A mensageira do Senhor - Herbert Douglas

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Mensageira do SenhorO Ministrio Proftico de Ellen G. WhiteCedo, em minha juventude, foi-me perguntado vrias vezes: Voc uma profetisa? Tenho respondido sempre: Sou a mensageira do Senhor. ... Meu Salvador declarou-me ser eu Sua mensageira. Mensagens Escolhidas, livro 1, pg. 32.

Herbert E. Douglass

Traduo Jos Barbosa da Silva

Casa Publicadora BrasileiraTatu, So Paulo

SumrioPrefcio Agradecimentos Apresentao ix xi xiii

CAPTULO

I

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O Sistema Divino de Comunicao2 8 26

1 2 3

O Revelador e o Revelado Deus Fala Pelos Profetas Caractersticas dos Profetas

II

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A Verdadeira Ellen White44 52 62 68 80 94 102 108 124

4 5 6 7 8 9 10 11 12

A Pessoa e a sua poca Mensageira, Esposa e Me Sade Fsica Caractersticas Pessoais Como Outros a Conheceram Bom Humor, Bom Senso e Conselheira Prtica Pioneira Americana e Mulher Vitoriana A Escritora Prolfica A Oradora Solicitada

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A Mensageira que Escuta134 144 150 170

13 14 15 16

Transmitindo a Mensagem de Deus Confirmando a Confiana Instrues e Predies Oportunas Percepo da Mensageira Sobre Si Mesma

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A Voz de um Movimento182 194 210 220 228 239

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Como Avaliar a Crtica468 478 486 500

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17 18 19 20 21 21a

Organizao e Desenvolvimento Institucional Crises Teolgicas Evangelismo Regional e Relaes Raciais Mordomia e Relaes Governamentais Dissidentes, Dentro e Fora Personalidades do Mundo Adventista de Ellen G. White (Seo de Fotos)

41 42 43 44

A Verdade Ainda Liberta Crtica Sobre Relacionamentos Pessoais Predies e Observaes Cientficas A Porta Fechada Estudo de um Caso

VIII

Relevncia Permanente da Mensageira do Senhor514 528 534 542 543 544 546 549 550 552 554 555 557 559 560 566 569 572 573 576 580

Promotora de Conceitos Inspirados256 268 278 288 300 310 320 344 354 362

22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

O Tema Unificador Esclarecimento Acerca das Principais Doutrinas Princpios de Sade/1: Surgimento de uma Mensagem de Sade Princpios de Sade/2: Relao Entre Sade e Misso Espiritual Princpios de Sade/3: Melhor Qualidade na Sade Adventista Princpios de Sade/4: Princpios e Prticas Princpios de Sade/5: Um Sculo de Princpios de Sade Educao/1: Princpios e Filosofia Educao/2: Estabelecendo Instituies Educacionais Princpios Editoriais, Sociais e de Temperana

45 46 47 Apndice A Apndice B Apndice C Apndice D Apndice E Apndice Apndice Apndice Apndice F G H I

Preenche Ellen White as Condies? Ela Ainda Fala Mensageira e Mensagem Inseparveis Reunies Campais no Incio do Sculo Dezenove Contexto da Troca de Correspondncia Entre Tiago e Ellen White em 1874 Trechos do livro de Robert Louis Stevenson Across the Plains (1892) Lista Parcial das Vises de Ellen G. White Pressuposies Bsicas Compartilhadas Pela Maioria dos Crticos da Questo da Porta Fechada Condicionada Pelo Tempo ou Relacionada com o Tempo? O Progresso de Ellen White na Compreenso das Prprias Vises Ellen White Enriqueceu a Expresso Porta Fechada Ellen White Liderou o Desenvolvimento de uma Mensagem Orientada Pela Bblia Resposta Quanto Supresso da Expresso Mundo mpio Por que Ellen White Parecia Alcanar Somente os Defensores da Porta Fechada Principais Acusaes Contra Ellen White Sobre a Questo da Porta Fechada e Refutaes Atravs dos Anos Carta de 13 de Julho de 1847 a Jos Bates ltima Vontade e Testamento de Ellen G. White Comentrios de Lderes Nacionais, no Incio da Dcada de 1860, a Respeito da Crise Escravista A Elipse da Verdade da Salvao

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Como Escutar a Mensageira372 386 394 408 416 426 434 444 456

Apndice J Apndice K Apndice L Apndice M Apndice N Apndice O Apndice P Bibliografia ndice Geral

32 33 34 35 36 37 38 39 40

Hermenutica/1: Princpios Bsicos Hermenutica/2: Regras Bsicas de Interpretao Internas Hermenutica/3: Regras Bsicas de Interpretao Externas Hermenutica/4: Os Escritores Bblicos e Ellen White Hermenutica/5: Autoridade e Relao com a Bblia Hermenutica/6: A Autoridade de Ellen White em sua poca Hermenutica/7: Congresso Bblico em 1919 Como os Livros Foram Escritos Como os Livros Foram Preparados

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O ministrio proftico de Ellen G. White

Prefcio

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m meados da dcada de 1950, T. Housel Jemison, um dos diretores associados do Patrimnio Literrio White, escreveu um livro intitulado A Prophet Among You. Essa abrangente obra sobre o dom de profecia focalizou especificamente a vida e o ministrio de Ellen G. White e foi, durante muitos anos, utilizada nos colgios adventistas como livro didtico sobre o dom de profecia. Em dcadas recentes, porm, temos aprendido muita coisa a respeito de inspirao/revelao. Foi isso o que levou os Depositrios do Patrimnio Literrio White em 1989 a autorizar a produo de um novo livro. Entre os patrocinadores desse projeto, acham-se o Patrimnio Literrio White, e tambm o Departamento de Educao e o Conselho de Educao Superior da Associao Geral. Herbert E. Douglass foi a pessoa escolhida para escrever este livro. O Dr. Douglass, professor de Esprito de Profecia em seminrios teolgicos, tambm havia trabalhado como diretor de colgio, redator associado da Adventist Review e editor de livros da Pacific Press. Ele comeou a trabalhar no projeto imediatamente, fazendo uma pesquisa completa sobre o assunto. Embora as referncias ao longo do livro reflitam a influncia de uma pliade de eruditos e de idias, o fato de um autor ser citado a respeito de determinado assunto no deve ser entendido como endosso a ele nem a todas as idias e posturas por ele defendidas. Cremos que este livro apresenta o ministrio proftico de Ellen G. White de um modo que o torna atrativo tanto para jovens como para idosos. Ao invs de abordar o assunto partindo do abstrato para o pessoal, ele o faz do pessoal para o abstrato. Em resultado, os leitores vo conhecer o dom de profecia medida que obtiverem informaes pessoais sobre a Sra. White. Alm disso, eles sero dirigidos para mais perto do Deus pessoal a quem ela servia; admiraro a maneira sbia e cuidadosa como Ele transmitia Suas mensagens a Sua mensageira; e ficaro surpresos ao observarem o modo como Ele a guiou atravs dos campos minados da teologia, da medicina e da sociologia de sua poca. Os leitores encontraro no fim de cada captulo uma srie de perguntas que os levar a um estudo mais avanado e profundo do assunto abrangido pelo captulo. As perguntas podem funcionar como uma recapitulao do captulo e podem ser um estmulo pesquisa, aumentando a compreenso dos leitores sobre o tema apresentado. Cremos que todos quantos lerem este livro compreendero melhor a maneira como Deus atua por meio de Seus profetas, e ficaro profundamente convictos de que Ellen White recebeu o chamado divino para o ofcio proftico. Enfrentaro o futuro com confiana renovada e f robustecida, exclamando juntamente com a mensageira de Deus: Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado. Life Sketches, pg. 196 (ver Mensagens Escolhidas, livro 3, pg. 162). Depositrios do Patrimnio Literrio White Silver Spring, Maryland

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Agradecimentos

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s livros no surgem do nada. Uma vida toda de influncias se derrama na mente do escritor, e todas aquelas pessoas, livros e professores do seu passado superlotam o nibus cerebral que o autor dirige na elaborao do seu manuscrito. Embora o escritor reconhea plenamente que foram outros que encheram para ele este imenso reservatrio, ser-lhe-ia impossvel agradecer a todas essas contribuies, pois elas se transformaram em pensamentos sem rosto. Contudo, na tarefa especfica de atender solicitao do Conselho de Educao Superior da igreja e do Patrimnio Literrio White, o autor deseja reconhecer o mrito daqueles que tornaram possvel a produo de um livro um tanto tcnico como este. Sem a enorme viso e a habilidade editorial de Kenneth H. Wood, este livro no teria sido idealizado nem completado em seu estado atual. Seu estmulo emptico e suas percepes durante os mais de trs anos de pesquisa e redao do material estabeleceram as condies de raciocnio em reas que muitos consideram nebulosas. Os dois diretores do Patrimnio Literrio White Paul Gordon e Juan Carlos Viera em cuja administrao fui incumbido de escrever este livro e durante a qual o conclu deram-me no somente estmulo, mas tambm excelentes sugestes em pontos decisivos. A incansvel e eficiente diretora associada, Norma Collins, inseriu pacientemente na cpia final em computador as muitas sugestes e os comentrios do autor, freqentemente revisados. O Patrimnio Literrio White tem a sorte de poder contar com dois experientes eruditos em suas especialidades particulares Jim Nix em histria e doutrinas adventistas, e Tim Poirier, arquivista e tcnico perito dos materiais de Ellen White. Conquanto eles no sejam responsveis pelos erros ou omis-

ses presentes no texto, muito contriburam para o nvel de exatido deste livro. Alm destes dois eruditos, sinto-me em grande dbito para com os Drs. Robert Olson e Roger Coon, que, em anos anteriores, fizeram meticulosa pesquisa sobre muitos dos temas tratados neste livro. Entre muitos outros que prestaram ajuda e forneceram sugestes oportunas, encontramse meu irmo Melvyn, que atuou como meu navegador no misterioso mundo da Internet, localizando em muitas ocasies, quase que instantaneamente, informaes as mais vagas; os Drs. John Scharffenberg e Gary Fraser, que leram pacientemente os captulos sobre sade e fizeram contribuies; o Dr. Richard Schwarz, que usou seu micrmetro historiogrfico na reviso das ltimas pginas; e Francis Wernick, Neal Wilson e Rowena Rick, membros da Comisso de Depositrios do Patrimnio Literrio White, que leram e criticaram o original. Desejo tambm expressar apreo especial a eruditos e especialistas capazes como P. Gerard Damsteegt, Frizt Guy, Bert Haloviak, Roland Hegstad, Robert Johnston, Mervyn Maxwell e Alden Thompson, os quais partilharam suas valiosas idias sobre certos pontos do texto. Nenhum escritor pode ir muito longe sem uma editora que o compreenda e o estimule. Robert Kyte e Russell Holt deram os retoques necessrios nos momentos exatos, o que conservou a janela para o futuro sempre aberta e cheia de luz. Eles estavam resolvidos a fazer do produto de suas mos algo digno do assunto deste livro. E a tudo isso acrescento a contribuio de minha compreensiva esposa, querida Norma, que durante trs anos e meio continuamente reajustou prioridades ao captar as dimenses desta tarefa. A Deus seja a glria! Herbert E. Douglass

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Apresentao

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ste livro foi escrito com dois propsitos em mente: (1) fornecer aos adventistas do stimo dia uma nova perspectiva da vida e do testemunho de Ellen White e (2) fornecer para colgios e universidades material de pesquisa sobre o dom de profecia, especialmente conforme manifesto na vida e ministrio desta inspirada mensageira de Deus. Algumas pessoas, a quem falta clara compreenso da maneira como funciona a revelao/inspirao, deixaram que problemas e crticas enfraquecessem ou destrussem sua confiana nos setenta anos do ministrio singular da Sra. White. Apesar disso, milhes de pessoas ao redor do mundo consideram Ellen White uma lder religiosa inspirada que marcou poca. Essas pessoas perceberam que o amor que sentiam por Jesus se aprofundou medida que a escritora lhes dirigiu a mente para a Bblia, sua principal fonte de esclarecimento e alegria. Descobriram que os escritos dessa mulher fornecem idias claras, bastante ntidas e precisas, sobre o viver saudvel e disciplinado. Mais importante ainda, descobriram nos escritos dela concepes coerentes com a histria bblica da salvao. Deste modo, alm dos dois propsitos mencionados acima, este livro foi escrito para, pelo menos, duas classes de pessoas: (1) as que so imensamente gratas pela produo literria de Ellen White e desejam saber mais sobre ela, e (2) as que possuem problemas no resolvidos relativos a determinados as-

pectos de seu longo ministrio. Este livro apresenta abundantes razes que confirmam sua alegao de ser mensageira de Deus; fornece ampla evidncia capaz de satisfazer a mente mais perspicaz.Convico, Autoridade e Confiana

A preocupao do autor com a maneira pela qual jovens e idosos adquirem convico. Existe acaso alguma autoridade, em algum lugar, capaz de falar com tal clareza que satisfaa tanto mente como ao corao? Os adventistas do stimo dia respondem: Sim! H uma Autoridade. Apontamos para Aquele que nos fez, a quem chamamos Deus o Deus que Se comunica. Alm disso, Ele nos fez com a capacidade de responder-Lhe. Que pensamento maravilhoso! Fomos feitos para escutar a nosso amigvel Criador! E quando escutamos, ouvimos a verdade sobre quem somos, por que existimos e que espcie de futuro eterno Ele planejou para ns se to-somente continuarmos a ouvi-Lo. De que maneira Deus fala aos seres humanos? Muitas vezes e de muitas maneiras, escreveu Paulo em Hebreus 1:1. Por exemplo: Por meio das obras criadas, que chamamos natureza. Por meio do Esprito Santo, que faz contato com a conscincia de cada pessoa. Por meio de Jesus Cristo, que era o prprio Deus. Mas Deus foi alm. Ele sabia que milhares de anos antes de Jesus vir como ser humano, homens e mulheres precisavam ouvir a Sua

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APRESENTAOverso da histria do grande conflito entre o bem e o mal.Sistema Divino de Comunicao

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Limitado por Sua natureza humana, Jesus no podia estar em toda a parte ao mesmo tempo. Foi assim que, para poder comunicar Sua mensagem, Deus acrescentou ao Seu sistema prprio de comunicao um plano de intermediao humana: Ele falou muitas vezes e de muitas maneiras... por meio dos profetas. Heb. 1:1-3. Este sistema de comunicao por meio de profetas era bem conhecido durante os tempos bblicos. O povo de Deus aprendeu por experincia prpria que estava na sua melhor forma quando davam ouvidos aos profetas: Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis. II Crn. 20:20. Alm disso, eles sabiam por experincia prpria que Deus no lhes permitiria penetrar cegamente pelo futuro. Certamente, o Senhor Deus no far coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas. Ams 3:7. A comunicao divina por meio dos profetas no ficou limitada aos tempos do Antigo Testamento. Durante Suas ltimas horas na Terra, nosso Senhor prometeu que esta linha de comunicao entre o Cu e a Terra seria mantida sempre aberta por meio do Esprito Santo, o Esprito da verdade, Seu representante pessoal. Hoje, assim como nos tempos do Antigo Testamento, o Esprito Santo continua a falar, no apenas conscincia de cada pessoa, mas por meio dos profetas: Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dar outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco o Esprito da verdade. Joo 14:16 e 17. E Ele mesmo concedeu uns para apstolos, outros para profetas. Efs. 4:11; ver I Cor. 12:28. O Esprito da verdade tambm o Esprito de profecia! Isto significa que esses homens e mulheres especialmente escolhidos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo. II Ped. 1:21. A igreja foi avisada de que este sistema de comunicao da verdade funcionaria at a volta de Jesus.

Esta viso bblica geral ensina que nunca foi desejo de Deus que homens e mulheres ficassem na incerteza quanto ao propsito da vida. Especialmente durante o estresse sem paralelo dos ltimos dias, Ele nos deu a certeza de que podamos conhecer a verdade a respeito do futuro. Sempre que homens e mulheres ouvem cuidadosamente os profetas de Deus, eles reconhecem que esto ouvindo a verdade. A verdade carrega consigo sua prpria autoridade porque apela e satisfaz nossa busca de convico objetiva e subjetiva o vnculo entre a mente e o corao. Este livro ajudar a responder as seguintes perguntas: Preencheu Ellen White as qualificaes bblicas de um profeta? Sob que base pode algum consider-la uma autoridade em seu papel como mensageira de Deus? Ao recapitular seu ativo ministrio de setenta anos, que diferena fez seu conselho na determinao do rumo e desenvolvimento da igreja? Qual o efeito de seus conselhos pessoais? Manifestou ela as caractersticas de coerncia e de confiabilidade e, por conseguinte, a prova da autoridade? Levaremos em conta o peso da evidncia. Seu longo ministrio e os frutos do seu trabalho so um livro aberto. No necessria nenhuma evidncia ou argumento artificial para confirmar sua pretenso de ser a mensageira de Deus. O prprio princpio permanente empregado por Ellen White governar a viagem que faremos juntos: Os assuntos que apresentamos ao mundo devem ser para ns uma realidade viva. importante que, ao defender as doutrinas que consideramos artigos fundamentais da f, nunca nos permitamos o emprego de argumentos que no sejam inteiramente retos. Eles podem fazer calar um adversrio, mas no honram a verdade. Devemos apresentar argumentos legtimos, que no somente faam silenciar os oponentes, mas que suportem a mais profunda e perscrutadora investigao. Obreiros Evanglicos, pg. 299. No corao do grande conflito entre Deus e Satans, entre o bem e o mal, acha-se o

conflito a respeito da verdade, isto , quem est correto sobre a maneira como dirigir o Universo: Deus ou Satans? A posio de Deus que a verdade no precisa de defesa. Ela precisa apenas ser vista e demonstrada. Satans, que mentiroso e pai da mentira (Joo 8:44), consegue o que quer por meio de engano. Questionador esperto e insinuador astuto, Satans pede com instncia que o corao egocntrico seja o rbitro final da verdade. Uma de suas ferramentas mais eficazes suscitar dvida, provocando hesitao e adiamento do compromisso espiritual. Por esta razo, perverter a verdade seja da maneira que for, lanar sombras injustificadas sobre o que talvez no esteja inteiramente claro, um ato imoral. parte de uma conspirao csmica para obscurecer a verdade e frustrar os planos divinos. Ellen White no podia ser mais clara do que quando pede encarecidamente para sermos francos e afastar o temor ao separar fatos de opinies. Ela sabia que a f est em perigo toda vez que impomos limites pesquisa por temor de que novas descobertas possam desestabilizar a f. Muitas vezes, porm, ela torna evidente que nossa f tambm corre riscos quando permitimos que a razo ou os sentimentos humanos estabeleam os limites da f. Para ela, a verdade deve ser honrada, custe o que custar.Como o Livro Est Organizado

Este livro se divide em oito sees: I. O Sistema Divino de Comunicao (captulos 1 a 3). II. A Verdadeira Ellen White (captulos 4 a 12). III. A Mensageira que Escuta (captulos 13 a 16) IV. A Voz de um Movimento (captulos 17 a 21) V. Promotora de Conceitos Inspirados (captulos 22 a 31) VI. Como Escutar a Mensageira (captulos 32 a 40) VII. Como Avaliar a Crtica (captulos 41 a 44) VIII. Relevncia Permanente da Mensageira do Senhor (captulos 45 a 47) Os captulos 1 a 3 fazem uma breve anlise do ensino bblico relativo maneira como Deus tem revelado a homens e mulheres as

boas novas (o evangelho) da salvao. As boas-novas so a verdade sobre Deus e Seu modo de dirigir o Universo um quadro em ntido contraste com as mentiras e calnias de Satans. Deus Se revela por meio de Jesus Cristo, o Revelador. O Esprito Santo transmite, por intermdio do dom de profecia, a verdade tal qual revelada em Jesus. Os captulos 4 a 12 focalizam primeiramente a infncia e adolescncia de Ellen Harmon. Depois, seu papel como a Sra. Ellen G. White esposa, me, vizinha, ganhadora de almas e personalidade pblica examinando sua vida a partir de seus escritos, bem como a partir do ponto de vista daqueles que melhor a conheceram. Pelo fato de o pensamento e o temperamento de uma pessoa serem grandemente determinados pelas influncias sociais, econmicas e filosficas do seu tempo, chamaremos brevemente a ateno para as circunstncias predominantes no Nordeste dos Estados Unidos, e para os fatores nacionais posteriores que provavelmente mais influram sobre ela enquanto ela amadurecia cumprindo a misso divina. Estudaremos sua fascinante mistura de mulher vitoriana e vigorosa pioneira norte-americana. Os captulos 13 a 16 investigam a maneira como o dom proftico atuava no ministrio de Ellen White. O pano de fundo histrico das dcadas de 1840 e 1850 nos ajudaro a compreender o clima desfavorvel que existia para todo aquele que alegasse ter vises. Apesar disso, o fenmeno visionrio de Ellen White proveu clareza e segurana queles que desejavam uma explicao bblica para a experincia de 1844. Estudaremos Ellen White como escritora e oradora: chamando a ateno para a evoluo de seu estilo e contedo enquanto reagia s circunstncias em transio e a uma iluminao intensificada durante seus setenta anos de ministrio; reconstituindo a maneira como, semelhana de qualquer outro escritor, ela empregou material de pesquisa para ampliar e tornar mais especfica a mensagem central que recebeu a misso de apresentar; chamando a ateno para a impressionante receptividade que os no adventistas davam a suas palavras faladas e escritas;

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APRESENTAO analisando a capacidade incomum que ela possua de falar em meio a circunstncias fsicas que afligiriam as pessoas de seu tempo, ou mesmo algum da atualidade. Os captulos 17 a 21 exploram o extraordinrio relacionamento entre Ellen White e a igreja com a qual ela esteve to intimamente ligada durante setenta anos. Nenhuma outra pessoa afetou de maneira to direta o crescimento e a formao da Igreja Adventista do Stimo Dia, tanto teolgica quanto institucionalmente. Ela teve muito que ver com o planejamento estratgico da denominao. Da Austrlia at a Europa e atravs de toda a Amrica do Norte se buscava seu conselho a respeito do estabelecimento de escolas, instituies de sade e casas editoras. Seus escritos tornaram-se faris de luz a serem avidamente estudados pelas geraes posteriores. Os captulos 22 a 31 examinam o papel de Ellen White como educadora conceitual. Ela possua a capacidade singular de sintetizar a clara mensagem proftica com a experincia humana e as idias de outros. A partir desta sntese desenvolveu, de maneira firme e uniforme, um corpo de pensamento distintamente integrado e coerente, com fundamento bblico firme e slido. Esta integrao unificou sua vasta contribuio aos princpios prticos da educao, evangelismo, organizao e sade, pelos quais os adventistas do stimo dia se tornaram amplamente conhecidos.O Tema do Grande Conflito

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Analisaremos a maneira como usou ela determinados princpios de pesquisa medida que processava e transmitia a verdade. Instrutiva sua introduo ao Grande Conflito: Os grandes acontecimentos que assinalaram o progresso da Reforma nas pocas passadas constituem assunto da Histria bastante conhecidos e universalmente reconhecidos pelo mundo protestante; so fatos que ningum pode negar. Esta histria apresentei-a de maneira breve, de acordo com o objetivo deste livro e com a brevidade que necessariamente deveria ser observada, havendo os fatos sido condensados no menor espao compatvel com sua devida compreenso. Em alguns casos em que algum historia-

dor agrupou os fatos de tal modo a proporcionar, em sntese, uma viso compreensiva do assunto, ou resumiu convenientemente os pormenores, suas palavras foram citadas textualmente; nalguns outros casos, porm, no se nomeou o autor, visto como as transcries no so feitas com o propsito de citar aquele escritor como autoridade, mas porque sua declarao prov uma apresentao do assunto, pronta e positiva. Narrando a experincia e perspectivas dos que levam avante a obra da Reforma em nosso prprio tempo, fez-se uso semelhante de suas obras publicadas. O Grande Conflito, pg. 7. O princpio organizacional que, semelhana de um m, reuniu este material , em sua sntese, o Tema do Grande Conflito. Pelo fato de ver a Bblia como um todo e a relao de suas partes, Ellen White esclareceu as questes bsicas relativas ao carter de Deus, a natureza do homem, o surgimento do pecado e a maneira como Deus planeja finalmente tratar com este planeta rebelde. A compreenso do Tema do Grande Conflito por parte de Ellen White forneceu extraordinria estabilidade e harmonia Igreja Adventista medida que esta desenvolvia sua teologia e estrutura denominacional. Essa compreenso tornou-se o centro conceitual que lhe permitiu proporcionar conforto pessoal e correo teolgica em situaes em que outras organizaes religiosas geralmente se fragmentam. Na seo 6, Como Escutar a Mensageira, os captulos 32 a 38 enfatizam a maneira como homens e mulheres devem ouvir a mensagem de Ellen G. White. Qualquer estudo de documentos escritos, sejam eles sonetos shakespeareanos sejam trechos das Sagradas Escrituras, envolve hermenutica, isto , o emprego de princpios de interpretao que ajudam o leitor a entender o autor. Examinaremos regras de interpretao que nos ajudaro a determinar o que Ellen White queria dizer para aqueles que a ouviam e o que esses mesmos escritos significam em tempos modernos. Uma das regras, por exemplo, levar em conta o tempo, o lugar e as circunstncias ao fazermos uma aplicao atual de seu conselho. Os princpios so permanentes, mas a aplicao do princpio

pode ser diferente ao seguirmos esta regra da hermenutica. Para entendermos Ellen White fundamental nossa necessidade maior de compreender como Deus comunica Suas mensagens a Seu povo por meio de Seus mensageiros. Em anos passados, os adeptos da inspirao verbal ficaram grandemente perturbados com o que parecia serem erros e contradies bblicas. Esta mesma confuso entre a inspirao mecnica ou na forma de ditado (cada palavra seria uma transcrio exata do que Deus falou ao profeta) e a inspirao do pensamento (Deus inspirou os profetas, no suas palavras) tem perturbado muitas pessoas que lem os escritos de Ellen White. Mostraremos como esta compreenso incorreta do processo de revelao/inspirao levantou dvidas e crticas injustificadas contra Ellen White. Uma questo igualmente importante a relao existente entre os escritos de Ellen White e a Bblia. Procuraremos entender expresses como nveis de inspirao, revelao progressiva, autoridade cannica e luz menor, luz maior. Nos captulos 39 e 40, examinaremos como Ellen White escrevia seus livros. Observaremos como se relacionava com suas assistentes de redao e o papel que estas desempenharam na produo dos livros Caminho a Cristo, O Desejado de Todas as Naes e O Grande Conflito. Nos captulos 41 a 43, faremos uma avaliao das crticas em relao a Ellen White. Os profetas inevitavelmente sero criticados por seus contemporneos, principalmente porque se encontram muito frente na compreenso do conflito de Deus contra o mal. Nenhum profeta bblico desfrutou de condies favorveis ao cumprir a tarefa que lhe fora confiada. Este fato lastimvel nos leva a refletir que uma gerao mata seus profetas apenas para que a prxima construa monumentos em honra deles. Algumas crticas tm sua origem na reao constante daqueles que se opem verdade porque esta contraria inclinaes pessoais ou orgulho de opinio. Encontramos

exemplos dessa rejeio nas crticas feitas a Jesus, Jeremias, Paulo e Ellen White. Esses captulos no procuram contestar toda acusao ou crtica dirigida contra Ellen White, mas chamar a ateno para as formas mais comuns. Depois de avaliar tais crticas, o leitor ser capaz de estabelecer a diferena entre a humanidade do vaso terreno e a autoridade da mensagem transportada por esse vaso. (Ver II Cor. 4:7.) O captulo 44 um estudo da questo da porta fechada, que foi, por mais de um sculo, grande fonte de controvrsia.Como Ellen Preenche as Condies

Na ltima seo, Relevncia Permanente da Mensageira, perguntamos: Preenche Ellen White as condies de uma mensageira de Deus nos tempos modernos? Seu ministrio de setenta anos estabelece suas credenciais como mensageira divina? Consideraremos a maneira como realizou seu trabalho, tanto em pblico como em particular, e recapitularemos a relao, por assim dizer, inseparvel que havia entre o seu ministrio e o desenvolvimento da Igreja Adventista do Stimo Dia. Os adventistas do stimo dia geralmente tm crido que Ellen G. White foi a mensageira de Deus. Por que os adventistas de sua poca chegaram a tal concluso, e por que, desde sua morte, os adventistas continuam chegando a esta mesma concluso? Nas pginas de encerramento deste livro, perguntamos: At que ponto Ellen White relevante para os dias atuais? Ela morreu em 1915. Ser que ela capaz de falar de modo significativo a um povoado global transistorizado, onde a informao via Internet entre os computadores por todo o planeta instantnea, onde a cincia parece ter sempre, no momento exato, mais uma soluo para as necessidades do mundo? Embora as circunstncias tenham mudado drasticamente, e o mundo scio-poltico seja extremamente diferente, perceberemos que os escritos de Ellen White falam de maneira incisiva aos nossos dias, sendo neste tempo do fim cada vez mais relevantes. O Autor

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O Sistema Divino de Comunicao

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CAPTULO 1 O Revelador e o Revelado

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Deus Fala Pelos Profetas

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Caractersticas dos Profetas

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O Sistema Divino de Comunicao

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O ministrio proftico de Ellen G. White

O Revelador e o ReveladoQuando chegar o Auxiliador, o Esprito da verdade, que vem do Pai, Ele falar a respeito de Mim. E sou Eu quem enviar esse Auxiliador a vocs da parte do Pai. Joo 15:26.

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evangelho no algo sobre Jesus; o evangelho Jesus e o que Ele ensinou. Embora os ensinamentos sobre Jesus forneam a estrutura para a proclamao das boas novas, o prprio Jesus as boas novas. Jesus e Seus ensinos no so o preldio do evangelho; eles so o evangelho!1 As boas novas so que, na mente maravilhosa de Deus, uma das pessoas da Divindade decidiu vir a este planeta rebelde, de braos abertos, convidando homens e mulheres de todos os lugares para retornarem famlia de Deus. As boas novas so que o Deusque-Se-fez-homem deu-Se para sempre famlia humana. E para qu? Para mostrarnos como Deus! (Joo 14:7.) Conforme veremos, chamamos o Revelador de Jesus; chamamos o Revelado de Deus; e a Pessoa pela qual a Divindade acha conveniente revelar o Revelador humanidade o Esprito Santo. Jesus tornou isto bem evidente poucas horas antes do Getsmani: Eu pedirei ao Pai, e Ele lhes dar outro Auxiliador, o Esprito da verdade, para ficar com vocs para sempre. Joo 14:16. o Esprito Santo, o Esprito que conduz a toda a verdade [acerca de Deus]. Joo 14:17. Mais adiante: Mas o Auxiliador, o Esprito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, ensinar a vocs todas as coisas e far com que lembrem de tudo o que Eu disse a vocs. Joo 14:26. E para certificar-Se de que o assunto es-

tava bem claro, afirmou: Quando chegar o Auxiliador, o Esprito da verdade, que vem do Pai, Ele falar a respeito de Mim. Joo 15:26. Jesus disse ainda: Porm, quando o Esprito da verdade vier, Ele ensinar toda a verdade [acerca de Deus] a vocs. O Esprito no falar por Si mesmo, mas dir tudo o que ouviu e anunciar a vocs as coisas que esto para acontecer. Ele vai ficar sabendo o que tenho para dizer, e dir a vocs, e assim Ele trar glria para Mim. Tudo o que o Pai tem Meu. Por isso Eu disse que o Esprito vai ficar sabendo o que Eu Lhe disser e vai anunciar a vocs. Joo 16:13-15. O Esprito Santo o representante de nosso Senhor. O Esprito dir e far exatamente o que Jesus diria e faria se estivesse hoje na Terra! Como tudo isso funciona? O Esprito Santo atribui a cada cristo algum dom especial: Existem tipos diferentes de dons espirituais, mas um s e o mesmo Esprito quem d esses dons. ... Para o bem de todos, Deus d a cada um alguma prova da presena do Esprito Santo. I Cor. 12:4 e 7. O Dom de Profecia Um desses dons especiais o dom de profecia. (I Cor. 12:10; Efs. 4:11.) Por meio do dom de profecia, o Esprito Santo liga-Se a de-

terminados homens e mulheres que logo comunicam a outros a verdade sobre Jesus. Eis a descrio da funo do Esprito: Falar a respeito de Jesus por meio de pessoas dotadas com o dom de profecia. Conhecer Jesus e aquilo que Ele nos pode dizer sobre Deus a informao mais importante de que a famlia humana necessita, pois conhecer [Jesus] vida eterna. Joo 17:3. No livro de Apocalipse, o profeta Joo escreveu sobre a maneira como este dom atuava em sua prpria vida: Revelao de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar... ao Seu servo Joo, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. Apoc. 1:1 e 2. Vemos aqui o sistema divino de comunicao em funcionamento. O Revelador atuando por intermdio do Esprito para revelar a verdade sobre Deus por meio do Seu profeta. No captulo 19, o anjo que visitava Joo lhe fez lembrar que o testemunho de Jesus o Esprito de Profecia. Verso 10. A finalidade do dom de profecia contar a histria de Jesus. O Agente motivador que inspira o profeta humano a contar a verdade sobre Jesus o Esprito Santo. No fraseado curto e simplificado da Bblia, o Esprito de Profecia o testemunho de Jesus. Pedro compreendia este sistema divino de comunicao: Vocs O amam, mesmo sem O terem visto, e crem nEle, mesmo que no O estejam vendo agora. Assim vocs se alegram com uma alegria to grande e gloriosa, que as palavras no podem descrever. Vocs tm essa alegria porque esto recebendo a sua salvao, que o resultado da f que possuem. Foi a respeito dessa salvao que os profetas perguntaram e procuraram saber com muito cuidado. Eles profetizaram a respeito da salvao que Deus ia dar a vocs e procuraram saber em que tempo e como essa salvao ia acontecer. O Esprito de Cristo, que estava neles, indicava esse tempo, ao predizer os sofrimentos que Cristo teria de suportar e a glria que viria depois. Quando os profetas falaram a respeito das verdades que vocs tm ouvido agora, Deus revelou a eles que o trabalho que faziam no era para o benefcio deles, mas para o bem de vocs. Os men-

sageiros do evangelho, que falaram pelo poder do Esprito Santo mandado do Cu, anunciaram a vocs essas verdades. Essas so coisas que at os anjos gostariam de entender. I Ped. 1:8-12. Os profetas verdadeiros no so motivados por recompensa ou capricho pessoal, mas pela influncia direta do Esprito de Cristo, o Esprito Santo mandado do Cu. Num sentido, o Esprito de Profecia o Esprito de Cristo atuando por Seu Divino Auxiliador, o Esprito Santo, dado a conhecer a homens e mulheres por meio do profeta humano. Noutro sentido, o Esprito de Profecia tambm o testemunho sobre Jesus, o alvo principal do dom de profecia. Desde que Jesus voltou para o Cu, esta regra simples e de duplo aspecto tem constitudo uma das maneiras mais claras e seguras de provar a autenticidade de algum que alega ser profeta: Ele ou ela diz a verdade sobre Jesus? No esprito de Jesus? Por que o simples nome de Jesus tem, atravs dos anos, suavizado a voz e tranqilizado o corao de pessoas em todos os continentes? Porque homens e mulheres lembram do nimo que recobraram, da esperana que sentiram renascer dentro de si e da exploso de fora que receberam para tornar a enfrentar os desafios da vida ao vir-lhes memria o fato de que so importantes para Jesus, o mesmo Jesus que disse pelo Esprito de Profecia: No temas, porque Eu sou contigo. Isa. 41:10. De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Heb. 13:5. Essas pessoas aprenderam por experincia prpria o que Jesus queria dizer quando afirmou: No vos deixarei rfos, voltarei para vs outros. Joo 14:18. Dizendo a Verdade Sobre Deus Por que confiar tanto em um Homem chamado Jesus, que viveu apenas trinta e trs anos na antiga Palestina? Porque homens e mulheres chegaram a conhec-Lo como o Criador que Se fez homem. Por qu? Porque Ele era o nico ser no Universo que poderia, convincentemente, dizer a verdade sobre Deus Aquele que fora descrito de maneira to desvirtuada pelo grande rebelde e por muitos dos

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mais ilustres pensadores do mundo. Deus no era rspido, arbitrrio e implacvel, como fora retratado. Quando Ele pedia a homens e mulheres que O servissem com lealdade voluntria, dava a conhecer que Ele mesmo, por natureza, tambm era um ser abnegado. Mostrava-lhes que amar significa fazer pelos outros aquilo que eles no podem fazer por si mesmos ou que nem ao menos o merecem. Como essas coisas foram reveladas? Paulo contemplou a magnfica revelao de Cristo como um esvaziamento de Suas prerrogativas divinas ao entrar Ele para a famlia humana. (Filip. 2.) No de maneira sbita como um prncipe valente empunhando a espada da justia, mas, lentamente, a partir do ventre de uma mulher. No para ser honrado como um convidado especial, mas para ser mal compreendido e caluniado devido Sua integridade e maneira inequvoca de encarar as coisas. Como possvel que a nica esperana da Terra se tornasse o alvo dos maus-tratos humilhantes deste planeta? Veio para o que era Seu, e os Seus no O receberam. Joo 1:11. Os cristos sentem-se no apenas horrorizados com essa monstruosa ingratido, mas tambm movidos de estranho pesar e resolvem acolh-Lo afetuosamente na prpria vida. Os cristos ficam admirados da condescendncia do Deus-homem, e esta admirao torna-se parte da razo diria para honr-Lo em tudo quanto fazem. Tanto o Sacrifcio Como o Sumo Sacerdote Ao olharem para Jesus, vem nEle tanto o Sacrifcio como o Sumo Sacerdote.2 Ao derrotar no Calvrio o salrio do pecado, Jesus fez algo que mudou para sempre nossa relao com Deus: Ele morreu! Ele a nica Pessoa que j morreu no verdadeiro sentido da palavra! Todos os outros homens e mulheres que morreram se acham agora dormindo,3 com exceo daqueles poucos que ressurgiram ou foram trasladados e agora esto no Cu.4 Somente Jesus provou da morte, para que todos quantos fazem dEle o Senhor de sua vida jamais morram. Porque o salrio do pecado a morte, mas o dom gratuito de Deus a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Rom. 6:23. E que dom! Por meio de Jesus, escapamos daquilo que merecamos! Mas isso no tudo! Agora Ele est vivo e nosso Sumo Sacerdote. O que significa isso?

Que Ele Se encontra diante dos seres celestiais e dos mundos no cados como um Homem cuja alegre obedincia provou que Deus no havia sido injusto em pedir obedincia voluntria dos seres criados. Satans estava errado! E eles vem este herico Vencedor, que passou pela inexprimvel angstia de ser o Deus-desamparado do Calvrio, provar que o prprio Deus realmente Se importava com Sua criao e que Ele era altrusta, a essncia do verdadeiro amor. Todo o Universo (alm dos confins da Terra) vem Jesus no Lugar Santssimo do santurio celestial como a resposta de Deus para as mentiras que Satans inventou contra Ele. E ns, o que vemos quando pensamos em Jesus como nosso Sumo Sacerdote? VemoLo como o Mediador entre Deus e a humanidade pecadora. Vemo-Lo como nosso Advogado, que une justia e misericrdia ao rebater todas as acusaes contra Deus e contra os crentes. (I Joo 2:1.) Ele nosso Intercessor, o qual no s nos representa diante do Pai, seno que intervm entre ns e o mal. (Heb. 4:16.)5 O apstolo Paulo expressa isso nos seguintes termos: Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os Cus, conservemos firmes a nossa confisso. Porque no temos sumo sacerdote que no possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em todas as coisas, nossa semelhana, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graa, a fim de recebermos misericrdia e acharmos graa para socorro em ocasio oportuna. Heb. 4:14-16. Esta a espcie de intercesso de que todos ns carecemos cada dia: a paz decorrente do perdo e o poder proveniente da graa intercessora. A presena poderosa de Cristo, por meio do Esprito Santo e dos anjos, estende-se a todos quantos com Ele estejam comprometidos. Ele quebra o poder com que Satans mantinha as pessoas cativas. Comunica-Se com seu sistema nervoso. Robustece a fora de vontade do crente. E est sempre pronto para ajudar os seres humanos a resistir ao pecado, tanto o interno quanto o externo. Jesus literalmente compartilha conosco o sistema de defesa que usou para vencer a tentao. (Apoc. 3:21.)

Muitssimas vezes, aps contemplar a condescendncia de Cristo na condio de Homem perseguido e finalmente crucificado, os crentes pensam que o dom com que Deus presenteou a Terra cessou na cruz. Mas Deus no deu Seu nico Filho (Joo 3:16) numa espcie de emprstimo ou arrendamento temporrio. O Criador das centenas de bilhes de galxias, Aquele que andou por entre as estrelas e fez os universos gravitarem em rbitas, aprisionou-Se dentro de Sua prpria criao, no apenas por nove meses, no apenas por trinta e trs anos, mas para sempre! Essa espcie de amor desperta amor. E apreciao sincera. E compromisso profundo, acima dos apelos mais sedutores deste mundo, para com Aquele que muito nos amou. Antes de poder dizer a verdade sobre Deus, conforme revelada por Jesus, o profeta deve conhecer Jesus pessoalmente. Discutir teologia coisa fcil; a experincia pessoal, porm, exige um preo. A Dedicao de Ellen G. White a Jesus Ellen White correspondeu a este amor de todo o seu corao e fez dele o tema principal de seus escritos. No importa o lugar onde abramos os volumosos livros que ela escreveu ou as cartas que endereou a familiares, amigos e cooperadores, sempre encontramos evidncias da profunda afeio que ela dedicava ao Salvador. Muitos que entraram em contato pela primeira vez com os adventistas do stimo dia por meio dos escritos de Ellen White ficaram admirados pela intuio e profunda apreciao manifestadas pela escritora ao tratar das dimenses do Dom de Deus a este planeta rebelde. Suas percepes espirituais comearam cedo. Logo nos primeiros anos de sua adolescncia, profundamente afetada pela pregao de Guilherme Miller, ela almejou por uma experincia religiosa mais profunda: Ao orar, o fardo e a agonia de alma que por tanto tempo eu havia experimentado deixaramme, e as bnos de Deus vieram sobre mim como suave orvalho. Dei glria a Deus pelo que eu sentia, mas ansiava mais. Eu no estaria satisfeita at que estivesse repleta da plenitude de Deus. Inexprimvel amor por Jesus encheu minha alma.6 Ellen White era, acima de tudo, uma pes-

soa espiritual, cheia de apreo por seu Salvador e Senhor. Este senso pessoal da presena divina a colocou em comunicao direta com Deus, permitindo que Ele lhe revelasse muito mais de Sua prpria pessoa e dos Seus planos para este mundo. A experincia pessoal por que ela passou quando reagiu favoravelmente simplicidade do evangelho precedeu a teologia. Jesus era o centro de interesse de todo o seu pensamento teolgico. Eis um exemplo do tema que repassa toda a sua obra a exaltao de Jesus: Ser proveitoso contemplar a condescendncia, o sacrifcio, a abnegao, a humilhao, a resistncia divinas que o Filho de Deus enfrentou ao realizar Sua obra em benefcio do homem cado. Bem podemos sair da contemplao de Seus sofrimentos, exclamando: Assombrosa condescendncia! Os anjos se maravilham a observarem com intenso interesse o Filho de Deus descendo passo a passo a senda da humilhao. Este o mistrio da piedade. a glria de Deus ocultar a Sua Pessoa e os Seus caminhos, no para manter as pessoas na ignorncia da luz e conhecimento celestiais, mas porque isso est para alm da capacidade do conhecimento humano. Uma compreenso parcial: isso tudo o que o ser humano pode suportar. O amor de Cristo excede todo o entendimento. Filip. 4:7. O mistrio da redeno continuar a ser o mistrio, a cincia inesgotvel e o incessante cntico da eternidade. A humanidade bem pode exclamar: Quem pode conhecer a Deus? Talvez possamos, como Elias, cingirnos com nosso manto e procurar ouvir a voz mansa e delicada de Deus.7 Ellen White andou com Jesus na alegria e na tristeza. Escrevendo a seu filho William e jovem noiva dele, Mary, falou sobre o companheirismo que desfrutara com o marido Tiago e da experincia que lhes era comum: Estamos tentando seguir humildemente os passos de nosso amado Salvador. Precisamos a cada hora de Seu Esprito e de Sua graa, do contrrio cometeremos graves erros e causaremos dano.8 Algumas semanas depois, durante uma viagem extremamente cansativa, do Texas para Kansas, numa carruagem coberta, ela tornou a escrever para Mary: Estou exausta. Sinto-me como se tivesse 100 anos de idade.

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... Minha ambio acabou; minha fora se esgotou, mas isso no vai perdurar. ... Tenho esperana que, mediante a luz animadora da face de meu Salvador, eu consiga recobrar as energias.9 Enquanto aguardava o Natal de 1880, na poca com 53 anos de idade, ela escreveu a uma amiga: Passarei o Natal pedindo a Jesus que seja o convidado de honra do meu corao. Sua presena dissipar todas as sombras.10 Ellen White escreveu centenas de artigos para as revistas Review and Herald e Signs of the Times. Quase todo artigo continha alguma referncia a seu Senhor, que Se tornara para ela no apenas a sua fora, mas tambm a alegria de sua vida. Aos 69 anos de idade, ela escreveu: Gosto muito de falar sobre Jesus e Seu incomparvel amor. ... Sei que Ele capaz de salvar perfeitamente todos os que se chegam a Ele. Seu precioso amor para mim uma realidade, e as dvidas expressas por aqueles que no conhecem a Jesus, nenhuma influncia exercem sobre mim. ... Cr voc que Jesus seu Salvador e que manifestou Seu amor por voc ao dar Sua preciosa vida para salv-lo? Aceite a Jesus como seu Salvador pessoal. Venha a Ele exatamente como est. Entregue-se a Ele. Apodere-se de Sua promessa com viva f, e Ele lhe ser tudo quanto voc desejar.11 Ellen White considerava Jesus seu Salvador e melhor Amigo.12 Contudo, mais do que isso, Ele era o seu Senhor. Disseram-lhe na Europa que as pessoas seriam mais receptivas mensagem do advento se falssemos mais sobre o amor de Jesus. Chamaram a ateno para o perigo de perder nossas congregaes, caso insistssemos nas questes mais severas do dever e da lei de Deus. Tendo ouvido esse tipo de comentrio antes, ela escreveu em suas notas de viagem: Prevalece por toda parte uma experincia no genuna. Muitos dizem constantemente: Tudo que precisamos fazer crer em Cristo. Afirmam que f tudo de que necessitamos. Em seu sentido mais pleno, isto verdade; mas eles no empregam a palavra no sentido mais pleno. Crer em Jesus aceit-Lo como nosso redentor e modelo. Se permanecemos

nEle e Ele em ns, somos participantes de Sua natureza divina e praticantes de Sua Palavra. O amor de Jesus no corao levar obedincia a todos os Seus mandamentos. Mas o amor que no vai alm dos lbios uma iluso; no salvar nenhuma alma. Muitos professam grande amor por Jesus, ao passo que rejeitam as verdades da Bblia. O apstolo Joo, porm, declara: Aquele que diz: Eu O conheo, e no guarda os Seus mandamentos, mentiroso, e nele no est a verdade. I Joo 2:4. Embora Jesus j tenha feito tudo no que diz respeito ao mrito, temos algo que fazer no que diz respeito ao cumprimento das condies.13 O Tema do Grande Conflito O profundo discernimento manifesto por Ellen White em sua instruo teolgica sobre o tema preponderante da Bblia o Tema do Grande Conflito14 tornou clara a razo por que Jesus Se fez homem. Esta compreenso fundamental permeia todos os seus escritos. Por exemplo: A fim de crescer na graa e no conhecimento de Cristo, essencial que meditem muito nos grandes temas da redeno. Voc deve perguntar-se por que Cristo assumiu a natureza humana, por que sofreu sobre a cruz, por que levou os pecados dos homens, por que Se tornou pecado e justia por ns. Deve estudar para saber por que Ele ascendeu ao Cu em natureza humana, e qual Sua obra por ns hoje. ... Julgamos conhecer bem o carter de Cristo, e no compreendemos claramente quanto se pode ganhar ao estudarmos nosso esplndido Modelo. Damos por certo que sabemos tudo sobre Ele, embora no compreendamos Seu carter nem Sua misso.15 Escutar Ellen White, pgina aps pgina, como ouvir o Messias de Haendel. O Esprito de Cristo impregna seu ministrio. Harmonia, clareza e coerncia caracterizam a dedicao que ela consagra a seu melhor Amigo. Mais do que tudo isso, provvel que Ellen White ajude a satisfazer nosso anseio humano por graa. Em cartas pessoais, artigos de revista e apresentaes diante de grandes auditrios, suas mensagens direcionadas para a graa aumentaram a aceitao da graa di-

vina por parte dos coraes abatidos e necessitados. Para aqueles que a ouvem, EllenReferncias1. O evangelho glorioso porque constitudo da justia de Cristo. O evangelho Cristo revelado, e Cristo o evangelho personificado. ... No devemos exaltar o evangelho, mas a Cristo. No devemos adorar o evangelho, mas o Senhor do evangelho. Manuscrito 44, 1898, citado em Seventh-day Adventist Bible Commentary (SDABC), vol. 7, pg. 907. 2. Atos dos Apstolos, pg. 33. 3. A Bblia fala da primeira morte como um sono. (Ver Joo 11:11-14; I Tess. 4:13-16; 5:10.) A segunda morte reservada aos pecadores que rejeitam o convite do evangelho. (Ver Apoc. 20:6 e 14; 21:8.) 4. Enoque (Gn. 5:24), Elias (II Reis 2:11), Moiss (Jud. 9) e os que ressurgiram com Jesus (Mat. 7:52 e 53). 5. Todo aquele que se libertar do cativeiro e do servio de Satans e se colocar sob a bandeira ensangentada do Prncipe Emanuel, ser guardado pela intercesso de Cristo. Na qualidade de nosso Mediador, destra do Pai, Cristo sempre nos conserva debaixo de Suas vistas, pois to necessrio que Ele interceda por ns quanto o foi que nos redimisse pelo Seu sangue. Se Ele nos deixa escapar por um s momento a Seu controle, Satans est pronto para destruir. Aqueles a quem Cristo comprou por Seu sangue, a estes protege Ele agora por Sua

White tem a marca inconfundvel do Esprito de Profecia: Ela d testemunho de Jesus.

intercesso. Manuscrito 73, 1893, em SDABC, vol. 6, comentrios sobre Romanos 8:34, pg. 1.078; tambm Manuscript Releases (MR), vol. 15, pg. 104. 6. Primeiros Escritos, pg. 12. 7. Bible Echo, 30 de abril de 1894. 8. Carta 18, 1879, citada em Arthur White, Ellen G. White Biography, vol. 3, (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1984), pg. 105. Daqui em diante as referncias biografia em seis volumes de Ellen White feita por Arthur White sero indicadas apenas pela palavra Biography, seguida do nmero do volume e das pginas. 9. Carta 20, 1879, citado em Biography, pg. 117. 10. Carta 51, 1880, citada em Biography, pg. 149. 11. Review and Herald, 23 de junho de 1896. 12. Ver James Nix, Oh, Jesus, How I Love You!, Adventist Review, 30 de maio de 1996, pgs. 10-14. 13. Historical Sketches of the Foreign Missions of the Seventh-day Adventists (Basle, Sua: Imprimerie Polyglotte, 1886), pg. 188; ver tambm Biography, vol. 3, pg. 320. 14. Ver pgs. 256-263. 15. Signs of the Times, 1o de dezembro de 1890.

Perguntas Para Estudo

1. Por que errado fazer distino entre Jesus e o evangelho? 2. Se o Esprito Santo a Pessoa que revela as mensagens de Deus aos profetas, por que se fala de Jesus como o Revelador? 3. Qual a principal finalidade do dom de profecia? 4. Que textos do Novo Testamento ensinam que Deus continua a falar em tempos psapostlicos? 5. Que duplo papel desempenha Cristo como nosso Sumo Sacerdote? 6. Escolha um captulo do Caminho a Cristo ou de O Desejado de Todas as Naes, leia-o e faa uma lista de algumas coisas que lhe falam sobre Jesus.

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Deus Fala Pelos ProfetasHavendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas. Heb. 1:1. Se entre vs h profeta, Eu, o Senhor, em viso a ele Me fao conhecer, ou falo com ele em sonhos. Nm. 12:6.

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eus tem-Se comunicado com os seres humanos desde que criou Ado e Eva.1 Os seres humanos foram criados semelhana de Deus, feitos Sua imagem. Gn. 1:27. Ele os fez responsveis, isto , capazes de responder a Deus e s outras pessoas. Deus proveu todas as coisas imaginveis para a felicidade de nossos primeiros pais. Plantou... um jardim (Gn. 2:8) j florido, cheio de plantas comestveis. O primeiro casal no precisava passar por dificuldade, nem lutar pela sobrevivncia. Alm disso, Deus fez homens e mulheres com capacidade de gerar filhos imagem deles, assim como criara Ado e Eva Sua imagem. Nada foi omitido. Tudo o que homens e mulheres precisavam estava no lugar apropriado a espcie correta de alimento, a alegria do trabalho, a contemplao diria de um deslumbrante jardim de flores, sem chuva e ferrugem, bem como o perfeito companheirismo de um com o outro e com o prprio Deus. O plano de Deus para nossos primeiros pais ainda hoje continua a ser um projeto realizvel para ns que buscamos paz e sade em meio runa lastimvel daquilo que o Senhor tinha em vista em relao famlia humana.

Comunicao Antes do Pecado Antes de pecarem, nossos primeiros pais desfrutavam constante comunho com Deus e com Seus anjos. Foi dessa maneira que aprenderam a cuidar de todas as criaturas vi-

vas e a suprir as prprias necessidades como mordomos deste fantstico paraso chamado planeta Terra. possvel que todo dia, ao pr-do-sol, eles realizassem um culto a Deus na parte fresca do dia. Gn. 3:8. Eles sabiam que nem tudo era seguro, nem mesmo no den! O mal se emboscava na sombra da rvore do conhecimento do bem e do mal. Gn. 2:17. Terrveis mudanas ocorreram quando Ado e Eva pecaram. J no conseguiam falar com Deus face a face. No porque Deus houvesse mudado, mas porque o primeiro casal mudara o pecado reconfigurou-lhes a mente e as emoes. Isaas descreveu essa nova situao em suas verdadeiras cores: As vossas iniqidades fazem separao entre vs e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vs. Isa. 59:2. O pecado danifica a trajetria dos nervos. Pessoa alguma continua a mesma depois de pecar. Formam-se novas ligaes nos prolongamentos nervosos tornando mais fcil a repetio do pecado. O pensar claramente de novo requer o auxlio especial de Deus. Assim, quando nossos primeiros pais pecaram, Deus teve que mudar Seu sistema de comunicao com os seres humanos. Nem todos os deplorveis resultados do pecado sobrevieram a Ado e Eva imediatamente, mas a triste degenerao da humanidade comeou no dia em que eles condescenderam com a concupiscncia da carne, a concupiscncia dos olhos e a soberba da vida. I Joo 2:16.

Como Deus Transps o Abismo do Pecado Como o abismo do pecado poderia ser transposto? Deus sempre tem uma soluo. Ele sabe como adaptar-Se a circunstncias em mutao. Por exemplo, em vez da comunicao face a face, Ele fala a todos atravs da conscincia. (Ver Joo 1:9; Rom. 2:15.) De uma forma significativa, o Esprito Santo pede aos seres racionais que prefiram o certo ao errado, seja qual for a situao. Alm disso, para aqueles que especificamente buscam o auxlio divino, ainda que no conheam muito a Deus, estende-se a todos a promessa: Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitar as tuas veredas. Prov. 3:6.2 Deus tambm Se revela por meio dos anjos: No so todos eles espritos ministradores, enviados para servio a favor dos que ho de herdar a salvao? Heb. 1:14.3 Embora desfigurado pelos resultados do pecado, o mundo fsico ainda revela muita coisa sobre a natureza e o carter de Deus: Porque os atributos invisveis de Deus, assim o Seu eterno poder, como tambm a Sua prpria divindade, claramente se reconhecem, desde o princpio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens so, por isso, indesculpveis. Rom. 1:20. Pessoas de todos os continentes e atravs da Histria tm associado Deus a atributos como ordem, beleza, previsibilidade e desgnio, vistos nos corpos celestes ou nas maravilhas terrenas, tanto as animadas como as inanimadas.4 Antes que Moiss guiasse os israelitas para fora do Egito, Deus havia Se comunicado com homens e mulheres por meio dos patriarcas No (Gn. 5-9), Abrao (Gn. 1224), Isaque (Gn. 26:2-5) e Jac (Gn. 32:24-30). Moiss foi o ilustre exemplo de um ser humano com quem Deus conversava (xo. 3, etc.). Com referncia nao de Israel em seus primeiros anos, Deus falava por Urim e Tumim, duas pedras preciosas engastadas no peitoral (fode) do sumo sacerdote israelita. Quando os lderes da nao queriam conhecer a vontade de Deus, o sumo sacerdote fazia as perguntas especficas, e estas eram respondi-

das pela luz que repousava sobre o Urim ou o Tumim.5 Para uma nao jovem, recm-sada do cativeiro e antes de existir a Palavra escrita, esse mtodo de comunicao era decisivo e confirmatrio. Deus falou tambm por meio de sonhos. Considere o significado do sonho proftico de Jos (Gn. 37), os sonhos do copeiro e do padeiro de Fara (Gn. 40), o sonho de Fara (Gn. 41), o sonho do soldado midianita (Ju. 7) e os sonhos de Nabucodonosor (Dan. 2 e 4). No resta dvida de que a revelao mais clara de Deus e de Sua vontade para homens e mulheres foi por intermdio de Jesus Cristo: Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes ltimos dias a ns nos falou pelo Filho. Heb. 1:1 e 2. Jesus foi explcito: Quem Me v a Mim v o Pai. Joo 14:9. Mas Cristo no chamou a ateno para Deus como todos os profetas vinham fazendo; Ele era Aquele para quem eles chamavam a ateno. A Forma Mais Reconhecida de Revelao Divina Embora Deus tenha empregado muitos mtodos, o profeta foi a forma mais reconhecida de comunicao divina. Os sacerdotes de Israel eram os representantes do povo perante Deus; os profetas eram os representantes oficiais de Deus perante Seu povo. O chamado do sacerdote era hereditrio; o profeta era especificamente chamado por Deus.6 Os profetas tm sido os canais mais visveis no sistema divino de comunicao. Certamente o Senhor Deus no far coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas. Ams 3:7. O Senhor, Deus de seus pais, comeando de madrugada, falou-lhes por intermdio dos Seus mensageiros, porque Se compadecera do Seu povo. II Crn. 36:15. Deus foi bastante explcito quando disse que, se o povo no desse ouvido a Seus profetas, Ele no teria outro remdio para ajud-lo a superar seus problemas pessoais ou nacionais: Eles, porm, zombavam dos mensa-

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geiros de Deus, desprezavam as Suas palavras e mofavam dos Seus profetas, at que... no houve remdio algum. II Crn. 36:16. No livro A Prophet Among You,7 T. Housel Jemison alistou oito razes por que Deus usou profetas em vez de alguns recursos dramticos e espetaculares tais como escrever Sua vontade nas nuvens ou proferi-la como trovo no amanhecer de cada dia: 1. Os profetas prepararam o caminho para o primeiro advento de Cristo. 2. Como representantes do Senhor, os profetas mostraram ao povo que Deus valorizava os seres humanos a ponto de escolher dentre eles homens e mulheres para represent-Lo. 3. Os profetas eram um lembrete constante da proximidade e disponibilidade da instruo divina. 4. As mensagens comunicadas pelos profetas cumpriam o mesmo propsito que uma comunicao pessoal do Criador. 5. Os profetas eram uma manifestao do que a comunho com Deus e a transformadora graa do Esprito Santo podia realizar na vida humana. 6. A presena dos profetas punha o povo prova no tocante atitude deles para com Deus. 7. Os profetas tomaram parte no plano da salvao, pois Deus tem coerentemente empregado uma combinao do humano e do divino como o meio mais eficaz de alcanar a humanidade perdida. 8. O resultado mais notvel da atividade dos profetas sua contribuio Palavra Escrita. A Obra dos Profetas Dupla era a obra dos profetas: receber a mensagem divina e transmiti-la fielmente. Esses aspectos se refletem nas trs palavras hebraicas para profeta. Para ressaltar o papel dos profetas em ouvir a vontade de Deus conforme lhe era revelada, o escritor hebraico usava chozeh ou roeh, que traduzido significa vidente. A palavra hebraica nabi (a palavra hebraica mais freqentemente usada para profeta) descreve os profetas enquanto transmitem sua mensa-

gem pela palavra falada ou escrita. Em I Samuel 9:9, percebe-se ambos os papis: Antigamente em Israel, indo algum consultar a Deus, dizia assim: Vinde, vamos ao vidente [roeh]; porque ao profeta [nabi] de hoje, outrora se chamava vidente [roeh]. Chozeh, derivada da mesma raiz da qual recebemos a palavra portuguesa viso, salienta o fato de que o profeta recebe mensagens por meio de vises dadas por ministrao divina. Cada um dos trs termos hebraicos para profeta sublinha o ofcio proftico como o lado humano do plano divino de comunicao. No Novo Testamento, a palavra grega prophetes, equivalente a nabi do Antigo Testamento, transliterada como profeta. Seu sentido bsico falar em nome de. O verdadeiro profeta aquele que fala em nome de Deus. Longa Linhagem de Esplendor O primeiro (tanto quanto sabemos) desta surpreendente linhagem de corajosos, fiis e ilustres profetas por intermdio dos quais Deus disse o que pensava foi Enoque, o stimo depois de Ado. Jud. 14. Depois veio Abrao (Gn. 20:7) e Moiss (Deut. 18:15). Miri foi a primeira mulher a ser chamada de profetisa (xo. 15:20). Com o passar do tempo, a nao de Israel perdeu seu enfoque espiritual e tornou-se igual a seus vizinhos na adorao de outros deuses. Durante o longo e sombrio perodo dos juzes, Israel foi oprimido e humilhado pelas naes vizinhas. Quando Samuel recebeu o chamado para seu papel proftico, os filisteus exerciam implacvel domnio sobre Israel. Eli, o sumo sacerdote, era homem idoso e ineficiente. Seus dois filhos, Hofni e Finias, embora responsveis pela liderana do governo e do sacerdcio, eram homens mpios; no conheciam ao Senhor. I Sam. 2:12. No de admirar que naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as vises no eram freqentes. I Sam. 3:1.8 A palavra do Senhor era mui rara em Israel porque raros eram os homens e mulheres a quem se podia confiar as mensagens celestiais. Deus estava disposto a guiar Seu povo,

mas faltavam homens e mulheres pelos quais pudesse, de maneira segura, comunicar Sua palavra. Quando as vises no eram freqentes, a situao espiritual e poltica de Israel tornava-se embaraosa. Israel s recuperava seu bem-estar quando o ofcio proftico era restaurado. Exemplo: a restaurao de Israel como uma nao livre e abenoada coincidiu exatamente com o ministrio proftico de Samuel. A longa vida deste profeta um relato surpreendente da maneira como um s homem pode alterar o curso de toda uma nao. Os primeiros anos de sua vida, depois de sua me o haver entregue ao Senhor, so bem conhecidos: E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graa diante do Senhor, como tambm diante dos homens. I Sam. 2:26. medida que Samuel amadurecia, sua liderana espiritual se tornava manifesta: Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. Todo o Israel, desde D at Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor. I Sam. 3:19 e 20. Posteriormente, o Senhor apareceu a Samuel em Sil. ... E veio a palavra de Samuel a todo o Israel. I Sam. 3:21-4:1. A fidelidade de Samuel como mensageiro de Deus tornou possvel a Deus inverter a desgraa de Israel. O exemplo espiritual, a exortao e a liderana nacional do profeta foram to eficientes que o relato declara: Assim, os filisteus foram abatidos e nunca mais vieram ao territrio de Israel, porquanto foi a mo do Senhor contra eles todos os dias de Samuel. I Sam. 7:13. A vida de Samuel uma ilustrao clara e profunda de como o Esprito de Profecia pode ser eficiente no estabelecimento do programa de Deus na Terra. Quem pode imaginar o que ser possvel realizar nestes ltimos dias se dermos ouvido ao Esprito de Profecia! Tendo Samuel idade avanada, algo quase inexplicvel aconteceu. Os lderes israelitas vieram ter com ele pedindo que lhes constitussem um rei..., para que nos governe, como o tm todas as naes. I Sam. 8:4. Esqueceram que sua soberania restaurada e situao

aprazvel se deviam liderana proftica de Samuel. Deus advertiu os lderes de que um rei traria provas e dificuldades a seu pas mas eles persistiram: Para que sejamos tambm como todas as naes; o nosso rei poder governarnos, sair adiante de ns e fazer as nossas guerras. Verso 20. Embora Israel tenha rejeitado o plano de Deus governar Seu povo (teocracia), Deus, porm, no rejeitou a Israel. No retirou o dom proftico. Desde o tempo de Saul, o primeiro rei de Israel, at os dias da desolao em que tanto Israel como Jud foram levados cativos para Assria e para Babilnia, trinta profetas so mencionados pelo nome na Bblia. Alm deles, houve profetas annimos, junto com os filhos dos profetas. Pouco Sucesso Quanto sucesso obtiveram os profetas? Bem pouco, em grande parte devido aos lderes nacionais que os rejeitaram. Repare Jeoaquim (Jer. 36), para quem o profeta Jeremias recebeu ordens de Deus de enviar palavras de condenao e esperana. Baruque, o assistente de redao de Jeremias, leu a mensagem diante de todo o povo. Verso 10. O rolo caiu sem demora nas mos dos conselheiros da corte, os quais tambm ficaram grandemente impressionados. Eles insistiram com o rei Jeoaquim para que tambm lesse a mensagem de Jeremias. O rei pediu a Jeudi que o lesse em voz alta. Mas, tendo o ministro de confiana do rei lido apenas trs ou quatro folhas do livro, cortou-o o rei com um canivete de escrivo e o lanou no fogo que havia no braseiro, e, assim, todo o rolo se consumiu no fogo que estava no braseiro. No se atemorizaram, no rasgaram as vestes. Jer. 36:23 e 24. Lamentavelmente, Jeoaquim era o tipo de muitos lderes espirituais, at mesmo de lderes cristos de nossa poca, que destruiriam completamente, se pudessem, a mensagem de Deus e Seus mensageiros. Muitos tm procurado, atravs dos anos, seja com o canivete de escrivo, seja com benigna negligncia, anular a eficcia de um profeta.

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A mensagem de Deus, porm, sobrevive em benefcio daqueles que buscam conhecer Sua vontade. Davi outro exemplo de lder israelita que recebeu uma mensagem de reprovao da parte de um profeta. Mas o resultado foi o oposto da experincia de Jeoaquim. Depois de o rei Davi ter mandado assassinar Urias para poder casar-se com Bate-Seba, a esposa de Urias, Deus enviou o profeta Nat a Davi. Sem procurar evasivas com palavras de compaixo ou favor, Nat apontou o dedo para Davi e proferiu a palavra de condenao: Tu s o homem! II Sam. 12:7. Davi aceitou a palavra do Senhor e rendeu-se: Pequei contra o Senhor. II Sam. 12:13. (Ver tambm Sal. 51.) Davi um dos mais admirveis exemplos daqueles que, atendendo s palavras condenatrias do Senhor, mudaram seu futuro para melhor. Seu exemplo tem sido muitas vezes mencionado na histria da igreja. Nomes Aplicados s Mensagens Profticas Diversos termos so empregados na Bblia para descrever as mensagens apresentadas pelos profetas: conselho (Isa. 44:26); mensagem do Senhor (Ageu 1:13); profecia ou profecias (II Crn. 9:29; 15:8; I Cor. 13:8); testemunhos (I Reis 2:3; II Reis 11:12; 17:15; 23:3; muitos versos do Sal. 119) e Palavra de Deus (I Sam. 9:27; I Reis 12:22). Cada termo, apesar de facilmente intercambivel, enfatiza determinado aspecto do sistema divino de comunicao. Testemunhos, por exemplo, sugere mensagens. O pensamento incluso na expresso testemunho de Jesus (Apoc. 12:17 e 19:10) que as mensagens ou a vontade de Jesus so reveladas quando um profeta fala ou escreve. Como Deus e os Profetas Interagem Os profetas reconhecem claramente a presena e o poder do Esprito Santo no papel que desempenham como mensageiros de Deus. Pedro compreendia bem essa relao: Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da par-

te de Deus falaram movidos pelo Esprito Santo. II Ped. 1:21. Considere a experincia de Saul: Chegando eles a Gibe, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; o Esprito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou no meio deles. I Sam. 10:10. Ezequiel referiu-se muitas vezes presena do Esprito Santo: Ento, entrou em mim o Esprito, quando falava comigo, e me ps em p, e ouvi o que me falava. Ezeq. 2:2. (Ver tambm 3:12, 14 e 24; 8:3; 11:5; 37:1.) De que modo o profeta reconhecia a presena e o poder do Esprito Santo? Por meio de vises e sonhos fora do comum, acompanhados de fenmenos fsicos. Muitos viram o cumprimento da promessa de Deus: Se entre vs houver profeta, Eu, o Senhor, a ele Me farei conhecer em viso, em sonhos falarei com ele. Nm. 12:6. (A Bblia no faz distino clara entre viso proftica e sonho proftico. Os termos parecem ser usados de maneira permutvel.) Em Daniel 10, o profeta descreve alguns dos fenmenos fsicos que acompanharam esta grande viso. Verso 8. Embora ele tivesse cado sem sentidos, rosto em terra, conseguiu ouvir a voz das suas palavras. Verso 9. Havia outras pessoas com Daniel durante a viso, mas s ele teve aquela viso. Verso 7. Daniel sofria alteraes fsicas enquanto se achava em viso: No ficou fora em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e no retive fora alguma. Verso 8. Quaisquer que possam ter sido os fenmenos especficos que acompanhavam uma viso ou sonho, os profetas sabiam que Deus lhes falava. O que sabemos sobre as mensagens dos profetas e a maneira como estas foram proferidas acha-se registrado na Bblia. A princpio nem todas as mensagens que temos hoje estavam na forma escrita. Algumas eram sermes pblicos, outras eram cartas a amigos ou a grupos congregacionais; algumas eram

anncios oficiais feitos por reis a seus sditos. Alguns dos inspirados escritos profticos nem mesmo foram escritos pelos profetas. Das abundantes mensagens profticas apresentadas atravs de vrios milhares de anos, Deus supervisionou uma compilao que chamamos de Bblia. Esta amostragem foi preservada para um propsito: Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertncia nossa, de ns outros sobre quem os fins dos sculos tm chegado. I Cor. 10:11. Como os Profetas Transmitiam as Mensagens Atravs da Histria, o Esprito de Profecia tem usado trs mtodos para apresentar as mensagens de Deus: Oral, Escrito e Dramatizado. Oral. A apresentao sob a forma de sermo normal talvez seja a modalidade mais conhecida da obra de um profeta. Pensamos imediatamente em Jesus proferindo Seu sermo no Monte das Bem-aventuranas (Mat. 5-7) ou do sermo de Pedro no dia de Pentecostes (Atos 2). Todo o livro de Deuteronmio foi um discurso oral em que Moiss passou em revista os quarenta anos da histria israelita. Muitos dos profetas menores apresentaram primeiramente suas mensagens sob a forma oral. Alm dessas apresentaes de carter mais formal, os profetas tambm registraram por escrito os conselhos dados anteriormente a lderes ou grupos. Isaas registrou sua entrevista com Ezequias (Isa. 37). A maior parte do livro de Jeremias um resumo escrito de suas mensagens pblicas. Ezequiel transcreveu suas primeiras conversas com os lderes de Israel. Por exemplo: No sexto ano, no sexto ms, aos cinco dias do ms, estando eu sentado em minha casa, e os ancios de Jud, assentados diante de mim, sucedeu que ali a mo do Senhor Deus caiu sobre mim. Ezeq. 8:1. (Ver 20:1.) Algumas entrevistas particulares, como a de Nat com Davi (II Sam. 12:1-7), a de Jeremias com Zedequias (Jer. 38:14-19), e a de Jesus com Nicodemos (Joo 3), foram tambm consideradas pelo Esprito de Profecia como dignas de uma aplicao mais ampla.

Alm de seus deveres pblicos e oficiais, os profetas escreviam cartas particulares s pessoas que tinham necessidades especficas. Escrito. As mensagens escritas apresentam vantagens sobre as outras formas de comunicao. Podem ser lidas e relidas. Comparadas com a apresentao oral, elas so menos sujeitas a interpretaes errneas. O Senhor ordenou a Jeremias que escrevesse um livro contendo as palavras que Ele lhe daria. Jeremias pediu a Baruque para ser seu assistente de redao, e o livro finalmente foi lido perante o povo de Jerusalm e perante o rei. Anos depois, o profeta Daniel (9:2) declara haver lido as mensagens de Jeremias, nas quais este profeta prometia libertao para o povo de Deus aps setenta anos de cativeiro. O prprio Daniel recebeu instrues para escrever um livro dirigido especificamente queles que viveriam no tempo do fim. Dan. 12:4. O apstolo Paulo escreveu catorze livros do Novo Testamento, sendo todos, exceto um, cartas para vrias igrejas ou seus pastores. Algumas de suas cartas no foram includas na Bblia, como o caso da carta igreja de Laodicia (Col. 4:16). Pedro tambm escreveu cartas a vrios grupos de igreja: Amados, esta , agora, a segunda epstola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranas a vossa mente esclarecida. II Ped. 3:1. Ele tambm escreveu cartas particulares, como a que foi endereada a Silvano (I Ped. 5:12). Joo escreveu pelo menos trs cartas, alm do Evangelho e do livro de Apocalipse: Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa. I Joo 1:4. Cartas Cheias de Autoridade As cartas dos profetas encerravam a mesma autoridade que seus sermes convencionais. Em alguns casos, as cartas eram mais teis do que um sermo, pois eram escritas a pessoas especficas com problemas especficos. As cartas endereadas a uma pessoa ou a uma igreja tornaram-se igualmente benficas a outras, medida que essas cartas (e sermes) eram copiadas e amplamente distribudas. Pessoas de todos os lugares, atravs dos tem-

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pos, tm-se identificado com essas inspiradas e prticas aplicaes dos princpios divinos s particularidades da vida. Dramatizao. A apresentao de parbolas por palavras ou aes um recurso de ensino muito empregado pela Bblia. Jesus fez uso abundante de parbolas para tornar claro o valor dos princpios divinos. O ministrio de Jeremias utilizou muitas vezes a parbola da ao e do exemplo. Deus lhe pediu que no se casasse (Jer. 16:1 e 2) a fim de tornar-se para os judeus um lembrete vivo da experincia penosa por que estavam prestes a passar durante a destruio de Jerusalm. Pense nos recursos audiovisuais da botija de oleiro (Jer. 19), quebrada como sinal da queda de Jerusalm; ou das correias e canzis (Jer. 27) que pressagiavam o iminente jugo de Babilnia. semelhana de Jeremias, Ezequiel muitas vezes exprimiu suas mensagens profticas sob a forma de parbolas. Os exemplos incluem o rolo que ele deveria comer (Ezeq. 3:1-3); a espada afiada que usou como navalha de barbeiro na cabea e na barba (Ezeq. 5:1); o caldeiro com comida (Ezeq. 24:3 e 4); e o vale de ossos secos (Ezeq. 37). As mensagens veiculadas por meio de parbolas captavam a ateno e eram mais facilmente relembradas. Ao examinar esses vrios mtodos de captar a ateno, ficamos impressionados ao constatar o fato de que Deus selecionava o mtodo que melhor se adaptasse ocasio. Deus Se adapta com facilidade e persistente. Todos os mtodos so autnticos, pois procedem da mesma Fonte. O sermo deuteronmico de Moiss, as entrevistas pessoais de Isaas, os sermes transcritos de Jeremias, as cartas de Paulo, as dramatizaes parablicas de Ezequiel, os livros de Daniel, o sermo de Pedro no Pentecostes, a entrevista de Jesus com Nicodemos tudo foi inspirado pelo Esprito. Homens santos de Deus falaram inspirados pelo Esprito Santo. II Ped. 1:21. Assistentes de Redao Sabemos bem pouco sobre a maneira como os autores bblicos preparavam seus materiais. Sabemos apenas o que nos contaram.

Jeremias explicou a maneira como utilizava Baruque como seu assistente de redao: Ento Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado. Jer. 36:4. Quando os oficiais do rei ouviram Baruque ler essas mensagens, perguntaram: Declaranos, como escreveste isto? Acaso, te ditou o profeta todas estas palavras? Baruque lhes respondeu: Ditava-me pessoalmente todas estas palavras, e eu as escrevia no livro com tinta. Jer. 36:17 e 18. Baruque, conhecido como escrivo (36:26), ao que parece era bastante culto. Jeremias utilizava as habilidades literrias deste homem a fim de preparar a forma escrita das mensagens que comunicava oralmente: Tomou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivo, o qual escreveu nele, ditado por Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Jud, queimara; e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes. Jer. 36:32. Diversos Assistentes de Paulo No Novo Testamento, Paulo utilizou diversos assistentes de redao. Trcio ajudou-o a preparar o original da epstola aos Romanos (16:22). Ao que parece, Sstenes o ajudou na escrita da primeira carta aos Corntios (1:1). Na priso romana, Paulo ditou sua segunda carta a Timteo; e Lucas, seu mdico, a preparou na forma escrita.9 Paulo tinha excelentes conhecimentos de grego, conforme o atestavam os lderes judeus. Mas havia justas razes para que ele empregasse assistentes de redao. Na priso, sua capacidade de escrever ficara extremamente reduzida, mas os assistentes podiam tomar seus pensamentos e registr-los da maneira mais conveniente. Alguns acham que seu espinho na carne era uma vista fraca (I Cor. 12:7-9; Gl. 4:15). Seja qual for o mtodo que Paulo tenha empregado na escrita de suas epstolas, aqueles que liam essas cartas (ou as ouviam ser lidas) sabiam que estavam escutando mensagens inspiradas. A diferena significativa no estilo grego (no necessariamente no contedo) de cada uma de suas cartas sugere nitidamente que

Paulo utilizou diversos assistentes literrios com variados talentos de redao.10 Pedro se referia a seu assistente de redao pelo nome de Silvano (Silas), nosso fiel irmo. I Ped. 5:12. Por que Pedro precisaria de auxlio em redao? Por vrias razes: alm de no ter recebido instruo acadmica, Pedro passava pelas mesmas restries carcerrias de Paulo; e visto que sua lngua materna era o aramaico, ele provavelmente no era fluente no grego. A primeira epstola de Pedro escrita em grego elegante e de alto nvel, sinal de uma mente culta que reflete a assistncia de Silvano. A segunda epstola de Pedro, no entanto, escrita num estilo literrio rudimentar, embora a verdade resplandea de maneira notvel. Obviamente, Silvano no estava disponvel a curto prazo, e Pedro escreveu-a ele mesmo ou contratou outro escriba sem o talento literrio de Silvano.11 Diferenas bvias Entre I e II Pedro A diferena entre a primeira epstola de Pedro e a segunda to bvia que a autoria de Pedro, de uma ou mesmo de ambas as cartas, tem sido questionada. Allan A. McRae observou: No podemos descartar a idia de que um escritor possa, ocasionalmente, haver transmitido a um assistente a idia geral do que ele queria, dizendo-lhe para colocar isto na forma escrita.12 Nesse caso, ele teria verificado o original para ter a certeza de que o texto representava o que ele havia querido dizer e, portanto, ele podia verdadeiramente ser chamado seu autor. O Esprito Santo teria guiado todo o processo para que a redao definitiva exprimisse as idias que Deus desejava transmitir a Seu povo. provvel que Paulo raramente seguisse este ltimo procedimento, visto ser bastante culto e ter confiana em sua capacidade de expressar-se em grego. Mas a situao pode ter sido diferente no caso de Pedro e Joo. O estilo da primeira epstola de Pedro difere tanto do da segunda que alguns crticos sugeriram uma fraude. Contudo, Pedro podia muito bem ter ele mesmo escrito um livro em grego (II Pedro?) e expresso seu pensamento em aramaico a um assistente que ti-

vesse mais experincia de redigir em grego (I Pedro). Esse assistente podia ento ter registrado as idias de Pedro em seu estilo, efetuando depois as alteraes sugeridas por Pedro. As duas cartas difeririam assim em estilo, mas, sob a orientao do Esprito Santo, expressariam o pensamento de Pedro como se ele houvesse verdadeiramente ditado cada palavra. Joo Calvino defendia esse ponto de vista, embora no tivesse dvidas de que ambas apresentavam com exatido o pensamento de Pedro.13 Ao comparar o Evangelho de Joo com o livro de Apocalipse, vemos novamente estilos literrios surpreendentemente diferentes. As evidncias parecem indicar que o apstolo Joo escreveu ambos os livros, ainda que o estilo literrio seja muito dessemelhante. O livro de Apocalipse geralmente construdo numa estrutura grega frouxa (ver pg. 541), enquanto o Evangelho de Joo se conforma aos padres literrios clssicos uma indicao clara de que os escribas eram pessoas diferentes.14 Parte da diferena pode ser atribuda ao fato de Joo estar em idade avanada quando escreveu o Apocalipse. Como o Evangelho de Lucas Foi Escrito Outro modo de encarar a assistncia editorial no preparo do material bblico fornecido pela anlise de como e por que o livro de Lucas foi preparado. Lucas no foi uma testemunha ocular do ministrio de Cristo. Provavelmente ele nunca ouvira Jesus falar. Contudo, o Evangelho de Lucas pode ser comparado ao de Mateus, Marcos e Joo no que se refere fidelidade com que palavras e atos de Jesus foram registrados. Como Lucas fez isto? Obtendo de testemunhas oculares os relatos mais vlidos e apresentando-os de maneira coerente.15 Lucas diz isso da seguinte maneira: Visto que muitos houve que empreenderam uma narrao coordenada dos fatos que entre ns se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princpio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de pro-

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funda investigao de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentssimo Tefilo, uma exposio em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instrudo. Luc. 1:1-4. Deus comunicou Sua mensagem no por meio de transcrio mecnica, mas pelos atos e palavras que homens e mulheres podiam entender. Os profetas que ouviram Deus lhes falar diretamente comunicaram essas mensagens usando os processos mentais de sua poca e os idiomas e analogias que seus ouvintes seriam capazes de entender. Compreender corretamente o processo de revelao/inspirao evita as angustiosas inquietaes que as pessoas sentem quando vem nos Evangelhos claras diferenas entre os relatos do mesmo acontecimento ou at mesmo nas mensagens de Jesus. Nada perturba mais alguns estudantes sinceros do que observar as formas diferentes como os escritores bblicos descrevem o mesmo acontecimento, citam o mesmo dilogo ou narram as parbolas de Jesus. Ter duas verses da Orao do Senhor, conforme registradas em Mateus 6 e Lucas 11, desconcerta aqueles que acreditam erroneamente que os escritores bblicos escreveram, palavra por palavra, o que o Esprito Santo lhes ditava. Inspirao Verbal ou de Pensamento A inspirao verbal e isenta de erro faz supor que o profeta um aparelho de gravao, que transmite de maneira mecnica e infalvel a mensagem de Deus. A crena numa inspirao mecnica no concebe diferenas no registro de uma mensagem ou acontecimento. A inspirao verbal requer profetas que transmitam as palavras exatas fornecidas pelo Guia celestial assim como um escrivo registra tudo quanto dito pelas testemunhas num tribunal. No se d aos profetas nenhuma oportunidade para usarem sua prpria individualidade (e limitaes) na expresso das verdades que lhe foram reveladas. Um dos problemas bvios enfrentados pelos que crem na inspirao verbal o que fazer ao traduzir a Bblia, do hebraico ou aramaico do Antigo Testamento ou do grego do Novo Testamento, para outras lnguas. Outro problema Mateus 27:9 e 10, onde o evangelista faz uma referncia a Jeremias

em vez de a Zacarias (11:12) como fonte do Antigo Testamento para uma profecia messinica. Isso pode ter sido um erro do copista. Mas se o erro foi do prprio Mateus, um equvoco humano que qualquer professor ou pastor pode cometer, um equvoco que no causa problema para os defensores da inspirao de pensamento. Por qu? Porque os defensores da inspirao de pensamento entendem o que Mateus queria dizer! Ou, o que Pilatos realmente escreveu na inscrio posta sobre a cruz de Cristo? Mateus 27:37, Marcos 15:26, Lucas 23:38 e Joo 19:19 registram a inscrio de modo diferente. Para os defensores da inspirao de pensamento, a mensagem clara; para os proponentes da inspirao verbal, um problema! Os Profetas So Inspirados, no as Palavras Para os que crem na inspirao de pensamento, Deus inspira o profeta, no suas palavras.16 Os defensores da inspirao de pensamento lem a Bblia e vem Deus atuando por intermdio de seres humanos com suas caractersticas individuais. Deus comunica os pensamentos; e os profetas, ao transmitirem a mensagem divina, usam toda a capacidade literria que possuem.17 Especialistas universitrios relataro uma mensagem ou descrevero um acontecimento de forma muito diferente da de um pastor de ovelhas. Mas se ambos foram inspirados por Deus, a verdade ser ouvida igualmente tanto por instrudos como por iletrados. Essa a maneira como a Bblia foi escrita, todos os escritores usando as melhores palavras para expressar fielmente a mensagem que haviam recebido do Senhor. No processo de revelao/inspirao, a revelao enfatiza a ao divina que comunica informao. Os adventistas do stimo dia crem que a mensagem, ou contedo, divinamente revelada infalvel e autorizada. Lmpada para os meus ps a Tua palavra, e luz para os meus caminhos. Sal. 119:105.18 J a inspirao se refere ao processo pelo qual Deus habilita uma pessoa para ser Sua mensageira. Esse tipo de inspirao diferente do uso coloquial da palavra quando descrevemos algum poeta ou cantor talentoso como sendo inspirado. Paulo escreveu ao jovem Timteo que to-

da a Escritura inspirada por Deus. II Tim. 3:16. A palavra grega usada por Paulo para inspirao theopneustos, uma contrao de duas palavras: Soprado por Deus. Isso mais descritivo do que uma simples impresso potica. Quando Daniel, por exemplo, estava em viso, ele literalmente no conseguia respirar (Dan. 10:17)! Pedro disse que os profetas eram movidos pelo Esprito Santo. II Ped. 1:21. A palavra grega para movidos pheromeni, a mesma palavra que Lucas usou (Atos 27:17 e 27) para descrever a maneira como o barco em que ele se encontrava estava sendo impelido por uma terrvel tempestade atravs do Mar Mediterrneo. Os profetas no confundiam o movimento do Esprito com as emoes normais. Eles sabiam quando o Senhor lhes falava. Eles eram inspirados! Outra palavra bastante usada para descrever o sistema divino de comunicao iluminao. Quando os profetas proferem suas mensagens, como homens e mulheres reconhecem que essas mensagens so autnticas? O mesmo Esprito que fala por meio dos profetas fala queles que ouvem ou lem a mensagem do profeta. O ouvinte ou leitor iluminado (mas no inspirado). Alm disso, o Esprito Santo capacita o crente sincero a entender a mensagem e fazer dela uma aplicao pessoal.19 A maneira como o processo de revelao/inspirao atuou no ministrio de Ellen White ser discutida no captulo 13. Felizmente, a Sra. White falou convincente e claramente sobre como funcionava esse processo tanto nos tempos bblicos como em seu ministrio. Mensagens Profticas no Preservadas A Bblia no contm tudo quanto os profetas falaram ou escreveram. No dispomos, por exemplo, de tudo o que Jesus disse ou fez.20 Significa isso que as mensagens no preservadas eram menos importantes ou menos inspiradas do que as que foram registradas na Bblia? No! Tudo o que Deus diz importan-

te e inspirado. Algumas mensagens, porm, eram de interesse local. Algumas j estavam inclusas em outras mensagens que foram preservadas. Sem dvida, a maior quantidade de mensagens profticas, incluindo as palavras de Jesus, no foi preservada. Pode-se classificar os profetas bblicos em quatro grupos:21 1. Profetas que escreveram uma parte da Bblia, tais como Moiss, Jeremias, Paulo e Joo. 2. Profetas que no escreveram nada da Bblia, mas cujas mensagens e ministrios so amplamente descritos na Bblia, tais como Enoque, Elias e Eliseu. 3. Profetas que deram testemunho oral (talvez at mesmo escrito), mas cujas palavras no foram preservadas. Atravs de todo o Antigo Testamento, h muitos profetas annimos, incluindo os setenta ancios, que receberam o Esprito Santo e profetizaram (Nm. 11:24 e 25), o grupo que se uniu a Saul depois que ele se tornou rei (I Sam. 10:5, 6 e 10) e aqueles que Obadias escondeu em cavernas (I Reis 18:4 e 13). No Novo Testamento, por exemplo, as quatro filhas de Filipe profetizavam, mas suas mensagens no foram registradas (Atos 21:9). 4. Profetas que escreveram livros que no foram preservados. Entre esses estavam Nat (I Crn. 29:29), Gade (I Crn. 29:29), Semaas (II Crn. 12:15), o autor do Livro dos Justos (Jos. 10:13; II Sam. 1:18), Ido (II Cr