A ironia na arte - Estética em Publicidade

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Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Relações Públicas, Turismo e Propaganda A IRONIA NA ARTE Clara Fagundes e Souza Guilherme Iegawa Sugio Isabela Pagliari Brun José Vinicius Diniz Lopes Julia Isabel Miranda Travaglini Trabalho de Estética em Publicidade Professor Doutor Victor Aquino

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Trabalho de Estética em Publicidade, orientado pelo Prof. Dr. Victor Aquino, pela Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo.

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Relações Públicas, Turismo e Propaganda

A IRONIA NA ARTE

Clara Fagundes e Souza

Guilherme Iegawa Sugio

Isabela Pagliari Brun

José Vinicius Diniz Lopes

Julia Isabel Miranda Travaglini

Trabalho de Estética em Publicidade

Professor Doutor Victor Aquino

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São Paulo, 2011

CLARA FAGUNDES E SOUZA

GUILHERME IEGAWA SUGIO

ISABELA PAGLIARI BRUN

JOSÉ VINICIUS DINIZ LOPES

JULIA ISABEL MIRANDA TRAVAGLINI

A IRONIA NA ARTE

Trabalho apresentado à disciplina de Estética em Publicidade, ministrada pelos Professores Doutor Victor Aquino e Emerson Nascimento, como parte do

requisito para composição da nota final referente ao primeiro semestre do ano de 2011.

São Paulo,

2011

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SUMÁRIO

Introdução

O que é pós-modernidade?

Arte como ironia

Vida e obra de Jeff Koons

Vida e obra de Damien Hirst 

Vida e obra de Vick Muniz

Conclusão

Bibliografia

Anexos

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INTRODUÇÃO

O termo pós-modernismo é utilizado para caracterizar uma época onde

visíveis mudanças ocorrem na sociedade em suas múltiplas faces: política,

arte, economia, ciência, técnica, educação, relações humanas, etc. Essas

mudanças e abandonos de ideias se refletem claramente sobre as artes e

sobre a estética do século XX.

Apesar do clima de rígidas alterações no modo de pensar instaurado sob

a sociedade, não significa que a humanidade tenha abandonado a

modernidade, são tênues divisórias imaginárias que marcam o que

é moderno e o que é pós-moderno; o pós-modernismo, em seus vários

aspectos que o distingue da era moderna, carrega também a modernidade;

aliás, é tão platônico quanto os períodos anteriores.

A reflexão desse espírito de profundas mudanças sobre a estética pode

ser observado em várias correntes e segmentos que surgem nessa época. É

muito visível a presença da ironia na arte, representando o rompimento com a

arte tradicional.

Esse trabalho apresentará análises sobre artistas que em meio a pós-

modernidade passaram a utilizar a ironia em suas obras e a fazer da ironia uma

arte.

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1. O QUE É PÓS-MODERNIDADE

O pós-modernismo é um período simultâneo ao chamado "capitalismo

pós-industrial" atual, que se caracteriza pela troca de bens imateriais, como a

informação e os serviços (nascidos das tecnologias eletrônica e nuclear), e

pela imposição da mentalidade relativista e revisionista. Consequentemente,

ainda não se encontra implantado o pós-modernismo em todas as partes do

Mundo, apenas nos países das zonas mais evoluídas em termos industriais

(Europa Ocidental e América do Norte).

A pós-modernidade, sendo a vertente cultural da sociedade pós-

industrial, interliga-se estreitamente com o fenómeno da globalização, uma vez

que o consumismo pretende a inserção de todas as culturas num mecanismo

único com difusão dos princípios estético-estilísticos através dos meios de

comunicação e da indústria da cultura. Sendo a pós-modernidade uma época

de inovações técnicas, sociais, artísticas, literárias e políticas, entre outras,

opõe-se naturalmente ao Modernismo ou à Modernidade, sendo que o declínio

das vanguardas deste mesmo Modernismo marca a transição entre estes dois

períodos.

Um destes aspectos foi a progressiva implantação do abstracionismo na

figuração, no que se refere à arte, por exemplo, impondo-se progressivamente

a "crise da representação". Projetada já pelos impressionistas (Monet, Renoir,

Sisley, Cézanne), pontilhistas (Seurat, Signac), cubistas (Picasso, Bracque) e

futuristas (Boccioni, Carrà, Giacomo Balla), entre outros movimentos

vanguardistas, atingiu o auge evolutivo no pós-modernismo, em que a mera

referência à figura foi totalmente eliminada (De Stijl, Expressionismo Abstrato,

Arte Cinética, Arte Op, Minimalismo, Arte Conceptual), procurando-se a

representação ou transmissão de ideias através de métodos indiretos,

sensoriais e enquadrados num código fechado do qual muitas vezes só o

artista é possuidor.

Nesta sequência, e no âmbito do cinema, lembre-se que se enquadra o

filme Branca de Neve (2000) do realizador português João César Monteiro,

onde a quantidade de imagens é reduzidíssima e a comunicação é quase

exclusivamente sonora. De facto, a originalidade e a inovação que estiveram

presentes não só na arte como na literatura, teatro, cinema e música das

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vanguardas modernistas foram completamente ultrapassadas pelas noções

estilísticas pós-modernas, em que a pretensão de criar uma nova corrente

estilística não é encorajada.

O pós-modernismo na arquitetura rejeitou nos anos 50 e 60 o elogio do

novo do modernismo, voltando-se arquitetos como Ricardo Bofill, Frank Gehry

e Robert Venturi para um estilo feito de utilidade e colagens de estilos

anteriores, evidenciando que no período pós-moderno o artista criativo deu

lugar ao técnico, capaz de manejar manifestações do passado criando algo de

novo sem elementos genuínos.

O mesmo aconteceu na arte, com o advento dos ready made de Marcel

Duchamp, e a arte de Andy Warhol, que se apropriou de ícones e manejou a

imagem a seu bel-prazer, e na literatura, com autores como Paul Auster, John

Barth, Thomas Pynchon e David Foster Wallace.

Tal como o modernismo, o período subsequente valoriza a eliminação

das distinções de gênero e de qualidade da arte, mas o pós-modernismo

enfatiza a descontinuidade, a fragmentação, a desumanização, a falta de

sentido e a desestruturação (o que originou, por exemplo, o surgir de

fundamentalismos religiosos como o islâmico). Prefere o contingente, o

imediato, o provisório e o temporário, os eventos locais, as narrativas de curta

duração e contrapõe-se aos conceitos universais, de grande escala. Defende

igualmente a superficialidade, daí que se utilize continuamente a cópia de

elementos pré-existentes.

Contudo, uma das principais características desta época é o primado da

tecnologia, uma vez que se chega a considerar que o que não é passível de

ser armazenado num computador deixa de ser conhecimento, não reconhecível

pelo sistema vigente.

Na verdade, não existindo verdadeiramente estilos pós-modernos,

apenas se podem observar manifestações ligadas profundamente aos hábitos

de consumo, às formas de circulação e de produção de artigos, aglutinados

pela homogeneização globalizada e pela entropia (em que qualquer criação é

permitida). Estes fatores relembram que a origem do pós-modernismo se

encontra no Marxismo, uma doutrina que dava a precedência à produção

material. Além disso, explicam a decadência das vanguardas, uma vez que há

uma permissão generalizada em relação a todas as produções, não havendo

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assim lugar para grupos que reclamam deter a verdade em relação a

determinado assunto, conduzem a cultura da época e são alvo de

incompreensão por não serem compreendidos no seu tempo.

Na verdade, o avanço cada vez mais veloz de tudo o que concerne à

sociedade faz com que estas estruturas de tornem obsoletas, uma vez que já

não cabe na mentalidade humana o "impossível". Em última instância, o pós-

modernismo é a dissolução das fronteiras entre o sujeito e o objeto, entre as

diferentes coisas, imperando aquilo que é irrepresentável, a diversidade e as

colagens do que já havia anteriormente para formar uma realidade diferente.

1. 1. Arquitetura

A arquitetura constituiu uma dos mais significativas áreas de

desenvolvimento do Pós-Modernismo. Durante a década de 70, esta tendência

manifestou-se simultaneamente em vários países europeus, nos Estados

Unidos e no Japão, expandindo-se posteriormente para todo o mundo

tornando-se um dos mais importantes movimentos arquitetônicos das décadas

de 80 e 90. Mais que uma corrente coesa, o Pós-Modernismo revelou uma

alargada proliferação de abordagens conceptuais e de interpretações

individuais, marcadas geralmente por um ecletismo de tendência ora vernácula

ora clássica, no respeito pelas identidades culturais pela complexidade do

contexto físico e social da obra arquitetônica.

Os mais historicistas ou vernáculas foram os americanos Robert Venturi

e Robert Stern, o inglês Terry Farrell e o japonês Arata Isozaki. O arquiteto

austríaco Hans Hollein representou a vertente mais formalista e requintada

enquanto que os italianos Giorgio Grassi e Aldo Rossi desenvolveram projetos

mais depurados e mais atentos à génese tipológica e morfológica do objeto

arquitetônico. Os trabalhos dos ingleses James Stirling e Michael Wilford

procuram cruzar referências historicistas com uma linguagem high tech que na

altura marcava a produção arquitetónica inglesa.

No contexto americano destacam-se ainda as obras de Michael Graves,

do neo-modernista Richard Meier e de Philip Johnson (discípulo de Mies van

der Rohe).

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A arquitetura pós-modernista encontrou a sua fundamentação teórica em

três importantes ensaios, todos eles escritos por arquitetos de projeção

internacional e publicados em 1966: "A Arquitetura da Cidade" de Aldo Rossi, o

"Território da Arquitetura", de Vittorio Gregotti, e "Complexidade e Contradição

em Arquitetura", de Robert Venturi.

Ao nível do urbanismo, o Pós-Modernismo resultou de uma violenta

rejeição da cidade moderna, tal como fora concebida por Le Corbusier e por

outros arquitetos ligados ao Funcionalismo. Condenando as formulações

contidas na Carta de Atenas (que proclamava a uniformização e a

mecanização da vida urbana, esquecendo a dimensão antropológica, histórica

e social da cidade), o urbanismo pós-moderno inspirou-se nas filosofias

fenomenológicas de Heidegger e no conceito de espírito do lugar, tendo

desenvolvido instrumentos de estudo análise urbana ao nível da morfologia, da

tipologia ou da sociologia, para o que contribuiram os trabalhos teóricos de

Aldo Rossi e de Christopher Alexander e os estudos dos irmãos Leon e Robert

Krier.

1. 2. Artes Plásticas e Decorativas

Ao nível das artes plásticas, a atitude pós-moderna revelou-se a partir

das revoltas do maio de 68 e manifestou-se na oposição ao radicalismo anti-

historicista e ao otimismo das vanguardas das primeiras décadas do século XX,

assim como à frieza do minimalismo, resultando na recuperação do imaginário

histórico e de formas clássicas ou barrocas. Os artistas que integram este

movimento procuram questionar as codificações e as rotinas sociais da

contemporaneidade. Derrubando ideias pré-concebidas e dogmáticas,

entendem que a liberdade criativa se deve traduzir na liberdade de opção

relativamente às linguagens e às referências formais e conceptuais. Inspirados

pelas teorias estruturalistas e pelo conceito de simultanismo de Jean

Baudrillard, alguns dos artistas pós-modernos cruzam sem preconceitos

imagens recentes e reais com trabalhos históricos famosos.

Um dos pioneiros do pós-modernismo foi o americano John Baldessari (1931-)

que, no início dos anos setenta se revolta contra a sua própria produção de

carácter minimalista, destruindo-a.

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No contexto americano, destacam-se ainda os trabalhos de Jeff Koons

(1955-), famoso pelos seus trabalhos em estilo rococo e pela série de

esculturas "Adão e Eva" realizadas com Ileona Staller (a Cicciolina); de Allan

McCollum (1944-), que através do uso de objetos banais e de formas clássicas,

critica o Minimalismo e o Expressionismo Abstrato; de Peter Halley (1953-), que

executa grandes composições geométricas nas quais utiliza circuitos

integrados e imagens de lugares míticos da cultura contemporânea (como

aeroportos e estradas); e de outros artistas ligados às correntes simultanistas e

neo-geo como Cady Noland (1956-), Richard Prince (1949-) e Sherrie Levine

(1947-) ou o venezuelano Meyer Vaisman (1960-), autor de um conjunto de

auto-retratos irónicos e de naturezas mortas.

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2. A ARTE COMO IRONIA

 Propondo-se alcançar a ironia na arte pós-moderna, é de primordial

necessidade citar, pioneiramente, a ironia presente em duas outras "culturas":

o Romantismo e o Modernismo. Este, por revisitar aquele em diversos

momentos, apresenta, na realidade, apenas uma outra face da ironia presente

no primeiro. 

A ironia romântica caracterizou-se na aproximação entre a pessoa que

recebe a arte e a pessoa que a realiza. O artista, por diversas vezes, almeja a

atenção do espectador, para que esse, de maneira particular, interprete a sua

obra. De forma não-linear, apresenta o seu pensamento, que será absorvido e

decodificado à percepção do observador.

Essa classificação de ironia desencadeia outra: a disjuntiva, a qual,

segundo Wilde, pertence ao Modernismo. A ironia disjuntiva constitui-se em

uma reação a um mundo fracionado, de maneira que essa incoerência - nem

solucionada nem unificada - seja reunida em conflitos menores, ou binários,

como: fé e razão, individual e social, tradição e inovação. Essa é uma maneira

simplificada de facilitar a compreensão desse mundo, sem, no entanto,

"resolver" a sua paradoxal desarmonia. 

Em detrimento à ironia disjuntiva, há a suspensiva. Essa, atribuída ao

Pós-Modernismo, caracteriza-se pela derrocada da necessidade de

regularidade. Essa tomada de consciência da incoerência que os cerca, faz dos

pós-modernistas mais tolerantes à incerteza e a não-binaridade dos conflitos.

Eles, ao contrário dos modernistas, não buscam simplificar a incoerência, mas

intensificá-la e utilizá-la. 

De forma semelhante à que relacionamos a ironia modernista à

romântica, podemos associar a ironia presente no Pós-Modernismo às do

Dadaísmo e da Pop Art. A vanguarda dadaísta, com origem em Zurique e

sustentada em pilares como a incerteza, a contracultura, a anti arte, a negação

de antigos valores, é uma das principais inspirações dos pós-modernistas.

Estes, ao tolerar e aceitar a ilogicidade e a espontaneidade no ato de produzir

a arte, afastam-se da razão e da necessidade de projetar e possuir um

propósito - bandeiras defendidas pelos modernistas, ao passo que se

aproximam dos incansavelmente irônicos dadaístas. A ironia, principal

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característica do Dadaísmo, constituía-se, principalmente, na negação de tudo

o que é arte, de tudo o que limita (como os manifestos), de tudo o que define e

classifica.

A fim de estabelecer um paralelo entre a ironia pós-modernista e a da

Pop Art, é essencial explicar que, nesse movimento artístico, ela apresentava-

se, principalmente, na apropriação de imagens pop e situações cotidianas, com

a intenção de reproduzi-las e reutilizá-las a ponto de modificar o seu

significado. A partir disso, a relação é clara: assim como os artistas pop, os

pós-modernistas utilizam-se de algo já criado e visto, a fim de desconstruí-lo e

modificá-lo, de tal maneira que o seu significado inicial seja reformulado e

transfigure-se, enfim, em uma ironia. Essa modalidade irônica denomina-se

citação e é um dos princípios de uma forte característica do pós-Modernismo: a

autoria cooperativa.

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3. VIDA E OBRA DE JEFF KOONS

Jeff Koons é um artista plástico nascido em York, na Pennsylvania, no

ano de 1955. Estudante de pintura, na década de 80, época em que, à

semelhança de Andy Warhol e a sua Factory, Koons montou um estúdio

composto por cerca de trinta assistentes, cada um com papéis diferentes na

produção e divulgação do seu trabalho, método conhecido como Art

Fabrication.

Koons teve um percurso de vida vasto e multifacetado desde a infância,

altura da sua vida em que calcorreava as ruas depois das aulas para vender

doces e prendinhas embrulhadas em papel, numa tentativa de fazer algumas

poupanças. Famoso por transformar objetos e fantasias do cotidiano em peças

de arte, sendo encarado como um artista controverso, intrigante e provocador,

à semelhança dos seus antecessores Marcel Duchamp e Andy Warhol, Koons

deu ênfase nas suas peças, conferindo-lhes um cunho de crítica social com a

pretenção de chocar.

Marca evidente das suas obras, o originalidade de Jeff Koons

desdobra-se em virtuosidade técnica e explosão visual. Essas características

devem-se à sua irreverência, começando pela sua inovação ao aderir ao

marketing para se autopromover - ele contratou um consultor de imagem,

fotografou-se ao redor de objetos alusivos às armadilhs do sucessoe concedeu

entrevistas em terceira pessoa sobre ele mesmo.

Um dos seus trabalhos iniciais, intitulado Three Ball 50/50 Tank, em

1985, consiste em três bolas de basquetebol que flutuam dentro de tanques de

vidro com água-destilada até o meio. Seguiram-se as séries Statuary e

Banality, grandes ampliações de brinquedos em aço inoxidável, em 1988, que

incluem a peça onde figuram Michael Jackson e o seu chimpanzé Bubbles que,

três anos mais tarde, foi vendida por 5,6 milhões de dólares integrando

atualmente a coleção permanente do Museu de Arte Moderna de São

Francisco. Alusivas ao seu controverso casamento em 1991 com a

não menos controversa Ilona Staller, a estrela porno conhecida por Cicciolina,

são as peças da série Made in Heaven que englobam pinturas, fotografias e

esculturas que retratam o casal em posições sexuais, gerando ainda mais

polémica em torno desta relação.

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Em 1992 surge Puppy, a sua escultura de 12,4 metros de altura que

retrata um West Highland White Terrier todo ele executado numa variedade de

flores sobre uma estrutura em aço irrigada internamente, tendo sido

encomendado para uma exibição de arte na Alemanha. Depois de ter estado

no Museu de Arte Contemporânea de Sydney e no Rockefeller Center em

2000, actualmente encontra-se no terraço exterior do Museu Guggenheim em

Bilbao, uma vez que foi adquirido pela fundação à qual o museu pertence.

Em 2001, Koons surge com uma série de pinturas intituladas Easyfun-

Ethereal, que são o resultado de uma técnica que combina colagens de

imagens de bikinis sem corpos, comida e paisagens pintadas por assistentes

sob a sua supervisão. Como parte integrante da série Celebration, em 2006, é

exibido o Hanging Heart, um coração de 2,74 metros de altura em aço polido.

Um desenho inspirado nos Tulip Ballons foi utilizado pelo motor de

busca da Google na sua página inicial em 2008. Ainda nesse ano, em França,

é realizada uma exposição que faz uma retrospectiva ao trabalho de Jeff

Koons, exibindo dezassete das suas esculturas no Palácio de Versalhes.

Seguiu-se uma outra retrospectiva, desta vez no Museu de Arte

Contemporânea de Chicago que foi amplamente publicitada na comunicação

social. Seguiram-se exposições em Londres e Toronto em 2009, onde foi

exposto o seu coelho prateado gigante realizado para celebrar o Dia de Acção

de Graças organizado pela Macy´s.

Em 2010, surge um novo desafio a Koons, decorar o 17.º Art Car da

BMW (um M3 GT2), juntando-se assim a nomes como Andy Warhol, Roy

Lichtenstein, Frank Stella ou Alexander Calder, carro esse que irá participar

nas 24Horas de Le Mans.

Apesar de o continuarem a comparar com Warhol, ao contrário da figura

andrógina, complexa e alienada de Andy, Koons representa ele mesmo a figura

de superstar capitalista e de playboy que se interessou pela arte, não se

coibindo de o ser ao mesmo tempo que não demonstra pretensões em ser

mais do que isso.

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4. VIDA E OBRA DE DAMIEN HIRST

Damien Hirst nasceu em Bristol, Londres, em 1965. Entre 1986 e 1989

estudou na famosa escola de artes Goldsmith’s, e enquanto era estudante

organizou uma exposição chamada “Freeze”, que possuía trabalhos seus e de

outros estudantes da escola, o que lhe trouxe grande fama dentro do meio

artístico londrino. Durante a década de 1990 constituiu-se líder dos "Young

British Artists" (YBA’s), Jovens Artistas Britânicos, dominando a arte britânica

durante essa década e sendo muito conhecido internacionalmente. Essa

geração é completamente diferente das gerações anteriores de artistas. Os

YBA’s são caracterizados pela sua independência, seu espírito empreendedor,

e a maioria promove suas próprias exposições, financiados por iniciativa

privada. Dessa forma, esses artistas, inclusive Hirst, não precisam se

preocupar em ser descobertos por grandes galerias de arte.

Em 1991, realizou sua primeira exposição individual, também em

Londres, chamada “A Sign of Live”, apresentada pelo ICA (Instituto de Arte

Contemporânea) que é voltada especialmente para a divulgação de arte de

vanguarda. No mesmo ano, Damien Hirst executa um de seus trabalhos mais

conhecidos, a escultura “The Physical Impossibility of Death in the Mind of

Someone Living”, que nada mais é que um tubarão-tigre morto, conservado em

um tanque de formol, assumindo um caráter monumental tanto pelo seu

tamanho e por ser um símbolo de agressividade e medo, quanto pelo tema

abordado, a morte. O tubarão, que foi substituído em 2006 por outra espécie

devido à decomposição, foi vendido em 2004 como a segunda obra mais cara

de um artista em vida, por volta de dez milhões de dólares.

Além desta peça, o artista também realizou inúmeras outras com

animais, muitos mortos e dissecados, inseridos em tanques de formol, e outros

vivos e presos em gaiolas ou aquários. Exemplos dessa fase são as esculturas

“The Lovers”, de 1991, constituída pelos cérebros de duas vacas misturados, e

“Away From the Flock”, de 1994. Tendo como principal fundamento a reflexão

em torno de temas de caráter existencial, ligados à condição humana

(nascimento, vida, morte, amor), todos os trabalhos que Hirst desenvolve no

primeiro período da sua carreira, têm um objetivo comum: provocar reações de

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estranhamento ou choque no espectador, que causaram muitas polêmicas e

controvérsias na opinião pública.

O principal, mas não exclusivo tema do trabalho de Hirst tem sido a

exploração da mortalidade, um assunto tradicional que ele atualizou e estendeu

com originalidade e força. Como foi dito anteriormente, ele é mais conhecido

pela série de trabalhos (The Natural History) na qual animais mortos são

apresentados, de maneira irônica, em posições mais adequadas para uma

exposição do Museu da História Natural do que uma de arte. A arte em si tem

um poder visual que é virtualmente incompatível com nenhuma possível

descrição dela, e não se pode esperar entendê-la ou mesmo ter um vislumbre

do seu conceito sem vê-la pessoalmente.

Se, em termos temáticos e ideológicos, estas obras são dominadas por

intenções provocativas, ao nível compositivo evidencia-se uma tendência

minimalista, resultante em formalizações de sentido classicizante, que se

caracterizam pelo uso simples e contido dos materiais e dos objetos. A

dimensão conceitual dos seus trabalhos é revelada e complementada com a

atribuição de extensos títulos. Nos trabalhos mais recentes, em que Hirst

procura por novos suportes para instalação e escultura, como o filme ou o

vídeo, confirma-se a vocação minimalista e conceitual da linguagem deste

artista, agora mais influenciada pela corrente inglesa da Pop Art. Pelo impacto

de muitos dos seus trabalhos, Damien Hirst tornou-se um dos mais

interessantes e conhecidos membros da escola de artistas ingleses formada

nos finais da década de 80, em torno do Goldsmith's College.

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5. VIDA E OBRA DE VICK MUNIZ

Vicente José de Oliveira Muniz, mais conhecido por Vik Muniz, e ainda

mais conhecido por suas obras, é um artista plástico e visual. Suas obras

literalmente falam por si, pois em seu site oficial, a página dedicada a sua

biografia contém um pequeno texto (“Born 1961, São Paulo, Brazil. Lives and

works in New York City.”) e 52 páginas que listam cada um de seus trabalhos,

desde 1989, abrangendo trabalhos individuais, exposições em grupo, palestras,

filmes, textos, prêmios, bibliografia selecionada e locais em que reside seu

acervo.

Seus trabalhos mais famosos são montagens feitas com materiais

inusitados, como chocolate, sucata e arame, e que tem como base figuras de

gosto popular e/ou famosas. Um aspecto interessante do trabalho de Vik Muniz

é a sinestesia causada por suas obras, em um mescla do paladar e do olfato

com o impacto extasiante do realismo na representação visual. Um bom

exemplo disso é a releitura do quadro Medusa, de Caravaggio, feito com

macarrão e molho de tomate. Nesta releitura, nota-se a intenção do artista em

contrapor o estímulo da gustação causada pelo macarrão com a sensação de

nojo proveniente das serpentes que saem da cabeça da medusa.

Grande parte de suas obras gira em torno da utilização de um material

específico para a montagem a ser fotografada. Duas séries de obras obtiveram

grande repercurssão pública: Imagens de Chocolate e Imagens de Lixo. A

primeira expôs um retrato de Sigmund Freud e uma montagem com

paparazzis, ambas feitas de chocolate, e na segunda, Vik fez releituras de

obras do Renascimento e de Goya usando apenas lixos e sucatas. Outra obra

de grande repercurssão pública foram duas releituras de Mona Lisa, de

Leonardo da Vinci, feitas de geleia e pasta de amendoim. Nota-se mais uma

vez o uso da contradição, no qual o artista coloca uma das maiores obras feitas

pelo homem, cuja a figura representada tem quase um caráter divino no

imaginário popular, no âmbito da alimentação popular, na qual a pasta de

amendoim é sinônimo da alimentação básica e tradicional americana.

Reforço novamente a união entre a memória coletiva, em temas

populares e de fácil identificação, e as percepções sinestésicas, causadas

pelos materiais inusitados utlizados em sua obra. Esses duas aspectos unidos

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dão a obra um impacto de primeira vista muito forte, de modo que a imagem

fica gravada facilmente na memória. O “grudar” tão desejado pelos publicitários

é algo que já faz parte da essência da obra de Vik Muniz.

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6. CONCLUSÃO

A arte se reinventa por si própria, mesmo que as inspirações sejam as

mesmas. Na pós-modernidade há a quebra da ruptura com o habitual e os

artistas mergulham em um novo caminho artístico. Cansados das mesmices e

influenciados pelos acontecimentos sociais, políticos e econômicos da época

os artistas também resolveram mudar e passaram a produzir uma arte

diferente.

Contrária aos costumes essa nova arte denunciava a própria arte e a

própria sociedade na qual estava sendo produzida. A ironia passou a fazer

parte dessa produção, para expressar inúmeras ideias. A ironia passa a ser a

arte e arte passa a ser irônica.

Esse novo efeito causa espanto para a sociedade, cumprindo seu papel.

Porém seu conteúdo é consistente e assim adquire repercussão por outras

gerações artísticas influenciando a arte até os dias de hoje.

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7. BIBLIOGRAFIA

NETO, José Teixeira Coelho. Moderno pós-moderno. Editora Iluminuras Ltda.,

1995.

CONNOR, Steven. Cultura Pós-Moderna: Introdução às teorias do

contemporâneo. São Paulo: Edições Loyola, 1989.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A Editora, 2005.

Ironia Romântica. Disponível em <http://www.edtl.com.pt/index.php?

option=com_mtree&task=viewlink&link_id=448&Itemid=2> Acesso em 28 de

junho de 2011.

Vik Muniz. Disponível em < http://www.vikmuniz.net/>. Acesso em 21 de junho

de 2011.

Jeff Koons. Disponível em <http://www.jeffkoons.com> Acesso em 19 de junho

de 2011.

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8. ANEXOS

Dog Balloom. Jeff Koons.

Michael Jackson and the bubbles. Jeff Koons. 1989.

Puppy. Jeff Koons.

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Make Believe. Damien Hirst

Damien Hirst ao lado de suas obras.

Damien Hirst ao lado de sua obra A Anatomia do Anjo

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Releitura de Narcizo por Vik Muniz

Vik Muniz. Feito de lixo.

Monalisa por Vik Muniz. Pasta de amendoim e geléia.

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Medusa Marinara por Vik Muniz.