A minha aldeia, ontem e hoje

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A minha aldeia, ontem e hoje A minha aldeia é uma pequena freguesia do concelho de Sátão, que está inserido no distrito de Viseu. Está localizada mesmo no extremo norte do concelho, no planalto da Serra da Lapa. Consta que, da qualidade e riqueza das suas águas, provém o nome: ÁGUAS BOAS

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A minha aldeia, ontem e hoje

A minha aldeia é uma pequena freguesia do concelho de Sátão, que está inserido no

distrito de Viseu. Está localizada mesmo no extremo norte do concelho, no planalto da

Serra da Lapa.

Consta que, da qualidade e riqueza das suas águas, provém o nome:

ÁGUAS BOAS

A paisagem

É uma aldeia tipicamente rural, virada para o sector agrícola e florestal.

Na floresta predominam o pinheiro bravo e o castanheiro.

Terra de bons ares

Por aqui, respira-se ainda o ar puro da serra.

E disfruta-se de belas paisagens naturais.

No seu património destacam-se:

A Igreja Matriz, que é um templo do século XIX.

O Largo do chafariz, outrora o palco das concentrações festivas.

O património

Vestígios históricos

Como vestígios históricos destacam-se:

O forno comunitário.

E a velha picota árabe, outrora utilizada para tirar água dos poços.

O povoado

Outrora, as casas eram todas em pedra, na traça típica da Beira Alta.

Hoje é uma mistura de estilos.

De povoamento aglomerado, passou a misto.

A expansão

A aldeia expandiu-se para a periferia.

Mas, das velhas casas de pedra, poucas foram recuperadas.

A desertificação

Tal como aconteceu na maioria das aldeias portuguesas, também a minha aldeia foi assolada pelo fenómeno da emigração.

Da minha geração, poucos por lá ficaram.

A minha casa

A casa onde nasci e fui criada,outrora, estava sempre cheia de gente. A porta estava aberta todo o dia.

Hoje, é mais uma, das muitas, que na aldeia permanecem quase todo o ano fechadas.

A minha escola

Na minha escola primária havia mais de cem alunos. Mas, no meu ano, poucos fizeram a 4ª classe. Ainda não era obrigatório! Além disso, o trabalhinho infantil era precioso no orçamento familiar!

A evoluçao escolar

Hoje, dos poucos jovens que por lá restam, a maioria são licenciados.

Mas não têm emprego!

Até a nova escola primária já fechou, por falta de alunos.

O clima e seus extremos

Da minha aldeia, recordo ainda os verões escaldantes que obrigavam as gentes à tradicional sesta.

Mas recordo também os invernos rigorosos, com neve e frio intenso.

A neve

E o manto branco de neve, que cobria a aldeia durante vários dias.

Valiam-nos as velhas lareiras, à volta das quais toda a família se reunia.

Hoje há modernos tipos de aquecimento.

As boas águas

No chafariz a água jorrava com abundância, dava para satisfazer as necessidades da aldeia.

No grande tanque traseiro lavava-se a roupa.

Havia ainda um regadio comunitário.

O progresso

O progresso trouxe a rede pública. E até um lavadouro novo.

Mas a velhinha fonte quase secou.

A agricultura

Na agricultura de cariz familiar, as famílias e os vizinhos entreajudavam-se nos trabalhos mais díficeis.

Hoje, ainda existe alguma entreajuda, mas acentuou-se o individualismo.

A alegria no trabalho

O trabalho era árduo, mas feito com muita alegria, cantando à desgarrada.

Esse cântico foi, há muito, substituído pelo ruído das máquinas agrícolas.

O abandono da agricultura

Outrora, a aldeia era circundada por férteis terras de regadio e belas searas em movimento.

Hoje, nesses espaços existem lameiros e mato.

Os pastos

E é do aproveitamento desses pastos que, ainda hoje, alguns corajosos tentam sobreviver da agricultura.

Mas, essa função está restrita apenas aos mais velhos!

O regresso

Alguns emigrantes ainda regressaram de vêz. Deram muita vida às suas casas e à aldeia.

Mas, a maior parte deles só vem nas férias.

A festa na aldeia

E é então nas férias, quando muitos outros regressam à aldeia, que ainda hoje se realiza a tradicional festinha.

Onde não faltam a procissão secular e o animado bailarico.

A procissão

A procissão vai-se também adaptando às novas realidades.

Hoje, as restantes festividades centralizam-se na Casa do Povo.

Também ainda se realiza a tradicional visita pascal.

Os cafés

O progresso trouxe também os cafés, que deram à aldeia um ambiente mais citadino.

Mas hoje, alguns já fecharam as portas. E a aldeia vai ficando cada vez mais deserta.

O envelhecimento da população

A actividade mais marcante da minha aldeia é hoje a do centro social para idosos. Onde, agora na velhice, estes podem disfrutar de uma qualidade de vida bem diferente da dos seus pais e avós.

Concluindo

O retrato da minha aldeia é, afinal, a imagem real de grande parte do nosso Portugal Rural.

Maio d e 2012Elv i raVide i ra