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is, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kaa, Vinicius Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans ant, Lima Barreto, Franz Kaa, Vinicius de Moraes, Italo les, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Kaa, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy oraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia tian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima rlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr o de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kaa, ndrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, assant, Lima Barreto, Franz Kaa, Vinicius de Moraes, Italo les, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Kaa, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy oraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia tian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima rlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr o de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kaa, ndrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, upassant, Lima Barreto, Franz Kaa, Vinicius de Moraes, ndes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian reto, Franz Kaa, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos liar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de nicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond Grimm, Hans Christian Andersen, Franz Kaa, e Moraes, Italo Calvino, Irmãos Grimm, Lygia stian Andersen, Lygia Fagundes Telles, Guy de Maupassant, o, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Moacyr o de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kaa, A linguagem dos animais CONTOS E CRÔNICAS SOBRE BICHOS

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Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Franz Kafka, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Irmãos Grimm, Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Lygia Fagundes Telles, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka, Vinicius de Moraes, Italo Calvino, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Moacyr Scliar, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Machado de Assis, Guy de Maupassant, Lima Barreto, Franz Kafka,

A linguagem

dos animaisContos

e CrôniCAs sobre biChos

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Copyright © 2012 by os autores

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Capa e projeto gráfico Retina78

Revisão Jane Pessoa

[2012]Todos os direitos desta edição reservados àeditora schwarcz s.a.Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — sp

Telefone (11) 3707-3500Fax (11) 3707-3501www.companhiadasletras.com.brwww.blogdacompanhia.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

A Linguagem dos animais : contos e crônicas sobre bichos. — 1ª ed. — São Paulo : Boa Companhia, 2012.

Vários autores. isbn 978-85-65771-03-0

1. Contos brasileiros – Coletâneas 2. Crônicas – Cole-tâneas.

12-09819 cdd-869.9308

Índices para catálogo sistemático:1. Contos : Coletâneas : Literatura brasileira 869.93082. Crônicas : Coletâneas : Literatura brasileira 869.9308

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Sumário

APRESENTAÇÃO

7 Arca literária

IRMÃOS GRIMM

11 Mesinha-ponha-se, o asno de ouro e porrete-

-pule-do-saco

HANS CHRISTIAN ANDERSEN

31 O rouxinol

MACHADO DE ASSIS

47 Ideias de canário

GUY DE MAUPASSANT

55 O lobo

LIMA BARRETO

65 A Ave estranha (Uma anedota do reino dos

Perus)

VINICIUS DE MORAES

71 De pombos e de gatos

74 Do amor aos bichos

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ITALO CALVINO

81 A linguagem dos animais

86 O palácio dos macacos

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

93 Um cão, outro cão

97 Rick e a girafa

MOACYR SCLIAR

101 Cão

105 Os leões

107 A vaca

LYGIA FAGUNDES TELLES

113 História de passarinho

117 Iracema

121 Sobre os autores

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irmÃos grimm

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MESINHA-PONHA-SE, O ASNO DE OURO E PORRETE-PULE-DO-SACO

Antigamente havia um alfaiate pai de três filhos e dono de uma

única e solitária cabra. Ora, a cabra, que alimentava a todos eles

com seu leite, tinha que receber forragem de primeira e todo dia ia

pastar da melhor relva, conduzida pelos três filhos, que se reveza-

vam. Uma vez o mais velho levou a cabra para pastar no cemitério,

onde crescia grande quantidade de relva muito tenra, e lá permitiu

que ela comesse e trotasse à vontade por onde bem entendesse. À

noitinha, na hora de voltar para casa, o rapaz perguntou à cabra:

— E então, mocinha, satisfeita?

A cabra respondeu:

Bééééé! Bééééé!

Encerrei o expediente:

Comi feito demente!

— Então vamos para casa — disse o rapaz, e saiu puxando a

cabra pela corda de volta para o estábulo, onde a amarrou bem

amarradinha.

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— E então? — perguntou o velho alfaiate. — A cabra pastou

direitinho?

— Nem lhe conto! — respondeu o filho. — Está com a barriga

tão cheia que não aguenta comer mais nada.

O pai, querendo verificar o assunto pessoalmente, desceu até o

estábulo, fez festa na querida cabrinha e perguntou:

— Você comeu bastante?

E a cabra respondeu, com sua voz tremida:

Comi bastante, nada!

Nem uma folhinha,

Coitada da cabrinha.

Estou toda esfolada

De andar em pedra afiada.

Bééééé!

— Como? Que novidade é essa? — exclamou o alfaiate, que

voltou para casa correndo e foi para cima do filho:

— Seu mentiroso de uma figa! — gritou ele —, você me diz

que a cabra está alimentada e deixa o bichinho morrendo de fome!

Furioso, agarrou o metro que estava pendurado na parede e

deu tanta pancada no filho que ele acabou indo embora de casa.

No dia seguinte foi a vez do segundo filho, que escolheu um

lugar perto da cerca do jardim, um lugar onde a relva era excelen-

te, tão boa que a cabra pastou tudo e não deixou nem um talinho

para contar a história. À noitinha, quando achou que estava na

hora de voltar para casa, o rapaz perguntou à cabra:

— E então, mocinha, satisfeita?

A cabra respondeu:

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Bééééé! Bééééé!

Encerrei o expediente:

Comi feito demente!

— Então vamos para casa — disse o rapaz, levando a cabra de

volta para o estábulo e amarrando-a bem.

— Ah! Já chegou, meu filho? — disse o velho alfaiate. — A

cabra pastou direitinho?

— Olhe — disse o filho —, ela está com a barriga tão cheia que

não aguenta comer mais nada.

O alfaiate, sem acreditar muito, resolveu verificar o assunto

pessoalmente e perguntou à cabra:

— E então, mocinha, é verdade que você comeu bastante?

E a cabra respondeu, com sua voz tremida:

Comi bastante, nada!

Nem uma folhinha,

Coitada da cabrinha.

Estou toda esfolada

De andar em pedra afiada.

Bééééé!

— Ah, eu pego aquele malandro! Deixar uma beleza de um bi-

chinho desses morrer de fome! — exclamou o alfaiate, que voltou

para casa correndo, pegou seu metro e deu tanta pancada no filho

que o filho teve que sair correndo porta afora.

Quando chegou a vez do terceiro filho, ele resolveu fazer a

tarefa muito bem-feita e por isso saiu em busca dos campos de

relva mais macia e suculenta existentes nas redondezas. Para lá

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levou a cabra, que pastou até não poder mais. À noitinha, na hora

de voltar para casa, o rapaz perguntou à cabra:

— E então, mocinha, satisfeita?

E a cabra respondeu:

Bééééé! Bééééé!

Encerrei o expediente:

Comi feito demente!

— Então venha, vamos para casa — disse o rapaz, levando a

cabra para o estábulo e amarrando-a com todo o cuidado.

— A cabra pastou direitinho? — perguntou o velho alfaiate.

— Olhe — disse o filho —, ela está com a barriga tão cheia que

não aguenta comer mais nada.

O pai foi dar uma olhada e perguntou:

— Você comeu bastante?

E a cabra malvada falou de novo com voz tremida:

Comi bastante, nada!

Nem uma folhinha,

Coitada da cabrinha.

Estou toda esfolada

De andar em pedra afiada.

Bééééé!

—Ah, que filhos sem-vergonha eu fui arranjar! — explodiu o

alfaiate. Cada um mais coisa-ruim que o outro! Mas agora já che-

ga! Chega de me fazer de bobo!

O alfaiate voltou para casa correndo, louco de fúria, foi buscar

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seu metro e começou a dar tanta pancada no último filho, com

tanta brutalidade, que o rapaz fugiu correndo.

O velho alfaiate ficou sozinho com a cabra. No dia seguinte,

foi ele quem desceu até o estábulo; querendo agradar a cabra,

enquanto alisava o pelo dela, dizia:

— Venha, minha linda, minha preciosa, minha coisa querida,

hoje quem leva você para o campo sou eu!

O alfaiate saiu puxando a cabra pela corda e levou-a para pastar

as sebes e os tufos de erva alta que as cabras adoram acima de tudo.

— Pelo menos hoje, minha mimosa, você vai se refestelar! —

disse o alfaiate à cabra, e deixou que ela passasse o dia inteiro

pastando. À noitinha, ele perguntou à cabra:

— Está bom assim, querida?

E a cabra respondeu:

Bééééé! Bééééé!

Encerrei o expediente:

Comi feito demente!

— Então vamos, que está na hora de ir para casa! — disse

o velho alfaiate, que em seguida puxou a cabra até o estábulo e

amarrou-a muito bem amarrada. Ele já estava de saída quando

teve a ideia de voltar atrás e perguntar ao animal:

— E então? Pelo menos hoje, você comeu bastante?

Mas a cabra não se comoveu nem um pouco e falou com voz

tremida:

Comi bastante, nada!

Nem uma folhinha,

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Coitada da cabrinha.

Estou toda esfolada

De andar em pedra afiada.

Bééééé!

Ouvindo aquelas palavras, o velho alfaiate deu um pulo e per-

cebeu a injustiça que tinha feito com os filhos, expulsando-os de

casa sem razão nenhuma.

— Espere um pouco, criatura ingrata! — exclamou ele. Expul-

sar você daqui não é suficiente. Vou marcar você de uma tal ma-

neira que nunca mais você vai se engraçar com alfaiates honestos!

Dizendo isso, o velho voltou para casa correndo, pegou seu

aparelho de barbear e voltou para o estábulo. Lá, ensaboou a ca-

beça da cabra e depois raspou-a tão bem raspada que ela ficou sem

um fio de pelo na cabeça. E achando que seria muita honra para

a cabra apanhar com seu metro, foi buscar o chicote para lhe dar

uma sova tamanha que a única saída do animal foi fugir a toda

velocidade dando saltos incríveis.

Sozinho em casa, o velho alfaiate caiu numa tristeza imensa; é

claro que ele teria gostado de ver os filhos voltarem, mas ninguém

sabia onde os rapazes tinham se enfiado nem o que tinham feito

da vida.

O mais velho estava trabalhando na oficina de um mestre mar-

ceneiro, cujo ofício pretendia aprender. Era um aluno atento e

cuidadoso. Quando chegou o momento de viajar pelo país para se

aperfeiçoar, seu mestre deu a ele de presente uma mesinha que

não parecia grande coisa e que havia sido feita com uma madei-

ra completamente comum, só que tinha uma qualidade muito

especial: sempre que alguém a pusesse diante de si no chão e dis-

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sesse: “Mesinha, ponha-se!”, na mesma hora aparecia uma toalha

branquinha sobre a mesa e sobre a toalha apareciam guardanapo,

prato, colher e faca, ao lado de travessas fumegantes muito bem

servidas, tantas quantas coubessem em cima da mesa, e ainda um

copo bem grande onde cintilava um vinho cor de rubi de amole-

cer o coração. Com uma mesa daquelas, o rapaz pensou: “Minha

vida está resolvida até o fim dos meus dias!”, e saiu pelo mundo

afora na direção que lhe dava na telha, sem ter que se preocupar

com o lugar onde se hospedava: bom, ruim, com comida, sem

comida — nada disso fazia diferença. Em qualquer lugar, sempre

que tivesse vontade, o rapaz punha a mesa no chão — no campo,

na floresta, na grama, fosse onde fosse — e dizia calmamente:

“Mesinha, ponha-se!”, e na mesma hora aparecia diante dele tudo

o que ele pudesse estar com vontade de comer. Depois de viajar

desse jeito durante muito tempo, ele resolveu voltar para a casa

do pai. Achava que depois de todo aquele tempo a fúria do velho

já teria acabado e que seria ótimo mostrar a ele aquela mesinha-

-ponha-se tão simpática. Decerto o pai ao ver a mesa ia receber

bem o filho, imaginava. Só que enquanto ele ia voltando, aconte-

ceu de ele entrar numa estalagem lotada de viajantes. Eles recebe-

ram o último a chegar com muita amabilidade, e o convidaram a

sentar-se à mesa com eles para comer. Se não aceitasse, disseram,

ia ser muito difícil ele conseguir que lhe servissem o jantar.

— Obrigado! — respondeu o rapaz. — Não vou tirar o pão

da boca de vocês. Acho melhor vocês serem meus convidados.

Venham sentar-se à mesa comigo!

Os outros caíram na risada, achando que era brincadeira dele,

mas o rapaz pôs sua mesinha no meio da sala e disse:

— Mesinha, ponha-se!

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