportando industrializados, tendo se tornado com essa prática o principal parceiro comercial do Brasil.

Santa Catarina é, proporcionalmente, um dos estados mais indus-trializados do país, isto é, a sua indústria colabora com uma fatia do produto interno bruto superior à de outras unidades da federação. Des-

A OBTENÇÃO DE GANhOS DE COMPETITIVIDADE DEPENDE ESSENCIALMENTE DE ATACAR INEFICIêNCIAS qUE SE ENCONTRAM FORA DA INDÚSTRIA.

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sa forma, somos duplamente expostos a intempéries: com baixa produ-ção de commodities exportáveis não ocupamos os espaços existentes, e sofremos concorrência direta da indústria chinesa e dos países em crise, cujas empresas procuram no Brasil a compensação para seus mercados internos estagnados. Extrair um resultado positivo dessa complicada equação é certamente o maior desafio da indústria catarinense em 2012.

A obtenção de ganhos de competitividade industrial depende essen-cialmente de atacar ineficiências que se encontram fora da indústria. São os componentes do Custo Brasil, como a infraestrutura precária, a carga tributária mais elevada entre os países em desenvolvimento e os juros mais altos do mundo, dentre outros fatores.

Ainda que tenhamos que conviver com dificuldades, em 2012 certa-mente surgirão boas oportunidades graças à solidez da economia bra-sileira conquistada nos últimos anos. Isso não nos torna imunes à crise internacional, mas oferece um horizonte positivo para nossa indústria que tanto sofreu com longos períodos de estagnação e recessão em um passado ainda recente. Ao menos duas grandes questões devem cola-borar para manter a economia brasileira aquecida nos próximos anos: os eventos Copa do Mundo e Olimpíada e a exploração de petróleo na camada pré-sal.

As melhores oportunidades para a indústria, entretanto, ainda estão por ser criadas por meio da inovação. Nossa vantagem é que o indus-trial catarinense já possui a cultura da inovação e, com 53 universida-des, Santa Catarina é um estado propício ao desenvolvimento de novos produtos e processos. O Sistema FIESC está fortemente engajado nesse esforço, aproximando indústria, universidades e centros de pesquisas com o IEL, e atuando na qualificação dos trabalhadores e das indústrias por meio do SENAI e do SESI que investirão, respectivamente, R$ 200 milhões e R$ 100 milhões nos próximos três anos.

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Artigo publicado originalmente na Revista Amanhã

02.12.2011

Desafios e oportunidades para a indústria catarinense em 2012

A continuidade da crise econômica na Euro-pa e nos Estados Unidos, tida como certa e com possibilidade de se aprofundar, de-

senha um cenário desafiador para a indústria de Santa Catarina em 2012. Tradicionalmente expor-tadora, a indústria fez um grande esforço nos últi-mos anos para aprimorar produtos e processos e se colocar em posição de competir nos mercados mais exigentes. Hoje, porém, são as commodities agrícolas e minerais que encontram as melhores oportunidades graças à manutenção dos altos ní-veis de crescimento da China, que consegue isso comprando produtos básicos e exportando industrializados, tendo se tornado com essa prática o principal parceiro comercial do Brasil.

Santa Catarina é, proporcionalmente, um dos estados mais indus-trializados do país, isto é, a sua indústria colabora com uma fatia do produto interno bruto superior à de outras unidades da federação.

EM 2012 CERTAMENTE SURGIRÃO BOAS OPORTUNIDADES GRAÇAS à SOLIDEZ DA ECONOMIA BRASILEIRA CONqUISTADA NOS ÚLTIMOS ANOS.

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Dessa forma, somos duplamente expostos a intempéries: com baixa produção de commodities exportáveis não ocupamos os espaços exis-tentes, e sofremos concorrência direta da indústria chinesa e dos paí-ses em crise, cujas empresas procuram no Brasil a compensação para seus mercados internos estagnados. Extrair um resultado positivo dessa complicada equação é certamente o maior desafio da indústria catarinense em 2012.

A obtenção de ganhos de competitividade industrial depende essencialmente de atacar ineficiências que se encontram fora da in-dústria. São os componentes do Custo Brasil, como a infraestrutura precária, a carga tributária mais elevada entre os países em desenvolvi-mento e os juros mais altos do mundo, dentre outros fatores. Um estu-do da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos constatou que o Custo Brasil encarece em 36% o produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Isso sem falar na ainda excessiva valorização do real que se projeta para 2012, que coloca nossa indústria em desvantagem tanto no mercado externo quanto no interno. O Sistema FIESC tem atuado junto ao setor públi-co para fazer valer sua agenda de competitividade. Exemplo disso é a realização do estudo Sul Competitivo, em parceria com a FIERGS e a FIEP, que está mapeando os eixos logísticos mais importantes para a integração da economia da região com o Mercosul e os investimentos públicos prioritários.

Ainda que tenhamos que conviver com dificuldades, em 2012 cer-tamente surgirão boas oportunidades graças à solidez da economia brasileira conquistada nos últimos anos. Isso não nos torna imunes à crise internacional, mas oferece um horizonte positivo para nossa in-dústria que tanto sofreu com longos períodos de estagnação e recessão em um passado ainda recente. Ao menos duas grandes questões devem colaborar para manter a economia brasileira aquecida nos próximos

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anos: os eventos Copa do Mundo e Olimpíada e a exploração de pe-tróleo na camada pré-sal. Ainda que Santa Catarina não esteja direta-mente envolvida, sua indústria vislumbra grandes oportunidades. No caso da Copa, um estudo do Itaú Unibanco aponta que o evento gerará 1,5 ponto percentual extra no PIB brasileiro nos próximos três anos e, ainda, um aumento posterior nas exportações em consequência da maior exposição da marca Brasil. Quanto ao pré-sal, Santa Catarina tem tudo para se destacar na cadeia produtiva, pois conta com uma forte indústria naval e é reconhecida produtora de máquinas e equi-pamentos, material eletrônico e de comunicação, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, plástico, alimentos, produtos têxteis, móveis e muitos outros dos 350 mil itens que a cadeia de petróleo e gás deman-dará nos próximos anos. Os investimentos projetados pela Petrobras, apenas no pré-sal, somam US$ 55 bilhões até 2015.

As melhores oportunidades para a indústria, entretanto, ainda es-tão por ser criadas por meio da inovação. Nossa vantagem é que o industrial catarinense já possui a cultura da inovação e, com 53 uni-versidades, Santa Catarina é um estado propício ao desenvolvimento de novos produtos e processos. O Sistema FIESC está fortemente en-gajado nesse esforço, aproximando indústria, universidades e centros de pesquisas com o IEL, e atuando na qualificação dos trabalhadores e das indústrias por meio do SENAI e do SESI que investirão, respec-tivamente, R$ 200 milhões e R$ 100 milhões nos próximos três anos.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

23.09.2011

Mais competitividade

O peso dos impostos, as deficiências da in-fraestrutura, as dificuldades para fechar negócios (formalizar empresas, registrar

marcas, obter licenças e a complexidade do siste-ma tributário) são fatores que contribuíram para que o Brasil perdesse seis posições no ranking da competitividade mundial, medido pelo Interna-cional Institute for Management Development (IMD). O país retrocedeu da 38ª (2010) para a 44ª posição em 2011, voltando ao mesmo lugar de cinco anos atrás. Apesar desses obstáculos, a economia brasileira cresce por causa de virtudescomo a estabilidade macroeconômica e por ter sido beneficiada recen-temente por um forte crescimento global, sobretudo da China.

Para ser um player de sucesso no mercado global, a indústria na-cional precisa ter um desempenho suficientemente positivo para com-pensar as dificuldades que enfrenta da porta para fora. Esses problemas

NO RANkING DA COMPETITIVIDADE GLOBAL, O BRASIL RETROCEDEU DA 38ª (2010) PARA A 44ª POSIÇÃO EM 2011, A MESMA DE CINCO ANOS ATRÁS.

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estruturais da economia representam entraves para o produto brasilei-ro na difícil competição internacional. Eles também justificam, em boa medida, os motivos que levam o país a ter bom desempenho no merca-do mundial de commodities e dificuldades quando se trata de produtos de maior valor agregado.

É esse o desafio que o Sistema Fiesc tem ao adotar a promoção da competitividade industrial como prioridade em sua nova gestão e que pauta ações como o SENAI Mais Competitividade, programa que será lançado em âmbito estadual nesta sexta-feira. O programa elenca medi-das - de educação profissional e de desenvolvimento empresarial - que auxiliarão as empresas a buscar a eficiência em seus processos. No âm-bito da educação profissional, está prevista a duplicação do número de matrículas até 2014, iniciativa que amplia a condição de emprego das pessoas e a contribuirá para a eficiência do setor empresarial, que terá à disposição uma força de trabalho com maior capacidade de resolução de problemas.

Outra linha de atuação será a de promover a inovação em produtos e processos, de maneira a conquistar mais mercados e reduzir perdas e desperdícios. Esse trabalho contará com a parceria de organizações internacionais, como o Instituto Fraunhofer e a Universidade de Stut-tgart (ambos da Alemanha), que apoiam a transformação de unidades do SENAI em centros de referência e alta performance. Implantados em cidades polo e seguindo as vocações industriais das diversas regiões, os centros induzirão o desenvolvimento tecnológico industrial.

O grande objetivo do programa é criar condições para que a indús-tria catarinense melhore ainda mais seu desempenho e, com isso, supere as barreiras que inibem seu crescimento. O fortalecimento da indústria permite a ampliação do nível e da qualidade do emprego e seus efeitos beneficiam toda a sociedade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

14.09.2011

BR-282: questão de justiça

A Fiesc entrega nesta quarta-feira, em Cha-pecó, estudo técnico sobre a situação da BR-282, em que propõe obras emergenciais

em pontos que apresentam índices alarmantes de acidentes. Trata-se de uma obra emblemática, cuja conclusão levou cerca de 60 anos desde a sua concepção e projeto. Seu projeto de engenharia apresenta como maior atributo a superação dos aparados da serra, partindo do litoral, percorren-do o planalto sul, o meio-oeste, oeste e o extremo-oeste de Santa Catarina.

Investir nestas e outras obras estruturantes naregião representa uma retribuição ao trabalho e conquistas de um povo que superou obstáculos como o relevo acidentado e rios sinuosos e que teve marcado na história da sua colonização componentes de uma ver-dadeira saga, com eventos como a Guerra do Contestado, a implantação da Ferrovia do mesmo nome e a disputa do território com o Paraná.

ESTUDO TéCNICO DA FIESC ENTREGUE EM ChAPECó PROPõE OBRAS EMERGENCIAIS NOS PONTOS COM MAIORES íNDICES DE ACIDENTES NA BR-282.

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Mesmo com as dificuldades e desafios, floresceram ali muitos exem-plos de empreendedorismo. É o caso da obstinação e do pioneirismo dos industriais Saul Brandalise e Attílio Fontana, cujas iniciativas nas cidades de Videira e Concórdia lançaram as sementes para a formação de uma pujante atividade agroindustrial, que se expandiu para outros municípios, como Chapecó, com Plínio de Nês e Auri Bodanese, Xanxe-rê e Seara. Além da agroindústria, os setores metalmecânico, moveleiro e plástico da região têm grande destaque na produção nacional.

É notável a contribuição da região para a geração de empregos, di-visas e saldos na balança comercial brasileira, assim como foi decisiva a participação da agroindústria na consolidação do Porto de Itajaí como um dos mais importantes complexos portuários do país.

Com a entrega desse estudo, A Fiesc presta homenagem à obstinação e ao talento dos industriais e do povo do Oeste de SC, que sofrem irre-paráveis prejuízos humanos e materiais, traduzidos nas estatísticas de acidentes, em trechos da rodovia em questão.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

23.03.2011

Riscos de desindustrialização

Ao participar de seminário realizado pela Fiesc, José A. de Castro (AEB) informou que, em 2010, depois de 32 anos, as expor-

tações de produtos básicos superaram as de pro-dutos manufaturados. Estudos da ABIMAQ indi-cam que o preço médio do quilo de um centro de usinagem exportado por fabricante brasileiro custa o equivalente a US$ 34, enquanto o mesmo produto importado da Alemanha custa US$ 23 (quase 50% menos) e o importado da China ape-nas US$ 10 (três vezes mais barato). São ou não sinais de desindustrialização?

De fato, a velocidade da desindustrialização é maior que a da indus-trialização. Se não for interrompida, logo chegaremos lá. Tudo conspira contra a indústria: carga tributária exorbitante, juros elevados, infraes-trutura precária, legislação trabalhista ultrapassada, convergindo para um ambiente de negócios desfavorável. Some-se a isso a taxa de câmbio

FEChAR OS OLhOS PARA A DESINDUSTRIALIZAÇÃO é ESqUECER qUE O SETOR REPRESENTA ¼ DA ECONOMIA E RESPONDE POR 70% DAS ExPORTAÇõES.

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e está pronta a receita para acabar com a indústria. Para que investir e produzir localmente se é mais vantajoso importar?

Atentos à situação de sua indústria, os EUA “buscam o renascimento industrial para reequilibrar a sua economia” (Financial Times/VE 14-15-16/1/2011). Os principais problemas detectados na economia ame-ricana guardam semelhança com o Brasil: (1) As empresas estão desa-costumadas a exportar. (2) A falta de acordos que facilitem o comércio internacional. (3) Força de trabalho insuficientemente capacitada e edu-cada. (4) Outros países investem cada vez mais para substituir a produ-ção americana.

Seriam coincidências as semelhanças com o Brasil. Não, aqui, tam-bém: (1) É crescente o número de empresas que, por falta de competi-tividade, causada pelo “Custo Brasil”, está reduzindo e até deixando o mercado internacional, para direcionar os seus produtos só ao merca-do interno. (2) O Brasil tem pouquíssimos acordos comerciais, o que o sujeita a barreiras comerciais onerosas. (3) O Brasil vive o “apagão” de trabalhadores qualificados. (4) A importação de bens de capital cresce, o que é bom para a modernização da indústria, mas é péssimo para os fabricantes locais, que não conseguem competir com os custos mais bai-xos de seus concorrentes internacionais.

Fechar os olhos para essa realidade é esquecer que a indústria repre-senta quase ¼ da economia brasileira: um de cada quatro trabalhadores formais está empregado na indústria, que paga 27% do total dos salários da economia, é responsável por quase 70% do que o Brasil vende no exterior, responde por 1/3 de todo o investimento do país em pesquisa e desenvolvimento e contribui com 22% do PIB (A Indústria e o Brasil, CNI, 2010). Para manter e avançar em relação à sua capacidade compe-titiva a indústria pede pouco: apenas isonomia competitiva.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

20.03.2011

Indústria ameaçada

Enquanto no Brasil prossegue sonolentamente a discussão sobre a desindustrialização, em outros países, onde se verifica o declínio do

setor industrial, o assunto ganha dimensões de estado e medidas estão sendo propostas visan-do impedir que a mesma se concretize. A Fiesc, recentemente, realizou um seminário sobre o assunto. Entre os debatedores predominou o en-tendimento de que o Brasil ainda não ingressou na desindustrialização, encontrando-se, quando muito, na fase da estagnação industrial. Isso lem-bra a piada do sujeito que despencou do décimoandar e quando passava pelo quinto, alguém lhe perguntou, da sacada: tudo bem? Ao que o sujeito respondeu: até aqui, tudo muito bem.

É mais ou menos o que está acontecendo no Brasil. Por enquanto, tudo bem, mas os fatos indicam que a velocidade da desindustrializa-ção em curso é maior que a da industrialização. Assim, se a queda não

OS FATOS INDICAM qUE A VELOCIDADE DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO EM CURSO NO BRASIL é MAIOR qUE A DA INDUSTRIALIZAÇÃO.

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for interrompida, chegaremos lá. Com efeito, tudo conspira contra o setor produtivo, particularmente contra a indústria: carga tributária exorbitante, juros elevados, infraestrutura precária, legislação trabalhis-ta ultrapassada, tudo convergindo para uma composição extremamente onerosa do resistente Custo Brasil, que desemboca em um ambiente de negócios desfavorável. Some-se a isso a taxa de câmbio e está pronta a receita para acabar com a indústria. Para que investir e produzir local-mente se é mais vantajoso importar?

Segundo estudos recentes da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), o preço médio do quilo de um centro de usinagem exportado por fabricante brasileiro custa o equivalente a US$ 34, en-quanto o mesmo produto importado da Alemanha custa US$ 23 (quase 50% menos) e o importado da China apenas US$ 10 (três vezes mais barato). Para uma máquina de soldar sob pressão os valores do Brasil (US$ 29), são o dobro da Alemanha (US$ 14) e quase seis vezes o da China (US$ 5). Dados apresentados no painel da Fiesc por José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), eviden-ciam que em 2010, depois 32 anos, as exportações de produtos básicos superaram a exportação de produtos manufaturados. É ou não um claro sinal de desindustrialização?

Enquanto no Brasil, para muitos, o diagnóstico ainda é incerto, os Estados Unidos “buscam o renascimento industrial para reequilibrar a sua economia” (Financial Times/VE 14-15-16/1/2011), a partir da cons-tatação de que os problemas do setor têm raízes profundas. Não deixa de ser instigante o fato de que os principais problemas detectados nos EUA guardam grande semelhança com a realidade brasileira: (1) As em-presas americanas estão desacostumadas a vender no mercado externo (2) A falta de acordos que facilitem o comércio internacional. (3) Força de trabalho insuficientemente capacitada e educada. (4) Outros países estão investindo cada vez para substituir a produção americana.

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Parece que estamos vendo o retrato do Brasil: (1) É crescente o nú-mero de empresas que, por falta de competitividade causada pelo “cus-to Brasil”, está reduzindo e até deixando o mercado internacional, para direcionar os seus produtos apenas ao mercado interno. (2) O Brasil tem pouquíssimos acordos comerciais, o que sujeita a suas exportações às barreiras comerciais onerosas. (3) O Brasil vive o chamado “apagão” de trabalhadores qualificados. (4) A importação de bens de capital vem crescendo, o que é bom para a modernização da indústria, mas é pés-simo para os fabricantes locais, que não conseguem competir com os custos extremamente mais baixos de seus concorrentes internacionais.

Enquanto nos EUA, ganham relevância os estudos para a redução dos impostos como forma de estimular os investimentos, por aqui se volta a discutir a criação de novos tributos, com aumento da carga tri-butária.

Fazer de conta que o declínio da indústria não impactará negativa-mente a economia, é esquecer que o setor representa quase ¼ da eco-nomia brasileira: um de cada quatro trabalhadores formais está empre-gado na indústria, que paga 27% do total dos salários da economia, é responsável por quase 70% do que o Brasil vende no exterior, responde por 1/3 de todo o investimento do país em pesquisa e desenvolvimento e contribui com 22% do PIB (A Indústria e o Brasil, CNI, 2010).

Para manter e avançar em relação à sua capacidade competitiva a indústria pede pouco: isonomia competitiva, via redução, pelo governo, do velho Custo Brasil!

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

15.05.2011

SC e a importância da indústria

No dia 10, a Fiesc promoveu um encon-tro com o secretário Ubiratan Rezende, da Fazenda, oportunidade em que a enti-

dade fez uma apresentação de estudo que con-templa as diretrizes para uma nova política in-dustrial catarinense. Não foi a primeira vez que a Fiesc reuniu-se com o secretário para discutir esse tema; nen se trata de um documento defini-tivo, no sentido de que não possa ser melhorado. Referido estudo foi contratado junto à Prospec-tiva, empresa de consultoria especializada em negócios internacionais e políticas públicas, e os seus resultados refletem as convergências obtidas ao longo de sua elaboração.

Em 2010, a Fiesc buscou saber das indústrias quais as possibili-dades de desenvolvimento para o setor, sendo assinaladas as princi-pais oportunidades: inovação tecnológica, exportação, produtos de

OS EUA ESTÃO INVESTINDO EM AÇõES qUE BUSCAM O RENASCIMENTO DE SUA INDÚSTRIA, CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA O REEqUILíBRIO DA ECONOMIA.

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maior valor agregado e mercado interno. Ora, essas são questões que obrigatoriamente devem estar pautadas em qualquer discussão que se faça sobre a competitividade da indústria do Estado, cujas res-trições encontram-se, predominantemente, mais fora do que dentro das empresas. É o caso da infraestrutura precária, dos juros reais e da carga tributária elevados, da taxa de câmbio apreciada, da falta de trabalhadors qualificados, entre outros. É precisamente por isso que se requer a atuação do Estado, porque essas são questões que dizem respeito à sua competência, muitas das quais já contam com a ação complementar e, muitas vezes, principal do setor privado.

Assim, as propostas incluídas no estudo da Fiesc estão dispostas em três grandes vertentes: de fomento, compreendendo ações estru-turantes de longo prazo; ae incentivos ao investimento e à competiti-vidade; e de recuperação de setores em crise, com apoio financeiro e fiscal, sob o guarda-chuva do Pró-indústria, que visa basicamente à desoneração da produção, ao incentivo aos investimentos, sobretudo em inovação tecnológica, ao resgate do potencial exportador e criar um ambiente de maior eficiência para o desempenho industrial.

Em suma, o objetivo da Fiesc é avançar em relação à melhoria do ambiente competitivo estadual, não porque, caso contrário, a situa-ção poderia evoluir para um quadro social grave, com o enfraque-cimento e até o fechamento de inaústrias e o consequente flagelo do desemprego, mas porque é a competitividade que assegura o cres-cimento do setor e, consequentemente, a geração de empregos e de receitas crescentes para o governo.

Não é por outra razão que os Estados Unidos estão investindo pesadamente em ações que buscam o renascimento de sua indústria, condição reconhecida como essencial para o reequilíbrio de sua eco-nomia. Se até a mais desenvolvida economia do planeta não pode prescindir da indústria, para nações que pretendem fazer a transição

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de economias de baixa para média e alta renda isso é ainda mais im-portante, como sugere relatório da ONU, que considera a produção e exportação de produtos manufaturados como a melhor alternativa para isso.

Em artigo recente, Yoshiaki Nakano alerta que o atual quadro brasileiro está levando à “destruição da indústria”. No que depender da Fiesc e, esperamos, do governo estadual, isso não acontecerá em Santa Catarina.

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EDUCAÇÃO

Entre as quatro diretrizes estratégicas da FIESC, CIESC, SESI, SENAI e IEL, a educação tem os objetivos de garantir a oferta de cursos, adequando a matriz curricular às demandas específicas dos setores industriais, regiões e polos; de elevar o nível de escolaridade do trabalhador da indústria; de inserir jovens talentos na indústria e ampliar o reconhecimento e a qualidade dos programas educacionais do Sistema FIESC.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

31.10.2017

Educação profissional de excelência

O mundo do trabalho do século XXI ense-ja profundas mudanças no perfil dos seus atores. Cada vez mais as melhores opor-

tunidades demandarão pessoas dinâmicas, com ampla visão sobre o trabalho, com perspectivas diferenciadas e soluções inovadoras para os pro-blemas da produção, que detenham e saibam com-plementar seu conhecimento técnico, tenham ha-bilidades para o uso de ferramentas e tecnologias avançadas, trabalhem em equipes interdisciplina-res, sejam proativas e determinadas. Enfim, pes-soas detentoras de um conjunto de competênciastécnicas e socioemocionais, que são o desejo das empresas e o desafio das instituições de ensino – da educação básica, que fornece os alicerces para uma sólida formação, à educação profissional.

Para o Brasil, as reconhecidas deficiências no ensino fundamental tornam o desafio ainda mais complexo. No entanto, o cenário ganha

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O PAíS CONqUISTOU A 2ª MAIOR PONTUAÇÃO NA 45ª WORLDSkILLS COMPETITION, A OLIMPíADA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, EM ABU DhABI.

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cores mais vivas quando o País acaba de conquistar a segunda maior pontuação na 45ª WorldSkills Competition, a olimpíada mundial de educação profissional, encerrada há uma semana, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Na disputa, que reuniu 1,2 mil dos mais habilido-sos estudantes de educação profissional de 68 países, cada competidor realizou tarefas típicas de sua profissão, sendo avaliado pelo conheci-mento, habilidades e atitudes demonstrados. Os cinco representantes do SENAI/SC receberam medalhas: uma de ouro e quatro de excelência (concedidas a quem superasse 700 pontos), classificando-se, todos eles, entre os seis melhores do mundo em suas ocupações.

Esse sucesso, em especial da medalha de ouro, conquistada pelo jo-vem catarinense Bruno Davila Gruner, merece ser celebrado. O mais re-levante, no entanto, é que não se trata de uma conquista isolada, casual, pois, nas seis edições realizadas desde 2005, o Brasil tem permanecido entre os cinco primeiros na classificação geral, tendo sido o primeiro na competição de 2015. O principal significado desse bom desempenho é que as indústrias brasileiras são atendidas, por meio do chamado Siste-ma Industria, por uma estrutura de educação profissional de excelência, que deve ser mantida e aprimorada.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

21.09.2017

Os jovens na liderança

O que os jovens querem? Educação, sim, mas de qualidade. É isso o que revela uma pes-quisa do Fundo para a População das Na-

ções Unidas, com quase 600 mil jovens do mundo inteiro. Será que o jovem catarinense também pen-sa assim? A participação de mais de 3,7 mil deles numa mobilização inédita, organizada pelos Jovens Embaixadores do Movimento Santa Catarina pela Educação, com o apoio de voluntários, demonstra que essa é, de fato, uma prioridade. Só em Lages, foram mil estudantes, que propuseram mudanças para tornar a sala de aula mais atrativa e efetiva.

Os jovens querem uma educação moderna e que faça sentido à sua vida. Eles representam quase um terço da população mundial e suas opiniões têm que ser consideradas, pois o futuro não pertence a eles? Não serão eles os líderes que nos conduzirão amanhã? Por isso, eles devem ser preparados e já iniciados no processo de gestão e desenvolvimento do País.

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OS JOVENS qUEREM UMA EDUCAÇÃO MODERNA E qUE FAÇA SENTIDO à SUA VIDA. ELES REPRESENTAM qUASE UM TERÇO DA POPULAÇÃO MUNDIAL.

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Ainda estamos vivendo um cenário muito favorável, represen-tado pelo bônus demográfico, fenômeno que ocorre quando há, proporcionalmente, um maior número de pessoas em idade ativa, aptas a trabalhar, do que crianças e idosos. No Brasil, as previsões apontavam 2030 como a década em que os efeitos do bônus começariam a se dissipar. Contudo, especialistas projetam o início de seu fim para algo em torno de 2020. Precisamos, portanto, valorizar a população ativa e torná-la cada vez mais produtiva. Hoje, temos, no País, 10 milhões de jovens que não estudam, nem trabalham, cujo potencial permanece à margem do processo de desenvolvimento.

Repensar a educação tem que ser uma ação associada ao diálogo com os jovens, que devem ser os protagonistas dessa mobilização, através do estímulo para que reflitam sobre a educação a partir de uma perspectiva inovadora, a fim de prepará-los para o mundo do trabalho e para a vida.

No âmbito do Movimento SC pela Educação, Fiesc, FECOMÉCIO, FETRANSESC e FAESC estão incluindo os jovens e os professores no centro das estratégias para transformar a educação em educação de qua-lidade real. Juntos, e a partir dessa nova educação, construiremos um País melhor, porque o nosso compromisso é com o futuro.

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Artigo publicado originalmente no Jornal de Santa Catarina

27.07.2017

Educação é cidadania

O que confere cidadania a uma pessoa não é o título de eleitor, mas a carteira de trabalho assinada. Para isso, é preciso

estar qualificado, motivo pelo qual a educação ganha relevância cada vez maior, ainda mais no atual mundo do trabalho, em fase de rápida transformação. Em Santa Catarina, quase 725 mil trabalhadores formais ainda não concluí-ram a educação básica e estão mais vulneráveis aos efeitos da crise. São os primeiros a serem dispensados e os últimos a serem admitidos, quando a economia reage.

A volta aos bancos escolares ainda é um desafio no Estado, que registra uma taxa significativa de jovens que não concluíram o ensi-no médio aos 19 anos (32%). São estes jovens que, mais tarde, bus-cam a educação de jovens e adultos (EJA) para concluir o ensino bá-sico. Em 2016, de acordo com o último censo escolar do Ministério

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TEMOS hOJE NO PAíS 10 MILhõES DE JOVENS qUE NÃO ESTUDAM, NEM TRABALhAM, CUJO POTENCIAL PERMANECE à MARGEM DO DESENVOLVIMENTO.

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da Educação, 64 mil pessoas frequentavam os cursos de EJA em Santa Catarina.

Embora seja importante ficarmos atentos às competências críticas para o sucesso da força de trabalho do futuro, não podemos esquecer, também, do momento presente, no que se refere ao nível de escolari-dade e qualificação de nossos trabalhadores. Para atender as exigências do novo mundo do trabalho precisamos de 100% desses trabalhadores escolarizados.

Isso mostra a urgência de uma ação coordenada e articulada entre todos os envolvidos com a educação para reverter o atual cenário. Por isso, as federações empresariais que compõem o chamado Sistema S em Santa Catarina (Fiesc, Fecomércio, Faesc e Fetrancesc), em parceria com o governo do Estado e a Undime, dão início, nesta quinta-feira, em Blumenau, a uma grande campanha estadual de sensibilização para que os catarinenses que ainda não concluíram a educação básica procurem a escola mais próxima para se matricular.

A iniciativa é inédita no País. Serão oferecidos cursos de educação de jovens e adultos em 201 municípios, somando 421 os estabelecimentos em que as aulas serão realizadas. Juntos, podemos contribuir para uma verdadeira transformação das pessoas e organizações e para o desenvol-vimento de Santa Catarina.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

27.07.2017

Educação, renda e desenvolvimento

Um ano a mais de escolaridade aumenta em 15% a renda do trabalhador brasileiro. Se ele tem o curso de graduação completo, esse im-

pacto é de 47%, mostra estudo da FGV. Mais educa-ção é mais renda e, portanto, mais qualidade de vida. Ao mesmo tempo, é mais desenvolvimento para as empresas e para o Estado. Por isso, é preciso atenção especial para os 725 mil trabalhadores catarinenses que ainda não concluíram a educação básica. Dados do Ministério do Trabalho (RAIS 2015) indicam que eles representam 33% dos trabalhadores formais de Santa Catarina. Só com uma ação articulada entre todos os envolvidos reverteremos este cenário.

A movimentação de trabalhadores também reforça a importância dos estudos: os qualificados encontram emprego antes. De janeiro a maio deste ano, do total de novas vagas criadas no Estado, 20.157 foram ocupadas por pessoas com escolaridade básica completa e apenas 2.572

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MAIS EDUCAÇÃO é MAIS RENDA E, PORTANTO, MAIS qUALIDADE DE VIDA. AO MESMO TEMPO, é MAIS DESENVOLVIMENTO PARA AS EMPRESAS E PARA O ESTADO.

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para os que não a tem, ou seja, sua escolaridade básica é incompleta. O que prova que, em períodos de crise, os trabalhadores qualificados são os últimos a serem desligados e os primeiros a serem admitidos.

Conforme o Fórum Econômico Mundial, mais de 5 milhões de em-pregos serão perdidos até 2020 e 65% das crianças que estão iniciando a sua vida escolar trabalharão em empregos que não existem ainda. As-sim, fica claro que precisamos preparar as crianças e os jovens para o novo mundo do trabalho. Mas é ainda mais urgente cuidar da melhoria do nível de escolaridade e qualificação dos atuais trabalhadores.

É por isso que o Movimento Santa Catarina pela Educação, integrado por FIESC, FECOMÉRCIO, FAESC e FETRANCESC, lança nesta semana a campanha “O estudo é o seu melhor amigo para a vida”, com o objetivo de mobilizar ofertantes de Educação de Jovens e Adultos, empresários, famílias, estudantes e trabalhadores para a conclusão do ensino fundamental e médio. Com o apoio de todos e, particularmente, dos empresários na mobilização dos seus trabalhadores e, dos ofertantes, na ampliação do número de matrículas, melhoraremos a vida dos catarinenses e ajudaremos a desenvolver equilibradamente Santa Catarina.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

21.06.2017

Singapura: educação como prioridadeGlauco José Côrte,

presidente da Fiesc e do Conselho de Governança do movimento SC pela Educação,Mozart Neves Ramos,

diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna

Com base nas avaliações do chamado PISA em leitura, matemática e ciências, a OCDE indi-ca Singapura como o país líder em Educação

no mundo, bem à frente do segundo colocado, o Japão em ciências, e Hong Kong em matemática. O PISA também revela que os sistemas educacionais com melhor desempenho priorizam a qualidade do professor. Para saber o que Singapura fez para chegar ao topo da Educação mundial, o Movimen-to Santa Catarina pela Educação acaba de realizar missão àquele país. O que foi visto e aprendido ul-trapassou qualquer expectativa inicial.

O sistema educacional é pautado na relevância e no mérito, com ali-nhamento perfeito entre Ministério da Educação, instituições formado-ras de professores e escolas. Tudo é perfeitamente pensado para alcançar os dois grandes objetivos da Educação de Singapura: efetivar as aspira-ções dos estudantes e desenvolver a economia. Os ensinos primário e

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LÁ, O ENSINO BÁSICO é PÚBLICO, COM PEqUENO CUSTO PARA O ALUNO. JÁ O ENSINO SUPERIOR é PRIVADO, PORéM, COM VULTOSA COPARTICIPAÇÃO ESTATAL.

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secundário são públicos, com pequenos custos para os alunos, enquanto o ensino superior é privado, porém, com vultosa coparticipação estatal. O idioma ensinado nas escolas é o inglês, mas um segundo também é oferecido: mandarim, malaio ou tâmil. Isso é vital para um país que prega a harmonia entre os singapurianos de origem chinesa (a grande maioria), indiana e malaia.

Singapura investe 3% do PIB em Educação, cerca de US$ 9,6 bilhões de dólares. O professor tem salário que varia de US$ 1.200 a US$ 6.000 ao longo da carreira, sem estabilidade. Só permanece se demonstrar capacidade e motivação para preparar bem os alunos. Está sempre em processo de capacitação. E no campo da formação de professores, Sin-gapura tem um dos mais importantes líderes mundiais, o Prof. Lee Sing Kong, do Instituto Nacional de Educação (NIE), que nos deu uma ver-dadeira aula sobre o que um país deve fazer para oferecer educação de qualidade. Aquele professor com brilho nos olhos nos encantou, com três horas de valiosa aprendizagem. Agora, o desafio é operar a proposta de ter o Prof. Lee e sua equipe para nos ajudar na formação de nossos professores em matemática e ciências.

A princípio se pode pensar que esta verdadeira revolução educacio-nal tenha sido bem-sucedida por se tratar de um país com apenas 720 km2. Isso, em parte, é verdade. Mas a grande diferença reside em pensar grande, priorizar o que é relevante e valorizar pelo mérito. Tudo isso alinhado a um forte planejamento e recursos aplicados corretamente.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

04.04.2017

Todo dia é dia da família na escola

Milhares de famílias se encontrarão no pró-ximo sábado, dia 8, nas escolas catarinen-ses para celebrar a segunda edição do Dia

da Família na Escola. O evento tem o objetivo de estimular a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, aprofundando a reflexão a respeito da importância do tema. Pesquisa do Instituto Ayrton Senna concluiu que estudantes que têm o acom-panhamento mais próximo dos pais nas atividades escolares chegam a estar quatro meses à frente no aprendizado na comparação com os demais colegas. A pesquisa colocou em números aquilo que a expe-riência e o conhecimento da vida já nos ensinavam.

Não se trata aqui de os pais reforçarem os conteúdos ministrados pe-los professores. Os pais nem precisam dominar esses conteúdos. Basta que acompanhem, estejam ao lado dos filhos, vejam as tarefas escolares, de-monstrem preocupação, conversem com professores, direção e outros pais.

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EVENTO TEM O OBJETIVO DE ESTIMULAR A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA VIDA ESCOLAR DE SEUS FILhOS, APROFUNDANDO A REFLExÃO SOBRE O TEMA.

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Dessa forma, os pais reforçam também aquela educação de princí-pios e valores, “a educação que vem de casa” e cuja incumbência princi-pal é deles, mais do que da escola. Não é por acaso que o termo educa-ção abrange tanto a formação de caráter quanto a escolarização. Família, escola e outras instituições cooperam no desenvolvimento das duas ver-tentes, mas é inegável que o caráter é construído muito mais em casa do que em qualquer outro lugar e é transmitido muito mais pelo exemplo do que por qualquer outro meio. Segundo o Papa Francisco, “os pais não se devem autoexcluir e autoexilar da educação dos filhos, mas reapro-priar-se do seu papel insubstituível”.

Não podemos perder de vista que a educação plena, em todas as suas perspectivas, é fator para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. É por isso que precisamos, toda a sociedade, das famílias às em-presas, promover a formação de cidadãos mais críticos e profissionais mais qualificados.

O Dia da Família na Escola é uma proposta do Movimento Santa Catarina pela Educação, que foi prontamente aceita pelo governo e pela Assembleia Legislativa, transformando-se em lei. O espírito desta lei é essencialmente educativo. O Dia da Família na Escola entrou no calen-dário oficial do Estado exatamente para estimular o debate e a reflexão sobre o tema, afinal, todo dia é dia da família na escola.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

15.11.2016

SC: um Estado, duas visões

Santa Catarina destaca-se no cenário nacional por ser um dos Estados que melhor distribui sua renda. Se fosse um país, seria referên-

cia internacional em redução de desigualdade. A renda per capita do catarinense saiu de R$ 800,00 em 2002 para R$ 1.339,00 em 2014, alta de 4% ao ano. O crescimento da remuneração do trabalha-dor, que passou de R$ 1.251,00 em 2002 para R$ 1.905,00 em 2014, foi responsável por 65% desse aumento, segundo dados compilados pelo Insti-tuto Ayrton Senna.

Mas é preciso ver, também, o outro lado dessamoeda. Em Santa Catarina os salários crescem o triplo da produtivi-dade. Enquanto os primeiros aumentaram 4% ao ano, a produtividade avançou apenas 1,5% anualmente, entre 2004 e 2013. É menos que na África, onde a elevação da produtividade tem sido de 2,5% ao ano. Em 2004, Santa Catarina tinha o sexto maior PIB por trabalhador do País.

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SC SE DESTACA POR SER UM DOS ESTADOS qUE MELhOR DISTRIBUI SUA RENDA. SE FOSSE UM PAíS, SERIA REFERêNCIA EM REDUÇÃO DE DESIGUALDADE.

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Em 2013, caiu para o nono lugar. Ou seja, estamos perdendo competi-tividade, o que poderá, no futuro, afetar os indicadores sociais que nos diferenciam.

São os investimentos na saúde e na educação do trabalhador que nos permitirão reverter essa tendência: ambas melhoram a produtividade. No Chile, por exemplo, cada ano de escolaridade gera US$ 3 mil a mais de produtividade por trabalhador; na China US$ 3,5 mil e na Malásia US$ 2,5 mil. No Brasil, esse valor é de US$ 200,00 por série adicional. A produtividade não responde a aumentos na escolaridade. Significa que estamos produzindo muita educação, mas ela está desconectada da produtividade, como ressaltou, na Fiesc, recentemente, o economista Ricardo Paes de Barros.

São dados impactantes, que precisam ser avaliados com atenção. E que confirmam a importância do Movimento Santa Catarina pela Edu-cação, que acabamos de apresentar em Washington, a convite do Ban-co Interamericano de Desenvolvimento (BID), como uma iniciativa de destaque na área educacional na região da América Latina e do Caribe. Fica a certeza de que é necessário ampliar, ainda mais, os esforços pela melhoria da qualidade da educação. É a chance que temos de nos apro-ximar das nações mais desenvolvidas. Mas só teremos sucesso se isso for uma verdadeira obsessão de todos os catarinenses.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

15.10.2016

O novo ensino médio

Os resultados desanimadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015, recentemente divulgados, dei-

xam claro que a educação brasileira precisa mu-dar. No ensino fundamental houve um pequeno avanço. Já no ensino médio o resultado ficou es-tagnado em 3,7, abaixo da meta de 4,3. Estudos e pesquisas com jovens brasileiros mostram, de forma recorrente, a falta de interesse pela escola, a defasagem entre o ensino e a sua realidade, o excesso de disciplinas e a baixa qualidade da edu-cação. O resultado aparece nos indicadores de de-sempenho, como o citado acima.

Diante desse contexto, está mais do que na hora de se pensar numa concepção inovadora para a educação, iniciando pelo ensino médio, que é a etapa mais crítica, com novo currículo, novo modelo pedagógi-co e formação integral do estudante, estruturada na ciência, na cultura

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ESTÁ NA hORA DE SE PENSAR NUMA CONCEPÇÃO INOVADORA PARA A EDUCAÇÃO, INICIANDO PELO ENSINO MéDIO, qUE é A ETAPA MAIS CRíTICA.

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e no trabalho, para atender as necessidades dos jovens e do Brasil do século XXI.

Desde 2008 o Ministério de Educação vem desenvolvendo estudos sobre a reestruturação e expansão do ensino médio, trabalho que resul-tou na Medida Provisória 746. Dentre as vantagens do modelo proposto estão a flexibilização da matriz curricular do ensino médio, de acordo com o perfil do aluno; e a oferta de formação profissional, permitindo ao estudante escolher o itinerário que deseja seguir, a partir do seu pro-jeto de vida.

Trata-se de uma oportunidade de valorização do ensino técnico, fundamental para o futuro dos jovens e para o desenvolvimento do País. Segundo pesquisa da New Media Consortium, apenas 13% dos jovens brasileiros de 15 a 19 anos fazem cursos técnicos, enquanto na União Europeia, por exemplo, esse índice é de 50% (fonte: Centro Europeu para o Desenvolvimento da Educação Profissional). A oferta de forma-ção profissional, concomitante com o ensino médio, abre a possibilida-de de colocar o Brasil em linha com os melhores sistemas educacionais do mundo.

Claro que a proposta pode e deve ser aprimorada, mas a lógica da MP do Ensino Médio vai na direção certa. A escola precisa ser mais atrativa e mais dinâmica, para formar profissionais e cidadãos mais pre-parados para um mundo em permanente transformação.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

06.07.2016

A educação na lanterna das prioridades

Os indicadores educacionais ruins do Bra-sil são reflexos da baixa relevância dada ao tema pela maior parte das lideranças

públicas, mas também pelos cidadãos. Recente pesquisa da CNI confirma isso. Convidados a responder sobre suas principais preocupações, 65% dos brasileiros colocaram a corrupção como o principal problema do País, seguida das drogas (61%) e da violência (57%). A atenção inédita à corrupção é necessária e natural. Re-trata a crise ética do País.

Mas é preocupante ver que a educação sequerestá entre os 10 principais problemas apontados pelos brasileiros, que lembraram antes da impunidade, da saúde, da inflação, do desemprego, dos impostos, do desmatamento e da pobreza. Questionados sobre as prioridades para o governo, os participantes da pesquisa pediram pri-meiro para melhorar os serviços de saúde, controlar a inflação, comba-

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EM PESqUISA DA CNI, é PREOCUPANTE VER qUE A EDUCAÇÃO SEqUER ESTÁ ENTRE OS 10 PRINCIPAIS PROBLEMAS APONTADOS PELOS BRASILEIROS.

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ter a corrupção e promover a geração de empregos. Só depois destaca-ram a melhoria da educação.

O levantamento corrobora a percepção dos especialistas de que, ape-sar do baixo desempenho do ensino brasileiro, os pais estão satisfeitos com as escolas e a aprendizagem de seus filhos. A pouca qualidade da educação impede até a sociedade de perceber que o assunto é pré-requi-sito para avanços nas demais áreas, como saúde, combate à corrupção ou a geração de empregos.

O Movimento SC pela Educação é um grande esforço para tirar o tema da lanterna de nossas prioridades. Entre suas diversas iniciativas, está o Prêmio SC pela Educação, que encontra-se com inscrições aber-tas. Ele reconhece as melhores práticas, para que possam ser replicadas. Outra, é o Projeto de Voluntariado, que já envolve 1,8 mil pessoas dis-postas a dedicar um pouco de seu tempo para melhorar a educação de 140 escolas inscritas no Estado.

Um dos diferenciais do Movimento está em sua abrangência, envol-vendo, além da Fiesc, as federações empresariais do comércio (FECO-MÉRCIO), da agricultura (FAESC) e do transporte (FETRANCESC), além dos trabalhadores, da Secretaria de Educação, do Conselho Esta-dual de Educação e da União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), entre outras entidades e líderes empresariais, que traba-lham para colocar o tema no topo das prioridades dos cidadãos e dos governos, por uma educação de qualidade. Como resultante, as demais preocupações serão mais facilmente superadas, começando por meio do voto consciente e da escolha de políticos éticos e preparados.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

13.04.2016

Sábado, todos na escola

Santa Catarina terá no próximo sábado, dia 16, seu primeiro Dia da Família na Esco-la, com a abertura, para os pais, das portas

dos estabelecimentos de ensino da rede pública estadual, do Sesi, do Senai, do Sesc, do Senac, do Sest, do Senat e do Senar. Com a expectativa de mobilizar mais de 1 milhão de pessoas, o Es-tado dá mais um exemplo pioneiro ao País, com avanços que mostram que estamos deixando para trás a fase em que a educação era impor-tante apenas no discurso para se transformar em prioridade.

A proposta para a criação do Dia da Família na Escola surgiu em decorrência do grande acolhimento que o Movimento A Indústria pela Educação recebeu das empresas, da sociedade e das famílias. O gover-nador Raimundo Colombo prontamente a encaminhou a Assembleia Legislativa, que a aprovou por unanimidade.

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O DIA DA FAMíLIA NA ESCOLA, COM A MOBILIZAÇÃO DE MAIS DE 1 MILhÃO DE PESSOAS, MOSTRA qUE A EDUCAÇÃO PASSA A SER PRIORIDADE.

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O desenvolvimento do Movimento culminou com a recente adesão da FECOMÉRCIO, da FAESC e da FETRANCESC, transformando-se, agora, no Movimento Santa Catarina pela Educação. Essas importantes entidades, assim, juntam-se à Fiesc, às empresas, aos órgãos educacio-nais públicos estaduais e municipais, aos trabalhadores e às organiza-ções não governamentais, em torno da causa da educação de qualidade em Santa Catarina.

O Dia da Família na Escola é o primeiro grande desafio dessa nova fase. Pesquisas e estudos demonstram que a presença dos pais na vida escolar dos filhos contribui para o desenvolvimento das suas competên-cias socioemocionais, as quais, por sua vez, influenciam na melhoria do seu desempenho escolar. Os alunos tornam-se mais organizados, esfor-çados, responsáveis e disciplinados, têm mais estabilidade emocional e disposição para novas experiências.

O encontro também vai chamar atenção para o acompanhamento da saúde dos filhos. Há problemas que, além de provocar a falta às aulas, dificultam o aprendizado. Dificuldades de visão, distúrbios na fala, des-vios na coluna e dores de cabeça são alguns exemplos.

Pais, alunos e professores juntos, na escola, no próximo sábado, re-presentará uma nova experiência, que transformará, para melhor, o ambiente escolar, com reflexos positivos na qualidade do ensino e no desempenho escolar.

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jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

28.04.2016

Política e educação para a cidadania

Todos concordam que a educação é o meio mais seguro e eficaz para que um país atinja o pleno desenvolvimento econômico e so-

cial. Aprender matemática, português, ciências e, principalmente, aprender a pensar é pilar funda-mental para a busca de uma sociedade livre, justa e solidária, como prevê a Constituição Federal. Isso fica ainda mais evidente num cenário como o atual, em que vivemos uma crise sem precedentes em seus aspectos éticos e cuja superação exige a participação de todos.

Assim, ensinar ética é essencial para a formação dos alunos e cidadãos do futuro. O SESI e o SENAI, entidades que pres-tam serviços à indústria e levam conhecimento aos trabalhadores, já têm ética e cidadania em seus currículos. Mas, nos últimos anos, refor-çaram a ênfase nesses conteúdos, no âmbito do Movimento A Indústria pela Educação, agora ampliado para Santa Catarina pela Educação. É

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ENSINAR éTICA é ESSENCIAL PARA A FORMAÇÃO DOS ALUNOS E CIDADÃOS DO FUTURO. O SESI E O SENAI TêM éTICA E CIDADANIA EM SEUS CURRíCULOS.

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uma forma de preparar um futuro mais promissor e sustentável para os alunos, as indústrias e a própria sociedade. Isso deveria ser estendido a todas as escolas brasileiras, inclusive porque tem direta relação com a política.

O investimento na educação melhora a qualidade do voto e fortalece a cidadania, na medida em que desperta as pessoas para a importân-cia de participar, direta ou indiretamente, da política que, num regime democrático, é um insubstituível sistema de promoção do desenvolvi-mento. Mas seu exercício passa necessariamente pela existência de uma classe política comprometida com o bem comum.

Aprender matemática, português, ciências e ética não é bom só para o trabalhador ou para as indústrias. É fundamental para o sucesso do Brasil. Ser um cidadão ético não é apenas um requisito pessoal, mas fator determinante para o correto desenvolvimento do País. A educa-ção precisa se transformar em prioridade nacional. Passo decisivo para evitarmos, no futuro, os escândalos que hoje humilham os brasileiros.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

21.12.2016

questão de prioridade

Singapura tornou-se independente em 1965. Pequena ilha, com 700 km², no sudeste asiá-tico, em seus primeiros anos, sem recursos

naturais, amargava alta taxa de desemprego, en-quanto saneamento e moradia encontravam-se abaixo dos padrões desejáveis. Enfim, era uma república pobre. De uma espécie de entreposto comercial, tornou-se um país exportador. A base de tudo foi a educação. O governo incentivou e preparou professores, atraiu indústrias e prepa-rou os profissionais que as empresas precisavam. Concentrou esforços em formar cidadãos comboa bagagem técnica, por meio do ensino técnico e das escolas de engenharia e, além disso, preparou os estudantes para a vida, focan-do em características socioemocionais. Os resultados foram colhidos ao longo de todo esse tempo. Nos primeiros 20 anos, o PIB de Singa-pura cresceu em média 13%. O lema “Pensando a Escola, Aprenden-

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O GOVERNO CONCENTROU ESFORÇOS PARA PREPARAR PROFESSORES, ATRAIR INDÚSTRIAS E FORMAR CIDADÃOS COM BOA BAGAGEM TéCNICA.

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do a Nação” traçado para o século XXI, forma estudantes críticos e com alto poder de criatividade.

A recente divulgação dos resultados do PISA, o teste efetuado pela OCDE a cada três anos e que mede o desempenho de estudantes de 15 anos em 70 países, mostra que Singapura ocupa a primeira colocação em ciências, leitura e matemática. Nesses três saberes, o Brasil ficou na 63ª, 59ª e 66ª posições, respectivamente.

O que nos separa de Singapura? Segundo o relatório, o desempe-nho dos alunos no Brasil está abaixo da média dos alunos dos países da OCDE em ciências (401 pontos, comparados à média de 493), em leitura (407 pontos, comparados à média de 493) e em matemática (377 pontos, comparados à média de 490). Singapura obteve média 556 em ciências, 535 em leitura e 564 em matemática.

O Movimento Santa Catarina pela Educação tem o mesmo propó-sito do lema de Singapura: formar cidadãos criativos, com formação técnica, dotados de boas características socioemocionais e preparados para atender às necessidades do mundo do trabalho. Não precisamos levar 20 anos, como Singapura, para trilhar o caminho do desenvolvi-mento. A tecnologia pode abreviar o nosso salto para o futuro. Ques-tão de vontade política em colocar a educação como a primeira prio-ridade do Brasil.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

17.02.2016

Gestão, muito importante também na escola

Embora pouco comentada, a gestão escolar é um aspecto importante para garantir a qua-lidade do ensino. O gestor é o responsável

pela organização do trabalho de todos os que trabalham na escola. É o profissional que busca promover um ambiente capaz de contribuir de forma significativa com a educação e suas estra-tégias de atuação devem colaborar para tornar a escola mais eficaz. Essa articulação e parceria en-tre todos os que atuam na escola deve favorecer o alcance de uma educação de qualidade e, quando aplicável, de um aprendizado que prepare o aluno para o mundo do trabalho.

Os gestores também precisam estar preparados para saber como uti-lizar, otimizar e racionalizar os recursos disponíveis que auxiliam na sua administração, da mesma forma como ocorre em empresas e até em nossos lares. Felizmente temos experiências exitosas que trazem bons

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O GESTOR é O PROFISSIONAL qUE BUSCA PROMOVER UM AMBIENTE CAPAZ DE CONTRIBUIR DE FORMA SIGNIFICATIVA COM A EDUCAÇÃO.

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resultados para a educação. Para isso existem, inclusive, ferramentas gratuitas voltadas à gestão, por exemplo, da merenda escolar, das re-ceitas e despesas da secretaria e, até mesmo, para gerir o calendário de atividades da escola. Igualmente, ferramentas modernas de medição do desempenho de professores e alunos. Esses “cases”, fáceis de serem aces-sados, são referenciais que contribuem para uma gestão de sucesso.

É sobre esse tema que o Movimento A Indústria pela Educação, liderado pela Fiesc e, agora, com a importante participação da FECO-MERCIO, vai se debruçar neste ano. Em 2013 mobilizamos a indústria para a importância da causa da educação e, em 2014, incentivamos a participação das famílias na vida escolar dos alunos. No ano passado, convidamos o jovem a ser protagonista desta causa e, agora, o foco é a gestão escolar. Para a qualidade da gestão é necessário o desenvolvi-mento de competências. A profissionalização da gestão da rede escolar influencia até mesmo a ampliação da oferta de ensino.

A educação é um processo complexo e dinâmico que precisa envol-ver, além dos professores e gestores, a família, a comunidade, o governo e a representação política na construção de uma educação de qualidade. A escola que queremos é aquela que seja desafiante para os professores e atrativa, acolhedora e estimulante para os estudantes. Ela deve ser um local de ensino e diálogo, onde se aprende a conviver respeitando as di-ferenças e que se mantém atualizada e atenta ao contexto social do seu entorno. A ação do gestor é essencial para tornar tudo isso realidade, contribuindo para melhorar o desempenho e os indicadores educacio-nais de sua escola.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

06.01.2016

Educação e trabalho

Como consequência da profunda crise polí-tica, econômica e ética que paralisou o País nos últimos meses de 2014 e durante todo o

ano de 2015, estima-se que perto de 1,5 milhão de trabalhadores perderam seus empregos no Brasil. Trata-se do efeito mais grave e perverso desse triste período de nossa história, marcado, sobre-tudo, por demissões não desejadas, impostas por uma realidade recessiva extremamente dura (a mais intensa dos últimos 25 anos), causada por políticas econômicas desastradas do governo. Seus impactos sacrificam a toda a sociedade, mas, sobretudo, os que perdem o emprego.

A taxa de desemprego, apurada pela Pesquisa Nacional por Amos-tra de Domicílios (Pnad), tinha previsão de fechar 2015 em 10%, e vai piorar, podendo superar os 12% ainda no primeiro semestre de 2016. O contingente de desempregados já se aproxima de 9 milhões de pessoas.

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TEMOS qUE qUALIFICAR OS DESEMPREGADOS, CAPACITANDO-OS PARA AS OPORTUNIDADES qUE SURGIRÃO COM A RETOMADA DO CRESCIMENTO.

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Acontece que o trabalho, que é um bem de todos, “condiciona o de-senvolvimento não só econômico, mas também cultural e moral, das pessoas, da família, da sociedade e de todo o gênero humano” (Com-pêndio da Doutrina Social da Igreja, 269). Assim, o nosso desenvolvi-mento pleno está condicionado às condições de recuperação do empre-go, dever que se constitui na principal prioridade, nos próximos anos, dos brasileiros que servem ao País tanto no setor público quanto no setor privado.

Enquanto não se restabelecem essas condições, temos a responsa-bilidade de enfrentar o problema da qualificação técnica e profissional dos desempregados, capacitando-os para as oportunidades que surgirão com a retomada do crescimento. Como sempre acontece, os menos qua-lificados são os primeiros a perder o emprego e os últimos a reconquis-tar um novo posto de trabalho.

Na Fiesc, em parceria com a FECOMÉRCIO, estamos preparados para esse imenso desafio. Aos industriais e aos comerciantes lançamos um vigoroso apelo para que, como nós, assumam a causa da Educação. Com o empenho de todos, faremos 2016 melhor!

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

22.07.2015

Exemplos que contagiam

A data: 8 de julho de 2015. O local: sala dos Conselhos da Fiesc, onde normalmente são discutidas as principais questões liga-

das à competitividade da indústria. Os presen-tes: predominantemente profissionais ligados à educação. A reunião: Conselho de Governança do Movimento A Indústria pela Educação. Nes-se ambiente, dois jovens, Samuel da Silva, de 14 anos, e Luana Machado, de 19, encheram os par-ticipantes de esperança quanto à possibilidade de transformar a realidade da educação. A partir do relato de suas experiências pessoais, ambos deramdepoimentos emocionantes sobre como a educação está transformando e redirecionando suas vidas. Confirmaram o que as pesquisas já indi-cavam: os jovens estão preocupados com a qualidade da educação que recebem. Não se conformam mais com a mesmice. Samuel e Luana são dois dos 32 jovens embaixadores do Movimento, que passa a contar com

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OS JOVENS ESTÃO PREOCUPADOS COM A qUALIDADE DA EDUCAÇÃO qUE RECEBEM. NÃO SE CONFORMAM MAIS COM A MESMICE.

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16 Câmaras Regionais, lideradas pelos vice-presidentes da Fiesc e inte-gradas por diretores de escolas, secretários de educação e representantes de entidades organizadas. Essas Câmaras avaliarão as carências locais e proporão soluções. Se em cada Região tivermos 100 pessoas compro-metidas com a causa da educação, mudaremos a história da educação em Sana Catarina.

Muitos, talvez, perguntem se é papel da indústria e de suas entidades representativas ser protagonistas desse processo. Estou convicto de que sim. O Movimento foi lançado a partir da constatação de que o nível de qualificação do trabalhador é um dos principais entraves à competiti-vidade. A educação de qualidade é a única forma de sairmos de ciclos de crescimento que não se sustentam para uma condição de desenvol-vimento constante no longo prazo. Afinal, a educação induz um ciclo virtuoso, pois o trabalhador qualificado ajuda a indústria a inovar e a ser mais competitiva; a indústria, por sua vez, tem condições de remunerar melhor o trabalhador e de abrir novas vagas de trabalho e, assim, toda a sociedade colhe os frutos do desenvolvimento.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

22.12.2015

Voluntários pela educação

 

O voluntariado é uma prática ainda pouco difundida no Brasil, mas que beneficia to-dos os envolvidos. Estudo do Instituto Da-

tafolha mostra que apenas um em cada dez bra-sileiros com 16 anos ou mais exerce algum tipo de atividade voluntária e 72% nunca participaram de ações nesse sentido. Por outro lado, a pesquisa, que ouviu 2 mil brasileiros, mostra também que 79% da população está disposta a se doar por uma causa. E se esse anseio em ajudar o próximo for canalizado para a educação? Um novo projeto, liderado pela Fiesc, quer mobilizar 1,6 mil catari-nenses a atuar de forma voluntária pela melhoria da qualidade da edu-cação. É uma forma de atrair mais pessoas para uma causa que é essen-cial para o desenvolvimento do País. Queremos oferecer, aos catarinen-ses que estão dispostos a doar um pouco de seu tempo, a oportunidade de participar de uma agenda que fará toda a diferença para a sociedade.

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ESTUDO DO INSTITUTO DATAFOLhA MOSTRA qUE 79% DA POPULAÇÃO ESTÁ DISPOSTA A SE DOAR POR UMA CAUSA. E SE ELA FOR A EDUCAÇÃO?

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Não apenas o voluntariado, mas também a união de diversos atores e dos setores produtivos será capaz de viabilizar essa mudança na edu-cação. Em todas as regiões do Estado, a Fiesc criou Câmaras ligadas ao Movimento A Indústria pela Educação, as quais reúnem representantes do setor industrial, dos sindicatos industriais e dos trabalhadores, da rede pública de educação, além dos jovens embaixadores, no âmbito do programa Conexão Jovem. Agora, o Movimento passou a contar, tam-bém, com a adesão da Federação do Comércio, dando um importante passo no sentido de transformá-lo em uma iniciativa ainda maior.

Além do voluntariado, no ano que se aproxima os esforços do Movi-mento estarão voltados à gestão escolar, sem abandonar questões como o protagonismo do jovem em relação à educação e o envolvimento da família na vida escolar dos alunos. Esse tema, inclusive, deu origem ao projeto de lei, já aprovado pela Assembleia Legislativa, que determina o último sábado do mês de abril como o Dia da Família na Escola. 2016 reserva grandes desafios. O apoio dos voluntários pode ajudar a melho-rar a qualidade da educação e contribuir para a construção de um País mais desenvolvido e sustentável. Seja um voluntário! Procure a Fiesc.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

28.10.2015

qualidade do investimento na educação

 

Evoluir na educação é possível desde que pos-samos aprender com quem já fez e fez cer-to. Histórias inspiradoras chegam da China,

Estados Unidos e Finlândia, que participaram do 3º Seminário Internacional de Educação, promo-vido pela Fiesc na semana passada. Essas nações sempre se destacam nas avaliações de desempe-nho dos estudantes e promovem reformas cons-tantes para continuar progredindo rumo à exce-lência. Mostram que o mais importante não é o valor, mas a qualidade do investimento. Atual-mente, a Finlândia reavalia os currículos da edu-cação profissional, com foco no desenvolvimento das chamadas competências socioemocionais, como iniciativa, trabalho em equi-pe,   criatividade e inovação. A China, que lidera a última avaliação do PISA, investe 3,7% do seu PIB em educação. A Finlândia investe 6,8% e ocupou a terceira posição. Os Estados Unidos investem 5,5%

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COM 5,7% DO PIB, O BRASIL INVESTE TANTO qUANTO OU MAIS DO qUE PAíSES COM RESULTADOS MUITO SUPERIORES AOS NOSSOS EM EDUCAÇÃO.

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do seu PIB e estão na posição 17. Os dados integram balanço da Or-ganização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Com 5,7% do PIB, o Brasil tem investido tanto quanto ou mais do que os Países que possuem os melhores resultados. Ainda assim, ocu-pa o desonroso 53º lugar no PISA. Alguma coisa está errada.  Apesar de avanços importantes, principalmente em termos de acesso, o Bra-sil ainda não provê educação de qualidade para todos. Apenas um em cada dez estudantes sai do ensino médio com o aprendizado adequado em matemática e menos de três com o aprendizado adequado em por-tuguês. Além disso, quase metade dos estudantes abandona o ensino médio.

A Fiesc tem procurado estimular além da indústria, outros setores produtivos e o poder público para uma ação conjunta pela causa. Que-remos alcançar uma educação de excelência que beneficie os cidadãos e suas famílias e que influencie positivamente o crescimento econômico. Não precisamos gastar mais. Apenas melhor. Não precisamos de gran-des estratégias. Só de uma sólida união da sociedade pela melhoria da qualidade da educação.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

14.10.2015

Aos Mestres, com carinho

“A arte mais importante do professoré a de despertar a alegria pelo trabalho

e pelo conhecimento”Albert Eistein

O Professor sempre foi uma autoridade pres-tigiada no Brasil, não pela hierarquia de seu cargo, mas pelo reconhecimento do

seu preparo e da importância de seu serviço. Res-peitado pelos alunos, pelas famílias e pela comu-nidade. Era chamado de Mestre (“pessoa superior e de muito saber”, segundo o Aurélio). Infeliz-mente, isso mudou. Para pior.

O reconhecimento ao valor e à importância do Professor precisa ser resgatado. Felizmente, exem-plos admiráveis de profissionais qualificados e de-dicados à missão de ensinar surgem nas escolase universidades de todo o Brasil, mostrando que, com boa gestão, é possível melhorar os níveis de qualidade também na educação em nosso País, o que deve ser enaltecido neste dia 15 de outubro, quando celebramos o Dia do Professor. Anualmente, três dias antes, celebramos o Dia das Crianças e o Dia da padroeira do Brasil, a Nossa Senhora Apa-

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AO CONTRÁRIO DO PASSADO, O RECONhECIMENTO AO VALOR E à IMPORTâNCIA DO PROFESSOR PRECISA SER RESGATADO.

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recida. Essa, sim, uma associação perfeita. Nossa Senhora foi a primeira professora de seu filho, o menino Jesus, a quem ensinou os conceitos fundamentais de justiça e caridade, que marcaram a sua vida pública. Com José, o seu pai, aprendeu o ofício de carpinteiro. Maria e José, fo-ram os seus carinhosos mestres, deixando-nos o legado da importância da família na educação dos filhos.

Hoje, as mudanças estruturais na sociedade e os avanços da tecno-logia exigem novos currículos e novas metodologias. Tais mudanças e recursos, antes de distanciar, devem aproximar Professores, alunos, fa-mílias e sociedade. Por isso, investir na formação continuada dos Pro-fessores, em termos de competências e habilidades, é uma prioridade urgente.

Os países que realizaram grandes reformas educacionais investiram em ações de qualificação e reconhecimento dos Professores. Resultados: conseguem os melhores desempenhos nas avaliações mundiais. O Brasil também precisa dar esse passo.

No seu dia, aos Professores, o nosso carinho.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

02.09.2015

Revanche na educação profissional

O Brasil sediou em agosto a olimpíada in-ternacional de educação profissional. Realizada em São Paulo, a WorldSkills

Competition possibilitou comparar a educação profissional brasileira com o que há de mais avan-çado no mundo, em termos de tecnologia, prepa-ração de professores e organização curricular do ensino profissional.

O desempenho do Brasil evidenciou a excelên-cia de nossa educação profissional. Com a ajuda dos catarinenses, que conquistaram uma medalha de prata e três de excelência, os competidores brasi-leiros bateram um recorde histórico ao alcançar 46 medalhas, com des-taque para o SENAI. O Brasil também liderou em número de pontos.

Se no futebol tivemos um verdadeiro blecaute ao enfrentar a Alema-nha na Copa do Mundo e perder de 7 a 1, no ensino profissionalizante ocorreu uma espécie de revanche. Enquanto o Brasil ocupou o lugar

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O DESEMPENhO DO BRASIL NA WORLDSkILLS COMPETITION, EM SÃO PAULO, EVIDENCIOU A ExCELêNCIA DE NOSSA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.

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mais alto do pódio, a Alemanha ficou na sétima posição em número de pontos, num ranking onde também se destacam países como Coreia do Sul, França, Japão e China-Taipei.

Todos os que acompanham as questões ligadas à educação sabem que o Brasil ocupa as últimas posições em rankings como o PISA. Mais de 500 mil estudantes zeraram a redação no último ENEM. Isso torna ainda mais notável o desempenho do País no mundial de profissões.

Contudo, apesar da excelência na formação profissional técnica, ain-da é necessário que seja mais valorizada por aqueles que buscam o mer-cado de trabalho: menos de 20% dos estudantes brasileiros escolhem o ensino técnico como forma de iniciar a sua formação profissional. Em outros países, esse índice chega a superar 50%.

A educação profissional é o caminho mais curto para a inserção no mundo do trabalho e a saída para reduzir o desemprego entre jovens, que atinge o dobro da taxa registrada no total da população. Em tempos de crise, os mais qualificados são os últimos a perder o emprego. Com trabalhadores cada vez mais qualificados, a indústria também terá me-lhores condições para sair antes das crises econômicas.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

05.08.2015

Lições para a educação

Pela primeira vez no Brasil, São Paulo se-diará, de 11 a 17 de agosto, a 43ª edição da WorldSkills Competition, torneio in-

ternacional de educação profissional no qual os competidores executam atividades típicas de cada profissão e são avaliados pelo conhecimento, ha-bilidades e atitudes que apresentam. Com seis competidores, cinco do SENAI e um do SENAC, Santa Catarina também fará história, registrando sua maior delegação já enviada ao evento. A par-ticipação na WorldSkills proporciona importan-tes reflexos para a educação profissional, que são incorporados ao cotidiano das escolas. Entre eles, estão a aproximação dos estudantes com modernas tecnologias e o intercâmbio de experiên-cias. Além disso, permite o alinhamento com o que existe de mais avan-çado na educação profissional em todo o mundo. E nesse aspecto, o Bra-sil pode celebrar, pois tem ficado entre os cinco primeiros colocados nas

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A PARTICIPAÇÃO DE SC NA WORLDSkILLS PROPORCIONA IMPORTANTES REFLExOS PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, INCORPORADOS àS ESCOLAS.

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últimas edições, chegando ao vice-campeonato em 2013. São resultados muito melhores, por exemplo, dos alcançados em rankings da educação, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, da OCDE, no qual o País historicamente fica além da 50ª posição.

Para obter sucesso na disputa, o participante precisa planejar, apro-veitar recursos e realizar com perfeição o desafio proposto. Para isso, é fundamental que tenha capacidade e autonomia para a solução de pro-blemas, competência que, conforme lembra o competidor catarinense Eduardo Kruczkievicz, todo estudante tem que buscar, esteja no ensino fundamental, médio ou profissionalizante.

A WorldSkills aponta para a necessária valorização e incremento do ensino técnico no Brasil, onde o índice de jovens que passaram por alguma etapa ou formação profissional é de apenas 15%. É um índice significativamente inferior ao de países da Organização para a Coopera-ção e Desenvolvimento Econômico-OCDE, como Alemanha, da ordem de 50%. Os profissionais que carregam as competências desejadas pelo mundo do trabalho ajudarão a construir um país mais competitivo e com uma economia mais sólida.

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Artigo publicado originalmente nos jornais da Associação dos Diários do Interior - ADI

de 28.04.2015 a 4.05.2015

A educação que queremos

Celebramos hoje, 28 de abril, o Dia Mundial da Educação. Ter uma data especial voltada à causa reforça a necessidade de refletir sobre

a educação que temos e a que queremos. Estudos comprovam que ainda temos muito que avançar. O brasileiro trabalha mais do que a média do tra-balhador  dos países ricos, mas a produtividade é menor. Uma das razões que explicam este fato é a baixa escolaridade, que se torna mais grave em uma economia cada vez mais baseada no conhe-cimento e na inovação.

Apenas 43% dos brasileiros entre 25 e 64 anos possuem formação equivalente ao ensino médio. É bem menos que a média (75%) dos países que integram a Organização para a Coopera-ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre os jovens de 25 a 34 anos, apenas 57% concluíram a educação básica, contra 82% na compa-ração internacional. Em Santa Catarina, mais de 142 mil jovens entre 15

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APENAS 43% DOS BRASILEIROS ENTRE 25 E 64 ANOS TêM FORMAÇÃO EqUIVALENTE AO ENSINO MéDIO, ABAIxO DA MéDIA (75%) DOS PAíSES DA OCDE.

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e 29 anos não trabalham e nem estudam, uma realidade que aponta para um descompasso entre juventude, educação e o mundo do trabalho.

O mais recente relatório da OCDE sobre crescimento econômico avalia e compara o progresso das reformas em todos os países e identi-fica novas prioridades para relançar o crescimento e torná-lo mais in-clusivo. O estudo mostra que o Brasil precisa investir em educação e qualificação profissional.

É por isso que, em sua nova fase, o Movimento A Indústria pela Edu-cação, da FIESC, decidiu estimular os jovens para uma atuação mais co-laborativa com a escola e mais próxima do mundo do trabalho. O Mo-vimento conta, também, com parceiros que se empenham nesta causa, como o Todos pela Educação, a Fundação Victor Civita, representantes dos trabalhadores, o Instituto Ayrton Senna e a HAMK – Universidade de Ciências Aplicadas da Finlândia.

Para os próximos anos, o desafio é maior ainda.  A proposta é trans-formar a iniciativa, hoje focada na indústria, em Movimento Santa Ca-tarina pela Educação, agregando outros setores da economia e da socie-dade que partilham da mesma causa. É pela educação que manteremos o nosso Estado na rota da inovação e do desenvolvimento social e eco-nômico.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

29.04.2015

SC pela educação

A semana que celebra o Dia Mundial da Educação (28 de abril) nos remete à refle-xão sobre o tema. Aqui neste espaço temos

destacado a relação entre a educação, a competi-tividade do País e o desenvolvimento social, em especial o grande desafio que temos pela frente. Mas há avanços que precisam ser registrados. Se em 2008 apenas 43% dos trabalhadores da in-dústria catarinense tinham escolaridade básica completa, hoje já são 55%, o que equivale a 485 mil industriários. Hoje queremos abordar outro enfoque: a necessidade de reduzir o descompasso entre juventude, educação e o mundo do trabalho. No Brasil, 1,3 milhão de estudantes deixaram a escola em 2014, de acordo com o último censo escolar. É como se a cada 24 segundos, um aluno aban-donasse a sala de aula, um impacto de R$ 7 bilhões nos cofres públi-cos. Além disso, 8,9% dos jovens catarinenses entre 15 e 29 anos não

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MOVIMENTO A INDÚSTRIA PELA EDUCAÇÃO DECIDIU ESTIMULAR OS JOVENS PARA UMA ATUAÇÃO MAIS COLABORATIVA COM A ESCOLA.

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trabalham e nem estudam e cerca de 40% dos estudantes do ensino médio não concluem o curso.

É por isso que, em sua nova fase, o Movimento A Indústria pela Edu-cação, da Fiesc, decidiu estimular os jovens para uma atuação mais co-laborativa com a escola e mais próxima do mundo do trabalho. O Mo-vimento conta, também, com parceiros que se empenham nesta causa, como o Todos pela Educação, a Fundação Victor Civita, representantes dos trabalhadores, o Instituto Ayrton Senna e a HAMK – Universidade de Ciências Aplicadas da Finlândia.

A proposta, para os próximos anos, é transformar a iniciativa, hoje focada na indústria, em Movimento Santa Catarina pela Educação, agregando outros setores da economia e da sociedade que partilham da mesma causa. O desafio é ainda maior, mas é pela educação que mante-remos o nosso Estado na rota da inovação e do desenvolvimento social e econômico.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

18.02.2015

Educação: investimento que dá certo

 

Indústrias que investem em programas educa-cionais para qualificar seus trabalhadores re-gistram avanços em produtividade e no desen-

volvimento de habilidades relacionadas ao mundo do trabalho. Pesquisa realizada junto às indústrias catarinenses que participaram do Prêmio Fiesc de Educação aponta que 71% perceberam ganhos no desenvolvimento de competências e na busca por melhores resultados após o início de ações educa-cionais. Mais de 38% registram, também, aumen-to na atração e retenção de talentos.

A educação é percebida pela indústria comofator-chave para a competitividade do setor. Trabalhadores escolariza-dos e mais qualificados contribuem para o aumento da produtividade e para a eficiência de processos. De fato, a educação vai se consagrando como o principal insumo para o desenvolvimento econômico e social do País. Foi essa premissa que motivou a Fiesc a iniciar, em 2012, o Mo-

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A EDUCAÇÃO é PERCEBIDA PELA INDÚSTRIA COMO FATOR-ChAVE PARA A COMPETITIVIDADE DO SETOR E PARA ATRAIR E RETER TALENTOS.

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vimento A Indústria pela Educação, que se tornou importante elemento influenciador para a implantação de novas práticas educacionais.

Nesses dois anos alcançamos cerca de duas mil adesões ao Movi-mento, além de sólida evolução na articulação com os setores público e privado em prol da melhoria qualitativa da educação em Santa Catari-na. Considerando o triênio 2012-2014, chegamos a 877 mil matrículas realizadas pelas entidades da Fiesc (SESI, SENAI e IEL).

Desde o lançamento do Movimento, diversas ações educacionais fo-ram protagonizadas pelas indústrias. Essas ações refletem os esforços que vem ocorrendo para a elevação da escolaridade básica e a melhoria da qualificação profissional dos trabalhadores.

Na percepção dessas indústrias tais iniciativas geram valor competi-tivo. Por isso, representam boa fonte de inspiração para que outras em-presas melhorem as suas práticas educativas de forma a impactar positi-vamente o processo produtivo e a vida dos trabalhadores.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

29.10.2014

Um salto na educação catarinense

Como deve ser o profissional do século XXI? É fato que hoje habilidades como redação e raciocínio lógico são insuficientes para ga-

rantir o êxito profissional. Por isso, para ser bem sucedido profissionalmente, é necessário de-senvolver outras competências, como iniciativa, trabalho em equipe, colaboração, disciplina, res-peito, inovação e criatividade. Esse é o novo pro-fissional que o mercado de trabalho precisa.

Em recente encontro internacional promovi-do pela Fiesc, especialistas do Brasil, Finlândia e Polônia debateram o tema e alertaram para anecessidade de iniciar, ainda no período escolar, o desenvolvimento dessas aptidões. Isso já é uma realidade em outros países, como o Japão, que tem adotado iniciativas como a distribuição em escolas infantis de brinquedos grandes, que impedem as crianças de brincarem sozinhas e incentivam, dessa forma, a colaboração e o trabalho em equipe.

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O NOVO PROFISSIONAL, DESEJADO PELO MERCADO DE TRABALhO, PRECISA DE COMPETêNCIAS qUE VÃO MUITO ALéM DE REDAÇÃO E RACIOCíNIO LóGICO.

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Educadores e especialistas da área reconhecem a urgência de se aperfeiçoar os currículos com a inclusão desses temas, o que já está em análise no Ministério da Educação. Pesquisa do Instituto Ayrton Senna, realizada com 25 mil alunos, mostrou que, ao aperfeiçoar essas com-petências, a formação acadêmica também melhora. Além disso, é ne-cessário investir na valorização do professor, com o fortalecimento da formação inicial e continuada. Outro aliado nesse processo são os pais dos estudantes, independente de seu nível de escolaridade. Como in-centivadores, eles influenciam fortemente no desempenho escolar dos seus filhos.

Avançando nesse sentido, teremos profissionais mais preparados para o mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, daremos uma contribui-ção decisiva para a competitividade das empresas e para a formação de bons cidadãos, comprometidos com suas comunidades e com a cons-trução de um País melhor.

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Artigo publicado originalmente no jornal Correio Braziliense

04.09.2014

Educação, mais educaçãoGlauco José Côrte, presidente da Fiesc

Mozart Neves Ramos, educador e escritor

Mudanças estruturais, que impactam o modelo de desenvolvimento de uma so-ciedade, são normalmente promovidas

por descontinuidades tecnológicas. Foi assim com a máquina a vapor, a eletricidade, o transis-tor e a internet. Ocorre que tais descontinuidades são cada vez mais frequentes, com impactos pro-fundos nos diversos setores produtivos. A dinâ-mica desses novos tempos está a exigir que crian-ças, jovens e adultos tenham acesso à Educação ao longo da vida. Mas não a qualquer Educação. O ponto de partida passa pela oferta de uma Edu-cação básica de qualidade, da Creche ao Ensino médio. Isso significa acesso, permanência, aprendizagem e conclusão Escolar na idade cer-ta. Apesar dos avanços alcançados nas duas últimas décadas, o país ainda está longe de ofertá-la na escala continental de seu território. No que se refere, em particular, à formação de jovens com vistas à in-

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APESAR DOS AVANÇOS NAS DUAS ÚLTIMAS DéCADAS, O PAíS AINDA ESTÁ LONGE DE OFERTAR EDUCAÇÃO BÁSICA NA ESCALA CONTINENTAL DE SEU TERRITóRIO.

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serção no mundo do trabalho, tão necessária para a competitividade do país, será preciso ao menos triplicar o atual número de matrícu-las em cursos técnicos e profissionalizantes, em conformidade com o novo Plano Nacional de Educação (PNE). E não é sem razão: enquan-to na Alemanha 53% dos jovens estão matriculados nessa modalidade de Ensino, no Brasil esse percentual é de apenas 17%! O Pronatec, programa de formação profissional implantado pelo governo federal, representa, sem dúvida, uma luz no fim do túnel. Mas a baixa qua-lidade da Educação básica e a escassez de bons Professores podem comprometer a sua expansão com qualidade, especialmente nas áre-as estratégicas vinculadas às ciências exatas e tecnologias. Há outro desafio em jogo: o de como motivar 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que nem estudam nem trabalham, a chamada “geração nem-nem”, para trazê-los de volta à Escola e, posteriormente, incluí-los no mundo do trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um bônus demográfico que se completará, segundo os especialistas, em 2030. O país, para seu crescimento econômico e sua sustentabilidade, não poderá abrir mão de nenhum de seus jovens. No Ensino superior, o desafio não é menor. O Brasil tem apenas 16,5% de jovens de 18 a 24 anos matriculados nesse nível de Ensino. Em conformidade com o PNE, o país precisará dobrar esse percentual nos próximos 10 anos, ou seja, chegar a 33%. Para se ter uma ideia da complexidade dessa meta, esse era o percentual previsto no PNE para 2010. Isso exige - sem que haja perda de qualidade com essa expansão - que a Educação básica melhore significativamente. Como se vê, tudo passa pelo desafio da qualidade desse nível educacional. Felizmente, a sociedade começa cada vez mais a ter clareza da importância de uma boa Educação para que o país venha a ser, de fato, protagonista e competitivo nesse com-plexo cenário mundial. Na última pesquisa Ibope/CNI, a Educação já se coloca entre as três principais preocupações dos brasileiros, com a

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saúde e a segurança pública. Há 10 anos, ela ocupava, nessa mesma pesquisa, a 7ª prioridade entre as principais demandas dos brasileiros. Essa maior demanda por Educação pode contribuir para que o país reduza o enorme hiato que separa o seu desenvolvimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto – o Brasil é o 7° PIB mundial –, e o seu desenvolvimento social, medido pelo Índice de Desenvolvi-mento Humano – o Brasil ocupa a 79ª posição no ranking mundial de IDH. Somente quando o país alinhar esses indicadores nas melhores posições do cenário mundial, teremos de fato um Brasil mais justo e com menos pobreza. Para que isso aconteça, não se conhece nada me-lhor do que a Educação - que, para ser de boa qualidade, precisará de Professores valorizados e bem-formados, e de Alunos motivados para aprender, em Escolas preparadas para os desafios do século 21.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

17.09.2014

O tempo perdido na educação

São recorrentes as notícias de que os níveis da educação brasileira encontram-se muito abaixo dos obtidos pelos países desenvol-

vidos. De fato, foram frustrantes os recentes re-sultados do Índice de Desenvolvimento da Edu-cação Básica (IDEB). Depois de ter alcançado a maior parte das metas estabelecidas em 2011, as médias dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio brasileiros ficaram aquém do espe-rado para 2013. Considerando que quem já está na frente tende a avançar com mais facilidade, o Brasil precisa correr para chegar aos padrões in-ternacionais. E isso é perfeitamente possível, com trabalho sério de to-dos os agentes envolvidos. A educação profissional brasileira acaba de realizar a Olimpíada do Conhecimento, reunindo 800 estudantes, pre-dominantemente do SENAI, de todo o País, em Belo Horizonte. A com-petição comprovou a excelência da nossa educação profissional, que

DEPOIS ALCANÇAR AS METAS EM 2011, AS MéDIAS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MéDIO FICARAM AqUéM DO ESPERADO PARA 2013.

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exigiu dos alunos o cumprimento de tarefas de alto padrão. Para Santa Catarina, o resultado foi, ainda, mais admirável, com a conquista de 8 medalhas de ouro (7 pelo SENAI-SC e 1 pelo SENAC-SC), o que lhe ga-rantiu o terceiro lugar geral, atrás, apenas, de São Paulo e Minas Gerais.

O evento foi marcado por histórias de superação, como a de Rafael Oening, do SENAI de Blumenau. Com baixo desempenho no primei-ro dia de provas, ele se concentrou, se esforçou e buscou a medalha de ouro em administração de sistemas de rede, conquistando, além disso, a melhor nota entre todos os competidores catarinenses. Arregaçar as mangas para reverter, em prazo razoável, um quadro negativo pode ser também o caminho para o ensino brasileiro. Afinal, a educação con-tinua sendo o principal fator de alcance do crescimento econômico e social de uma Nação e de boas oportunidades para todos. O Brasil tem pressa.  Para recuperarmos o tempo perdido, uma boa escolha será a disseminação, no País, da metodologia da “educação por competência”, aplicada com sucesso pelo SENAI.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

20.08.2014

Pais e filhos juntos pela educação

quando, há dois anos, a Fiesc iniciou o Mo-vimento A Indústria pela Educação fazia uma clara opção pela educação como ve-

tor chave no alinhamento entre desenvolvimento econômico e social. O setor industrial de Santa Catarina respondeu de forma muito positiva e, hoje, temos mais de 1,8 adesões ao Movimento, um investimento expressivo na elevação da esco-laridade básica e da qualificação profissional dos trabalhadores, além de sólida articulação com o setor publico e privado em prol da melhoria qua-litativa da educação.

Porém, primar por essa melhoria requer, também, o envolvimento das famílias destes trabalhadores, as escolas de seus filhos e a comunida-de onde vivem. Essa é a principal motivação para o lançamento da Cam-panha Pais pela Educação, haja vista que a boa escola começa em casa. É sabido que quando os pais estimulam o aprendizado e participam da

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qUANDO OS PAIS PARTICIPAM DA VIDA ESCOLAR, AS CRIANÇAS SE ALFABETIZAM COM MAIS FACILIDADE E OBTêM MELhORES NOTAS.

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vida escolar, as crianças se alfabetizam com mais facilidade, obtêm me-lhores notas, permanecem por mais tempo na escola e alcançam renda superior na idade adulta. Mas no Brasil essa participação ainda precisa evoluir. Uma pesquisa do Ibope aponta que apenas 7% dos pais acredi-tam que a educação é também responsabilidade deles.

Recentemente um estudo do Instituto Ayrton Senna e da OCDE re-velou que pais engajados, mesmo aqueles que não tiveram a oportuni-dade de uma educação formal, promovem um grande impacto positivo na aprendizagem escolar de seus filhos. Mais um bom motivo para abra-çar essa Campanha.

Contamos com o apoio dos industriais a fim de mobilizar os seus trabalhadores para maior participação na vida escolar dos filhos.

Estamos seguindo assim antigo provérbio africano para educar uma criança é preciso toda uma aldeia. Com certeza isso é um passo impor-tante para a Educação de Santa Catarina.

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Artigo publicado originalmente no jornal A Notícia

28.04.2014

Dia internacional da educação

Uma nação que deseja se desenvolver tem que priorizar a educação de qualidade. É fundamental ter oferta de vagas escolares

para todas as crianças e jovens, como o Brasil vem fazendo há algum tempo. Contudo, tão ou mais importante quanto ter todos na escola é oferecer educação de qualidade para todos.

O último teste do PISA, efetuado pela OCDE em 2012 para aferir o grau de desenvolvimen-to escolar com adolescentes de 15 anos, em 65 países, mostra que avançamos nos três quesitos apurados, matemática, interpretação de texto eciências, desde 2003. Porém, é imensa a distância que nos separa das lideranças educacionais do mundo. Estamos, na verdade, abaixo da linha média.

Povo sem instrução é povo desprovido de espírito crítico, sujeito a manobras que impactam, diretamente, sua qualidade de vida. Essa con-

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POVO SEM INSTRUÇÃO é POVO DESPROVIDO DE ESPíRITO CRíTICO, SUJEITO A MANOBRAS qUE IMPACTAM, DIRETAMENTE, SUA qUALIDADE DE VIDA.

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dição contribui para fragilizar a soberania política pela falta de cidadãos e trabalhadores qualificados, indispensáveis para a competitividade em-presarial, o fortalecimento da economia, ganhos de renda e desenvolvi-mento pessoal.

Temos que desenvolver uma escola que prepare para os desafios do mundo moderno, sem descuidar dos fundamentos tradicionais da es-cola básica. É indispensável investir mais, muito mais ainda, no ensino técnico.

A visão de mundo mudou. O Brasil tem que mudar sua forma de educar. Os professores precisam estar comprometidos com a preparação de nossos futuros cidadãos-trabalhadores. Devem ter paixão pelo que fazem e despertar nos alunos a curiosidade do saber, como dizia Tomás de Aquino.

Em Santa Catarina, quase 70% das indústrias sofrem com a falta de trabalhadores qualificados. Isso afeta diretamente a produtividade e a capacidade de inovar das empresas e, por consequência, a competitivi-dade delas.

A indústria vem fazendo muito mais do que seu papel para propiciar educação de qualidade para seus trabalhadores. Por meio do Movimen-to A Indústria pela Educação, por exemplo, serão realizadas mais de 800 mil matrículas no triênio 2012 – 2014 pelas entidades da Fiesc (SESI, SENAI e IEL). Mas é preciso que os governos, de todos os níveis, consa-grem a educação como a sua principal prioridade. Assim como fizeram os asiáticos, há mais de 40 anos. Hoje, são referência em educação e na economia mundial.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

28.04.2014

Educação: uma prioridade nacional

Em apenas dez anos algumas nações passaram por uma verdadeira revolução educacional, tornando-se socialmente mais equitativas e

muito mais competitivas. Neste dia 28 de abril, Dia Internacional da Educação, não é demais lembrar que a educação precisa ser, de fato, uma prioridade nacional. O Brasil precisa dar um salto na qualidade da educação oferecida às crianças, aos jovens e aos trabalhadores, assim como fize-ram Polônia e Finlândia. A Fiesc acabou de visitar os dois países e observou que é possível encurtar o tempo que separa uma educação medíocre de uma de alta qualidade.

A Polônia investiu em educação básica e ampliou a formação de Pro-fessores, o que lhe garantiu, na última década, evolução superior a 10% no desempenho dos estudantes em matemática; 9% em ciências; e 8% em leitura. Na Finlândia, a reforma fortaleceu a educação profissional

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NO DIA INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO, NÃO é DEMAIS LEMBRAR qUE A EDUCAÇÃO PRECISA SER, DE FATO, UMA PRIORIDADE NACIONAL.

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integrada ao ensino médio. Atualmente, mais de 50% dos seus estudan-tes optam pelo ensino articulado.

Gradativamente os países estão migrando para um modelo econô-mico com base no conhecimento. Pesquisa da consultoria PwC aponta que 63% dos presidentes de empresas em todo o mundo vê a escassez de profissionais qualificados como ameaça ao crescimento dos seus em-preendimentos. No Brasil o desafio se concentra nos anos finais do en-sino fundamental e no ensino médio.  Garantir uma educação básica de qualidade é vital para que o jovem acesse o ensino técnico e a graduação com conhecimentos adequados.

A indústria tem respondido ao Movimento A Indústria pela Educa-ção, da Fiesc. Quase 300 mil matrículas foram registradas pelo SENAI/SESI/IEL em 2013. Esse esforço visa a garantir que o trabalhador, além da escolaridade básica completa, tenha, também, educação profissional adequada à sua ocupação. Com esse protagonismo, a indústria catari-nense assegura um futuro mais promissor para as novas gerações que chegam ao mundo do trabalho.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

29.03.2014

Educação: passaportepara o mundo do trabalho

Recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 82% da po-pulação confia nos cursos profissionalizan-

tes para melhorar a renda. O dado sinaliza o início de uma importante correção de conceitos, com a valorização da formação técnica. Nos países mais ricos, metade dos estudantes opta pela educação profissional. No Japão essa participação chega a 55% e na Alemanha a 52%. No Brasil apenas 7% escolhem os cursos profissionalizantes.

Os dados refletem questões culturais, pois até agora prevalecia no País a ideia de que o bachare-lado é a única alternativa para carreiras promissoras. No entanto, co-meça a crescer a percepção de que a formação técnica pode abrir portas para o mercado de trabalho, dar o primeiro impulso na carreira, pro-porcionar salários expressivos e facilitar a continuidade dos estudos em nível superior. Diferente de algumas profissões tradicionais que, satu-

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NOS PAíSES MAIS RICOS, METADE DOS ESTUDANTES OPTA PELA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. NO BRASIL, APENAS 7% FAZEM ESSA ESCOLhA.

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radas, remuneram abaixo das expectativas. Outro aspecto que precisa ser reconhecido é o Pronatec, programa do governo federal executado em parceria com as entidades do chamado Sistema S. Neste ano, apenas o SENAI-SC abrirá mais de 40 mil vagas nessa modalidade no Estado. É a sintonia com o mercado de trabalho que amplia o potencial desses cursos.

Além disso, Santa Catarina possui mais um diferencial na valoriza-ção das profissões industriais. É o Movimento A Indústria pela Educa-ção, que além de mobilizar o setor e a sociedade para a importância de elevar a escolaridade dos trabalhadores, está promovendo um salto na oferta de serviços educacionais pelas entidades da Fiesc. A adesão das Federações de Trabalhadores, formalizada no final de 2013, aumenta ainda mais a repercussão do Movimento.

Ótima alternativa de carreira, os cursos profissionalizantes também são fundamentais para que a indústria ganhe competitividade. Na era do conhecimento, trabalhadores qualificados fazem a diferença na capacidade das empresas enfrentarem a concorrência, principalmente a de países com infraestrutura de transporte eficiente, menor burocracia e menos tributos.

O investimento na educação e na formação profissional é um legado da Fiesc para as próximas gerações, pois ajudará a construir uma Santa Catarina ainda mais desenvolvida. Segundo estudos da ONU, cada ano a mais na média de escolaridade da população eleva o PIB (soma das riquezas produzidas) em quase 0,4%. Ao impulsionar a competitividade e a economia, a melhoria da educação terá impacto no aumento da qua-lidade de vida das famílias catarinenses.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

13.01.2014

A educação e o Leão

Recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria – CNI (Competitividade Bra-sil 2013) apontou que, na comparação com

outros 14 países, selecionados de acordo com as suas características econômico-sociais e/ou com sua participação no mercado internacional, a produtividade do trabalho no Brasil só é superior à da China e da Índia. Estamos atrás da África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Co-lômbia, Coreia do Sul, Espanha, México, Polônia, Rússia e Turquia. Felizmente, o Brasil finalmente acordou para a existência de uma forte relação entre o nível de escolaridade, a produtividade e a renda de um país.

Se há uma unanimidade nacional, que coloca no mesmo barco, go-verno e sociedade, partidos da base e de oposição, essa unanimidade passou a ser a causa da educação. Nem sempre foi assim. Ainda que sempre fosse importante, a educação não era prioritária e nem progra-

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ChOCA O FATO DE qUE OS GOVERNOS CONTINUEM TRIBUTANDO FEROZMENTE O MATERIAL ESCOLAR. UMA CANETA, POR ExEMPLO, é ONERADA EM MAIS DE 47%.

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ma de Estado, quando muito programa de um ou outro governo e, mui-tas vezes, mais problema do que programa.

Por isso é surpreendente, para não dizer chocante, o fato de que os governos continuem tributando ferozmente o material escolar. Segun-do o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, os impostos po-dem representar quase a metade do valor do seu preço. Uma caneta, por exemplo, é onerada em mais de 47%, a régua em 45%, a borracha em 43%, mochilas e lancheiras em quase 40% e lápis em 35%. Dá para acreditar? Pouco mais da metade vai para os cofres do governo federal e o restante fica para os Estados.

Muitas ações ainda são necessárias para que a prioridade conferida à educação finalmente chegue ao mundo real. Desonerar de tributos fe-derais e estaduais os materiais escolares essenciais para um bom apren-dizado certamente é uma delas.

Enquanto isso não acontece, o “leão” come no almoço as boas in-tenções do governo e ainda avança no salário dos pais de família, que chegam a dormir em manilhas e ao relento para assegurar vagas para seus filhos em escolas públicas (Jornal Nacional, 8/1/14).

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

24.09.2013

Falar em mão de obra, nunca mais!

O estudo dos processos produtivos consa-grou na literatura a expressão “mão de obra” para definir o trabalho ou o conjunto

de trabalhadores envolvidos na produção de um bem ou na prestação de um serviço. O termo está incorporado à nossa linguagem, mas sugere tare-fas repetitivas, que nos remetem a cenas como as de Charles Chaplin em “Tempos Modernos”. Por isso, a Fiesc riscou a expressão do seu dicionário.

Na era do conhecimento, não faz mais sentido falar em mão de obra, pois o papel do trabalhador ganha relevância cada vez maior. É ele, e não omaquinário, que vai determinar o nível de competitividade da indústria. O cenário de competição cada vez mais acirrada reforça isso. Só com foco no aumento da produtividade e na inovação a indústria terá condi-ções de enfrentar a concorrência externa, superando questões que estão fora das empresas e que oneram os produtos, como a legislação traba-

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NA ERA DO CONhECIMENTO, NÃO FAZ MAIS SENTIDO FALAR EM MÃO DE OBRA, POIS O PAPEL DO TRABALhADOR é CADA VEZ MAIS RELEVANTE.

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lhista ultrapassada, a burocracia infernal, a infraestrutura deficiente e a carga tributária.

Nenhum país inova ou ganha produtividade sem contar com traba-lhadores qualificados, desde as áreas de pesquisa e desenvolvimento até as linhas de produção. A Alemanha é uma ótima referência nesse sen-tido, pois lá os cursos técnicos são valorizados e constituem diferencial fundamental para a indústria local, o que foi decisiva para o país enfren-tar a crise que abala a economia da Europa.

A indústria catarinense está atenta a isso e mais de mil empresas já aderiram ao Movimento A Indústria pela Educação, liderado pela Fiesc, comprometendo-se a apoiar a qualificação dos trabalhadores. Com tra-balhadores cada vez mais preparados (e não com mão de obra) teremos condições de promover uma transformação estrutural na indústria cata-rinense, tornando-a mais moderna, flexível, inovadora, enfim, competi-tiva. O setor, que impulsiona nossa economia com mais de 700 mil em-pregos diretos, contribuirá ainda mais para o desenvolvimento do Estado e para o bem-estar e a qualidade de vida das famílias catarinenses.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário do Alto Vale

20.04.2013

A educação que o Brasil precisa

O segmento empresarial brasileiro já per-cebeu que o aumento da competitividade depende da melhoria da educação. Mas de

que educação estamos falando? Para que o País tenha um crescimento econômico apoiado no en-sino, como ocorreu na Coreia do Sul, Singapura e Hong Kong, o mais importante é que o conheci-mento faça diferença, com impactos tanto sociais quanto na vida profissional das pessoas. 

Para atuar em um mundo cada vez mais com-plexo, as empresas precisam de pessoas que con-sigam entender o contexto em que vivem e con-tribuam para sua melhoria. E, quando se trata do setor produtivo, o que se nota é que trabalhadores com sólida formação básica e profissional têm mais autonomia, facilidade de aprender e de encontrar soluções, o que impacta na produtividade, no uso de novas tecnologias e na inovação. Em outras palavras, contribuem para elevar a competitividade das indústrias. 

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NENhUM PAíS INOVA OU GANhA PRODUTIVIDADE SEM CONTAR COM PESSOAS qUALIFICADAS, EM PESqUISA E DESENVOLVIMENTO OU NAS LINhAS DE PRODUÇÃO.

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Uma educação que faça a diferença precisa, portanto, englobar mais aspectos relacionados ao mundo do trabalho. As elevadas taxas de eva-são no ensino médio são provas disso: quando o jovem se dá conta de que, no curto prazo, a escola não contribui para o alcance de seus an-seios profissionais, ele opta por se dedicar àquilo que lhe garanta renda. 

E não é sem razão: enquanto na Alemanha, 53% dos jovens com ida-de entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional, no Bra-sil esse índice ainda é de menos de 7%.  E são justamente esses cursos que complementam a formação escolar e que tornam os currículos mais atrativos aos alunos. 

Pesquisa divulgada recentemente mostra que nove em cada dez téc-nicos ou tecnólogos formados pelo SENAI/SC obtêm emprego em até um ano após a conclusão dos cursos, e que a realização de cursos técni-cos implica aumento médio de 24% na renda. A explicação está no foco para o mercado adotado pela instituição, que se guia pelas demandas apontadas pelas empresas e, a partir disso, atualiza os seus currículos.

Oferecer educação de qualidade e que seja significativa para o avan-ço socioeconômico brasileiro é um dos pressupostos do Movimento A Indústria pela Educação, liderado pelo Sistema Fiesc. A iniciativa en-volverá investimentos de mais de R$ 330 milhões em ações educacio-nais do SENAI, SESI e IEL, além de estimular a indústria a dedicar mais atenção a programas de educação básica, profissional e executiva. Espe-ramos que a mobilização de toda sociedade possa mudar o quadro da educação catarinense.

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Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico

26.11.2012

A educação transformadora

há ocasiões em que a opulência econômica e a euforia a ela associada escondem pro-blemas estruturais que levam à interrupção

da bonança. Aconteceu nos países desenvolvidos, que viveram um longo ciclo de crescimento até estourar a crise de 2008, provocada pela fragilida-de do sistema financeiro. Conhecida, porém ne-gligenciada. No Brasil, escapamos do pior, graças à solidez econômica e à firme ação do governo de incentivo à demanda e à incorporação de milhões de pessoas ao mercado de trabalho. Seduzidos que estávamos com os bons resultados econômi-cos dos últimos anos, também negligenciamos graves problemas estru-turais, como a baixa qualidade da educação. Por isso, a continuidade do crescimento está ameaçada.

Daqui para frente o avanço de nossa economia estará associado ao aumento da produtividade, pois o contingente de trabalhadores começa

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SEDUZIDOS PELOS BONS RESULTADOS DOS ÚLTIMOS ANOS, NEGLIGENCIAMOS GRAVES PROBLEMAS ESTRUTURAIS, COMO A BAIxA qUALIDADE DA EDUCAÇÃO.

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a ficar limitado, assim como os espaços para expandir o crédito e au-mentar os salários. O fato é que a indústria brasileira enfrenta dificul-dades para competir com seus concorrentes de outros países, que têm menores custos de produção e são beneficiados pelo câmbio. Para me-lhorar a nossa competitividade precisamos contar com trabalhadores que produzam mais riqueza. Nem se trata de trabalhar mais tempo, mas de agregar valor ao trabalho.

Um trabalhador argentino da indústria gera, em média, duas vezes mais riqueza do que um brasileiro. Um norte-americano, cinco vezes. O reflexo na competitividade da indústria e na remuneração dos trabalha-dores é direto. A baixa qualidade da educação básica e a falta de forma-ção profissional são as principais barreiras ao aumento da produtivida-de. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que quase 70% das indústrias enfrentam problemas decorren-tes do despreparo de seus trabalhadores e mais de 50% dos empresários apontaram a má qualidade da educação básica como uma das principais dificuldades para treinar seus profissionais.

Em Santa Catarina temos o quarto maior parque industrial brasileiro e a segunda posição no ranking da qualidade da educação do País (PISA 2009). Ainda assim, mais de metade dos trabalhadores da indústria não tem escolaridade básica completa e menos de 40% possuem ensino mé-dio completo ou superior. Em outros estados, a situação é semelhante ou pior. Uma pesquisa de 2011 (ManpowerGroup) revelou que o Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos países que mais encontram di-ficuldades em recrutar profissionais qualificados para as vagas abertas nas empresas. Diante da complexidade da indústria moderna, seria ne-cessário que ao menos 85% dos colaboradores tivessem o médio com-pleto ou formação superior.

Um modo de ganhar produtividade é automatizar a produção, mas a operação de máquinas modernas requer pessoal qualificado, capaz de

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ler e compreender seus manuais. A implantação de sistemas de gestão complexos exige do trabalhador visão sistêmica da cadeia produtiva e alto grau de engajamento em novos procedimentos, sem o que a sua contribuição para as melhorias almejadas será modesta. Raciocínio se-melhante vale para a busca por inovações de produtos e processos. A própria obtenção da qualificação é limitada pelo baixo nível do ensino básico. Escolas de ensino profissional, como o SENAI, têm que gastar tempo precioso ministrando noções básicas de matemática e língua portuguesa, para melhorar o aproveitamento dos alunos em seus cursos técnicos. Um estudo da consultoria John Snow Brasil aponta: a diferen-ça de produtividade entre trabalhadores com dois anos de escolaridade e com cinco anos é de 54%.

Já passou da hora de fazermos o dever de casa, para que possamos usufruir de um novo ciclo de crescimento mais sustentável do que aque-le que ficou para trás. Para isso a educação deve ser tratada como tema estratégico pelo poder público, como fez, aliás, recentemente, o governo federal com a instituição do Pronatec. É preciso, também, repensar o modelo educacional do país, para alinhá-lo a um verdadeiro projeto de desenvolvimento. O resultado não será apenas econômico, mas também social, com o aumento de renda da população. Ganhar produtividade e desenvolver bens de alta tecnologia é o meio para o Brasil sair de uma situação de renda média para chegar ao patamar de renda alta.

O caminho é longo. Os trabalhadores da indústria brasileira pos-suem escolaridade média muito baixa, mesmo na comparação com ou-tros países da América do Sul. A distância que nos separa dos países desenvolvidos é colossal. No Brasil, somente cerca de 30% da população adulta tem ensino médio completo, enquanto na Alemanha a razão é de 80% e, nos Estados Unidos, de 90%. Além da baixa qualidade da educa-ção básica, é nítido no Brasil o descompasso com o mercado. Somente 14% dos jovens chegam ao ensino superior e apenas 10% dos que o con-

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cluem têm formação em carreiras científicas e tecnológicas. As soluções não dependem apenas dos esforços do poder público, ainda que seja dele a responsabilidade maior.

O Sistema Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) lançou o Movimento “A Indústria pela Educação”, com o qual passou a pro-porcionar cerca de 800 mil vagas em educação profissional, continua-da e básica, dentre outras modalidades, entre 2012 e 2014 no Estado. Algumas das mais importantes empresas catarinenses já firmaram sua adesão, comprometendo-se a facilitar o acesso de seus trabalhadores aos cursos oferecidos. O Movimento busca difundir o conceito de que a elevação da qualificação do trabalhador é um fator que pode ser con-trolado pela própria empresa, porque diz respeito às suas estratégias de competitividade e à gestão de riscos inerentes aos negócios. A iniciativa está em sintonia com a ação da CNI e será vigorosamente intensificada nos dois próximos anos.

Segundo Ian Morris, professor de Stanford, “cada era é abastecida pe-las ideias das quais necessita”. A ideia de que chegou a vez de qualificar a educação brasileira parece que, finalmente, tornou-se uma prioridade.

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Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo

29.12.2012

A educação e a competitividade da indústria

há ocasiões em que a opulência econômica e a euforia a ela associada escondem proble-mas estruturais que levam à interrupção

da bonança. Aconteceu nos países desenvolvi-dos, que viveram um longo ciclo de crescimen-to até estourar a crise de 2008, provocada pela fragilidade do sistema financeiro. Conhecida, porém negligenciada. No Brasil, escapamos do pior, graças à solidez econômica, ao incentivo à demanda e à incorporação de milhões de pes-soas ao mercado de trabalho. Seduzidos com os bons resultados econômicos dos últimos anos, também negligenciamos graves problemas estruturais, como a baixa quali-dade da educação. Por isso, a continuidade do crescimento está ameaçada.

Daqui para frente o avanço de nossa economia estará associado ao aumento da produtividade, pois o contingente de trabalhadores começa a ficar limitado, assim como o espaço para expandir o crédito e aumen-

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é PRECISO MELhORAR A COMPETITIVIDADE. O TRABALhADOR NORTE-AMERICANO GERA, EM MéDIA, CINCO VEZES MAIS RIqUEZA DO qUE O BRASILEIRO.

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tar os salários. A indústria brasileira enfrenta dificuldades para compe-tir com seus concorrentes, que têm menores custos de produção e são beneficiados pelo câmbio. Para melhorar a competitividade, precisamos de trabalhadores que produzam mais riqueza. O norte-americano gera, em média, cinco vezes mais riqueza do que o brasileiro.

A baixa qualidade da educação básica e a falta de formação profissio-nal são as principais barreiras ao aumento da produtividade. Pesquisa realizada pela CNI mostrou que quase 70% das indústrias enfrentam problemas decorrentes do despreparo dos trabalhadores. Em Santa Ca-tarina temos o quarto maior parque industrial brasileiro e a segunda posição no ranking da qualidade da educação do País (PISA 2009). Mas mais de metade dos trabalhadores do setor não tem escolaridade bá-sica completa. Diante da complexidade da indústria moderna, ao me-nos 85% dos colaboradores deveriam ter o ensino médio completo ou formação superior.

Um modo de ganhar produtividade é automatizar a produção, mas a operação de máquinas modernas requer pessoal qualificado, capaz de compreender seus manuais. A implantação de sistemas de gestão com-plexos exige visão sistêmica. Raciocínio semelhante vale para a busca por inovações de produtos e processos. A própria obtenção da qualifi-cação é limitada pelo baixo nível do ensino básico. Escolas profissiona-lizantes, como o SENAI, gastam tempo precioso ministrando noções básicas de matemática e língua portuguesa em seus cursos técnicos.

Já passou da hora de fazermos o dever de casa, para usufruir de um novo ciclo de crescimento sustentável. Para isso a educação deve ser tra-tada como tema estratégico pelo poder público, como fez, aliás, o gover-no federal com a instituição do Pronatec. É preciso, também, repensar o modelo educacional do País, para alinhá-lo a um verdadeiro projeto de desenvolvimento. O resultado não será apenas econômico, mas também social, com o aumento da renda da população.

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As soluções não dependem apenas dos esforços do poder público, ainda que seja dele a responsabilidade maior. Por isso, o Sistema Fe-deração das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) lançou o Movimento “A Indústria pela Educação”, com o qual passou a proporcionar cerca de 800 mil vagas em educação profissional, continuada e básica, dentre outras modalidades, entre 2012 e 2014. De início, 500 empresas já fir-maram adesão, comprometendo-se a facilitar o acesso de seus trabalha-dores aos cursos oferecidos. O Movimento busca difundir o conceito de que a elevação da qualificação do trabalhador é um fator que pode ser controlado pela própria empresa, porque diz respeito às suas estratégias de competitividade e à gestão de riscos inerentes aos negócios. A inicia-tiva está em sintonia com a CNI e será vigorosamente intensificada nos próximos dois anos.

Segundo Ian Morris, professor de Stanford, “cada era é abastecida pe-las ideias das quais necessita”. A ideia de que chegou a vez de qualificar a educação brasileira parece que, finalmente, tornou-se uma prioridade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

28.09.2012

A indústria por uma educação transformadora

Investir em educação reduz desigualdades so-ciais. Na indústria, promover a educação do trabalhador não é só uma questão social, mas

uma iniciativa estratégica para a competitividade. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que quase 70% das empresas do se-tor sentem falta de trabalhadores com formação adequada, seja ela relacionada à educação básica ou profissional.

Um impacto direto das ineficiências da nossa educação é encontrado no ranking da Organiza-ção Internacional do Trabalho (OIT) sobre pro-dutividade dos trabalhadores, no qual o Brasil ocupa a 77ª posição. São necessários quase cinco brasileiros para produzir o mesmo que um americano. Outro levantamento internacional, o PISA, elaborado pela OCDE, também evidencia o problema. Com 401 pontos, o Brasil ocu-pa apenas a 53ª posição na classificação mundial, atrás de países como

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PROMOVER A EDUCAÇÃO DO TRABALhADOR NÃO é Só UMA qUESTÃO SOCIAL, MAS UMA INICIATIVA ESTRATéGICA PARA A COMPETITIVIDADE.

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Chile, Trinidad e Tobago, Colômbia, México e Uruguai. Nessa compa-ração, com 428 pontos, Santa Catarina ocupa a segunda posição entre os estados brasileiros. Pode soar bem, mas se nos compararmos inter-nacionalmente, como faz todos os dias a indústria catarinense, estamos apenas em 47º lugar.

É nesse contexto que o Sistema Fiesc lançará, nesta sexta-feira, o Movimento “A Indústria pela Educação”, compreendendo a atuação em duas frentes. De um lado, buscaremos o apoio dos empresários para estimular seus trabalhadores a aproveitar as oportunidades de qualifi-cação que estão sendo oferecidas. De outro, ampliaremos a oferta de educação básica, continuada, profissional e executiva, por meio do SESI, SENAI e IEL. O objetivo é alcançar quase 800 mil matrículas até 2014.

É um compromisso ambicioso. Para atingi-lo contamos com a adesão dos industriais catarinenses ao Movimento, o que representará um pas-so decisivo para o fortalecimento da indústria e a melhoria da qualidade de vida e cidadania dos trabalhadores catarinenses.

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TECNOLOGIAE INOVAÇÃOO Mapa Estratégico da FIESC, CIESC, SESI, SENAI e IEL contempla, entre suas quatro diretrizes, o tema Tecnologia e Inovação. O objetivo é ampliar o atendimento às indústrias por meio de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de promover a articulação entre indústrias, centros de pesquisa e academias para a promoção do desenvolvimento tecnológico. O cumprimento destes objetivos ocorre notadamente com os três Institutos de Inovação e os sete Institutos de Tecnologia do SENAI.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

11.05.2016

A indústria catarinense da inovação

Recentemente, o jornal The Washington Post noticiou o lançamento de uma coleção de roupas com capacidade de repelir mos-

quitos. Novidade norte-americana que no futuro chegará ao Brasil? Não. Tecnologia desenvolvi-da em Santa Catarina. Nossa indústria participa ativamente de um representativo segmento da nanotecnologia, com adição a produtos tradicio-nais, como os têxteis, de partículas ou cápsulas, invisíveis a olho nu, com propriedades hidratan-te, analgésica, antimicrobiana ou retardante de chamas. É assim, também, em outros segmentostradicionais, como plástico, metálico ou cerâmica.

A indústria catarinense tem entre suas marcas registradas a capa-cidade de inovação. Num cenário como o de hoje, essa é uma questão que se torna ainda mais importante, pois quem inova entra depois e sai antes da crise. Acontece que a inovação não é um privilégio das gran-

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NOSSA CAPACIDADE INOVADORA ESTÁ AMPARADA NO CRESCENTE RELACIONAMENTO ENTRE A INDÚSTRIA E OS CENTROS DE PESqUISA.

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des empresas. Placas solares que geram, concomitantemente, energia e aquecem água, por exemplo, já existem, mas ainda são caras e podem ser mais eficientes. Com apoio do SENAI-SC, uma pequena empresa de Florianópolis trabalha em versões mais baratas e com melhor desempe-nho. Também estão em desenvolvimento aplicações sobre superfícies de cerâmica, vidro ou metal, que melhoram o desempenho em relação ao atrito ou desgaste. Nanofissuras em vidros podem aumentar sua resis-tência. Em recente evento do IEL-SC, a Fiesc mostrou um pouco desse potencial da nanotecnologia.

A capacidade inovadora catarinense está amparada no crescente re-lacionamento entre a indústria e os centros de pesquisa e desenvolvi-mento. Nesse sentido, os três Institutos SENAI-SC de Inovação e os sete de Tecnologia serão verdadeiros catalisadores, pois estão à disposição da nossa indústria com infraestrutura e know-how para fazer a inovação acontecer. A inovação também é estratégica no campo da saúde do tra-balhador, motivo pelo qual o SESI-SC trabalha na implantação de um Instituto voltado para a promoção desse ativo.

A união de esforços convergentes das indústrias, universidades e go-verno assegurará e ampliará a presença de produtos catarinenses inova-dores e de qualidade em todos os cantos do mundo, contribuindo para firmar a marca “made in Santa Catarina”.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

03.02.2016

Para levar a inovação a um novo patamar

O marco regulatório de ciência, tecnolo-gia e inovação, recentemente sancionado, traz importantes avanços. A lei promove

a relação público-privada, simplifica compras e dispensa licitações para a contratação de empre-sas de micro e pequeno portes para projetos de pesquisa, marcando o início do reconhecimento do setor privado como ator importante no de-senvolvimento de produtos, serviços e processos. Há, porém, importantes aprimoramentos ainda a serem feitos na regulação. Alguns deles estavam no texto original da lei, mas foram suprimidos na sanção.

Um dos vetos terminou por manter a carga tributária incidente na importação de insumos por parte das empresas que realizam projetos de pesquisa. A decisão conserva diferenciação em relação às condições de operação entre os centros de pesquisa públicos e privados, dando com-

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O PAPEL CENTRAL qUE A INOVAÇÃO TEM NAS ECONOMIAS DESENVOLVIDAS MOSTRA qUE OS ESFORÇOS VALEM A PENA, PARA A INDÚSTRIA E A SOCIEDADE.

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bustível ao desgastado discurso sobre o maior investimento público na área, em comparação ao capital privado.

Além das ações governamentais, é preciso que o setor privado, in-cluindo as micro e pequenas empresas, esteja atento às possibilidades de inovação. Mesmo com a crise, as oportunidades continuam existindo e gerando ganhos de competitividade para as empresas que inovam. Os programas desenvolvidos pelas entidades da Fiesc junto às indústrias mostram que o investimento na qualificação de profissionais, inclusive os de liderança, gera significativos resultados.

Nesse sentido, o SENAI investe em dez institutos de inovação e de tecnologia em todas as regiões do Estado, oferecendo soluções para em-presas de todo o Brasil. Em conjunto com o IEL, efetivou mais de 360 mil horas de consultoria para melhoria na gestão e inovação de em-presas em 2015. A Bienal Brasileira de Design, realizada pela Fiesc, foi outro evento de destaque no ano passado.

Muitas ações, nos setores público e privado, são necessárias para que a mudança efetivamente ocorra. O aprendizado constante das empresas mostra que a inovação não é um processo que ocorre da noite para o dia. Mas o papel central que a inovação tem nas economias desenvol-vidas mostra que os esforços valem a pena, para as indústrias e para a sociedade.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

19.10.2015

Dia Nacional da Inovação

Em homenagem ao brasileiro Alberto Santos Dumont, que em 19 de outubro de 1901 deu volta ao redor da Torre Eiffel com seu dirigí-

vel,  comemoramos anualmente, nessa data, o Dia Nacional da Inovação. Hoje vivemos ciclos mais cur-tos e as mudanças radicais têm sido mais a regra do que a exceção. O mundo em geral, e os negócios em especial, estão diferentes, com mais incertezas, mais complexos e estruturalmente diferentes. Se, por um lado, isso pode significar ameaças para as operações tradicionais, pode, também, representar oportunida-de para as empresas e as transações  inovadoras.

Para sobreviver e gerar resultados nesse ambiente, o empresário deve ter habilidade e estar disposto a realizar mudanças constantes na empre-sa. E o melhor sinônimo para esta estratégia é a inovação, fator crítico para a diferenciação e ganhos de mercado ou, no mínimo, para a sobre-vivência em tempos difíceis.

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DATA hOMENAGEIA ALBERTO SANTOS DUMONT, qUE EM 19 DE OUTUBRO DE 1901 DEU UMA VOLTA NA TORRE EIFFEL COM SEU DIRIGíVEL.

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Peter Drucker, já há algumas décadas, apontou que os empreen-dedores de sucesso são os que praticam sistematicamente a inova-ção. Segundo o economista Joseph Schumpeter, a inovação vai muito além de uma boa ideia ou invenção, que não são, por si só, de muita importância para a economia. Enquanto não são postas em prática, permanecem economicamente irrelevantes.

Para inovar e manter-se na vanguarda, um bom exercício para as empresas é antecipar a visão do seu futuro. Para isso, devem desen-volver o que poderíamos chamar de as “memórias do futuro”, trazen-do o cenário desejado para o momento atual e imaginando os passos a serem dados para chegar lá. Todo empresário sabe que gerenciar o negócio é um grande desafio; gerenciar a inovação é um desafio ainda maior. Com o apoio de bons parceiros, o processo pode ser facilitado. Este é um dos focos mais vigorosos de atuação da Fiesc e de suas entidades (SESI/SENAI/IEL) para o aumento da competitivi-dade da indústria catarinense.

Os desafios que o País enfrenta, de maneira inédita, dada a con-fluência de crises econômica, política, ética e social, não afastam a indústria do caminho da inovação. Pelo contrário. Esta é uma das me-lhores estratégias para preparar-se para a retomada do crescimento. O industrial catarinense está atento a esses desafios. Grandes eventos realizados nos últimos meses, como a Jornada da Inovação,  a Bienal do Design e o Encontro Econômico Brasil – Alemanha, evidenciam que não estamos assistindo passivamente o que está acontecendo. Enquanto o governo insiste em medidas que agravam a crise, como a elevação dos tributos, o industrial catarinense procura as melhores alternativas para vencê-la. E vai vencê-la, como ocorreu em outros períodos difíceis, apesar das trapalhadas do governo.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

26.11.2014

O diferencial da inovação

Considerando os complexos desafios impos-tos a quem empreende no Brasil, como o ultrapassado sistema tributário, a alta bu-

rocracia e a logística precária, inovação é prer-rogativa para a competitividade. Por isso, ino-var de maneira sistemática, aprimorar e lançar novos produtos, otimizar processos e atuar com novos modelos de negócios é questão de sobre-vivência. O último ranking de gestão dos estados brasileiros, desenvolvido pela unidade de inteli-gência da revista The Economist, nos deixa oti-mistas com a posição de Santa Catarina, que estáao lado do Rio Grande do Sul, em quarto lugar na categoria Inovação. Porém, não podemos esquecer que o Brasil está na 61a posição no Índice Global de Inovação 2014, desenvolvido pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, Cornell University (EUA) e Insead (França). Como a indústria catarinense enfrenta todos os dias concorrentes glo-

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PRECISAMOS MOBILIZAR E CANALIZAR AS FORÇAS DE TODOS OS ATORES ENVOLVIDOS COM O TEMA DA INOVAÇÃO, NO SETOR PÚBLICO E PRIVADO.

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bais, tanto quando vende no mercado interno quanto no internacional, precisamos evoluir rapidamente.

O tema está na agenda da indústria, que tem nas entidades da Fiesc amplo apoio para desenvolver a capacidade de inovar, inclusive com a estruturação de uma moderna rede de institutos de inovação e de tec-nologia. Mas este desafio não está posto apenas à indústria. Precisamos mobilizar e canalizar as forças de todos os atores envolvidos com o tema: governo, universidades, empresas, fontes de fomento, investido-res, institutos de pesquisa, incubadoras e empreendedores, para criar um ecossistema que alavanque a inovação no Estado. Temos o ambiente propício para que esse ecossistema seja referencia nacional e internacio-nal. E não podemos esperar mais!

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SAÚDE ESEGURANÇAA diretriz de Saúde e Segurança completa o Mapa Estratégico do Sistema FIESC. Seus objetivos estão focados na promoção de ações de segurança e saúde dos trabalhadores da indústria. Busca-se também a melhoria da gestão dos investimentos da indústria em saúde e o aprimoramento da gestão dos riscos nos aspectos regulatórios, de afastamentos e de processos trabalhistas. Neste contexto, a ação tem o apoio do Centro de Inovação SESI em Tecnologias para a Saúde.

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Artigo publicado originalmente no jornal Correio Braziliense

05.10.2017

Trabalho, saúde e qualidade de vidaGlauco José Côrte, presidente da Fiesc

Fabrizio M. Pereira, superintendente do Sesi-SC

Saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, a exemplo da educação e capacitação pro-fissional, são aspectos de absoluta relevân-

cia no mundo dos negócios e, pela sua condição estratégica, devem estar no centro das atenções dos empresários. O tema carrega, evidentemente, elevado componente humanitário, além de refle-tir na competitividade das organizações. Avanços tecnológicos e do conhecimento aumentam a ex-pectativa de vida com qualidade para as pessoas, que vivem mais, buscam saúde melhor e se tor-nam mais produtivas, por mais tempo. A gestãoda saúde, portanto, tem a ver com trabalhadores mais longevos também no ambiente de trabalho e que almejam aposentadoria que demande menos gastos com tratamentos e medicamentos.

Os gastos com a saúde do trabalhador equivalem em média a 11% da folha de pagamento das empresas brasileiras. Mas esta é a parte per-

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O AFASTAMENTO DE TRABALhADORES POR qUESTõES DE SAÚDE GEROU, DE 2012 A 2016, UM IMPACTO ECONôMICO DE R$ 22 BILhõES.

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ceptível de um custo que pode ser três vezes maior, com a queda de produtividade, que se apresenta na forma de absenteísmo (afastamen-tos ou licenças por causa da incapacidade de trabalho) ou de presen-teísmo (trabalhador presente, mas sem a plena produtividade, devido à precariedade de sua condição de saúde). Estudos internacionais da consultora americana HealthNext apontam que a baixa produtividade representa nada menos do que 70% dos custos reais com a falta de saú-de do trabalhador. Os prejuízos atingem também os cofres públicos e a economia como um todo. Conforme reportagem do Correio Braziliense, de 5 de junho passado, os afastamentos de trabalhadores brasileiros por questões de saúde geraram, de 2012 a 2016, um impacto econômico de R$ 22 bilhões (considerando os empregos formais), podendo chegar a R$ 40 bilhões (levando em conta os informais). O observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, mantido pelo Ministério Público do Trabalho, informa que, desde de 2012, já são 287 milhões de dias de afastamento.

Acontece que o investimento em saúde também dá retorno no longo prazo. O tema está diretamente relacionado à longevidade, cuja eleva-ção é uma tendência mundial, resultado, principalmente, dos avanços na área de saúde - como as vacinas e antibióticos, detecção precoce de doenças, tratamentos mais eficazes e menos invasivos, reconhecimento da estrutura do DNA, entre outros. A expectativa de vida dos brasileiros se ampliou em 25,4 anos, de 1960 a 2010, devendo chegar a 78,6 anos em 2030 e a 81,2 anos em 2060, segundo o Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE).

O avanço científico e tecnológico tem muita relação com saúde e qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que a medicina amplia a expec-tativa de vida, as máquinas assumem as operações repetitivas e de maior risco nas fábricas. A modernidade, por outro lado, também gera estímu-los ao sedentarismo e à obesidade, potencializando as doenças crônicas,

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relacionadas ao estilo de vida. As mais relevantes são as cardiovascula-res, câncer, diabetes, respiratórias crônicas e neuropsiquiátricas. A Pes-quisa Nacional de Saúde (IBGE e Ministério da Saúde), revela que 57 milhões de brasileiros possuem pelo menos uma dessas moléstias.

De acordo com estudos da World Health Organization (2016), 60% da população mundial não pratica atividade física e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com sobrepeso. Além disso, sete em cada dez pessoas não cumprem com suas promessas, feitas na virada de ano, de cuidar mais da saúde. Já os 27% dos trabalhadores que possuem uma alimentação saudável e se exercitam regularmente apresentam menor taxa de absenteísmo.

Prevenir doenças é mais barato e inteligente do que tratar enfermi-dades, daí a relevância de investimentos empresariais em tecnologias e sistemas de gestão para a saúde e segurança do trabalho, incluindo aspectos como ergonomia, longevidade e produtividade, higiene ocupa-cional, prevenção de incapacidades, cuidados com fatores psicossociais, estímulo à atividade física, entre outros, que interfiram positivamente para o bem-estar do trabalhador. Programas desse gênero, associados à conscientização para um estilo de vida e de alimentação saudáveis, transformarão as empresas em espaços de promoção de qualidade de vida e de saúde – agora e no futuro. Essa é uma agenda que não pode estar apenas restrita à área de gestão de pessoas, mas precisa ser priori-dade para a mais alta gestão das empresas.

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Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense

09.03.2017

Trabalho como gerador de saúde

Acidentes e doenças ocupacionais preo-cupam cada vez mais a indústria. Não só porque o trabalhador tem direito a um am-

biente de trabalho seguro, mas, também, pelos custos envolvidos nos afastamentos, que podem chegar a 6% da folha de pagamento das empre-sas. No Brasil, o marco regulatório é rigoroso até o momento em que o trabalhador precisa deixar suas ocupações, em virtude de uma doença ou acidente. Acontece que, depois, o trabalhador não recebe a devida assistência. É necessário inverter essa lógica e atuar na prevenção. Mas quando oafastamento ocorre, a volta ao trabalho, de forma assistida e adequada, deve ser compreendida como parte do processo de recuperação, respei-tando, é claro, eventuais limitações do empregado.

O SESI/SC tem dedicado grande esforço na construção de um mo-delo de gestão de saúde e segurança considerando essas premissas. Por

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CUSTOS ENVOLVIDOS NOS AFASTAMENTOS ChEGAM A 6% DA FOLhA DE PAGAMENTO. é NECESSÁRIO INVERTER ESSA LóGICA E ATUAR NA PREVENÇÃO.

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meio da Aliança Saúde Competitividade, temos buscado as melhores referências internacionais, para aplicá-las aqui. Países como Inglaterra, Espanha e Alemanha reconhecem que o retorno ao ambiente de traba-lho deve ser o mais breve possível, ainda que, eventualmente, alterando as ocupações anteriormente exercidas.

Na Inglaterra, o programa Fit for Work - Free return to work advice and support promove a volta ao trabalho de forma assistida, como parte do tratamento. Na Alemanha, o Seguro de Acidentes de Trabalho ofe-rece toda a assistência necessária para que o trabalhador se reabilite o mais rápido possível e retorne ao trabalho com sua saúde e produtivida-de restituídos. Na Espanha, o governo atua em parceria com a iniciativa privada no modelo mutual, oferecendo  tratamento diferenciado, a fim de que a saúde do trabalhador não gere impactos sociais e tampouco econômicos para as pessoas e empresas.

Em SC, entre as iniciativas pioneiras do SESI, está o lançamento de um aplicativo que ajuda as empresas a fazerem a gestão da saúde e se-gurança de seus trabalhadores. Além disso, em parceria com INSS, o SESI participa em Videira de projeto inovador para assistir o trabalha-dor afastado, buscando sua recuperação e reintrodução no mundo do trabalho. Temos a convicção de que o trabalho é uma dádiva. Exercido de forma segura e saudável é fundamental para o tratamento e recupera-ção do trabalhador afastado, proporcionando-lhe dignidade, cidadania e autoestima.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

14.02.2017

Saúde é fator estratégico

Profissionais saudáveis são ativos estratégi-cos e constituem diferencial competitivo para os negócios. Esta premissa tem provo-

cado uma mudança na ação das empresas, com a implantação de uma gestão sistêmica e ênfase na prevenção e promoção da saúde, de modo a tornar os ambientes de trabalho cada vez mais favoráveis ao desenvolvimento humano. Em Santa Catarina, a Aliança Saúde Competitividade, iniciativa da Fiesc-SESI,  tem buscado o envolvimento e a par-ticipação de lideranças empresariais, acadêmicas, políticas e da sociedade na promoção da saúde e de ambientes seguros para o trabalho. Por meio do SESI, estamos reali-zando ações em todo o Estado para sensibilizar, mobilizar e reposicio-nar o tema, principalmente na indústria.

Estudos comprovam que empresas que promovem a saúde têm, comprovadamente, retornos positivos. Pesquisas realizadas nos Estados

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PESqUISAS FEITAS NOS EUA MOSTRAM qUE INVESTIR EM PROGRAMAS ESTRUTURADOS DE BEM-ESTAR GERA ECONOMIA NOS CUSTOS COM SAÚDE.

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Unidos mostram que cada dólar investido em programas estruturados de bem-estar pode gerar uma economia de até seis dólares nos custos com saúde; além disso, pessoas que prosperam em diferentes dimen-sões do bem-estar perdem 41% menos dias de trabalho em decorrência de problemas de saúde física e têm 65% menos probabilidade de alegar problemas de saúde ao longo de um ano.

Dados do IBGE indicam que, em 2030, a média de vida do brasileiro será de 78 anos, o que representa um acréscimo de 11 anos em relação a 1991. Com o envelhecimento da população, o Brasil terá pessoas econo-micamente ativas por mais tempo. Por isso, cuidados com a saúde física, psíquica e com a qualidade de vida dos trabalhadores tornam-se ainda mais relevantes. 

Além do aspecto humanitário que envolve a questão, investimentos em saúde e segurança no trabalho são o que chamamos de uma relação ganha-ganha. Ganha o trabalhador que, com melhor saúde pode viver de uma forma mais plena e prazerosa; ganha a empresa, pois seus pro-fissionais se tornam mais comprometidos e produtivos; e ganha a socie-dade, que passa a contar com cidadãos mais saudáveis, que necessitam menos de assistência dos serviços públicos de saúde.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

28.09.2016

Saúde no centro da agenda catarinense

 

 

O País enfrenta o impacto direto que as doen-ças crônicas trazem à população, princi-palmente as cardiocirculatórias, câncer e

diabetes.  Pesquisa nacional estima que 40% dos brasileiros têm alguma doença crônica. De acordo com o INSS, por ano, cerca de 500 mil pessoas são afastadas do trabalho por tempo indeterminado no País, mas somente 50 mil delas têm acesso à reabilitação profissional. Esse cenário traz grande impacto para os trabalhadores, suas famílias, para as empresas e para a sociedade, inclusive com os custos crescentes dos planos de saúde.

Com o aumento das doenças crônicas, a quantidade de pessoas afas-tadas ou aposentadas por invalidez aumenta. Duas questões devem ser consideradas: a prevenção e o afastamento. Ocorre que a origem da maioria dessas doenças não está relacionada ao trabalho, mas ao estilo de vida. Boa parte poderia ser prevenida com a adoção de bons hábi-

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A CADA ANO, 500 MIL PESSOAS SÃO AFASTADAS DO TRABALhO POR TEMPO INDETERMINADO; APENAS 50 MIL DELAS TêM ACESSO à REABILITAÇÃO PROFISSIONAL.

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tos, como a prática de atividades físicas e alimentação saudável, além de evitar o tabagismo e o consumo abusivo do álcool. 

Em relação aos afastamentos, trabalhadores nestas condições por um longo período de tempo correm o risco de também se desconectarem do mundo do trabalho. Podem sofrer preconceito e perder a autoesti-ma, pois deixam de se sentir úteis à sociedade e até nos próprios lares. Em muitos casos, é difícil romper essa barreira e restabelecer a volta às atividades. A necessidade de recolocar essas pessoas no ambiente de tra-balho, com saúde, é urgente. Por isso, a Fiesc e o INSS-Nacional acabam de assinar termo de cooperação que visa ao desenvolvimento de ações nesse sentido.

Santa Catarina está trazendo o assunto para o centro da agenda. Um exemplo disso foi o seminário promovido pelo SESI/SC, por meio da Aliança Saúde Competitividade, neste mês de setembro, com a parti-cipação de representantes dos trabalhadores, da Universidade, do Mi-nistério Público do Trabalho, do Tribunal Regional do Trabalho e do Ministério do Trabalho. O envolvimento de todos esses atores é anima-dor, pois estamos dando passos decisivos para mantermos os ambientes produtivos cada vez mais seguros e os trabalhadores com mais saúde.

  

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

25.05.2016

Aliança pela saúde

O Brasil tem grandes desafios pela frente com relação à saúde. Dados do SESI Na-cional apontam que os custos com planos

de saúde já correspondem a 11% da folha de pa-gamento das empresas. Um dos motivos para o crescimento dos custos da saúde é o aumento da longevidade. Estima-se que em 2022 quase meta-de da força de trabalho catarinense terá mais de 40 anos e 17% terá mais de 50. Ou seja, as pessoas trabalharão por mais tempo e as empresas terão que contar com trabalhadores com idades cada vez maiores. Nesse cenário, é urgente prepararmos as pessoas para uma longevidade saudável e produtiva. Mais im-portante do que remediar os problemas de saúde é evitar que eles acon-teçam. Por isso, investir nos trabalhadores é a estratégia mais segura e vantajosa para preparar a indústria para esse novo momento. Esse as-sunto precisa ser encarado como estratégico pelas empresas. Por isso,

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ESTIMA-SE qUE EM 2022 qUASE METADE DA FORÇA DE TRABALhO CATARINENSE TERÁ MAIS DE 40 ANOS E 17% TERÁ MAIS DE 50.

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na última semana, lançamos a Aliança Saúde e Competitividade. Ela busca o engajamento efetivo de lideranças na promoção da saúde e de ambientes seguros para o trabalho, além de reposicionar o tema como um dos fatores críticos para a competitividade. Desde o lançamento já contamos com o apoio de instituições como Tribunal Regional do Tra-balho, Ministério Público do Trabalho, Superintendência do Trabalho e Emprego e de Federações de Trabalhadores na indústria (FETIAESC, FETICOM, FETIMMMESC, FITIEC e FETIGESC).

A exemplo do que fizemos na área educacional, a Aliança busca criar um movimento com crescente engajamento pela saúde no Estado. É por esta razão que estamos formando uma rede com parceiros nacionais e internacionais em prol da saúde. Em junho, a Fiesc e o SESI/SC apresen-tarão essa iniciativa em Congresso Mundial nos Estados Unidos, com o objetivo de estabelecer uma rede de referência nacional e internacional para promoção da saúde dos trabalhadores e da competitividade da in-dústria. Estamos dando novos passos para consolidar Santa Catarina na vanguarda das iniciativas destinadas a melhorar a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores e suas famílias.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina

25.11.2015

Saúde como ativo da indústria

 

Com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, que em 2041 deve ser de 80 anos, o País assumirá um per-

fil demográfico semelhante ao de países de-senvolvidos. Santa Catarina deve alcançar essa expectativa de longevidade já em 2020. É uma boa notícia, mas essa transição impõe a necessidade de um planejamento de médio e longo prazos para lidar com as questões so-ciais, previdenciárias e econômicas daí decor-rentes. Do ponto de vista da gestão, esse novo contexto faz com que a saúde do trabalhadorprecise ser tratada estrategicamente pelas indústrias, pois tem efeito positivo na longevidade e no prolongamento da carreira dos seus profissionais. Os gestores precisam considerar, também, que casos como diabetes, obesidade, doenças do coração e respiratórias estão aumentando em decorrência do envelhecimento da população e de

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O AUMENTO NA ExPECTATIVA DE VIDA ExIGE qUE A SAÚDE DO TRABALhADOR SEJA TRATADA ESTRATEGICAMENTE PELOS GESTORES.

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estilo de vida pouco saudável, que inclui hábitos como tabagismo, inatividade física e alimentação inadequada.

O caminho para reduzir o impacto negativo do adoecimento na qua-lidade de vida dos trabalhadores e em sua produtividade está no en-gajamento de lideranças empresariais, acadêmicas, políticas e sociais. Devemos atuar a favor da saúde, do bem-estar e de ambientes seguros para o trabalho, além de promover bons hábitos de vida e o controle dos fatores de risco. Nunca foi tão correto o dito popular de que “é melhor prevenir do que remediar”.

O aumento da expectativa de vida significa que os trabalhadores per-manecerão por mais tempo em seus empregos. Isso significa também a necessidade de os trabalhadores se recclarem continuamente. Com o crescimento cada vez mais lento da força de trabalho e a elevação dos custos, o incremento do potencial produtivo terá que vir do aumento da produtividade do trabalho. Esses trabalhadores que, muitas vezes, têm a sua condição física comprometida por conta de doenças, como as já citadas, possuem, por outro lado, um importante acervo de co-nhecimento acumulado ao longo de sua vida profissional. Esse capital intelectual representará um diferencial competitivo para o trabalhador e para a indústria. Mas, para isso, a educação e a saúde do trabalhador precisam estar no centro da agenda das indústrias.

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Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico

09.07.2015

A saúde como fator competitivona agenda empresarial

Os custos com a saúde dos trabalhadores preocupam crescentemente as empresas brasileiras. O valor dos planos de saúde já

representa 11% da folha de pagamento (o segun-do maior custo, após a própria folha) e a inflação do setor, que tem sido crescente, poderá chegar a 18% neste ano. Os gastos das empresas brasi-leiras com a saúde dos trabalhadores somaram US$ 23,7 bilhões entre 2010 e 2014, de acordo com dados do Departamento Nacional do Sesi. Os números são expressivos, mas não dizem tudo. Poucos sabem que esses dispêndios mais vi-síveis representam apenas 30% dos custos totais de uma empresa com a saúde – ou com a falta de saúde – de seus trabalhadores. Os 70% restan-tes têm origem na baixa produtividade (fenômeno conhecido por “pre-senteísmo”) e nas faltas ao trabalho (absenteísmo), causadas na maioria das vezes por doenças crônicas como obesidade, hipertensão, diabetes

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GASTOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS COM A SAÚDE DOS TRABALhADORES SOMARAM US$ 23,7 BI, ENTRE 2010 E 2014, DE ACORDO COM O SESI.

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e doenças músculo esqueléticas, além de patologias mentais e emocio-nais, como depressão, ansiedade e stress. É o que demonstram estudos internacionais compilados pela consultora americana HealthNext.

A correlação entre doenças e custos é duplamente evidente. Traba-lhadores doentes produzem menos do que os saudáveis e o seu trata-mento custa cada vez mais caro. Porém, a relação inversa também é váli-da. De acordo com a HealthNext, para cada mil dólares que as empresas deixam de gastar com médicos e remédios em razão da melhoria da saúde de seus trabalhadores, a produção aumenta em dois mil dólares. A boa saúde é, portanto, um impressionante meio para o aumento da competitividade.

A partir dessas constatações cresce em todo o mundo o interesse pelo investimento na melhoria dos ambientes de trabalho. Nesse novo contexto, o foco não é mais o tratamento do trabalhador doente, mas o investimento no trabalhador saudável. O objetivo é ajudá-lo a manter-se com saúde por muito mais tempo e, portanto, mais feliz, produtivo e comprometido com os objetivos da empresa. Estudos demonstram que o maior comprometimento é também uma característica de trabalhado-res que desfrutam de boa condição de bem-estar.

Não só as empresas ganham. Trabalhadores que mudam hábitos ali-mentares, praticam exercícios e deixam de fumar elevam substancial-mente a sua própria qualidade de vida. Assim, garantir o envelhecimento saudável da população é essencial ao futuro dos países. O aumento da longevidade é uma excelente notícia, mas implica mais gente aposentada sendo sustentada, ao longo de um maior número de anos, por menos gente em atividade, o que empurra o sistema previdenciário para a falên-cia. Segundo Robert J. Shapiro, principal conselheiro econômico de Bill Clinton e autor do livro “A previsão do futuro” (2010), “todas as crises de assistência médica que a maioria dos países enfrenta envolvem as combi-nações de número de pessoas idosas em rápido crescimento e os custos

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das tecnologias médicas usadas para tratá-las igualmente crescendo com rapidez”. A solução lógica será estender o tempo de trabalho e investir no combate às doenças crônicas que incapacitam os mais idosos.

Apesar de todas as evidências que comprovam os benefícios de am-bientes de trabalho saudáveis, ainda é pequena a disseminação dessa cultura entre as empresas brasileiras. Não é fácil incorporar essa agen-da, pois trata-se de uma inversão cultural cuja promoção depende do setor produtivo. A visão tradicional considera o trabalho uma fonte de doenças em função do esforço físico e do stress a que são submetidos os trabalhadores. Mas muitas empresas já estão provando que o trabalho pode ser exatamente o oposto: um vetor para a promoção do bem-estar. São empresas que posicionaram a saúde como componente estratégico da gestão e que contam com o engajamento de suas lideranças em todos os níveis.

Por meio da boa gestão das informações da saúde dos trabalhado-res, essas empresas conseguem identificar os grupos expostos a riscos e, assim, direcionar ações com grande efetividade. Com programas bem elaborados de prevenção de doenças e de promoção do bem-estar as empresas conseguem a adesão do seu pessoal e obtêm excelentes resul-tados. Em algumas empresas, a soma das reduções de circunferência ab-dominal dos trabalhadores mede-se em dezenas de metros, e a perda de peso em toneladas. A boa alimentação e a prática de exercícios reduzem o risco cardíaco e o desenvolvimento de doenças crônicas, com conse-quências na queda do absenteísmo e no aumento da produtividade. O ataque aos fatores causadores de stress e ansiedade obtém resultados semelhantes.

Além de melhorar o desempenho do trabalho, as ações levam à re-dução de custos com assistência médica e encargos previdenciários. O Fator Acidentário Previdenciário (FAP), por exemplo, é calculado com base na quantidade de licenças médicas e aposentadorias causadas por

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motivo de saúde. A alta freqüência dessas ocorrências pode dobrar o va-lor a ser pago por uma empresa em seguros de acidentes de trabalho. Há situações em que o seguro pode equivaler a 6% da folha de pagamento.

Casos reais e estudos apresentados no 3° Global Healthy Workplace Awards & Summit, um dos mais importantes eventos mundiais sobre bem-estar no trabalho, recentemente realizado em Florianópolis (SC), com a presença de especialistas de mais de 40 países, quantificam os resultados obtidos em programas eficientes de bem-estar. Para cada dó-lar investido obtém-se uma média de seis dólares de retorno. Isso sem contar que uma eficiente política de bem-estar organizacional é uma excelente forma de atrair e reter talentos. Eis uma agenda que, em fun-ção de seu alcance social e econômico, não pode mais ser ignorada pelas empresas brasileiras.

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Artigo publicado originalmente nos jornais Diário Catarinense e A Notícia

15.10.2014

Saúde: oportunidade de investimento

Investir na saúde do trabalhador pode ter um grande impacto na produtividade. Por isso, esta é uma das ações mais importantes

a serem adotadas pelas empresas que desejam melhorar seus resultados e sua competitivida-de. Hoje, o baixo desempenho é o principal custo relacionado à falta de saúde do traba-lhador. Isso custa de duas a três vezes o que as empresas investem em assistência médica. Conferência internacional promovida pelo SE-SI-SC no início deste mês discutiu o assunto e levantou exemplos de como melhorar estecenário em nossas indústrias. O especialista no assunto, Sean Sullivan, da universidade de Stanford, demonstrou que esses dados sugerem que o impacto total da doença nas economias é também maior que os gastos nacionais em assistência médica. Neste contexto, a saúde torna-se uma oportunidade de investimento, não somente para as empre-

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ESPECIALISTA APONTA qUE O IMPACTO TOTAL DA DOENÇA NAS ECONOMIAS é TAMBéM MAIOR qUE OS GASTOS NACIONAIS EM ASSISTêNCIA MéDICA.

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sas, mas também para os governos, por seus impactos na performance econômica e produtiva do País.

Santa Catarina, apesar de possuir a melhor expectativa de vida do Brasil, um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e bons níveis de escolaridade e saúde, pode avançar mais na melhoria dessas condições. Um diagnóstico de saúde e estilo de vida, realizado pelo SESI-SC em 2010 e 2011, com mais de 15 mil trabalhadores, mostrou que 26% apresentavam risco elevado de hipertensão, 50% estavam com sobrepeso ou obesidade, 43% não praticavam atividades físicas de forma suficiente e 19% esta-vam com nível elevado de estresse. Esses fatores interferem no dia a dia dos trabalhadores e, consequentemente, no seu desempenho.

Ainda que as causas de adoecimento, afastamento e perda de produtividade ultrapassem a esfera ocupacional, precisamos rever-ter esse quadro. A saúde dos trabalhadores está se tornando a maior fonte de vantagem não utilizada em uma economia global em ex-pansão. O tema qualidade de vida precisa ganhar espaço cada vez maior na agenda empresarial, já que ações que promovem a saúde e o bem-estar nas empresas têm se tornado estratégicas para o êxito dos empreendimentos.

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Artigo publicado originalmente no jornal Notícias do Dia

20.05.2013

qualidade de vida e produtividade

Investir na saúde e na qualidade de vida do trabalhador é uma premissa para a indústria que quer ser mais competitiva. Perdendo ape-

nas para a folha de pagamento, os custos com assistência médica nas empresas são a segunda maior despesa com recursos humanos, chegando a 22% dos gastos em relação à folha, segundo le-vantamento da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Em Santa Catarina, mais de 12,5 mil afastamentos foram registrados na in-dústria em 2011 pelo Ministério da Previdência Social, sendo 26,1% causados por doenças. Nos-so esforço deve consistir em melhorar resultados que apontam gastos de até R$ 43 bilhões por ano com assistência médica aos trabalhadores brasileiros, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS).

Isso mostra que precisamos investir em ações que promovam a saú-de e a prevenção, pois a promoção da saúde oferece um retorno do in-

GASTOS COM ASSISTêNCIA MéDICA NAS EMPRESAS SÃO A SEGUNDA MAIOR DESPESA COM RECURSOS hUMANOS, ChEGANDO A 22% DA FOLhA DE PAGAMENTOS.

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vestimento de duas a quatro vezes o valor inicial, por meio da redução das faltas e do adoecimento do trabalhador, questões que tem direto impacto na produtividade e, assim, na qualidade de vida do trabalhador e na competitividade. Em outras palavras, existe uma correlação entre a saúde do trabalhador, o seu bem-estar e o desenvolvimento.

Ações para mudar o atual cenário têm se tornado estratégicas para os negócios. É preciso romper com o modelo reativo e caminhar para um modelo proativo de redução de riscos e de agravos de saúde. Mais do que isso, precisamos investir em ambientes mais seguros e saudáveis, que propiciem ao trabalhador o desempenho pleno de sua função.

O resultado de investimentos no bem-estar é um trabalhador sau-dável e produtivo. A indústria busca constantemente melhorar seus in-dicadores sociais e está cada vez mais consciente disso. Pesquisas reali-zadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o próprio trabalhador também reconhece os benefícios de um estilo de vida melhor e valoriza ações nessa linha, o que mostra outra vantagem de apostar nisso: a melhoria do clima organizacional das empresas.

O tema ganha relevância cada vez maior e por isso estará em pauta no primeiro dia da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, entre os dias 20 e 24 de maio. O objetivo é discutir e ava-liar alternativas em áreas críticas para o setor, como educação, inovação e ambientes para negócios. Os debates orientarão as ações do Sistema FIESC no apoio ao segmento industrial, responsável por cerca de 40% dos empregos formais do Estado.

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Este livro foi composto na família tipográfica Minion Pro,em corpo 13/18, combinada com a fonte Futura,

impresso em papel Cuchê fosco 150g, nas oficinasda gráfica Coan, em junho de 2018,

para a Dois Por Quatro Editora.

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