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Pontifícia Universidade Católica do Paraná PPGTU – Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana Renata Baleche Custódio A Influência das Intervenções Urbanísticas na Atividade Turística da Cidade de Curitiba Curitiba 2006

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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

PPGTU – Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana

Renata Baleche Custódio

A Influência das Intervenções Urbanísticas

na Atividade Turística da Cidade de Curitiba

Curitiba

2006

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Renata Baleche Custódio

A Influência das Intervenções Urbanísticas

na Atividade Turística da Cidade de Curitiba

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gestão Urbana. Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Carlos Hardt

Curitiba

2006

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Custódio, Renata Baleche C987i A influência das intervenções urbanísticas na atividade turística de 2006 Curitiba / Renata Baleche Custódio ; orientador, Carlos Hardt. – 2006. 144 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,

Curitiba, 2006 Inclui bibliografia

1. Planejamento urbano. 2. Turismo e planejamento urbano – Curitiba. 3. Política urbana – Curitiba. I. Hardt, Carlos. II. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana. III. Título.

CDD - 20. ed. 711.4 711.4098162 350.818098162

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Renata Baleche Custódio

A Influência das Intervenções Urbanísticas

na Atividade Turística da Cidade de Curitiba

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gestão Urbana. Programa de Pós Graduação em Gestão Urbana, Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Comissão Examinadora: ____________________________________ Profº Dr. Dario Luis Dias Paixão Centro Universitário Positivo ____________________________________ Profº Dr. Letícia P. Hardt Pontifícia Universidade católica do Paraná ____________________________________ Profº Dr. Denis Alcides Rezende Pontifícia Universidade católica do Paraná ____________________________________ Profº Dr. Carlos Hardt Pontifícia Universidade católica do Paraná Curitiba, 31 de julho de 2006.

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Dedico este trabalho ao Kleber.

“ Você caminha nos passos do amor e da alegria

e eu te sigo, sou rio que deságua nesse mar ...”

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Carlos Hardt que em todos os momentos me incentivou e

acreditou no meu trabalho, me orientando com dedicação, conselhos,

paciência, e por ser um exemplo de pessoa, de pesquisador e profissional

para mim.

A todos os professores do Mestrado que com seus ensinamentos

possibilitaram o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. José Manoel Gonçalves Gândara e Prof. Dr. Dario Paixão pelos

conhecimentos e apoio oferecidos sempre.

Aos amigos e turismólogos Grazielle Ueno e Valéria Albach

comprometidos com a nossa profissão, pelos momentos de apoio e

incentivo.

A Adriane Vortolin e ao Felipe Strugo, do Instituto Municipal de Turismo,

pelas informações, materiais e disponibilidade em colaborar sempre.

Ao Sr. Dílson Filho da Infraero, e ao Sr. Jair Carvalho pelos dados

fornecidos.

E em especial, aos meus pais e minha irmã, pelo amor e compreensão

todos os dias.

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“A cidade não é problema, a cidade é solução”.

Jaime Lerner

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a influência das principais intervenções urbanísticas no desenvolvimento do turismo na cidade de Curitiba a partir da interpretação das pesquisas de demanda turística. As constantes transformações do espaço urbano resultaram em intervenções e ações urbanísticas importantes, não apenas no que diz respeito ao planejamento, mas ao aproveitamento destas intervenções pela atividade turística. O estudo utiliza a pesquisa bibliográfica e a pesquisa exploratória para a coleta de dados. Com base nestes procedimentos, serão descritas a evolução histórica do planejamento urbano no contexto da dissertação, selecionadas as principais intervenções urbanas, analisado o desenvolvimento da atividade turística, bem como seu perfil histórico e, posteriormente, são identificadas as relações que os atrativos turísticos e as intervenções urbanísticas apresentam. São apropriadas as pesquisas de demanda turística da cidade de Curitiba dos anos de 1991 ao ano de 2003, a fim de identificar os atrativos turísticos mais visitados, o fluxo de demanda turística e outros dados que colaboram para o resultado desta pesquisa. Como resultados, é possível observar que a atividade turística se dinamizou intensamente no período analisado, concluindo-se pela constatação de que houve, de fato, uma influência marcante proporcionada pelas intervenções urbanas, objeto do processo de planejamento realizado na cidade. Mesmo considerando que a maioria dos atrativos turísticos, resultado dessas intervenções públicas, não foram organizados especificamente para a atividade turística, mas idealizadas para uso e atendimento de necessidades da cidade e de seus cidadãos. As intervenções urbanísticas certamente contribuíram para o aumento constante do turismo e fixação de sua boa imagem, mas falta articulação política que continue oferecendo suporte ao desenvolvimento da atividade.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Urbana. Planejamento urbano. Intervenção urbanística. Atividade turística. Curitiba.

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ABSTRACT

This research has as objective to evaluate the influence of the main urbanistic interventions in the development of the tourism in the city of Curitiba, from the interpretation of a tourist demand’s research. The constant transformations of the urban space of the city had resulted in interventions and important urbanistic actions, not only about the urban planning of the city, but to the exploitation of these interventions for the tourism activity. This study uses bibliographical and documental research for data collection. From this methodology, it is described the historical evolution of the urban planning of the city in the context of dissertation, selected the main urban interventions, analyzing the development of the tourism activity, as well as its historical profile, and later, the relation presented between the tourist attractions and its urbanistic interventions. It was appropriated to use the Research of Tourist Demand from the city of Curitiba, form 1986 to 2003, with the aim of identifying the most visited tourist attractions, the flow of tourist demand and some other data, that were appropriated for the results of this research. As results, it is possible to observe that the touristic activity was intensively increased in the analyzed period, concluding itself that it had, in fact, a wide influence at the urban interventions, object of the planning process carried throughout in the city, even considering that the majority of these tourist attractions, resulted from these public interventions, had not been organized specifically for the tourist activity and yes, idealized for the usage and attendance of needs of Curitiba and its citizens. The urbanistic interventions certainly contributed for the constant increase of tourism and permanence of its image, but there is a lack of political management which keeps on giving support to the development of the activity.

Key- Words: Urban management. Urban planning. Urbanistic intervention. Touristic Activity. Curitiba.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Definição da cidade pelos turistas nos anos de 2001 e 2003............................... 66

Gráfico 2 - Passageiros Desembarcados no Aeroporto Internacional Afonso Pena - 1979 a

2004................................................................................................................................70

Gráfico 3 - Movimento de Passageiros na Rodoviária de Curitiba - 1979 a 2005................. 71

Gráfico 4 - Fluxo de turistas na cidade de Curitiba de 1991 a 2003........................................ 76

Gráficos 5 - Motivo da Viagem a Curitiba – 2003...................................................................... 81

Gráfico 6 - Atrativos mais visitados em Curitiba em 2001......................................................... 92

Gráfico 7- Atrativos mais visitados em Curitiba em 2003........................................................... 92

FIGURA 1 – Vista do Portão do Passeio Público de Curitiba...................................................... 96

FIGURA 2 – Vista do Parque Barigui.............................................................................................. 97

FIGURA 3 – Vista do Parque São Lourenço.................................................................................. 98

FIGURA 4 – Vista do Parque Tanguá............................................................................................. 99

FIGURA 5 – Vista do Parque Tingüi ................................................................................................99

FIGURA 6 – Vista da Estufa do Jardim Botânico.........................................................................100

FIGURA 7 – Vista da Ópera de Arame....................................................................................... 101

FIGURA 8 - Vista do Bosque João Paulo II................................................................................. 101

FIGURA 9 – Teatro Paiol................................................................................................................ 102

FIGURA 10 – Largo da Ordem..................................................................................................... 102

FIGURA 11 – Relógio das Flores.................................................................................................... 103

FIGURA 12 – Calçadão da Rua XV de Novembro................................................................... 104

FIGURA 13 – Rua 24 horas............................................................................................................ 105

FIGURA 14 - Croqui da Linha Turismo.......................................................................................... 107

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

QUADRO 1 – Dados do turismo no Paraná................................................................................. 25

QUADRO 2 – Dados, informação e conhecimento................................................................... 50

TABELA 1 – Fluxo de turistas e entrevistados.................................................................................77

QUADRO 3 - Fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba............................... 82

TABELA 2 - Residência permanente dos entrevistados.............................................................. 84

TABELA 3 – Motivo da viagem........................................................................................................85

TABELA 4 – Sexo dos entrevistados............................................................................................... 85

TABELA 5 – Forma de viajar do entrevistado.................................................... ...........................85

TABELA 6 – Nacionalidade e as médias de permanência e de idade................................... 86

TABELA 7 – Forma de organização da viagem............................................................................86

TABELA 8 - Meios de transporte..................................................................................................... 87

TABELA 9 – Meios de Hospedagens...............................................................................................87

TABELA 10 – Meio de comunicação que influenciou na decisão da Viagem........................88

TABELA 11 – Gasto médio diário individual ..................................................................................88

TABELA 12 - Atrativos turísticos mais visitados............................................................................. 90

TABELA 13 – Qualificação da cidade – 2001 e 2003...................................................................94

TABELA 14 – Definição da cidade – 2001 e 2003.........................................................................94

TABELA 15- Total de embarques na linha turismo......................................................................107

QUADRO 4 - Relação das intervenções urbanísticas e atrativos turísticos............................ 108

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

2 ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS 18

2.1 GESTÃO URBANA 18 2.1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS 20 2.2 A ATIVIDADE TURÍSTICA 21 2.2.1. TURISMO URBANO 29 2.2.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O TURISMO 33 2.3 PLANEJAMENTO URBANO 35 2.4. PLANEJAMENTO TURÍSTICO 39 2.5 INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS 44

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 47

3.1. PROCEDIMENTOS 48 3.2. FASES DA PESQUISA 51

4 PLANEJAMENTO URBANO EM CURITIBA_________________________________________54

4.1 Histórico_______________________________________________________54

5 O TURISMO NA CIDADE DE CURITIBA 69

5.1 PERFIL DO VISITANTE DE CURITIBA 84

6 O TURISMO E AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS EM CURITIBA 90

6.1 DESCRIÇÃO DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS CONSIDERADOS NA PESQUISA 96 6.2 A RELAÇÃO ENTRE INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS E ATRATIVOS TURÍSTICOS 105

7 CONCLUSÃO 117

REFERÊNCIAS 122

ANEXO A 130

ANEXO B 138

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ANEXO C 140

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1. Introdução

As novas mudanças no planejamento urbano coincidem com

as modificações nos estudos das mais diversas temáticas que se anunciaram

a partir dos anos 70, principalmente com o surgimento do pós-modernismo,

que traz novos conceitos e práticas mais modernas a urbanização das

cidades. Estas transformações estão diretamente associadas às estruturas

sociais conforme as várias exigências que as próprias cidades vêm

vivenciando.

Na tentativa de se tornarem mais competitivas e interessantes,

as mudanças no espaço da cidade são inovadoras e, na maioria das vezes,

solucionadoras. Estes conceitos e pensamentos trazem consigo a inovação

e, conseqüentemente, a utilização destas transformações para o bem

comum. Por outro lado, as cidades e as sociedades caracterizam-se

economicamente por fluxos de informações, onde pessoas, produtos e

serviços articulam-se, em diferentes atividades, na formação do processo de

desenvolvimento destas localidades.

Dentre estas atividades, há destaque para a atividade turística

como um fator de desenvolvimento econômico, social e cultural das

cidades. Assim como algumas outras é desenvolvida em espaços naturais ou

adaptados. O termo espaço possui significados diversos, podendo ser

tratado sob a ótica geográfica, arquitetônica ou econômica. As localidades

são, na verdade, formas de organização dos espaços, e se caracterizam

pela concentração de pessoas, atividades e serviços.

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A cidade de Curitiba, desde 1940, quando possuía

aproximadamente 127 mil habitantes, preocupava-se com a organização

de seu espaço. Nesta época, a Prefeitura Municipal de Curitiba, com o

intuito de disciplinar a ocupação do solo, elaborou um plano urbanístico

para a cidade. Neste plano, além de largas avenidas, privilegiavam-se

outros espaços livres, como praças, jardins e parques públicos. Chamado de

Plano Agache, também previa a criação de um organismo que centralizasse

as ações de pesquisa e planejamento urbano. Assim, foi criado em 1965 o

Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Cidade – IPPUC.

Outra ação que estabeleceu diretrizes e normas técnicas,

ordenando o crescimento físico, urbano e espacial da cidade e que

também justifica a escolha deste tema, é a implantação do Plano Diretor no

período de 1971 a 1983, onde as administrações promoveram mudanças na

proposta original, a fim de viabilizá-las. Neste período, destacou-se o sistema

de transporte coletivo que até hoje é um modelo para diversas cidades do

Brasil e do mundo, organizado em sintonia com o sistema viário e com o uso

do solo.

A década de 1970 foi caracterizada como o período em que

houve o início de um conjunto significativo de intervenções públicas,

resultantes do processo de planejamento, que impactou o espaço urbano e,

conseqüentemente, o imaginário da sociedade curitibana. Dentre as ações

e intervenções públicas, destacam-se algumas, como a Rua XV de

Novembro, primeira rua pedestrianizada do Brasil, e a criação de dois

parques, o Parque São Lourenço e o Parque Barigüi, atuais atrativos turísticos

e locais de lazer para a população da cidade.

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A cidade de Curitiba já citada como “capital de primeiro

mundo”, “capital brasileira da qualidade de vida” ou, ainda, “capital

ecológica do Brasil”, é mundialmente reconhecida por sua eficiência

administrativa, já tendo ganhado prêmios internacionais por sua gestão e

planejamento urbano inovador, o que desperta a curiosidade de muitos

visitantes e turistas.

Desta forma, justifica-se a elaboração da pesquisa ao se

deparar com situações em que a grande preocupação das cidades é com

seus cidadãos, em que as políticas públicas prezam por seu desenvolvimento

econômico, social e cultural. Portanto, considerar a atividade turística, em

razão de seus benefícios diretos e indiretos, como forma de promoção de

seus cidadãos e da própria cidade, é uma alternativa importante para

fomentar seu desenvolvimento integral.

Também é fundamental considerar a importância da discussão

do planejamento da atividade turística ou da falta do mesmo, em áreas

urbanas, onde se percebe que o turismo muitas vezes acontece antes

mesmo de seu planejamento, e da preocupação com os impactos positivos

e negativos que esta pode apresentar.

Para tanto, a problematização desta pesquisa consiste em

verificar se a atividade turística da cidade de Curitiba foi planejada ou

apropriou-se das intervenções urbanísticas da cidade, criadas com o intuito

de atender as necessidades de seus cidadãos.

O turismo quando planejado tende consolidar um destino

justificando que mudanças urbanas sejam realizadas para seu atendimento.

O turismo possui característica importante no processo de desenvolvimento

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de uma localidade, pois para melhor atender os visitantes, ou seja, aos

turistas, ocorre uma significativa melhora na infra-estrutura local, não

somente na turística, como equipamentos e serviços, mas também na

urbana, como, infra-estruturas de base, de acesso, enfim, desenvolvendo a

região sob todos os aspectos (RODRIGUES, 2002).

A hipótese considerada para esta pesquisa é a de que a

atividade turística em Curitiba foi incrementada a partir de várias

intervenções urbanísticas. Ou seja, o turismo apropriou-se destas intervenções

como atrativos embora algumas delas não tenham sido implementadas

com o único objetivo de atender ao turista e sim ao cidadão.

Portanto, o objetivo geral deste trabalho consiste em verificar a

influência das principais intervenções urbanísticas no desenvolvimento do

turismo na cidade de Curitiba a partir da identificação das principais

intervenções urbanísticas tratadas sob enfoque analítico associadas à

demanda turística. Como objetivos específicos, destacam-se:

a) identificar as principais intervenções urbanísticas com

possível influência na atividade turística em Curitiba;

b) analisar as pesquisas de demanda turística de Curitiba,

realizadas no período de 1991 a 2003 a fim de traçar um panorama do

turismo, perfil do turista, características e opiniões dos mesmos sobre a

cidade e seus atrativos turísticos.;

c) identificar a relação existente entre as principais

intervenções urbanísticas ocorridas na cidade e a respectiva demanda

turística.

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A metodologia utilizada compreendeu a pesquisa

documental, que tem como instrumento para obtenção de informações

inerentes ao tema, as pesquisas bibliográfica e exploratória. O estudo

bibliográfico realizado consistiu no levantamento de publicações e

documentação que subsidiou a composição dos dados e informações

básicas do trabalho. A pesquisa exploratória fundamentou-se na busca de

informações contextuais inerentes ao planejamento urbano, nas ações de

implementação que nortearam as intervenções urbanísticas, e na atividade

turística no estudo de caso sobre a cidade de Curitiba.

Barretto (2002) ressalta que o turismo é uma atividade

multidisciplinar e interdisciplinar. Multidisciplinar, porque o processo exige o

concurso de uma ampla variedade de áreas do conhecimento;

interdisciplinar, porque estas áreas devem estar interligadas. O universo do

turismo expande-se a cada dia tornando necessário o auxílio de mais ramos

do conhecimento.

Para Dencker (2002) o turismo deve ser compreendido com a

interdisciplinaridade e esta prática é apontada como uma proposta

pedagógica da pós-modernidade no sentido de responder às necessidades

de superação dos problemas provocados pela fragmentação disciplinar do

modelo racionalista.

Esta concepção atinge diversas áreas do conhecimento e o

estudo da gestão é um exemplo. A gestão urbana se encontra neste

contexto, pois como explanam Hardt; Hardt (2006) “pela complexidade das

relações estabelecidas entre os diversos atores que interagem no seu

espaço de atuação e pela própria diversidade de ambientes e dinâmicas

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que a envolvem, a gestão urbana deve evoluir em relação às técnicas

administrativas tradicionais”.

Busca-se, desta forma, contribuir para melhor o entendimento

das relações entre a atividade turística na cidade de Curitiba e a sua

relação com o planejamento urbano, pontuando, assim, as principais

conseqüências e transformações promovidas a partir das ações de ambas

as atividades e, principalmente, no que diz respeito à caracterização do

turismo na cidade.

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2. Aspectos Teórico-Conceituais

2.1 Gestão Urbana

Como conseqüência das rápidas mudanças sócio-culturais ,

econômicas e ambientais observadas atualmente, as cidades passam por

uma adequação voltada aos meios de gestão que sejam condizentes com

a realidade observada e promovida pelas transformações tecnológicas com

rápido incremento dos processos de desenvolvimento.

Pode-se perceber que o poder político-administrativo detém

uma grande responsabilidade: a de gerir este processo. Onde antes se

refletia sobre o “planejamento” que permite prever situações futuras,

percebe-se a necessidade de “gerir”, ou seja, efetivar as ações mais

rapidamente, conciliando as perspectivas econômicas e sociais de cada

cidade de acordo com a sua estrutura (SOUZA, 2003).

Pode-se conceituar gestão como ato de gerir, gerenciar,

administrar uma unidade e todos os seus respectivos recursos, inclusive os

humanos. (REZENDE; CASTOR 2005)

Faz parte do processo de gestão de uma cidade a

preocupação com o incremento estrutural que facilite o desenvolvimento

econômico, objetivando a melhoria da qualidade de vida de sua

população, que desperte o interesse das grandes empresas em instalar-se

em seu entorno, e que ainda atraia novos visitantes e turistas, gerando mais

empregos e renda.

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19 Na gestão democrática da cidade, deve ser assumido politicamente que existem diversos atores sociais com concepções conflitantes de vida e cidade. O desafio é construir uma cultura política com ética nas cidades, viabilizando que os conflitos de interesse sejam mediados e negociados em esferas públicas e democráticas. Assume-se como princípio básico da política urbana o imperativo de se discutir os rumos das cidades com os vários setores da sociedade. Garante-se dessa forma, a participação da população nas decisões de interesse público, por meio dos instrumentos estabelecidos na Lei (BRASIL, 2002, p.33).

A gestão democrática deve ser garantida como considera a

Lei Federal nº 10257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade. Os

instrumentos por este citado para tal processo são: órgãos colegiados de

política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; debates,

audiências e consultas públicas; conferências sobre assuntos de interesse

urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; iniciativa popular de

projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.

O art. 44 da mesma Lei apresenta que no âmbito municipal deve existir a

gestão orçamentária participativa com realização de debates, audiências e

consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes

orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua

aprovação pela Câmara Municipal.

As novas gestões públicas devem objetivar a reestruturação,

“filtrando” o que realmente pode agregar valor para a cidade; a

reengenharia, implantando novos processos, realizando ajustes e

complementando outros já existentes; a reinvenção, oferecendo novos

serviços como estratégia diferencial para o cidadão; o realinhamento, onde

a reinvenção é implantada e orientada à busca dos novos resultados; e,

finalmente a reconceitualização, como forma de introduzir o “novo” e

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incentivar a adaptação para os gestores e administradores públicos (JONES;

THOMPSON, 2000)

Para tanto, a gestão urbana busca responder às questões

pertinentes ao seu papel, estabelecendo ações direcionadas. Essas ações

são consideradas políticas públicas, ou seja, estratégias estabelecidas

objetivando o desenvolvimento social, econômico e político das cidades.

2.1.1 Políticas Públicas

O termo política é comumente utilizado para indicar a

atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como

termo de referência a polis, sou seja, o Estado. Dessas atividades, o Estado

por vezes é sujeito, quando referido à esfera política atos como:

o ordenar ou proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros de um determinado grupo social, o exercício de um domínio exclusivo sobre um determinado território, o legislador através de normas válidas `erga omnes`1, o tirar e trasnferir recursos de um setor da sociedade para outros etc”. (BOOBIO, MATTEUCCI, PASQUINO apud DIAS, 2003, p.121)

As políticas públicas, de acordo com Teixeira (2002, p.2) “são

diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e

procedimentos para as relações entre o poder público e a sociedade;

mediações entre atores da sociedade e Estado”.

Política pública trata do conjunto de ações executadas pelo

Estado, dirigidas a atender as necessidades de toda a sociedade. São linhas

de ações que buscam satisfazer ao interesse público e devem ser

direcionadas ao bem comum (DIAS, 2003). Considera-se que as políticas

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públicas são essenciais para a excelência do desenvolvimento, prevenção,

organização e controle para a gestão urbana.

Ainda é possível considerar políticas como um conjunto de

ações destinadas à resolução de problemas, que visam acelerar o

crescimento econômico e a distribuição de benefícios entre os membros da

sociedade e a melhoria da própria cidade. (FERREIRA, 2001)

Além disso, a rápida urbanização exige dos órgãos

governamentais uma responsabilidade ainda maior na implantação de

programas de desenvolvimento propiciando melhores condições e maior

organização da gestão urbana.

A qualidade das políticas públicas depende das

características do processo político que, por sua vez, é determinado por

fatores culturais, padrões de comportamento político e, inclusive, atitudes

singulares de atores políticos (FREY, 2000). Sendo este um trabalho que

remete ao tema Turismo, são adiante expostos alguns conceitos sobre as

políticas públicas para o turismo.

2.2 A Atividade Turística

O turismo é um fenômeno que pode ser estudado sob diversos

enfoques, sob visões sócio-cultural, ecológica, econômica ou política. É

importante compreender que, independente do foco dado ao presente

estudo, considera-se ressaltar que o turismo é uma atividade multidisciplinar,

portanto, neste capítulo são apresentadas definições de turismo, sua

1 Expressão latina que significa “que tem efeito ou vale para todos” em ato jurídico (DIAS, 2003).

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importância econômica, segmentações de mercado, impactos e

tendências da atividade em nível mundial, nacional e regional.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo - OMT

(apud IGNARRA, 1999, p. 23), turismo é “o deslocamento para fora do local

de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado

por razões não-econômicas”. Em 1910, Herman Von Schullard (apud

IGNARRA, 1999, p. 23) dizia que o turismo era a “soma das operações,

especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a

entrada, permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e fora

de um país, cidade ou região”.

Mais recentemente, segundo José Vicente de Andrade (apud

IGNARRA 1999, p. 24), turismo pode ser definido como um “conjunto de

serviços que tem por objetivo o planejamento, a promoção e a execução

de viagens, e os serviços de recepção, hospedagem e atendimento aos

indivíduos e grupos, fora de suas residências habituais”. De acordo com

Ignarra (1999, p. 25), o turismo é:

[...] deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante. Uma pessoa que reside em um município e se desloca diariamente para outro para exercer sua profissão não está fazendo turismo. Já um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou para fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência estará fazendo turismo.

A palavra turismo, segundo Lickorish e Jenkins (2000, p.30), era,

até o século XIX, desconhecida na língua inglesa e representava

inicialmente “viagem em grupo barata”, como um termo depreciativo para

estranhos e estrangeiros. Já as palavras viagem e viajante eram respeitadas,

dirigindo-se ao alto poder aquisitivo dos viajantes de antigamente. Assim, o

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conceito de viagem com a finalidade de recreação era algo totalmente

inédito.

O aumento da riqueza, a extensão das classes de

comerciantes e profissionais, o crescimento populacional do séc. XVIII, e a

secularização da educação proporcionaram a expansão do turismo, por

estimulação determinada pelo lazer, tempo, dinheiro e interesse, que se

define pela preferência do consumidor. Assim incitou-se o interesse das

pessoas em conhecerem outros países, bem, como se aceitou a viagem

como um elemento educacional (LICKORISH, JENKINS, 2000).

Dois fatos são considerados de suma importância na evolução

histórica do turismo: a Revolução Industrial e a transformação social e

econômica que ela gerou com o surgimento de uma nova classe social, a

chamada burguesia, que passou a dispor de tempo para o lazer (LAGE;

MILONE, 2001).

Mas foi no século XX que o turismo ganhou maior impulso,

após os períodos de guerras, em função da aplicação das tecnologias

desenvolvidas pelos militares para o desenvolvimento social e econômico, a

exemplo dos automóveis, aviões, comunicações etc. Houve também outros

fatos importantes que contribuíram para o crescimento do turismo: a

diminuição da jornada de trabalho para 8 horas diárias, garantidas por lei, o

aumento da renda e a remuneração das férias, que proporcionaram aos

trabalhadores a possibilidade de realizar viagens de lazer.

O turismo, mesmo após a massificação das viagens a partir da

década de 50, é considerado ainda como uma atividade de luxo, porque

não se trata de um fator de primeira necessidade, como alimentação,

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vestuário ou moradia. Uma família certamente dará prioridade em seu

orçamento para estas questões e para a educação dos filhos, para

posteriormente direcionar gastos com lazer e viagens. Entretanto, os dados

apresentados pela Organização Mundial do Turismo - OMT, em 2002,

mostraram um crescimento da atividade turística de 3% em relação ao ano

anterior, o que equivale a 700 milhões de chegadas internacionais (SEBRAE-

PR, 2006). A estimativa é que o setor continue a crescer.

Isso significa dizer, em termos econômicos, que em primeiro

lugar houve aumento da demanda por viagens ao longo do tempo e há

uma tendência de continuidade desse crescimento. Conseqüentemente,

houve aumento da oferta turística, cuja perspectiva também é de

crescimento. Os principais acontecimentos históricos que contribuíram para

esse quadro podem ser atribuídos, além da Revolução Industrial, aos

avanços tecnológicos ocorridos desde então, principalmente os

relacionados aos meios de transportes, desde a máquina a vapor aos aviões

supersônicos.

A facilidade de deslocamento que os diferentes modais de

transporte oferecem é, em grande parte, responsável pelo aumento da

demanda turística. Outro fato importante, como mencionado anteriormente

é a diminuição da jornada de trabalho (oito horas diárias, cinco dias por

semana) e as férias remuneradas que proporcionaram às pessoas o tempo

(e dinheiro) necessário para viajar.

É importante considerar que, segundo Fernandes e Coelho

(2002, p.60), “o turismo é, na realidade, uma atividade eminentemente de

prestação de serviços e, conseqüentemente, enquadra-se no setor terciário

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da economia”. Outro aspecto importante destacado pelos autores é o fato

de que o turismo tem o poder de desenvolver as atividades dos setores

primário (agricultura) e secundário (indústrias e construção civil). Para melhor

compreensão, tome-se como exemplo a implantação de um novo hotel em

determinada localidade.

Durante a construção do edifício, seria necessária a

contratação de uma construtora para executar a obra, envolvendo então

uma atividade que se enquadra no setor secundário da economia. Após a

sua inauguração, o hotel demandaria produtos industrializados e, também,

produtos agrícolas.

Assim, pode-se afirmar que o turismo tem um efeito

multiplicador, ou seja, ele envolve vários outros setores de atividade, além, é

claro, de promover diversificada gama de serviços denominados “turísticos”.

Em nível macroeconômico, podem-se apontar quatro

significativos impactos que o turismo pode gerar para um país: redução dos

desequilíbrios regionais, contribuição na arrecadação de impostos, efeitos

multiplicadores de renda, produção e emprego e contribuição na formação

do Produto Interno Bruto – PIB (FERNANDES; COELHO, 2002).

Analisando a evolução do turismo ao longo dos últimos 50

anos, a Organização Mundial do Turismo – OMT verificou que houve uma

taxa de crescimento médio de 7% ao ano, considerando-se o período entre

1950 e 1999 (OMT, 2001). No ano de 2000, a Secretaria da OMT registrou o

número de 664 milhões de chegadas internacionais, em nível mundial.

Comparando-se com o número destas chegadas em 1950, que foi de 25

milhões, pode-se perceber a significativa expansão da atividade turística.

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Dentre as principais motivações de viagem por parte dos turistas, o lazer

representava, em 1998, cerca de 62% do total, seguido por razões de

negócios ou profissional, com 18%.

Segundo as estimativas da OMT, entre os anos de 2000 e 2010,

o turismo internacional deve crescer a uma média de aproximadamente 5%

ao ano. Entretanto, em estudo mais detalhado, aponta para um

crescimento de 3,5% anual para o mesmo período para as Américas (OMT,

1995). Na América do Sul, destaca-se o Brasil em primeiro lugar, como pólo

receptor de turistas estrangeiros que em 2000 registrou o número de

aproximadamente 5 milhões de chegadas internacionais.

Porém, as estatísticas do Instituto Brasileiro de Turismo –

EMBRATUR (2003), demonstraram que em 2001 e 2002 houve decréscimo do

número de turistas estrangeiros que visitaram o país. Sabe-se que a

demanda turística, principalmente aquela cujo motivo da viagem é o lazer,

é elástica, ou seja, sensível às oscilações econômicas.

Dos aproximadamente 3,7 milhões de turistas estrangeiros que

visitaram o Brasil em 2002, cerca de 522 mil entraram no país pelo Estado do

Paraná (EMBRATUR, 2003).

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O Quadro 1 apresenta as estatísticas do turismo no Paraná

que em 2005 teve um fluxo de 7.350.912 turistas.

QUADRO 1 – Dados do turismo no Paraná Variáveis 2001 2002 2003 2004 2005Fluxo Turistas 5 670 614 5 552 244 6 210 930 6 708 641 7 350 912 Estadual (%) 50,0 48,0 48,0 45,0 47,0 Interestadual (%) 34,0 35,0 36,0 38,0 39,0 Internacional (%) 16,0 17,0 16,0 17,0 14,0 Permanência Média (dias) 3,9 3,6 3,8 3,3 3,7 Gasto Médio Per Capita/Dia (US$)

37,8 45,0 47,8 47,5 60,0

Receita Gerada (US$ por mil) 835.961,92 899.463,47 1.124.000,29 1.067.915,40 1.462.828,46 Fonte: Secretaria de Estado do Turismo –PR, 2006.

O interesse do governo em desenvolver o turismo nesta região

mostra a tomada de consciência das tendências que a atividade apresenta

e dos benefícios que pode gerar, sejam econômicos, sociais ou ambientais.

O mercado turístico tem se tornado, também, muito competitivo, levando as

empresas do setor a segmentar o mercado, para poder obter os melhores

resultados nesse ascendente segmento da economia.

O mercado turístico é formado pela demanda, que

compreende os consumidores, neste caso, os turistas, e pela oferta, formada

pelos prestadores de serviços turísticos (hotéis, agências de viagem,

restaurantes, transportadoras etc). A expressiva expansão deste mercado

nos últimos anos deve-se principalmente às comunicações (além, dos

transportes), pois a evolução tecnológica resultou em benefícios importantes

para o crescimento da demanda e da oferta turísticas, por meio da

divulgação, que passou do “boca-a-boca”, para o rádio, para a televisão e

mais recentemente, para a internet. De acordo com Kotler; Haider; Rein

(1994) o mercado consiste em todos os consumidores potenciais que

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compartilham de uma necessidade ou desejo específico, dispostos e

habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo.

Já para o Professor Mário Beni (2003, p.145):

(...) os mercados constituem um sistema de informação que permite a milhares de agentes econômicos, produtores e consumidores, até certo ponto isolados entre si, tomar as decisões necessárias para que a sociedade toda possa alcançar três eficiências – atributiva, produtiva e distributiva.

O mercado turístico é amplo, o que pode conduzir, por

exemplo, à sua tipificação em internacional, nacional ou regional. Devido à

vasta oferta de produtos turísticos, que podem ser considerados não apenas

como os serviços, mas compostos também pelo conjunto de atrativos que os

destinos possuem, costuma-se segmentar esse mercado. Trata-se, na

verdade, de uma estratégia de marketing adotada pelas empresas turísticas

para focalizar seu público alvo, facilitando a identificação do produto

turístico por parte do consumidor.

Isso ocorre porque se entende que não é possível atingir os

potenciais consumidores em escala universal, mas apenas a uma parcela

deles. Por isso, a segmentação é fundamental para que as empresas possam

dirigir seus investimentos promocionais de forma objetiva, levando seu

produto às pessoas que realmente estão interessadas em comprá-los (LAGE;

MILONE, 2001).

Para tanto, a segmentação do mercado turístico é de suma

importância para que cada destino tenha condições de trabalhar de forma

adequada a sua localidade, utilizando suas características na atração de

visitantes para a cidade. Seja turismo de sol e praia, de negócios, de

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eventos, de aventura, de caráter cultural, entre outros, o foco deve ser

dirigido ao público correspondente.

Este direcionamento dos destinos contribui para o

fortalecimento e para a observação da imagem que os turistas terão da

localidade, pois a cidade deverá ser percebida da maneira como é

apresentada; do contrário causa frustração com o “produto” adquirido.

2.2.1. Turismo Urbano

As discussões apresentadas no item anterior serão aqui

complementadas com as idéias voltadas para o turismo urbano, que é o

enfoque deste trabalho.

Segundo Tyler e Guerrier (2001), o turismo urbano envolve os

processos sociais de mudança e os processos de decisões políticas que

ditam a natureza dessa mudança e que identificam ganhadores e

perdedores. Trata-se da busca dos meios pelos quais a mudança afeta os

processos sociais da cidade e da necessidade de gerenciar a

inevitabilidade do turismo urbano.

Para Castrogiovanni (2000, p. 23):

a ordenação urbana compreende o processo de organização dos elementos que compõem o espaço urbano de acordo com o estabelecimento de relações de ordem, com base na construção de uma hierarquia de valores, no caso, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento das atividades turísticas. A ordenação turística é a busca conveniente dos meios existentes no espaço para o sucesso das propostas relativas às atividades turísticas.

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Para Boullón (2002, p. 79) o espaço turístico é conseqüência da

presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que são a matéria-

prima do turismo. Este elemento do patrimônio turístico, mais o

empreendimento e a infra-estrutura turística, são suficientes para definir o

espaço turístico de qualquer país.

Os visitantes de uma cidade podem ter uma leitura muito

tênue daquilo que em determinado espaço urbano pode significar em

termos de prazer cotidiano para os moradores fixos. Nem sempre ao turista é

permitida a total inserção com o território que visita, em certas

circunstâncias, talvez nem devesse ocorrer.

De acordo com Lynch (1997, p.7):

as imagens ambientais são resultado de um processo bilateral entre o observador e seu ambiente. Este último sugere especificidades e relações, e o observador seleciona - com grande capacidade de adaptação e à luz de seus próprios objetivos - organiza e confere significado àquilo que vê.

Assim, a imagem de um determinado lugar pode variar

dependendo de cada observador. No caso do turista no espaço urbano o

tempo todo que estiver transitando estará realizando suas observações.

Os elementos urbanos que podem ser analisados pelos turistas

segundo Boullón (2002) são seis:

a) pontos de interseção: áreas abertas ou cobertas de uso

público onde o turista as percorre livremente. Por exemplo:

praças, parques, mercado, igrejas shoppings ou galerias.

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b) marcos divisórios: construções, artefatos urbanos e

monumentos que se destacam na paisagem urbana

como pontos de referência exterior ao observador.

c) bairros: áreas da cidade que tiveram a sua ocupação

planejada ou podem ter passado por processo de

urbanização após a sua ocupação inicial

d) setores: áreas específicas dos bairros apresentando-se

como rugosidades dentro da homogeneidade que

tendem a ser os bairros. Por exemplo: setores históricos;

e) bordas ou franjas urbanas: elementos lineares que

marcam o limite ou transição da passagem entre áreas ou

do próprio todo que se constitui o tecido urbano. São

elementos fronteiriços que tendem a ser uma terceira

paisagem, trazendo características das duas paisagens

que se encontram.

f) caminhos: são as ruas, avenidas, becos e passagens que

podem ser considerados as melhores opções para se

visitar os atrativos turísticos ou entrar na cidade e sair dela.

O caminho pode passar a ser o principal atrativo

Castrogiovanni (2000) destaca que nos caminhos por onde

passam os fluxos turísticos há a possibilidade de transitar entre o real

edificado e o imaginário possível de ser construído a qualquer momento.

O turismo urbano apropria-se da paisagem das cidades para

desenvolver sobre ela leituras criativas.

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Nos caminhos ainda podem ser observadas as facilidades de

fluxo das pessoas e dos veículos, a agradabilidade estética, a paisagem

construída, os serviços urbanos, os equipamentos de apoio ao turismo e o

“mobiliário urbano” (placas de sinalização, paradas de ônibus, postes,

brinquedos das praças, dentre outros). (BOULLÓN, 2002: CASTROGIOVANNI,

2000).

O espaço urbano não é construído para uma pessoa, mas

para várias, que apresentam diferenças de temperamento, formação,

ocupação profissional, origem étnica, diversidade social e, portanto,

interesses. Assim, a cidade é uma representação da condição humana,

sendo que essa representação se manifesta por meio da arquitetura em si e

da ordenação de seus elementos (Castrogiovanni, 2000).

O turismo no meio urbano desenvolve-se dentro desta

realidade e se aproveita das singularidades e comportamentos locais que

vão além da expressão arquitetônica como os sotaques, idiomas ou dialetos,

trajes típicos, danças, música local, jogos, costumes, crenças etc.

Também, as diferentes atividades econômicas da cidade

conferem ao turismo urbano características específicas.

As características arquitetônicas, as singularidades ou

atividades econômicas isoladamente ou em conjunto foram diversos

segmentos turísticos que se podem destacar: o turismo de negócios, o

turismo de ventos, o turismo histórico-cultural, o turismo religioso e o turismo

de lazer.

A gestão do turismo urbano deve buscar a compreensão dos

processos de reestruturação e valorização do meio, com os desafios de uma

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economia globalizada e competitiva, verificados em um espaço dinâmico,

como o urbano em estudo, com políticas públicas que considerem estes

preceitos.

2.2.2 As Políticas Públicas para o Turismo

Pelo fato desta pesquisa envolver a atividade turística, que por

sua vez, está inserida no planejamento de cada cidade, ressalta-se neste

capítulo a importância das políticas públicas, pois o turismo necessita de

decisões e ações políticas para movimentar o terceiro setor da economia e

para mobilizar a gestão urbana já que a estrutura urbana dimensiona o

sucesso ou o insucesso de um destino turístico.

Goeldner et al. (2002) entendem política pública para o

turismo como o conjunto de regulamentações, regras, diretrizes, diretivas,

objetivos e estratégias de desenvolvimento e promoção que fornece uma

estrutura na qual são tomadas as decisões coletivas e individuais que afetam

diretamente o desenvolvimento turístico e as atividades diárias dentro de

uma destinação.

Dentre as áreas abordadas pela política de turismo em nível

nacional estão, o seu papel socioeconômico em uma destinação; tipologia

das destinações; taxas a serem cobradas, seus tipos e níveis; financiamentos

para o setor; desenvolvimento e manutenção do produto; infra-estrutura e

transporte; regulamentação dos setores; restrições ambientais; imagem e

credibilidade do setor; relações entre comunidade e atividade; recursos

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humanos e qualificação da mão-de-obra; legislação trabalhista; tecnologia;

práticas de marketing; funcionamento do turismo estrangeiro.

Também, a urbanização e o grau de organização do território

devem ser observados, pois há necessidade de se respeitar à identidade

cultural propiciada pela organização territorial histórica, como o patrimônio

e a paisagem urbana. “Há necessidade de integração dos traçados

tradicionais do espaço urbano com as propostas de organização turística e,

nesse caso, as padronizações estão condenadas” (MENDONÇA, 1998, p. 57).

É necessário encontrar novas tipologias arquitetônicas que se

enquadrem nesses espaços. Cidades ou bairros antigos, que retratam

determinadas épocas passadas, podem conviver com edifícios modernos,

desde que estes apresentem estrutura compatível e identificada com a

paisagem cultural e urbana existente.

Assim, são necessários, estudos minuciosos antes de serem

tomadas quaisquer providências quanto a novas obras em setores históricos

da cidade. Essa política pode estar explicitada em leis e decretos municipais,

na lei orgânica e no plano diretor, que poderão estabelecer incentivos para

que as novas construções se façam de acordo com orientações urbanísticas

que preservem a identidade local (RODRIGUES, 2001).

A gestão do turismo na escala local deve ser entendida num

sentido amplo, de compartilhamento de responsabilidades entre os setores

público, privado e terceiro setor.

O fundamento dessa integração deverá ser a articulação dos

negócios privados com o bem-estar da comunidade local e a

sustentabilidade dos recursos.

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2.3 Planejamento Urbano

O planejamento pode ser considerado sob enfoques diversos.

No sentido restrito da palavra, planejamento é a elaboração de plano.

Porém, deve-se considerá-lo como um processo contínuo, composto por

fases diversas que se retroalimentam. De forma geral, um plano compreende

o conjunto de diretrizes de ação para, dentro de determinados prazos e

utilizando determinados recursos, atingir objetivos pré-estabelecidos.

Entretanto, o planejamento também pode ser considerado

dentro de uma visão ampla e abrangente, sendo todo o processo de

interferência na realidade com o propósito de se passar de uma situação

conhecida para outra desejada, dentro de um intervalo definido de tempo.

O processo de planejar consiste em tomar decisões antecipadamente. Certas decisões são tomadas de imediato, assim que o problema ocorre, e seu alcance esgota-se com a resolução desse mesmo problema. Outras decisões, ao contrario, visam definir um objetivo ou curso de ação para o futuro. Elas são formuladas no presente, para serem postas em prática no futuro. Não apenas serão postas em prática num futuro que pode estar próximo ou distante, mas também tem o objetivo de influenciar esse mesmo futuro. (MAXIMIANO, 1995, p.196)

Ainda de acordo com Cardoso (apud BARRETTO, 1999)

observa-se que o planejamento é uma atividade, não é algo estático, é um

dever, um acontecer de muitos fatores concomitantes que têm que ser

coordenados para se alcançar um objetivo que está em outro tempo. Sendo

um processo dinâmico é lícita a permanente revisão, a correção do rumo.

Exige um repensar constante mesmo após a concretização dos objetivos.

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Planejar é a administração racional, isto é, processo da distribuição ótima

dos recursos e dos meios tendo em vista objetivos dados.

O planejamento não deve satisfazer com um único plano,

mas “com vários planos, tantos quantas forem as previsões do futuro com

probabilidade significativa” (HUERTAS, 1996, p.55).

Os planos também são dispostos em hierarquia em função de

escalas territoriais. Em países centralizados, planos nacionais são

hierarquicamente superiores aos regionais, e estes aos locais, cada um

estabelecendo diretrizes para os planos a serem mais detalhados em nível

inferior. Isto implica, muitas vezes, na necessidade de compatibilização entre

planos, quando começam a interferir, mesmo que indiretamente, uns nos

outros.

No campo urbano, as intenções normalmente se referem ao

bem-estar dos habitantes e à cidade como um todo. Entende-se por

urbanismo, compreender a ciência que edifica e organiza a cidade,

englobando fenômenos sociais, políticos, naturais e econômicos de

determinada civilização. O urbanismo está voltado à sistematização e ao

desenvolvimento da cidade, orientando dentre outros aspectos, a posição

dos equipamentos urbanos para melhor comodidade de seus habitantes.

(TRINDADE, 1997,)

Vale ressaltar que planejamento urbano sugere um contexto

mais amplo do que o representado pelas expressões urbanismo ou desenho

urbano. O planejamento urbano inclui o urbanismo. (SOUZA,2003).

A importância de organizar a cidade pode ser percebida a

partir do crescimento populacional do país como um todo. Segundo dados

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do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2005) entre os anos de

1960 e 2000, a população urbana aumentou de 31 milhões para 170 milhões

de pessoas. Ou seja, as cidades receberam 139 milhões de novos moradores,

o que significa uma crescente necessidade de organização do espaço.

Como a cidade está em contínua transformação, o

planejamento urbano não terá fim, constituindo-se em uma atividade que se

estende ao longo do tempo. Já os projetos costumam ser pensados em

termos de um campo limitado e de implantação rápida; portanto, sem levar

em consideração a gama de possíveis transformações a longo prazo do

ambiente em que são executados.

O planejamento é um importante instrumento de ação que o

poder público local dispõe para criar um ambiente adequado ao

desenvolvimento do homem e melhorar sua qualidade de vida em

comunidade. Assim, a grande necessidade para o adequado

planejamento, para se alcançar efetivamente os resultados desejados, é

identificar, dentro da realidade na qual se pretende agir, as tendências e os

interesses existentes.

A escala crescente das questões urbanas na segunda metade

do século XX induz a estudos mais amplos, em que os problemas

demográficos sociais e econômicos desempenham papel cada vez mais

importante. Arquitetos, engenheiros, sociólogos, economistas, geógrafos,

médicos e assistentes sociais, dentre outros profissionais começavam a

trabalhar junto. Em função da degradação ambiental das cidades houve

um avanço institucional importante na medida em que houve a aprovação

da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001denominada Estatuto da

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Cidade que representa o principal instrumento normativo para a gestão

urbana.

Esta Lei apresenta que um meio para melhor ordenar o

desenvolvimento das cidades é o Plano Diretor, que objetiva direcionar e

organizar este processo. Além de resguardar os ambientes físicos e culturais

dos municípios, tornou-se obrigatório para as cidades com mais de 20 mil

habitantes.

O Estatuto da Cidade ainda estabelece normas de ordem

pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol

do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como

do equilíbrio ambiental.

O planejamento urbano é instrumento da gestão urbana –

comentada no capítulo anterior. E neste processo devem ser priorizados

aspectos como melhoria da qualidade de vida dos habitantes de uma

cidade e sua organização voltada ao desenvolvimento econômico, social,

ambiental e cultural.

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2.4. Planejamento Turístico

O turismo tem uma influência no processo de desenvolvimento

de uma região, mas é preciso que haja um desenvolvimento pré-

determinado, para que não ocorram problemas, como por exemplo, um

crescimento descontrolado. Por isso, segundo RODRIGUES (2001, p. 27),

“torna-se indispensável o planejamento dessa atividade, para estimar,

restringir e regular essa evolução”.

O planejamento turístico é uma parte integrada do processo

de implantação e consolidação da economia capitalista. É um instrumento

importante e necessário para o governo obter o desenvolvimento

socialmente justo. Sendo assim, o planejamento da atividade turística é

necessário, tanto para acelerar e maximizar os efeitos positivos das

atividades quanto para minimizar os efeitos negativos (FERNANDES E

COELHO, 2002).

Os impactos positivos do turismo influenciam diretamente nos

setores de hospedagem, alimentação, transporte, entretenimento,

divulgação, setores públicos, etc, gera divisas, cria empregos, transforma

localidades economicamente inexpressivas em grandes economias.

Por outro lado deve-se ter a preocupação com os impactos

negativos, pois poderão causar a propagação de doenças, prostituição,

tráfico de drogas, terrorismo, destruição do meio ambiente,

descaracterização dos costumes dos povos ou região, destruição dos

patrimônios históricos, culturais, entre outros.

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Um sério problema enfrentado por muitas localidades que

vivem basicamente do turismo é a sazonalidade que determina a

ocorrência de um fenômeno apenas em determinados períodos do ano. Ou

seja, o local é bastante freqüentado apenas nos meses de verão

(geralmente quando o local situa-se no litoral), ou somente no inverno

(quando não há atividades propícias para o verão), provocando uma

instabilidade com relação a mão-de-obra, a qual torna-se um problema,

tanto para os que precisam do emprego, como para os contratantes que

encontram dificuldades em selecionar pessoal gabaritado nas épocas

necessárias.

Segundo Ruschmann (1997, p. 86), “esse fenômeno pode ser

determinado por outros diversos fatores, sendo que alguns deles são:

variações cambiais, férias escolares, ou de trabalhadores, poder aquisitivo

da população etc”.

Para que não haja a ocorrência da sazonalidade, deve se

tomar algumas medidas, utilizando-se de um planejamento estratégico, para

que a concentração de visitantes seja equilibrada, durante todo o ano.

Percebendo as ameaças e oportunidades do futuro, para explorá-la e

combatê-la, algumas ações a serem tomadas, seriam; traçar objetivos,

definir estratégias e políticas, fortalecer o mercado atual, e conquistar novos

mercados, melhorar a qualidade dos serviços, criar produtos para um

mercado potencial, como por exemplo, a realização de eventos para atrair

diversos tipos de turistas e etc.

“O planejamento estratégico é um componente essencial

para o planejamento turístico, pois consiste em adaptar-se de maneira

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adequada ao seu ambiente, analisando a sua situação atual planejando

metas e objetivos futuros, e definir como chegar a tais objetivos, utilizando-se

de estratégias” (DIAS, 2003, p. 102).

Um documento resultante desse processo de planejamento é

o plano estratégico, o qual contém informações que servirão para orientar

futuras ações, a serem tomadas e atividades e programas a serem

realizados.

O planejamento da atividade turística, segundo DIAS (2003, p.

106), “é um poderoso instrumento de fomento ao desenvolvimento

socioeconômico de uma comunidade”. Sabe-se que o mesmo compreende

várias etapas, mas, dentre estas as duas fundamentais são segundo o

mesmo autor:

O diagnóstico – que compreende o exame de todos os

componentes do turismo tanto do ponto de vista efetivo, quanto do ponto

de vista potencial. Compreende, portanto, o exame da demanda existente,

da oferta de atrativos, de serviços urbanos de apoio ao turismo e de infra-

estrutura básica.

O prognóstico – o qual compreende a elaboração de

cenários futuros. Significa imaginar situações futuras através de projeções

tanto do crescimento da demanda, quanto do incremento da oferta

turística. O prognóstico deve construir cenários antagônicos, o qual

proporcionará diversas opções facilitando a escolha final (DIAS, 2003, p. 106).

No turismo contemporâneo, as pessoas buscam o verde, a

natureza, como uma espécie de fuga do cotidiano, e até mesmo do stress

do dia-a-dia. Porém, o aglomerado de pessoas nesses lugares, bastante

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sensíveis, poderá causar alguns danos aos mesmos; deste modo, o

planejamento turístico nessas regiões torna-se fundamental para evitar tais

danos.

O planejamento turístico, também, é muito importante na

realização de um turismo sustentável o qual seria uma relação mais

harmoniosa do turista com o meio ambiente, satisfazendo as necessidades

dos turistas e da comunidade local. Ao mesmo tempo não comprometendo

a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias

necessidades, diversificando a economia local, e assegurando uma melhor

distribuição de custos, beneficiando todas as partes envolvidas na realização

da atividade turística.

Observa-se que são diversos os entraves para que se possa

realizar um turismo sustentável e que este, pode ser visto por muitos como um

sonho difícil de ser realizado. Como por exemplo, algumas questões políticas,

as quais dificultam, pois são muitos os interesses envolvidos nesta questão.

Para que haja um turismo sustentável com base na realidade,

se faz necessário desenvolvê-lo paulatinamente, com todos os participantes

sendo consultados nas tomadas de decisão, sempre com o objetivo coletivo

de se executar o que for melhor para todos.

Segundo Swarbrooke (2000, p. 65), “sustentável geralmente

quer dizer desenvolvimento que satisfaz nossas necessidades hoje, sem

comprometer a capacidade das pessoas satisfazerem as suas no futuro”.

Trata-se, portanto, de uma perspectiva a prazo mais longo que o usual ao se

tomar decisões, e envolve uma necessidade de intervenção e

planejamento. O conceito de sustentabilidade engloba claramente o meio

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ambiente, as pessoas e os sistemas econômicos.

O turista será a cada dia mais seletivo nas suas escolhas, pois

buscará mais informações, qualidade dos produtos turísticos e do meio

ambiente, mais interação com a população local, preços justos, entre tantos

outros aspectos.

Há poucas evidências de que os turistas sigam o conceito de

turismo sustentável, além da preocupação com a qualidade de meio

ambiente dos locais onde visitam em suas férias. Os turistas que levam a sério

o desenvolvimento sustentável acreditam que as suas viagens anuais de

férias são os únicos momentos em que podem se comportar sem serem

responsáveis. Esse fato resulta em um certo desinteresse das empresas

turísticas pelo tema, “turismo sustentável”, visto que o mercado turístico, e

sua demanda, não se mostram de fato interessadas pelo mesmo

(SWARBROOKE, 2000, p. 66).

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2.5 Intervenções Urbanísticas

A ação resultante de processos ordenados ou não da gestão

urbana, pode ser considerada como intervenção decorrente de uma série

de condicionantes prévios.

O Planejamento, considerado como processo, pressupõe o

atendimento a um conjunto de fases, dependentes entre si, que vão da

referenciação à implementação (HARDT et al., 2003).

Na presente pesquisa, considera-se como intervenções

urbanísticas, as ações públicas que contribuem para o desenvolvimento

urbano e para o melhor aproveitamento do espaço da cidade, sendo

resultado de processos de planejamento e iniciativas dos órgãos públicos

responsáveis pela gestão da mesma.

Cabe ressaltar que as intervenções urbanísticas consideradas

nesta pesquisa são conceitualmente diversas das utilizadas para a

implantação de equipamentos urbanos, embora esta possa ser considerada

como uma das intervenções possíveis. O IPPUC (2006) definiu que, em

Curitiba, estes são como aqueles equipamentos que exercem alguma

função urbana específica de atendimento às necessidades da população. E

os classifica em três grupos principais:

1- mobiliário urbano – que são todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não e implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados; ex. bancas de revistas, cabines telefônicas, estações tubo, terminais de transporte, etc.

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452- equipamentos sociais – que são todos os estabelecimentos voltados ao atendimento de necessidades básicas da população, equipamentos estes que podem ser mantidos tanto pelo setor público quanto pelo privado; ex. unidades de saúde, hospitais, creches, escolas, museus, bibliotecas, albergues, etc.. 3- atividades econômicas específicas– que são todos aquelas atividades que se instalam na cidade voltados a industrialização comércio ou prestação de serviços e que por sua localização, porte ou tipo possam interferir ou gerar inconveniências para a vizinhança ou para a cidade. estas interferências podem ser de ordem ambiental, de circulação viária ou mesmo relacionadas à preservação da paisagem urbana; ex. hipermercados, centros comerciais, postos de gasolina, antenas de radiodifusão ou de telefonia, etc..

Dessa forma, pode-se perceber que algumas das intervenções

usuais na cidade de Curitiba, referem-se a implantação de equipamentos

públicos, resultantes de interesses urbanísticos planejados com objetivos

diversos, que os relaciona a uma das categorias e equipamentos

normatizados.

Curitiba é uma das cidades brasileiras que fortemente

incorporou os efeitos das ações planejadas do seu espaço urbano e obteve,

por isso, um reconhecimento internacional pelas intervenções adotadas.

Segundo Menezes (1996, p.16), “experiências urbanas inovadoras e criativas,

que até bem pouco tempo atrás ficavam circunscritas a seus territórios, hoje

são reconhecidas e divulgadas em todo o mundo”.

As intervenções urbanísticas são mais abrangentes que os

equipamentos urbanos, modificando a realidade da cidade de forma

contundente, pois são encontradas onde há mudança da utilização do

espaço existente e/ou controle de problemas que o mesmo sofria. São

notadas pela população, divulgadas nos meios de comunicação e

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reconhecidas pelos turistas. Constituem fortes elementos na composição da

imagem que moradores e visitantes fazem da cidade.

A imagem é importante para a consideração de um elemento

uma intervenção urbanística podendo até mesmo, criar a conceituação de

cidade-espetáculo. Estas são a espetacularização das intervenções urbanas.

“Remete aos elos e as práticas contemporâneas de modernização

urbanística, os interesses políticos em cena e a relação dos governos com a

mídia” (RIBEIRO apud SÁNCHEZ, 2003, p. 488).

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Considera-se para o desenvolvimento desta pesquisa o

método para investigação científica em turismo que é o “conjunto de

métodos empíricos experimentais, seus procedimentos, técnicas e táticas

para ter um conhecimento científico, técnico ou prático de fatos turísticos”

(OMT2 apud DENCKER, 1998, p. 24).

A pesquisa é classificada como exploratória, pois tem como

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a

torná-lo mais explícito (GIL, 1991). É uma pesquisa que possui planejamento

flexível, de modo que possibilite a consideração de variados aspectos

relativos à relação do estudo de demanda turística de Curitiba com as

intervenções urbanísticas realizadas na mesma e sua apropriação pelo

turismo.

O delineamento da pesquisa se dá por meio de estudo de

caso. Para Gil (1991, p. 58) este “é caracterizado pelo estudo profundo e

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo

e detalhado conhecimento”.

SANTOS (2004, p. 30) ressalta que “estudar um caso é

selecionar um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe

os aspectos característicos”. Por envolver fatos, fenômenos ou processos

normalmente isolados, o estudo de caso requer do pesquisador equilíbrio

intelectual e capacidade de observação, além de parcimônia quanto à

generalização de resultados.

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Segundo Dencker (1998) configura-se um estudo descritivo de

caso que vem a responder às perguntas “como?” e “por que?” e outras

variáveis qualitativas. A autora apresenta que se refere a estudos

medianamente profundos de situações consideradas típicas, servindo para

análise do relacionamento das variáveis que contribuem para a ocorrência

de um determinado fenômeno.

3.1. Procedimentos

A pesquisa que se destaca neste estudo é a documental, que

segundo Gil (1991) vale-se de materiais que não receberam ainda um

tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com

os objetos da pesquisa. No caso, estes materiais são os estudos de demanda

turística de Curitiba realizados em sua maioria pela Paraná Turismo e outros

órgãos competentes pelos levantamentos estatísticos do turismo conforme

.as administrações públicas em vigência (Paranatur e Secretaria de Esporte e

Turismo).

São analisadas as pesquisas de demanda turística de Curitiba

de 1987 a 2003. Ressalta-se que demanda turística é “ a quantidade de bens

e serviços que um consumidor/turista está apto e disposto a adquirir por

determinado preço, em determinada qualidade, por determinado período

de tempo e determinado local” (LEMOS, 2002, p.55). Os estudos de

demanda devem levar a respostas destas questões.

2 Organização Mundial do Turismo.

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O ano de 1987 é o marco para a realização destas pesquisas,

mas os dados possuem restrições de interpretação, pois, as avaliações foram

aplicadas apenas no mês de julho, assim como no ano de 1988. Ressalta-se

que por motivos políticos nos anos de 1989, 1990, 1998, 1999 e 2004 a

pesquisa não foi realizada; em 2002 existe apenas uma estimativa; e a

pesquisa de 2005 não foi publicada oficialmente até o final desta

investigação.

Estes estudos apresentam mudanças na sua estrutura ao longo

dos anos, sendo que as informações mais relevantes para a concretização

dos objetivos encontram-se nas pesquisas de 2001 e 2003. Os estudos de

demanda utilizam-se de metodologicamente de coleta de dados por meio

de entrevistas com preenchimento de formulários, previamente elaborados,

aos turistas e excursionistas abordados nas saídas da cidade, como:

Aeroporto Internacional Afonso Pena, Estação Rodoferroviária, BR-277 (saída

para o Norte do Paraná), BR-116 (saída para São Paulo) e BR-376 (saída para

Santa Catarina); com turistas que permanecem na cidade por menos de 24

horas e sem pernoitar - ambos exercem atividade remunerada na cidade,

além dos residentes de Curitiba e Região Metropolitana (PARANÁ TURISMO,

2003).

A Paraná Turismo (2003) defende que os números de

questionários aplicados nos últimos anos demonstram a realidade e

cientificidade do estudo.

No estudo de demanda turística de 2001, foram entrevistadas

4.158 pessoas e em 2003 foram entrevistadas 7.696 pessoas sendo: 2.304

turistas, 2.798 excursionistas e 2.594 residentes.

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A pesquisa bibliográfica também apóia este trabalho, foi

realizada a partir de material já publicado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos (LAKATOS; MARCONI, 1992). O objetivo de utilizar

este processo é cobrir uma gama de fenômenos muito mais ampla do que

aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna

particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados

muito dispersos pelo espaço. (GIL, 1994).

No caso da avaliação do processo de urbanização e sua

ligação com o turismo, justifica-se este método, pois seria inviável realizar

pesquisa direta de demanda, tanto qualitativa quanto quantitativa, no

período disponível. Também, na descrição da história de Curitiba e de seu

planejamento urbano a pesquisa bibliográfica torna-se indispensável, pois

não é objetivo da presente dissertação desenvolver estudos inerentes aos

aspectos históricos de conformação urbana, senão utilizá-los como meio de

se contextualizar os períodos considerados, cujos conhecimentos já se

encontram adequadamente em dados secundários.

Destaca-se a necessidade de analisar as informações a fim de

encontrar possíveis incoerências ou contradições e repará-las na medida do

possível (GIL, 1991).

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3.2. Fases da Pesquisa

A pesquisa foi divida em 4 fases:

Fase 1:

A pesquisa se inicia com a exploração de fontes

bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, bases

virtuais etc. Esta fase visa o aprofundamento do tema consistindo no

levantamento de conceitos, teorias e discussões dos assuntos relevantes:

gestão urbana, políticas públicas, atividade turística, turismo urbano, políticas

públicas para o turismo, planejamento urbano e planejamento turístico.

A junção dos conhecimentos adquiridos na pesquisa

bibliográfica possibilitou a redação da fundamentação da dissertação,

O planejamento urbano na cidade de Curitiba, histórico e

definição de intervenções urbanísticas também são construídos nesta e

complementados na fase posterior.

Fase 2:

Esta fase caracteriza-se pela consulta a diversos órgãos de

interesse e seus especialistas: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba - IPPUC, Secretaria Municipal de Comunicação Social de Curitiba,

Casa da Memória de Curitiba, , Secretaria de Turismo do Estado do Paraná,

Instituto Municipal de Turismo - Curitiba, Infraero, Urbanização de Curitiba

S.A.- URBS, Curitiba Convention and Visitors Bureau, Sindicato de Hotéis,

Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba, dentre outros.

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Estas abordagens técnicas possibilitam o aprofundamento no

universo da pesquisa com o apoio de dados publicados pelos órgãos.

Fase 3

Esta fase vale-se da pesquisa documental com os estudos de

demanda turística do município de Curitiba já citados. Entende-se que estes

estudos apresentam dados sobre o turismo e poucos são tratados como

informações.

Pretende-se como observado no Quadro 2 que a avaliação

dos dados sejam transformadas em informações que podem vir a gerar

conhecimento que auxilie a gestão do turismo em Curitiba.

QUADRO 2 – Dados, informação e conhecimento

Dados Informação Conhecimento Simples observações sobre o estado do mundo

Dados dotados de relevância e propósito.

Informação valiosa da mente humana Inclui reflexão, síntese, contexto.

Facilmente estruturado. Facilmente obtido por máquinas. Freqüentemente quantificado. Facilmente transferível.

Requer unidade de análise Exige consenso em relação ao significado. Exige necessariamente a mediação humana.

De difícil estruturação. De difícil captura em máquinas. Freqüentemente tácito. De difícil transferência.

FONTE: Davenport, Prusak , 1998, p.18.

Os dados utilizados serão os que demonstram o perfil e opiniões

da demanda turística de Curitiba são nesta fase relacionados com as

intervenções urbanísticas da cidade.

Fase 4

A última fase visa chegar a conclusões que estabeleçam

ligações com as fases anteriores aos objetivos gerais e específicos

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demonstrando a comprovação dos mesmos. Nesta fase são feitas as análises

que contemplam a proposta inicial da pesquisa.

A atividade intelectual que caracteriza a pesquisa científica visa à

construção do conhecimento. Tal construção pode significar descoberta ou

avanço para a ciência da Humanidade ou do aprendiz, na medida em que

se apropria, individualiza, torna seu conhecimento desenvolvido e o

disponibiliza pelas diversas ciências (SANTOS, 2004). O método científico

apóia essa construção, e por este motivo foi descrito neste item.

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4 PLANEJAMENTO URBANO EM CURITIBA

O planejamento urbano de Curitiba teve sua evolução

contemplando a promoção social, a habitação, o trabalho, o transporte, a

circulação e o meio ambiente. O crescimento da cidade e a expansão

urbana foram os principais objetivos dos administradores da cidade desde

seu início. Isso é percebido a partir da observação do histórico

contextualizado da cidade, a seguir apresentado, em que se procura

relacionar os principais fatos ligados à gestão e ao planejamento da

cidade. .

4.1 Histórico

Para a elaboração deste item, foram investigados vários

documentos e materiais da Casa da Memória, do Instituto de Pesquisa e

Planejamento Urbano de Curitiba, e outros setores da Prefeitura Municipal de

Curitiba e de algumas obras e autores citados no decorrer do texto.

Em 1668, Gabriel de Lara, o capitão-povoador, erigiu o

pelourinho – símbolo do poder e da justiça – na povoação de Nossa Senhora

da Luz dos Pinhais, assistido por um grupo de dezessete povoadores,

iniciando-se, a partir desta data, de forma ininterrupta a história oficial de

Curitiba. Todavia, Gabriel de Lara não é considerado o fundador de Curitiba,

sendo que alguns historiadores atribuem o fato a Eleodoro Ébano Pereira.

No final do século XVII, a povoação de Nossa Senhora da Luz

e Bom Jesus dos Pinhais contava com uma população de 90 homens, que

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construíram suas casas ao redor da capelinha existente no centro da atual

Praça Tiradentes.

O crescente aumento da população exigia o

estabelecimento de regras que normalizassem a vida em sociedade. Para

resolver a situação, foi criada a Justiça e a Câmara que em 29 de março de

1693 deu o predicado de Vila à localidade. Em 1721, com 1.400 habitantes,

Curitiba recebeu a visita do Ouvidor Raphael Pires Pardinho, que definiu as

primeiras posturas e as novas formas de convivência para a cidade,

delimitando áreas para o corte de árvores, exigindo que nas novas

propriedades fossem construídas casas cobertas com telhas e proibindo a

construção de casas sem autorização da Câmara. Também determinando

que os moradores limpassem o Rio Belém, para evitar o banhado que se

formava em frente à Igreja Matriz. Além disso, a vila deveria comportar

apenas atividades comerciais, artesanais e religiosas (MENEZES, 1996).

Com o desenvolvimento econômico propiciado

principalmente a partir do gado e da erva-mate, Curitiba passou à sede de

comarca pelo Alvará Imperial, em 19 de dezembro de 1812, e foi elevada à

categoria de cidade pela Lei Provincial nº 05, em 5 de fevereiro de 1842.

Pela Lei Imperial nº 704, de 29 de agosto de 1853, Curitiba foi elevada à

categoria de capital da recém criada Província do Paraná, com 5.819

habitantes.

A partir do movimento imigratório desencadeado no Paraná

em 1829, a cidade de Curitiba passou, no final do século, pelo primeiro surto

de desenvolvimento. Além dos alemães, re-imigrados do estado de Santa

Catarina, outros grupos de imigrantes de várias nacionalidades se

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estabeleceram em colônias ao redor de Curitiba a partir da metade do

século XIX. Esse crescimento populacional acelerado resultava em

problemas de instalação, abastecimento, escassez de água, falta de

saneamento e iluminação, dentre outros.

No ano de 1853, a cidade possuía 27 quadras, 5.819

habitantes, 308 casas e mais de 50 em construção. Nesta época, o

engenheiro francês Pierre Taulois já atuava na província como inspetor geral

de medição de terras públicas e coube a ele a tarefa de estabelecer um

novo traçado para a cidade. Apresentado em 1855, o chamado ‘Plano

Taulois’ transformava Curitiba em uma cidade de linhas retas com

cruzamentos em ângulos retos e bem definidos. (MENEZES, 1996)

Ao fazer recomendações quanto ao traçado e alinhamento das ruas existentes na Vila, sugeria a administração pública que, quando autorizasse futuras construções respeitasse o plano de prolongamento das ruas.(SANTORO, 2002, p.17)

A década de 1880 foi marcada por grandes transformações

no cenário urbano, com a instalação da estrada de ferro do Passeio Público,

inaugurado em 1886 e representando a primeira grande área de lazer da

cidade, e ainda do Teatro São Teodoro da Santa Casa de Misericórdia e da

primeira linha de bondes.

A imigração fez a população de Curitiba triplicar em menos

de vinte anos. Entre 1890 e 1896, 28 mil imigrantes vieram para a cidade e

entre 1907 e 1914, chegaram 27 mil.

O rápido crescimento da população neste período fez surgir,

na cidade, problemas como a falta de segurança pública, de escolas e de

iluminação; além de precariedades das vias de acesso entre as colônias e o

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núcleo urbano. A partir deste quadro, em 1895, foi instituído novo instrumento

para a manutenção da ordem na cidade: o Código de Posturas de Curitiba,

que hoje corresponde à Lei Orgânica do Município. O código previa

padrões de higiene e aperfeiçoava a estrutura da cidade. Para Santoro

(2002, p.17), “a importância desse Código reside justamente no fato de pela

primeira vez ficar visível o legislar da Câmara, sob o amparo do saber

especializado como de médicos e engenheiros”.

Em 1903, inicia-se o processo de hierarquização de usos de

solo na cidade. São determinados os padrões construtivos e as áreas de

especialização de atividades urbanas. Na Rua da Liberdade, atual Barão do

Rio Branco e Praça Tiradentes, não era permitido construir casas de madeira.

Além disso, a Lei definia áreas específicas de atividades urbanas. A Rua da

Liberdade era destinada para órgãos governamentais; as regiões do Alto da

Glória e do Batel eram para residências da aristocracia e as regiões do

Portão e Rebouças definidas como áreas industriais com as moradias de

operários.

Nos primeiros dez anos a partir de 1900, os serviços de água,

esgoto, limpeza e iluminação foram ampliados; ruas eram abertas e

arborizadas. (Prefeitura Municipal de Curitiba, 1997).

A cidade acompanhava a implantação da primeira

universidade brasileira a Universidade Federal do Paraná - UFPR, inaugurada

em 18 de dezembro de 1912, transformando Curitiba em importante pólo

regional de educação e cultura.

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Em 1919, o Código de Posturas foi reformulado sendo

propostas diretrizes de regulamentação de hotéis e pensões na cidade, além

do tráfego de veículos.

Na década de 1930, com forte tendência européia de

hierarquizar os planos urbanísticos, as funções foram reavaliadas e a cidade

foi dividida em três zonas: Zona I destinada ao comércio e moradias de alto

padrão, Zona II destinada às fabricas e moradias dos operários qualificados;

e Zona III voltada às moradias de operários menos qualificados e pequenos

sitiantes.

Mesmo tendo passado por alterações legislativas e práticas

neste período, a cidade não atingiu um nível de plano bem estruturado. A

necessidade dessa estruturação tornava-se cada dia mais importante, “[....]

um ambiente que deveria espelhar os novos valores sociais propostos pela

classe dirigente: a Curitiba acanhada de outrora precisava dar lugar a uma

nova cidade.” (TRINDADE, 1997).

Apesar das intervenções feitas a partir do Plano Taulois terem

características de um plano urbanístico, não foi considerado como tal, já

que não seguiu os critérios científicos do urbanismo que só se afirmou como

disciplina cientifica no final do século XIX. (MENEZES, 1996)

Até a década de 1940, Curitiba era uma pequena cidade

provinciana. Contudo, a partir da ocupação do Norte do Paraná, novos

investimentos foram realizados e a cidade iniciou um processo de

reestruturação urbana.

Mesmo considerando a importância das reformas empreendidas pelas administrações municipais curitibanas no inicio do século XX, é mais correto pensar que a cidade só veio conhecer efetivamente o urbanismo na década de quarenta (TRINDADE, 1997, p.45)

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Curitiba entrou na década de 1940 com aproximadamente

127 mil habitantes. Com a ocupação do Norte do Paraná, o crescimento da

economia baseada na produção do café levou acabou trazendo

investimentos também para Curitiba e a cidade iniciou um novo processo de

transformação na sua estrutura urbana.

Com o intuito de disciplinar a ocupação do solo, a Prefeitura

Municipal de Curitiba começou a implantar um plano urbanístico que

recebe o nome de Plano Agache. Assim, é marcado o início do

planejamento urbano estruturado de Curitiba.

Com início em 1943, a elaboração do plano urbanístico pelo

francês Donat Alfred Agache, da empresa Coimbra Bueno & Cia Ltda, teve

uma grande contribuição para o urbanismo em nível nacional, já que faziam

parte de sua metodologia os aspectos geográficos e históricos e os

indicadores socioeconômicos da cidade. (TRINDADE, 1997)

Este Plano Diretor de Urbanização de Curitiba estabeleceu

diretrizes e normas técnicas para ordenar o crescimento físico, urbano e

espacial da cidade, disciplinando o tráfego e organizando as funções

urbanas, além de coordenar e zonear as atividade e de codificar as

edificações, estimulando e orientando desta maneira o desenvolvimento.

A organicidade de Curitiba dar-se-ia por intermédio do perfeito funcionamento de seus centros, ou “órgãos funcionais”, os quais, interagindo harmoniosamente, constituíram um conjunto sob a regência de sua função maior - a sede do governo estadual. Cada uma das sub-funções atribuídas à cidade contaria com um núcleo central, e suas atividades constituíram a vida da cidade. (Trindade, 1997, p.56)

Com uma concepção de cidade baseada em divisão de

zonas especializadas, além dos locais de residências foi prevista a

implantação de vários centros funcionais setorizados: Militar (onde hoje se

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localizam a base aérea do Bacacheri e outras instalações militares), Esportivo

(Tarumã), de Abastecimento (Mercado Municipal), de Educação (Centro

Politécnico da UFPR), Industrial (Rebouças), Administrativo (atual Centro

Cívico) e alguns centros de lazer (parque da cidade, São Lourenço e outros

junto ao Rio Barigui). Ainda hoje, alguns desses espaços desempenham suas

funções na cidade.

O Plano das Avenidas no âmbito das diretrizes fundamentais

do Plano Diretor, estabeleceu a interligação entre os diversos centros

funcionais da cidade. As vias e principais itinerários conduziam do centro à

periferia, e vice-versa, e as ligações entre bairros eram feitas através do

centro. No entanto, ele não foi completamente implantado, principalmente

porque o poder público não dispunha de recursos financeiros suficientes. A

falta de implementação das obras urbanas previstas fez com que a cidade

extrapolasse os limites definidos pelo plano, tornando-o definitivamente

inviável.

Em 1953, ainda em decorrência do Plano Agache, é

aprovada a primeira Lei de Zoneamento de Curitiba, Lei Municipal nª 699,

tendo como objetivo estabelecer o zoneamento da cidade, citado no

Código de Posturas e Obras, dividindo a cidade em zonas: Zona Comercial

(Principal e Secundária - ZC-1 e ZC-2), Zona Industrial (ZI), Zona Residencial

(Principal ZR-1, com duas subzonas) e Zona Agrícola (ZA).

Com esta reestruturação, surgiu o Departamento Municipal de

Planejamento e Urbanismo, cuja finalidade consistia em exercer o controle

urbanístico da cidade, além de rever o Plano Agache, implantando suas

diretrizes mais viáveis e ampliando-as, quando necessário.

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61

Nesta época, o transporte coletivo foi normatizado, com as

zonas seletivas, ou seja, itinerários ou zonas da cidade onde uma

determinada empresa tem a exclusividade na exploração do transporte

coletivo.

Em 1955, a cidade ganha seu primeiro Plano de Transportes,

sendo dividida em oito áreas e cada uma delas administrada por uma

empresa concessionária. Este modelo vigorou até 1974, quando foi

implementado um novo modelo que deu início à Rede Integrada de

Transporte, sistema que vigora até os dias atuais com pequenas

modificações.

No final dos anos 50, volta a reflexão sobre o controle da

organização espacial da cidade. Foi criada a Comissão de Planejamento de

Curitiba - COPLAC, órgão consultivo do prefeito, formado por um colegiado

de caráter interdisciplinar. “Na verdade, procurava-se incorporar nesse

processo a longa tradição de controle urbanístico presente na cidade desde

a virada do século” (MENEZES, 1996, p.69).

No inicio da década de 1960, já bastante defasado, o Plano

Agache precisava ser adaptado à nova realidade., pois era muito antigo, e

havia necessidade imperiosa de reciclagem ou de novo planejamento para

poder se manter o controle de crescimento da cidade.

A Lei Municipal nº 1908 de 1960, aprova o Plano Piloto de

Zoneamento de Uso, instituindo unidades de vizinhança, sendo 47 urbanas e

5 rurais. Cada uma destas unidades deveria ser equipada com sistema viário

estruturado, escola básica, área verde para recreação pública e legislação

para regular o uso e a ocupação do solo. Este mesmo plano estabelece

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62

uma nova divisão do município em zonas residenciais, comerciais e

industriais.

Em 1963 é criada a Companhia de Urbanização de Curitiba-

URBS, hoje Urbanização de Curitiba S.A que iniciou se comprometendo com

a urbanização e saneamento e hoje atua no planejamento, gerenciamento,

operação e fiscalização dos serviços de transporte e trânsito e na

administração e comercialização do uso de equipamentos urbanos e

espaços públicos (URBS, 2006).

O Plano Agache foi importante à Curitiba pois trouxe a

possibilidade de inicio da discussão sobre a cidade, fato esse imprescindível

para a criação de um grupo de discussões formado por profissionais

dispostos e preocupados com o desenvolvimento do município.

O auge desse grupo de discussão é expresso, em 1963 na

criação da Assessoria de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba-

APPUC, que, em 1965, é transformada em Instituto de Pesquisa e

Planejamento Urbano de Curitiba–IPPUC, com um corpo técnico próprio e

permanente trabalhando no município que netsa época contava com com

430 mil habitantes (PMC, 1997).

Antes da criação do IPPUC, em 1964 a empresa paulista

Serete apresenta ao então prefeito, Ivo Arzua, um novo plano urbanístico, o

Plano Serete, que foi discutido democraticamente por diversos profissionais

possibilitando a elaboração do Plano Diretor de Curitiba.

A cidade, com aproximadamente 609 mil habitantes em 1971,

apoiava sua economia no comércio e na prestação de serviços. É na

década de 1970, que Curitiba inicia um processo de mudança de perfil. O

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63

primeiro grande marco dessa época de mudanças foi a criação do Teatro

Paiol – antigo depósito de pólvora, dando início a um desenvolvimento

cultural até então pouco familiar à cidade. Definiu-se, também no ano de

1971, o Setor Histórico, passo fundamental para a preservação do patrimônio

edificado, que hoje é visitado por turistas e visitantes.

Em maio de 1972, a Prefeitura Municipal de Curitiba

transformou a Rua XV de Novembro – a mais central e movimentada da

época – no primeiro calçadão do país, ou seja, uma rua exclusiva para

pedestres. Para viabilizar as transformações culturais e artísticas, além de

promover a defesa do patrimônio histórico e artístico, foi criada, em janeiro

de 1973, a Fundação Cultural de Curitiba.

Ainda neste mesmo ano, as áreas descampadas a oeste da

cidade deram lugar aos primeiros barracões de empresas nacionais e

estrangeiras, nascendo a Cidade Industrial de Curitiba - CIC, considerado

um empreendimento ousado para a época por se localizar fora do eixo Rio-

São Paulo.

O novo desenho urbano é datado de 1974, quando os ônibus

expressos3 inauguram uma nova fase do sistema de transporte coletivo,

rodando em vias exclusivas.

Ainda nesta década, são criados os parques e bosques4

como: Barreirinha, Barigüi, São Lourenço Parque do Iguaçu e Bosque João

3 Ônibus que realizam percursos rápidos e paradas em estações tubo; viajam em pistas exclusivas ao longo de eixos estruturais com capacidade para 170 passageiros (PMC, 2007) 4 De acordo com a Lei Municipal nº9804 de 3 de janeiro de 2000 que institui o sistema de unidades de conservação de Curitiba, parques e bosques podem ser assim classificados:

a) Parques de conservação: são áreas de propriedade do Município destinadas à proteção dos recursos naturais existentes, que possuam uma área mínima de 10ha (dez hectares) e que se destinem à manutenção da qualidade de vida e proteção do interesse comum de todos os habitantes;

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Paulo II, correspondendo a uma área de 10 milhões de metros quadrados de

área verde.

Na década de 1980, segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, a capital possuía 1.024.975 habitantes; renovou

sua estrutura construindo novos espaços e revitalizando outros. São desta

época, o Museu de Arte Sacra, a Casa da Memória, os cinemas Groff, Ritz e

Luz, a Casa Culpi, o Bosque do Capão da Imbuia com o Museu de História

Natural, o Bosque Gutierrez, o Parque General Iberê de Mattos e o Bosque

Reinhard Maack.

Em 1989, foi criado o programa de coleta de lixo reciclável –

“Lixo que não é Lixo”, estimulando a população a separar o lixo orgânico do

reciclável. Nos anos 90, a pavimentação se estendeu a quase todos os

bairros e a população pôde usufruir do sistema de transporte coletivo, que

era integrado com os ônibus Ligeirinho5 e bi-articulado6.

Nesta década, as questões ambientais passam a ter maior

importância no cotidiano dos curitibanos. O planejamento urbano também

foi direcionado para as questões ambientais. Neste contexto, tem-se a

b) Parques lineares: são áreas de propriedade pública ou privada, ao longo dos corpos d’água, em toda a

sua extensão ou não, que visam garantir a qualidade ambiental dos fundos de vale, podendo conter outras Unidades de Conservação dentro de sua área de abrangência;

c) Parques de lazer: são áreas de propriedade do Município, que possuam uma área mínima de 10ha (dez hectares) e que se destinem ao lazer da população, comportando equipamentos para a recreação, e com características naturais de interesse à proteção;

d) Bosques nativos relevantes: são os bosques de mata nativa representativos da flora do Município de Curitiba, em áreas de propriedade particular, que visem a preservação de águas existentes, do habitat da fauna, da estabilidade dos solos, da proteção paisagística e manutenção da distribuição equilibrada dos maciços vegetais, onde o Município impõe restrições à ocupação do solo;

e) Bosques de conservação: são áreas de propriedade do Município, destinadas à proteção dos recursos naturais existentes, que possuam área menor que 10ha (dez hectares), e que se destinem à manutenção da qualidade de vida e proteção do interesse comum de todos os habitantes;

f) Bosques de lazer: são áreas de propriedade do Município com área inferior a 10(dez hectares), destinadas à proteção de recursos naturais com predominância de uso público ou lazer.

5 Linha Direta – percorre longas distâncias com poucas paradas em estações tubo e terminais de integração PMC, 1997).

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criação do Jardim Botânico Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, hoje um

dos pontos turísticos mais famosos e visitados da cidade e também a

Universidade Livre do Meio Ambiente – Unilivre. Inicialmente vinculada a

Secretaria Municipal do Meio Ambiente, hoje é uma ONG de âmbito

nacional e internacional, voltada à divulgação de pesquisas e ao

desenvolvimento de questões relativas ao meio ambiente, organizando

também cursos para a população e técnicos da administração pública

municipal.

Além desses, foram criados nesta época, o Parque das

Pedreiras, o Parque do Passaúna, o Bosque do Pilarzinho, o Parque dos

Tropeiros, o Parque Diadema, o Parque Caiuá, o Parque Tingui, o Bosque de

Portugal, o Bosque da Fazendinha, o Bosque do Alemão, o Bosque Italiano, o

Bosque do Trabalhador e Parque Tanguá.

O processo de descentralização da administração municipal

teve prosseguimento, em 1995, com a inauguração da Rua da Cidadania

do Boqueirão. Esta foi a primeira de oito implantadas na cidade, com o

objetivo de ser uma espécie de filial da prefeitura nos bairros. Foram

implantadas próximas aos terminais de transporte, visando a facilidade de

acesso da população.

É possível perceber a forma como a cidade de Curitiba vem

se destacando ao longo dos anos por seu planejamento urbano que

proporciona à população qualidade de vida que a tornou referência em

todo o mundo.

6 Ligam os terminais de integração ao centro da cidade através de canaletas exclusivas (PMC, 1997).

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A imagem da cidade se fortaleceu pelo planejamento urbano

que vem enfatizando questões sociais e ambientais.

Com isto a cidade foi adquirindo vários slogans como: capital

ecológica, cidade modelo, cidade com qualidade de vida, cidade de

primeiro mundo e ainda, capital social. Estes slogans marcaram fortemente

a cidade. As pesquisas de demanda turística, realizadas na cidade de

Curitiba nos anos de 2001 e 2003, representadas no Gráfico 1 comprovam de

forma significativa às imagens atribuídas à cidade, sendo a mais citada a de

cidade com qualidade de vida.

Soc

qu

inv

Gráfico 1 - Definição da cidade pelos turistas nos anos de 2001 e 2003

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Cidade Ecológica Cidade com qualidadede Vida

Cidade Cultural Cidade Turística Outras

20012003

Fonte: Paraná Turismo, 2002, 2004.

Em nível nacional, a Secretaria Municipal de Comunicação

ial (2005) listou 10 das principais veiculações relacionadas a questões de

alidade de vida, índice de desenvolvimento humano e índice para novos

estimentos e negócios. Comportam, geralmente, análises ou resultados de

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pesquisas realizadas por renomadas entidades e publicadas nos principais

meios de comunicação brasileiros. Dentre as entidades destacam-se: Banco

Mundial, Organização das Nações Unidas - ONU, Revista América Economia

– Dow Jones e Moody´s Investores Service – a mais conceituada agência de

classificação financeira do mundo. Quanto aos veículos de comunicação

tem-se: Folha de São Paulo, Revista Exame, O Estado de São Paulo, Jornal

Estado do Paraná, Gazeta Mercantil e Gazeta do Povo.

Quanto à veiculação internacional, segundo materiais

arquivados da Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de

Curitiba, desde 1974 até o ano de 2000, foram registradas pelo menos 140

reportagens, publicadas em toda a América Latina, América do Norte,

Europa e, até mesmo, na Ásia e em alguns países do Oriente Médio, que se

referem ao planejamento urbano, ao sistema de transporte coletivo, às

questões ambientais e à educação em Curitiba.

Estas veiculações apresentaram a cidade para o mundo,

despertando o interesse de vários investidores e turistas a conhecerem a

cidade. Curitiba também foi escolhida em 1992 para sediar o Fórum Mundial

das Cidades, encontro preparatório para a segunda Conferência Mundial

do Meio Ambiente – ECO 92, realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Outros

eventos de grande representatividade foram: Dia Mundial do Habitat, em

1995; o Fórum Mundial Sustentável da América Latina e Caribe, em 2002; o

Primeiro Fórum Regional da Sociedade de Informação de Cidades e

Governos Locais da América, em 2003, e a COP 8 – Conferência das Partes

da Convenção sobre Diversidade Biológica e MOP 3- Reunião das Partes do

Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, em 2006.

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No setor industrial, a cidade recebeu, nos últimos 30 anos, a

instalação de grupos como a Renault, Audi-Volkswagen e Detroit Motors,

que se fixaram na região metropolitana de Curitiba. Em 2005, segundo a

Curitiba S.A. – Companhia de Desenvolvimento de Curitiba - são 11.764

indústrias instaladas.

Esses e outros dados apresentados neste item identificam a

forma de expansão da cidade de Curitiba desde a sua fundação (a

complementação dos fatos pode ser observado em quadro no anexo A),

em que é notória a preocupação com o desenvolvimento urbano, aliado ao

econômico e social e em associação com à preocupação com o meio

ambiente.

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5. O TURISMO NA CIDADE DE CURITIBA

Os impactos positivos do turismo influenciam diretamente os

setores de hospedagem, alimentação, transporte, entretenimento,

divulgação, setor público, etc., gerando divisas, criando empregos e

transformando localidades economicamente inexpressivas em grandes

economias. Pretende-se apresentar os impactos conhecidos gerados pelo

turismo no município em questão.

Em 1959, o aeroporto de acesso à Curitiba localizado no

município de São José dos Pinhais tornou-se o quarto em número de vôos no

país e em 1974, a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária - Infraero

assumiu a sua administração. Em 1996, a área passou por uma

reestruturação, sendo inaugurado um novo terminal: Aeroporto Internacional

Afonso Pena. Este empreendimento freqüentemente recebe investimentos e

melhorias em sua infra-estrutura, pois apresenta número crescente de

passageiros anualmente.

Pela análise do Gráfico 2, é possível perceber que, a partir da

década de 1990, um maior fluxo de passageiros ocorre no aeroporto. Vale

ressaltar que os passageiros desembarcados são moradores da cidade,

turistas e visitantes, portanto os números apresentados não correspondem

apenas aos turistas, pois a Infraero - Empresa Brasileira de Infra-estrutura

Aeroportuária - não faz esta distinção nos seus dados estatísticos divulgados.

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0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Gráfico 2 - Passageiros Desembarcados no Aeroporto Internacional Afonso Pena - 1979 a 2004 Fonte: Infraero, 2005.

No ano de 1986, cerca de 480 mil passageiros

desembarcaram neste aeroporto: em 1996, cerca de 683 mil, com aumento

de mais de 200 mil passageiros em 10 anos. Porém, de 1996 até o ano de

2004, ou seja, em menos de 10 anos, este número sofreu um acréscimo de

100%, registrando 1.296.970 passageiros movimentando o Aeroporto

Internacional Afonso Pena.

Ainda como forma de acesso à cidade de Curitiba, em 1972

foi inaugurada a Estação Rodoferroviária de Curitiba, sendo o primeiro

terminal de transporte integrado do país. Centraliza, até hoje, os sistemas

rodoviário e ferroviário estadual e interestadual. A rodoferroviária oferece

aos passageiros uma infra-estrutura com sanitários, lanchonetes e

restaurantes e postos de informações turísticas, dentre outros serviços.

A movimentação de passageiros é significativa (Gráfico 3).

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Segundo informações do Departamento de Estatística da empresa que

administra a Rodoferroviária – Urbanização de Curitiba S.A. – URBS (2005), no

ano de sua inauguração, 459.627 passageiros desembarcaram neste

terminal e no ano seguinte o número passou a 2.774.115 passageiros, já em

2005, este número foi de 3.595.783 passageiros representando quase 30% a

mais.

GF

p

p

a

2

j

q

ráfico 3 - Movimento de Passageiros na Rodoviária de Curitiba - 1979 a 2005

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

onte: URBS, 2005

Pela análise do gráfico 3, observa-se que a movimentação de

assageiros rodoviários que desembarcaram em Curitiba, teve uma

rogressão até o ano de 1999, aonde os números de passageiros chegavam

ultrapassar os 4 milhões de desembarques. Do ano de 2001 até o ano de

005, percebe-se uma queda na movimentação. Essa queda pode ser

ustificada com a entrada de companhias aéreas no mercado doméstico,

ue, com uma política de preços mais acessíveis e menor sofisticação em

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seus serviços, possibilitaram que um número maior de pessoas obtivesse

acesso a este tipo de transporte.

Estas empresas vêm ganhando cada vez mais espaço no

mercado, o que também justifica o aumento no número de passageiros no

aeroporto, favorecendo o desenvolvimento do setor turístico em todo o país.

A inauguração da CIC, em 1973, foi um dos fatores que

contribuíram para esta movimentação na cidade além de novos

investimentos incrementando a infra-estrutura receptiva de visitantes que

desembarcavam para efetivar negócios, dando assim, origem ao turismo de

negócios em Curitiba.

Para o setor turístico o turismo de negócios é um segmento

que proporciona grandes aproveitamentos para o desenvolvimento da

atividade, pois em sua maioria apresenta um turista com elevado grau de

escolaridade e maior poder aquisitivo.

Com esta vocação para o turismo de negócios, agentes de

viagens e operadoras de turismo passaram a investir mais neste segmento, já

que havia poucas opções para o turismo de lazer, o que caracterizava a

cidade como “dormitório”.

No ano de 1986, segundo Paraná Turismo (2003), a cidade era

a terceira do país em recepção de turistas, contudo o tempo de

permanência não ultrapassava uma noite. Em 1987, é inaugurado o Centro

de Convenções de Curitiba, equipado para a realização de eventos, com

mais de oito mil metros quadrados, permitindo o acontecimento de feiras,

congressos, exposições e shows, dentre outros tipos de eventos. A partir de

sua inauguração, a cidade passa a ter maior estrutura para desenvolver o

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turismo de eventos.

Este segmento é gerador de benefícios para a cidade, como

prospecção da sua imagem e geração de emprego e renda, além de

benefícios para os moradores e para os setores público e privado. Soma-se a

isto o fato de que os participantes de um evento fazem parte de um público

qualificado, permanecendo por mais dias, utilizando outros serviços e

equipamentos turísticos e, normalmente possuem a intenção de retornar.

Durante a década de 1990, o segmento turístico se fortaleceu.

Em 1991, é inaugurado o Jardim Botânico; em 1992, a Ópera de Arame; em

1994, o Parque Tingüi; e em 1996, o Bosque Alemão e o Parque Tanguá.

Todos estes atrativos foram construídos com o intuito de suprir as

necessidades do meio urbano e de seus cidadãos.

Em 1990, uma nova pesquisa de demanda turística passa a ser

aplicada, estabelecendo o motivo de viagem e os meios de hospedagem

utilizados pelos viajantes. Como principais motivos, estavam as visitas a

familiares e amigos, festividades sociais e tratamentos de saúde, enquanto

que poucos eram os interesses por atrativos histórico-culturais. O meio de

hospedagem eram as casas de amigos e parentes, portanto a minoria

ficava em hotéis.

Com o intuito de motivar o fluxo turístico, foi criada, em 1990,

uma linha especial de transporte coletivo denominada Pró-Parque, pelo

então prefeito Jaime Lerner. A linha funcionava aos domingos e feriados,

percorrendo parques e a região central da cidade, com o objetivo de

facilitar o acesso aos atrativos e equipamentos de lazer existentes na cidade

tanto para a comunidade como para os turistas.

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Conforme os dados das pesquisas de demanda turística de

Curitiba (Paraná Turismo, 1992), o fluxo de turistas no ano de 1992 foi de

784.57, em 1997, chegou a 1.098.990 visitantes, significando, portanto, um

aumento de 40,1% em cinco anos. Neste ano, foi criada a Linha Turismo,

unindo a Linha Pró-Parque a Linha Volta ao Mundo - que percorria marcos

histórico-culturais da cidade. A linha recebeu um aumento na freqüência

dos ônibus, a implantação de uma gravação do roteiro em três idiomas,

folhetos explicativos sobre cada atrativo e a criação de um passaporte que

possibilita o embarque e mais três reembarques, implicando em melhora

significativa na qualidade dos serviços.

A partir de 1999, a cidade obteve incentivos para sediar

eventos, recebendo novos investimentos de infra-estrutura. As redes

hoteleiras se instalaram e ampliaram também seus espaços. No ano de 2000,

é inaugurado o Curitiba Convention & Visitors Bureau, um instituto sem fins

lucrativos, mantido pela iniciativa privada, visando à promoção da cidade e

estimulando a captação de eventos.

Neste ano, o número de turistas chega a 1.053.939, ampliando

em 2002, para 1.437.056 visitantes, acréscimo de 36,3% O maior índice do

motivo da viagem passa a ser o turismo de negócios que reflete diretamente

no aumento da oferta de meios de hospedagem como o sindicato da classe

apresenta.

Segundo o SINDOTEL-PR - Sindicato dos Hotéis, Bares,

Restaurantes e Similares - (2005), em 1997 eram 68 estabelecimentos; em 2001

eram 100; e em 2002, 117 estabelecimentos, totalizando 13.050 leitos.

Atualmente, Curitiba conta com redes hoteleiras nacionais e internacionais,

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somando 150 estabelecimentos, com 19.500 leitos disponíveis, representando

acréscimo de 49,4% (ver ANEXO B - Mapa de Hotéis e Flats em Curitiba).

Em dez anos mais de 50 hotéis foram construídos em Curitiba,

assim os empresários locais foram obrigados a estruturar suas cadeias

regionais como Bourbon, Deville e Slavieiro, algumas famílias locais investiram

em flats e apartamentos extrahoteleiros.

O setor passou a ser o termômetro mais importante para a

atividade turística e de negócios da cidade. Mesmo com o aumento de

hotéis a ocupação média baixou para 40% e quem manteve número acima

deste foram às redes hoteleiras internacionais que possuem central de

reservas em outras cidades do Brasil e do mundo, também aquelas que

possuíam boas estrutura para realização de eventos e aquelas que motivam

seus empregados. (PAIXÃO, 2005).

A cidade também possui gastronomia bastante diversificada

com mais de 17 especialidades culinárias (cozinha italiana, internacional,

japonesa, churrascarias etc) 26 shoppings centers, sendo 5 de padrão

internacional.

Em 01 de janeiro de 2005, foi criada a Secretaria Municipal de

Turismo, que no ano seguinte, se transforma no Instituto Municipal de Turismo

– Curitiba Turismo. Tal estrutura trouxe maior mobilidade no desenvolvimento

de ações com a iniciativa privada, fomentando a atividade turística. É uma

iniciativa importante para o município, que vem ao encontro do anseio do

trade turístico.

Atualmente, a Secretaria Municipal de Turismo de Curitiba

administra 8 postos de informações turísticas na cidade e região

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metropolitana: Rua 24 Horas; Torre Panorâmica Brasil Telecom;

Rodoferroviária; Central de Atendimento na Rua da Glória 362; Aeroporto

Internacional Afonso Pena; Santa Felicidade; Serra Verde Express e Fundação Cultural de

Curitiba.

O Gráfico 4 apresenta o fluxo turístico da cidade no período

de 1991 a 2003, percebendo-se o aumento constante, mais relevante nos

períodos de 1991 a 1994 e de 2000 a 2003. Este crescimento pode ser

decorrente de vários fatores, tais como a construção de parques e novos

equipamentos, que se tornaram atrativos turísticos, além de centros de

eventos e a instalação de diversas empresas na cidade, as quais

favoreceram o turismo de negócios e eventos para a localidade. A Tabela 1

mostra os mesmos dados com a relação dos números de entrevistas

realizados nas pesquisas de demanda.

Gráfico 4 - Fluxo de turistas na cidade de Curitiba de 1991 a 2003

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1.800.000

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

Fonte: Paraná Turismo, 2003.

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77TABELA 1 – Fluxo de turistas e entrevistados ANO ESTIMATIVA DO FLUXO ENTREVISTADOS NAS

PESQUISAS DE DEMANDA 1991 716.082 3.083 1992 784.575 2.646 1993 871.894 2.556 1994 1.114.790 3.308 1995 998.495 2.693 1996 1.060.533 2.556 1997 1.098.990 X 2000 1.053.939 4.979 2001 1.418.838 2.865 2002 1.437.053 X 2003 1.663.784 7.696 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Atualmente, como já comentado, uma das áreas mais

promissoras para a atividade turística é o segmento de eventos, pois é uma

das poucas segmentações que envolvem e beneficiam tantas outras,a

exemplo de: alimentos e bebidas, meios de hospedagem, agenciamento de

viagens, transportes, lazer e recreação etc. – além de promover a cidade

receptora e a própria população local.

Segundo Canton (1997, p.19) “evento é a soma de ações

previamente planejadas com o objetivo de alcançar resultados pré-

definidos junto ao seu público-alvo”. Pode-se entender também que evento

é a ação profissional que visa a pesquisar, planejar, organizar, coordenar,

controlar e implantar um projeto buscando atingir o seu público-alvo com

medidas concretas e resultados projetados.

Assim, o turismo de eventos leva em consideração os viajantes

que se deslocam de seu local de residência para outro qualquer com o

objetivo de participar de um acontecimento previamente definido. É

praticado com interesse profissional e cultural por meio de congressos,

convenções, simpósio, feiras, encontros culturais e reuniões internacionais,

dentre outros.

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78

As perspectivas profissionais e os ganhos econômicos que o

turismo de eventos tem gerado no Brasil, principalmente nas regiões Sudeste

e Sul, segundo Martin (2003, p. 13) revelam uma “previsão média em 7% de

crescimento anual e 3,1% do PIB brasileiro, em 2001. Esse mercado turístico

apresentou movimento físico de 80 milhões de pessoas, distribuídas em mais

de 320 mil eventos”.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas Organizadoras

de Eventos (apud GIACAGLIA, 2003, p. 07), a expansão do número de

eventos realizados no país tem gerado negócios superiores a trinta bilhões

de reais, o que representa para este setor uma importância significativa para

a economia das empresas e a possibilidade de alavancar os negócios,

produtos e serviços, tornando-se assim, essencial para a economia de uma

localidade.

Além da importância mercadológica para as empresas, os

eventos possibilitam também inúmeros benefícios para os países, estados,

cidades e municípios anfitriões, pois contribui com o fluxo de turistas e seu

tempo de permanência. Em média, o turista de eventos fica na cidade 2,6

dias e gasta um valor superior a US$ 200 por dia (MARTIN, 2003). Outro ponto

a se destacar se refere aos eventos que proporcionam à população local

maior geração de renda e emprego, interação com o meio social e

descoberta de novos produtos, implicando num fator positivo que é a

diminuição da sazonalidade.

Com relação aos dados mundiais, segundo o WTTC – World

Travel e Tourism Council (apud MARTIN, 2003), organização composta pelos

mais altos executivos de empresas de todos os segmentos da atividade

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79

turística, o setor de eventos é o segmento que mais cresce dentro do turismo,

cerca de 9,9% ao ano.

Uma pesquisa realizada pela Curitiba CVB (2005) com base

nos dados da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux

apresentou dados importantes em relação ao segmento no ano de 2001,

pois, mais de 327 mil eventos aconteceram no país, envolvendo

aproximadamente 80 milhões de pessoas e movimentando 45 milhões de

reais. De acordo com essa pesquisa, a cidade de Curitiba neste mesmo ano,

recebeu cerca de 900 mil participantes de eventos. Para Pretto (2001) a

dinamização do mercado não ocorreu por acaso; o crescimento do turismo

de negócios e a boa imagem proporcionaram o crescimento, que se refletiu

sobre a oferta hoteleira, passando de 82 hotéis, em 1999 para mais de 140

atualmente.

Outra pesquisa realizada pelo SEBRAE-PR (2006) mostrou que,

no ano de 2001, Curitiba possuía cerca de 54 espaços para eventos com

capacidade até 100 pessoas. Destes, 19 realizavam mais de 20

acontecimentos por mês. Essa mesma pesquisa revelou que os eventos se

distribuíram de forma regular durante todos os meses do ano, exceto no mês

de janeiro, quando a realização teve uma queda considerável, por se tratar

de época de férias.

Quase 70% dos eventos aconteceram durante os dias de

semana, o que contrasta com o turismo de lazer na cidade, cuja maior

intensidade de turista se dá nos finais de semana.

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80

Os meios de divulgação que os espaços de eventos utilizam-

se são, principalmente a internet; em segundo encontram-se jornais; e em

terceiro, o envio de malas-diretas. (SEBRAE, 2006)

O Curitiba Convention & Visitors Bureau - Curitiba CVB passou

a atuar na cidade como importante órgão no desenvolvimento e promoção

da atividade turística. Estruturado como uma espécie de cooperativa, a

entidade é mantida por empresas de diversas ramificações do turismo e

conta com o apoio de associações e sindicatos relacionados. O principal

objetivo do Curitiba CVB é aprimorar a infra-estrutura e os serviços turísticos,

além de promover e captar eventos para a cidade e região metropolitana.

A entidade é definida pelo próprio Curitiba CVB (2005) como:

uma organização de marketing sem fins lucrativos centrada na promoção mercadológica do destino Curitiba e sua região metropolitana, [...] sua missão é o desenvolvimento do turismo na cidade, principalmente através da qualificação da oferta turística em todos os seus níveis.

Além de atuar intensamente na promoção do destino turístico

de Curitiba, a organização possui uma atrativa página na web com quatro

opções de idiomas, lançando a cidade no cenário internacional. O site

apresenta informações completas, com roteiros turísticos e calendário de

eventos. Encontram-se também listadas as empresas que mantêm o Curitiba

CVB, como espaços para eventos, hotéis e agência de viagem. (Curitiba

CVB, 2005)

Curitiba, até pouco tempo atrás, não ofertava um espaço

com capacidade para grandes eventos. Mas desde o mês de abril de 2004,

a capital tem alcançado um patamar de destaque no Brasil, com a

inauguração do Estação Embratel Convention Center., a construção de

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81

novas salas para eventos de pequeno porte em hotéis também contribui

para o apoio aos grandes eventos.

A construção do empreendimento é resultado da expansão

que a cidade tem alcançado com o desenvolvimento do turismo de

eventos. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo (apud Martin, 2003, p. 21):

“Em 2001, Curitiba recebeu 44,5% dos visitantes com motivação de turismo

de negócios e 12,3% como participantes de eventos que gastaram R$ 250,00

por dia, contra R$ 120,00 dos demais turistas”.

Embora não se conheçam detalhes técnicos, para aferir a

confiabilidade estatística destes dados, é possível notar a tendência do

mercado de eventos em Curitiba e a sua consolidação, que, com a ajuda

dos órgãos responsáveis pelo planejamento turístico da cidade, a tem

destacado em nível nacional como um destino de negócios e eventos. Os

dados da motivação dos turistas a viajarem para Curitiba, em 2003,

representam a tendência do fortalecimento do segmento dos eventos e dos

negócios (Gráfico 5).

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82

48,4

23

16,6

7,2

0,5

4,3

Negócios/ EventosParentes/ AmigosLazerTratamento de saúdeComprasOutros

Gráficos 5 - Motivo da Viagem a Curitiba - 2003. Fonte: Paraná Turismo, 2004.

Para sintetizar algumas informações apresentadas e

apresentar novos fatos observa-se o Quadro 3 que mostra a evolução do

turismo em Curitiba destacando os principais momentos que a compõem:

QUADRO 3 - Fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba: ANO ACONTECIMENTO ANO ACONTECIMENTO 1829 Chegada de Imigrantes Década

de 90 1991 – Jd. Botânico

1992 – Ópera de Arame 1994 – Parque Tingui

1996 – Bosque Alemão 1996 – Parque Tanguá

1885 Inauguração da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá

1993 Departamento de Turismo Municipal para a Secretaria de Indústria e Comércio

1903 Inaugurado o Grande Hotel – primeiro hotel , Rua Barão do Cerro Azul, esquina

com Sete de Setembro

1994 Linha Turismo

Década de 30

Pista de Pouso e Decolagens – Antigo Colégio Agrícola Estadual no Bairro

Bacacheri

1995 Criada a Secretaria do Estado do Esporte e Turismo

1932 Primeira Iniciativa de Promoção Turística do estado do Paraná – DEIP – Dpto

Estadual de Imprensa e nganda – aPropaga té 1945

P

1996 Linha Volta ao Mundo

1944 Construção da Base Aérea Afonso Pena 1999 1.098 milhão de turistas 1953 A Câmara de Expansão cria a Divisão

de Turismo – objetivo: levantar os pontos turísticos - em 1966 é transferido para a Secretaria de Estado de Viação e Obras

Públicas até 1969.

1959 O Aeroporto Afonso Pena tornou-se o 4º em número de vôos domésticos

2000 Curitiba Convention & Visitors Bureau

1969 Criada a CEPATUR – Conselho aranaense de Turismo, instituída pela lei

nº 5948, 27/05/69

2000 Secretaria da industria, Comércio e Turismo foi extinta – turismo incorporado a CIC

Continua

Page 86: A Influência das Intervenções Urbanísticas na Atividade ... · 4 planejamento urbano em curitiba_____54 4.1 histórico_____54 5 o turismo na cidade de curitiba 69 5.1 perfil do

83Continuação

1972 Inauguração da Estação doferroviária de Curitiba – Av. AfonsRo o

1973 Inauguração ade Industrial de Curitiba

2001 estabeleceu nvolvimento

1976

ônibu oras

2001 Revista Viagem – r cidade turística do país

10 m Curitib uristas

1979 1º Centro de In s Turísticas na 2002 1.437.056 visitantes

1985 C 2002 117 estabele spedagem

1986 de turist ia não

2002 Inaugurado o Novo Museu Oscar Niemeyer

1986

Re

2004 Fim da atuação da Diretoria de Turismo.

1987 In d )

2004 Inaug ção

1988 Primeiro e anda da PARANATUR

2005 passa a ser cham ituto Municipal

1989 P Esportes do Pa e o Turismo -

2005 157 estabelec spedagem - 19.500 leitos

1989 S– Se ria

2005 C s turística stituto

1989 S– Se ria

departamento para o Turismo

2005 A média de permanência na cidade passa a 4,7 dias

possui 26 shoppings centers. Fonte: Organizado pela autora com base em autores diversos.

Camargo da CIC – Cid

2000 Curitiba recebe 1.053.939 turistas

Diretoria de Turismo de Curitiba – CIC um plano de DeseTurístico de CTBA

4ª melhoPolítica de Turismo – criou a linha “Curitiba para todos” – ofertada pela fundação Cultural – aos domingos o

s percorria um trajeto de 2 hcom guias especializados.

1978 UFPR – oferta do curso de Turismo 2001 0 estabelecimentos de hospedage1979 1º Encontro Paranaense de Turismo

formaçõe2001 a recebe 1.418.838 t

cidade no Bondinho da Rua XV

uritiba aparece em propagandasnacionais – exemplo de cidade.

Terceira cidade do país em recepção as, tempo de permanênc

cimentos de ho(13.050 leitos)

ultrapassava uma noite. Secretaria Municipal de Turismo –

projeto de permanência de 3 dias. corre-se a RMC e litoral para atingir objetivo do projeto (EMBRATUR)

auguração do Centro de Convençõese Curitiba (antigo Cine Vitória-1964

studo de dem

urado o Empreendimento EstaEmbratel Convention Center

Criação da Secretaria Municipal de Turismo - ada de Inst

de Turismo imentos de hoARANATUR é extinta – A Fundação de

raná aderFESTUR

ecretaria Municipal de Turismo é extinta cretaria Municipal da Cultura cdepartamento para o Turismo

ecretaria Municipal de Turismo é extinta cretaria Municipal da Cultura c

uritiba possui 10 postos de informações administrados pelo InMunicipal de Turismo

2005 A cidade

Um destaque para as informações contidas no quadro é o

caminho dos organismos responsáveis pela política pública de turismo na

cidade, pois houve demora em se definir uma instituição. O turismo foi

atribuição de diversas secretarias ao longo dos anos o que dificultou seu

processo de gestão.

Alguns dados das pesquisas de demanda turística já foram

analisados para serem relacionados com os setores que o turismo vem

beneficiando na capital paranaense. Neste momento, pretende-se

apresentar o perfil do turista.

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84

5

.1 Perfil do visitante de Curitiba

o formato da pesquisa buscando dados e informações

mais seguras

m Curitiba,

o não foi realizado.

- R c rm te n taA %)

O estudo de demanda turística permite que se perceba o

perfil do visitante da cidade. O visitante de Curitiba será definido pela

compilação dos dados das pesquisas de 1991 a 2003. Os dados de 2003

consideram apenas os turistas sendo que os dos outros anos unem turistas,

excursionistas e moradores. Os técnicos que realizam a pesquisa de

demanda modificam

e úteis.

A Tabela (2) a procedência dos turistas que visita

nos anos de 1991 e 1992 este questionament

TABELA 2 esidên ia pe anen dos e trevis dos NOS (ESTADO

ESS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003 PAÍS

Estados Paraná X X 21,6 23,0 21,1 28,6 25,6 31,5 36,0 31,5 33,5 Rio de Janeiro

X X 7,3 7,3 6,8 4,8 6,4 5,7 6,0 5,5 4,5

Rio Grande do Sul

X X 7,9 5,5 6,0 6,4 6,9 6,4 6,1 6,0 3,9

Santa Catarina

X X 18,2 17,6 19,5 19,6 17,6 11,7 14,8 15,3 15,6

São Paulo X X 31,1 29,7 32,1 30 30,00 28,5 25,2 28,2 29,1 ,6Outros Estados

X X 10,3 12,8 1 2,00 7,00 7,8 10,4 8,2 8,7 2,4

Países Alemanha X X 0,2 0,5 0,2 0,3 0,4 0,6 0,5 0,5 0,2 Argentina X X 1,1 1,0 0,8 0,5 1,0 1,0 0,4 0,6 0,4 Estados X X 0,2 0,6 0,2 0,1 0,4 0,8 0,6 0,6 1,1 Unidos Paraguai X X 0,7 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4 Outros Píses X X 1,4 1,6 0,9 1,7 1,7 2,9 1,9 2,7 1,4 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Percebe-se que a maioria dos visitantes vem do próprio Estado

do Paraná e de São Paulo. Este fato se deve, provavelmente, ao turismo de

negócios como a Tabela 3 apresenta, pois Curitiba é o pólo financeiro do

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Paraná e São Paulo o pólo do Brasil e suas relações comerciais são diretas.

Nesta tabela observa-se também que o turismo internacional ainda possui

pouca expressão na cidade. Estes dados já foram comentados e a situação

de 2003 apresentada em gráfico.

TABEL vo da eA (%)

A 3 – Moti v gia m

N SO MOTIVOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003

Compras X 3 ,4 1,2 1,3 1,1 0,5 0,8 0,9 X 0,2 0,5 Eventos X X X X X X X 6,7 12 ,3 9,3 9,9

Negócios 35 37 38 31 38 37 35 32 44 38 38 ,0 ,3 ,2 ,5 ,8 ,1 ,5 ,7 ,5 ,2 ,5Paren igos tes / Am X X 30,2 27,6 30,0 32,3 27,7 36,8 22,2 25,5 23

Tratamento de Saúde

X X X X 8,3 8,1 7,5 6,2 9,8 5,3 7,2

Lazer 55,7 30,2 15,1 23,2 16,1 12,6 15,6 16,7 9,2 21,3 16,6 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

o turismo de

negócios, poi ia são homens viajando sozinhos.

T 4 – Sexo

A %

As Tabelas 4 e 5 reforçam as condições d

s em sua maior

ABELA dos entrevistados

NOS ( ) SEXO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003

M ,0 68,2 74,2 asculino 58,4 59,8 70,5 64,9 65,9 69,3 69,1 65,4 66Feminino 41,6 40,2 29,5 35,1 34,1 30,7 30,9 34,6 34,0 31,8 25,8

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

5 – a v o

A %TABELA F aorm ide v jar do entre istad

NOS ( ) FORMA DE VIAJAR 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 2003

Só 52,2 52,4 55,2 47,9 50,9 50,4 49,5 53,2 63,2 63,4 46,5 Em Grupo 17,1 18,2 14,1 16,0 14,9 18,7 15,5 16,1 16,9 17,5 15,5

Co 19,6 18,1 36,6 m Família 30,0 28,3 30,5 35,4 33,9 30,7 34,8 30,2 Em Excursão 0,7 1,1 0,2 0,7 0,3 0,2 0,2 0,5 0,4 1,0 1,4

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Estes turistas têm em média mais de 40 anos e permanecem

cada vez menos tempo na cidade (Tabela 6). Os negócios podem ser

agilizados pelos adventos da tecnologia, então a permanência em viagens

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não é estimulada pelas empresas, pois possuem maiores gastos. É um desafio

para a cidade fazer com que os visitantes permaneçam mais tempo e

onseqüentemente, gastem mais.

TA ion de e as m s d rm cia

c

BELA 6 – Nac alida édia e pe anên e de idade M

1995 1996 1997e 2000 2001 2002e 20 * ÉDIAS

1991 1992 1993 1994 03Permanência

(dias) ANOS

Brasileiros 4,8 4,8 4,8 5,0 4,6 4 4,8 5,2 4,8 5,0 X ,9 E strangeiros 8,0 4,5 5,9 8,0 5,4 8,5 8,3 8,7 5,9 4,1 X

Geral 4,9 4,7 4,8 5,1 4,6 5,1 4,9 5,4 4,8 4,7 3,6 Idade (anos) S DIA

Brasileiros 32,6 34,4 38,2 37,3 38,4 38,2 39,3 38,5 39,8 40,4 X Estrangeiros 32,3 40,3 40,9 39,5 38,0 40,1 39,3 40,8 40,9 40,3 X

Geral 32,6 35,0 38,3 37,4 38,4 38,2 39,2 38,6 39,8 40,3 40,5 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

iagens sem custos maiores

do que o próprio viajante realizando os trâmites.

TAB e org eAN %)

A maioria não utiliza agências de viagens para a organização

do deslocamento e visita a cidade. Geralmente o turista a lazer recorre a

estas empresas, os turistas a negócios muitas vezes, nem recebem a

informação de como a viagem foi organizada, pois, outros setores da

empresa cuidam desta questão. Também, como grande parte dos visitantes

tem procedência no Paraná e em São Paulo não recorrem aos serviços das

agências por consideram o deslocamento próximo e sem necessidade de

planejamento (Tabela 7). Ainda há um desconhecimento de que as

agências prestam serviços de organização de v

ELA d 7 – Forma anização da viag m OS ( FORMA DE

ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2003 2000 2001 200e

Organizada por 6,6 6,0 3,8 9,4 9,8 7,4 9,3 11,2 9,1 11,3 10,0 Agência

Não Organizada por 93,4 94,0 96,2 90,6 90,2 92,6 90Agência

,7 88,8 90,9 88,7 90,0

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

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imos, o que muitas vezes não justifica a

iagem de avião.

T io ra rt

A %)

A Tabela 8 apresenta os tipos de meios de transporte que os

visitantes utilizam para chegar em Curitiba. Primeiramente e em todos os

anos apresentados o ônibus de destaca. Este se justifica, pois a maior parte

dos visitantes provem de destinos próx

v

ABELA 8 - Me s de t nspo e NOS ( MEIOS DE

1997e 2002e TRANSPORTE 1991 1992 1993 1994 1995 1996 2000 2001 2003 Avião 21 ,0 17 ,4 1 8,4 23,6 2 6,5 2 2,9 24 ,1 3 0,8 29,6 2 9,4 20 7 ,Ônibus 47,2 47,3 44,0 45,5 40,3 39,7 42,5 35 41 38 53 1 ,9 ,8 ,9 ,Automóvel 31,6 34,8 37,1 30,3 33,0 36,7 32,9 32,6 27,9 31,0 22,7 Outros 0,2 0,5 0,5 0,6 0,2 0,7 0,5 0,7 0,7 0,7

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

ospedagem sediam

uniões de negócios e acontecimentos de vários tipos.

TAB De Hospedagens

A %

A tabela 9 demonstra que os turistas que se hospedam em

Curitiba se dividem em hotéis e em casa de parentes ou amigos, apesar do

aumento do índice da procura por hotéis, em decorrência do turismo de

negócios e eventos, sendo que diversos meios de h

re

ELA 9 – Meios NOS ( ) MEIO DE

HOSPEDAGEM 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2000 2002e 2001 2003 Hotel 37,6 38,2 36,8 35,9 37,9 38,2 37,9 39,6 X42,8 40,3X 43,8

Casa Parentes / 53,3 51,1 53,1 52,9 52,1 50,9 53Amigos

,1 48,7 42,8 47,7 42,1

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

da pelas opiniões de seus moradores, a Tabela

0 justifica esta informação.

A principal propaganda de Curitiba, como já comentando é

a imagem da cidade projeta

1

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88TA de ã n a is v

A %BELA 10 – Meio comunicaç o que influe ciou n dec ão da iagem

NOS ( ) MEIO DE COMUNICAÇÃO 1991 1992 1 1 1997e 2000 2001 2002e 2003 993 994 1995 1996

Televisão 42,4 34,9 30,8 47,7 39,4 58,0 45,6 22,2 37,9 35,3 X Revista / Jornal 13,4 12,4 7,4 9,1 12,3 10,4 8,1 7,8 9,2 9,2 X Folheto Avulso 3,5 3,4 2,5 2,4 2,8 2,5 2,1 2,9 2,6 2,7 X

Agência de Turismo 1,3 1,5 1,0 0,8 1,3 0,6 0,7 1,0 0,8 1,2 X Parentes / Amigos X X 21,0 32,3 32,9 21,1 31,9 53,3 49,5 52,6 X

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

e a média do

ólares por dia (Tabela 11).

Tabela 11 sto io o uaANOS (US$)

O gasto médio do turista em Curitiba é maior qu

Estado do Paraná que fica em 60 d

– Ga méd diári individ l MÉDIAS

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997e 2002e 2003 2000 2001 Total na Cidade

B s rasilei-ro 63,3 34,4 46,0 56,0 86,8 85,7 100,9 58,5 51,4 72,4 X Estran-geiros

66,1 50,5 65,0 92,0 128,3 116,0 146,2 90,2 88,2 103,8 X

Geral 64,1 36,5 47,0 58,0 87,9 86,5 102,0 60,5 52,7 73,9 62,1 Com

Hospe-dagem

B s rasilei-ro 33,0 17,8 33,0 41,0 65,1 60,6 71,2 40,2 29,9 52,3 X Estran- 35,7 25,7 30,0 62,0 82,5 77,5 97,6 54,9 47,6 73,4 X geiros Geral 34,1 18,9 33,0 42,0 65,8 61,3 71,9 42,1 31,1 53,6 28,9

Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Lemos (2002) explica que existe diferença entre pesquisa de

mercado e informação. O mercado é um conjunto de interações entre as

forças de oferta e demanda e suas relações. Antes, é necessário entender as

relações de produção, geração de valor, distribuição e circulação de

renda. É preciso compreender as tendências dessas relações. Em segundo

lugar, as informações são distintas da idéia de dado. O dado é um valor

quantitativo que pode ser transformado em estatístico. A informação é o

processamento dos dados dentro de um sistema, sua forma de absorção e

sua geração de conhecimento, e possibilita ingerir, gerir e tomar decisões.

Dessa forma, é necessário um modelo teórico de interpretação do sistema

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para que o dado se transforme em informação, em conhecimento e em

tecnologia.

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6 O TURISMO E AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES URBANÍSTICAS EM CURITIBA

O turismo, como visto anteriormente, é uma atividade que

apresentou desenvolvimento na cidade de Curitiba a partir da década de

1990. Vários acontecimentos contribuíram para este fato, como as

intervenções urbanísticas.

Com o intuito de possibilitar a avaliar a relação das

intervenções no desenvolvimento da atividade turística a partir da

interpretação das pesquisas de demanda, foram selecionadas as principais

intervenções com possível influência na atividade, comparando e

observando os atrativos turísticos mais visitados pelos turistas nos anos de

2001 e 2003, como a Tabela 12 apresenta.

TABELA 12 - Atrativos turísticos mais visitados ATRATIVO TURÍSTICO 2000 (3.259

citações) 2001 (1.398 citações)

2003 - inserir excursionistas

Parques 22,5% 25,6% 46,5% Jardim Botânico 16,6% 15,2% 37,1% Ópera de Arame 12,8% 12,7% 31,1% Shopping 6,6% 7,7% 19,5% Santa Felicidade 3,7% 7,9% 11% Museus 0,9 0,6% 8,7% Rua XV/ Rua 24 horas 6,8% 5,6% 9,7% Largo da Ordem 2,1% 1,7% 4,6% Zoológico/ Passeio Público 4,5% 5,5% 7,6% Linha Turismo 3,2% 2,8% 2,4% Bosques 2,1% 2,4% 3,5% Teatros 1,5% 2,1% 2,5% Torre da Brasil Telecom 1,1% 0,5% 1,3% Praças 1,5% 1,2% 2,6% Universidades 1,9% 0,4 3,1% Estádio de Futebol 0,3% 0,7% 1,8% Centro Histórico ---- 1,4% 1,2% Igrejas 0,6% 0,8% 0,7% Outros 11,3% 5,2% 5,1%

*** A coluna 2003 soma 200% porque neste ano a pesquisa foi realizada dividida em turistas e excursionistas. Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Cabe salientar que os turistas e excursionistas entrevistados

não possuem opções para apontar os atrativos turísticos no questionário de

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demanda turística, estes apenas citam os locais que visitaram, por isso

justifica-se que sejam apresentados “parques” e em separado o nome do

Jardim Botânico, por exemplo. Na tabela, nos tópicos parques e bosques

estão unidas às citações em geral.

Desta forma, para esta pesquisa são considerados os locais

turísticos como intervenções urbanísticas no enfoque proposto e que foram

citados pelos turistas da cidade: Parques (Passeio Público, Barigüi, das São

Lourenço, Tanguá, Tingüi, Jardim Botânico, Pedreiras, Parque Estadual João

Paulo II conhecido como Bosque do Papa,), o Teatro Paiol (teatro mais

citado nas pesquisas), e o Centro Histórico com o Largo da Ordem, a Rua XV

de Novembro e a Rua 24 horas. Estes são divulgadas pela cidade em seus

materiais promocionais e destacadas em ações de planejamento da

Prefeitura Municipal de Curitiba, com reflexos na atividade turística da

cidade (estão em destaque na Tabela 12).

Os gráficos 6 e 7 contribuem na visualização dos atrativos mais

visitados.

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GF

GF

n

ráfico 6 - Atrativo mais visitados em Curitiba em 2001.

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00%

Parques

Ópera de Arame

Santa Felicidade

Rua XV/ Rua 24 horas

Zoológico/ Passeio Público

Bosques

Torre da Telepar

Universidades

Centro Histórico

OutrosOutrosIgrejasCentro HistóricoEstádio de FutebolUniversidadesPraçasTorre da TeleparTeatrosBosquesLinha TurismoZoológico/ Passeio PúblicoLargo da OrdemRua XV/ Rua 24 horasMuseusSanta FelicidadeShoppingÓpera de ArameJardim BotânicoParques

onte: Paraná Turismo, 2003.

ráfico 7- Atrativo mais visitados em Curitiba em 2003.

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%

Parques

Ópera de Arame

Santa Felicidade

Rua XV/ Rua 24 horas

Zoológico/ Passeio Público

Bosques

Torre da Telepar

Universidades

Centro Histórico

OutrosOutrosIgrejasCentro HistóricoEstádio de FutebolUniversidadesPraçasTorre da TeleparTeatrosBosquesLinha TurismoZoológico/ Passeio PúblicoLargo da OrdemRua XV/ Rua 24 horasMuseusSanta FelicidadeShoppingÓpera de ArameJardim BotânicoParques

onte: Paraná Turismo, 2004.

Justifica-se o motivo das outras citações de atrativos turísticos

ão serem inseridas diretamente na pesquisa:

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a) Shoppings: não são atrativos turísticos por

classificação e sim equipamento de comércio que

presta serviços aos turistas.

b) Santa Felicidade: bairro gastronômico que possui a

finalidade primordial de atender o turismo na cidade.

c) Museus: pelo IPPUC são considerados equipamentos

urbanos, e não há citação de quais museus foram

apontados nas entrevistas.

d) Linha turismo: serviço para o turista será avaliada

posteriormente.

e) Bosques: o único citado é o João Paulo II que, na

verdade, classifica-se por lei como Parque Estadual

(administrado pela Secretaria Municipal do Meio

Ambiente), então, será abordado como parque.

f) Praças: são equipamentos de lazer e não atrativos

turísticos.

g) Universidades: não foram especificadas na pesquisa,

entende-se como a visitação à fachada da Universidade

Federal do Paraná.

h) Torre da Brasil Telecom : considerada equipamento

urbano pelo IPPUC.

i) Estádios de Futebol: também não foram

especificados na pesquisa.

j) Igrejas: espaços religiosos também não

especificados nas pesquisas de demanda.

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Nas pesquisas de 2001 e 2003 os questionamentos: qualificação

da cidade e definição da cidade; foram inseridos nas pesquisas de como

apresentam as Tabelas 13 e 14. Mesmo, como já avaliado neste trabalho,

que os turistas definam Curitiba como a cidade com qualidade de vida, na

questão de qualificação da cidade onde conferiram “notas” para assuntos

da mesma, o maior índice foi recebido pelas áreas verdes, demonstrando a

importância destas para o turismo e para os turistas.

TABELA 13 – Qualificação da cidade – 2001 e 2003

ITENS AVALIADOS ÍNDICE BOM (%) Áreas Verdes 89,8 90,4

Conservação de Edifícios 71,5 76,6 Poluição do Ar 62,9 64,7

Poluição Sonora 44,0 50,4 Qualidade de Vida 82,6 87,2

Qualidade de Tráfego 48,0 51,4 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

TABELA 14 – Definição da cidade – 2001 e 2003

DEFINIÇÃO DA CIDADE Índice (%) Cidade Ecológica 26,8 22,2

Cidade com qualidade de Vida 40,5 37,3 Cidade Cultural 17,3 14,5 Cidade Turística 8,8 11,7

Outras 6,6 7,5 Fonte: Organizado pela autora com base em Paraná Turismo.

Curitiba considera áreas verdes urbanas tanto as unidades de

conservação como praças, jardinetes, largos e arborização de logradouros,

mas confere tratamento diferenciado a estas com legislações específicas e

planejamento direcionado.

As áreas verdes urbanas de Curitiba têm sido incluídas no rol

de ações integradas do município, associando-se a sua política urbanística e

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ambiental, que inclui ações em áreas como saneamento e salubridade

urbana (MATIELLO, 2001).

O IPPUC (1992) relata que os parques foram criados num

primeiro momento utilizando-se de fundos de vales, evitando assentamentos

irregulares e enchentes, atuando na recuperação de áreas degradadas.

Um dos aspectos fundamentais da política de áreas verdes

urbanas de Curitiba é, justamente, a afirmação da recreação e do lazer

como fatores indispensáveis ao equilíbrio físico e mental do ser humano e a

seu desenvolvimento (PMC, 2006).

Mas a Prefeitura por meio de sua Secretaria Municipal do

Meio Ambiente (2006) afirma que o lazer, ainda que essencial aos desgastes

da vida urbana, não é finalidade primordial de boa parte das áreas verdes,

tendo na preservação ambiental e no saneamento - com a manutenção da

permeabilidade do solo junto aos rios, da mata ciliar, da fauna, da flora - e

na despoluição hídrica, aérea e sonora, os principais objetivos, equilibrando

as relações da cidade com seu meio ambiente.

Desde o início do planejamento da cidade, percebe-se a

criação de parques urbanos; atualmente a cidade possui 25 parques e

bosques, totalizando 22.234.481 metros quadrados de áreas verdes. Deste

total, 18.407.873 metros quadrados é composto por parques e 632.815 metros

quadrados são formados por bosques. Os 3.193.793 metros quadrados

restantes são formados por praças, jardinetes e largos. (Ver Anexo C)

Vale ressaltar que a maioria dos parques possui as funções de

atender a população como área de lazer e de promover a conservação do

ambiente.

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6.1 Descrição dos Atrativos Turísticos considerados na pesquisa

O primeiro parque de Curitiba foi o Passeio Público;

inaugurado pelo presidente da Província do Paraná, Alfredo d’Escragnolle

Taunay no dia 2 de maio de 1886, já se chamou Jardim Botânico, no século

passado. O parque representa para a cidade a primeira grande obra de

saneamento da cidade, transformando um espaço com características de

banhado num espaço de lazer, com lagos, pontes e ilhas em meio ao verde.

Também se estabeleceu no Passeio Público o primeiro

zoológico de Curitiba, abrigando até hoje pequenos animais. Seu portão

histórico é uma cópia do que existiu no Cemitério de Cães de Paris (Fig. 1).

FIGURA 1 – Vista do Portão do Passeio Público de Curitiba Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

Em 1971, com o intuito de introduzir o conceito do

aproveitamento de áreas verdes na cidade, o prefeito Jaime Lerner,

inaugura três grandes parques: Barigüi, São Lourenço e Barreirinha, todos

voltado à conservação ambiental, saneamento e lazer. Os lagos artificiais do

Barigüi e do São Lourenço ajudam a regular a vazão da água das chuvas.

Estes locais auxiliaram na redução das enchentes nessas regiões da cidade.

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O Parque Barigüi (Fig.2) possui uma área de um milhão e

quatrocentos mil metros quadrados. Desde a sua criação, o parque é muito

utilizado pela população para a prática de atividades de lazer e esportivas.

Possui equipamentos de ginástica e parque de diversões, além de um

pavilhão de exposições, onde se realizam mensalmente feiras e eventos. O

Museu do Automóvel da cidade também está localizado neste parque.

FIGURA 2 – Vista do Parque Barigüi Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Parque São Lourenço (Fig.3) está localizado onde

antigamente funcionava um curtume e uma fábrica de cola. Em 1970, após

uma grande enchente que alagou toda a região, o parque foi inaugurado.

Sua construção objetivou evitar inundações e aproveitar a área com a

reciclagem e uso da antiga fábrica, atualmente chamada de Centro de

Criatividade. Neste centro, funciona um atelier de arte e ofícios, um espaço

para exposições e uma biblioteca para uso da comunidade.

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FIGURA 3 – Vista do Parque São Lourenço Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Parque Tanguá (Fig.4) surgiu a partir de uma antiga

pedreira da família Gava, que estava destinada a ser utilizada como

depósito de lixo. Hoje o parque é bastante apreciado por moradores e

turistas da cidade. Possui lagos, lanchonetes, pista de cooper, ciclovia, um

túnel aberto na rocha bruta unindo os dois lagos que formam o parque, uma

cascata e o Jardim Poty Lazzaroto, em homenagem a um dos maiores

artistas plásticos curitibano.

FIGURA 4 – Vista do Parque Tanguá Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

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O Parque Tingüi (Fig. 5) leva em seu nome uma homenagem

ao povo indígena que primeiro habitou a região de Curitiba. Originou-se de

uma obra de saneamento urbano e conservação ambiental, possuindo

vários equipamentos, como pista de cooper, churrasqueiras, ciclovias,

canchas e playground. O parque abriga o Memorial Ucraniano,

obedecendo os estilos arquitetônicos da Ucrânia.

FIGURA 5 – Vista do Parque Tingüi Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Jardim Botânico era um espaço conhecido antigamente

como Mato dos Francos, pertencente a um dos moradores mais antigos do

bairro Capanema. Possuía grande diversidade ambiental, lá ainda hoje

podem ser encontrados pinheiros-do-Paraná, imbuias, cedros, aroeiras,

pitangueiras e alguns animais nativos como saracuras, gambás, ouriços e

canários-da-terra. Ainda abriga uma estufa de ferro e vidro, inspirada no

Palácio de Cristal de Londres (Fig. 6).

O Jardim Botânico abriga em Curitiba o Museu Botânico, que

é dirigido por um dos maiores conhecedores do tema no planeta, o professor

Gert Hatschbach.

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FIGURA 6 – Vista da Estufa do Jardim Botânico Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Parque das Pedreiras, que surgiu do antigo local de

exploração mineral dos Gava, é formado pela Pedreira Paulo Leminski e a

Ópera de Arame. A primeira é hoje um vale onde cabem 50 mil pessoas

para assistirem a espetáculos em meio a rochas de mais de 30 metros de

altura. A segunda é um teatro, que os turistas vistam e se encantam. O

teatro é todo transparente, construído em estrutura tubular, o que justifica

seu nome. Possui capacidade para 2.400 espectadores e está envolvida por

lagos, vegetação típica e cascatas, sendo sua imagem conhecida em todo

o Brasil (fig. 7).

FIGURA 7 – Vista da Ópera de Arame Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

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O Parque Estadual João Paulo II, ou Bosque do Papa foi

inaugurado em 1980 para marcar a visita do Papa João Paulo II a Curitiba.

Suas principais atrações são o Museu da Habitação Polonesa, o Museu

Agrícola e a capela em homenagem a padroeira da Polônia, que compõe

um museu ao ar livre em forma de aldeia.

FIGURA 8 - Vista do Bosque João Paulo II Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Teatro Paiol foi construído em 1906, onde funcionava um

depósito de pólvora, e em 1971 foi revitalizado para torná-lo um teatro de

arena. Sua re-inauguração foi marcada pela presença do cantor Vinicius de

Moraes, que marcou e acentuou uma nova fase de mudanças culturais na

cidade.

Page 105: A Influência das Intervenções Urbanísticas na Atividade ... · 4 planejamento urbano em curitiba_____54 4.1 histórico_____54 5 o turismo na cidade de curitiba 69 5.1 perfil do

102FIGURA 9 – Teatro Paiol Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

O Centro Histórico de Curitiba é um espaço que reúne as mais

importantes construções da cidade, nele encontra-se o Largo da Ordem,

onde ocorre todos os domingos a maior feira de artesanato da cidade e

abriga até os dias de hoje casarões reciclados em espaços culturais e pontos

comerciais.

FIGURA 10 – Largo da Ordem Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

Também fazem parte do setor histórico: a Casa Romário

Martins, que hoje abriga um acervo de livros históricos da cidade; a Galeria

Julio Moreira; a Casa Vermelha; o Memorial da Cidade, ponto marcado

pelas apresentações culturais, mostras, shows e exposições; a Igreja da

Ordem; a Igreja Presbiteriana; a Fundação Cultural de Curitiba; a Igreja de

Nossa Senhora do Rosário.

Além destes também é possível encontrar o Relógio das Flores;

a Sociedade Garibaldi; a Praça João Candido; as ruínas de São Francisco; o

Belvedere; a Sociedade Brasileira Protetora dos Operários; a Rua José

Bonifácio; a Catedral basílica Menor; a Praça Tiradentes onde encontram-se

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o marco zero da cidade; a Praça José Borges Machado; a Praça Generoso

Marques; o Museu Paranaense; a Rua Barão do Rio Branco; a Câmara

Municipal de Curitiba e a Antiga Estação Ferroviária.

FIGURA 11 – Relógio das Flores Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

A Rua XV de Novembro é desde 1972 a primeira via exclusiva

para pedestres no Brasil, já se chamou Rua das Flores, como muitos o

chamam até hoje, e também Rua da Imperatriz. A Rua que hoje é

predominantemente comercial, já foi ladeada pelas modestas casas de

imigrantes e seus descendentes. Ela é hoje a via mais central da cidade,

onde manifestações culturais acontecem, é ponto de encontro da

população.

Page 107: A Influência das Intervenções Urbanísticas na Atividade ... · 4 planejamento urbano em curitiba_____54 4.1 histórico_____54 5 o turismo na cidade de curitiba 69 5.1 perfil do

104FIGURA 12 – Calçadão da Rua XV de Novembro Fonte: Viaje Curitiba, 2006.

É na região da Rua XV de Novembro que se situam o Teatro

Guaíra; a Praça Santos Andrade; a Universidade Federal do Paraná; o

Correio Velho; a Galeria Lustoza; a Galeria Schaffer; a Confeitaria das

Famílias; o Senadinho; a Galeria do Plano Agache; o Bar Mignon; o Bondinho

da Rua das Flores; a Avenida Luis Xavier; o Palácio Avenida; a Boca Maldita;

o Braz Hotel; o Edifício Garcez; a Praça Osório; a Rua Comendador Araújo e

por fim a Rua 24 horas.

A Rua 24 Horas, foi criada em 1992, tornando-se a primeira rua

projetada do Brasil em espaço fechado, onde os estabelecimentos

comerciais não fecham nunca. Possui 120 metros de extensão, em estrutura

metálica tubular, cobertos com vidros, considerada uma das marcas da

arquitetura contemporânea da cidade.

FIGURA 13 – Rua 24 horas Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba

Estes atrativos são os considerados na pesquisa com base na

visitação dos anos de 2001 e 2003, e também são “cartões postais da

cidade”. Suas imagens são utilizadas na divulgação de eventos, feiras e

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congressos. Além disso, fazem parte do roteiro turístico da Linha Turismo em

Curitiba.

6.2 A Relação entre Intervenções Urbanísticas e Atrativos Turísticos

Observando-se a importância da constante renovação das

proposições decorrentes do planejamento urbano para o desenvolvimento

da cidade, encontra-se como instrumento facilitador o urbanismo. Dentre

outros aspectos, o urbanismo está voltado à sistematização e ao

desenvolvimento da cidade. Por meio de intervenções urbanísticas também

se busca proporcionar bem-estar aos habitantes e melhorar a cidade como

um todo. Estas intervenções são geridas pelos órgãos responsáveis pela

cidade, sendo algumas delas reconhecidas como experiências urbanas

inovadoras e criativas.

O urbanismo atua na composição de paisagens como

intermediação entre o observador e o mundo real, quando intenção e

interpretação deixam apenas de retratar uma vista e passam a interferir nos

seus elementos, planejando e projetando novos panoramas. (SILVA, 2004,

p.32). Assim, percebe-se que os turistas podem realmente observar a cidade

por meio de sua urbanização.

É importante salientar o contínuo processo de

desenvolvimento urbano de Curitiba ao longo dos anos, valorizando cada

espaço com propriedade. Reaproveitamento, maximização e preservação

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resultaram no planejamento urbano de Curitiba, que também possibilitou o

incremento da economia da cidade e o fomento da atividade turística.

Esse reaproveitamento e maximização podem ser mais

facilmente percebidos, tomando-se como exemplo a Linha Turismo. Esta é

uma Linha Especial de Transporte Coletivo que percorre 44 quilômetros da

cidade passando por 25 pontos turísticos, de 30 em 30 minutos, e permite aos

passageiros 5 paradas diferentes por meio de um sistema de tickets

adquiridos ao se entrar no ônibus.

Os turistas citam a linha como atrativo turístico, sendo que esta

é um serviço que faz o transporte aos mesmos. Atualmente são 25 atrativos

(Fig. 14) inseridos em seu roteiro e a maioria possui significados urbanos

específicos da cidade e dos cidadãos, como grande parte dos

considerados nesta pesquisa.

FIGURA 14 - Croqui da Linha Turismo. Fonte: Instituto Municipal de Turismo, 2006.

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Curitiba estimula a visitação com a Linha Turismo e ainda uma

pequena parcela de turistas utiliza este serviço como mostra a Tabela 15.

TABELA 15- Total de embarques na linha turismo 2000 2001 2002 2003 2004

220.915 268.019 259.438 251.482 269.672

Fonte: Instituto Municipal de Turismo - Curitiba Turismo, 2005.

Percebe-se que os principais atrativos turísticos da cidade de

Curitiba são intervenções urbanísticas, em sua maioria realizada por órgãos

públicos.

Ainda que não tenham sido induzidos a essa consideração, a

cidade é percebida pela sua qualidade, e estas intervenções refletem a

imagem da qualidade e de sua organização. A própria escolha dos pontos

de parada da Linha Turismo, por parte do poder público municipal, aponta

para a notoriedade dessas intervenções enquanto atrativos, por se tratar de

um sistema de transporte destinado a visitantes, cujas paradas para visitação

são realizadas, em sua maioria, em locais originalmente criados para a

população local.

O quadro abaixo apresenta a relação dos locais que são

intervenções urbanísticas utilizadas como atrativos para o turismo em

Curitiba.

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108Quadro 4 - Relação das intervenções urbanísticas e atrativos turísticos

Local Objetivo primário como Intervenção urbanística

Utilização como Atrativo turístico

Passeio Público

Primeira grande obra de saneamento.

Espaço de lazer no centro da cidade. Pequenos animais.

Parque Barigüi

Proteção do rio Barigüi (saneamento).

Maior área de lazer do curitibano. Segundo parque mais visitado por turistas. Eventos.

São Lourenço

Evitar inundações. Lazer e recreação, exposições, cursos.

Parque Tanguá

Protege a natureza num local destinado inicialmente para abrigar uma usina de reciclagem de caliça e lixo industrial.

Parque mais visitado na região norte da cidade.

Parque Tingüi

Saneamento. Lazer e recreação. Memorial Ucraniano.

Jardim Botânico

Melhorar a paisagem do bairro que hoje leva seu nome.

Atrativo mais visitado. Principal “cartão-postal” da cidade.

Parque das Pedreiras

Reaproveitamento de local de exploração mineral dentro de bairro residencial.

Shows. Arquitetura da Ópera de Arame, símbolo da cidade.

Parque Estadual João Paulo II

Inaugurado para a homenagear e receber a visita do Papa à cidade.

Memorial da Imigração Polonesa. Lazer e recreação.

Teatro Paiol

Depósito de pólvora. Arquitetura. Espetáculos musicais e cênicos.

Centro Histórico com o Largo da Ordem

Centro da cidade, local primordial de comércio e administração pública.

Bens tombados. Acervo histórico. Feira de Artesanato. Entretenimento noturno.

Rua XV de Novembro

Inovação: rua para pedestres.

Compras. Contato com cultura local.

Rua 24 horas

Rua de comércio 24 horas.

Arquitetura. Alimentação. Compra de souvenirs.

Fonte: Organizado pela autora com base em PMC, 2006.

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Contudo, é preciso destacar que a atividade turística

cresceu devido às condições que o planejamento urbano proporcionou,

pois nenhum dos atrativos descritos no Quadro 4 foram organizados

especificamente para a atividade turística, mas foram idealizados para uso e

atendimento de necessidades da cidade e de seus cidadãos.

Pearce (2003) comenta que a estrutura do turismo em áreas

urbanas é um campo de pesquisa relativamente pouco explorado, e isso

tanto pelos pesquisadores do turismo como pelos que se interessam por

processos urbanos mais amplos. A maior parte da produção acadêmica

sobre o tema está relacionada ao turismo e conservação ou

redesenvolvimento de centros históricos urbanos.

Ainda com base nas idéias de Pearce (2003), sabe-se que

existem poucos estudos em relação ao turismo em áreas urbanas esta

relativa negligência do pode ser atribuída, em parte, a diferenças no papel

desempenhado por essas áreas no contexto turístico nacional. A maior parte

dos estudos concentra-se nas áreas consideradas rurais como as litorâneas e

outras para a prática de ecoturismo e turismo aventura.

Mesmo em cidades como Paris, Londres e Nova York, com seus

grandes fluxos turísticos, o turismo está longe de ser a atividade

predominante, superado por outras atividades econômicas ligadas ao

comércio, indústria e outras prestações de serviços (PEARCE, 2003).

Como grande parte dos pesquisadores habita centros urbanos

é de se esperar que busquem na costa, nas montanhas ou no campo seus

objetos de pesquisa.

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O turismo em áreas urbanas desenvolve-se em ampla escala

como resposta à demanda gerada direta ou indiretamente pelas outras

atividades econômicas da cidade. Como resultado, a estrutura do turismo

local tende a seguir de forma geral induzida por essas outras funções e por

outros fatores, como as características do lugar, em vez de formá-las.

Este é o caso de Curitiba, o perfil predominante do visitante de

negócios demonstra esta situação. A expressiva área industrial e a posição

de centro financeiro do Estado do Paraná justificam o deslocamento de

pessoas para a cidade.

O turista de negócios possui pouco tempo para desfrutar do

lazer no local em que visita e quando há alguma disponibilidade procura

locais consagrados, divulgados pelos meios de comunicação e pelos

próprios prestadores dos serviços que este utiliza. Recepcionistas de hotéis,

garçons, taxistas, dentre outros, influenciam na decisão destes visitantes em

conhecerem os atrativos turísticos da cidade. A mesma situação ocorre com

os turistas de eventos - salienta-se que alguns autores classificam turistas de

eventos e negócios em uma mesma classificação - haja vista que muitos dos

negócios são tratados em reuniões (tipo de evento).

Com este perfil de visitante justifica-se, por exemplo, a baixa

visitação ao centro histórico da cidade, pois estes estão à procura de

novidades, atrativos turísticos modernos e diferenciados. Como quase todas

as capitais possuem centros históricos, percebe-se que alguns turistas

consideram que todos possuem as mesmas características.

O nível de satisfação destes turistas não se mantém o mesmo

em Curitiba como demonstra o Gráfico 8.

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Gráfico 8 - Satisfação dos Turistas quanto aos atrativos turísticos da cidade

75 80 85 90 95 100

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

2000

2001

2002

2003

Fonte: Paraná Turismo, 2004

É possível visualizar que até o ano de 2000 os atrativos eram

consideravelmente satisfatórios na opinião do turista, e a partir deste ano, a

avaliação começa a sofrer uma queda.

Recebendo um turista exigente, este fato pode ser explicado

com a constatação de que não houve inovações nos atrativos ou novos

atrativos, haja vista que este turista retorna a Curitiba com freqüência.

Apenas 25% dos turistas em 2003 veio à cidade pela primeira vez.

Curitiba, nos anos de 1990 recebeu uma série de intervenções

urbanísticas inovadoras advindas do setor público que contribuíram para a

imagem positiva do turismo na cidade. Após este período as intervenções

vieram do setor privado concentrando em novos espaços para eventos,

hospedagem e shoppings que oferecem melhores serviços aos turistas, mas

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não contribuem de forma tão significativa para a boa imagem turística da

cidade, como a instalação de novos parques, por exemplo.

É importante que as localidades que desejem se organizar

para o turismo utilizem como instrumento de planejamento a observação do

ciclo de vida das destinações, observado na Figura 16.

Replanejamento

Ausência de turismo Saturação

Declínio Consolidação

Desenvolvimento

Implicação de autoridades locais

Exploração

FiGURA 16 -Ciclo de vida das destinações turísticas Fonte: Butler apud .Ruschmann, 1997.

Para cada fase em que se encontra o turismo na destinação

devem-se encontrar medidas cabíveis para o desenvolvimento da atividade.

Curitiba, analisando a satisfação dos visitantes pode estar a

caminho do estágio de saturação, que requer interferências de grande

influência na imagem turística da cidade para não chegar ao declínio de

Ausência de turismo

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seu turismo. O fluxo de visitantes demonstra crescimento todos os anos e

ações bem planejadas podem manter a cidade nesta tendência.

Mesmo observando os atrativos turísticos mais visitados

percebe-se que o maior atrativo para o turismo são as idéias de qualidade

de vida. Gândara (2003) defende que o fato de Curitiba ser uma cidade

planejada e o resultado deste planejamento ser a qualidade de vida da

população local fez com que a imagem de qualidade ambiental tenha se

transformado no principal atrativo turístico da cidade.

Estas características do planejamento urbano de Curitiba são elementos que serviram para produzir importante renovação do sentimento de identidade da população local, e certamente, devem também ser utilizados como diferenciais dentro do marketing a ser desenvolvido. A possibilidade de considerar a qualidade ambiental urbana como um atrativo turístico faz da cidade um destino turístico privilegiado (GÃNDARA, 2003, P.166)

O órgão responsável pelo turismo na capital inicia seu relatório

de atividades de 2005 com a seguinte afirmação:

O Turismo em Curitiba foi uma conseqüência das construções feitas por iniciativa do poder público para o bem-estar da população. Através da imagem que se criou da cidade, o turista vem em busca de conhecimento referente aos programas desenvolvidos na área ambiental, planejamento urbano, qualidade de vida e transporte coletivo (Instituto Municipal de Turismo - Curitiba Turismo, 2005, p.1).

A administração municipal atualmente entende que o turismo

em Curitiba aconteceu por conseqüência de seu planejamento urbano e

que até o momento poucas ações foram planejadas diretamente para o

turismo na cidade. Percebe-se, por exemplo, que como destino turístico, a

cidade não desenvolveu até hoje grandes campanhas de marketing.

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Gândara (2003) ressalta que o turismo beneficiou-se da

imagem global de Curitiba como cidade, neste caso, é uma situação

positiva, já que está associada às idéias de qualidade ambiental e

qualidade de vida, como já exposto.

Mesmo com um crescimento positivo, reflete-se até quando a

cidade conseguirá manter esta situação sem uma política pública

específica e efetiva para o turismo.

Com base em Goeldner; Ritchie e MacIntosh (2002) afirma-se

há necessidade de se estabelecer a política de turismo de Curitiba

considerando aspectos do planejamento estratégico:

a) a filosofia de turismo: que princípio turístico Curitiba quer ter,

qual tipo de turismo, qual perfil de turista e como a

administração da cidade deve entender seu turismo.

b) a visão da destinação: definir como Curitiba se imagina

turisticamente num futuro distante, pensando nos próximos

5, 10, 20 anos.

c) os objetivos e metas: quais os resultados qualitativos e

quantitativos que se espera alcançar com a atividade

turística na cidade.

d) aos limites: quais os parâmetros aceitáveis de

desenvolvimento e seus efeitos na sociedade, cultura e

meio ambiente.

e) às estratégias de desenvolvimento: quais os padrões de

ações que permitem atingir os objetivos definidos para o

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turismo em Curitiba em relação a sua oferta, demanda e

organização estrutural.

Pela relativa juventude de um órgão específico a condução

da política pública de turismo, justifica-se a falta de planejamento do setor.

O quadro 3 sobre fatos relevantes para a evolução do turismo em Curitiba,

anteriormente exposto, demonstra o confuso caminho do turismo como

atribuição de secretarias e outros organismos. Percebe-se que por muitos

anos Curitiba não teve administração municipal direta ficando as maiores

decisões do setor a cargo do organismo de responsabilidade estadual.

Há necessidade de organização municipal, pois a esfera

estadual possui papel estratégico para desenvolvimento do turismo no

Paraná. Esta deve trabalhar para atender, por exemplo, o maior destino

turístico do Estado e um dos maiores do país que é Foz do Iguaçu, pois

recebe fluxo internacional considerável. Além de que o organismo estadual

deve trabalhar para desenvolver outras regiões do estado que possuem

potencialidades turísticas. A cidade tem função de contribuir para que as

políticas públicas do Paraná tenham boa condução e atinjam suas metas

estabelecidas.

As metas da política pública de turismo do Paraná de 2003 a

2007 são:

a) aumentar o fluxo de turistas em 20% a 25%;

b) aumentar a permanência média para 4,5 dias;

c) aumentar o gasto per capita dia em 30 %;

d) aumentar a receita gerada em 25%;

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e) aumentar o número de produtos turísticos

comercializados por agências de turismo do Brasil e do

Estado em 50%.

Curitiba, assim necessita se organizar para o alcance destas

metas com ações efetivas. A cidade carece de um plano estratégico de

desenvolvimento turístico.

Também, deve-se considerar a gestão democrática do

turismo pois, não há um trabalho consolidado de um conselho municipal de

turismo, como em diversos outros municípios do Paraná.

As intervenções urbanísticas certamente contribuíram para o

aumento constante do turismo e fixação de sua boa imagem, mas falta

articulação política que continue oferecendo suporte ao desenvolvimento

da atividade.

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7. CONCLUSÃO

Tendo em vista os objetivos pretendidos por esta pesquisa, é

possível fazer algumas considerações importantes e que sintetizam a análise

desenvolvida.

Para a identificação das principais intervenções urbanísticas

com possível influência na atividade turística em Curitiba foi considerado

principalmente o histórico do planejamento urbano e suas relações no

turismo, além das informações coletadas em órgãos específicos que

compuseram a evolução do turismo na cidade que foi apresentada.

As análises das pesquisas de demanda turística de Curitiba,

realizadas no período de 1991 a 2003, contribuíram para ser traçado um

panorama do turismo relacionando o fluxo de visitantes, características e

opiniões dos mesmos sobre a cidade e seus atrativos turísticos.

A comparação dos dados destas pesquisas serviram para

embasar as discussões posteriores. O turista característico de Curitiba é o de

negócios e suas particularidades são a exigência, os gastos expressivos, a

pouca permanência e a busca por novidades e atrativos turísticos

modernos. O que pode ser percebido com a apresentação dos dados que

se referem à satisfação dos turistas quanto aos atrativos turísticos, que se

comparado ao ciclo de vida das destinações nota-se a saturação dos

nossos atrativos e a necessidade de um re-planejamento para a melhoria

deste quadro.

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Mesmo assim houve ascendência no número de turistas

anualmente, pelo re-direcionamento da atividade turística na cidade e pelo

perfil do turista acima descrito, mas existe uma falta de atualização nos

atrativos ou, ainda de novas construções e inovações urbanísticas, na

cidade, pois a administração pública de Curitiba de 1971 até meados de

1997, teve maior preocupação com as questões de planejamento e

desenvolvimento.

Com o perfil da cidade, do planejamento urbano, do turismo e

de seu visitante foi possível identificar a relação existente entre as principais

intervenções urbanísticas ocorridas na cidade e a atividade turística

presente. Constatou-se que Curitiba se apropriou de intervenções

urbanísticas que foram realizadas com o intuito de organizar, revitalizar ou

reutilizar os espaços e que o turismo foi uma conseqüência na utilização dos

mesmos.

A imagem positiva da cidade com apoio nas idéias de

qualidade de vida e qualidade ambiental - fortemente demonstradas nas

opiniões dos turistas, contribuem no desenvolvimento do turismo na capital

paranaense, mas percebe-se que ainda falta direcionamento das políticas

públicas específicas para o setor.

No que se refere às limitações para realização desta pesquisa

é possível ressaltar que a produção bibliográfica sobre o turismo em áreas

urbanas, e o turismo relacionado ao planejamento urbano, expressando as

idéias de uma cidade e de seu funcionamento, é bastante escassa.

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Ainda, os dados e informações sobre os temas turismo em

Curitiba e histórico do planejamento urbano em Curitiba, são encontrados

em diversas fontes, muitas vezes dispersas, depositadas em lugares não

regulares, que, em mudanças de governo podem resultar em perdas de

documentos e informações.

Outra limitação refere-se ao material de apoio à pesquisa

documental: as pesquisas de demanda turística da cidade, que sofreram

alterações metodológicas em quase todos os anos de sua realização, ou

ainda a sua não realização. Este fato permitiu que houvesse maior

dificuldade no levantamento de dados, impossibilitando algumas

importantes análises para o estudo da atividade turística em Curitiba.

Mesmo assim, esta pesquisa é significativamente relevante ao

meio acadêmico para os estudos da gestão urbana com a proposta

inovadora de analisar o turismo sob seu enfoque. Sabe-se que as pesquisas

em turismo precisam ser evidenciadas de forma multidisciplinar indicando

novas investigações para a construção de idéias que auxiliem no

desenvolvimento científico desta atividade.

As pesquisas acadêmicas sobre o Turismo, devem ser

incrementadas, além de estabelecer relações com as outras áreas,

transformando-se continuamente, superando-se, interferindo e modificando

o seu meio numa organização a partir de sua dimensão multidisciplinar, que

não é imposta cultural ou universalmente aos pesquisadores, mas reflete

suas escolhas, percepções, valores e ideais para esta atividade.

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Acredita-se que estas discussões possam contribuir para o

caminhar do novo Instituto Municipal de Turismo na elaboração da política

pública municipal de turismo, haja vista a importância de Curitiba no

contexto turístico estadual e nacional e a busca por um mercado

internacional que reflete os impactos econômicos positivos máximos do

turismo.

Sabe-se que o turismo por si não transforma uma cidade, no

entanto suas concepções aqui analisadas podem indicar possibilidades para

novas construções e reformulações que auxiliem na superação da falta de

base teórica e estruturação de dados, sendo estes um dos maiores

problemas para a pesquisa acadêmica na atividade turística.

Para a realização de novos trabalhos com base neste estudo

indica-se:

a) relacionar as intervenções urbanísticas citadas e

outras, relacionando suas influências no turismo por meio

de outros procedimentos metodológicos;

b) padronização das pesquisas do setor turístico e

adequação das mesmas ao perfil da cidade;

c) elaboração de sugestões para a composição da

política municipal de turismo;

d) análises complementares das pesquisas de

demanda turística utilizando os dados compilados neste

trabalho.

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e) considerar o histórico de Curitiba e seu

planejamento urbano apresentado para novas

considerações e sua conseqüência na política pública

de turismo no município.

Atualmente, o turismo representa uma das atividades que

apresenta maior prospecção para o futuro em vários locais, favorecendo,

além do desenvolvimento econômico, social e ambiental, e da preservação

de patrimônios naturais e culturais, o fortalecimento da imagem de uma

cidade de forma a sugerir conceitos para os turistas e visitantes.

Ainda vale ressaltar que o papel fundamental da gestão

urbana neste processo consiste no envolvimento e estímulo de órgãos

públicos e privados para que esta atividade aconteça sem prejudicar nem

agredir outras estruturas e a comunidade, pois o turismo, se trabalhado de

forma organizada e sustentável, não deve ser um fator negativo para a

localidade, mas um forte gerador de benefícios para cidade, localidade,

população e instituições públicas e privadas.

Este trabalho, por mais que tenha comentado as questões

consideradas essenciais para a discussão do tema proposto, muitas delas

continuam abertas. Deste modo, acredita-se que esta pesquisa é uma

contribuição que pode ser analisada, criticada e superada.

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SEBRAE-PR. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Turismo no mundo. Disponível em: <http://www.sebraepr.com.br//servlet/page?_pageid=875&_dad=portal30&_ schema=PORTAL30>. Acesso em: 11 mar. 2006. SILVA, M. G. L. Cidades turísticas: identidades e cenários de lazer. São Paulo: Aleph, 2004. SINDOTEL. Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba. Dados da hotelaria em Curitiba. Disponível: <http://www.sindotel-ctba.com.br> Acesso em: 20 ago 2005. SOUZA, M. L. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. SWARBROOKE, J. Turismo Sustentável São Paulo Aleph, 2000.

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ANEXO A

Principais ações e intervenções no planejamento urbano de Curitiba

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QUADRO - Principais ações e intervenções urbanísticas no planejamento urbanos de Curitiba

Ano

Ação/ Intervenção

1721

Primeira iniciativa de planejamento urbano – O Ouvidor Rafael Pires Pardinho, designado por Portugal, decidiu que as águas do Rio Ivo seriam usadas para beber e as águas do Rio Belém receberiam o esgoto da cidade. Também foi ele que definiu o arruamento da Praça Tiradentes, seguindo os moldes de urbanismo da península Ibérica, onde cada cidade tinha sua praça.

1858

Primeiro projeto de expansão da cidade - Inspirado no projeto feito pelo engenheiro francês Pierre Taulois, que sugeria a mudança da conformação circular da cidade e a desapropriação de áreas no centro para formar um novo traçado com ângulos retos, o engenheiro Frederico Hégreville foi autorizado pelo governo a realizar um projeto de expansão de Curitiba. Aos poucos, a cidade foi ganhando novas ruas com cruzamento regulares e passou a ter um desenho retangular, melhorando a circulação dentro da malha urbana.

1886

Passeio Público - a criação deste parque representou a primeira grande obra de saneamento de Curitiba. O local era um charco insalubre, deu lugar ao primeiro parque do estado do Paraná e também ao primeiro zoológico.

1941/43

Plano Agache - Encomendado pelo prefeito Rozaldo de Mello leitão e concebido pelo urbanista e arquiteto francês Alfredo Agache, é o primeiro plano de urbanização feito especialmente para a cidade de Curitiba. Sugere a adoção do sistema radial de vias, descongestionando o centro,e a organização da cidade por setores: Industrial, comercial, administrativo, educacional, desportivo e residencial. O Plano também prevê a ampliação da rede de água e esgoto, a criação de parques nos subúrbios e a formação de lagos artificiais para a prática de esportes, aproveitando as curvas dos rios. Apesar de bem detalhado, o Plano teve sua implantação limitada pela falta de recursos e acabou sendo abandonado. Mais de 20 anos após a sua criação, o Plano Agache acabaria por orientar a elaboração do Plano Diretor de Curitiba.

1943/46

Inicio da execução do plano Agache - Durante a administração da prefeito Alexandre Beltrão,a cidade começa a receber as obras de saneamento previstas no Plano Agache. Também é realizado o alargamento de vias importantes como a Rua XV de Novembro e o prolongamento da Avenida Marechal Floriano até o município de São José dos Pinhais, onde estava sendo construído o Aeroporto Afonso Pena. Nas administrações posteriores, o Plano Agache deixou outras marcas como as avenidas Visconde de Guarapuava, Sete de Setembro e Marechal Floriano, as galerias pluviais da Rua XV de Novembro, o recuo obrigatório de cinco metros para novas construções e a concentração de fábricas perto da antiga Estação Ferroviária, entre outros.

1954

Comissão de Planejamento de Curitiba - Durante a gestão do prefeito Ney Amintas de Barros Braga a cidade ganha o primeiro grupo técnico para rever o Plano Agache, modernizando-o e adaptando-o à realidade de Curitiba. Esta comissão dá origem ao Departamento de Urbanismo da Prefeitura Municipal e, no futuro, iria inspirar a formação de novas equipes técnicas para planejar o crescimento da cidade.

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continuação 1962

Eleição de Ivo Arzua para a Prefeitura - Eleito pelo voto direto, o engenheiro civil Ivo Arzua prepara a cidade para a grande transformação urbana. Ele foi o responsável pela criação do Plano Diretor de Curitiba e também pela criação do IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Essas ações foram fundamentais para o desenvolvimento harmônico e diferenciado da cidade.

1963

Criação da APPUC – Assessoria de Pesquisa e Planejamento de Curitiba - O prefeito Ivo Arzua cria a APPUC e, paralelamente, elege uma equipe multidisciplinar formada por arquitetos, engenheiros, sociólogos, economistas e especialistas de várias áreas. A proposta inicial de trabalho é rever o Plano Agache, que se tornou obsoleto, e retomar o planejamento urbano da cidade. A APPUC acaba por orientar a concorrência criada pela prefeitura para elaborar o projeto piloto do Plano Preliminar de Urbanismo.

1965

Plano Serete - A empresa paulista Serete, que havia vencido a concorrência pública para criar um projeto piloto, entrega à Prefeitura Municipal o Plano Preliminar de Urbanismo. À frente do projeto está o arquiteto Jorge Wilheim. O trabalho é acompanhado por uma comissão especial designada pelo prefeito Ivo Arzua e integrada por Jaime Lerner, Reinhold Stephanes, Jahyr Leal, Francisca Rischbieter, Domingos Bongestabs, Luiz Forte Netto, Lubomir Ficinski Dunin, Almir e Marlene Fernandes e Dulcia Auríquip, entre outras personalidades de destaque na cidade.

1965

Seminário “Curitiba de Amanhã”- O Plano Serete é levado ao debate com os mais variados segmentos da comunidade. Profissionais liberais, estudantes, jornalistas, associações de bairros, entidades assistenciais, associações cívicas, sociedades operárias beneficentes, sindicatos, professores e a população em geral. A cada encontro eram feitas críticas e sugestões ao Plano Serete. Como resultado dos debates democráticos surge o Plano Diretor de Curitiba.

1965

Criação do IPPUC - Para que o Plano Diretor da cidade possa ser implantado e tenha uma reavaliação constante a APPUC é transformada, através de lei, no IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. O IPPUC ganha um corpo técnico próprio e permanente que, ao longo dos anos, passa a gerar as soluções criativas que mudaram a feição, o desenvolvimento e o funcionamento da cidade. Pelo IPPUC passaram personalidades que tiveram papel de destaque na história de Curitiba como os prefeitos Jaime Lerner, Rafael Greca de Macedo e Cássio Taniguchi.

1966

Aprovação do Plano Diretor de Curitiba - Entregue à Câmara Municipal nos mês de maio, o Plano Diretor passa ainda por uma análise minuciosa e é avaliado em várias reuniões técnicas até obter a aprovação por parte dos vereadores. A partir desta data, o Plano Diretor de Curitiba passa a ser lei e está pronto para o processo de implantação.

1971

Jaime Lerner assume a prefeitura - O arquiteto Jaime Lerner assume pela primeira vez a Prefeitura de Curitiba, nomeado pelo governador Haroldo Leon Peres. Profundo conhecedor dos problemas da cidade, ele havia participado da elaboração do Plano Diretor e presidido o IPPUC. Ao colocar em prática as ações previstas pelo Plano, deu início às transformações urbanas que tornaram Curitiba diferente das demais cidades brasileiras.

continua

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continuação 1971

Inicio da transformação do Sistema Viário - Começam as obras para a formação dos Eixos Estruturais e implantação do Sistema Trinário. Os cinco Eixos Estrturais atravessaram a cidade no sentido Norte-Sul, Leste-Oeste e do centro em direção ao Boqueirão, o bairro mais populoso da cidade. Através desses eixos é incentivado o desenvolvimento linear de Curitiba. As vias estruturais também receberam o novo Sistema de Transporte Coletivo com os ônibus Expressos. Ao longo delas forma-se o Sistema Trinário composto por canaletas exclusivas para ônibus – ao centro – ladeadas por duas vias de tráfego lento e tendo, como paralelas, mais duas vias de tráfego rápido de mão única e que correm em sentidos opostos. O Sistema Viário e o Transporte Coletvo, associados a uma lei específica de Uso do Solo (Zoneamento) são elementos fundamentais para induzir e direcionar o crescimento da cidade.

1971

Teatro do Paiol - É a primeira ação de reciclagem de um espaço urbano e de valorização da cultura como fator fundamental no Planejamento Urbano de Curitiba. O antigo paiol de pólvora da cidade é transformado em um belíssimo teatro. A inauguração foi realizada com um show do poeta e compositor carioca Vinícius de Moraes.

1972

O primeiro calçadão do Brasil - A Rua XV de Novembro – uma via de tráfego normal – foi fechada para a passagem de veículos, marcando a nova mentalidade que privilegia o ser humano em lugar do automóvel. A obra foi executada durante um final de semana porque a prefeitura temia a reação dos comerciantes locais. Apesar dos protestos iniciais, o calçadão foi mantido e logo virou sucesso nacional, sendo imitado por outras cidades. Esta postura visionária contrariava a tendência evidenciada nos grandes centros brasileiros, cuja transformação do modelo urbano, em função do trânsito, afetava negativamente a vida dos cidadãos.

1972

Criação dos parques: Barigui, Barreirinha e São Lourenço - Os parques Barigüi, São Lourenço e da Barreirinha são criados numa ação inovadora que congrega preservação ambiental, saneamento e lazer. Os lagos artificiais do Barigüi e do São Lourenço ajudam a regular a vazão da água das chuvas. E os bosques de mata nativa, por sua vez, formam áreas naturais de inundação. Esses fatores conjugados acabaram com as enchentes nessas regiões da cidade. Nas duas décadas seguintes, foram sendo criados novos parques e bosques que culminaram com a marca de 52 metros quadrados de área verde por habitante, mais do que o dobro recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

1973

Fundação Cultural de Curitiba - Com as atribuições previstas no Plano Diretor, a Fundação Cultural de Curitiba passou a ser responsável pela política cultural e de lazer do município, tendo como objetivos o desenvolvimento das artes, o estímulo as atividades criativas que envolvam a comunidade, a descentralização cultural, o resgate das tradições e a preservação e documentação da história da cidade. A Fundação teve um papel fundamental na transformação cultural que Curitiba viria a sofrer nos anos seguintes.

1973

Setor Histórico de Curitiba - Para preservar o acervo arquitetônico antigo de Curitiba foi criado um eixo histórico, com o tombamento de toda uma área central da cidade – conhecida como Largo da Ordem – e de algumas edificações isoladas. Logo o Setor Histórico transformou-se num dos cartões-postais da cidade além de tornar-se um importante eixo de animação cultural.

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134continuação 1974

Ônibus Expresso - Inaugurado na presença do Presidente Ernesto Geisel, o novo Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba revoluciona os padrões da época. As linhas de ônibus Expresso circulam em canaletas exclusivas e os veículos tem design especial. O Expresso associa maior capacidade de transporte com velocidade, conforto e segurança. Forma-se a espinha dorsal de um novo conceito de transporte de massa que, mais tarde, daria origem à RIT – Rede Integrada de Transporte. O sistema se completa com detalhes inteligentes e funcionais como as cores diferenciadas para identificar cada tipo de linha. No início, o sistema Expresso foi projetado para transportar algo em torno de 30 mil passageiros por dia.

1975

Cidade Industrial de Curitiba - A CIC é criada para mudar o perfil econômico de Curitiba. Até então a cidade era reduto de funcionários públicos e atraía apenas estudantes universitários que ocupavam o espaço urbano de forma sazonal, gerando pouca riqueza. Condenado à estagnação, o município reage criando o primeiro pólo industrial do País no meio de uma área verde, com infra-estrutura própria e uma série de atrativos para as empresas. Vinte anos mais tarde, a Cidade Industrial de Curitiba reúne cerca de 500 empresas e gera 150 mil empregos diretos e 50 mil indiretos.

1975

Proteção dos Leitos naturais dos rios - É criada uma legislação especial para proteger as áreas de entorno dos leitos dos rios que funcionam como sistemas de drenagem natural da água das chuvas. Esta ação permitiu a criação de vários novos parques ao longo de rios, como o Parque Regional do Iguaçu, Tingüi e Tanguá, protegendo novas áreas verdes.

1977

Rede de Ciclovias - Começa a implantação de Rede de Ciclovias que liga vários parques, bosques e outras áreas da cidade, formando uma malha de 100 quilômetros. As vias especiais para bicicletas são utilizadas principalmente para o lazer.

1979

Rede Integrada de Transportes - O Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba passa a funcionar de forma integrada, permitindo que o usuário pague apenas uma passagem e utilize quantas linhas de ônibus desejar. Isto foi possível graças aos Terminais de Integração, para onde convergem os ônibus Expresso, Interbairros e Alimentadores. A medida inovadora torna Curitiba conhecida internacionalmente.

1980

Bosque do Papa - O Bosque João Paulo II, com seu Memorial Polonês, é o primeiro de uma série de bosques e praças criados em homenagem aos imigrantes que ajudaram a formar a comunidade curitibana. A ação marca o início formal da valorização das etnias, num processo de reavaliação cultural que levaria muitos anos e viria de consolidar na década de 90, quando a população cria total identidade com os grupos de imigrantes e seus descendentes. Esta característica – de mistura das raças – acaba por se transformar em mais um atrativo turístico da cidade gerando festivais folclóricos, festas típicas, postais, locais temáticos e que culmina com o lançamento da linha turística Volta ao Mundo. Curitiba passa também a vender a imagem de “terra de todas as gentes”.

1981

A Casa da Memória - A Casa da Memória foi criada com o propósito de reunir, preservar, valorizar e divulgar o acervo histórico e o patrimônio cultural da cidade, dando prosseguimento ao projeto iniciado com a criação da Fundação Cultural de Curitiba. São mais de 80 mil volumes entre livros, revistas, plantas, mapas, projetos, depoimentos gravados, recortes de jornais, fitas de vídeo e 17 mil imagens fotográficas em papel ou slide. A Casa da Memória também faz pesquisas de teor histórico, cultural, social e antropológico da cidade. Os trabalhos são divulgados através de publicações especiais.

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135 continuação 1989

O Programa Lixo que não é lixo - O revolucionário programa de reaproveitamento do lixo não degradável conquistou a adesão da comunidade que passou a separar o papel, papelão, vidro, plástico e latas do material orgânico. A coleta é feita em caminhões especiais da prefeitura ou pelos catadores de papel que, desta forma, aumentam a renda familiar. O programa que garante o recolhimento mensal de 900 toneladas de lixo reciclável e evita a derrubada de 1500 árvores a cada dia, foi premiada pela Organização das Nações Unidas em 1992.

1989

Programa Compra do lixo - Nas áreas de difícil acesso para realizar a coleta seletiva do lixo, a Prefeitura Municipal começou a comprar material reciclável das comunidades carentes usando o vale-transporte como moeda. Associado ao Lixo que não é Lixo, este programa também foi premiado pela ONU em 1992.

1989/1990

Programa Câmbio Verde - Dando prosseguimento aos programas ambientais, a Prefeitura Municipal inicia a troca do lixo reciclável por cadernos escolares, frutas, legumes e verduras. Mais tarde o lixo não degradável também passou a ser trocado por doces e brinquedos durante as festividades de páscoa e natal. O Câmbio Verde beneficia mais de 20 mil famílias que vivem na periferia da cidade

1991

Linha do Oficio - Ônibus com vida útil vencida são reciclados e transformados em salas de aulas móveis, dando origem á linha do ofício. Os veículos transportam os instrutores até os bairros mais afastados da cidade onde as pessoas necessitam de cursos profissionalizantes para conseguir emprego. São mais de 70 opções de cursos que formam milhares de pessoas a cada ano. Um grupo formado por assistentes sociais , pedagogos, sociólogos e psicólogos prepara os alunos para enfrentar o mercado de trabalho e o novo convívio social. O projeto ajuda a preparar parte da mão-de-obra desqualificada que tem origem na migração rural.

1991

Rede de Ônibus Ligeirinho - A rede de linhas diretas- apelidadas de ligeirinho – é criada para evitar a saturação do sistema de transporte coletivo de Curitiba. Operando como um metrô de superfície, o ligeirinho trafega numa velocidade superior aos veículos das demais linhas e tem capacidade para 100 pessoas. O embarque em nível, através de plataformas móveis , acontece nas estações-tubo onde a passagem é paga antecipadamente. A conjugação destes fatores garante o transporte de um número maior de pessoas em menos tempo, proporcionando conforto, agilidade e segurança para usuário. Com a implantação do ligeirinho, 28% dos proprietários de veículos de Curitiba passaram a utilizar o transporte coletivo durante a semana, deixando os carros na garagem. O ligeirinho também passa a fazer parte da RIT- rede integradas de transporte.

1991

Rua 24 horas - Outra inovação curitibana , a rua 24 horas foi criada para revitalizar o centro da cidade , aumentando a circulação de pessoas . Isto acabou com os constantes atos de vandalismo e tornou a região mais segura. Em apenas 120 metros de extensão, há dezenas de lojas que oferecem os mais variados produtos e serviços e não fecham nunca. Coberta com arcos metálicos e vidro temperado, a rua exclusiva para pedestres possui o desing que caracteriza a Curitiba moderna e transformou-se num dos principais pontos turísticos da cidade.

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continuação 1992

Universidade Livre do Meio Ambiente - Inaugurada na presença do oceanógrafo francês Jacques Cousteau, a universidade livre do meio ambiente é a única do gênero em todo o mundo . Aberta a todos os cidadãos, independente do nível de escolaridade , divulga os conhecimentos sobre manejo e preservação ambiental, visando melhorar a qualidade de vida das comunidades urbanas e rurais. Exemplo de recuperação e reciclagem do espaço urbano, foi construída numa pedreira abandonada e virou atração turística.

1992

Ônibus Biarticulados - Projetados especialmente para operar no sistema de transporte coletivo de Curitiba, os biarticulados possuem duas sanfonas que ligam três carrocerias, tornando os ônibus fisicamente maleáveis para fazer curvas e trafegar nas canaletas exclusivas com segurança. Cada veículo transporta mais de 200 passageiros de uma só vez, tornando todo o sistema mais ágil e rápido. Os biarticulados também reduzem o número de veículos comuns em circulação.

1992

Lombadas Eletrônicas - Equipamento inédito no país, o redutor de velocidade garante a segurança dos pedestres de uma forma inteligente: um sensor registra a velocidade dos veículos e fotografa aqueles que ultrapassam os limites permitidos, ao mesmo tempo em que aciona um alarme sonoro. A multa é entregue pelo correio na residência do proprietário do veículo.

1994

Faróis do Saber - O farol do saber Machado de Assis é o primeiro de uma série de 25 bibliotecas especiais inauguradas até o final de 1996. Inspirados no farol e na biblioteca da cidade egípcia de Alexandria, os faróis do saber são construídos juntos ás escolas públicas para atender os estudantes e toda a comunidade do bairro. Cada biblioteca possui de três a cinco mil volumes. Com uma concepção arquitetônica exclusiva e pintada em cores vibrantes, os faróis do saber se transformaram em pontos turísticos.

1995

Ruas da Cidadania - A rua da cidadania do boqueirão é a primeira de uma série que visa à descentralização dos serviços públicos e a melhoria da qualidade de vida do cidadão que mora nos bairros mais afastados. Construída junto ao terminal de ônibus, possui lojas que oferecem os mais variados produtos e serviços , além de cinemas, áreas especiais para esporte e lazer e , ainda, postos avançados da prefeitura. Feita em metal e pintada com cores vivas, a rua da cidadania do boqueirão logo virou marca registrada de Curitiba. Posteriormente, a cidade ganhou mais cinco ruas da cidadania.

1995

Conferência Mundial das Nações Unidas para o Habitat - Considerada um exemplo mundial urbano que utiliza tecnologias próprias e de baixo custo, Curitiba é eleita para sediar o dia mundial do Habitat. As comemorações são realizadas na Rua da Cidadania do Boqueirão, na presença de representantes da organização das Nações Unidas e de países de todo o mundo.

1995

Farol das Cidades - Primeiro do gênero no Brasil, o Farol das cidades é uma biblioteca especial, equipada com modernos computadores multimídia, videocassetes, um totem para auto-consulta, livros técnicos sobre informática e planejamento urbano , cd-rom`s e documentários. Um canal de acesso á internet, aberto a todos os cidadãos, constitui o primeiro terminal público do País. Por mês são realizadas mais de 1300 consultas.

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continuação 1996

Rede Integrada de Transporte Metropolitano - O sistema de transporte coletivo de Curitiba chega primeiro á cidade de Almirante Tamandaré e depois atinge também os municípios da Araucárias , Colombo , Pinhais e São José dos Pinhais , beneficiando 177 mil novos usuários . A integração do transporte coletivo com a região Metropolitana também melhorou o trânsito no centro de Curitiba , retirando de circulação muitos veículos que antes transportavam os moradores das cidades vizinhas. O sistema, que já possui 20 terminais de Integração, realiza 14 mil viagens por dia transportando 1,8 milhões de pessoas.

Fonte: Autora, adaptado PMC (1997).

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ANEXO B

Hotéis e flats em Curitiba

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ANEXO C

Mapa dos Parques e Praças da cidade de Curitiba

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