A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS...

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JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Corumbá-MS 2014

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JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS

ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá-MS

2014

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS

ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

Corumbá-MS

Julho-2014

JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS

ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

Monografia apresentada como requisito parcial

para conclusão do Curso de Educação Física para

obtenção do Título de Licenciado em Educação

Física.

Orientador: Prof. Me. Carlo Henrique Golin.

Corumbá-MS

2014

“Que uma nova era comece!"

Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, que iluminou meu caminho e me deu forças nessa longa

jornada, ao meu pai Jorge Sambrana, minha mãe Darci Gonçalves, aos meus irmãos, aos

meus familiares e amigos que sempre estiveram presentes e me ajudaram.

Ao meu clube e aos meus amigos do Corumbá Rugby Clube, que sem a participação ativa

deles essa pesquisa provavelmente não teria resultados.

Em especial, ao meu orientador que não deixou de acreditar na minha capacidade, e que

colaborou ativamente em relação ao meu aprendizado.

A todos, o meu muito Obrigado!

RESUMO

Esta pesquisa apresenta como tema principal a introdução da prática esportiva do Rugby

(via Tag Rugby) nas aulas de Educação Física. Discute-se, ainda, de que forma os

acadêmicos estão sendo preparados para encarar mudanças nas aulas de Educação Física,

variando o foco das atividades consideradas ‘tradicionais’ (futebol, handebol, voleibol ou

basquete) para implantação de outras alternativas no conteúdos esportivos a serem

desenvolvidos no âmbito escolar. A partir disso, este trabalho tem como objetivo,

apresentar o jogo de Tag Rugby como uma alternativa para as aulas de Educação Física,

possibilitando aos educadores uma nova perspectiva em relação aos aspectos sociais,

motores e históricos sobre o ensino de mais um esporte coletivo, nesse caso a introdução do

Rugby na escola. Esta pesquisa visa fornecer argumentos aos professores, observando os

discursos dos acadêmicos do curso de Educação Física (CPAN/UFMS), sobre o Tag Rugby

como alternativa de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física. Partindo

para uma análise geral, podemos deduzir, considerando os referenciais e os dados

empíricos, que o jogo de Tag Rugby pode ser uma opção interessante para ser desenvolvido

no âmbito escolar, sobretudo diferenciando dos esportes coletivos "tradicionais".

Palavras-Chave: Rugby; Tag Rugby; Educação Física.

ABSTRACT

This research has as its main theme the introduction of sports practice Rugby (via Tag

Rugby) in Physical Education classes. Furthermore, it discusses how academics are being

prepared to face changes in the physical education classes, ranging activities considered

'traditional' (football, handball, volleyball or basketball) for the implementation of other

alternative sports in the contents to be developed in schools. From this, this paper aims to

present the game of Tag Rugby as an alternative to physical education classes, enabling

educators a new perspective on the social, historical and engines on teaching more a team

sport aspects, in this case the introduction of school rugby. This research aims to provide

arguments to teachers, in the speech of students of Physical Education (CPAN / UFMS) on

the Tag Rugby as alternative content to be developed in physical education classes. Leaving

for a general analysis, we can deduce, considering the benchmarks and empirical data, that

the game of Tag Rugby can be an interesting option to be developed in school,

distinguishing between the "traditional" team sports.

Keywords: Rugby; Tag Rugby; Physical education.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 ................................................................................................................ 31

Gráfico 02 ................................................................................................................ 32

Gráfico 03.................................................................................................................. 33

Gráfico 04 ................................................................................................................. 34

Gráfico 05 ................................................................................................................. 36

Gráfico 06 ................................................................................................................. 37

Gráfico 07 ................................................................................................................. 39

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2. A ORIGEM DO RUGBY ENQUANTO ESPORTE .......................................... 13

2.1 INTRODUÇÃO DO RUGBY NO BRASIL .........................................................15

2.2 A INSERÇÃO DO RUGBY EM MATO GROSSO DO SUL ..............................18

3. TAG RUGBY ............................................................................................................22

3.1 OBJETIVO E FUNDAMENTOS DO TAG ........................................................... 23

3.2 REGRAS DO TAG RUGBY .................................................................................. 23

3.3 KIT E ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTO DO TAG .................................. 24

3.3.1 COMPARATIVO GERAL ENTRE RUGBY X TAG ........................................ 25

3.3.2 O TAG E AS DEMAIS VARIAÇÕES DO RUGBY .......................................... 26

3.4. O TAG COMO PROPOSTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............... 27

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 30

5. RESULTADOS ........................................................................................................ 31

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 42

APÊNDICE .................................................................................................................. 45

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ................................................... 46

11

1. INTRODUÇÃO

A elaboração deste trabalho visa ressaltar a importância de outra modalidade

esportiva, como, por exemplo, o Rugby. Podemos considerar que esse esporte é

diferente de outras atividades ‘tradicionais’1 que os professores cotidianamente fazem

nas aulas de Educação Física.

Acreditamos que no contexto escolar a introdução desse esporte, via o jogo de

Tag Rugby, na qual entra como uma opção didática a ser ministrada na escola, pode ser

uma grande ferramenta educacional. Assim, esta pesquisa tem como intuito investigar,

esclarecer e desmistificar uma modalidade esportiva (o Rugby) que por vezes é pouco

acessível e descriminada, mesmo sendo rica do ponto de vista pedagógico.

Historicamente o Rugby surge na Inglaterra como um esporte coletivo de intenso

contato físico. Hoje é considerado mundialmente o segundo esporte coletivo mais

praticado e mais assistido nos países europeus e nas ex-colônias britânicas, bem como

tem o terceiro maior evento esportivo, atrás apenas da Copa do Mundo de Futebol e as

Olimpíadas.

No Brasil, o Rugby chegou ao final século XIX e princípio do século XX, onde a

disseminação do futebol era dominante. Entretanto, a dispersão do Rugby entre as elites

locais não ficou muito distante daquela apresentada pelo futebol. Tanto que o primeiro

time de Rugby, o São Paulo Athletic Club, foi idealizado por Charles Miller, o mesmo

que organizou o primeiro time de futebol do Brasil. Entretanto, a equipe foi

descontinuada em 1896, quando Miller passou a se dedicar apenas ao futebol

(OLIVEIRA, 2004).

A Confederação Brasileira de Rugby é o órgão que incentiva os diversos projetos

relacionados à este desporto. Assim, uma de suas ações é o apoio a projetos de Tag

Rugby, desenvolvidos pelos clubes em escolas ou organizações, por exemplo. O Tag

Rugby é um jogo de iniciação ao Rugby, e tem como suas principal característica, a

ausência do contato físico. As equipes do Tag Rugby são constituídas tanto por meninas

quanto por meninos, o que promove integração entre os participantes, além de não

possuir nenhum critério físico para a sua prática esportiva. Pode ser praticado mesmo

1 As atividades tradicionais aqui expostas, se referem as modalidade como futebol, handebol, voleibol ou

basquete, que são consideradas as aplicadas rotineiramente nas aulas de Educação Física.

12

em espaços reduzidos, quadras, entre outros, locais que encontramos na realidade das

escolas brasileiras.

Considerando essas informações sobre a temática e sua relação com a Educação

Física escolar, questionamos como os futuros professores do curso de Educação Física

do Campus do Pantanal (CPAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(UFMS) verificam a possibilidade do Rugby (via o jogo de Tag Rugby) como conteúdo

diversificado para as aulas de Educação Física na escola?

Assim, nossos objetivos foram: fazer levantamento histórico sobre o surgimento

do Rugby como esporte, focando de maneira especial sobre o seu desenvolvimento no

Brasil e a sua chegada no estado de Mato Grosso do Sul; realizamos um levantamento

na literatura sobre o jogo Tag Rugby como uma possibilidade a ser desenvolvida nas

aulas de Educação Física; verificamos entre os universitários do curso de Educação

Física (CPAN-UFMS) se têm algum conhecimento históricos sobre o Rugby, bem como

se observam a possibilidade de aplicação desse esporte ou do jogo Tag Rugby na

escola; identificamos alguns motivos pelo qual a maioria dos professores, optam em

desenvolver nas aulas de Educação Física cotidianamente os jogos coletivos

‘tradicionais’.

Para tanto, apresentamos na primeira seção desse trabalho a origem do esporte

Rugby, desde os seus primórdios na história, desmistificando os seus mitos em relação a

criação do jogo, descrevendo sobre o seu início no Brasil, assim como a sua inserção no

Estado de Mato Grosso do Sul.

Na segunda seção, destacamos o jogo de Tag Rugby, suas regras, suas

variações, fundamentos, análises comparativas, objetivos e a sua utilização como

proposta pedagógica a ser aplicada nas aulas de Educação Física.

Por fim, descrevemos a metodologia de pesquisa empregada, apresentando e

discutindo os resultados obtidos durante a pesquisa de campo com os acadêmicos do

curso de Educação Física (CPAN-UFMS).

Desta forma, esperamos que este trabalho contribua para uma melhor

compreensão sobre a prática dessa modalidade no contexto escolar, sobretudo

desmistificando a sua inserção na escola.

13

2. A ORIGEM DO RUGBY ENQUANTO ESPORTE

Há algumas contradições à respeito da origem do Rugby no mundo. Alguns

historiadores afirmam que se originou durante a uma partida de football2 realizada em

1823, na Rugby School3. Onde, um londrino chamado William Webb Ellis, entediado

com a monotonia do football, teria agarrado a bola em seus braços e, desrespeitando as

regras do jogo vigentes da região, que não permitia que a bola fosse segurada com as

mãos, avançou rumo ao campo adversário, enquanto os oponentes tentavam segurá-lo

para impedir a sua progressão (COLLINS, 2009).

A Rugby School é apontada como referência de marco importante para a

promoção do Rugby, pois além de se situar na Cidade de Rugby4, abordava uma

metodologia de ensino diferente das outras escolas públicas daquela época.

Acreditavam na possibilidade do esporte como uma maneira formativa na construção do

indivíduo, o ser social. Tinham pra si, ideais de que um aluno aprendia melhor dentro da

escola, praticando algo mais produtivo, do que se ficasse mundo afora, rodeado de

vícios e bebidas (CENAMO,2010).

[...] O esporte é o grande desafio do ser humano. O esporte

ajuda a moldar a personalidade e o caráter, dando lhes mais

força. O esporte ensina que não existem super-homens, mas

apenas humanos. O esporte é uma constante lição de vida. O

esporte é entretenimento. O esporte é lazer. O esporte é

recuperação. O esporte é cultura (DUARTE, 2003, p. 11).

Cenamo (2010) relata que apesar das controvérsias sobre o início desse esporte,

muitas pessoas já o praticavam retendo a bola durante a corrida, de forma ainda

rudimentar, como nas cidades da Escócia e no Leste Europeu. Mesmo antes mesmo de

Ellis ter nascido. Naquele tempo, as regras do football já eram diferentes. Assim, não é

correto dar somente créditos ao jogador Ellis pela ousadia que durante a uma partida de

football, ele ter pego a bola nas mãos e sair correndo atravessando o campo adversário e

ter originado o Rugby.

2 O football é o jogo de bola com os pés, presente nesse texto como um tipo de código do esporte.

3 A Rugby School, uma escola pública situada em uma cidade chamada Rugby, na Inglaterra fundada em

1567. 4 A cidade de Rugby situada na Inglaterra.

14

Cenamo (2010) menciona que antes mesmo de existir o Rugby propriamente, já

existiam outros jogos com bola nos quais permitiam contato físico. Como o jogo grego

“harpastum”, e o “cálcio”, de origem italiana. Ambos com a mesma característica de

jogo, no qual os atletas que o praticavam, levavam a bola de uma extremidade do campo

a outra, derrubando os seus oponentes. Relatos históricos, que foram essenciais para a

difusão do Rugby.

Atualmente, quando se remete a modalidade esportiva Rugby, muitos leigos se

assustam e interpretam mal o respectivo esporte. Como algo violento por natureza,

devido ao fato do jogo permitir o contato físico e ocasiona muitas quedas, ocorrências

comuns e semelhantes em outros esportes de contato corporal.

Qualquer esporte que implique contato físico possui perigos

implícitos. É muito importante que os jogadores joguem a

partida de acordo com as Leis do Jogo e estejam atentos a sua

própria segurança e a dos outros. É responsabilidade daqueles

que treinam ou ensinem o jogo assegurar que os jogadores

estejam preparados de modo que seja garantido o cumprimento

das Leis de Jogo e de acordo a práticas seguras. (LEYES DEL

JUEGO DE RUGBY, 2004, p.4 - tradução nossa).

Cenamo (2010) aponta que no ano de 1860, algumas das escolas na Inglaterra,

como, Escócia, Irlanda, entre outras, passaram a adotar as regras da Rugby School.

Tendo como objetivo, de possibilitar a realização de jogos esportivos entre as demais

escolas públicas na época, e que com o passar dos tempos, os alunos que se formavam

nessas escolas, também pudessem continuar com a prática esportiva. E com a saída

destes, passariam a fundar clubes para que houvesse continuidade do esporte.

Trazendo um pouco da história da formação do Rugby, citamos a Escócia, a

Irlanda e País de Gales, como entidades na época, sendo as principais federações. E

destas, tornaram-se a “International Board”. Estas, sendo responsáveis pela

regulamentação e desenvolvimento do esporte. O Rugby Football Union foi fundado em

janeiro de 1871, sendo a mais antiga do mundo. Fora responsável pela padronização das

regras do jogo, da organização de campeonatos e da promoção do esporte Rugby

(CENAMO,2010).

Cenamo (2010) cita que o desentendimento entre alguns clubes da Inglaterra,

gerou modificação na formação do Rugby. Anos mais tarde, passou a ser nomeada

15

como Rugby Football League. Assim, tornando-se o Rugby Union5 e o Rugby League

6,

dois esportes oriundos do football, sendo como código nomeado de Rugby.

Collins (2009) fomenta que em 1895, com o crescimento do esporte ocorreram

vários atritos, levando à discussão sobre a liberalização ou não do profissionalismo, isto

porque de acordo com a ideologia na época, o intuito financeiro desvirtuaria os ideais

do esporte e, por isso, era motivo de conflitos.

O Rugby com o passar dos anos demonstrou ter passado por várias modificações.

Tanto pelo lado histórico, quanto ao aspecto como modalidade esportiva, oriunda de

outras modalidades do football. Desde o início de sua história, o Rugby tem se mostrado

como um esporte moldado por valores e tradições. Por ser um esporte de intenso

contato, há um código de conduta muito rígido que deve ser respeitado por todos os

envolvidos, tanto para os atletas, como também para os espectadores. A base deste

código são os valores do Rugby: respeito, união, lealdade, humildade e disciplina

(AGUIAR, 2011).

2.1 INTRODUÇÃO DO RUGBY NO BRASIL

Cenamo (2010) salienta que um dos fatores mais importantes para a difusão do

Rugby naquela época, foram os intercâmbios estudantis dos imigrantes britânicos nas

terras brasileiras, onde eles traziam consigo um pouco da cultura do football.

Oliveira (2004) relata que o primeiro clube de esportes fundado no Brasil, na

cidade do Rio de Janeiro, foi em 1875, e era conhecido como o Paissandu Crickect

Clube. Ainda na cidade do Rio de Janeiro, em 1891, o Clube Brasileiro de Futebol

Rugby, foi o primeiro clube a desenvolver as atividades do Rugby, tendo como seu

pioneiro, o jovem brasileiro que havia recém chegado da Inglaterra, o Luiz Leonel

Moura, onde lá havia tido contato com o Rugby e o com o futebol, e suas principais

diferenças, foi devido a sua iniciativa que o Rugby foi inserido, e que logo encontrou

outros adeptos desta modalidade.

5 O Rugby Union podia ser disputado na modalidade XV- que significa ter 15 (quinze) jogadores para

cada equipe, com 02 (dois) tempos de 40 (quarenta) minutos jogados, e 15 (quinze) minutos de intervalo.

Ou na modalidade Sevens, com divisão de 2(duas) equipes com 07(sete) jogadores pra cada lado, em 2

(dois) tempos de 07 (sete) minutos. 6 O Rugby League surgiu das variações do Rugby Union, jogado 2 (duas) equipes com13 (treze) atletas

pra cada lado com mesmo indício de tempo, sendo 10 (dez) minutos de intervalo.

16

Outro fato histórico interessante sobre a chegada do Rugby em terras brasileiras,

foi no ano de 1896 quando um professor do Mackenzie College, chamado Augusto

Shaw que voltava dos Estados Unidos, que começou a fazer propaganda e desenvolver o

esporte no país (OLIVEIRA,2004).

Perasso (2009) menciona que o Rugby no Brasil, decorreu por volta do século

XIX, ganhando inúmeros apoiantes, local onde fundou-se a primeira União do

continente, no ano de 1899, nomeada de “River Plate Rugby Football Union”.

Oliveira (2004) cita que Charles Miller7 além de ter tido grande influência no

ramo futebolístico, e ser consagrado como um ótimo tenista e jogador de críquete,

também foi um bom jogador de Rugby, onde organizou o primeiro time de Rugby de

São Paulo, sendo nomeado como: São Paulo Atlético Club, o famoso SPAC8, contudo,

somente a partir de 1925 com o surgimento de novas equipes que o Rugby começou a

ser praticado com regularidade.

Em maio de 1926, foi concretizado uma série de jogos interestaduais com novas

equipes de Rugby da cidade de Santos e do Rio de Janeiro. A maioria dos jogadores,

eram membros da colônia inglesa, outros, eram sírio-libaneses que haviam morado na

Inglaterra e tiveram retorno para o Brasil. Além dos amistosos entre os cariocas e os

paulistas, no período entre 1926 e 1940, realizou-se uma etapa internacional, contra os

Springboks9 em 1932. Entre os anos de 1941 a 1946, a partir da Segunda Guerra

Mundial, muito dos ingleses que praticavam o Rugby, e que moravam no Brasil,

tiveram que voltar para a Europa pra defender o Exército Britânico, assim

descontinuando o Rugby nesse período (OLIVEIRA,2004).

Oliveira (2004) ressalta que o maior marco do crescimento do Rugby no Brasil,

foi durante a década de 60. Os jogadores que eram sócios do São Paulo Athletic,

passaram a jogar representando o clube, e formaram o Aliança Rugby Football Clube.

Este, era constituído por jogadores, sendo a maioria deles, ingleses, franceses,

argentinos e alguns brasileiros. No ano de 1961, o esporte conseguiu mais adeptos, com

membros da colônia japonesa, o São Paulo Football Clube.

O autor acima, enfatiza que no ano de 1963, a partir da ideia de Harry

Donovan, foi fundada a União de Rugby do Brasil, entidade criada com a intenção de

direcionar a modalidade no país, situada em São Paulo. Em 1964, patrocinou

7 Charles Miller considerado um dos mais renomados personagem no esporte brasileiro, conhecido

também como o pai do futebol brasileiro. 8 SPAC – Atualmente é considerado o clube que mais possui títulos de campeonatos de Rugby.

9 Springboks é como chamamos o time de Rugby da África do Sul.

17

Campeonato Sul Americano de Rugby, e inaugurou o novo campo do SPAC, agora,

localizado em Santo Amaro- SP. O torneio serviu como incentivo a formação de

equipes juvenis, tais como - São Paulo Athletic, Colégio Liceu Pasteur e Bertioga

Rugby Clube.

Segundo este mesmo autor, no ano de 1966, que realizou-se o primeiro jogo

entre as equipes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Escola de

Engenharia da Universidade Mackenzie. Mas, no ano de 1971, que começaram a

desenvolver equipes infanto-juvenis em São Paulo, considera-se o SPAC, o time mais

antigo. Em dezembro de 1972, substituindo a União de Rugby do Brasil, foi fundada a

Associação Brasileira de Rugby-ABR, sendo reconhecida pelo então existente Conselho

Nacional de Desportos-CND.

No final da década de 80, outras equipes foram formadas, inclusive as equipes

femininas, mas só no ano de 1990 que puderam realizar-se por completo, ou seja,

jogando. Nos seguintes anos 2000 a 2003, houveram grandes realizações do Rugby no

Brasil, como - a seleção brasileira de Rugby, ter vencido o Torneio Sul Americano

CONSUR B - classificatório do Rugby World Cup (OLIVEIRA, 2004).

Em 2004, a Seleção Brasileira Feminina de Sevens disputou o primeiro

Campeonato Sul-Americano da categoria, onde consagraram-se campeãs. Desde então,

o campeonato é disputado anualmente, e o Brasil conquistou todos os títulos disputados.

Em 2009, foi formada pela primeira vez a Seleção Feminina de XV, que disputou um

amistoso contra a Holanda, sendo derrotada por 10 x 0. No mesmo ano, a Seleção

Feminina de Sevens disputou a Copa do Mundo de Rugby Sevens, em Dubai,

alcançando o 10º lugar do ranking.

Com a inclusão do Rugby nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, a

ABR, foi transformada em Confederação Brasileira de Rugby (CBRu)10

. A

Confederação Brasileira de Rugby é o órgão que incentiva os diversos projetos

relacionados à este desporto, onde o Rugby será novamente incluso no programa, em

sua modalidade Seven-a-side11

. Uma de suas ações é o apoio a projetos de Tag Rugby,

desenvolvidos pelos clubes de Rugby em escolas ou organizações sem fins lucrativos,

com intuito da promoção do esporte.

10

A Confederação Brasileira de Rugby – CBRu, atua como uma entidade para a promoção do esporte em

todo território nacional. 11

Seven-a-side, considerada como uma das modalidades do Rugby, jogado por 7 (sete) atletas em campo.

18

Os atuais participantes do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão são

clubes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais,

gerando um total de oito clubes. Os Estados que possuem equipes, mas não participam

do Campeonato Brasileiro são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Distrito

Federal, Rio Grande do Sul e Tocantins (11 equipes em 2003) (OLIVEIRA,2004).

No mundo do Rugby, há a tradição de cada país ser conhecido por um símbolo

que lhe caracteriza. No caso a seleção brasileira, o símbolos utilizado é a imagem do

Tupi, ou chamados por Tupiniquins, sendo uma associação simbólica, como um

conjunto de povos com ligações históricas e culturais entre si (RAMALHO, 2012).

De acordo com a CBRu, o Rugby é visto como um dos esportes o qual a

demanda de popularidade é inferior comparada ao futebol, e a outras modalidades

esportivas como, voleibol, lutas, basquete ou handebol. Porém tem obtido um

considerável crescimento desde a década de 1990, somando em 2012 mais de 30 mil

praticantes, mais de 10 mil federados e 230 clubes no país. Sua popularidade é maior

nos países europeus e nas ex-colônias britânicas, onde frequentemente é apontado como

o esporte mais praticado e mais assistido.

Na televisão o Rugby ainda é transmitido apenas em TV por assinatura. A

primeira transmissão televisionada de Rugby no Brasil foi na Copa do Mundo de Rugby

de 1999. A Copa do Mundo de Rugby de 2003 foi a primeira a ser apresentada com

jogos ao vivo, graças ao esforço da própria ABR (na época) que pediu para

a Internacional Rugby Board mandar o sinal de graça para o Brasil.

2.2 A INSERÇÃO DO RUGBY EM MATO GROSSO DO SUL

Para o público brasileiro, o Rugby ainda não é um esporte tão difundido. Em

pesquisa realizada pela empresa Deloitte (2011), o Rugby aparece na 16º colocação

entre os esportes preferidos das pessoas entrevistadas, à frente de esportes bem mais

tradicionais como o boxe, por exemplo.

Como em outros estados, há um crescente interesse a respeito do Rugby no Mato

Grosso do Sul. A equipe de Campo Grande Rugby Clube, por exemplo, conquistou o

vice-campeonato da Copa Brasil Central de Rugby 15 em 2010, em jogo disputado

contra o time de Goiânia. Outras cidades, como Corumbá, Dourados, Bela Vista,

19

Itaporã, Jardim, São Gabriel do Oeste, Ponta Porã, Maracajú e Três Lagoas também

possuem times de Rugby.

O Dourados Rugby Clube, por exemplo, além das equipes masculina e feminina

de Sevens, possui uma equipe de XV, bem como o Campo Grande Rugby Clube.

O Clube de Itaporã, na cidade de Itaporã, foi fundado em 6 de julho de 2011,

criado por Antônio Jorge Filho e seu amigo chamado Matheus Muraro. Segundo o

Antônio (informação verbal),12

relata que de início começaram a treinar por brincadeira,

após um período de tempo, conheceram alguns integrantes do Dourados Rugby Clube,

que os ajudaram a treinar e a desenvolver melhor a ideia da formação do Itaporã Rugby

Clube. O clube ainda não participou de nenhum campeonato oficial ou amistoso entre

os demais clubes de Rugby do MS.

O Frontera Rugby Clube, proveniente da cidade de Ponta Porã, foi pensado no

ano de 2011, mas foi no primeiro semestre de 2012, que começaram a programar

treinamentos no município. Solicitaram para a Fundação de Cultura e Esportes da

Prefeitura Municipal um campo para os treinos, criaram uma página na rede social para

divulgação e começaram a espalhar cartazes com o agendamento do início dos treinos.

Na data marcada na divulgação, dia 01 de setembro de 2012, compareceram ao campo

do Horto Florestal mais de 30 interessados, entre brasileiros e paraguaios. No dia 29 de

setembro, os jogadores se reuniram para confraternizar assistir ao jogo Los Pumas X All

Blacks e escolher o nome e as cores da equipe. A partir disto, optaram utilizar o nome

Frontera Rugby Clube, defendendo as cores azul e vermelha, cores estas, escolhidas por

serem as oficias de Ponta Porã e também do país vizinho.

O Clube de Dourados, foi fundado por um grupo de estudantes universitários que

viviam na cidade de Dourados, MS. Com o passar dos anos, estes mesmos estudantes

foram se formando e voltando para suas cidades natais, e como o clube não possuía

nenhum time de base logo entrou em decadência por falta de jogadores, até ficar inativo.

Em 2007 e em 2009, o antigo time do Dourados terminou em terceiro lugar no

Campeonato Sul-mato-grossense de Rugby (torneio criado em 2005). O time era

liderado por atletas que já haviam jogado algumas vezes, porém não possuíam certa

bagagem de conhecimento para passar um treinamento adequado aos jogadores. Num

sábado, Guilherme B. Sabardeline (ex- Seleção Brasileira) observou o treino do grupo, e

resolveu ajudar nos treinos da equipe. Com isso, o grupo começou ganhar formato real

12

Comunicação pessoal com o Antonio Jorge Filho, atleta do Itaporã Rugby Clube.

20

de equipe. Ganhando corpo, o Dourados RC foi oficialmente registrado, tornando-se,

assim, um clube. Hoje, o clube possui tanto equipe masculina como feminina, nas

categorias Sevens e XV.

O Corumbá Rugby Clube (CORC)13

, criado em 2003, é a primeira equipe de

Rugby na cidade de Corumbá. Foi fundada por um grupo de estudantes e professores

que haviam tido contato com o esporte no estado de São Paulo (CORC, 2009).

Desde sua fundação, o CORC vem participando de amistosos e torneios a nível

regional e internacional. Destaca-se a participação no Torneio Internacional de Rugby,

realizado em 2006 na cidade de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia. Na modalidade

Seven-a-side, o CORC disputou todas as edições da Copa Brasil de Rugby Seven

organizada pela Federação de Rugby do Mato Grosso do Sul. Conquistou a vice

colocação da Taça Ouro (divisão principal) na última edição do torneio de 2011.

O CORC iniciou no ano de 2012 um plano de desenvolvimento, com intuito de

promover a expansão da equipe em outras categorias e modalidades. Paralelamente, está

em processo de consolidação o time juvenil (na faixa dos 15 a 18 anos); além de se

projetar a formação de um time de Tag Rugby com atletas menores de 15 anos.

O time feminino dentro do CORC, foi formado no início de 2012, seguindo em

processo de seleção de atletas desde a sua formação, sendo que dentro desse período de

tempo, as atletas já participaram de amistosos e campeonatos estaduais.

O CORC, de uma maneira não muito organizada, protagonizou dentro da Escola

Municipal Barão do Rio Branco, da cidade de Corumbá, entre os alunos do ensino

fundamental, a aplicação de ações esportivas através do Tag Rugby. O que propusemos

com o desenvolvimento do projeto do Tag Rugby, em parceria com o Programa

PROJOVEM ADOLESCENTE14

de Corumbá/MS, fora de atender os alunos com

idades entre 15 e 17 anos. Já a faixa etária atendida pelo projeto, foi entre 12 e 14 anos,

com participantes de ambos os sexos, onde estes, aprenderam sobre aspectos técnicos

do jogo e sua filosofia.

As atividades foram desenvolvidas na quadra da instituição, no tempo das aulas

de Educação Física das séries do 6º ao 9º ano, iniciando às 07h15m, com encerramento

às 10h30m, duas vezes na semana. Os responsáveis pelas ações do projeto, eram os

13

O Corumbá Rugby Clube – clube de Rugby da cidade de Corumbá. 14

O programa PROJOVEM ADOLESCENTE visa expandir esta linha de trabalho aos alunos das escolas

de ensino fundamental da rede pública, desenvolvendo atividades que estimulem a convivência social,

participação cidadã.

21

atletas do CORC, que se disponibilizaram em assumir a tarefa de ministrar atividades

sobre os fundamentos do Tag Rugby, e suas regras.

22

3. TAG RUGBY

A nomenclatura ‘Rugby’, quando abordada na escola, assusta alguns docentes

que não tem o real conhecimento sobre o esporte, pois é visto pela nossa cultura de

maneira errônea, como uma prática esportiva violenta, e sem nenhum atributo positivo

para sua prática escolar. Como já indicamos no início, essa é uma postura equivocada e

preconceituosa do ponto de vista pedagógico, conforme explicaremos mais densamente

a seguir.

Mendes, Quintino e Ferreira (2011) apresentam o Rugby como um reforço de

conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, nos possibilitando a enxergar

o Rugby como uma prática de socialização, sendo o professor, o responsável por buscar

outros meios e propostas inovadoras a serem trabalhadas na escola.

O Tag Rugby é um jogo, que é um meio de iniciação ao esporte Rugby,

portanto, procedente da modalidade do Rugby. Assim, o Tag Rugby é um jogo

estratégico e sem contato físico, trazendo consigo alguns valores que encontramos em

diversos esportes coletivos, como: solidariedade, respeito e disciplina.

O Tag Rugby é uma importante ferramenta educacional que poderá vir a ser

desenvolvida dentro das aulas de Educação Física, como instrumento auxiliar no

processo de formação dos indivíduos, pois é através da aplicação do jogo do Tag15

que

seus praticantes terão participação ativa, demonstrando na prática, uma tentativa de

inovação referente as aulas de Educação Física.

Desse modo, é fundamental que antes da prática do jogo, nas aulas de Educação

Física, o profissional que desenvolver o Tag em suas aulas, saiba esclarecer todos os

tabus/mitos que o Rugby traz historicamente, dentre esses destacamos: um jogo

extremante violento, onde somente os homens de elite poderiam jogar ou que em uma

jogada de futebol mal sucedido o senhor (jogador) Webb Ellis inventou o jogo do

Rugby.

15

Tag: abreviação do termo Tag Rugby.

23

3.1 OBJETIVO E FUNDAMENTOS DO TAG

O Tag Rugby, é uma variação adaptada do Rugby, que traz consigo os valores

do esporte Rugby. O seu jogo consiste na utilização de um cinto, chamado Tag, daí, o

nome Tag Rugby. O jogo pode ser realizado com equipes mistas, com a junção de

meninos e meninas, onde o objetivo do jogo é o ensaio. Ganha o jogo a equipe que

marcar mais ensaios. Há ensaio sempre que um jogador, tendo a bola em sua posse,

ultrapassa a linha de ensaio da equipe adversária e apoia a bola no chão. Cada ensaio

equivale a 01 (um) ponto.

O Tag é um jogo fácil de se jogar devido a sua simplicidade na técnica de suas

regras. Podendo ser praticado por equipes mistas, de variadas faixa etária, sendo um

esporte inclusivo. É possível ser desenvolvido nos espaços reduzidos, algo que podemos

encontrar nas escolas. Atua positivamente em relação a cooperação, espírito de equipe e

trabalho coletivo, não desfavorecendo nenhum participante, e o principal, sem contato

físico, desmistificando a violência atribuída ao Rugby.

O Tag Rugby também contribui para o desenvolvimento psicomotor, já que em

situações de jogo, a percepção de espaço, distância, lateralidade, além do

desenvolvimento da comunicação entre os participantes, análise e capacidade de

resolução de situações adversas, trabalho em equipe, entre outras características são

prontamente requisitadas (CORC, 2010).

O Tag se apropria da maioria dos fundamentos do Rugby, diferenciando apenas

na maneira de obstrução de defesa, tempo/espaço do jogo, número de jogadores e

tamanho da bola. Tem como seus principais fundamentos, o apoio, o avanço e

continuidade com a posse de bola, na finalidade de marcar os ‘ensaios’16

(INTERNACIONAL RUGBY BOARD, 2008).

3.2 REGRAS DO TAG RUGBY

Garcia (2011) apresenta as regras do Tag Rugby de uma maneira mais formal,

com objetivo de maior compreensão por parte dos profissionais que almejam seguir

nesta área.

16

Termo utilizado nas partidas de Tag Rugby, quando uma equipe consegue marcar ponto.

24

Iniciando o jogo com um pontapé livre, no meio de campo;

A bola só poderá ser passado para o companheiro(a) que estiver ao lado, ou atrás

do jogador que estiver com a posse de bola, nunca para a frente, o que pode

acarretar falta, ou segundo a linguagem do Rugby, fazendo ‘knock on’17

;

Só pode retirar o cinto do Tag dos que estiverem com a posse de bola em mãos;

Não poderá haver contato físico, a única forma de parar o jogo, é retirando o

cinto Tag;

A bola deve ser transportada pelas duas mãos;

Quando o portador da bola sofre um Tag18

, este, tem apenas 3 segundos para

passar a bola para um companheiro de equipe, ou pode trocar de lugar com outro

colega do jogo;

A defesa mantém sempre uma linha reta, para que ao avançar no decorrer do

jogo, consigam reduzirem o espaço dos seus adversários, movimentando-se

sempre para executar o Tag;

Diferente do Rugby que possui contato físico que é o confronto chamado de

tackle19

, no Tag os defensores retiram a fita do portador de bola, momento este

que o obriga a passar a bola;

Em cada Tag, o defensor deve respeitar a sequência: tirar a fita e gritar Tag,

levantar o braço, e entregar a fita;

Quando há um Tag, todos os jogadores da equipe defensiva, devem recuar, até

se posicionarem atrás do defensor que tem a fita na mão;

É marcado falta quando o jogador que está na linha de offside20

atrasa o passe à

equipe que defende;

3.3 KIT E ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTO DO TAG

Bolas de Rugby nº 3 e nº 4;

17

O termo knock on no jogo é quando o time comete uma falta, em relação ao passe da bola errado. 18

Maneira nomeada quando a equipe qual não está com a posse de bola, retira um dos cintos Tag, do

jogador adversário. 19

Momento de defesa no jogo do Rugby, onde seus jogadores se chocam, tentando impedir a continuação

do passe de bola numa partida. 20

Quando o jogador ultrapassa a linha de impedimento, ou seja, avança na frente da linha no qual deveria

estar.

25

Cintos Tag Rugby21

(12) 22

;

Coletes;

Cones;

Quadra medindo 40 x 20 metros.

Segundo Garcia e Moura (2011), os itens citados acima, são os recursos

utilizados para desenvolver a atividade do Tag. Porém sabemos que a realidade da

escola é outra. Podemos dizer que não é possível encontrar em todas as escolas estes

materiais, ou local apropriado para as atividades, cabendo ao professor, como já

apontamos, arranjar formas de adaptar os recursos encontrados. Podemos também dizer,

que mesmo não tendo os materiais apropriados para a prática do Tag, isso não torna um

motivo para a não realização do jogo na escola.

Propomos então, a reutilização de materiais para esta prática. Exemplo, ao invés

de utilizarmos os cintos próprios do Tag, podemos utilizar pedaços de fita TNT23 e

colocá-los na cintura dos praticantes, cada equipe com cores de fita diferentes. Ou, ao

invés te utilizarmos as marcações do campo feitas pelos cones, podemos demarcar com

o giz.

O professor que se sentir à vontade de ministrar uma aula de Tag, tendo

conhecimento de suas regras, e na escola, ou se, o mesmo não tiver a bola de Rugby, ou

a bola apropriada para o Tag, podemos adaptar, utilizando as bolas de voleibol, ou de

handebol, ou aquela que os alunos mais usam nas aulas de Educação Física. Ou seja,

sabemos que para uma aula ter qualidade, é necessário bastante conhecimento e

criatividade.

3.3.1 COMPARATIVO GERAL ENTRE O RUGBY X TAG

Descrição Rugby Tag

Número de jogadores 07, 10, 13 ou 15 05, 07 ou 1224

21

O cinto do Tag Rugby são duas fitas com velcro que são colocados na cintura dos jogadores. 22

A quantidade aqui apontada doze (12), é apenas uma colocação, dependerá de quantos alunos

participarem da atividade. 23

Fitas de TNT, material artesanal, um tipo de tecido que não é propriamente um tecido. 24

Os números de atletas aqui estipulados estão em forma apenas de comparação, podendo ser mais

integrantes no jogo do Tag, dependendo da realidade da escola.

26

Espaço de jogo 140m x 75 m 20m x 40m

Duração da partida 80 minutos 10 minutos

Defesa/Ataque Com uso do tackle Sem uso do tackle, retirando

apenas o cinto do adversário

Pontuação 1 try = 5 pontos 1 try = 1 ponto

Duração de jogo Dependendo da

modalidade podendo

chegar até 2 (dois) tempos

de 45 minutos

Podendo entre 7 -10 minutos,

não mais que isso

O Tag como movimento renovador a ser aplicado nas aulas de Educação Física,

tem a possibilidade de ser trabalhado na escola como algo além de conteúdo,

trabalhando conjuntamente os valores que já estão dentro de alguns outros coletivos

educacionais já citados anteriormente, que vem contribuir para o desenvolvimento

integral de seus praticantes.

3.3.2 O TAG E AS DEMAIS VARIAÇÕES DO RUGBY

Como o Tag, existem outras modalidades oriundas do esporte Rugby, para isso

vamos apresentar algumas apoiados na obra de Rocha e Cordovil (1998), que adaptaram

o Rugby e o inseriram no meio ao ambiente escolar.

A primeira que apresentamos é o jogo do ‘Bitoque Rugby’. Esse jogo não é

muito diferente do Tag. Tem o mesmo objetivo, de marcar ensaios, mudando em relação

a numeração dos pontos marcados, do tempo de jogo, número de atletas em campo e a

maneira de obstrução da defesa. Outro destaque que diferencia, é que no Tag a defesa

atua retirando o cinto do adversário, e no Bitoque, a defesa atua com um toque

simultâneo das duas mãos na cintura do seu oponente, aquele que tenha em mãos a

posse de bola.

O ‘Jogo da Azeitona Rugby’, assim como o Bitoque, tem o mesmo objetivo, de

marcar pontos. Com tempo de jogo e número de jogadores em campo semelhantes.

Tendo diferença no método de progressão do adversário com a bola. O jogador deve

agarrar o seu adversário entre a cintura e os ombros. Voltando ao jogo, com um tipo de

marcação onde recomeça com um confronto de um contra um (1x1), isto é, atletas frente

27

a frente, em posição de scrum25

, para que então a equipe que vencer o scrum, ganhe a

posse de bola, e continua o jogo normalmente.

Tem o ‘Touch Rugby’, na qual o número de jogadores pode ser de acordo com o

espaço, podendo chegar até (15) quinze pra cada lado. Com duração de tempo não mais

que 10 minutos, e sem contato físico. O método de obstrução da defesa, é o toque no

jogador que estiver com a bola em mãos. Reiniciando a partida, após aquele que foi

tocado, de colocar a bola no chão, e/ou outro integrante de sua equipe colocar a bola no

chão.

O ‘Quad Rugby’ é uma modalidade do Rugby específica para cadeirantes,

segundo a Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas. É jogado em qualquer

quadra de basquete, sendo a linha central da quadra que divide o espaço da defesa e

ataque. Tendo como objetivo, marcar pontos. O qual é demarcado pelas linhas de fundo,

que é a linha de gol.

Os pontos são marcados de acordo com as deficiências dos atletas, variando de

0,5 (maior deficiência) a 3,5 (menor deficiência), de acordo com a ABRC26

essas regras

impostas no jogo, servem para equilibrar as equipes, que não podem ultrapassar 08

(oito) pontos. As cadeiras são adaptadas para este tipo de esporte, diferenciando a

defesa do ataque, podendo jogar de 04 (quatro) a 12 (doze) jogadores. E a bola que eles

utilizam é a de voleibol.

E ainda, o ‘Beach Rugby’ o famoso jogo de Rugby praticado na areia. Diferente

do Tag, pois neste, pode haver o contato físico entre os jogadores. O try27

equivale a 01

(um) ponto, sendo demarcado na linha de fundo do campo. Podendo jogar 5x5 atletas

em campo, com 2 (dois) tempos de 5 (cinco) minutos. Podendo ser equipes masculinas,

ou femininas.

3.4 O TAG COMO PROPOSTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Freire (1989), considera a criança como um ser que não apenas faz, mas que

também pensa, sente e relaciona-se com os outros. Para tanto, precisamos levar para

25

Scrum: nomenclatura utilizada nos jogos de Rugby, como posição de disputa para definir com qual

equipe vai obter a posse da bola. 26

A ABRC- Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas foi criada em março de 2008, com

objetivo de integrar socialmente as pessoas com deficiências severas através do esporte. 27

Nome o qual referimos quando o time marca ponto.

28

sala de aula, novos conteúdos que caibam dentro da Educação Física Escolar, da

maneira de possibilitar aos alunos novas formas de aprendizagem, de outras maneiras de

se interagirem entre eles, assim possibilitando outras vivências, outras situações a quais

estarão inseridos, deste modo, enriquecendo o desenvolvimento de suas habilidades

motoras, cognitivas.

Martins (2011) situa o Rugby como um conteúdo a mais a ser atribuído nas aulas

de Educação Física. Como um meio de ampliação cultural do aluno, dando à ele,

condições de uma melhor compreensão do mundo. De maneira que o Rugby, seja

aplicado por várias dimensões, como um fenômeno social, histórico e cultural.

Desmistificando e esclarecendo os variados tabus, e formas que alguns leigos tem para

com o esporte.

O Rugby dentro do espaço educacional viria como um reforço a ser trabalhado

nas aulas de Educação Física, não desvalorizando as outras modalidades esportivas

desenvolvidas na escola, mas trazendo consigo um jogo estratégico de caráter lúdico por

meio do Tag. Assim, desmistificamos os mitos/tabus do Rugby que ainda é visto como

um jogo violento. Um dos projetos de Tag Rugby conhecido mundialmente é o da

Federação Portuguesa de Rugby que apoia o desporto escolar promovendo o Tag Rugby

nas escolas.

Vaz (2005) comenta sobre o papel que as nossas escolas tem para com os alunos,

considerando-a como um local privilegiado, no qual devem ser executados todos os

tipos de esportes. Trazendo o Rugby, como um exemplo de conteúdo diferenciado dos

demais coletivos que são trabalhados nas escolas dentro das aulas de Educação Física.

O autor acima, esclarece que é dever do professor de Educação Física, encontrar

soluções as quais os seus alunos devam participar das aulas como seres atuantes, não

passivos do ensino, tornando-os seres pensantes, não executando somente a prática das

atividades como manifestação de movimento corporal, mas trazendo para sala de aula, a

reflexão sobre o porquê deles estarem desenvolvendo a praticidade da atividade

proposta, para que serve, e quais os benefícios.

A maioria dos esportes coletivos desenvolvidos nas aulas de Educação Física,

direcionados pelo professor, geralmente se enquadram entre as modalidades já

conhecidas da cultura brasileira, como: o futebol, o voleibol, o handebol e o basquete.

Contudo, o que queremos salientar, é o papel do Rugby via Tag na escola, na qual

poderia vir a acrescentar no contexto escolar, atuando como meio de transformação

integral do indivíduo dentro da escola. Isso não quer dizer que estas atividades

29

tradicionais esportivas devam ser excluídas do currículo escolar. O que estamos

sugerindo, é a possibilidade pedagógica do Tag na escola.

A inserção do Tag na escola, poderá servir como meio renovador da prática

corporal, pois o Tag é um jogo que possui diferentes lógicas em comparação aos já

trabalhados cotidianamente na escola. Cabe ao professor de Educação Física, encontrar

maneiras que motivam os seus alunos a terem uma aula prazerosa, tendo o Tag como

conteúdo ou não.

Vaz (2005) relata em sua obra sobre as principais dificuldades que muitos

docentes atribuem em relação ao aplicar o Rugby nas aulas de Educação Física. Como

por exemplo, a falta de estrutura da escola onde trabalham, falta de materiais, falta de

conhecimento sobre o tema, seu histórico, desconhecimento das regras do jogo, e

insegurança na parte de abordagem da modalidade, ou em relação a metodologia sobre o

ensino da maneira de aplicação do jogo.

Mendes, Quintino e Ferreira (2011) também comentam a respeito dos docentes

que atuam nas escolas, de não trabalharem com o Rugby, dentro de suas aulas de

Educação Física. Trazendo, justificativas semelhantes, em relação ao autor citado

acima.

30

4. METODOLOGIA

Para delimitação do estudo foi realizado uma pesquisa de campo. Este trabalho

trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva para a delimitação do estudo e

desenvolvimento sobre o fato a ser estudado (GODOY, 1995).

Os sujeitos desta pesquisa foram os universitários, acadêmicos do curso de

Educação Física, do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul no município de Corumbá – MS.

Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram um questionário

semiestruturado, contendo perguntas fechadas e perguntas abertas elaboradas de

maneira que os pesquisados pudessem refletir acerca do tema proposto (ver apêndice).

O questionário foi aplicado de maneira aleatória entre os alunos matriculados,

onde se propuseram a responder o questionário de maneira organizada, após o término

da aula de uma disciplina, no qual a demanda de alunos é diversificada, contendo

acadêmicos dos 12 (doze) semestres do curso de Educação Física do Campus do

Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde 75% destes mostraram-

se a vontade em colaborar com a pesquisa, com intuito de verificar como estão sendo

preparados para a profissão, levando sempre em consideração, o tema proposto.

Ressaltamos que os questionários foram elaborados de maneira que se obtivesse

o maior número de respostas que expressassem a visão dos acadêmicos, os futuros

professores acerca do Rugby (via Tag Rugby) como um novo conteúdo a ser

desenvolvido nas aulas de Educação Física.

31

5. RESULTADOS

Foram aplicados os instrumentos de coleta de dados, onde permitiram identificar

e analisar a visão dos acadêmicos (curso de Educação Física), do Campus do Pantanal

da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sobre a inserção do Tag Rugby nas

aulas de Educação Física.

Para entender melhor este discurso, foi aplicado o questionário semiestruturado

com questões sobre: a concepção sobre a grade curricular do curso de Educação Física;

se têm conhecimento sobre o esporte Rugby; se acreditam que sairão da universidade

preparados para desenvolver outras modalidades esportivas dentro da escola; se

conhecem o Tag como forma de alternativa de ensino aprendizagem; se acreditam que o

Rugby (via Tag Rugby) possa ser considerado como alternativa de conteúdo; e se a falta

de materiais torna-se um empecilho em relação a abordagem de outros coletivos nas

aulas de Educação Física.

GRÁFICO 01 – Sexo dos entrevistados

Na pesquisa analisamos as opiniões escritas dos 30 (trinta) questionários

coletados, onde 25 (vinte e cinco) pessoas que se predispuseram a colaborar com a

pesquisa. Salientamos que os discursos dos entrevistados estão conservados conforme

foram escritos. Para manter o anonimato dos participantes, optamos por utilizar as

palavras “P 01”, “P 02”, até “P 30” ao final de cada discurso do entrevistado como

forma de substituição ao seu nome.

O gráfico 01 expressa a prevalência quanto ao sexo dos participantes da

pesquisa.

Fonte: Pesquisa de campo - questionário aplicado 2014.

25%

75%

FEMININO MASCULINO

32

GRÁFICO 02 – A grade curricular do curso de Educação Física da UFMS/CPAN

pode ser considerada satisfatória em diversificadas modalidades coletivas?

A classificação da grade curricular mostra em relação a quantidade de sujeitos

de como classificaram a grade curricular do curso de Educação Física da UFMS/CPAN,

sendo a maioria com 64% que a classificou como ‘Não Satisfatória’ e outra parte dos

sujeitos com 36% classificando como ‘Satisfatória’.

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“A grade curricular do nosso campus comparado a outras universidades é

completamente precária.” (P 04).

“Pois o tempo (carga horária) das atividades esportivas é muito curto para o

ensino aprendizagem dos graduandos.” (P 07).

“Em diversas modalidades não, mas em muitas sim. Pois temos que levar em

conta a nossa cultura voltada apenas a alguns esportes.” (P 10).

“Não. Porque tem professores, que não são da área específica a Educação

Física, que deixa assim com um conhecimento defasado da matéria por ele explicado.”

(P 12).

“A nossa grade só atende alguns esportes que são privilegiados pela mídia.”

(P 20).

“Não. Pois não temos o conhecimento completo de todas as modalidades

esportivas. Nem o básico de todos nós temos.” (P 21).

36%

64%

SATISFATÓRIO NÃO SATISFATÓRIO

33

Podemos observar que as respostas descritas acima, são dos entrevistados que

não estão muito de acordo com o que estamos tendo como conteúdo dentro da nossa

grade curricular em relação as modalidades coletivas. Notamos a expressão, quando se

remetem a palavra ‘tempo’, aqui no contexto, como que fora pouco, o espaço de tempo

que se tem para aprender as diversas modalidades. Ou a falta de preparo dos docentes

em relação a matéria ministrada. Segundo os entrevistados, muitos não se identificam

com a disciplina apresentada, e consequentemente a pouca assimilação dos discentes em

relação a este item.

“Considero a grade curricular do curso satisfatória porque oferece a vivência

de várias modalidades.” (P 06).

“Sim, porque a gente aprende tudo o que temos que passar de mais importante

na escola pra quando dermos aula.” (P 17).

Porém os trechos acima, considerando a grade curricular do curso de Educação

Física do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul a

respeito das modalidades coletivas, nos mostram que alguns entrevistados utilizarão no

âmbito escolar, o que consideram de mais importante após sua formação.

GRÁFICO 03 – Conhece o esporte Rugby?

No gráfico 03, observa-se que a maioria dos entrevistados conhecem o esporte

Rugby, onde o restante dos sujeitos da pesquisa que não conheciam, justificaram a sua

resposta:

“Não conheço o esporte e nunca procurei pesquisar para ter informações sobre

isso.” (P 09).

“Não sei se é Rugby ou futebol americano, seriam as mesmas coisas?” (P 13).

34

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

Nos discursos acima podemos identificar que em nenhum momento os

entrevistados citaram conhecer o esporte, levando pelo lado pessoal de cada um deles.

Ou quando possuem dúvidas, na tentativa de comparar um esporte ao outro, não

procuram se informar sobre a dúvida em questão.

Já sobre como os entrevistados que corresponderam conhecer o esporte Rugby,

temos opiniões, como:

“Conheço o esporte porque uma amiga querida me apresentou”. (P 20).

“Pela mídia e amigos praticantes.” (P 01).

“Conheço alguns aspectos, pra mim é similar ao futebol americano.” (P 25).

“Sim. Por breves vídeos que aparecem em canais de esporte em canais de TV’s

fechada, pois o esporte não é muito falado em nosso país e também não gera mídia

alguma em TV aberta.” (P 12).

Tendo em vista o discurso destes entrevistados, podemos perceber que

conhecem o esporte via mídia, ou amigos/companheiros que o apresentaram a tal

modalidade. Em nenhum momento da pesquisa observamos que tiveram conhecimento

do esporte Rugby sob influência da universidade ou docentes.

GRÁFICO 04 – Você acredita que está sendo preparado profissionalmente para

desenvolver nas aulas de Educação Física, outras modalidades esportivas,

diferentes dos jogos coletivos considerados tradicionais, como o voleibol, basquete

ou futebol?

75%

25%

SIM NÃO

35

De acordo com o gráfico, podemos constatar que a maioria dos entrevistados

acreditam não estarem preparados para aplicar outras modalidades esportivas diferentes

das atividades consideradas ‘tradicionais’, levando em conta que muitos não estejam

satisfeitos com a grade curricular.

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Devido à falta de ensinamento dos próprios professores, do próprio não

conhecimento deles em relação de outros esportes, tidos como ‘diferentes’.” (P 11).

“Pois dentro da universidade não temos vivências de outros esportes.” (P 07).

“Devido à falta de estrutura e materiais.” (P 08).

“Não. Pois no momento estou iniciando minha licenciatura, e apenas fui

apresentado as práticas esportivas de jogos coletivos.” (P 12).

“Porque não foi passado outras modalidades, como o Rugby.” (P 19).

Sobre a possibilidade de reinvenção do esporte, coloca-se em questão, a busca

por outros jogos. Tendo os aspectos lúdicos como centralidade da possibilidade de

construção de novo modelo social (GUAITTA,2008).

Em contrapartida, os que acreditam estarem sendo preparados, identificamos

ideias como:

“Sim. Pois com o conteúdo que aprendemos serve de bagagem para aplicar nas

escolas, trabalhando nisso como base e adaptando ou diferenciando.” (P 06).

“Sim. Tudo o que aprendemos na universidade é viável.” (P 13).

69%

31%

NÃO SIM

36

“Sim. Pois não sou muito fã dos considerados tradicionais, por isso com o

tempo aprimorarei o que aprendi na universidade, para depois passar outros tipos de

conteúdo, como ginástica ou capoeira.” (P 04).

GRÁFICO 05 – Conhece uma alternativa de ensino aprendizagem chamado Tag

Rugby?

O gráfico 05 nos mostra o quanto as pessoas desconhecem o Tag Rugby, como

alternativa de ensino aprendizagem, visto que 43% dos entrevistados que conhecem a

atividade, relatam a semelhança que esta alternativa tem perante aos outros esportes

coletivos.

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Sim. Explora todos os exercícios de outras modalidades esportivas.” (P 16).

“Sim. E já desenvolvi esta atividade na prática do meu estágio.” (P 14).

Vale ressaltar também sobre as respostas dos entrevistados desconhecedores do

Tag Rugby como alternativa de ensino aprendizagem, onde em nenhum momento

citaram a universidade ou informação vinda dos docentes a respeito.

“Nunca ouvi falar”. (P 11).

“Já ouvi falar mas não sei explicar realmente o que é.” (P 20).

“Não conheço mas já ouvi o nome.” (P 25).

57% 43%

NÃO SIM

37

GRÁFICO 06 – Você acredita que o Rugby (via Tag Rugby), possa ser

considerado como alternativa de conteúdo a ser ministrado no âmbito escolar?

O gráfico 06 demonstra que a grande maioria dos entrevistados acreditam que

possa ser desenvolvido na escola o Rugby/ Tag Rugby como uma alternativa de

conteúdo nas aulas de Educação Física, e apenas 15% dos sujeitos não enxergam a

atividade como uma opção benéfica.

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Parece um esporte mais voltado ao treinamento.” (P 01).

“Sim. Pois por ser novidade, e por não haver no caso o contato (Tag), pode ser

aliado a várias características que podem ser trabalhadas.” (P 02).

“Sim, porque também é um esporte coletivo.” (P 05).

“Deve ser ministrado por trabalhar diversas habilidades motoras e por

trabalhar os valores durante o jogo, como o respeito, a cooperação, etc.” (P 09).

“Pode ser trabalhada sim, adaptando, mas seguindo suas regras de jogo

mesmo.” (P 11).

A escola deve ir além dos conteúdos formais, deve-se considerar como

possibilidade de intervenção de ensino, e não apenas como uma única forma de ensinar

(GUAITTA,2008).

O que a autora acima coloca em questão, a respeito dos conteúdos abordados da

escola, de não olhar para os conteúdos da Educação Física como uma única proposta, e

85%

15%

SIM NÃO

38

sim, trabalhar sobre aquilo que você pode proporcionar aos seus alunos. Trazendo o

Tag, como outra possibilidade de ensino.

“Sim, pois toda atividade prática que favoreça ao aluno é de grande valia a ele,

porque contribui também ao desenvolvimento de uma nova prática esportiva e favorece

na saúde.” (P 12).

“Oferece uma aprendizagem motora diferenciada.” (P 15).

“Pela diversidade de características individuais dos alunos, seria interessante o

implante destas práticas esportivas.” (P 18).

“É uma alternativa diferente dos esportes usados constantemente, é uma

novidade e as pessoas gostam de novidade.” (P 20).

“Por ser uma modalidade desconhecida principalmente por alunos da rede

pública, seria uma alternativa para que todos tenham este conhecimento.” (P 21).

“Sim. Há maneiras convencionais de se levar esportes não populares as

escolas.” (P 22).

“Acredito que seria uma boa opção de inovação e conhecimento tanto para o

discente quanto para o docente.” (P 23).

“Sim, pois tudo que for para contribuição de aprendizagem do aluno ela é muito

válida.” (P 24).

“Todo tipo de esporte é rico em conhecimento, cabe ao professor saber utilizar

em benefício do aluno e com fim pedagógico.” (P 25).

Podemos identificar entre as respostas dos entrevistados as variadas justificativas

as quais o Tag Rugby possa servir de utilidade, e ser considerado como uma alternativa

de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, ressaltando

principalmente por ser considerados pelos sujeitos da pesquisa, denominando o Tag

Rugby, como:

Uma opção inovadora, por ser uma alternativa diferente dos esportes já

trabalhados no âmbito escolar;

39

Que tudo o que for contribuir em relação a aprendizagem do aluno se torna uma

opção válida na escola;

Que a atividade do Tag Rugby por apresentar características individuais ao

aluno possa ser interessante implantá-la nas práticas esportivas.

De acordo com o conhecimento dos sujeitos sobre a questão abordada, podemos

dizer que o Rugby via Tag Rugby pode ser considerado como alternativa de conteúdo a

ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, agregando os demais valores e

características dos demais esportes coletivos já trabalhados na escola, vindo este apenas

somar em relação ao desenvolvimento do aluno dentro do âmbito escolar.

GRÁFICO 07 – Para você, a falta de materiais torna-se um empecilho como

motivo para exclusão de abordagem a outros coletivos nas aulas de Educação

Física, como por exemplo o Tag Rugby?

No gráfico 07, podemos ver que a maioria dos entrevistados acreditam que a

falta de materiais possa ser um empecilho para desenvolver nas aulas de Educação

Física o Tag Rugby, não deixando de comentar que estes mesmos sujeitos acreditam na

possibilidade do Tag como conteúdo a ser aplicado no âmbito escolar.

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Além de faltar recursos, o ensino acaba sendo ruim.” (P 09).

71%

29%

SIM NÃO

40

“Sim. Pois sem esses materiais não é possível que o professor aplique uma boa

didática e possa mostrar afundo a modalidade esportiva que ele está botando em

prática.” (P 12).

“Sim. Pois o pouco que aprendemos na faculdade não se remete ao jogo do

Tag.” (P 17).

“Sim, porque provavelmente na escola só tem disponibilizado os materiais

tradicionais, bola de vôlei, futebol, basquete, etc.” (P 19).

“O professor encara problemas desse tipo nas escolas.” (P 25).

A realidade da escola do ponto de vista material-dialético, é o que de fato

encontramos nela, que existe. Diferente da possibilidade, no qual podemos explorar

diante da realidade desta, pois, pensando nessas categorias: realidade e possibilidade. A

realidade, podemos considerar os conteúdos e esportes que a escola te oferece, e a

possibilidade, seriam as mudanças e propostas que poderiam ser aplicados nesse espaço

(GUAITTA,2008).

Sobre os 29% dos entrevistados podemos destacar respostas, como:

“Não, pois temos na nossa grade curricular matérias que nos auxiliam nessas

abordagens.” (P 06).

“Devemos explorar o uso de materiais alternativos.” (P 07).

“A alternativa para tudo isso é adaptar, mas não se conformar com a realidade

e pedir para a direção da escola prover o material quando possível.” (P 20).

41

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa e diante dos dados obtidos podemos considerar que os

universitários entrevistados, matriculados no Curso de Educação Física do Campus do

Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Corumbá-MS, no período

de 2013 a 2014, consideram o Tag Rugby como uma alternativa de conteúdo a ser

ministrado nas aulas de Educação Física. Contudo, a maioria também relatam que não

estão satisfeitos com a grade curricular do curso, sobretudo no que tange a possibilidade

esportiva.

Verificamos que os acadêmicos têm pouco conhecimento a respeito do Rugby, e

do jogo Tag Rugby. Entretanto, acreditam na proposta do Tag e comentam sobre a

possibilidade de explorar outros jogos coletivos, principalmente em relação a adaptação

de outras modalidades.

Salientamos que os discursos dos entrevistados indicam que temas inovadores

e/ou conteúdos os quais os alunos não estão acostumados a praticar nas aulas de

Educação Física, como o Tag Rugby, pode ser uma opção pedagógica interessante. Por

conseguinte, sugerimos o Tag Rugby como alternativa de jogo para ensinar habilidades

variadas nas aulas de Educação Física.

Desta forma, propomos a inclusão do jogo de Tag Rugby como uma ferramenta

(conteúdo) para desenvolvimento da Educação Física na escola, sobretudo como mais

uma prática de esporte coletivo, considerando-o como uma introdução ao Rugby, que se

diferencia das atividades ‘tradicionais’ já desenvolvidas nas aulas.

42

7. REFERÊNCIAS

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Porto Alegre. Pesquisa apresentada como requisito para a disciplina de Trabalho de

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IRB e Super ¹². Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real, 2008.

45

APÊNDICE

46

INFORMAÇÕES GERAIS

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

QUESTIONÁRIO

01) A grade curricular do curso de Educação Física do UFMS/CPAN pode ser

considerado satisfatória em diversificadas modalidades coletivas? Por que?

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

02) Conhece o esporte Rugby? Por que?

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

03) Você acredita que está sendo preparado profissionalmente para desenvolver

nas aulas de Educação Física, outras modalidades esportivas, diferentes dos jogos

coletivos considerados tradicionais, como o voleibol, basquete ou futebol? Por que?

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

04) Conhece uma alternativa de ensino aprendizagem chamado Tag Rugby? Por

que?

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

47

05) Você acredita que o Rugby/ Tag Rugby possa ser considerado como alternativa

de conteúdo a ser ministrado no âmbito escolar? Justifique sua resposta.

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

06) Para você, a falta de materiais, torna-se um empecilho como motivo para

exclusão de abordagem a outros coletivos nas aulas de Educação Física, como por

exemplo o Tag Rugby? Por que?

( )Sim ( )Não

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________