LIVRO - JORNALISMO - Infografia - Manual de Infografia - Folha de São Paulo
A linguagem visual da informação: Uma reflexão sobre a dimensão estética na infografia
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Transcript of A linguagem visual da informação: Uma reflexão sobre a dimensão estética na infografia
CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO: JORNALISMO ASSESSORIA E MULTIMÉDIA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
A linguagem visual da informação
Uma reflexão sobre a dimensão estética na infografia
Orientadora UP: Cristina Ferreira
Orientador da entidade acolhedora: Pedro Leal
If you look after truth and goodness,
beauty looks after herself
Eric Gill
i
Agradecimentos
À Professora Cristina Ferreira, pela dedicação, compreensão e atenção com que me orientou ao longo deste estágio curricular. Por toda a paciência, sábios conselhos e pelo tempo que generosamente dispensou para me ajudar neste trabalho.
Ao Pedro Leal e Professor Bruno Giesteira pela oportunidade
À Aline Flor por toda a ajuda e companheirismo.
À Lorenzza Fernandes por me fazer acreditar e pela palavra amiga.
À Rita Moreira pela dedicação, amizade e ajuda em momentos difíceis.
À Rita Cameselle pela amizade incondicional.
Ao Pedro Rios pela companhia e boa disposição.
Ao José Pedro Pinto, à Letícia Amorim, à Fátima Rebelo, ao Sérgio Costa, ao André Rodrigues e ao Henrique Cunha por me fazerem sentir parte da Renascença.
À Joana Costa por olhar por mim.
À Carolina Duarte pelos momentos de partilha.
Ao Sílvio Vieira pela sinceridade e incomparável sentido de humor.
Ao Raul Paula Santos pela preocupação e apoio absoluto.
Ao Hugo Monteiro pela simpatia e imensa ajuda.
À Maria João Cunha por confiar e acreditar no meu trabalho e por todas as oportunidades que me concedeu. Pela palavra amiga e coragem que me transmitiu.
E ao Pedro Candeias que, com uma paciência infindável, me orientou, ajudou e aconselhou ao longo destes três meses. Pela partilha de conhecimento e
ii
frontalidade que me ajudou a crescer a nível académico e pessoal.
Por último, um sentido agradecimento
comum a todos estes profissionais da Rádio
Renascença que me deram o privilégio de
trabalhar a seu lado e partilharam os bons
momentos que sempre irei recordar.
iii
Índice
1. Introdução ..........................................................................................................................1
1.1 Caracterização da Entidade Acolhedora ..................................................3
1.2 Razões que fundamentam a escolha da RR..............................................5
1.3 Objectivos do relatório e a sua correlação com o estágio curricular........6
2. Contextualização do Tema.................................................................................................8
3. Metodologia .....................................................................................................................11
4. Objectivos ........................................................................................................................12
5. Os primórdios filosóficos da Estética ..............................................................................13
6. Tendências infográficas – a crescente preeminência da estética no mundo gráfico........17
7. O uso da estética na Infografia ........................................................................................26
7.1 Exploração de Elementos e Recursos na Estética ................................. 29
7.1.1 Psicodinâmica das cores ................................................................. 31
7.1.2 Tipografia ....................................................................................... 33
7.1.3 Ícones.............................................................................................. 35
7.1.4 Imagem........................................................................................... 37
7.2 Harmonia estética vs Poluição informativa........................................... 39
8. Visualização e percepção de conteúdos informativos .....................................................44
8.1 Gestalt ................................................................................................... 45
9. Conclusão ........................................................................................................................47
10. Bibliografia ....................................................................................................................49
iv
Índice de Ilustrações
Ilustração 1- New York Times, “President Obama’s Proposed 2011 Federal Budget” ... 20
Ilustração 2- Sukhoy (2008) - Infográfico produzido para Revista Época.................... 21
Ilustração 3 - Dataviz criado por David McCandless – “Information is Beautiful”........ 23
Ilustração 4 - Representação do Diagrama de Venn por David McCandless ................ 24
Ilustração 5 - Mapa do Metro de Londres criado por Harry Beck.............................. 26
Ilustração 6- Estudo de Embriões, por Leonardo DaVinci ....................................... 26
Ilustração 7- Infografia sobre a Beatificação de João Paulo II, no âmbito das celebrações
ocorridas em Maio, para o Página1 (Rádio Renascença) ...........................................................32
Ilustração 8– Infografia sobre a raça de gatos Manx II, no âmbito das corridas
automobilísticas da Ilha de Manx, para o Página1 (Rádio Renascença) ....................................... 34
Ilustração 9 – Infografia dinâmica realizada no âmbito das legislativas 2011............... 36
Ilustração 10– Estudos para a realização de uma infografia sobre o primeiro veículo
automobilístico a vencer o Circuito da Boavista, para o Página1 (Rádio Renascença) .................... 38
Ilustração 11- Infografia sobre os diversos percursos de Fórmula 1, realizada de acordo com
o modelo pré-estabelecido pela RR...................................................................................... 41
Ilustração 12 – Infografia sobre a Maratona de Londres, feita a partir dos mesmos
pressupostos do modelo da infografia de Fórmula 1, de modo a criar uma coerência estética entre ambas.
.................................................................................................................................... 42
v
Resumo
Este trabalho propõe uma análise extensiva sobre o
papel preponderante da estética em elementos
infográficos. Tendo em consideração que a infografia é,
cada vez mais, encarada como uma narrativa
independente, a sua estética torna-se num elemento
comunicacional por excelência, permitindo ao indivíduo
uma visualização simplificada do alargado número de
dados que constroem a realidade.
Para além da sua componente informativa, a actual
infografia pretende ser uma forma de arte, ao utilizar todas
as ferramentas disponíveis, desde a cor à tipografia, para
auxiliar o ser humano da descodificação da sobrecarga de
informação que o rodeia.
Palavras-chave: design, estética, comunicação,
infografia
vi
Abstract
This paper is an extensive analysis about the
preponderant role of esthetics within the infographics.
Bearing in mind that infography is growingly seen as an
independent story, its esthetic becomes a communicational
element by excellence, allowing the individual to view an
extended number of reality building data in a simple way.
Further than its informative component, the actual
infographic intends to be an art form, by using all of its
available tools, from color to typography, to help the human
being decode de overflow of information that surrounds
him.
Keywords: Design, Esthetic, Communication, Infographic
1
1. Introdução
O constante processo de convergência digital preconizado pelos diversos
órgãos de comunicação social é um dos principais propulsores da revolução do ramo
da multimédia. A sociedade contemporânea está a presenciar uma das evoluções mais
significativas do ramo comunicacional que irá, eventualmente, alterar o conceito de
jornalismo, per si, no futuro.
“Do advento do computador pessoal às modernas redes sociais baseadas em
esquemas multi-mediados de relacionamentos percebe-se, claramente, a evolução
exponencial de dispositivos capazes de promover novas e abrangentes formas de
sociabilidade.”1
Com o constante incremento de novas tecnologias e perante a insistente
necessidade de inovação, a vertente de multimédia vê a necessidade de prorrogar e
manter-se a par desta afluência ao meio cibernauta. É mediante estas necessidades que
o profissional de multimédia tem como demanda estar preparado para os demais
obstáculos formais e estruturais que compõem a área.
A tendência no mercado de trabalho perante as habilitações de alguém de
multimédia são bem claras, no que diz respeito à capacidade de adoptar uma postura
‘multitasker’ perante os diversos projectos que almeja concretizar – cf. com
“Profissionais capazes e habilitados em fazer várias coisas, unir várias mídias em um
único meio”.2
A preponderância do profissional de multimédia faz-se sentir através da
crescente produção de conteúdos dinâmicos, por parte dos órgãos de comunicação
social portugueses, que promovem a interacção com os utilizadores, bem como uma
relação de proximidade com os mesmos.
1 Curso de Produção Multimídia Retirado de
http://www.cursodeproducaomultimidia.com.br/ Consultado em 30-06-2011
2 Brenol, Marilise (2011 Maio) Retirado de http://www.ijui.com/noticias/educacao/20893-palestra-destaca-a-importancia-de-profissionais-multimidia-no-mercado Consultado em 30-06-2011
2
A necessidade de aprimorar a informação visual exige profissionais
proactivos, empreendedores e diligentes que consigam cumprir os objectivos da
empresa, bem como contribuir para o seu desenvolvimento nesta vertente. Por entre
linhas gráficas díspares e conteúdos online de contornos diferenciados, cada órgão de
comunicação social tenta deixar a sua marca nesta convergência, ao ambicionar
produtos multimédia inovadores, que cativem os seus utilizadores.
Determinada a alcançar sempre mais e melhor no mundo da multimédia, a
Rádio Renascença viu o seu trabalho e esforço reconhecido, com a atribuição do
prémio de Excelência em Ciberjornalismo, pelo Observatório de Ciberjornalismo, em
2010.
Para Pedro Rios, jornalista colaborador da Rádio Renascença e um dos
fundadores do Porto24, “Uma mudança de paradigma não se faz sem profissionais
devidamente habilitados, com formação multimédia. A capacidade de produzir vídeo,
infográficos e páginas ricas em multimédia e interactividade é, cada vez mais, uma
exigência para uma marca como a Renascença - e tal não se faz sem profissionais
treinados”.
Instigando a permanente quebra de barreiras entre o homem e a tecnologia, o
jornalista afirma que “ (...) uma rádio já não pode ser apenas uma rádio (...) ” e que a
adaptação ao mundo cibernauta, bem como às suas dissemelhantes exigências, é
encarado como um dos principais objectivos da emissora católica – cf. com “Uma
rádio já não pode ser apenas uma rádio. Uma rádio como a Renascença é cada vez
mais uma marca presente no seu meio de origem (a rádio), mas também noutras
plataformas, com destaque para a Internet.”
Já Pedro Candeias, experiente profissional na área de multimédia e
colaborador da Rádio Renascença, afirma que uma das principais competências
intrínsecas a quem quer desempenhar funções nesta vertente é “Simplificar a
apresentação de informação, especialmente quando esta é vasta e complexa”.
Solucionar os demais desafios inerente à profissão e a constante aprendizagem
de novos conhecimentos é um os principais objectivos dos produtores de multimédia
que, como afirma Pedro Candeias, “ (...) são os pilares da inovação na apresentação
3
da informação sendo igualmente os motores da adopção de novas técnicas e processos
de recolha tratamento de dados”.
É com a súmula de todas estas premissas, em consonância com uma grande
força de vontade, que o profissional de multimédia consegue singrar na sua área e que
empresas como a Rádio Renascença alcançam o reconhecimento e o insigne trabalho
na área de Multimédia.
1.1 Caracterização da Entidade Acolhedora
A Rádio Renascença, composta por uma sociedade de quotas entre o
patriarcado de Lisboa e a Conferencia Episcopal Portuguesa, nasce a 5 de Junho de
1936, com um emissor instalado na Charneca, em Lisboa. No ano seguinte, após
inúmeras experiências, as emissões da RR começam a ser diárias.
“Ocupada durante a Revolução de 25 de Abril de 1974 e destruídos à bomba
os seus emissores de Lisboa, a estação foi restituída à igreja em 28 de Dezembro de
1975 (...) ”3. Este período foi determinante para a evolução e crescimento da emissora
portuguesa, com o investimento em novas instalações, aquisição de novos
equipamentos e contratação de profissionais e colaboradores.
As décadas de 80 e 90 foram decisivas para a RR que rapidamente alcançou a
liderança absoluta de audiências radiofónicas com a Programação 24 horas no activo.
Com a crescente popularidade e preponderância da Internet como meio
comunicacional por excelência, a Rádio Renascença prontamente inicia a exploração
desta nova plataforma, com a aposta em novos projectos. É então instaurada a
transmissão diária e em directo dos três canais radiofónicos principais do Grupo
Renascença4.
3 Fonte: Anuário Ecclesia Retirado de http://www.ecclesia.pt/anuario/ Consultado em 29-
06-2011
4 A consulta pode ser feita pelos seguintes endereços - Rádio Renascença: www.rr.sapo.pt; RFM: www.rfm.sapo.pt e MEGAFM: www.megahits.sapo.pt
4
Em 2007 é lançada a secção de vídeo em multimédia que numa primeira fase
produzia apenas os programas de antena para formato audiovisual, mas evoluiu
posteriormente com a produção própria de reportagens e com a edição de conteúdos
provenientes de outras fontes, com o intuito de manter um “fluxo noticioso
abundante”.
Nesse mesmo ano é feita uma nova aposta: é criado o Página1, jornal diário,
que rapidamente adquire o estatuto de inovação por ser o primeiro veículo noticioso
em formato PDF nos órgãos de comunicação social portugueses.
Com o lançamento repartido em duas edições diárias, o Página 1 apresentava
um layout simples, sem uma mancha gráfica devidamente estruturada. Era editado
diariamente por Raul Paula Santos e Pedro Caeiro e contava com as colaborações dos
restantes membros da RR.
Contudo, em Maio de 2008, a estrutura do Página1 sofre algumas alterações e
passa a uma edição diária agregadora de todo o conteúdo noticioso desse dia, a ser
lançado entre as 16h e as 17h.
Mantendo Raul Paula Santos como editor, o Página1 conta ainda com o
trabalho fixo de Hugo Monteiro (jornalista de rádio), Letícia Amorim (jornalista
multimédia) e com a colaboração de Pedro Rios (jornalista), além das demais
colaborações dos restantes membros da RR.
A corroborar o trabalho da equipa do Página1, está um layout mais moderno e
apelativo que contribui para a contínua adesão a este ‘serviço’ gratuito, que já conta
com mais de 7 mil leitores.
Em 2009, a nova aposta a rádio católica portuguesa superou todas as
expectativas: o lançamento do novo site da Rádio Renascença alcança, em pouco mais
de dois anos, 1.6 milhões de visitas, tornando-se a rádio com maior número de
utilizadores ao suporte digital.
Com a atribuição do prémio de Excelência em Ciberjornalismo, pelo
Observatório de Ciberjornalismo (em 2010), a Rádio Renascença viu, uma vez mais,
o retorno positivo das apostas feitas na inovação e no futuro.
5
No discurso de agradecimento, Pedro Leal, Director Adjunto de Informação,
reitera que “a aposta no online é uma prioridade”, não demonstrando qualquer receio
em usufruir desta plataforma de comunicação gratuita para atingir sempre, à imagem
do trabalho preconizado pela própria rádio, um trabalho exímio de referência.
1.2 Razões que fundamentam a escolha da RR
A escolha da entidade acolhedora para realizar o estágio curricular, não recaiu
primeiramente sobre a Rádio Renascença.
Com interesse em dar continuidade e desenvoltura à aprendizagem de
conhecimentos adquiridos na Universidade Federal do Rio de Janeiro5, no âmbito da
disciplina de Efeito Especiais em Vídeo, a opção inicial visava ‘ingressar’ na empresa
OSTV6, para cumprir as metas por mim impostas.
Dado que um mês após do início do estágio, não tinha iniciado qualquer tipo
de projecto gráfico relacionado com After Effects ou Motion Graphics, foi-me
concedida a oportunidade de escolher, novamente, outra entidade acolhedora que
correspondesse as minhas expectativas.
O meu principal objectivo, enquanto estagiária, é tripartido em três aspectos
que considero fulcrais para a minha evolução académica, nomeadamente o
enriquecimento e aperfeiçoamento de conhecimentos previamente adquiridos; a
construção de um portfolio sólido e coeso; e a evolução na componente de multimédia
em que se concentravam as minhas dificuldades e lacunas: a infografia.
5 Período de Intercâmbio Universitário realizado no Rio de Janeiro, Brasil. A realização do
programa de mobilidade teve lugar ao longo do 1º semestre do 3º ano, referente ao curso de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
6 Canal Televisivo de OutSource Television - Projecto Vencedor das Industrias Criativas de Serralves
6
Tendo em consideração estes objectivos pessoais, estágios realizados em anos
anteriores e o apoio/conselhos que me foram dados, optei por uma instituição que
correspondesse e superasse as minhas expectativas: a Rádio Renascença.
Com a redacção estabelecida em Gaia, realizei um período de três meses de
estágio, no seio jornalístico de uma empresa de insigne destaque no panorama
comunicacional português.
Além da experiência profissional, tive o privilégio de ser integrada num grupo
de profissionais incomparáveis que, acima de tudo, contribuíram para o meu
crescimento pessoal, graças ao ambiente de entreajuda, confiança e amizade
intrínsecos à redacção da Rádio Renascença, Porto.
1.3 Objectivos do relatório e a sua correlação
com o estágio curricular
Este projecto é o culminar de três meses de constante aprendizagem e activa
partilha de conhecimentos, que se traduzem em engrandecimento académico e
pessoal. Ao longo do desenvolvimento da estética, como principal temática deste
trabalho, pretendo deslindar algumas das diversas vertentes inerentes a este conceito,
tendo como ponto de partida os diferentes projectos desenvolvidos na Rádio
Renascença.
Para este efeito, pretendo abordar as diferentes correntes infográficas
preconizadas pelos teóricos deste conceito, onde a utilização da estética é
preponderante, a história que constrói este conceito e as suas diferentes aplicações.
No período de estágio curricular realizado na RR, tive oportunidade de
desenvolver projectos referentes a diferentes ramificações da Multimédia: edição de
som e imagem, infografias estáticas, infografias dinâmicas, trabalho fotográfico e
captação de imagem para produção de reportagens.
Os dois principais obstáculos com que me deparei no decorrer do estágio
foram a programação de infografias dinâmicas, na medida em que o Workshop de
7
AS3, realizado antes do início dos estágios curriculares, não é aprofundado o
suficiente para uma preparação eficaz dos alunos de multimédia; e a organização e
gestão de informação na infográfica, bem como a questão estética e gráfica
adequada às diferentes temáticas. Tendo em conta estas duas lacunas, optei por
desenvolver a minha pesquisa tendo como cerne a Estética e demais vertentes do
conceito.
A elaboração desta pesquisa ajudou a uma melhor estruturação do meu
pensamento gráfico e aprimorou o meu sentido estético, através da leitura de artigos
relacionados com o tema e a persistente pesquisa de projectos infográficos de renome.
8
2. Contextualização do Tema
A Era Contemporânea faz-se de uma vasta multiplicidade de elementos
informativos, que nos guiam no nosso quotidiano. É fundamentado nesta sinestesia
composta pelos mais variados elementos (ícones, sinais, cores, linhas, contrastes), que
obtemos a percepção da realidade e que a nossa vida psíquica e física é construída.
Se abordarmos a realidade em que estamos inseridos de forma mais detalhada
e metódica, percepcionamos que vivemos num mundo “sobrecarregado de informação
ou excesso de dados”.7 Dados maioritariamente fornecidos pelos meios de
comunicação social que, de forma progressiva, começam a apostar, cada vez mais, na
imagem como complemento textual indispensável, para uma melhor compreensão da
mensagem por parte do público-alvo.
Intrinsecamente associada ao jornalismo, a infografia contemporânea é um
importante elemento valorativo no mundo da comunicação. O jornalismo, que durante
séculos se construiu apenas com base no texto, começa a contribuir cada vez mais
para esta complementaridade, através da infografia e da sua estética, de modo a
aguçar inusitadamente a capacidade de selecção informativa dos seus leitores, bem
como a rápida apreensão dos próprios dados fornecidos pelos média.
Apesar da informação/comunicação ser um dos componentes fulcrais da
infografia, a estética tem um lugar privilegiado na sua construção e concepção, dado
que sem determinadas regras organizativas e elementos preponderantes que conduzem
a nossa interpretação, a infografia não iria resultar enquanto elemento simplificativo
da informação.
Contudo, apesar do peso preponderante da imagem numa ilustração
infográfica, a posição hierárquica da estética e do conteúdo informativo não é
consensual no mundo infografista, sendo atribuída mais relevância à estética por uns,
enquanto outros conferem mais verosimilhança ao conteúdo informativo,
distanciando, respectivamente, os restantes conceitos para segundo plano.
7 McCandlesse, David (2010 Julho) The beauty of data visualization: David McCandless
(Ficheiro de Vídeo) retirado de http://blog.ted.com/2010/08/23/the-beauty-of-data-visualization-david-mccandless-on-ted-com/ Consultado em 19-06-2011
9
Alberto Cairo, prestigiado infografista espanhol, define a infografia como
“qualquer representação gráfica na qual elementos verbais e visuais são combinados
com o objectivo de contar uma história jornalística”8, tendo em conta que a sua
natureza tem que ser “múltipla e flexível”.
É na notória convergência entre o textual e o visual que se faz notar a
preponderância da estética infográfica, encontrando apoio nas suas componentes
visuais para concretizar o seu principal objectivo: informar.
David McCandless, criador do website “Information is Beautiful” é um
incansável utilizador da estética na construção visual da infografia. Esta máxima
criada não só por designers, mas também por jornalistas, ajuda-nos a filtrar o que é
realmente importante na grande poluição de dados/informação em que vivemos. De
um modo futurista, McCandless desconstrói a realidade que o rodeia, através do seu
processo criativo (apostando na cor, contrastes e formas), produzindo infografias
extremamente completas a nível temático e informativo, que estimulam os nossos
sentidos no processo da sua interpretação.
Remetendo para a definição da própria palavra, “estética é a ciência que trata
do belo em geral e do sentimento que ela desperta em nós; retrata a beleza de algo”9, é
uma palavra intrínseca ao design e essencial à filosofia. Todavia, na infografia, a
estética supera-se a si própria e ultrapassa o inerente significado.
A estética vai além do sentido lato da própria palavra, comportando em si uma
forte conotação e associação à área da filosofia, no que diz respeito à análise e
entendimento do que é belo. É considerado um conceito inerente ao pensamento
humano, da perspectiva filosófica é tripartido entre a verdade, o bem e o belo.
Para além da sua proximidade com a máxima de beleza, a estética tem em si
uma capacidade organizacional e ‘sinestésica’ que atribui ao elemento infográfico um
8 Teixeira, Tattiana (2007 Maio) “A presença da infografia no jornalismo brasileiro –
proposta de tipologia e classificação como género jornalístico a partir de um caso de estudo” Consultado em 20-06-2011
9 Cecilio, Evane (2011 Abril) “A infografia no jornalismo impresso: além da simples contemplação, um novo modo de se fazer jornalismo” Consultado em 22-06-2011
10
papel fulcral na comunicação. É a principal ponte de convergência entre a informação
verbal e visual que cria uma narrativa própria e independente, ‘alimentando’ uma
relação de simbiose entre a informação e o design.
11
3. Metodologia
O presente trabalho baseou-se na experiência profissional adquirida durante o
estágio na Rádio Renascença, o qual foi uma porta para a fomentação de opiniões no
âmbito da estética das infografias. Com o contacto mais concreto com infografias e o
seu funcionamento, foi possível o desenvolvimento de opiniões críticas, bem como de
ilações obre a temática abordada.
A partir da consulta bibliográfica e revisão da literatura, nomeadamente
artigos académicos, foi ainda realizado um estudo aprofundado sobre o tema; estudo
esse essencial para a fundamentação das ideias e conclusões que foram sendo
apresentadas ao longo do trabalho.
12
4. Objectivos
O principal objectivo desta pesquisa é apurar a importância que a estética pode
ter num elemento infográfico. É essencial a análise das opiniões discordantes,
relativamente à posição hierárquica da estética e da componente informativa numa
construção infográfica, de modo retirar algumas conclusões incisivas de qual o
melhor método de trabalho a adoptar.
Compreender de que modo é que a vertente filosófica do conceito de estética
tem parte activa na criação e execução da infografia, enquanto expressão artística, é
um dos tópicos relevantes a ser esclarecido ao longo deste projecto.
Percepcionar até que ponto a estética se torna decisiva na construção de uma
infografia, é um dos principais objectivos aqui propostos, de modo a compreender a
ténue relação de simbiose estabelecida entre estética e a informação.
13
5. Os primórdios filosóficos da Estética
Com o passar dos séculos, a concepção de estética criou uma envoltura numa
multiplicidade de conceitos divergentes, que dificultam o apuramento do cerne da
própria palavra. Esta mesma ‘indefinição’ pode levar a incongruências na aplicação
deste termo, daí ser necessário remeter para as origens da própria palavra para
desmistificar determinados pareceres.
Uma das suas raízes milenares mais tratadas é a inerência filosófica que lhe
está adjacente, tema tratado desde os tempos da Antiga Grécia, por Aristóteles. Com a
criação da primeira obra que trata a ‘arte’, o filósofo baseia a sua linha de pensamento
artístico na máxima “a arte imita a natureza”, que posteriormente se tornou no
paradigma do pensamento estético ocidental.
No âmbito filosófico, a “estética é o pensamento (…) que estuda a arte do
belo”10, remetendo para a apreensão do mundo sensível que o rodeia, bem como para
“a intuição de beleza”. Apesar da permanente mescla associativa entre estética e
história da arte, ambos os conceitos criaram entre si, uma relação antagónica, na
medida em que a primeira “busca a condição possibilidade de toda a manifestação
artística” e a segunda “descreve as diversas manifestações artísticas, tanto nos seus
elementos gerais como nos específicos”11.
‘Introduzida’ pelo filósofo alemão, Alexander Gottlieb Baumgarten, no século
XVIII, a Estética enquanto disciplina da filosofia adquire o estatuto de “ciência do
belo e da arte” relacionada com o conhecimento sensorial, “contrastando como o
conhecimento cognitivo, que implica a prévia aprendizagem de determinado tema”12.
Todavia, só com Kant é que o conceito é consolidada no âmbito filosófico, alcançado
uma ampla difusão e contribuindo para investigações mais complexas do
10 Sobrealgo.com.br – ‘Sociofilosofia’ Retirado de
http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/estetica.html Consultado em 16-06-2011
11 Sobrealgo.com.br – ‘Sociofilosofia’ Retirado de http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/estetica.html Consultado em 18-06-2011
12 Psicologia do Desenvolvimento – ‘Ciência vs Senso-comum’ Retirado de http://psicofadeup.blogspot.com/2011/05/ciencia-vs-senso-comum.html Consultado em 18-06-2011
14
conhecimento sensorial, habitualmente referido como senso-comum. O filósofo
fundamenta as suas conclusões com a própria aproximação da palavra ‘estética’ da
sua raiz grega, ‘Aithesis’, cujo significado é sensação (Associação idêntica à de
Baumgarten).
Para a filosofia kantiana, os juízos estéticos baseiam-se na beleza livre que
reside na atitude desinteressada do indivíduo, que por si só está sujeito a qualquer
experiência. O contacto com o que nos rodeia, bem como o uso da visão, são os
principais instigadores da experiência do belo e do verdadeiro contacto com a estética
enquanto elemento integrante do nosso pensamento.
A atmosfera afectiva que envolve o ser humano é um factor determinante da
sua percepção. A captação cognitiva dos objectos ocorre através dos cinco sentidos,
sendo ‘a visão’ o mais preponderante, no caso da estética. A atribuição de valor
estético provém da mescla entre visualização e manifestação de sentimentos,
ocorridos aquando da contemplação de determinada forma, a que atribuímos um
‘valor afectivo’ elevando-a “ (…) do plano da utilidade para o plano da contemplação
estética”13.
A contrastar com as teorias de Kant, encontramos também Hegel que defende
a superioridade do ‘belo artístico’ sobre o ‘belo natural’. De acordo com a sua
perspectiva filosófica, no que diz respeito à estética, Hegel ‘restringe’ a amplitude
deste conceito, alegando que este apenas deve explorar questões do ‘belo artístico’,
relegando para segundo plano as apreensões sensitivas a que o indivíduo está exposto
diariamente (‘belo natural’). Para o filósofo, apenas quando o ser humano está perante
algum elemento classificado como ‘arte’, é que pode tirar as suas percepções estéticas
e ‘classificar’ se o que contempla é bonito ou feio.
Visto isto, estamos perante a subordinação das operações racionais e morais à
experiência estética, tendo em consideração que damos destaque ao carácter intuitivo
com o meio em que o indivíduo está inserido.
13 A experiência estética Retirado de http://pt.shvoong.com/humanities/479657-
experi%C3%AAnciaest%C3%A9tica/#ixzz1PvBkAdwV Consultado em 18-06-2011
15
John Hospers, filósofo americano, contraria as teorias dos seus ‘antepassados’
ao afirmar que o pensamento estético fundamenta-se na unidade, tendo em conta a sua
conotação e significado. O escritor parte deste conceito para o alcance mais eficaz de
uma experiência estética bem-sucedida, através da contemplação e percepção do
objecto como algo uno. “A unidade é o oposto do caos, da confusão, da desarmonia:
quando um objecto está unificado, podemos dizer que tem consistência e não
apresenta nada supérfluo”14.
Na perspectiva empírica, a estética é conotada como algo percepcionado pelo
indivíduo que desperta em si uma panóplia de sensações que podem oscilar entre o
deleite e a repudia visual. “É importante ressaltar que o julgamento estético não tem
base nos desejos de quem observa, e muito menos na sua fisiologia (…)”15 a
experiência estética está sim, vinculada aos sentidos, ao ‘sensorialmente agradável’.
Como súmula de todos estes pareces, apesar de alguns serem contraditórios, é
pertinente destacar que a estética é um elemento que varia de indivíduo para
indivíduo, de acordo com os seus gostos e vivências. É um conceito versátil de
carácter metamórfico que evolui em cada sociedade de acordo com as tendências.
Para cada ser humano, enquanto indivíduo único e singular, o belo é traduzido
em algo autêntico, intrinsecamente relacionado com uma multiplicidades de
significados, que fazem despoletar determinadas sensações, que culminam com o
processo de experiência estética.
O que é esteticamente agradável nos dias que correm, certamente não terá a
mesma visibilidade ou impacto daqui a 10 anos. Apesar da constante mutação de
tendências e costumes, o durame da palavra permanece intacto, na medida em que a
estética terá sempre implícito o belo, através da nossa experiência extra-sensorial.
Actualmente já não são ininterruptos os padrões ou percepções estéticas
14 Hospers, John (2006 Novembro) “Historia y Fundamentos” Cap. 1 Consultado em 20-06-
2011
15 Rodrigues, Adriana Alves (2007 Setembro) “Visualização de dados na construção infográfica: abordagem sobre um objecto em mutação” Consultado em 28-07-2011
16
enfatizados pela sociedade. Cada ‘objecto’, artístico ou não, estabelece o seu próprio
tipo de beleza, de acordo com a visualização e experiências estéticas de cada um.
17
6. Tendências infográficas – a crescente
preeminência da estética no mundo gráfico
A infografia como elemento comunicacional de diversos meios de informação,
não encontra quaisquer padrões formais que a classifiquem ou determinem a sua
definição. “La infografia es una ‘herramienta de simplificación’, sino de análisis.
Intentar ir siempre más álla de la noticia”16.
Pela sua ‘inter-’ e multidisciplinaridade, os elementos infográficos encontram
no conceito híbrido o fundamento da sua criação, tendo em conta a pluralidade de
características ou divisões que podem ser atribuídas.
Todavia, diversos modelos de classificação foram criados por teóricos que
procuram a definição corpórea deste meio comunicacional. A pluralidade destes
modelos remete para a criação de elementos infográficos dinâmicos, cuja estrutura é
bastante diferenciada da infografia estática.
Para uma compreensão mais estruturada, é importante fazer uma breve revisão
de alguns dos modelos de classificação de infografias mais recorrentes. Este é um dos
caminhos mais adequados para fomentar um melhor entendimento da aplicação da
estética nas diferentes áreas da infografia, atribuindo especial enfoque ao modelo
veiculado por Alberto Cairo e às teorias sintetizadoras e futuristas de David
McCandless.
De acordo com o estudo elaborado por Beatriz Ribas, realizado em 2004,
Nichari e Rajamanickam (2003), criaram um modelo de comunicação, “ (…) útil para
a composição de narrativas diferenciadas, tendo em mente o público para o qual são
16 Cairo, Alberto (2011) “Blog El Pais” Retirado de
http://visualizacaodainformacao.wordpress.com/2011/03/14-del-periodismo-alberto-cairo/ Consultado em 28-06-2011
18
estruturadas (...) ”17, baseado na intenção comunicativa de elementos infográficos
com o principal objectivo de garantir a sua eficiência na representação de múltiplos e
distintos temas.
Esta mesma classificação não atribui especial enfoque à matéria jornalística;
contribui sim para a reflexão ponderada do tratamento visual do conteúdo
informativo.
Infografia Narrativa é uma das nomenclaturas pertencentes a este modelo e
visa o destaque à narração de um facto/acontecimento, possibilitando o envolvimento
do indivíduo no tema tratado. Esta classificação exprime o ponto de vista da temática
tratada e pode incluir tanto histórias pessoais, como estudos de caso.
Já com uma perspectiva diferenciada do primeiro modelo, a Infografia
Instrutiva tem um carácter mais incisivo relativamente à questão que representa. Dá
enfoque ao pormenor, indicando todas as etapas do seu conteúdo informativo.
Com um cunho que revela maior proximidade com a Infografia Narrativa, a
Infografia Exploratória compele o indivíduo à desmistificação do tema tratado, com
o intuito de traduzir da forma mais correcta e verosímil o seu sentido.
Por último, no modelo de classificação infográfico, Nichari e Rajamanickam
(2003) incluíram ainda a Infografia Simulatória que induz o indivíduo a reviver
determinado acontecimento/situação, como se o tivesse presenciado na realidade.
Em todas estas classificações infográficas é necessário o uso diversificado de
elementos estéticos para melhor veicular a informação pretendida. Sem a devida
utilização destes recursos, uma das principais questões da infografia não se cumpre:
despoletar o inusitado deleite estético.
17 Ribas, Beatriz (2004) “Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o webjornalismo”
Consultado em 28-06-2011
19
Encadeado no pensamento deste modelo classificatório, Beatriz Ribas (2004)
sugere uma classificação com diferentes níveis hierárquicos, assentes nos seguintes
conceitos base: Tipos, Estado e Categorias.
No que diz respeito aos tipos existentes, Ribas inicia a sua classificação com o
tipo Autónomo (a infografia cria a sua narrativa independente, dispensando qualquer
tipo de elemento textual para ser corroborado. Neste parâmetro, o texto é
complemento da infografia, criando “ (...) uma unidade informativa independente (...)
”18); e termina com o tipo Complementar, que é referente tanto à componente textual
como à componente infográfica per si. Referente ao conceito de Estado, encontramos
a Actualidade (elemento infográfico desenvolvido no momento) e a Memória (que
considera a “lógica estruturante do ciberespaço”19, nomeadamente a sua vasta
capacidade de armazenamento de dados). Por último, Sequencial, Relacional e
Espacial, são os elementos constituintes de Categorias, que determinam a linha
narrativa do elemento infográfico.
Para além dos arquétipos veiculados por teóricos acima supracitados, é
importante referir, de forma sucinta, a classificação infográfica difundida por Valero
Sancho (1999), que acrescenta mais um item classificatório ao modelo preconizado
por Nichari e Rajamanickam (2003), consiste no infográfico Interactivo que
mediante o seu grau de interacção, estabelece o princípio de “tele-acção”. Através
deste novo conceito, o grau de envolvência é ampliado pelo potencial do elemento
infográfico e, consequentemente, o indivíduo sente-se parte activa do projecto.
Já Tattiana Teixeira propõe um modelo infográfico que difere da maioria pela
divisão deliberada: Infografia Enciclopédia e Infografia Específica. A primeira
classificação tem por defeito o tratamento de temáticas especificam, maioritariamente
18 Rodrigues, Adriana Alves (2007 Setembro) “Visualização de dados na construção
infográfica: abordagem sobre um objecto em mutação” Consultado em 27-06-2011
19 Ribas, Beatriz (2004) “Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o webjornalismo” Consultado em 28-06-2011
20
ligadas às áreas científicas. Já a infografia Específica dá especial atenção ao
tratamento de hardnews jornalísticas, a eventos isolados e concisos.
Além dos últimos modelos referidos, é importante referir a distinção feita por
Alberto Cairo, entre os modelos conceptuais da infografia que estão em ‘vigor’
actualmente.
Para o infografista é evidente a existência de uma ‘antonímia’ na
concomitância entre duas percepções infográficas, que se distanciam, em
determinadas situações, embora se complementem em raras prerrogativas, sendo elas
a Infografia Estetizante e a Infografia Analítica.
Nas competências atribuídas à Infografia Estetizante (Ilustração 1), está o
destaque da componente visual em relação ao valor analítico. Contudo, este último
nunca é descurado por parte do infografista – cf. com “La infografia es una forma de
Ilustração 1- New York Times, “President Obama’s Proposed 2011 Federal Budget”
21
diseño gráfico o arte visual destinada a hacer las páginas más atractivas y la
información más simples para los lectores.”20 .
Este é o modelo predominante da actualidade, professado por diversos órgãos
de comunicação social de referência, como o New York Times. De acordo com os
teóricos, a utilização de uma estética mais gráfica e icónica, auxilia o processo de
memorização e compreensão de grandes quantidades de informação.
Caso os gráficos apresentem uma complexidade exacerbada, no que diz
respeito à veiculação de informativa, a aplicação da estética como elemento
substancial exige uma atenção redobrada, para o elemento infográfico não ser
associado a ‘poluição visual’.
A adopção da Infografia Estetizante como modelo de trabalho, valoriza o
aspecto da imagem e a da composição, tendo em conta que esta é a base de todo o
projecto.
20 Cairo, Alberto (2011) “Blog El Pais” Retirado de
http://visualizacaodainformacao.wordpress.com/2011/03/14/como-los-origenes-de-la-visualizacion-nos-ayudan-a-entender-el-futuro-del-periodismo-alberto-cairo/ Consultado em 28-06-2011
Ilustração 2 -Sukhoy (2008): Infográfico produzido para Revista Época
22
Concebida de forma divergente da Infografia Estetizante, a Infografia
Analítica (Ilustração 2) dá prioridade à exactidão de dados e ao seu conteúdo
informativo, potencializando a apreensão do mesmo – cf. com “La infografia es la
rama del preriodismo que, usando las herramientas del diseño, la cartografia, la
representación estadística y la diagramática, facilita la comprensión y le análises de
informaciones.” 21
A escolha deste modelo como base de um projecto infográfico implica a
valorização do conteúdo informativo, relegando para segundo plano a componente
estética, com o intuito de aglomerar leituras interpretativas extensivas por parte do
indivíduo.
As infografias orientadas por este ‘estilo classificativo’, têm um notório cunho
científico, que procura a exactidão e verosimilhança das informações, atribuindo
visibilidade a um conjunto de dados de complexa apreensão.
Na Infografia Analítica são reveladas evidências e pormenores informativos
da temática abordada, que não têm tanto enfoque na sintetização e simplificação de
dados na Infografia Estetizante.
Relativamente à opinião de Alberto Cairo, a actualidade infográfica está a
passar um período de transição estética e organizacional, corroborada pela adopção de
novos estilos infográficos mais estilizados, no que diz respeito ao seu grafismo, e
mais complexos em relação ao conteúdo informativo.
21 Cairo, Alberto (2011) “Blog El Pais” Retirado de
http://visualizacaodainformacao.wordpress.com/2011/03/14/como-los-origenes-de-la-visualizacion-nos-ayudan-a-entender-el-futuro-del-periodismo-alberto-cairo/ Consultado em 28-06-2011
23
Dissidente dos restantes modelos infográficos, David McCandless é o
principal precursor de uma inovadora tendência infográfica que encontra os seus
fundamentos na completa estilização e simplificação de dados: o Dataviz. (Ilustração
3).
Este modelo inovador, auxilia na visualização de dados, que
consequentemente se transformam em padrões de interpretação gráfica e
comunicacional. Para McCandless “A informação nunca pode depender do design”22,
tendo em conta que o comprometimento da mesma, iria por em causa a clara
interpretação da mensagem.
Apesar do design estético ser um dos elementos decisivos do Dataviz, o
conteúdo informativo tem igual hegemonia, caso contrário a finalidade comunicativa
fica comprometida – cf. com “ (...) a criação visual só pode aparecer quando a
pesquisa já está feita. O caminho é de baixo para cima.”23.
22 McCandless, David (2010) “Information is Beautiful”, HarperCollins Publishers
Consultado em 27-06-2011
23 McCandlesse, David (2010 Julho) The beauty of data visualization: David McCandless (Ficheiro de Vídeo) Retirado de http://blog.ted.com/2010/08/23/the-beauty-of-data-visualization-david-mccandless-on-ted-com/ Consultado em 18-06-2011
Ilustração 3 -Dataviz criado por David McCandless – “Information is Beautiful”
24
O Dataviz tem como objectivo final “ (...) retirar o véu de algumas conexões
que estavam encobertas pelo excesso de informação que por vezes não conseguimos
interpretar.”24
A corroborar este paradigma inovador, existe uma representação do diagrama
de Venn (Ilustração 4), criada por McCacndless. Este diagrama fomenta a intersecção
de quatro elementos, que objectivamente enaltecem o aspecto visual de um elemento
infográfico.
A ausência de algum destes elementos (“integrity” + “interestingness” +
“function” + “form”) ocorre em peças inacabadas ou graficamente disfuncionais. Esta
linha de pensamento, criada por David McCandless, atribui máximo relevo ao aspecto
visual de uma infografia, considerando-o o coração de um projecto de sucesso.
24 McCandless, David (2010) “Information is Beautiful”, HarperCollins Publishers
Consultado em 29-06-2011
Ilustração 4 -Representação do Diagrama de Venn por
David McCandless
25
“A medida que aumenta el conocimiento humano y las traducciones se
multiplican, se vuelve más y más deseable abreviar y facilitar los modos de transmitir
información de una persona a otra y de un indivíduo a varios” 25
Cada vez mais é lícito o destaque à componente estética na concepção de uma
infografia. As vicissitudes do mundo infográfico acompanham a evolução das
sociedades e o pensamento progressivamente objectivo no descortino excessivo de
dados – cf. com “Vivimos un tiempo de transición para la infografia periodística, el
uso de diagramas con fines informativos. La irrupción de Internet y de nuevas
herramientas y técnicas ha desencadenado una etapa llena de incertidumbres tanto en
el mundo profesional como en el académico.” 26
Objectividade é uma das palavras dominantes nos correntes ‘modelos’ de
construção infográfica – cf. “Information is Beautiful” de David McCandless -, que
assiste a organização informativa.
É importante reter no pensamento infografista que “La infografia es una
‘herramienta de simplificación’, sino de análisis (...) ”, sendo importante “ (...)
intentar ir siempre más alla de la noticia.” 27
25 Cairo, Alberto (2011) “El Arte Funcional – infografia y vizualización de información”,
Alamut Consultado em 29-06-2001
26 Cairo, Alberto (2011) “Blog El Pais” Retirado de http://visualizacaodainformacao.wordpress.com/2011/03/14/como-los-origenes-de-la-visualizacion-nos-ayudan-a-entender-el-futuro-del-periodismo-alberto-cairo/ Consultado em 28-06-2011
27 Cairo, Alberto (2011) “El Arte Funcional – infografia y vizualización de información”, Alamut Consultado em 29-06-2001
26
7. O uso da estética na Infografia
Infografia, acrónimo derivado da palavra anglo-saxónica ‘infographics’, é
traduzida e fundamentada através da expressão ‘informação gráfica’, que sintetiza
toda a sua complexidade. Apesar do seu significado contemporâneo, a infografia
como tradução e simplificação de um grande número de informações remonta a 6200
a. C., altura em que o ser humano começou a registar determinadas representações
informativas que o auxiliavam na interpretação tanto de dados como de situações.
Partindo destes primeiros passos, que vão de Leonardo DaVinci (Ilustração 6)
a Harry Beck (Ilustração 5), a infografia foi evoluindo por entre mapas e diagramas
geométricos, até impor o seu carácter informativo no mundo jornalístico.
No final dos anos 80, início dos anos 90, a infografia como veículo
comunicacional, alcança o sucesso no mundo do jornalismo como suporte visual que
complementava a notícia, simbolizando uma corroboração do texto e não como
narrativa independente, como é evidente na actualidade.
Ilustração 6 - Mapa do Metro de Londres criado por Harry Beck
Ilustração 5 -Estudo de Embriões, por
Leonardo DaVinci
27
Ao longo dos anos 90, a infografia inovou pela vertente dinâmica, que
começou a ser explorada através do programa ‘Flash’, da Adobe. Este “ aplicativo
tornou-se um ícone de uma nova estética, constituindo-se numa forma mais
cinematográfica que tipográfica, além de apresentar uma mistura pictórica de
imagens” (Lupton, 2006:132)28 .
Tendo os anos 90 como ponto de partida, começamos a assistir a uma
simbiose de linguagens graças à internet, na medida em que este é um dos principais
meios difusores da infografia, bem como um dos principais responsáveis pela
recorrente criação de novas tendências infográficas.
Actualmente, a infografia “é a área onde mais se detecta a evolução rumos a
novas formas (...) ”29 (Salaverría, 2007:3) de comunicação, bem como da sua
visualização. Apesar de ser encarada como um ‘elemento secundário’ aquando da
criação da infografia, a estética encontra hoje um lugar de excelência na concepção
infográfica.
É com a transversalidade entre a sintetização e a visualização de informação,
que a infografia cumpre o seu principal objectivo, utilizando a estética como principal
via captadora do interesse e atenção do indivíduo.
O uso da visualização como filtro informativo é um dos elementos mais
importantes na construção de uma infografia coesa e incisiva.
David McCandless afirma que “este é o caminho mais indicado para que
possamos ver padrões e conexões que interessam” de maneira a, posteriormente,
projectar essa informação atribuindo-lhe um significado ou distribuí-la de forma a
28 Rodrigues, Adriana Alves (2007 Setembro) “Visualização de dados na construção
infográfica: abordagem sobre um objecto em mutação” Consultado em 28-07-2011
29 Teixeira, Tattiana (2007 Maio) “A presença da infografia no jornalismo brasileiro – proposta de tipologia e classificação como género jornalístico a partir de um caso de estudo” Consultado em 20-06-2011
28
“contar-nos uma história ou a permitir-nos focar somente a informação que realmente
importa”30.
Ao atribuirmos padrões informativos a determinado tema, estamos
desmembrar e simplificar a sua complexidade, incidindo em formas, cores, contrastes,
elementos tipográficos. É através deste processo que a mensagem implícita de uma
infografia chega rapidamente ao indivíduo, facilitando o processo de descodificação e
interpretação. A estética é intrínseca ao conceito de beleza, independentemente da sua
multiplicidade de vertentes e associações.
A simbiose criada pelo nicho infográfico, entre a estética e a comunicação,
pode tornar-se bastante ambígua em determinadas situações. A ‘questão’ adjacente à
construção de uma infografia coloca em causa a importância destes dois elementos,
bem como o seu carácter indispensável nesta ‘arte’ em constante evolução.
Para além do seu cunho informativo, a infografia tem como objectivo ser algo
esteticamente agradável ao ‘olho humano’. Algo sedutor que atraia o seu ‘espectador’
e conduza a uma ‘exploração’ que vá além do simples olhar.
Uma infografia rica a nível informativo, todavia pobre a nível estético,
dificilmente capta a atenção do ser humano, uma vez que o olhar deste é aliciado
pelas mais diversas componentes gráficas como a cor, a tipografia, imagem, contraste
(como referido na introdução).
Apesar de o típico Infografista que, como profissão começa a ser uma
raridade, o objectivo da criação de uma infografia mantém-se igualmente para os seus
sucessores/substitutos, (quer designers, quer programadores): a incessante procura de
“um design que enfatize a capacidade das coisas em proporcionar experiências” com
um valor intrínseco, “ (...) um design que cultive a sua própria identidade (...)”31 e que
concilie o tanto o carácter estético, como comunicacional da infografia.
30 McCandlesse, David (2010 Julho) The beauty of data visualization: David McCandless
(Ficheiro de Vídeo) Retirado de http://blog.ted.com/2010/08/23/the-beauty-of-data-visualization-david-mccandless-on-ted-com/ Consultado em 18-06-2011
31 Cecilio, Evane (2011 Abril) “A infografia no jornalismo impresso: além da simples contemplação, um novo modo de se fazer jornalismo” Consultado em 22-06-2011
29
7.1 Exploração de Elementos e Recursos na
Estética
É errada a ideia pré-concebida de que a aplicação da estética num
elemento infográfico pressupõe colorir ou ilustrar o ‘espaço’ a ser editado. Toda a
forma, linha ou contorno tem em si implícito o conceito de estética – cf. com
“Demasiada ilustración: poca reflexión sobre como usar la simbiosis entre dibujos y
textos para explicar mejore las historias”32.
Partindo desta conjectura, a ‘simbiose’ destes mesmos elementos pode ou não
ser bem concretizada, no que diz respeito à visualização da estética por excelência.
Por ‘defeito’, os elementos estéticos usados em qualquer composição artística
têm de ser dotados da capacidade de passar as mensagens subliminares adjacentes à
obra. No caso da infografia, estes mesmos elementos são importantes ‘veículos
condutores’ da compreensão e interpretação do tema tratado, por parte de quem a
visualiza.
Critérios visuais como o agrupamento de informação (que se reflecte no
estabelecimento de relações visuais entre informações), a adequação de elementos
visuais ou hierarquização de informação são auxiliados por elementos estéticos que
simplificam o processo de leitura da infografia.
Para o designer Paul Rand, existe uma evidente relação de proximidade entre a
informação e o design, no que diz respeito à aplicação da estética – “without
aesthetics you cannot find truth – to do things with quality. I think is in a big sense
what aesthetics means”33.
Um projecto estético bem-sucedido utiliza uma panóplia de ícones e
representações que simbolizam e corroboram o valor da informação que se pretende
32 Cairo, Alberto (2008) “Infografia 2.0: visualización interactiva de información en prensa”
Consultado em 29-06-2011
33 Rand, Paul Retirado de http://nextandmore.com/no-truth-without-aesthetics-paul-rand/ Consultado em 21-06-2011
30
veicular. No caso da infografia, a aparência é uma questão fulcral para que esta
resulte, nunca descorando o seu conteúdo informativo.
O funcionamento de todas as partes de um elemento infográfico em uníssono é
essencial para simplificar a sua complexidade. “As partes de determinado elemento
infográfico devem relacionar-se internamente para alcançar a unidade e não o caos
(...) ”34 informativo.
Quando existe o recurso a elementos estéticos e imagéticos, seguindo
determinados critérios, estes podem produzir um efeito de magnetismo que suscita o
interesse de que a visualiza.
Embora exista uma clara dissonância de opiniões no que respeita a linguagem
da estética, ou elementos estéticos per si é visível a conformidade entre determinados
elementos comuns, que estão peculiarmente pautados com conceito e aplicação da
estética – cf. com “The vocabulary of a language of art, or of aesthetics: orders,
variety, contrasts, symmetry, tension, balance, scale, texture space, shape, light, shade
and color”35. São estes os elementos primordiais indispensáveis à execução de algo
que provoque deleite estético ao indivíduo. Contrariamente ao encanto que estes
recursos podem despertar, o seu uso excessivo pode produzir um sentimento de
saturação e desinteresse, efeito dissemelhante ao pretendido aquando da criação do
elemento infográfico.
Para além da utilização dos mais variados elementos constituintes da estética,
é necessário ter em conta determinadas condicionantes para se alcançar a harmonia
entre estética e conteúdo informático. Elementos como usabilidade, ergonomia,
semiótica dos elementos formais da composição, a semiótica visual dos diversos
recursos estéticos e psicodinâmica das cores são factores partilhados tanto pela
34 Hospers, John (2006 Novembro) “Historia y Fundamentos” Cap. 1 Consultado em 20-06-
2011
35 Rand, Paul Retirado de http://nextandmore.com/no-truth-without-aesthetics-paul-rand/ Consultado em 21-06-2011
31
estética, como pelo conteúdo informativo que visam o alcance da experiência
sensorial positiva por parte do indivíduo.
Os quatro elementos intrinsecamente associados a uma composição
infográfica são a cor, a tipografia, ícone e imagem.
7.1.1 Psicodinâmica das cores
A associação imediata da cor está directamente relacionada com a
psicodinâmica das cores, que contribui para a estrutura psíquica do ser humano. Esta
associação consiste na capacidade de interacção directa com o estado de espírito do
indivíduo que se encontra permanentemente activa, receptiva e susceptível ao
despertar de sentimentos e emoções.
“Belo é o que deriva de uma necessidade psíquica interior. [...] A cor é a tecla.
O olho é o martelo. A alma é um piano com muitas cordas. O artista é a mão que, com
esta ou aquela tecla, faz vibrar a alma”36.
O conceito sui generis de cor, encontra em si algo de instintivamente
relacionado com o inconsciente humano. Deste modo, uma correcta usabilidade deste
elemento pode impelir o indivíduo ao deleite estético, bem como à rápida apreensão
da mensagem.
36 Citação retirada de Cecilio, Evane (2011 Abril) “A infografia no jornalismo impresso:
além da simples contemplação, um novo modo de se fazer jornalismo” Consultado em 22-06-2011
32
“O que os olhos fazem é alimentar o cérebro com informação codificada (...),
quando olhamos para alguma coisa, o padrão de actividade neural representa o
objecto (...). Não está envolvida qualquer imagem interna”37
Tal como podemos notar na Ilustração 7, o uso de cores adaptou-se à temática
tratada, de modo a criar um processo associativo mais rápido e eficaz. Com tons
sóbrios e discretos, a infografia com o tema “Beatificação de João Paulo II” é
retratada de forma concisa e directa.
De acordo com os significados empíricos atribuídos às várias tonalidades de
dourado, conjugadas num simples gradiente, esta cor pode induzir o indivíduo a uma
sensação de equilíbrio e harmonia.
Além das possíveis emoções suscitadas, o dourado tem uma conotação
implícita associada aos conceitos de sabedoria, poder e conhecimento, que conduzem
o indivíduo a uma rápida associação à Igreja Católica. Apesar do notório excesso
informativo, este factor pode ser suavizado pela psicodinâmica da cor, ao captar a
atenção e, possivelmente, suscitar o interesse para o seu conteúdo comunicacional.
37Modesto Farina, Clotilde Perez, Dorinho Bastos (2006) “Psicodinâmica das cores em
Comunicação” Edgard Blucher Consultado em 28-06-2011.
Ilustração 7 -Infografia sobre a Beatificação de João Paulo II, no âmbito das celebrações ocorridas em Maio, para o Página1 (Rádio
Renascença)
33
Mais do que um recurso, a cor e todos os seus constituintes são um dos cernes
da estética infográfica. No que diz respeito ao auxílio na transmissão de mensagens
subliminares, bem como no alcance do arrebate estético, a cor é um recurso
imperativo a ser utilizado, tanto pela sua abrangente significância, como pela sua
capacidade psíquica e emocional.
7.1.2 Tipografia
No que diz respeito à tipografia, no âmbito da estética, a escolha da mesma
pode ser um processo mais complexo e moroso do que aparenta. Este recurso estético
determina, de certo modo, a sintonia estabelecida entre mensagem e receptor, assim
como a sua eficaz percepção.
“Cabe ao designer escolher os componentes ideais de um layout (...) ”38, daí a
escolha da tipografia ser um elemento preponderante para uma boa concretização
estética.
A nível conceptual, a escolha tipográfica a ser utilizada tem de ter em
consideração os seguintes aspectos: “relação com o projecto; relação com imagens
utilizadas; relação com outras fontes utilizadas no mesmo projecto.”39 A tipografia é
também conotada como um importante elemento na hierarquização de elementos
informativos numa infografia. O texto/conteúdo escrito de um elemento infográfico
precisa de ser acessível e inteligível para o indivíduo, de maneira a este apreender,
sem esforço redobrado, a função e preponderância de cada título, subtítulo, legenda
ou corpo de texto.
38 Ana Paula Santos e Susana Funk (2003) “A importância da tipografia na história e na
comunicação”, Univali Consultado em 27-06-2011
39 Farias, Priscila L. (2006) “Tipografia digital: O impacto das novas tecnologias”, Rio de Janeiro Consultado em 28-06-2011
34
Como podemos percepcionar na Ilustração 8, a escolha tipográfica vai ao
encontro da peculiaridade do tema tratado: a raça de gatos Manx, oriunda da Ilha de
Man. Este tipo de letra ‘mais flexível’ e diferente, pode suscitar o interesse do
indivíduo, para uma visualização aprofundada e mais atenta da infografia. Dada a
opção do tipo de letra, a hierarquia atribui-se aos diferentes tamanhos estabelecidos
entre títulos e subtítulos.
Para retratar a informação mais concisa e concentrada, é notória a opção de
um tipo de letra mais estilizado, que indique a verosimilhança e precisão das
informações tratadas e crie o equilíbrio entre a estética e a informação a veicular.
“A tipografia é o ofício que dá forma visível e durável – e portanto existência
independente – à linguagem humana”40.
40Bringhurst, Robert (2005) “Elementos do estilo tipográfico versão 3.0” Consultado em
29-06-2011
Ilustração 8– Infografia sobre a raça de gatos Manx II, no âmbito das
corridas automobilísticas da Ilha de Manx, para o Página1 (Rádio
Renascença)
35
7.1.3 Ícones
De acordo com o seu contexto e localização, os ícones podem representar um
grande desafio à veiculação de conteúdo informativo. Caso a sua aplicação seja a
mais correcta, presenciamos uma simplificação de imagem que facilita a apreensão da
mensagem que pretendemos passar – “As contextually-located objects, icons
exemplify big challenges of comunication and interpretation when using codified
visual languages to convery meaning.”41.
Através da visualização de determinado objecto, o cérebro capta a sua imagem
e inicia o processo de memorização e armazenamento icónico. O uso de ícones tanto
no âmbito estético, como no âmbito informativo, pode representar uma ‘mais-valia’,
tendo em consideração que estes são armazenados na memória a longo prazo (o que
permite uma associação e reconhecimento mais rápido a nível de forma e
significância).
41Gajendar, Uday (2003 Outubro) “Learning to love the Pixel: Exploring the craft of Icon
Design” www.boxesandarrows.com Consultado em 27-06-2011
36
O apelo estético que um ícone pode representar numa composição infográfica
pode ser incomensurável nos dias que correm. O valor do ícone pode representar uma
grande carga informativa, traduzida apenas pela sua própria forma, cor e contorno. O
devido uso deste recurso estético contribui em muito para a pulcritude de uma
infografia, bem como para o sucesso na captação da mensagem.
Tal como está representado na Ilustração 9, podemos percepcionar a
associação icónica presente tanto no gráfico percentual referente a cada partido, como
na representação do hemiciclo, o uso de formas como representação icónica da
mensagem que veiculada. Numa conciliação entre cor e ícones, o indivíduo pode
rapidamente depreender o conteúdo deste elemento infográfico. Esta interpretação
icónica implica uma leitura crítica por parte de quem a visualiza, como tentativa de
exploração dos valores sociais que lhe estão incutidos, bem como do processo de
identificação e descodificação dos dados apresentados.
Intrinsecamente relacionada com a imagem, a iconografia (derivada do grego
eikon (que significa ‘graphia’), é uma forma de linguagem que agrega imagens na
representação de determinada temática. Em suma, este aparente ‘acessório’ estético é
Ilustração 9 – Infografia dinâmica realizada no âmbito das legislativas 2011
37
um importante recurso na expressão da identidade pessoal de um elemento
infográfico.
7.1.4 Imagem
A sociedade contemporânea encontra a sua base visual numa vasta cultura
imagética criada desde os primórdios do ser humano. A imagem, como elemento da
estética por excelência, foi sempre um componente ‘desencadeador’ de um grande
fascínio artístico, que auxilia, também, a estruturação e descodificação de mensagens
quotidianas que por vezes assolam o indivíduo – “A imagem sempre foi fonte de
fascínio.”42.
Visto isto, é claramente necessário o cultivo de grupos de imagens,
directamente relacionado com os factores socioculturais do homem (agregadas à
memória a longo prazo), que assistem a rápida interpretação das vastas redes de
mensagens adjacentes à sociedade contemporânea.
Os ‘bancos’ de formas/imagens são, do ponto de vista semiótico, pontes de
ligação entre culturas intercontinentais. Quando uma informação é lida ou uma
infografia é visualizada, os padrões culturais intrínsecos ao indivíduo estão adjacentes
a esse processo, o que se traduz na interpretação de cada leitor e nas relações de
semelhança criadas nessa leitura.
A imagem vai além da organização racional atribuída pelo ser humano,
conferindo uma consonância estética à infografia que induz à sua rápida apreensão.
42Huyghe, René (2009) “O Poder da Imagem” Edições 70, Lisboa Consultado em 26-06-
2011
38
Com uma breve análise da Ilustração 10, podemos presenciar estudos
realizados para uma concepção infográfica. Através das imagens utilizadas
depreendemos rapidamente a temática deste elemento, que dá enfoque à componente
mecânica que constitui os diferentes modelos automobilísticos. Embora a imagem
seja um retrato da realidade, obtido através de esquissos do objecto tratado, induzimos
de forma clara a mensagem subjacente veiculada. Com o auxílio da cor, forma,
contraste e outros elementos estéticos, a imagem adquire um carácter identificativo do
objecto em questão, e que torna a assimilação e desmistificação da sua complexidade
bastante mais simples.
Todos estes pressupostos são reunidos nos ‘bancos de imagens’,
anteriormente referidos, que estabelecem uma conexão associativa cultural entre
sociedades distintas. No fundo, “ (...) a imagem, mais do que as palavras, dirige-se às
massas: é fácil de apreender, de reproduzir e torna-se tema imediato de conversa”43 . 43Volkoff, Vladimir (2000) “Pequena história da desinformação: do cavalo de Tróia à
Internet” Lisboa Editor Consultado em 28-06-2011
Ilustração 10 – Estudos para a realização de uma infografia sobre o primeiro veículo automobilístico a vencer o Circuito da
Boavista, para o Página1 (Rádio Renascença)
39
Na área do jornalismo e restantes órgãos de comunicação, a dosagem estética é
fundamental para o sucesso de uma infografia. As temáticas e naturezas de
determinado objecto ou assunto devem ser respeitadas, adequando o estilo estético
que mais se identifica com os mesmos.
A estética infográfica não se restringe apenas ao uso dos diversos elementos e
componentes que lhe são próprios, como escolhas tipográficas ou cromáticas. Através
sinopse de todos estes elementos compõe a linguagem da fórmula estética,
percepcionamos o principal objectivo tido pelos profissionais na área: suscitar deleite
estético e paralelamente estimular a apreensão da mensagem.
A transversalidade entre componentes teóricas e práticas, independentemente
de serem as mais recorrentes ou não, confere coesão e robustez à infografia tanto a
nível formal, como a nível de conteúdo.
É nestes ‘pequenos grandes recursos’ que a estética encontra o seu fundamento
e ‘usabilidade’. A aplicação eficaz dos mesmos é correlativo ao gosto e
condicionantes informativas do infografista. Partindo deste princípio, o ‘uso e abuso
da estética’ pode ser uma mais-valia no mundo infográfico, na desmistificação e
apuramento do verdadeiro conceito propulsor à experiência da forma mais pura de
beleza.
7.2 Harmonia estética vs Poluição informativa
Apesar de ser um elemento prioritário na construção de uma infografia, a
organização visual não pode, de modo algum, comprometer a finalidade informativa.
Caso isto se verifique, através de uma má conjugação de elementos ou de uma
excessiva poluição informativa, o principal objectivo do elemento infográfico nunca
será cumprido e a atenção do seu ‘espectador’ nunca será devidamente captada.
A linha que separa um bom elemento infográfico de um caso caótico de
excessiva informação é muito ténue. Ao consultar determinado artigo com uma
vertente mais visual do que textual, o indivíduo procura absorver a informação de
modo rápido, através das mais diversas soluções estéticas. A necessidade editorial de
40
incluir excessivo conteúdo informativo num elemento infográfico, não se deve
sobrepor ao rigor e facilidade que veicula a componente estética da infografia.
De acordo com Suely Figueiredo, “uma das fonte geradores de problemas
como este é a pressão sobre o profissional para que pense” partindo do pressuposto “
(…) ‘como vou fazer para conjugar todas as informações no mesmo espaço’, quando
deveria fazê-lo sobre ‘como vou fazer para que este conteúdo informativo chegue
com facilidade e rigor ao leitor’ “44.
Se o infografista decide colocar um número excessivo de informações e
imagens num elemento infográfico, a transmissão da densidade informativa pode,
eventualmente, ser bem concretizada. Todavia, o profissional corre o risco de pôr em
causa o apelo visual que o seu trabalho deve ter implícito, tendo em conta que está a
exigir um grau excessivo de atenção por parte do leitor, para que este consiga
percepcionar a lógica organizacional da infografia. Caso o seu trabalho exija atenção
redobrada, o factor visual é automaticamente anulado, dada a complexidade de
apreensão da mensagem.
“Quando o número de elementos dispostos num infográfico ultrapassa” o
limite do razoável, “ (…) o leitor apresenta uma resistência em penetrar na sua
sintaxe”. Tendo em conta que o principal objectivo da estética na infografia é, para
além do factor ‘beleza’, não exigir o mesmo grau de atenção que um elemento textual
requer, ao poluir excessivamente o seu trabalho com conteúdo textual, o infografista
não é bem-sucedido na mensagem que pretende transmitir”45.
A atenção do ser humano procura incessantemente uma organização gráfica
harmoniosa e criteriosa em cada infografia, elementos fulcrais para tornar agradável a
sua visualização. O espaço a ser editado para a criação de um elemento infográfico
deve encontrar o equilíbrio entre os elementos estéticos, espaço em branco e conteúdo
44Figueiredo, Suely (2005 Novembro) “Comunicação Coordenada: Analisando Infográficos”
Retirado de http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/iiisbpjor2005_-_cc_-_tattiana_teixeira_-_suely_figueiredo.pdf Consultado em 21-06-2011
45Figueiredo, Suely (2005 Novembro) “Comunicação Coordenada: Analisando Infográficos” Retirado de http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/iiisbpjor2005_-_cc_-_tattiana_teixeira_-_suely_figueiredo.pdf Consultado em 23-06-2011
41
informativo, de modo a ser bem-sucedido. Qualquer infografia que não respeite os
parâmetros acima referidos, perde toda a sua atractividade e possível vantagem
editorial, dado que a mensagem não foi veiculada com sucesso.
A poluição visual é um dos principais erros na estética infográfica que,
consequentemente, nos conduz a um erro da sua própria sintaxe. Todavia, existem
formas de contornar a organização complexa de determinadas infografias, através da
insistente reiteração das mesmas.
Tal como podemos observar na Ilustração 11, este é um exemplo de uma
infografia que, partindo da primeira impressão, ao visualizá-la nos traduz conceitos
como desorganização, pobreza estética e de difícil percepção. Apesar dos percursos
de Fórmula 1 serem familiares a muitos leitores do Página1, a estrutura estética das
infografias realizadas no âmbito do tema, não é, de todo, a mais apelativa. O uso de
cores escuras, o excesso de caixas informativas e o pouco paralelismo existente entra
as mesmas, fazem com a principal mensagem não seja imediatamente percepcionada
pelo seu ‘espectador’.
Ilustração 11 -Infografia sobre os diversos percursos de Fórmula 1, realizada de acordo com o modelo pré-estabelecido pela
RR
42
Todavia, a publicação insistente e repetida deste modelo cria inusitadamente,
uma implícita educação do olhar do leitor. Este facto explica-se através da
necessidade de identificar a informação desejada. Visto isto, e a insistente publicação
deste modelo pré-definido, o leitor aprende a conviver com a poluição informativa e
pobreza estética da infografia, limitando-se a procurar o conteúdo que realmente é do
seu interesse, independentemente de não encontrar a harmonia e equilíbrio inerentes à
estética de uma infografia bem concretizada.
A contrastar com a Ilustração 11, percepciona-se no segundo exemplo
(Ilustração 12) que existe uma linha estética que relaciona as duas infografias,
nomeadamente no título, elementos tipográficos, etc. Estas semelhanças estéticas são
perceptíveis, dado que ambos os temas se enquadram na editoria de desporto, e foi
pedida uma coerência a nível de grafismo entre ambos os projectos.
Todavia, ao contrário do exemplo acima apresentado, a infografia da
Maratona de Londres apresenta um carácter esteticamente mais meticuloso e cuidado.
As tonalidades discretas a contrastar com o vermelho vivo do percurso, torna muito
mais perceptível a informação que pretende transmitir.
Apesar de este elemento infográfico estar perto da ténue linha que separa um
trabalho poluição informativa e da harmonia estética, o seu aspecto visual dá um tom
Ilustração 12 – Infografia sobre a Maratona de Londres, feita a partir dos mesmos pressupostos do modelo da infografia de
Fórmula 1, de modo a criar uma coerência estética entre ambas.
43
sóbrio à infografia, sendo o seu conteúdo informativo mais facilmente percepcionado
pelo seu espectador.
A partir deste modelo, o indivíduo percepciona de forma mais rápida e
rigorosa o percurso da Maratona, bem como as restantes informações implícitas
(como estações de metro, estações rodoviárias e zonas abrangidas pelo percurso).
44
8. Visualização e percepção de conteúdos
informativos
“Todos os sentidos da percepção humana têm um papel importante na área da
visualização e podem melhorar significativamente, tanto a qualidade como a
quantidade de informação que é apresentada através de mensagem (…) ”.46
O decurso evolutivo e gradual da visualização tem em si uma iminente
preocupação com a inclemência de dados informativos e, recentemente, á atribuição
de particular enfoque à componente estética que diariamente percepcionamos.
Esta abrangência do processo de visualização vê em si o envolvimento de
áreas bastante divergentes, nomeadamente a conciliação entre arte, design, ciência e
tecnologia. Com a somatória destes mesmos conceitos, a Visualização é enriquecida
pelos princípios adjacentes às áreas anteriormente mencionadas, com o desejo
implícito de despoletar a activação de todos os sentidos do ser humano.
“O que os olhos fazem é alimentar o cérebro com informação codificada (...)
quando olhamos para alguma coisa, o padrão de actividade neural representa o
objecto (...) ”47, sem estar envolvida qualquer tipo de imagem interna. A visão é o
cerne do processo de visualização, tendo em conta que é o único meio de
preconização deste processo.
A componente sensorial do ser humano é constantemente estimulada pelo
fluxo informativo frenético, intrínseco ao nosso quotidiano. O contínuo desencadear
de sensações provenientes desses mesmos estímulos a que o indivíduo está exposto, é
traduzido pelo processo de percepção e descodificação da panóplia de mensagens
adjacentes.
46Ware, Colin (2004) “Information Visualization: Perception for Design”. San Francisco:
Morgan Kaufmann Publisher Consultado em 30-06-2011
47Gregory, Richard L. (1966) “Eye and Brain” Cap.1 Consultado em 25-06-2011
45
Além de estabelecer padrões informativos, o processo de visualização gera,
igualmente, associações espontânea que servem de base e complemento para uma
linha de pensamento estruturada e coesa.
8.1 Gestalt
É através do processo de visualização que o produtor de multimédia estrutura
o seu pensamento sintetizador e estético. Fundamentada na ideia de que ‘o todo é a
soma das partes’, surge no início do século XX, uma nova corrente teórica que
desmistifica o conceito de percepção.
Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka
(1886-1940), três teóricos alemães, iniciam por volta de 1912 estudos com base no
conceito de percepção. Esta corrente teórica, denominada Gestalt, enfatiza “o primado
da percepção estruturada e da experiência espontânea da expressão emocional”48
As leis que fundamentam esta corrente teoria (proximidade, similaridade,
conexão, continuidade, simetria, encerramento, tamanho relativo e figura e fundo)
rapidamente adquiriram o estatuto de princípios orientadores do design, que auxiliam
a construção e estruturação da informação visual.
Para os teóricos, a estrutura de um trabalho visual divide-se em duas
componentes distintas: a forma e o fundo. Enquanto o fundo é classificado como um
complemento da forma, devido ao seu carácter homogéneo e coeso, a forma é a
representação do conteúdo e da vertente estética da visualização. Apesar das múltiplas
divisões e classificações preconizadas pela teoria da Gestalt, os elementos são vistos
como um todo, e não como parte integrante de algo.
O ‘objecto’ visualizado pela sua unidade é a base consistente do conceito de
percepção. – cf. com “Espectadores espontaneamente experimentar estes efeitos, mas 48Gerald, C. (2007 Fevereiro) “Psychology of Aesthetics, Creativity and the Arts”, Vol 1(1)
Retirado de http://psycnet.apa.org/index.cfm?fa=buy.optionToBuy&id=2007-02738-006Consultado em 29-06-2011
46
deve saber que estética "ver" o produto da mais ampla padrão global para recursos
individuais. “49
A concordar com John Hospers, a teoria da Gestalt é mais um dos factores
indispensáveis à construção de uma infografia, tendo sempre em mente a necessidade
de todos os seus elementos correlacionarem-se em uníssono.
“Beautiful Evidence is about how seeing turns into showing, how empirical
observations turn into explanations and evidence.”50
49 Jolbert, Marcos (2010 Abril) “Fundamentos da Gestalt” Retirado de
http://www.marcosjolbert.com/fundamentos-da-gestalt/ Consultado em 30-06-2011
50 Tufte, Edward (2006) “Beautiful Evidence”, Graphics Press LLC Consultado em 30-06-2007
47
9. Conclusão
A estética é, sem dúvida, um elemento preponderante na realização de uma
infografia. Contudo, como afirma Alberto Cairo, “La forma depende de la Función”51
e não o contrário. É importante reter a ideia de que a estética está intrinsecamente
relacionada com o conteúdo informativo que pretende ser veiculado. Sem este
importante elemento, a estética na infografia deixa de fazer sentido, dado que é um
auxílio precioso na arte de informar.
O uso incoerente dos seus princípios e componentes podem deturpar a
verdadeira essência da estética como elemento propulsor da experiência do belo,
comprometendo a sua ‘razão de ser’. Ponderação e bom gosto são elementos
importantes na aplicação da estética como componente de especial enfoque na
infografia – cf. com na Infografia Estetizada, preconizada por Alberto Cairo.
Ao longo deste trabalho, percorri algumas das diferentes vertentes da estética,
bem como os múltiplos usos que lhe estão inerentes. Foram revistos os diferentes
impactos que a estética tem no ser humano e também o que esta contribui para a sua
componente sensorial.
Concluí, a partir deste estudo extensivo, que a estética é preponderante não só
para a criação de elementos infográficos ou outros tipos de arte. É sim, uma vertente
intrínseca à formação do ser humano. Algo inerente ao seu quotidiano que contribui
para a sua realização pessoal, assim como para o seu bem-estar.
O deleite estético só pode ser suscitado com o uso equilibrado e harmonioso
da panóplia de ferramentas da estética. É com este pensamento que os produtores de
multimédia produzem os mais diversos conteúdos infográficos, com o intuito de
encontrar o equilíbrio entre a dicotomia estética/informação.
Através do período de estágio que realizei na Rádio Renascença apercebi-me
que, mesmo os órgãos de comunicação social, cujo principal objectivo é informar, na
51 Cairo, Alberto (2011) “El Arte Funcional – infografia y vizualización de información”,
Alamut Consultado em 29-06-2001
48
vertente Multimédia que integram em si, têm especial cuidado nos na organização e
estruturação dos conteúdos, principalmente a nível visual.
Por ir ao encontro do equilíbrio entre a sinestesia e anestesia que a estética
suscita, o produtor de multimédia adapta-se inusitadamente às evoluções e tendências
que evolvem de dia para dia, dada a sua efemeridade.
Foi através das dificuldades em estruturar um ‘pensamento infográfico’
adequado, no período de estágio na RR, que fui acurando o meu sentido estético e
organizacional, na incessante procura da conciliação entre os dois conceitos.
Apesar de ser inato a pessoas com uma sensibilidade artística apurada, aprendi
que com esforço e persistência a estética pode ser aprimorada. A visualidade de uma
infografia pode ser bastante explorada através da captação da própria visão, por meio
de elementos estéticos acertadamente utilizados.
Com o estágio da RR notei um claro crescimento profissional a nível
infográfico, tanto a nível estrutural como formal. Foi com os erros e falhas que
aperfeiçoei as minhas competências infográficas e que consegui sarar algumas das
minha maiores lacunas nesta vertente de multimédia.
Design is an activity that unites the elements of durability and usefulness and
intensifies the perception of beauty.
Mijksenaar, (1997)
49
10. Bibliografia
1.Livros Consultados
Arnheim, Rudolf. (1988) “Arte e Percepção Visual: uma psicologia da visão
criadora” São Paulo, Brasil. Editora Bisordi Ltda.
Cairo, Alberto (2008) “Infografia 2.0: visualización interactiva de
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Hospers, John (2006 Novembro) “Historia y Fundamentos”, Cap. 1
Huyghe, René (2009) “O Poder da Imagem” Edições 70, Lisboa
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Volkoff, Vladimir (2000) “Pequena história da desinformação: do cavalo de
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Francisco: Morgan Kaufmann Publisher
Tufte, Edward (2006) “Beautiful Evidence”, Graphics Press LLC
Tufte, Edward (1983) “The Visual Display of Quantitative Information”
Cheshire, Connecticut. Graphic Press
50
Tufte, Edward (1990) “Envisioning Information”Cheshire, Connecticut. Graphic
Press
2.Artigos Académicos Consultados
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história e na comunicação”, Univali
Bringhurst, Robert (2005) “Elementos do estilo tipográfico versão 3.0”
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Gerald, C. (2007 Fevereiro) “Psychology of Aesthetics, Creativity”, and the
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http://psycnet.apa.org/index.cfm?fa=buy.optionToBuy&id=2007-02738-006
Farias, Priscila L. (2006) “Tipografia digital: O impacto das novas
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Figueiredo, Suely (2005 Novembro) “Comunicação Coordenada: Analisando
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Jolbert, Marcos (2010 Abril) “Fundamentos da Gestalt” Retirado de
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Ribas, Beatriz (2004) “Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o
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51
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