A Luta contra a ocupação colonial

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A Luta contra a ocupao colonialOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

As guerras de libertao nacional, correspondem luta armada em prol da descolonizao de uma nao. So caracterizadas pela busca da autodeterminao de um povo ou nao, que busca se libertar da dominao de uma fora poltica e militar estrangeira, geralmente apresentada na forma colonial ou de invaso seguida de ocupao militar direta. No caso da ocupao militar, tambm chamada de "Guerra de Resistncia".

reas coloniais em 1945.

Existem vrios casos de lutas de libertao nacional, algumas das quais so difceis de se distinguir dos movimentos meramente separatistas. A principal diferena est no fato de que os movimentos de libertao nacional aparecem em reas onde h claramente uma identidade nacional separada daquela do pas que colonizou a regio, ou seja, pressupe a existncia de alguma identidade nacional formado anteriormente ao (ou) no processo de ocupao colonial. No caso do separatismo, normalmente o movimento pela secesso aparece em uma regio ou provncia de um pas quando este j um Estado independente. Dentre os casos de luta de libertao nacional mais importantes do sculo XX, destacam-se os processos de independncia colonial ou descolonizao das antigas colnias europias na frica esia. A longa luta de libertao nacional do povo vietnamita tida como um caso exemplar de guerra de libertao nacional, em que o povo do pas lutou contre os colonizadores franceses, depois os invasores japoneses, seguidos de novos contingentes franceses e por fim, dos invasores norte-americanos. Dentre os casos de luta de libertao nacional envolvendo foras de resistncia contra invasores que foram derrotadas e no chegaram a colonizar realmente o pas ocupado, destacam-se a luta da resistncia francesa e da resistncia sovitica contra as foras invasoras da Alemanha, e a resistncia chinesa contra as foras de invaso do Japo, ambas durante a II Guerra Mundial.

Atualmente existem territrios em que so travadas lutas de libertao nacional, com amplo reconhecimento internacional incluindo a existncia de pases que reconheceram a independncia destes Estados, embora a fora ocupante ainda no tenha aceito a independncia:

Estado da Palestina, em luta pela independncia de Israel Saara ocidental, em luta pela independncia do Marrocos

Tambm existem pases militarmente ocupados, onde so travadas guerras de libertao nacional e resistncia, geralmente envolvendo tticas de guerrilha e insurgncia no tradicional, como no Iraque.

[editar]Referncias

HISTRIA DE ANGOLAValncio Manoel INTRODUO A vida e a histria de qualquer pas comeam com o conhecimento da histria cultural do seu povo. Assim para quem investiga os problemas complexos da jovem nao angolana, que est, na atualidade, perante o seu maior desafio como pas independente. So muitas as questes enfrentadas, entre elas a de estabilizar a economia, pacificar os espritos marcados por mais de trinta anos de guerra civil, encontrar os rumos da democracia norteada pelas reformas sociais para diminuir o estado de pobreza absoluta que tem assolado todo o pas, melhorar suas pssimas condies sanitrias e ambientais. Entre todas as dificuldades a maior delas est em instituir um ponto final na situao poltico-militar do pas. Sem capacidade para resoluo destas variveis estruturais, o povo angolano segue a sua trajetria histrica marcada por longos retrocessos e pouqussimos avanos na sua afirmao como nao soberana. A presente dissertao teve origem no trabalho que realizamos naquele pas, como voluntrio das Naes Unidas, durante os anos 1995 a 1997. Angola encontra-se atualmente com pssimos ndices sanitrios, conseqncia dos longos conflitos blicos ocorridos no pas. Para melhorar esses ndices foi desenhado o Projeto de Reabilitao Urbana e Ambiental de Lobito e Benguela, com o objetivo de dar estrutura sanitria e ambiental s duas cidades que, em funo do Porto de Lobito, desempenham papel importante de corredor de exportao para os pases vizinhos e toda a poro central de Angola.

Financiado por: Banco Mundial, Agncia Sueca de Desenvolvimento, Agncia Norueguesa de Desenvolvimento e Governo Angolano, o Projeto saiu do papel trabalhando com comunidades e beneficiando os mais carentes da Provncia de Benguela. Nosso objetivo nesta dissertao foi descrever e analisar o projeto, uma vez que ele apresenta aspectos inovadores: financia diretamente as aes do poder local e da comunidade sem interferncia do Governo Central; privilegia tecnologias e aes de baixo custo; forma recursos humanos nas comunidades locais. Uma avaliao de seus resultados pareceu-nos importante para identificar seu potencial de reproduo em outras regies africanas. Para melhor entendimento do projeto, consideramos necessrio descrever primeiramente o contexto histrico, geogrfico e scio econmico em que ele se desenvolve. Desse modo, no Captulo 1 dissertamos sobre a histria de Angola. (...) CAPTULO 1 - CONTEXTO HISTRICO A FORMAO TERRITORIAL E A DIVERSIDADE TNICA NA CONQUISTA COLONIAL "Terra Gigante/terra Grande Gigante/De Queimadas sem fim/terra Quente de mulatas/Dum Bronze-chocolate/ de negras Que Remexem/Ao som do Batuque/Nas noites Quentes de Luar".(Rasgado,1996:11) A Repblica de Angola , depois do Congo (Ex-Zaire), a maior nao ao sul do Saara. Com uma rea de 1.246.700 Km2, foi durante quinhentos anos uma grande colnia portuguesa. Angola est situada na costa ocidental da frica, em frente ao Brasil e tem fronteiras ao norte com a Repblica Popular do Congo; a nordeste, com a Repblica Democrtica do Congo ou Ex-Zaire; a leste com a Zmbia; e ao sul, com a Nambia. O territrio tem um comprimento mximo de 1.277 Km no sentido norte/sul e 1.236 Km de leste a oeste. Em fronteira martima tem 1.680 Km e terrestre 4.928 Km. A formao tnica de Angola iniciou-se a partir da migrao dos bantos, povos que falam as lnguas bantu, comum na frica Oriental, Central e Meridional cujo termo singular muntu, que significa "homem", "pessoa". Segundo o historiador Ralph Delgado, em 1482, quando os portugueses chegaram ao esturio do Rio Congo, os povos bantos j se encontravam ali em diversos reinos. Segundo Vansina (1985:556), "a expanso das lnguas bantu

pode refletir a ocorrncia de grandes migraes que terminaram bem antes do ano 1100". No entanto, a histria desta populao primitiva da frica Negra s comeou a ser decifrada a partir do sculo XIX, quando o mapa do continente negro foi discutido intensamente na Conferncia de Berlim de 1884. De acordo com os etnlogos especialistas em frica, a etnia Banto, compreendia vrios grupos como: Bakongos, Lunda-Cokwel, Mbundu, Ovimbundu, Ambs e outros pequenos subgrupos, que se expandiram pela frica a partir da zona equatorial. A penetrao dos portugueses nos seus territrios teve incio no reino dos bakongos, atual Zaire, provncia de Angola ao norte do pas. Dentro da viso expansionista dos portugueses j havia uma conscincia de que a conquista deste territrio no seria fcil, porque os bakongos, antes da chegada do colonizador, j dominavam tcnicas da metalurgia, transformando ferro em instrumentos de guerra, conseguindo assim hegemonia territorial sobre os outros reinos prximos ao seu Estado. Em volta do reino bakongo havia outros Estados menores. Em virtude da distncia do centro, eram considerados independentes teoricamente, na prtica respeitavam a supremacia do "manicongo". (Manicongo: o mesmo que reino do Congo. Compreendia Matamba e Angola). "Entre estes reinos distantes destaque para trs: Ngoyo; Kakongo e Luango na costa do Atlntico a norte do esturio do Congo, rea conhecida como Matamba atravessado pelo vale do Cuango a sudeste, e a regio de Ndongo, que inclua quase toda a parte central de Angola, de ambos os lados do Rio Kuanza. Quando houve os primeiros contatos com os portugueses, o mais importante dos muitos pequenos chefes da regio de Ndongo era um que possua o ttulo hereditrio de Ngola, que os colonizadores deturparam dando mais tarde o nome de Angola Colonia"(Oliver. R. E. Fage, 1980:139). Em 3 de maio de 1560, o navegador portugus Paulo Dias Novaes chegou barra do Cuanza, apesar de Diogo Co ter sido o descobridor. A ocupao Lusa em Angola se deu efetivamente no sculo XVI. Favorecido pela diversidade tnica dos Bantos, Paulo Dias Novaes iniciou sussessivas guerras contra os sobas que resistiam ocupao. Segundo historiadores "do ano de 1579 at hoje, Angola no teve mais do que 20 anos consecutivos de paz" (Folha de So Paulo, 1996:1-12). Apesar da resistncia, o avano do colonizador era incontestvel, pois era uma luta extremamente desigual, valendo apenas a bravura daqueles pioneiros na batalha contra a expanso ultra-martima. Um outro lado a considerar que diversidade no cria

unidade, desta forma a estratgia utilizada pelo colonizador foi de criar desentendimento entre as diferentes etnias, apoiados por outros reinos de seu interesse. "s surriadas de tiros das armas europias e luso-angolanas, ripostavam verdadeiros chuvadas de flechas e pedradas nustras, despedidas pelos indgenas. Por fim, a defesa cedeu, caindo na mo do exrcito grande nmero de prisioneiros, entre os quais Ngunza-a-Mbambe e seus macotas, imediatamente degolados, com muitos companheiros. Estava-se em 9 de agosto de 1679. Enterrados os mortos, tratados os feridos e restaurados as foras dos sobreviventes, Luis Lopes de Sequeira prosseguiu a rota determinada pelo regimento, isto , deslocou em direo ao "Sobado" (provm de Soba autoridade tradicional de um lugar, chefe de tribo africana), de Quitequi Cabenguela, causador da mobilizao. Pelo caminho avassalou matumbo-a-Hoji e Catuculo Caquariongo, sobas poderosos, o primeiro dos quais reforou o exrcito com seus homens de arco. Findas oito jornadas de marcha, a coluna alcanou um morro elevado, em cujas cumiadas se sobrepunha a senzala principal de Ngola Quitumba, importante chefe negro da regio, e fez alto neste ponto; e vindo a saber, depois que se encontrava ali refugiado Quitequi Cabenguela, o grande adversrio a combater, abriu trincheiras e tomou todas as medidas para conquistar a difcil posio" (Delgado,1955:30). A luta do povo angolano do ponto de vista da resistncia representou o incio de um ensaio da libertao poltica, j que as determinaes da coroa portuguesa eram explicitas em direo a futura expanso territorial. Durante os anos que Paulo Novaes passou nas terras angolanas, pde ver bem em que condies poderia fazer a ocupao e a colonizao portuguesa. Dentre as informaes colhidas sobressai uma, que dizia respeito s minas de prata do Cambambe. Paulo Novaes na visita que fez ao reino, conseguiu despertar interesses do soberano por aquelas terras. Ele deixou a impresso coroa portuguesa de que poderia fazer em Angola uma colonizao agrcola fcil, semelhante do Brasil. Soube ver o perigo da infiltrao das outras potncias europias, que comeavam a olhar com cobia para as terras alm-mar. Como o Brasil, Angola teve o seu perodo pr-colonial, quando os interesses da coroa portuguesa ficaram voltados para outros territrios em virtude das condies mercadolgicas do sculo XVI. "Os colonialismos e imperialismos espanhol, portugus, holands, belga, francs, alemo, russo, japons, ingls e norte-americano sempre constituram e destruram fronteiras, soberanias e hegemonias,

compreendendo tribos, cls, naes e nacionalidades. So muitos os que reconhecem que os Estados Nacionais asiticos, africanos e latinoamericanos foram desenhados, em sua quase totalidade pelos colonialismos e imperialismos europeus, segundo os modelos geo-histrico e terico, ou ideolgico, que configurou toda a Europa (Ianni,1996:41). No poderia ser diferente a forma adotada pelos portugueses na ocupao e colonizao de Angola, adotando o sistema de capitanias. A diferena bsica que a capitania foi atribuda ao prprio Paulo Dias de Novaes. Tinha trinta e cinco lguas de Costa, comeando a contar da foz do Rio Cuanza para Sul. No interior podia entrar at onde fosse possvel, recebendo ainda outras doaes, que poderia escolher sob trs condies: deveriam ser repartidas em quatro partes; entre cada uma delas haveria pelo menos um espao de duas lguas; sendo aproveitadas no prazo mximo de vinte anos a contar da data da posse. O capito Paulo Dias de Novaes tinha obrigaes como: 1 - defender, povoar e cultivar a terra, sem qualquer custo coroa portuguesa; 2 - construir trs fortalezas nas terras do domnio real; 3 - explorar toda a costa ocidental da frica desde o Rio Cuanza at ao Cabo da Boa Esperana. O donatrio ficava, contudo, com uma larga margem de benefcios, porm sem qualquer recurso da coroa. Nestas condies o mercado escravocrata foi uma opo rentvel, alm da utilizao de todos os recursos dos rios e portos que nestas terras houvessem. Acreditava-se que D. Sebastio estivesse decididamente resolvido a aproveitar ao mximo as terras africanas. Paulo Dias de Novaes tinha ainda a obrigao de estabelecer as famlias europias na sua capitania, sobretudo agricultores e os mais variados grupos sociais, independente da procedncia na antiga metrpole. Pretendia-se com esta medida espalhar naquelas terras os costumes europeus e ensinar aos autctones o aproveitamento das riquezas naturais. Enfim, era um plano de colonizao. Procurava-se evitar em Angola os erros cometidos no Brasil, aproveitando a experincia adquirida para os futuros indgenas nas terras de Ngola. Apesar de todo o planejamento o "rei de Angola no se mostrou to fiel aliado dos portugueses como o rei do Congo." (Santos, 1967:35). Reagindo a invaso, os sobas e os reinos dominados, iniciaram uma srie de revoltas. As mais importantes revoltas ocorreram no sobado da Kisama, e no sobado dos Dembos que protegiam grupos de escravos fugitivos, do Ndongo, da Matamba, do Kongo, de Kasanje, do Kuvale e do Planalto Central. Das pequenas revoltas, que foram apagadas na histria dos vencedores, algumas permaneceram como testemunho da resistncia, mostrando que as revoltas nunca cessaram na extensa capitania de Paulo Dias Novaes.

1 - A Revolta de 1570: foi liderada pelo carismtico "Bula Matadi", um aristocrata, que vendo o perigo que corria o seu povo, fez uma guerra de resistncia para que no fossem explorados e dominados pelos portugueses. Bula Matadi mobilizou toda a comunidade para expulsar os portugueses do reino do Kongo, com a perspectiva de acabar com as intrigas que enfraqueciam o reino. Os portugueses interviram militarmente ao lado do rei do Kongo, depois de muitas batalhas Bula Matadi foi morto no ltimo combate. 2 - Resistncia no Ndongo: No reino do Ndongo, foi forte a resistncia contra a chegada dos portugueses. Com o esprito aventureiro, Paulo Dias de Novaes procurou o Ngola a fim de se informar das riquezas que havia no Ndongo. Desconfiado das intenes de Novaes, no lhe facilitou seu desejo e teve-o preso em Kabasa durante cinco anos. Quando libertou o capito portugus, ele regressou ao seu pas e voltou alguns anos depois com homens armados, dispostos a fazer a guerra ao Ndongo, a partir da cidade de Luanda, onde se instalou e mandou construir uma fortaleza. Ngola Kilwenje era ento o rei do Ndongo. O seu exrcito conseguiu vencer os portugueses em vrias batalhas, embora as armas fossem simples arcos e flechas contra as armas de fogo que os invasores traziam. Contudo, a resistncia enfraqueceu medida que alguns chefes foram abandonando a luta e, quando Ngola Kilwanje morreu, o Ndongo foi aos poucos ocupado pelos agressores. Muxima, Massangano, Kambambe foram caindo na posse dos portugueses que construram fortes nos pontos altos a fim de melhor vigiar e dominar as populaes. Algumas tribos e chefes sujeitaram-se a esta situao e pagaram tributos em escravos aos capites portugueses. Outros preferiam fugir das reas ocupadas e continuar a lutar, refugiando-se em zonas protegidas como as ilhas do Kwanza. 3 - Njinga Mbandi: O maior smbolo da resistncia ficou para a Rainha Njinga Mbandi, que alm da luta contra a ameaa do colonizador, conseguiu aliar os povos do Ndongo, Matamba, Kongo, Kasanje, Dembos, Kissama e do Planalto Central. Foi essa a maior aliana que se constituiu para lutar contra os portugueses. As diferenas e interesses regionais foram esquecidos a favor da unidade contra o inimigo comum. Esta unidade teve os seus efeitos positivos: durante vrios anos, os portugueses perderam posies e foram reduzidos a um pequeno territrio de onde seriam expulsos se no recebessem reforos. Segundo o historiador Ralfh Delgado em seu livro Histria de Angola (terceiro perodo, de 1648 a 1836), "Desejando restabelecer a paz com o Governador, depois de exaustivas lutas, a nova rainha mandou Luanda (principal base dos portugueses), uma embaixada, que alcanou os seus objectivos, mediante a interveno, por ela

solicitada, de figuras eclesisticas de realce entre as quais o bispo. Proposto em 6 de setembro de 1683, o tratado de vassalagem obedeceu a oito condies, estipuladas pelo Governador e aceites pelos protetores da soberania". O destaque destes termos est no item quatro, que na ntegra fora a rainha a dar abertura em suas terras para os forasteiros e caadores de escravos "Ser a mesma rainha obrigada a mandar abrir os caminhos para o comrcio, sem impedimento algum franquiar nas terras do seu estado, e para que ospumbeiros possam ir e vir livremente sem que ela ou vassalo seu algum lhe possam impedir, antes lhe mandar fazer toda a boa passagem e tratamento para que sem dilaes faam os resgates a quem foram encaminhados no se consentindo se alterem as fazendas dos banzos que sero na mesma forma que sempre foram sem engano ou imposto algum quibasco; ordenar outrossim que no seu quilombo se pratique e corra somente o cvado de Portugal que de trs palmos, e o verdadeiro por onde as fazendas neste reino se costumam vender, porm, as que nele se medem por vara que de cinco palmos se mediro tambm no mesmo quilombo; e assim mais ser a dita senhora rainha obrigada a consentir que os pumbeiros dos moradores possam ir comerciar, com os potentados do reino do Sonso, Quiacar, Punamujinga, Sundi, Casem e Damba, sem que disso possa impedir nem vassalo seu algum; e o que este impedimento se atrever, de mais do castigo que lhe der, ser remetido a este governo para tambm por ele se mandar castigar; e para o bom efeito deste ponto mandar abrir os caminhos aos pumbeiros para que sem embarao possam passar" ( Delgado, 1955:72).

Escravos "cangados" (foto Net) O termo pumbeiros o mesmo que pombeiros: agentes na sua maioria formados por mestios. Os pombeiros trabalhavam com conta dos grandes chefes, sobas ou militares portugueses. Durante um ou dois anos, internavamse no interior de Angola, trocavam os escravos por tecidos, vinho e objetos de quinquilharias, voltando com uma centena de negros, homens e mulheres acorrentadas. Este trfico tinha o nome de "Guerra Preta" porque arrancavam sempre por meios violentos os negros das aldeias. Contudo eram os prprios

negros, entre os quais os Jingas, que, levados pela ambio de possuir os objetos trazidos pelos portugueses, faziam guerra aos seus irmos de cor. Existia at uma moeda especial para pagar os escravos. Em determinada altura, foi uma espcie de conchinha, importada do Brasil, a que deram o nome de Jimbo. Mais tarde, um tecido de folhas de palmeiras o "pano" substituiu o Jimbo. Muitas vezes os auxiliares da "guerra preta" eram os prprios chefes negros, os Sobas que trocavam os seus sditos por vinho, tecidos, sal ou plvora. Os portugueses forneciam auxiliares a estes sobas: um dos seus soldados servia igualmente de guarda e ordenana. Como constatamos neste documento do sculo XVII, o comrcio, a espionagem e a evangelizao, sempre foram armas imprescindveis na conquista colonial. H quem pretenda que as razes econmicas esto na base da infiltrao portuguesa na frica, mas nesse perodo histrico todas as formas para subordinao foram utilizadas com estratgias traadas e coordenadas a partir das principais falhas das futuras colnias, principalmente na composio tnica de territrio Angolano. Os acordos de vassalagem foram extremamente desiguais na composio do reino do Sonso, Quacar, Puriamujinga, Lindi, Cassem e Damba, pois a passagem dos pombeiros teve a garantia do governo central, cabendo aos vassalos, sobas e toda a comunidade indgena de Angola aceitar as condies acordadas na base da imposio militar. Na revolta da Rainha Njinga Mbandi, apesar da sua percepo para uma possvel unificao tnica na luta contra o colonizador, a questo da fora blica Lusa foi um fator decisivo. No entanto, passados vrios sculos da morte da Rainha Njinga, a idia da unidade do povo angolano ainda no configurou-se. Ao final do sculo XX, vencida a luta contra o colonizador, permanecem as disputas internas pelo poder, com ideologias marcadas pelo rancor dos diferentes grupos tnicos na contra-mo da histria. 4 - EKWIKWI II do Bailundo. Ekwikwi II, foi outro heri da resistncia, que reinou no Bailundo no planalto Central de Angola h cerca de cem anos, com influncia notvel em toda a regio. Quando chegou ao poder, os portugueses j dominavam todo o norte de Angola e preparavam para a penetrao no interior do Planalto Central em busca de cera, borracha e outros produtos. Nessas circunstncias, Ekwikwi resolveu preparar o seu povo militar e economicamente para enfrentar a guerra prevista. Sendo assim, ele intensificou a agricultura, principalmente o cultivo do milho, dieta indispensvel na cultura dos Bantos. O milho era enviado em caravanas para o litoral na base de troca com os sobados vizinhos. As caravanas do bailundo, com o passar do tempo, passaram a avanar para outros Estados. Com essas viagens, foram expandindo para as novas reas da borracha e colmeias, tornando o reino do Bailundo conhecido em toda a frica Central como o estado mais rico do planalto com vrios produtos para o consumo interno e exportao. A comunidade do bailundo viveu intensamente os modelos para a defesa dos direitos e soberania dos estados do planalto baseados nos princpios de Ekwikwi II que, alm de fortalecer o seu exrcito, estabeleceu

uma aliana slida com Ndunaduma I, rei do Bi, para fortalecer sua posio na regio. Ekwikwi II foi um rei progressista, dinmico que sempre governou ao lado do seu povo. Ele foi sucedido por Numa II, que, corajosamente, enfrentou a guerra contra a pesada artilharia portuguesa no ataque capital do Bailundo. Aos poucos as foras militares portuguesas foram ocupando pontos estratgicos. O Bailundo foi totalmente dominado, sem qualquer resistncia a nova imposio Lusitana. 5- Mutu-Ya-Kevela. Em 1902 os portugueses j tinham o domnio, e ocupao de grande parte do territrio angolano. Na regio do planalto houve a fixao de alguns comerciantes portugueses em busca do milho, cera e borracha. Havia tambm fortificaes construdas em Huambo e Bi para apoiar as trocas comerciais e manter a ocupao na regio. Mesmo em pleno sculo XX, os portugueses mantinham o recrutamento para trabalho escravo na agricultura. Mutu Ya Kevela, o segundo homem mais importante na regio, aps o rei Kalandula do Bailundo, questionou as autoridades portuguesas contra o trabalho forado imposto pelos imperialistas. Mutu-Ya-Kevela reuniu todos os sobados e reinos do planalto, convocando 6000 homens contra as colunas militares portuguesas, que sufocaram os rebeldes de Angola em 1902. 6 - Mndume, Rei dos Kwanyama. O sul de Angola esteve sempre disputado pelos portugueses e alemes. Aproveitando tal rivalidade, Mandume, rei do Kwanyama, conseguiu obter armamentos dos alemes, que serviriam para lutar contra os portugueses. Preocupados com uma futura ocupao dos alemes, os portugueses atacaram Njiva de surpresa, antes que o mesmo organizasse a luta armada. Mandume fugiu, iniciando em todo o territrio Amb, uma tentativa de unir todas as tribos contra os portugueses. Os Ambs, muito bem organizados, comandados por Mandume, venceram os portugueses numa srie de batalhas, obrigando os militares lusitanos a buscar reforos. Os portugueses utilizaram um sistema que ambos conheciam muito bem, corromperam parte da guerrilha Kwanyama, assim venceram as batalhas de Mongwa e Mufilo. Sabendo da vitria dos portugueses, devido ao grande poder de artilharia, e pela traio de alguns sobas, Mandume suicidou-se em 1917, preferindo a morte do que viver sob a subordinao dos colonialistas. Apesar da resistncia e com a luta pela independncia de alguns reinos, a ocupao do litoral ocorreu por meio de um jogo de interesses comerciais entre os portugueses e as diferentes tribos de Angola. A espionagem, evangelizao e tribalismos muito contriburam para a ocupao tanto no passado, como no presente. A configurao tnica de Angola, determina um provincianismo, ou regionalismo, que dificulta a regulao social do Estado, em funo dos diferentes dialetos no mesmo territrio. Segundo o etnlogo portugus, Jos Redinha, em 1950, as principais etnias que habitavam Angola, ento com uma populao de 3.989.486, estavam assim distribudas.

TABELA 1: Principais dialetos de AngolaANO 1950 DIALETO Umbundo REAS DE INFLUNCIA Bieno, Bailundo, Sele, Sumbe ou Pinda, Mbui, Quisange, Iumbo, Dombe, Ihanha, Huambo, Semb, Cacondo e Chicuma. Ngola ou Jinga, Bondo, Bangala, Halo, Cari, Chinje, Minungo, Songo, Bambeiro, Quissana, Libolo, Quibala, Haco e Sende. Vili, Iombe, Cacongo, Oio, Sorongo, Muchicongo, Sosso, Congo, Zombo, Iaca, Pombo, Guenze, Paca e Coje. Lunda, Lunda-Lua-Chinde, Lunda Ndemba, Quioco, Mataba, Cacongo ou Badinga e Mai. Luinbe, Luena, Lovale, Lutchz, Gangela, Ambueta, Mambunba, Engonjeiro, Ngoliebo, Mbaude, Cangala, Iashuma, Gengista ou Luio, Ncoia, Camachi, Ndungo, Nhengo, Nhemba e Avico. Muila, Gambo, Humbe, Donguena, Hinga, Cuancua, Handa (Mupa-Handa-Quipungo), Quilenge-Humbe e Quilenge-Muso Vale, Cafima, Cunhama, Cuamato, Dombandola e Cuangar Dimba, Chimba, Chavicua, Cuanhoca, Mucubal e Guendengo Bochimane, Cazama Cuepe e Cuissi Cussu POPULAO 1.443.742

Kimbundo

1.083.321

Kikongo (Bakongo) Lunda-Kiolo Ganguela

479.818

357.693 328.277

Nhaneka-Humbe

191.861

Ambo Herero HotentoteBochimane Vtua Xingonga

62.141 25.184 7.049 5.895 4.505

Fonte: VALAHU, M. (1968: 30-32). De acordo com a tabela, Angola conta com onze dialetos diferentes, sendo que metade da populao usa o Umbundo e Kimbundo. Para distinguir um reino do outro, em 1557, os historiadores deram ao reino dos Kimbundos o nome de Ndongo - Ngola e Ndongo-Matamba, na regio de Malange onde viviam as tribos Jingas. O reino dos Jingas tornou-se famoso pela crueldade das suas rainhas, que estenderam sua supremacia por toda parte

da etnia Umbundo, sendo que metade deste grupo era dominado pelos Kikongos. Os Kimbundos ocupam a regio de Luanda, na direo norte-oeste, sendo vizinhos dos Kikongos. Umbundos formam a maior tribo negra de Angola e ocupam o litoral e o interior. Na poro Leste encontramos o grupo Lundo, que conjuntamente com os Quiocos vivem na fronteira catanguesa. No sudeste temos as tribos mais primitivas que so os Ganguelas. Perante essa "Babilnia", os Portugueses impuseram a sua prpria lngua sem a qual alis no possvel viver. Ao contrrio dos Belgas, os Portugueses recusaram terminantemente a falar as lnguas indgenas. A imposio lusa no aspecto lingstico, que descaracterizou a identidade do povo angolano, foi a segunda forma de dominao, pois militarmente a metrpole sempre foi superior em todas as suas aes imperialistas. Concluindo, podemos observar na conquista territorial uma seqncia de determinaes que favoreceram a tomada portuguesa do territrio. Elementos como: diversidade tnica, evangelizao, poder blico, espionagem e comrcio fizeram parte de um conjunto de estratgias que deram aos portugueses no s a posse do territrio angolano, como tambm de Moambique, Guin Bissau, Cabo Verde, So Tom e Prncipe, Timor Leste e o Enclave de Macau, alm da sua maior conquista que foi a terra do PauBrasil. 1.1. OCUPAO PORTUGUESA: DO LITORAL AO INTERIOR "Prendeste-me Ai, prendeste-me Porque gritei viva Angola Quando um dia voltar terei na cabea uma grinalda de mussequenha Na mo direita rabo de Leo Na mo esquerda rabo de ona Nos ps alparcatas de pele de elefante E andarei pela rua gritando Liberdade, liberdade, liberdade E... e... Com todo flego gritarei bem alto: Viva Angola." (Xitu - Vanhenga, 1980:3). Na histria da colonizao portuguesa sempre esteve presente um imaginrio, em conjunto com os fatos reais encontrados nas vastas possesses de Portugal

no mundo. A ambio serviu como justificativa entre o discurso e a prtica, levando grupos, raas, etnias a uma degradao social incontestvel na histria do homem ocidental. No caso de Angola, at ao final do sculo XIX, a presena portuguesa limitou-se somente a pontos especficos e geopoliticamente estratgicos na defesa do territrio como Luanda e Benguela, que atravs dos seus portos asseguravam o transporte para o trfico de escravos para o Brasil. Durante quatro sculos esta atividade, que compreendeu as alianas iniciais entre as coroas portuguesa e congolesa, foi uma das principais receitas do Estado. A fixao no litoral representou uma das primeiras tentativas para a ocupao final, j que a cada dia a penetrao para o interior fazia-se necessria para a obteno da fora escrava humana. Dessa forma montou-se uma estrutura de intermediaes entre os comerciantes do litoral e os pombeiros, caadores de escravos e tudo aquilo que fosse comercivel nas terras de Angola. Apesar dessa intermediao, a expanso s ocorreu em funo das presses internacionais desencadeadas pela "corrida ao Continente Africano", sinalizada pela Conferncia de Berlim, de 1884 que institucionalizou uma diviso das fronteiras, em toda a frica. Mesmo assim havia opes de tornar Angola um centro de ocupao a partir do litoral, deixando a autctones a explorao dos recursos naturais, ou de ocupar o planalto com famlias europias, intervindo no processo produtivo. Justamente nesse ponto havia divergncias sobre qual seria o sistema ideal. Alguns Governadores Gerais eram favorveis a uma forte influncia na zona prxima do litoral, outros eram favorveis ao despovoamento do sul de Portugal e da regio de Aores para a ocupao do serto africano. No final do sculo XIX, j havia um forte consenso para a ocupao do interior. Alguns fatos de fixao j eram evidentes, como as 25 famlias oriundas do Recife, no litoral do Namibe, que expandiam-se para as regies da Bibala e Capangombe, em 1849, que representaram uma tmida ocupao. Somente em 1885, cerca de 600 pessoas da Ilha da Madeira vo ocupar o Planalto do Lubango. Segundo historiadores Angolanos, quase todos os portugueses que emigravam para Angola eram condenados ou exilados na metrpole. Isso tornou a colnia, durante sculos, uma masmorra ou presdio dos colonos brancos em Angola. Enquanto no ocorria uma fixao total do territrio, o trfico de escravos mantinha as receitas da metrpole aquecidas, pois os seus efeitos caracterizavam a seguinte situao, segundo Zenha Rela, (1992:25). "Existncia de alguns estabelecimentos na costa - principalmente Luanda e Benguela, onde a presena de portugueses provocava a existncia de estruturas sociais de tipo nitidamente colonial, vivendo exclusivamente da atividade comercial; esta caracterizou-se at cerca de 1840, pela exclusividade do trfico negreiro e a partir desta data, foi ultrapassada em funo da abolio do trfico, pelo comrcio da borracha, marfim e outros produtos tropicais, entre os quais comea a ter alguma expresso o caf. Estas estruturas que entre si no apresentam qualquer coeso,

correspondendo de fato cada estabelecimento a uma micro-sociedade especfica, definiam um elevado nvel de estratificao social na qual destacavam dois grupos: um constitudo pelos europeus, mestios e alguns negros ditos assimilados (cultura dos brancos) e outro pelos no assimilados, os "avassalados"; a existncia individualizada destes grupos nos quais o segundo funcionava como sendo uma "periferia" do primeiro, no significava porm que as relaes do ncleo central fossem homogneas; pelo contrrio, verificava-se uma forte estratificao e uma grande diferenciao mesmo entre o grupo colonizador, sendo de norma uma ntida e prvia separao entre as zonas do funcionalismo pblico - civil e militar - e os comerciantes; tambm nestes ncleos que tm origem as "aristocracias locais" negras e mestias que desempenharo um papel extremamente importante em todo o processo subsequente; No que diz respeito s formaes sociais locais, e para alm dos pequenos grupos absorvidos pelo colonizador, as suas relaes com este reduziram-se sempre a forma de "troca desigual" e apenas s relaes comerciais espordicas". Do ponto de vista poltico, a ocupao representaria uma imediata resposta s presses internacionais, mas Portugal teria que encontrar formas alternativas na implantao do sistema colonial, integrando Angola num modo de produo que suportaria a carncia do investimento. Esse custo teria que retornar aos cofres da Metrpole de forma rpida e eficiente. A expatriao das riquezas do continente que durante sculos foi feita mediante o trfico, da venda de armas, plvora, bebidas alcolicas, tecidos e missangas foi transferida para a exportao de matria-prima, de que o processo industrial europeu tinha necessidade, como: fibras, leos vegetais, minrios e produtos da pesca. Apesar das divergncias ocorridas em diferentes correntes colonialistas, somente em 1930 com a publicao do Ato Colonial, que se fixam definitivamente alguns princpios na ocupao. Para Rela (1992:26), "o sistema desenvolveu-se ento, a partir dos embries pr-existentes, um sistema eco-cultural colonial integrado, cada vez mais vasto e complexo, baseado nas cidades, nas concentraes agrcolas e pecurias, nas empresas de extrao de minrios, etc. O centro deste sistema foi constitudo por uma imigrao portuguesa cada vez mais acentuada. Houve uma integrao, muitas vezes precria, neste ncleo" de um nmero extremamente limitado de africanos assimilados e um nmero maior de mestios. Na periferia do sistema colonial, numa posio agregada e marginal, encontrou-se um nmero crescente de africanos que constituram a mo de obra no qualificada (ou pouco qualificada), de quem o sistema precisava para o seu funcionamento. Por outras palavras: a implantao efetiva do sistema colonial encontrava a sua lgica interna quer no

crescimento da disponibilidade de matrias-primas para exportao, quer no aumento da capacidade de absoro de bens de consumo, em grande parte importados; a forma de alcanar estes objetivos exigia a participao, mesmo que marginal de um nmero sempre crescente de produtores/consumidores e a sua adeso, traduzida em dois aspectos concretos: o assalariamento e/ou a monetarizao. Na nfase de tais objetivos, a metrpole acabou construindo mecanismos de dominao colonial que garantiu o funcionamento e o desenvolvimento de uma cultura colonial que, mesmo aps a independncia do pas, ainda se reflete em muitos aspectos da cultura angolana. Nesse mecanismo desenvolvido destacamos os seguintes: "Apropriao de terras, tendente constituio de grandes empresas segundo princpios geralmente conhecidos como recrutamento da fora de trabalho que evoluiu de uma agricultura de plantao. - implantao de um sistema de recrutamento da fora de trabalho, que evoluiu de um tpico sistema de trabalhos forados, para esquemas de recrutamento que se diferenciavam dos anteriores sobretudo em termos formais; - imposio de culturas obrigatrias, fundamentais para o processo de desenvolvimento do colonizador - como o algodo - no sendo permitido ao agricultor cuidar das suas culturas alimentares sem ter preenchido a quota que lhe havia sido atribuda pelas entidades administrativas; - imposio fiscal excessivamente alta, independente do rendimento gerado pelo agregado familiar (imposto de capitao); - desmembramento absoluto das redes comerciais locais pela proibio do comrcio ambulante (funano), obrigatoriedade de localizao dos estabelecimentos em povoaes comerciais e estabelecimento de regras muito apertadas de licenciamento comercial." (Rela, 1992:27). O esquema de recrutamento, determinado por uma imposio cultural e fiscal rgida, mais tarde desencadeou a subdiviso tnica baseada em escala de valores hierrquicos entre negros assimilados e no assimilados. Aos que usufruam o estatuto de assimilados, trocavam seus traos culturais em aceitao a cultura europia de uma minoria branca; aos assimilados cabiam tarefas subalternas de pouca expressividade, que para os brancos no lhe cabiam fazer. Aos no-assimilados, na sua maioria considerados indgenas e rsticos, cabia uma poltica de segregao, que os impedia de exercer qualquer cidadania, inclusive o direito de ir e vir nos centros urbanos. Assim ao final da imposio colonial, ficou difcil uma reestruturao ou uma expanso da migrao para uma futura integrao da populao perifrica em nico ncleo. Por outro lado, o crescimento da populao branca foi de pouca

expresso, em funo dos preconceitos criados em torno da vinda dos futuros imigrantes, que consideravam a frica terras selvagens, povoada por indgenas canibais. Do sculo XIX at incio do sculo XX, era de aproximadamente 9000 habitantes, conforme mostra a tabela 2: TABELA 2: Nmero de Brancos que Viviam em Angola (1848-1974)ANO 1845 1900 1920 1940 1950 1960 1961 1970(*) 1974(*) NMERO 1832 9198 20200 44085 78286 172529 162387 290000 335000

Fonte: MANUEL, J. R. Z. Angola - Entre o presente e o futuro (*) Estimativa Os dados de censo populacional em Angola so contraditrios, primeiro, em funo das estratgias coloniais para ocupao, segundo, nos censos realizados, todos os resultados ficavam sob a tutela do conselho ultra-marino que entendia que tais dados facilitaram a organizao militar para aqueles que lutavam contra a metrpole. De acordo com a Tabela 2, somente neste sculo, houve um incremento considervel da populao europia, consolidando, ento, o processo da ocupao colonial. Ao mesmo tempo, criava-se entraves para uma futura aglutinao populacional, j que essa populao europia tinha como funo prioritria uma "ao civilizadora", voltada, na prtica, para a explorao mxima da colnia, devastadora do ponto de vista cultural para a nao Angolana, fortalecendo adversidades locais e regionais no campo tnico, o que ir retardar o processo de independncia devido lenta unificao das foras polticas nacionais.(...) Nota: Seguidamente o autor descreve a histria de Angola moderna que j foi relatada pormenorizadamente noutros textos deste site por isso achamos no ser necessrio repet-la.