A Monarquia Tailandesa

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1 A Monarquia Tailandesa A instituição da monarquia na Tailândia é única sob vários aspectos. Além de ter uma história de mais de 700 anos, também conseguiu preservar a sua relevância no mundo contemporâneo. Sendo uma monarquia constitucional desde a promulgação da primeira Constituição do Reino em 1932, a instituição hoje em dia continua a ter respeito profundo e universal, sendo uma luz que guia e a força que une o país, um foco que agrega a pessoas de todos os ambientes e todas as visões dentro do aspecto político, dando-lhes uma consciência intensa sobre o que significa ser tailandês. O amor e a reverência que o povo tailandês nutre pelo seu Rei surgem, em grande parte, da autoridade moral que Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej ganhou durante o seu reino, uma autoridade que envolve um intenso grau de contato pessoal com seu povo. Ao mesmo tempo, está baseada nas atitudes que podem ter tido início nos primeiros dias da Tailândia como uma nação e que também estão presentes em alguns dos monarcas que continuam a servir como modelos sobre o jeito de ser rei. Os conceitos da monarquia tiveram origem em Sukhothai, fundado no início do século XIII e que normalmente é considerado como o primeiro reino tailandês realmente independente. Aqui, especialmente no reinado do Rei Ramkhamhaeng, o Grande (1275-1317), nasceu o ideal de um monarca paternalista que está ciente das necessidades do seu povo e também conhecedor do fato de que seu dever é o de guiá-los. Isso faz parte da Dasavidha-rājadhamma, ou os dez preceitos do reinado, os quais – enraizados nas tradições do Budismo Theravada – incluem virtudes, tais como um desejo de dar e sacrificar-se para um bem maior, a moralidade, a honestidade, uma mente aberta, a diligência, a compaixão, a perseverança e a retidão. Com a fundação da dinastia Chakri em 1782 e o estabelecimento de Bangcoc como a capital do país, o reinado se baseava essencialmente na aderência aos conceitos budistas de virtude, que têm servido até a presente data como um código de conduta a ser seguido por um monarca tailandês e que fez com que a instituição monárquica tailandesa se tornasse uma instituição que atendesse às necessidades e aos anseios do povo. O período de Bangcoc produziu uma sucessão de reis capazes de lidar com os diversos desafios do país, de seu povo e também da monarquia em si. Hoje em dia, a Tailândia é uma monarquia constitucional com um governo democrático. O monarca reina, mas não governa. O monarca desempenha seus papéis de acordo com a constituição e continua acima da política partidária, enquanto continua a contribuir para o desenvolvimento e para o bem-estar do Reino e de seu povo.

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A Monarquia Tailandesa

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A Monarquia Tailandesa

A instituição da monarquia na Tailândia é única sob vários aspectos. Além de ter uma história de mais de 700 anos, também conseguiu preservar a sua relevância no mundo contemporâneo. Sendo uma monarquia constitucional desde a promulgação da primeira Constituição do Reino em 1932, a instituição hoje em dia continua a ter respeito profundo e universal, sendo uma luz que guia e a força que une o país, um foco que agrega a pessoas de todos os ambientes e todas as visões dentro do aspecto político, dando-lhes uma consciência intensa sobre o que significa ser tailandês.

O amor e a reverência que o povo tailandês nutre pelo seu Rei surgem, em grande parte, da autoridade moral que Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej ganhou durante o seu reino, uma autoridade que envolve um intenso grau de contato pessoal com seu povo. Ao mesmo tempo, está baseada nas atitudes que podem ter tido início nos primeiros dias da Tailândia como uma nação e que também estão presentes em alguns dos monarcas que continuam a servir como modelos sobre o jeito de ser rei.

Os conceitos da monarquia tiveram origem em Sukhothai, fundado no início do século XIII e que normalmente é considerado como o primeiro reino tailandês realmente independente. Aqui, especialmente no reinado do Rei Ramkhamhaeng, o Grande (1275-1317), nasceu o ideal de um monarca paternalista que está ciente das necessidades do seu povo e também conhecedor do fato de que seu dever é o de guiá-los. Isso faz parte da Dasavidha-rājadhamma, ou os dez preceitos do reinado, os quais – enraizados nas tradições do Budismo Theravada – incluem virtudes, tais como um desejo de dar e sacrificar-se para um bem maior, a moralidade, a honestidade, uma mente aberta, a diligência, a compaixão, a perseverança e a retidão.

Com a fundação da dinastia Chakri em 1782 e o estabelecimento de Bangcoc como a capital do país, o reinado se baseava essencialmente na aderência aos conceitos budistas de virtude, que têm servido até a presente data como um código de conduta a ser seguido por um monarca tailandês e que fez com que a instituição monárquica tailandesa se tornasse uma instituição que atendesse às necessidades e aos anseios do povo. O período de Bangcoc produziu uma sucessão de reis capazes de lidar com os diversos desafios do país, de seu povo e também da monarquia em si.

Hoje em dia, a Tailândia é uma monarquia constitucional com um governo democrático. O monarca reina, mas não governa. O monarca desempenha seus papéis de acordo com a constituição e continua acima da política partidária, enquanto continua a contribuir para o desenvolvimento e para o bem-estar do Reino e de seu povo.

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A Monarquia Tailandesa Moderna

Ascendendo ao trono em 1946, Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej, o nono rei da Dinastia Chakri, é o monarca com maior tempo em exercício do mundo. No seu Juramento de Ascensão ao Trono, o Rei prometeu “reinar com retidão, para o benefício e a felicidade do povo siamês”. Com estas palavras, o Rei passou a dedicar a sua vida e seus recursos para ajudar no desenvolvimento do Reino e também na melhoria da vida do povo tailandês.

Como um monarca trabalhador, Sua Majestade visitou todas as províncias do Reino, desafiando o desconforto e a inconveniência enquanto viajava pessoalmente até as regiões mais remotas para fazer reconhecimento de campo e avaliação das condições locais. Muitas vezes na companhia de membros da família real, o Rei faz muitas anotações nestas viagens, iniciando então, as ações para dar assistência, passando pelas instituições governamentais apropriadas ou às vezes utilizando verbas próprias. Desde então, já foram lançados mais de 4.000 projetos iniciados pela Família Real, cobrindo uma larga variedade de áreas, incluindo: agricultura, recursos hídricos, preservação do meio ambiente e seus recursos naturais, promoção ocupacional, saúde pública, bem-estar público e comunicações. Muito embora todas estas áreas tivessem o objetivo final de aumentar o padrão de vida, especialmente entre os trabalhadores nas fazendas na zona rural, Sua Majestade também se preocupou em ajudar a aliviar os problemas de quem mora na cidade, incluindo enchentes e congestionamentos.

Como reconhecimento pelo seu trabalho ao longo de vida, Sua Majestade tem recebido várias comendas internacionais de prestígio. Em 2006, o Rei recebeu o Prêmio Realização Vitalícia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD, como reconhecimento pela Realização Vitalícia em Desenvolvimento Humano, pelo Secretário Geral das Nações Unidas. Mais recentemente, em 2009, foi o primeiro ganhador do Prêmio de Líderes Globais da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), em reconhecimento à sua contribuição em prol da propriedade industrial, tanto como inventor quanto como um proponente ativo da propriedade intelectual como uma ferramenta para o desenvolvimento.

A sua dedicação em servir ao público, tão bem exemplificado pela Sua Majestade - o Rei, também está presente nas outras pessoas na família real. O interesse demonstrado por Sua Majestade - a Rainha Sirikit no bem-estar da população do meio rural de fato se compara ao interesse do Rei. Uma área em que ela demonstrou forte interesse é a de achar fontes suplementares de alimentação para as pessoas que trabalham nas fazendas, durante a entressafra, ou quando às colheitas são dizimadas pelos efeitos das secas ou das enchentes. Sua Majestade ainda comanda a promoção da arte e da cultura tradicionais tailandesas.

Outras pessoas na Família Real também têm trabalhado ativamente em prol do país – às vezes participando de projetos iniciados pelo Rei e às vezes iniciando seus próprios projetos ou sendo patronos de fundações. Seu trabalho inclui assuntos relevantes às vidas das pessoas – desde a saúde, nutrição, educação, família e prevenção ao uso de narcóticos, até dos direitos das mulheres e das crianças com necessidades especiais, além da promoção de pesquisa e desenvolvimento científicos. Ao fazer isso, todos contribuíram de forma significativa para a criação da monarquia moderna da Tailândia.

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O Pai da Terra

O dia 5 de dezembro marca o aniversário de Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej, sendo também o Dia Nacional da Tailândia.

“Nós reinaremos com retidão para o benefício e a felicidade do povo siamês”. Este é o juramento de ascensão que Sua Majestade - o Rei fez no momento da sua coroação em 5 de maio de 1950, algo que continua valendo até os dias de hoje.

Uma Vida Plena

1. Um Destino Imprevisível • Os Primeiros Anos • Juventude • Retorno à Tailândia e Coroação • Começos Ousados

2. Destaques da Vida de Sua Majestade No início da manhã de inverno de 5 de dezembro de 1927, um menino nasceu, para a alegria de Sua Alteza Real - o Príncipe Mahidol de Songkhla e Mom (título real tailandês) Sangwan, no Hospital de Cambridge (posteriormente, Hospital Mt. Auburn). Naquele momento ninguém imaginava que 18 anos mais tarde ele estaria ocupando o trono da Tailândia.

Um Destino Imprevisível

Ainda que fosse um integrante da Família Real, o seu pai, Sua Alteza Real - o Príncipe Mahidol de Songkhla estava bem abaixo na linha de sucessão ao trono tailandês. Ele se matriculou na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard para buscar uma qualificação na área médica, com a meta de depois retornar para casa e praticar a medicina em um hospital na Tailândia. O destino quis que uma jovem que estudava na região tivesse o mesmo sonho. Sangwan Talapat, uma plebeia, estava estudando Enfermagem na Faculdade Simmons, nas proximidades, com a intenção de trabalhar em um hospital assim que voltasse à Tailândia. O casal então se conheceu, se apaixonou, se casou em 1920 e teve três filhos (Princesa Galyani Vadhana, Príncipe Ananda Mahidol e Príncipe Bhumibol Adulyadej). As crianças da Realeza não estavam na linha direta de sucessão ao Trono. As possibilidades do príncipe Bhumibol Adulyadej pareciam ainda menores quando ele passou a ter cinco anos de idade e quando 700 anos de Monarquia Absolutista foram encerrados em um golpe sem sangue, a mais de 13.000 quilômetros de Harvard. Mesmo assim, seus pais orgulhosos deram-no o auspicioso nome de “Bhumibol Adulyadej”. Foi o penúltimo destes títulos, “Bhumibol” (Força da Terra), que definiria seu papel como futuro Rei da Tailândia, o nono Monarca da Dinastia Chakri, que foi estabelecida com a fundação de Bangcoc em 1782.

Os Primeiros Anos

Seu nascimento, em 5 de dezembro de 1927, longe da terra dos seus antepassados, foi contado em diversas ocasiões, observando que Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej tem a distinção de ser o único Monarca estrangeiro a ter nascido nos Estados Unidos. O fato do seu nascimento e posterior reconhecimento internacional é comemorado em uma placa de rua, dando a um ponto importante da cidade de Cambridge, em Massachusetts, o nome de Praça Rei Bhumibol Adulyadej (King Bhumibol Adulyadej Square).

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Ao se graduar em medicina, com distinção, em 1928, o Príncipe Mahidol e sua jovem família voltaram à Tailândia. Logo após chegar em casa, o Dr. Mahidol começou o seu período de residência médica no Hospital McCormick em Chiang Mai, no entanto, menos de um ano depois veio a falecer por falência renal.

Logo a seguir, a jovem mãe, Mom Sangwan, passou a morar em Bangcoc, onde o príncipe Bhumibol Adulyadej começou seus estudos na Mater Dei, uma escola católica em Bangcoc, em 1933. No entanto, com a mudança do sistema político de uma monarquia absolutista para uma monarquia constitucional em 1932, Mom Sangwan (posteriormente conhecida como a Princesa Mãe) foi morar em Lausanne, na Suíça, onde seus filhos continuaram a estudar.

Juventude

O ambiente belo e pacífico da Suíça era o local ideal para criar os três filhos. O príncipe Bhumibol Adulyadej foi matriculado na sua nova escola, a Miremont, e depois, após 1935, na escola secundária École Nouvelle de la Suisse Romande, em Chailly, às margens do Lago Leman. A família Mahidol vivia uma vida simples, com seu irmão mais velho, o príncipe Bhumibol Adulyadej ia para a escola de bicicleta todos os dias. A mãe também ensinou seus filhos com base nos princípios do Budismo, apresentando as aulas em termos que facilitariam o entendimento dos seus filhos. Ao invés de simplesmente dizer o que está certo e errado, ela justificava os fatos. Ela os ensinou ainda que tinham responsabilidade de ajudar aos mais necessitados. Mais uma vez, no seu ensino de objetivo duplo, ela deu a seus filhos uma fundamentação com base na moralidade e, ao mesmo tempo, a racionalidade por trás de tais atos. Foram estas primeiras lições que seu filho iria aplicar na abordagem de todos os assuntos, mais tarde na vida. Enquanto isso, na Tailândia, os eventos estavam tomando novos rumos. Depois da abdicação de Sua Majestade – o Rei Prajadhipok em 1935, Sua Alteza - o Príncipe Ananda Mahidol, com a idade de 10 anos, assumiu o trono. Enquanto isso, o jovem rei e seu irmão continuaram os seus estudos na Suíça. No abrigo de Lausanne, os meninos ficaram expostos a novas experiências que os serviriam bem quando tivessem mais idade. Ganharam proficiência em diversos idiomas estrangeiros e, tirando férias em países vizinhos, foram apresentados a vários estilos de vida. Em 1938, a família voltou à Tailândia por um breve período, durante o qual Sua Majestade - o Rei Ananda Mahidol deu a sua mãe o título de Somdet Phra Rajajonani Sri Sangwan, ou Sua Alteza Real – a Princesa Sri Sangwan, a Princesa Mãe. No entanto, com sua educação ainda incompleta e a ameaça de guerra pairando sobre a Europa, a Princesa Mãe optou por voltar para a Suíça com seus filhos, para que continuassem seus estudos. A família lá permaneceu por mais sete anos, antes de voltar à Tailândia permanentemente em dezembro de 1945.

Retorno à Tailândia e Coroação

Retorno à Tailândia

Seguindo à morte repentina do seu irmão, Sua Majestade – o Rei Ananda Mahidol, em 9 de junho de 1946, o Príncipe Bhumibol Adulyadej se tornou o Rei Rama IX da Dinastia Chakri. Para se preparar para este novo papel, Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej voltou à Suíça para completar seus estudos universitários. Muito embora seus primeiros amores fossem a ciência e a engenharia, percebeu que poderia servir melhor a seu povo com formação em direito e ciências políticas. Neste ponto a sua vida tomou uma nova direção. Em 1947, durante uma visita a Fontainebleau, na França, conheceu M.R. Sirikit Kitiyakara, filha do Embaixador da Tailândia na França. Ela estava estudando Música e o Idioma Francês na França, assuntos dos quais ambos gostavam. Mais tarde, Sua Majestade, que gostava de compor músicas e letras, compôs “Dream of Love, Dream of You” (Sonho de Amor, Sonho com Você) para ela. Em 4 de outubro de 1948, Sua Majestade se feriu com gravidade num acidente de carro. Nas semanas de recuperação, M.R. Sirikit, aos dezesseis anos, cuidou dele. O casal anunciou seu noivado no 17º aniversário de M.R. Sirikit (12 de Agosto de 1949) na Villa Vadhana, a casa da Princesa Mãe em Lausanne. O Rei e sua linda noiva voltaram à Tailândia em 24 de março de 1950, recebendo as boas

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vindas com muita alegria. O casamento ocorreu no Palácio de Sapathum na data auspiciosa de 28 de abril de 1950, com a Avó do Rei, a Rainha Viúva Sawang Wadhana, ungindo suas cabeças com pasta de sândalo, e com seus novos parentes reais dando as boas vindas a M.R. Sirikit à família. Depois abriram os vários presentes que receberam, incluindo uma rádio vitrola do Presidente Truman, dos Estados Unidos, e um conjunto de peças de porcelana de Worcester, enviada por aquela que logo se tornaria a Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

Coroação

Aos 22 anos de idade, Sua Majestade foi coroado na Sala Amarindra no Grande Palácio, em 5 de maio de 1950. Representantes do governo e membros do Parlamento Nacional deram-lhe água benta obtida de oito pontos do compasso dentro do território tailandês e perguntaram-lhe, seguindo o ritual, se desejava ser Rei. Quando concordou, o Brâmane Chefe deu a ele um Guarda-Chuva de Nove Camadas, como o primeiro símbolo do seu reinado.

Depois de executar mais alguns rituais antigos, Sua Majestade, sentado em um trono octogonal de figueira em baixo de um guarda-chuva branco de sete camadas do estado, colocou uma coroa de ouro e diamantes pesando sete quilos na sua própria cabeça. Depois disso, 101 tiros de canhão ressoaram e sinos de templos por todo o país tocaram ao mesmo tempo. Já instalado em seu Trono, Sua Majestade proclamou então seu primeiro Juramento Real: “Nós reinaremos com retidão, para o benefício e a felicidade do povo siamês.”.

À cerimônia de coroação, seguiu-se uma audiência oficial para diplomatas e altos oficiais.

No mesmo dia, Sua Majestade teve ainda mais duas cerimônias: primeiro, para elevar a sua consorte real para o título de Somdech Phra Nang Chao (Sirikit) Phra Baromma Rajini, Sua Majestade - a Rainha Sirikit, e depois para fazer um juramento perante o Patriarca Supremo, o chefe do clero budista, para proteger a religião e ser reconhecido por oitenta entre os principais monges como Chefe da Igreja Budista e Protetor de Todas as Crenças.

“Não abandone o povo, Sua Majestade”, bradou uma única voz enquanto o desfile de carros da família real lentamente se dirigia, por uma imensa multidão de pessoas desejando boa sorte, para o aeroporto aonde Sua Majestade retornaria à Suíça para continuar seus estudos.

“Se as pessoas não me abandonam, como posso abandoná-las?”, foi a resposta que Sua Majestade deu à solicitação. Ele voltou em 1950, fazendo o juramento real em sua coroação de reinar sobre seu povo com retidão e amor.

O Selo Privado do Nono Reino, composto pelo Trono Octogonal, o Disco (Chakra), no meio da insígnia com a letra simbólica “Unalome”. Em volta do Disco Chakra, há raios radiando em todas as direções. Acima do Disco Chakra, há o Guarda-Chuva Real de Sete Camadas sobre o Trono Octogonal, significando que Sua Majestade - o Rei tem o poder supremo dentro do Reino, pois na cerimônia de coroação Sua Majestade sentou-se no Trono Octogonal e os Membros do Parlamento apresentaram água consagrada dos oito pontos cardinais conforme um hábito antigo da Monarquia. Este Selo Privado foi usado desde o momento da Cerimônia da Coroação, que formalmente significou o início do Nono Reino.

Começos Ousados

O conceito de ser rei mudou muito ao longo dos séculos. Mesmo sem o poder de promulgar decretos imutáveis, como poderiam fazer os seus antecessores, Sua Majestade – o Rei Bhumibol Adulyadej estava em posição de assumir uma abordagem mais direta e mais pessoal em prol do desenvolvimento nacional.

Foi motivado pelo exemplo progressivo de Sua Majestade - o Rei Mongkut (1851–1868). Seus antepassados no período Ayutthaya (1351-1767) procuravam até se esconder do povo, já que era um

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crime até mesmo olhar para a família real. Já este Rei não estava enclausurado pelos mesmos limites, podendo interagir com o povo, para melhor entender às suas necessidades.

Nisto, reconheceu a influência do seu irmão. Sua Majestade – o Rei Ananda Mahidol tinha solicitado oportunidades para conhecer as vidas do seu povo em primeira mão. Numa caminhada histórica por Chinatown, não apenas demonstrou seu toque pessoal como também deu aos chineses ali residentes um sentimento de igualdade com seus colegas tailandeses, algo que havia faltado até então. Eles responderam ao aumentar sua participação na vida nacional. De fato, Sua Majestade – o Rei Bhumibol Adulyadej reconheceu as atrações do discurso do seu irmão quando, logo após a sua Coroação, observou que:

“Meu irmão não teve muito tempo para fazer muitas coisas... mas, talvez sem saber, acabou estabelecendo um novo Reino. O povo tinha alguém para considerar um símbolo, uma coisa nova, porque no passado os Reis eram, talvez, mais protegidos.”

Esta abordagem prática se encaixou perfeitamente com a curiosidade própria que Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej tem sobre tudo a seu redor. Levando um dos seus títulos reais, Phra Chao Phaen Din (“Senhor da Terra”) muito a sério, viajou bastante pelos vilarejos perto do seu palácio de verão em Hua Hin, no litoral ao sul de Bangcoc. Suas viagens fizeram com que ficasse ciente dos problemas enfrentados pelas pessoas que trabalhavam nas fazendas e suas famílias. Para obter ainda mais conhecimento sobre a agricultura rural, Sua Majestade e Sua Majestade - a Rainha Sirikit fizeram uma excursão por Suphan Buri, Ang Thong e Sing Buri, ao norte da Capital, em setembro de 1955. Usando uma camisa branca comum, sem adornos reais, conversou com as pessoas da fazenda sobre a sua vida diária. Recebeu ainda abaixo-assinados, como acontecia com seu avô, Sua Majestade – o Rei Chulalongkorn. Em uma de suas viagens, foi a Chiang Mai, na parte norte da Tailândia, sozinho. Ainda registrou o que viu em filme, para uma revisão posterior na Villa Chitralada, no Palácio Dusit.

Em 1955, Suas Majestades visitaram o Nordeste da Tailândia, a região menos desenvolvida do país. Ao voltar a Bangcoc, perguntaram-lhe porque gastaria tanto tempo e tanta energia nesta região. Na sua explicação, disse a frase que definiria seu trabalho ao longo do resto da sua vida: “É a pessoa comum, o fazendeiro, que é a espinha dorsal da Tailândia”. A renda nacional que contribuiu para a criação da prosperidade no país foi obtida principalmente da produtividade agrícola. “Pode-se então dizer que a prosperidade do país depende largamente em garantir a prosperidade do setor agrícola.”

Esta frase estabeleceu o tema e o escopo para o trabalho que desempenharia até o dia de hoje.

Destaques da Vida de Sua Majestade

5 de dezembro de 1927 Nasce em Cambridge, Massachusetts, EUA 1930 a 1933 Primeiros anos na Tailândia 1933 a 1945 Educação na Suíça 1945 Retorno à Tailândia 9 de junho de 1946 Ascensão ao Trono 28 de abril de 1950 Casou-se com M.R. Sirikit Kitiyakara 5 de maio de 1950 Coroado Rei da Tailândia 5 de abril de 1951 Filha, Princesa Ubol Ratana, nascida na Suíça 28 de julho de 1952 Filho, Sua Alteza Real Príncipe Vajiralongkorn, nascido em Bangcoc 2 de abril de 1955 Filha, Sua Alteza Real Princesa Sirindhorn, nascida em Bangcoc 1955 Visita real ao nordeste da Tailândia 22 de outubro de 1956 Ordenado como monge budista 4 de julho de 1957 Filha, Sua Alteza Real Princesa Chlabhorn, nascida em Bangcoc

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1960-1967 Visitas de Estado a países asiáticos, norte-americanos e europeus 16 de dezembro de 1967 Ganhou uma medalha de ouro na vela nos Jogos Peninsulares do

Sudeste Asiático com a Princesa Ubol Ratana 2 de julho de 1988 Se tornou o monarca de mais longo reinado na história da Tailândia 1993 Adjudicada a primeira patente tailandesa da história dada a um

monarca: The Chaipattana Aerator 18 de julho de 1995 Falecimento de Sua Alteza Real - a Princesa Mãe

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Um Homem de Várias Facetas

• Talentos Artísticos • Fotografia • Música • Idiomas • Habilidades Esportivas • O Budismo na Vida de Sua Majestade • Um Marido e Pai Dedicado • Patrono de Todas as Crenças

Um Homem de Várias Facetas

Desde a sua primeira infância, Sua Majestade - o Rei Bhimibol Adulyadej tem se mostrado portador de vários recursos, automotivado e independente. Um dos primeiros filmes, em preto e branco, filmado quando o futuro rei tinha seis anos de idade, o mostra na praia em Hua Hin. As crianças brincam nas ondas baixas. Ao lado, um menino pensativo que está totalmente concentrado na construção de um castelo de areia, sem se importar com as atividades que aconteciam a seu redor.

Quando ainda era menino, construiu seu próprio trem de brinquedo, até mesmo enrolando os fios de cobre para os motores, sem ajuda. Junto com seu irmão mais velho, Sua Majestade – o Rei Ananda, construiu seu próprio rádio para ouvir a música que tanto gostava. Da construção de planadores e modelos de navios quando era menino, Sua Majestade progrediu para o projeto e construção, com suas próprias mãos, de vários iates da classe OK, o Vega I, Vega II e Vega III. Entre 1966 e 1967 ele construiu três barcos inovadores da Classe Moth de vários comprimentos, cada um sendo uma versão melhorada da anterior: o “Mod” (Ant), “Super Mod” e “Micro Mod” (com quase dois metros e meio de comprimento) ainda estão em atividade nos dias de hoje. Um marinheiro de sucesso testou a qualidade dos seus barcos através dos resultados obtidos nos testes de corrida no Golfo da Tailândia. Como adulto, mostrou ser um pintor de talento, um fotógrafo, um músico (e compositor) em diversos instrumentos, um linguista e esportista.

Talentos Artísticos

Desde sua infância, Sua Majestade tem demonstrado interesse nas artes visuais. Essencialmente um autodidata na pintura, começou a pintar seriamente em 1959. Inicialmente ele priorizava a pintura de retratos, sendo que o seu tema favorito era a sua esposa, Sua Majestade - a Rainha Sirikit. Enquanto favorecia as pinturas realistas, logo mudou o seu foco para o expressionismo e a arte abstrata, normalmente trabalhando com cores fortes e marcantes. Para envolver outras pessoas na sua paixão, estabeleceu um ateliê para o pessoal da corte na Villa Chitralada e também realizou competições informais. Isso levou a uma mostra, apresentando diversos trabalhos seus, na 14ª Exposição Nacional de Arte, em 1966. Isso, por sua vez, resultou numa exposição individual em 1982, com a apresentação de 47 de suas pinturas na Galeria Nacional de Arte, uma realização que deve ser única entre os monarcas do mundo.

Fotografia

A imagem que melhor define Sua Majestade é um retrato dele passeando pelo interior ou conversando com as pessoas do vilarejo, com um mapa na mão e uma máquina fotográfica pendurada no pescoço. Ele raramente aparece, exceto quando fotografado, fora de Bangcoc. Ele provém de uma tradição de fotógrafos: seu avô, Sua Majestade - o Rei Chulalongkorn, já teve muito interesse nesta arte. A grande

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coleção de obras, principalmente retratos, que vem deste período sugere que quase todas as personagens da família Real viajavam com uma máquina fotográfica em mãos.

É bem provável que a influência mais imediata sobre Sua Majestade veio do interesse que a mãe teve pela fotografia e pela cinematografia. Ele embarcou cedo em sua carreira, comprando uma máquina fotográfica de caixa Coronet Midget, verde com pontos pretos, aos oito anos para fotografar a vida em casa. Numa época onde não havia medidores de luz, aprendeu a ler a luz e ajustar a exposição conforme a forma em que seu olho lia. Muito embora tenha fotografado por diversas vezes a sua amada, Sua Majestade – a Rainha Sirikit, ele estava mais interessado naquilo que os artistas chamam de “estilo de envolvimento”: enfocando um único objeto e explorando então a sua vida interna através do jogo entre luz e sombra. Ele também brevemente se aventurou na cinematografia, fazendo filmes nas suas várias viagens para outros países.

Recentemente, ele tem usado a máquina fotográfica como uma ferramenta de desenvolvimento nas suas viagens pelo país, tendo fotografado terrenos para estudar, nas suas horas de lazer, a melhor maneira de captar água para irrigação. Registrou ainda os excessos da natureza, como enchentes, secas e outros fenômenos semelhantes, para propor soluções para estes problemas tão antigos.

Música

Desde a tenra idade, o primeiro grande amor de Sua Majestade foi a música. Já extraia sons de um saxofone mesmo antes de chegar a adolescência. Seu amor pelo jazz, especialmente o blues, foi nutrido desde o início da sua vida, tendo se desenvolvido tanto que, em uma visita a Nova York em 1960, foi convidado a participar de uma apresentação com o grande clarinetista de jazz Benny Goodman. Esta ocasião marcante levou a jam sessions com outras lendas do jazz, muitos dos quais visitaram o Reino para tocar com Sua Majestade. Não contente com apenas um instrumento, ele adquiriu ainda uma habilidade significativa no clarinete, na trombeta e na guitarra. Uma atividade de lazer que Sua Majestade gostava muito era a de viajar até a área rural para fazer piquenique e relaxar. Há diversas fotos de Sua Majestade viajando calmamente num navio do canal, tocando a sua trombeta acompanhada por integrantes da sua banda.

Do simples tocar, foi um breve passo até chegar à composição de músicas, experimentando com diversas frases ao piano enquanto escrevia. Uma foto o mostra em plena concentração, escrevendo uma partitura, enquanto um gato se pendura acima dele na tampa do piano. Ao todo ele compôs 48 músicas, com sua cadência musical sendo facilmente observável. Uma das suas músicas mais conhecidas, a “Blue Day” (Dia Azul), foi usada por Mike Todd em 1950 para Peepshow, esta deve ser a única vez em que uma composição de um monarca foi usada para um sucesso musical na Broadway. Ele é também o único compositor tailandês mencionado na última versão da Enciclopédia do Jazz, e o primeiro compositor tailandês aceito como membro da Die Akademie für Musik und Darstellende Kunst (Acadêmia de Música e Artes) de Viena. Os músicos locais ainda se juntam aos sábados à noite no Palácio de Klai Kangwol em Hua Hin para uma jam session. Sob o nome de Aw Saw Wan Suk, este grupo é comandado por Sua Majestade no saxofone, apresentando um repertório variado, com Dixieland, Nova Orleans e também músicas da Big Band, assim como algumas composições próprias de Sua Majestade. A banda já não está tão ativa como no passado, quando músicos famosos como Lionel Hampton, Benny Carter, Les Brown, Benny Goodman, Maynard Ferguson e James Moody participaram da banda durante visitas ao Reino.

Idiomas

Sua Majestade é um linguista de talento, que usou seus conhecimentos de idiomas para se comunicar com chefes de estado estrangeiros e também visitantes ao Reino. Fluente em inglês, francês e alemão, usou suas habilidades para parte da extensão do seu programa educacional, traduzindo para o tailandês qualquer livro que considera que beneficiaria o povo. Assim, entre outras obras, traduziu o livro inspiracional de William Stevenson, “Um Homem Chamado Intrépido” e uma biografia do antigo líder

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iugoslavo Josip Broz Tito. Ainda traduziu o clássico budista Mahajanaka do tailandês para o inglês, sendo esta obra uma biografia de uma das vidas do Buda que é mencionada também na Tripitaka, um conto que ilustra o conceito de perseverança.

Habilidades Esportivas

Sua Majestade tem sido tão fisicamente ativo como mentalmente alerta. Quando estava morando na Suíça, aprendeu a esquiar, um esporte que praticava com fervor. A falta de neve não foi um problema ao voltar para a Tailândia; começou a praticar o esqui aquático, demonstrando a mesma habilidade na água que nas montanhas. Para relaxar em casa, jogava badminton, passando as noites com amigos, passando a peteca de lá pra cá, sobre uma rede. No entanto, foi a vela que despertou seu interesse vitalício. Aprendeu a velejar sozinho perto de Hua Hin e participou de competições no Iate Clube Real Varuna perto da cidade praiana de Pattaya. Interessado no potencial de engenharia de barcos rápidos, ele começou a desenhar e projetar seus próprios barcos. Quando sua filha adolescente, a princesa Udol Ratana, mostrou interesse na vela, ele a ensinou o básico e depois ela participou de sua tripulação. O maior reconhecimento das suas habilidades de vela veio em 1967 quando o par ganhou Medalha de Ouro na vela nos Jogos Peninsulares do Sudeste Asiático (SEAP).

O Budismo na Vida de Sua Majestade

O Budismo tem sido uma força definidora na vida de Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej, uma fé forte como uma rocha que o tem guiado em suas ações, permitindo ainda que permanecesse calmo em tempos de estresse. Como monarca budista praticante, participa da vertente Theravada do Budismo, que é observado por 94.2% da população da Tailândia. Ele busca seguir o Nobre Caminho Óctuplo, definido como tendo as áreas: Compreensão Correta, Pensamento Correto, Fala Correta, Ação Correta, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Atenção Correta e Concentração Correta. Estas qualidades ficam evidentes na sua dedicação ao bem-estar de seu povo e a forma carinhosa com que ouve as suas necessidades e – em consulta conjunta com o povo e com outros oficiais – formula, executa e dá procedimento aos seus programas de desenvolvimento. Aos 29 anos de idade (a mesma idade com a qual o Senhor Buda deixou seu palácio e embarcou em sua busca por Iluminação), Sua Majestade buscou uma maior compreensão da sua fé, passando a ser um monge budista. Antes de se tornar monge, falou sobre o seu entusiasmo sobre a sua ordenação iminente:

“Do treinamento que recebi e também das minhas crenças pessoais, penso que o Budismo é uma das grandes religiões do mundo. O Budismo inclui ensinamentos para levar os homens à boa conduta, sendo também rico em preceitos de valor que são lógicos, altamente impressionantes e inspiradores. Sempre gostei da ideia de ser iniciado como monge seguindo a tradição real, que seria também a forma tradicional de expressar minha gratidão aos meus Augustos Ancestrais.”

Em 1956, ele colocou os robes cor de açafrão e ingressou na Wat Bovornives de Bangcoc para estudar os princípios do Budismo sob a orientação do Patriarca Supremo. Como outros monges no reino, acordava antes do sol raiar a cada dia a andava descalço pelas ruas de Bangcoc para receber esmolas (bintabaht) oferecidas pelas pessoas nas ruas. Como seu avô antes dele, Sua Majestade - o Rei Mongkut, descobriu que este breve ritual de coleta de esmolas o colocou em contato com as pessoas comuns, algo que a privacidade do palácio não poderia oferecer. Isso, junto com a sua excursão sem precedentes pelo Nordeste do País, o colocou bem próximo de seu povo e o expôs aos problemas que vivem diariamente. Esta experiência ainda o preparou melhor para a tarefa que tinha proposto para si mesmo: a de trabalhar para melhorar a vida do seu povo. Desde que deixou a vida de monge, ele se dedicou à realização daqueles ensinamentos, dentro de sua vida diária. Como o patrono supremo do Budismo, Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej preside sobre diversas cerimônias do Budismo, inclusive a troca das vestes do Buda de Esmeralda para marcar a progressão das três estações do ano. Em anos especiais, ele desce o Rio Chao Phraya em uma Barca Real para presentear os monges em Wat Arun com robes.

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Um Marido e Pai Dedicado

Em 2006, Suas Majestades comemoraram seus 56 anos de casados. Desde seu casamento, foram a todas as províncias da Tailândia – a primeira vez que isso foi feito por um casal real da Tailândia para supervisionar seus vários projetos. Sua Majestade - a Rainha Sirikit ajuda ao Rei nos seus trabalhos de desenvolvimento e, além disso, administra e dá conselhos em relação a diversos projetos próprios. Suas Majestades têm quatro filhos: a Princesa Ubol Ratana, Sua Alteza Real - o Príncipe Herdeiro Maha Vajiralongkorn, Sua Alteza Real - a Princesa Maha Chakri Sirindhorn e a Sua Alteza Real - a Princesa Chulabhorn, sendo que todos estão ativamente envolvidos nos projetos acadêmicos e de desenvolvimento.

Patrono de Todas as Crenças

A Seção 9 da Constituição da Tailândia diz que “O Rei é um Budista e o Mantenedor de todas as Religiões”. O conceito de dar apoio à parte da população que não pratica o Budismo (5,8% do total) é algo que remonta a um período antigo da história da Tailândia e é um princípio sempre defendido pelos monarcas. Isso explica porque os missionários e os pregadores de uma grande variedade de credos foram tolerados e novos convertidos aceitos. Além disso, o governo, em sua maioria budista, nunca tentou converter os que professam outros credos, nem impor a religião budista, majoritária no país, sobre eles. Esta crença bem arraigada na liberdade religiosa ajuda a explicar porque o país nunca teve nenhuma guerra de origens religiosas nem conflitos religiosos.

Como o protetor de todas as religiões, Sua Majestade está bem ciente da importância da religião na vida do seu povo. Num discurso na véspera do seu aniversário em 4 de dezembro de 1969, comentou sobre o papel da fé na vida do povo tailandês:

“Uma pessoa precisa de uma fé como sendo o princípio norteador das ações, e também precisa de educação para obter conhecimentos espirituais e materiais para sustentar a vida. A fé e a educação são igualmente importantes e não podem ser separadas.”

Esta responsabilidade de proteger e promover as religiões fica evidente também pela existência de um fundo dentro do Departamento de Assuntos Religiosos, para a preservação e a renovação de todos os locais de adoração e também os monumentos, independentes de qual religião representam. As escolas fundadas por várias religiões operam abertamente no Reino. Em apoio a segunda maior religião do Reino, o Islamismo, Sua Majestade financiou a tradução do Alcorão para o tailandês. Chularajamontri (Xeique Islâmico), o diretor de Assuntos Islâmicos, é consultado em assuntos de importância para a comunidade muçulmana.

O Monarca Moderno

1. Influências Principais sobre Sua Majestade • Sua Majestade - o Rei Mongkut (Rama IV, 1851-1868) • Sua Majestade - o Rei Chulalongkorn (Rama V, 1868-1910)

2. Fundações Constitucionais • Significado dos Títulos

3. Sinal Moral • Inspirar pelo Exemplo • Papel Constitucional no Gerenciamento de Crises

4. Papel Cerimonial como Chefe de Estado • Papel Cerimonial • Procissão de Barcas Reais

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Muito embora a marca da sua criação esteja presente em tudo que faz, as ideias e os ideais de Sua Majestade refletem ainda mais de 700 anos de história e desenvolvimento cultural da Tailândia. Seus pontos de vista foram moldados pela lenta evolução dos direitos e das responsabilidades do Reinado, testados e ensaiados por séculos de desafios.

“A Tailândia hoje é uma das âncoras da sociedade moderna e próspera do Sudeste Asiático. Bangcoc se tornou uma das grandes cidades do mundo e também um dos grandes centros comerciais. Muito deste sucesso tão impressionante se deve à sábia orientação do Rei Bhumibol. O Rei tem liderado por exemplos. Ele tem interiorizado os dez princípios morais básicos dos reis budistas: caridade para com os pobres; moralidade; sacrifício dos interesses pessoais; honestidade; cortesia; autocontrole; temperamento calmo; não violência; paciência; e imparcialidade na resolução de litígios. Além disso, o Rei tem liderado também por ações. Juntos, o Rei Bhumibol e a Rainha Sirikit dedicaram décadas das suas vidas para melhorar a vida do povo tailandês, especialmente nas áreas rurais e nas partes mais pobres do país. Sempre estão viajando pelas 73 províncias do país, se encontrando com residentes e mantendo-se próximos ao povo. Os resultados saltam aos olhos em termos de melhorias na saúde pública, a extensão da educação a todas as crianças tailandesas e a renovação de ofícios e tecidos tradicionais.”

Senador Max Baucus, Senado dos Estados Unidos da América, 1995

Influências Principais sobre Sua Majestade

Sua Majestade é o último de uma longa linhagem de monarcas impressionantes no decorrer de sete séculos. Numa pedra, construída no coração de Sukhothai, o primeiro Reino Tailandês, o Rei Ramkhamhaeng esculpiu as palavras: “No campo há arroz, na água há peixe. Os rostos do povo brilham”. Centenas de anos mais tarde, o significado desta frase também se mostra pela dedicação que o Rei Bhumibol Adulyadej tem com seu povo. É esta dedicação, sem nenhum egoísmo, ou qualquer tipo de protocolo rígido ou tradição, que lhe deu o amor profundo e a reverência de toda a nação tailandesa. A dedicação do Rei Bhumibol Adulyadej, junto de seu estilo aberto de reinar e sua visão cosmopolita, pode ser associada a seu Bisavô, Sua Majestade - o Rei Mongkut, e também a seu avô, Sua Majestade - o Rei Chulalongkorn.

Sua Majestade - o Rei Mongkut (Rama IV, 1851-1868)

Ordenado monge budista aos 20 anos de idade, o Rei Mongkut passou 27 anos da sua vida como importante líder eclesiástico. Sob a sua orientação, o Budismo tailandês foi limpo com a extirpação dos seus elementos supersticiosos. Com seu zelo reformador, o Rei Mongkut trouxe a religião para a metade do século XIX e fez com que, mais uma vez, se tornasse uma força vital na vida diária na Tailândia. O Rei Mongkut, que aprendeu o inglês sozinho, era muito inteligente, um fato que os visitantes estrangeiros ao Reino anotavam nos seus diários. Adquiriu habilidade suficiente para conversar com os missionários, que o consideravam bem esperto e intelectualmente curioso sobre qualquer assunto. Sua experiência como monge fez com que tivesse contato próximo não apenas com os estrangeiros, mas também com as pessoas comuns, e oferecesse uma visão interior sobre as suas vidas diárias e suas percepções. O Rei Mongkut seguiu ainda uma política de portas abertas. Entre as suas medidas mais inovadoras esteve a oferta de elefantes tailandeses ao Presidente dos Estados Unidos, James Buchanan (1857-1861) para fazer trabalhos pesados.

Sua Majestade - o Rei Chulalongkorn (Rama V, 1868-1910)

O Rei Chulalongkorn ascendeu ao Trono em 1868 e reinou dentro de alguns dos períodos mais tumultuados da história da Tailândia, saindo do posto em 1910 como um dos monarcas com maior tempo de reinado. A influência do Rei Chulalongkorn se mostra evidente no seu estilo cosmopolita de reinar.

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Este monarca progressista começou a prática de educar seus muitos filhos em várias capitais da Europa. O seu objetivo era aumentar a presença da Tailândia em outros países, adquirir novos conhecimentos, e também absorver conceitos de administração que poderiam utilmente ser usados na Tailândia. Mais tarde, seus filhos supervisionaram conselheiros estrangeiros, contratados pela Coroa Tailandesa para reorganizar os departamentos do governo, seguindo práticas internacionais. Neste procedimento, ele abriu mais um precedente, mais tarde repetido por Sua Alteza Real - a Princesa Mãe, fornecendo verbas para educar os médicos em outros países e para financiar a educação estrangeira para candidatos dignos dentro da nobreza. Por este meio, ele aperfeiçoou e simplificou a burocracia tailandesa para que pudesse supervisionar a administração de uma forma mais eficiente. Também trouxe todas as partes do Reino para ficar sob o controle do governo central e iniciou projetos de desenvolvimento de grande alcance. Um exemplo é a inauguração do Canal Rangsit, ao noroeste de Bangcoc, que passou por mais de 100 km² de terras usadas para o plantio do arroz, criando canais especialmente para irrigação e transporte, assim contribuindo para a reputação da Tailândia como uma área rica na produção de arroz. Este interesse na irrigação e no desenvolvimento é também compartilhado pelo seu Neto, o Rei Bhumibol Adulyadej. Foi durante o reinado do Rei Chulalongkorn que houve a demolição das muralhas da cidade de Bangcoc, este ato sendo um símbolo de um maior acesso para o mundo. Assim, ele se tornou ainda o primeiro rei tailandês a viajar extensamente em viagens oficiais. Numa época em que o fervor colonizador estava dominando os países vizinhos, ele mostrou aos governos no exterior que a Tailândia não precisava se tornar civilizada, mas sim já era uma integrante plena da comunidade mundial.

Fundações Constitucionais

As primeiras duas seções da Constituição do Reino da Tailândia, promulgada em 2007, dizem que “A Tailândia é um Reino indivisível” e que “a Tailândia segue um regime democrático de governo, com o Rei no papel de Chefe de Estado”. Sob as diretrizes de uma monarquia constitucional, o Rei exerce um papel meramente cerimonial e funciona como uma força estabilizadora. A Seção 3 da constituição estipula ainda que “o poder da soberania pertence ao povo da Tailândia. Como Chefe de Estado, o Rei exercerá tal poder através da Assembleia Nacional, o Conselho de Ministros e os Tribunais, conforme as disposições desta Constituição”. Enquanto que a verdadeira governança e adjudicação estão nas mãos da Assembleia Nacional, o Conselho de Ministros e os Tribunais, suas declarações, leis e julgamentos são promulgados ou emitidos em nome do Rei. O segundo capítulo da Constituição faz referência direta ao Rei, com a Seção 8 dizendo que: “O Rei será entronado num local de culto venerado e não poderá ser violado. Nenhuma pessoa poderá sujeitar o Rei a qualquer tipo de acusação ou ação.” As Seções seguintes apresentam seus deveres e prerrogativas. A Seção 9, por exemplo, diz que “O Rei é um budista e mantenedor das religiões”, enquanto a Seção 10 diz que “O Rei é ainda chefe das Forças Armadas Tailandesas”, refletindo o antigo papel do “Rei Guerreiro”.

Significado dos Títulos

Seus títulos tradicionais refletem um antigo papel e servem ainda como mandato para seu trabalho de desenvolvimento. Em 1974, foram descritos de uma forma sucinta por M. R. Kukrit Pramoj (1911-1995), o bisneto da Sua Majestade - o Rei Rama II, numa apresentação à Câmara Americana de Comércio. M. R. Kukrit foi o primeiro ministro da Tailândia entre 1975 e 1976, e ao longo da sua vida foi considerado uma importante fonte de conhecimento da vida tailandesa: em Sukhothai, o Rei era conhecido simplesmente por Poh Khun, o que significa “pai do povo”. Seu papel era o de cuidar do bem-estar dos seus súditos. Desde o período Ayutthaya (1351-1767) até os dias de hoje, ele já foi conhecido por seis títulos diferentes. Primeiro, recebeu o nome de Phra Chao Yu Hua, literalmente o “Deus Sobre Nossas Cabeças”, ou menos literalmente o “Cabeça de Deus na Nação”. O segundo termo foi Phra Chao Paen Din ou “Senhor da Terra”. Isso significa que é o proprietário de todas as terras no Reino, e que ele tem a responsabilidade de garantir que estas terras sejam preservadas, protegidas e abundantes. O Rei atual de fato exerce este papel com seriedade e absoluta dedicação. O terceiro termo é Chao Jivit ou o “Senhor da Vida”. Desde o início, o poder de vida e morte na sociedade tailandesa estava nas mãos do rei

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exclusivamente. O quarto papel é o de Dhammaraja, significando “O Rei das Leis”, Conhecimento e Moralidade. Nesta posição, o Rei aprova leis e decretos para o benefício do povo e garante que estas leis sejam cumpridas. O quinto termo utilizado para se referir ao Rei, sendo mais conhecido que alguns dos outros termos, é o de Phra Mahakashatriya ou “O Grande Guerreiro”. Houve uma sucessão de reis Grandes Guerreiros na história de Tailândia, sendo que este termo se refere ao papel do Rei como Chefe Supremo das Forças Armadas. O sexto e último termo utilizado para se referir ao Rei é Nai Luang que significa simplesmente “Aquele que é Ótimo nos Assuntos”. Isso significa que o Rei está envolvido em todos os assuntos do Estado.

De Kukrit Pramoj: Sua Inteligência e Sabedoria, compilação de Vitas Manivat. Editora Duang Kamol, Bangcoc, 1983.

Sinal Moral

Sua Majestade serve ainda como um símbolo de estabilidade e retidão moral para seus súditos. Mesmo sem possuir autoridade constitucional, ele orienta pela persuasão de ordem moral e pelo exemplo, tanto nas suas palavras como também nas suas declarações. Suas atividades, como também as atividades da Família Real, têm cobertura completa no noticiário televisivo do final da tarde, sendo avidamente acompanhadas por todos os tailandeses.

Inspirar pelo Exemplo

Sua Majestade busca iluminar, educar e inspirar através dos exemplos. Os sacrifícios pessoais que ele fez fornecem importantes exemplos de dedicação sem pensar em si, tendo ainda servido como modelos para seu povo. Várias ONGs e outras fundações foram estabelecidas em resposta a seu exemplo de lidar com os elementos de desenvolvimento que são pequenos, mas importantes. Escreveu ainda livros e artigos que são examinados em todos os detalhes pelo seu povo. Suas homilias e conselhos são também seguidos. Sabe ainda contar estórias que ilustram um ponto mais importante, transmitindo, em algumas poucas palavras, um retrato que é prontamente disponível para uma grande gama da população. Uma das formas mais persuasivas da sua presença está no seu Discurso de Aniversário, no início de cada mês de dezembro. Transmitido por televisão e amplamente assistido por milhões de súditos em todo o Reino, Sua Majestade discursa na frente de oficiais do governo e convidados especiais, apresentando um resumo do ano que passou, novas iniciativas, o que aprendeu e a direção que acredita que a nação deve tomar no ano que vai começar.

“Agir para o bem de todos não significa que todos devem fazer sacrifícios ao ponto de desnudar-se para tal. Muito pelo contrário. No entanto, isso de fato significa um ato de sacrificar o que possa ser sacrificado para todos sobreviverem.”

Papel Constitucional no Gerenciamento de Crises

A autoridade moral de Sua Majestade foi reforçada pelas suas prontas intervenções para pôr fim ao derramamento de sangue na área política. Duas das piores épocas neste sentido ocorreram em 1973 e 1991. A revolta de 1973 surgiu com a frustração popular, tendo em vista a lentidão do governo na implantação das reformas democráticas no país. O governo prendeu 13 ativistas, e isso levou a protestos de rua pedindo sua soltura e a rápida promulgação de uma nova constituição. Os confrontos levaram a uma repressão armada por parte das autoridades que empurraram os manifestantes para perto do Palácio. Percebendo que as pessoas estavam se machucando, Sua Majestade ordenou a abertura das portas, para que pudessem procurar abrigo. Houve mais lutas entre protestantes, soldados e polícia, e alguns líderes do governo saíram do país. Vendo a necessidade de se reestabelecer a ordem, Sua Majestade nomeou um reitor universitário respeitado, apoiado pelo Porta-Voz Assistente do Parlamento, para liderar um governo interino, e houve então o reestabelecimento da paz. Já em 1992 um grupo de militares importantes

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assumiu o poder, colocando a democracia tailandesa em risco. No ano seguinte, o partido que venceu as eleições convidou um dos insurgentes a ser primeiro ministro. Esta atitude gerou desconfiança entre o público, que achava que a democracia estava ruindo. Houve grandes manifestações de rua pedindo a renúncia do primeiro ministro. O exército tentou abafar o protesto, com muitas mortes. Para evitar ainda mais derramamento de sangue, Sua Majestade convidou os dois líderes dos lados opostos à Villa Chitralada. Numa reunião televisionada, pediu-lhes que pensassem no país e que tomassem as medidas cabíveis para corrigir esta situação. Suas palavras exatas foram: “tem havido uma imensa perda de confiança pública e aumento de desânimo, além de uma perda de credibilidade na economia da nação. Pode haver um ganhador? É claro que não. A situação é extremamente perigosa. Só haverá um perdedor. Cada lado neste confronto é um perdedor.” *Através destas intervenções, o Rei não se envolveu com os problemas políticos, que deviam ser, e de fato foram, solucionados por meios políticos. Além disso, parou com o derramamento de sangue entre os tailandeses, onde a máquina do Estado não conseguiu. Mais recentemente, considerando a situação política da Tailândia como resultado da dissolução do Parlamento em 24 de fevereiro de 2006 e das Eleições Gerais em 2 de abril de 2006, Sua Majestade, em um discurso aos juízes do Tribunal Administrativo em 25 de abril de 2005, clarificou seu papel dentro da monarquia constitucional, fornecendo uma orientação correta para os Tribunais em relação à sua responsabilidade em se resolver a questão. Observando se a situação fosse relevante aos juízes, Sua Majestade disse: “De fato, deveria ser. A questão de uma eleição com candidatura única é importante porque nunca haverá quórum. Se o Parlamento não estiver cheio de candidatos eleitos, então a democracia não pode funcionar. Se este for o caso, então os juramentos que acabaram de fazer seriam inválidos. É por isso que tudo deve ser feito para possibilitar que a democracia avance.” Depois solicitou ao povo “para não negligenciar a democracia – um sistema de governo que deixa o país funcionar .(...)”* Além disso, em um discurso dirigido aos juízes da Suprema Corte, Sua Majestade disse: “Agora houve uma eleição para garantir a democracia. Mas se o Parlamento não tem um quórum, não é democrático. (...) Por favor, consulte uns aos outros e também outros Tribunais. Isso ajudará o país a ter um governo democrático. Não espere por um primeiro ministro nomeado pelo Rei, pois isso não seria comportamento de uma democracia.”* Em relação à solicitação popular para um primeiro ministro nomeado pela realeza, Sua Majestade disse: “O Artigo 7 não confere poder ao Rei para tomar uma decisão unilateral. Aborda a monarquia constitucional, mas não dá poder para o Rei fazer o que quiser. Se o Rei assim fizesse, estaria extrapolando seus deveres. Nunca extrapolei meus deveres. Fazê-lo não seria democrático. (...) A instalação de um primeiro ministro indicado pela família real indica a nomeação de um primeiro ministro sem consideração pelas regras.” ** Tradução Não-Oficial

O Papel Cerimonial como Chefe de Estado

Símbolo da Nação Poucos rostos tailandeses são tão conhecidos no mundo quanto o rosto de Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej. Seu rosto aparece nas cédulas de dinheiro, nas moedas e nos selos. Suas fotos aparecem ainda nas lojas e nas casas em todo o país e no exterior, como prova do amor, respeito e fidelidade que a população tailandesa tem pelo seu Rei. Sua Majestade representa ainda mais que a nação; é a figura central em muitas formas de interação entre a Tailândia e o mundo. Como qualquer outro monarca, Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej recebe Chefes de Estado, recebe Cartas Credenciais de embaixadores estrangeiros e viaja pelo mundo nas visitas oficiais. Além disso, entrega os diplomas nas cerimônias de graduação das Universidades, apresenta as espadas aos cadetes formandos das Escolas Militares e nomeia embaixadores e generais.

Símbolos Tradicionais do Reinado Tailandês Os Reis Tailandeses da Dinastia Chakri (1782 ao presente) adotaram o nome honorífico do rei-deus Rama, lembrando uma era a alguns milênios atrás, onde o rei era considerado divino. Rama é um avatar de Vishnu, o Preservador da Trindade Hindu, e representa o governante direito e honesto. Escrito a mais de 3 mil anos, este conto clássico, conhecido como Ramayana (ou Ramakhien, em tailandês) fala sobre os

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desafios deste rei-deus, com suas virtudes se apresentando como feixes de luz para seu povo, enquanto luta para resgatar sua esposa raptada, Sita - um modelo de virtudes femininas - das garras de Tosakan, o rei demônio. O veículo de Vishnu é o garuda (metade homem, metade pássaro) que aparece como o timbre em todos os comunicados e correspondência da família real. Nenhuma lei entra em vigor antes que tenha sido assinada por Sua Majestade e depois que um selo com o símbolo do garuda tenha sido colocado. Além disso, o garuda é também o emblema do Estado.

Papel Cerimonial

Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej preside várias cerimônias, com sua presença marcando o início de um rito ou ritual importante. Na abertura oficial da Assembleia Nacional a cada ano, ele está sentado atrás de uma cortina. Quando tudo está pronto, a cortina abre, revelando então a pessoa de Sua Majestade. Ele faz então um pequeno discurso para a reunião de congressistas e senadores, oficialmente marcando o início de um novo ano parlamentar. A cada mês de maio, a Cerimônia da Aragem lembra a responsabilidade antiga do monarca para fazer com que a terra seja frutífera. Desde que Sua Majestade começou a se dedicar a esta tarefa, ele reintroduziu o antigo ritual bramânico em 1960, depois de um lapso de várias décadas. A cerimônia é para induzir os deuses a ajudar os fazendeiros e prever a produtividade na próxima colheita do arroz. Sua Majestade ainda usa a ocasião para reconhecer e premiar o papel importante dos fazendeiros e estimulá-los a esforçarem-se. Em Sanam Luang, o Campo Real aberto, ao norte de Wat Phra Kaew (Templo do Buda de Esmeralda), grandes bois empurram um arado cerimonial para arar a terra. Estes mesmos bois depois recebem uma escolha de quatro grãos. O grão que escolherem é visto como uma previsão de sucesso da próxima colheita. Quatro Virgens Celestiais, representadas por oficiais do Ministério da Agricultura e Cooperativas, levam cestas contendo sementes de arroz que o Senhor do Rito, normalmente representado pelo Secretário Permanente do Ministério da Agricultura e Cooperativas, semeiam a terra recém-arada. Assim que a cerimônia é concluída, os fazendeiros são convidados a pegá-las da terra para semear em seus próprios campos. A associação com a Realeza faz com que as sementes se valorizem, e o sinal normalmente desencadeia uma corrida para obter o máximo possível destas sementes. Sua Majestade ainda oferece prêmios e certificados para os fazendeiros que tiveram a maior produtividade no ano anterior. Sua Majestade preside ainda a marca da Tropa das Cores no mês de dezembro, como parte da cerimônia para comemorar seu aniversário. Nesta cerimônia colorida, que acontece na Praça Real, soldados com suas roupas coloridas – num autêntico arco-íris de tons - passam em revista por Suas Majestades, com Sua Majestade vestido como o Comandante Chefe. Seu Discurso de Aniversário anual é um resumo do ano anterior e também as esperanças para o ano que se aproxima. Sua Majestade ainda preside diversos rituais importantes do Budismo.

Procissão de Barcas Reais

Talvez o ritual mais espetacular sob o comando de Sua Majestade seja a Apresentação Anual de Robes Kathin, quando ele oferece vestimentas aos monges para marcar o “Ok Phansa”. Este ritual, que acontece no mês de outubro, marca o final do período de três meses que é o Retiro das Chuvas (muitas vezes chamado de Quaresma Budista). Uma das maiores procissões em toda a Ásia, a Phraratchaphithi Phayuha Yatra Cholamak (Procissão das Barcas Reais) desce o rio Chao Phraya, com a Família Real em sua augusta majestade até o Wat Arun (Templo da Alvorada). O ressoar das conchas e trombetas, o som das varas fortes no convés para marcar a cadência e os cantos antigos cantados pelos remadores ressoam por sobre as águas, maravilhando os espectadores ao silêncio. A flotilha de 52 barcas é movimentada pelos braços musculosos de 2.200 remadores. A barca mais importante, Suphannahongs, no formato de um cisne mítico, transporta a Família Real. O casco da barca de 44,70 metros de comprimento, 3,15 metros de largura e 90 centímetros de altura é esculpido elaboradamente com desenhos tradicionais e coberto com verniz vermelho e ouro. Esta magnífica procissão raramente é realizada. Revivida em 1961 após um bom tempo no esquecimento, realizou-se novamente em 1968, e em 1982 (para marcar o bicentenário da nomeação de Bangcoc como capital Tailândia e a criação da atual Dinastia Chakri, em 1782). Em 1987,

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foi mais uma vez realizada para celebrar o quinto ciclo (sexagésimo aniversário) de Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej, em 1996 para comemorar os cinquenta anos do Rei no Trono, em 1999 e em 2003 quando a Tailândia sediou a Reunião de Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), com a participação de importantes líderes comerciais e políticos do mundo. Em 12 de junho de 2006, no sexagésimo aniversário da ascensão ao trono de Sua Majestade - o Rei.

Um Filósofo Trabalhando

1. A Filosofia de Desenvolvimento de Sua Majestade • Nova Teoria • Filosofia de Economia de Suficiência

2. Evolução do Envolvimento do Rei na Agricultura • Experiências Iniciais • A Abordagem Real • Estruturas Funcionais • Fundações e O Que Fazem • Centros Reais de Estudo de Desenvolvimento • Programas Atuais de Desenvolvimento Rural

3. Meio Ambiente • Reflorestamento • Erosão do Solo • Aguapé e Outras Pragas Agrícolas • Prevenção de Enchentes em Bangcoc

4. Saúde • Unidades Médicas Reais • Unidade Odontológica Real Móvel • Visitas às Aldeias

5. Educação Sua Majestade - o Rei da Tailândia tem dedicado a sua vida e seus recursos a ajudar no desenvolvimento do Reino e na melhoria de vida e da subsistência do povo tailandês. Desde o ano de 1952, iniciou mais de três mil programas inovadores nas áreas de agricultura, ambiente, saúde e educação, para este fim. Observando Sua Majestade no campo, podemos ver que está motivado com os desafios que cada problema em cada vilarejo apresenta. Ao ouvir atentamente os fazendeiros, fica claro que está respondendo a algo mais imediato do que o problema sendo analisado. Os observadores notaram muita motivação e interesse enquanto ele mergulha nas complexidades do problema e, ao manter um diálogo com os fazendeiros e os peritos que o acompanham, procura a solução apropriada. “O desenvolvimento da nação é algo a fazer em passos, começando com as fundações, garantindo que a maioria das pessoas tenha suas necessidades básicas através do uso dos meios econômicos e equipamentos, conforme os princípios teóricos.” “O pensamento construtivo significa uma forma honesta de pensar, com entendimento, com uma cabeça fria e sem muito interesse próprio. Deve ser feito considerando os interesses da nação, ou pelo menos da comunidade.”.

A Filosofia de Desenvolvimento da Sua Majestade

No início dos seus esforços para o desenvolvimento, perguntou-se à Sua Majestade porque dedicou tanto tempo a auxiliar os mais pobres e os mais necessitados dentre os seus súditos. Sua Majestade respondeu: “Primeiro vem o elemento humanitário. Ele defende uma abordagem que denomina ‘Perda-Ganho’”. Em linhas gerais e simples, isso significa fazer sacrifícios em curto prazo para atingir as metas de

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desenvolvimento a longo prazo: “Se queremos a prosperidade do povo, temos que investir em projetos de desenvolvimento que envolverá orçamentos de centenas ou muitos milhares de milhões [de baht]. Se o projeto for bom, as pessoas logo se beneficiarão dele”. Ele desenvolve suas teorias primeiro olhando para a tradição, vendo o que funcionou no passado e por que. “Olhando para as coisas boas do passado, pegamos as antigas tradições e as reconstruímos para serem usadas no presente e também no futuro.”

É ainda um proponente da tecnologia apropriada. Se os meios mecânicos não se adaptam a certa área, ele optará pelo uso de uma pá. Acredita ainda em avançar com cuidado, tendo a certeza de que um plano é viável antes de fazer a progressão para o próximo passo. A mudança muito rápida nas atitudes tradicionais, como também a busca pela industrialização ao invés de melhorar as vantagens naturais da Tailândia, é contraproducente. Estes levaram a dois programas únicos com fortes ligações filosóficas. Ele os criou pela primeira vez na década de 1950, vindo a refiná-los após conseguir mais experiência. O primeiro, a Nova Teoria, procura ajudar as famílias de fazendeiros a se ajudarem. O segundo, a Economia de Suficiência, abraça muitos elementos da Nova Teoria, mas é direcionada aos cidadãos, tanto no meio rural quanto urbano.

Nova Teoria

O principal objetivo da Nova Teoria é o de possibilitar que os fazendeiros se tornem mais independentes e autossuficientes. Isso se baseia na descoberta de que, em 1993, apenas 0,4 % dos domicílios tailandeses no meio rural praticavam qualquer tipo de cultivo sustentável, deixando-os sujeitos às flutuações da natureza e dos mercados. A Nova Teoria propõe diretrizes para o gerenciamento adequado de recursos terrenos e hídricos. No coração desta teoria, está um esquema para cavar pequenos lagos para garantir o suprimento suficiente de água durante o período das secas. Além disso, procura plantar apenas uma colheita de arroz por ano, semeando plantações que não precisam de muita água, especialmente no período das secas, entre fevereiro e junho. O conceito que está por trás da Nova Teoria de Sua Majestade é garantir que o povo seja autossuficiente em agricultura. No período das secas, quando a água fica mais rara, ainda poderão usar a água armazenada no lago da sua própria propriedade para o cultivo de qualquer produto agrícola, ou até mesmo uma segunda plantação de arroz.

Três Fases de Implantação

Fase 1: Começa com o entendimento de que, segundo as estatísticas, o domicílio de um fazendeiro tailandês tem em média uma área de 15 rai (2,4 hectares) de terra. Segundo esta abordagem, o terreno fica dividido em quatro partes, sendo que cada uma das partes é dedicada a uma atividade diferente na área agrícola, da seguinte forma: 30% para um lago para fornecimento de água no período das secas, e para a criação de peixes; 30% para o cultivo de arroz suficiente para o consumo doméstico durante todo o ano; 30% para uma área integrada para o cultivo de frutas e verduras; e 10% para uma casa, instalações para pecuária, um criadouro de cogumelos, além de ruas e passagens. Idealmente, o fazendeiro irá cavar um lago com quatro metros de profundidade, com uma capacidade de estocar 19 mil metros cúbicos, assim fornecendo água suficiente para o ano todo. As camadas superiores do solo obtido na escavação seriam sobrepostas sobre terras inférteis para cultivo posterior.

Uma característica importante desta abordagem é a utilização de múltiplos cultivos, para reduzir a dependência no arroz. Portanto, o cultivo de arroz é suplementado pelo cultivo de frutas e verduras e de árvores, além da pesca e criação de animais. A melhor opção é a de integrar os cultivos agrícolas e a criação de animais nas atividades da fazenda – os animais consomem restos agrícolas e produzem o esterco como fertilizante natural. As árvores são essenciais para o sucesso da Nova Teoria, pois podem evitar o deslizamento de margens para dentro dos lagos e dão nutrientes essenciais para a dieta regular da família. Tais fazendas diversificadas são mais resistentes às flutuações da economia e da natureza.

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Fase 2: Fazendeiros bem sucedidos se juntam para formar cooperativas para buscar suprimentos básicos e colocar seus produtos no mercado. Podem também ajudar com a seleção comum da safra, irrigação, estocagem de grãos, construção de unidades para a produção de arroz, e outras atividades agrícolas que sejam mutuamente benéficas.

Fase 3: As cooperativas estabelecem um fundo comunitário para financiar outras atividades. Como uma unidade de coesão, pode também estabelecer linhas de crédito com bancos, para financiar projetos mais avançados.

Estudos de Caso

Caso 1: Somsak Thong-on, 45 anos, é fazendeiro em Chacoengsao, na extremidade leste das Planícies Centrais. Casado, com seis filhos, largou a escola após concluir a quarta série para ajudar seus pais no cultivo de arroz. Depois que assumiu a propriedade, continuou plantando arroz e também trabalhou como carpinteiro. Em 1999, recebeu assistência do Centro Real de Estudo de Desenvolvimento Khao Hin Sorn para cavar um lago e treinamento nas novas técnicas agrícolas. Hoje, na sua propriedade de uma área total de 24 rai (3,84 hectares), ele reservou seis rai (0,6 hectares) para produção de arroz, dez rai (1,6 hectares) para um pomar de mangueiras, cinco rai (0,8 hectares) para horticultura, dois rai (0,32 hectares) para o lago e um rai (0,16 hectares) para a casa e a infraestrutura necessária. Ainda tem cultivo de ervas, frutas, peixe e galinhas. Como resultado, o Sr. Somsak agora tem uma renda constante que possibilita que ele mande seus filhos para educação superior numa cidade próxima. Caso 2: Sr. Tongsuk e Sra. Sawang Pimsarn, com uma fazenda de 19 rai (3,04 hectares) na área de Wat Mongkol, na província de Saraburi, ao norte de Bangcoc. O casal inicialmente recebeu apoio da Fundação Chaipattana para construção de um lago para armazenagem de água, de 1,5 rai (0,24 hectares), para irrigação e para a produção de peixes. Dividiram seu terreno assim: 5 rai (0,8 hectares) para cultivar arroz na época das chuvas e legumes no período das secas; 6 rai (0,96 hectares) foram usados para o plantio de frutas; 1,5 rai (0,24 hectares) para a produção de jasmim. O restante do terreno foi separado para ser uma área de residência e jardinagem. Antes da implantação da Nova Teoria, o casal tinha um rendimento de 30 mil baht/ano com a venda de arroz. Depois de completar a revisão, sua renda aumentou dez vezes, para 300 mil baht/ano. Caso 3: Sr. Tian Paisan, 70 anos, e Sr. Yai Laepadung, 56 anos, do distrito de Khao Wong, da província de Kalasin no nordeste da Tailândia, receberam auxílio do escritório distrital para cavar um lago de uma área de um rai (0,15 hectares). Cada um é dono de 11 rai (1,76 hectares) de terra de cada lado do lago. Dividiram o terreno em lotes de 8 a 9 rai (1,28 a 1,44 hectares) para arroz, e 2 rai (0,32 hectares) nas bordas do lago para cultivo de pimenta, berinjelas, galangas, capim-limão e árvores frutíferas, incluindo o tamarindo doce, coco, mamão papaia, goiabas e mangas. Criam ainda tilápias do Nilo, carpas comuns e barbos dentro do lago. Criam ainda galinhas nativas e patos, que comem e também vendem no mercado do distrito. Como resultado dos seus esforços, viram um aumento significativo na renda gerada pela sua fazenda.

Filosofia da Economia de Suficiência

A teoria da Economia de Suficiência expande muitos dos princípios da Nova Teoria da Agricultura de Sua Majestade até o nível nacional para servir as necessidades urbanas e rurais. Pontos-chave da filosofia dão diretrizes para as pessoas, de todos os níveis, sobre como devem se comportar na vida. Na sua essência, adere ao conceito budista do Caminho do Meio, por juntar as pessoas para evitar extremos, praticar a frugalidade e a moderação, e evitar ser levado pela ganância, a assumir grandes riscos. Isso necessita ainda uma consciência constante de que, embora as condições possam ser boas hoje, isso poderá mudar amanhã. Há, portanto, a necessidade de que se ajuste o estilo de vida e padrões de gastos. Ela

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busca o desenvolvimento gradual, tendo a certeza de que alguém está seguro numa fase antes de prosseguir para a outra.

Sua Majestade inicialmente propôs o conceito da Economia de Suficiência em 1974: “O desenvolvimento do país deve ser feito em fases, assim garantindo que a maioria das pessoas tenha suas necessidades básicas. Assim que tiver sido estabelecida uma fundamentação razoavelmente sólida, deverá haver a promoção de níveis mais altos de crescimento econômico e desenvolvimento. Se fôssemos nos concentrar apenas no rápido progresso econômico, sem permitir que o plano de operação entre em harmonia com as condições do país e do povo, haveria a criação de um desequilíbrio, que poderia causar uma falha do plano no final.” Ele refinou seus pensamentos num documento produzido no dia 21 de novembro de 1999, anexando todos os seus pronunciamentos das duas décadas anteriores: “A Economia de Suficiência se aplica à conduta e ao modo de viver, no âmbito individual, da família e da comunidade. Em nível nacional, a filosofia é consistente com uma estratégia de desenvolvimento equilibrado que reduziria a vulnerabilidade do país a possíveis choques e excessos que poderiam vir a surgir como resultado da globalização.” “Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer a fibra moral da nação para que todos, particularmente funcionários do governo, acadêmicos, empresários e operadores da área financeira possam aderir aos princípios de honestidade e integridade. Uma abordagem equilibrada com uma combinação de paciência, perseverança, diligência, sabedoria e prudência se faz necessária para lidar, de forma apropriada, com os desafios críticos originados a partir das rápidas e extensivas modificações culturais, ambientais, sociais e econômicas. Isso requer um planejamento bem pensado, com uma proteção contra contingências, e também a manutenção de uma reserva financeira que permita passar pelos tempos difíceis.” No âmbito familiar e individual, significa viver uma vida simples, vivendo dentro de suas condições e não se aproveitar das outras pessoas. No âmbito comunitário, isso significa juntar-se para participar da tomada de decisões, com o desenvolvimento de conhecimentos que sejam mutuamente benéficos, aplicando a tecnologia de forma apropriada. Favorece ainda o “princípio natural” pelo qual uma pessoa utiliza os recursos naturais que estão disponíveis no local em questão. Em âmbito nacional, defende uma abordagem holística com ênfase na adequação, na vantagem competitiva, no baixo risco e em evitar o excesso de investimentos. Isto envolve ainda, manter-se a par dos acontecidos em outros países, protegendo o investimento e também reduzindo as importações e o excesso de dependência de outros países. A Filosofia da Economia de Suficiência foi incorporada ao Nono Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (2002-2006) e também ao Décimo Plano, de 2007 a 2011. Faz parte ainda da política administrativa geral do Estado, como está escrito no Artigo 83 da Constituição do Reino da Tailândia, de 2007, que diz que “O Estado deverá estimular a Filosofia da Economia de Suficiência, e também dar apoio à mesma.” A filosofia da Economia de Suficiência também tem recebido reconhecimento internacional. Nas palavras do Sr. Kofi Annan, então Secretário Geral das Nações Unidas, durante sua visita à Tailândia em 2006, para presentear Sua Majestade com a primeira outorga do Prêmio de Realização Vitalícia de Desenvolvimento Humano, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, “A filosofia de Economia de Suficiência proposta por Sua Majestade - com ênfase na moderação, no consumo responsável e resistência aos choques externos - é altamente relevante para comunidades em todos os lugares nestes dias de rápida globalização. A abordagem “caminho do meio” desta filosofia dá um forte reforço à posição defendida pelas próprias Nações Unidas, de um caminho sustentável e centrado nas pessoas, em direção ao desenvolvimento humano. A agenda de desenvolvimento de Sua Majestade, assim como seu pensamento visionário, é uma inspiração para seus súditos e para pessoas em todas as partes”. Em 2007, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) emitiu seu Relatório Anual de Desenvolvimento Humano na Tailândia, enfocando o “Desenvolvimento Humano e a Economia de Suficiência”, notando que a Filosofia da Economia de Suficiência é uma abordagem inovadora para o desenvolvimento, desenvolvida para aplicação prática em vários problemas e situações, e que, devido a sua natureza prática, sua simplicidade firme e sua relevância especial na era de globalização, esta abordagem merece ser mais amplamente conhecida. O relatório fala ainda que: “A Economia de Suficiência é uma abordagem da vida e da conduta que se aplica a cada nível, desde o indivíduo, passando pela família e pela comunidade, até chegar à administração e ao desenvolvimento da nação. (...) Esta abordagem oferece ainda uma forma de

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lidar com as realidades inevitáveis do mercado e também com a globalização no mundo contemporâneo. A abordagem da Suficiência enfatiza que os indivíduos precisam de um pouco de autoconfiança para lidar com o mercado da melhor forma possível, e que os países também precisam de autoconfiança para lidar com a globalização. Suficiência tem o duplo sentido de ‘nem demais’ e ‘nem muito pouco’. O princípio da moderação ou do caminho central é um guia norteador para se achar o equilíbrio correto entre recursos internos e pressões externas, entre as necessidades da sociedade e as necessidades imperativas da economia global”. Observando que a Filosofia da Economia de Suficiência não é uma teoria sobre quão bem funciona a economia de um país, mas uma orientação para a tomada de decisões que produzirá resultados benéficos para o desenvolvimento. O relatório do PNUD reconhece sua relevância e aplicabilidade não apenas para o alívio da pobreza e o fortalecimento da comunidade, mas também para a responsabilidade corporativa e padrões de governança, além de uma política nacional para imunizar um país contra os choques, além do planejamento de estratégias para um crescimento mais igualitário e mais sustentável.

Estudo de Caso

O Sr. Prayong Ronnarong, 67, e sua esposa moram na província de Nakhon Si Thammarat na parte sul do Reino. O Sr. Prayong era um seringueiro que descobriu que o cultivo de apenas um tipo de plantação tornava ainda mais difícil o ato de lidar com as flutuações do mercado. Começou, então, a discutir possíveis alternativas com outros fazendeiros da região. Juntos, criaram o Plano de Desenvolvimento da Borracha Tailandesa, para ajudar um ao outro e criar novos conhecimentos, enfatizando uma abordagem de “aprender fazendo”. No final, o grupo se tornou a Rede da Borracha de Mei Reing, o que lhes deu uma frente unificada na negociação de preços. Além disso, diversificaram suas fazendas. Além da borracha, cultivaram arroz e legumes, criaram peixes de água doce e frangos nativos da região, cultivaram cogumelos e ervas, criaram porcos e participaram da produção de ração animal e arroz. Estabeleceram então, um centro de ensino para compartilhar os conhecimentos e a experiência de mercado. Como resultado da sua liderança, o Sr. Prayong foi indicado como o vencedor do Prêmio Magsaysay de 2004 por Desenvolvimento Comunitário.

Evolução do Envolvimento do Rei na Agricultura

Nos dois primeiros anos do seu reinado, o Rei Bhumibol concentrou-se em se adaptar a seus novos papéis desafiadores, como monarca e também como marido. Porém, a sua curiosidade e sua energia naturais, além do seu desejo de manter a sua promessa, feita na coroação, falaram mais alto. O ano chave foi o ano de 1952. Neste ano, ele começou a experimentar novas tecnologias agrícolas no terreno de sua Villa Chitralada, no Palácio Dusit. Também nesta época, começou a se envolver em um projeto de produção agrícola, pouco além do perímetro de sua casa de verão ancestral em Hua Hin. Estes dois fatos ajudariam a moldar a forma em que abordaria a questão do desenvolvimento rural.

Experiências Iniciais

Olhando para o outro lado da vala na Rua Si Ayutthaya, e pela cerca alta de piquetes de ferro na Villa Chitralada, no Palácio Dusit, as pessoas não percebem de imediato que esta é a residência do monarca. Não se assemelha, de jeito nenhum, à ideia que qualquer pessoa teria de um palácio. Inicialmente, pode- -se ver vacas em pastagem, e também o que aparentam ser celeiros e lagos, além de uma pequena usina. Parece mais um ponto de extensão agrícola, e é isso que de fato é. Além das árvores, fica a residência em si, mas é aqui que está a alma e o coração dos projetos de Sua Majestade, o lugar onde começou a trabalhar.

Em 1952, Sua Majestade convidou oficiais do Departamento da Pesca para usar poços no terreno da Villa Chitralada, no Palácio Dusit, como criadouros de peixes. A espécie que ele escolheu para fazer este trabalho foi a espécie Tilapia mosambica (Pla Mo Thet, em tailandês). Esta era uma espécie de rápido

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crescimento e, caso fosse introduzida nos campos de arroz na estação de plantio, poderia ser recolhida pelo fazendeiro quando o arroz estivesse pronto para ser cortado com foice. Os peixes iriam engordar através do consumo de pequenas pragas e também vegetação, fornecendo proteínas às famílias do local. Houve pouco investimento, mas grandes ganhos. Arroz e peixe: os produtos centrais da dieta tailandesa. Em 1965, uma espécie melhor, a Tilapia nilotica, foi doada por outro agrônomo rural, o Príncipe Herdeiro Japonês Akihito, que depois se tornaria Imperador do Japão. Desde então, dezenas de milhares de peixes jovens foram dados a fazendeiros tailandeses, sem custo, para que sejam cultivados em suas próprias fazendas. Hoje, o Pla Nin (Peixe Preto), como é conhecido em tailandês, é um dos pratos favoritos no jantar de cada família tailandesa no meio rural. Respondendo a uma solicitação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Sua Majestade doou ainda 500.000 tilápias para a República Popular de Bangladesh para aliviar o problema da fome e promover seus próprios programas de criação de peixes. Neste mesmo ano de 1962, alguns celeiros foram construídos para serem a residência dos habitantes mais recentes do Palácio: as vacas. Com seu próprio dinheiro, Sua Majestade adquiriu seis vacas para um projeto da área de laticínios. O rebanho cresceu e o leite teve ávidos compradores no bairro vizinho. A renda ali obtida semeou o dinheiro para seu próximo projeto: a Fábrica de Laticínios de Suan Dusit, que foi inaugurada em 7 de dezembro de 1969. Ainda em operação nos dias de hoje, produz leite para venda no mercado, mas, ainda mais importante, é um modelo para os fazendeiros da área leiteira (uma nova indústria), a ser copiado em toda a Tailândia. Além disso, a fábrica produz comprimidos ricos em cálcio, extraídos do estoque de leite, para venda a preço de custo para famílias nas áreas mais remotas onde o transporte de leite fresco é difícil.

O terreno da Villa Chitralada também possui plantações experimentais de arroz, onde há o desenvolvimento de novas variedades, as sementes são, então, distribuídas aos fazendeiros. Foi aqui que um dos primeiros khwai lek (búfalo de ferro) foi introduzido para arar as plantações de arroz. Hoje em dia, o compacto trator quase que substituiu os animais tailandeses tradicionais, como os bois e os búfalos asiáticos. E também, num pequeno recinto na parte lateral do terreno, as cascas de arroz não usadas são comprimidas para fazer toras que podem então ser queimadas como combustível para cozinhar. Desde 1965, Sua Majestade faz experiências em um projeto de reflorestamento, plantando arvoredos de Dipterocarpius alatus Roxb (Mai Yang Na, em tailandês) no terreno do palácio. Visitantes rurais e crianças de escolas locais são convidadas para ver os resultados obtidos 30 anos mais tarde, árvores que dão sombra e que podem ser tratadas como um produto que dá dinheiro. “Esta fábrica será um modelo e dará demonstrações para os fazendeiros e a todos aqueles que estiverem interessados na produção leiteira. Esta é a primeira unidade de produção leiteira na Tailândia e á algo do qual se deve ter orgulho, já que foi projetada e construída exclusivamente pelo povo tailandês. Aqueles que precisam de informações e que querem ter um negócio deste tipo para sua própria prosperidade e, portanto para a estabilidade econômica do país, podem observar as atividades nesta fábrica a qualquer momento.”

Experiências no Interior

O palácio a beira-mar Klai Kangwol (Longe do Cuidado), no distrito de Hua Hin, na província de Prachuap Khiri Khan, foi construído na década de 1920 por Sua Majestade - o Rei Rama VII como local de retiro, para fugir do calor escaldante de Bangcoc. A energia impressionante da Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej não permitiria que simplesmente descansasse e aproveitasse as brisas do mar. Ao invés vez disso, começou a explorar os terrenos ao interior do país, a partir do palácio. Em 1952, na vila de Huai Mongkhol, observou que os fazendeiros não estavam aproveitando todo seu potencial por estarem com falta de água para irrigação e por não poderem transportar seus produtos a mercados a 20 km de distância, em Hua Hin. Assim, ele iniciou a construção de uma estrada para a vila, ao mesmo tempo cavando uma represa. A água permitiu a criação, dentro do vilarejo, de uma modesta fazenda experimental como auxiliar para as plantações teste em sua residência, Villa Chitralada. Agora os fazendeiros poderiam aumentar a produtividade de suas plantações e as culturas que cultivavam e vendiam em mercados distantes, assim ajudando os fazendeiros a se ajudarem.

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Ele levou a experiência mais um passo adiante em 1964, quanto inaugurou o Projeto de Desenvolvimento Rural Tailândia-Israel na província de Petchaburi, ao norte de Hua Hin. Com o Ministério da Agricultura e Cooperativas, ele olhou para a questão das dívidas das fazendas. Com o baixo retorno das vendas da sua produção, muitas vezes os fazendeiros tiveram que fazer empréstimos para conseguir manter as suas famílias. Um ano de colheita ruim poderia obrigá-los a vender terrenos para pagar as dívidas. Como uma experiência social, Sua Majestade, com ajuda de Israel, estabeleceu um local de pesquisa de 200 acres em Hup Kaphong, local que possuía 4.000 acres. Cento e vinte famílias no total receberam 10 acres cada uma, com a Comunidade Cooperativa Hup Kaphong sendo a proprietária conjunta do terreno. Em relação a esta iniciativa de autoajuda, Sua Majestade disse:

“... isso é muito importante para estimular e encorajar as pessoas a obter seus rendimentos pelo trabalho e a se manterem de uma forma apropriada, pois aqueles que têm emprego remunerado e que podem se manter são capazes de fazer uma contribuição positiva para níveis mais elevados de desenvolvimento.” Alguns anos mais tarde, criou a fazenda Hat Sai como um prolongamento do mesmo projeto em 1975, quando terras da família real foram doadas a pessoas sem terra como parte de um projeto de reforma agrária que criou. A experiência obtida destes empreendimentos serviria como pedra fundamental para a Nova Teoria e para as diretrizes de desenvolvimento da Economia de Suficiência que ele mais tarde desenvolveria.

Trabalhando com as Tribos da Montanha

“Ao elaborar um programa para ajudar as pessoas, é necessário que se conheça as pessoas que pretende ajudar”. Dizendo esta frase, Sua Majestade começou suas viagens para as montanhas do norte da Tailândia para conhecer as tribos ali residentes. Por tradição, as tribos eram nômades, praticando a agricultura swidden (cortar e queimar), fazendo uma clareira numa área de floresta e depois plantando arroz de planalto. Quando acabava a fertilidade do solo ou a erosão levava camadas de solo valiosas para os rios, eles se mudavam para uma região mais promissora. Muitas tribos cultivavam o ópio, criando assim um problema social. Sua Majestade assim buscou resolver três problemas de uma vez só: preservar a terra e convencer as pessoas, através de exemplos, que uma existência em local fixo poderia trazer um melhor padrão de vida, e substituir o cultivo do ópio pela plantação de legumes.

No final da década de 1960, o Norte da Tailândia ainda tinha muitas florestas e a única forma de se chegar a muitas destas áreas era através de estradas de terra ou trilhas íngremes. Sem cansar, Sua Majestade viajava horas por dia, para visitar dezenas de vilarejos tribais, para discutir melhoramentos agrícolas que iriam beneficiá-los. No processo, introduziu várias frutas e vários legumes nunca antes cultivados: morangos, cogumelos, maçãs, aspargos e até mesmo flores. Em linha com a sua filosofia de usar recursos locais, plantou culturas que não necessitariam de muito investimento em infraestrutura, conhecimentos avançados ou assistência externa. Hoje em dia, quase todo vilarejo tem pelo menos um fazendeiro que possui um celeiro de palha e sem janelas, no qual cultivam uma entre meia dúzia de variedades de cogumelos. Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej entendeu que não bastava criar produtos novos e melhores, tinha ainda que criar sistemas de transporte, estradas e estratégias de marketing para garantir que os produtos chegassem aos clientes. Hoje em dia, os legumes que são cultivados nas montanhas chegam aos mercados das cidades no dia seguinte. As orquídeas cortadas no dia de hoje estarão na manhã seguinte nas floriculturas de cidades da Europa. Homens e mulheres das montanhas receberam ainda aulas de contabilidade básica e habilidades de marketing, para que pudessem fazer as suas próprias transações. Muitos destes programas protótipos foram usados depois nos vilarejos da Tailândia.

A Abordagem Real

Sua Majestade é o catalizador, em termos de ideias, iniciativas e verbas do projeto que busca implantar. É ainda o executor de grandes projetos que o governo não pode assumir ou nos casos em que o governo está mal preparado para isso. Assim que os projetos estão em condições de prosseguir, ele passa os programas

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para as agências do governo. Muitos projetos necessitam de ações mais rápidas do que as instituições burocráticas podem iniciar, devido às limitações estruturais e de procedimentos. A vantagem de Sua Majestade, como ele reconhece abertamente, é que pode usar uma abordagem mais direta e menos ortodoxa para os projetos que considera que devem ser implantados rapidamente. Como ele mesmo declarou, “Algumas pessoas dizem que os projetos reais não seguem as regras e os regulamentos. Isso é verdade.” A velocidade é essencial e, por este motivo, criou a Fundação Chaipattana para financiar e implantar projetos, desde desenvolvimento rural até alívio emergencial após desastres naturais. Prepara-se intensamente antes de viajar a um local problemático, obtendo o máximo possível de informações. Além disso, anos de experiência deram-lhe a capacidade de ler um mapa e traduzi-lo em termos visuais com máxima rapidez. Assim, normalmente conhece bem o relevo do local antes de chegar. Logo que chega, prefere avaliar as condições e os problemas locais em primeira mão. Também passa muito tempo conversando com oficiais e com o povo do vilarejo. Uma fotografia comum o mostra ouvindo atentamente enquanto uma pessoa do vilarejo explica um problema do lugar. Sua Majestade também pede a opinião de especialistas e daquelas pessoas que conhecem bem a área. Só então ele pode apresentar uma resenha do plano, mais uma vez consultando todas as pessoas envolvidas. Ele explica a sua metodologia dizendo:

“O desenvolvimento deve levar em conta o ambiente físico, o ambiente sociológico e o ambiente cultural. Quando falamos no ambiente sociológico local, estamos nos referindo a certas características e modos de pensar, para as quais não podemos exigir uma mudança. Podemos apenas sugerir. Se entramos no meio e descobrimos o que as pessoas querem, e depois explicamos como podem melhor atingir seus objetivos, os princípios de desenvolvimento podem então ser totalmente aplicados.” No seu esboço de projeto, enfatiza o uso de recursos locais e tecnologia apropriada. Sua contribuição principal para a solução de um problema é a inspiração e o envolvimento tanto dos oficiais quanto das pessoas comuns. Foi dito que o rei lhes oferece desafios intelectuais e eles respondem de uma forma positiva. “Um projeto real é uma opinião real. Se uma opinião real não pode ser modificada, isso significaria que a Tailândia não pode progredir.”

Estruturas Funcionais

Antes do estabelecimento de uma agência estatal para coordenar e assistir nos projetos iniciados pela Família Real, uma boa parte do apoio administrativo para os projetos de Sua Majestade vinham de uma seção do Escritório do Secretário Privado Principal de Sua Majestade. Quando os projetos ficam mais complexos, ele convoca o governo para estabelecer uma instituição específica para tratar destas questões. Assim, em 1975 a Divisão de Assuntos Pessoais de Sua Majestade foi estabelecida no governo central para gerenciar os diversos aspectos da elaboração e implantação dos projetos. Em 1981, ele estabeleceu o Comitê Real de Projetos de Desenvolvimento, cujos integrantes são líderes corporativos tailandeses e líderes da sociedade. Este comitê, de fato, assume um projeto assim que a fase experimental for declarada como bem sucedida. Funciona ainda como a agência de coordenação que emprega os recursos humanos e técnicos do Estado. Sua Majestade estabelece ainda fundações para a execução de tarefas específicas.

Fundações e O Que Fazem

Com o aumento da abrangência do seu trabalho, Sua Majestade estabeleceu várias fundações para lidar com responsabilidades específicas, sendo que as mais importantes são: a Fundação Rajaprajanugroh, a Fundação Chaipattana e a Fundação Rajprachasamasai.

Fundação Rajaprajanugroh

A Fundação Rajaprajanugroh (Fundação Real para o Bem-Estar do Povo) foi criada em 1962 depois de um tufão no sul da Tailândia que teve 600 vítimas fatais e levou a uma desorganização dos serviços do governo. Sua Majestade trabalhou incansavelmente para investir as doações que chegaram ao Palácio em resposta a seu clamor por assistência às vítimas. Reconhecendo uma necessidade de um sistema

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permanente de resposta emergencial, estabeleceu então, a Fundação Rajaprajanugroh. Entre 1962 e 1982, esta Fundação atendeu a 2.390 chamados e deu assistência a 3.914.608 vítimas. Hoje a sua força de trabalho inclui mais de 1.500 colaboradores devidamente treinados. Sua Majestade descreveu o trabalho da Fundação dizendo que “... é semelhante a uma grande seguradora para a nação. Aqueles que enfrentam adversidades recebem pronto e completo auxílio, dado por outras pessoas que estão em melhor situação, juntando sua assistência financeira e material através da Fundação.” Seu valor ficou provado com o tsunami devastador que atingiu Phuket e áreas próximas no final de dezembro de 2004. A Fundação logo se estabeleceu como um centro coordenador de emergências, como canal de transmissão de verbas doadas pela Fundação Chaipattana para aliviar os problemas mais imediatos. Suas Majestades orientaram a Cruz Vermelha Tailandesa para dar pronto tratamento, medicamentos e outros auxílios de ordem médica para as vítimas do tsunami, sem custo. O Primeiro Ministro e seu Gabinete visitaram as vítimas para consolá-las e avaliar suas necessidades. O Governo Real Tailandês forneceu roupas e outras necessidades imediatas. Estrangeiros feridos receberam passagens aéreas e serviços de táxi para voltarem a seus países de origem, cortesia do Governo Real Tailandês. Depois do desastre, Sua Majestade designou os Ministros e Primeiros Ministros Assistentes para visitarem os locais afetados, monitorar e observar a busca e o resgate, assistência, reabilitação e operações de reconstrução. Utilizando as verbas doadas por Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej dos Fundos Privados, a Fundação Rajaprajanugroh construiu novas escolas em Krabi e Phang-nga e reconstruiu as escolas danificadas em Phuket. Além disso, a Fundação deu bolsas de estudo aos órfãos e crianças muito pobres que perderam tudo com as ondas do tsunami.

Fundação Chaipattana

A Fundação Chaipattana (Vitória do Desenvolvimento) foi criada em 1988 para ajudar a acelerar o desenvolvimento rural. Procurou aperfeiçoar o processo de desenvolvimento, indo além dos vários limites institucionais, como longos procedimentos burocráticos e ciclos orçamentários, que atrasam a implantação dos projetos. Às vezes é possível acelerar o provisionamento de verbas urgentes para concluir um projeto agrícola. Sua Majestade, que elaborou sua declaração de missão e também criou seu emblema, declarou que suas operações devem ser alinhadas com as políticas governamentais e nunca devem se sobrepor à obra de departamentos do governo. Não foi feita nenhuma arrecadação direta de fundos, para não ser vista como uma instituição de fins lucrativos. Assim, o financiamento dos projetos viria unicamente de doações. Hoje, a instituição sobrevive graças à boa vontade do povo tailandês e também dos estrangeiros que colaboram com ela.

A Fundação logo se tornou uma das fundações mais importantes de Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej. Em um dos seus primeiros atos, adquiriu 16 rai de terras próximas ao Wat Mongkhol Chaippatana, um templo na província de Saraburi. Depois estabeleceu um centro de desenvolvimento agrícola chamado de Projeto de Desenvolvimento Real Chaipattana Wat Mongkhol, iniciado pela Família Real, como ponto de encontro para que os fazendeiros e os oficiais pudessem trocar experiências e ideias em relação à irrigação. Sua Majestade escolheu este local, pois tinha sentido que o papel dos templos locais era muito importante para o sucesso do projeto dos monges, que tradicionalmente haviam sido educadores chave e líderes locais na comunidade. Fundos de fundações foram também disponibilizados para a Universidade Khon Kaen, para experiências técnicas no combate à poluição da água.

Muitas vezes, a Fundação concede empréstimos sem juros para custear o desenvolvimento ocupacional e rural. O Projeto da Fazenda Leiteira, iniciado pela Família Real na província de Nakhon Sakon em 1990, deu treinamento a 18 fazendeiros. A eficácia do programa pode ser vista no fato de que, após completar seus estudos, o rendimento mensal aumentou de 1.068 baht em média, para 6.193 baht mensais até 1994, e continuou a aumentar em termos reais nos anos vindouros. A Fundação trabalha ainda com a suposição de que os tempos estão mudando, e esperar que a agricultura continue a fornecer tudo que uma família precisa não é realista. As famílias das fazendas precisam ser parcialmente incorporadas no mundo industrial além das suas fronteiras. Muitas vezes, as pessoas do vilarejo vão a Bangcoc para procurar

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trabalho, sendo a cidade, às vezes, um ambiente desconhecido e ameaçador para as pessoas do campo que prefeririam morar em seus vilarejos. Assim, sob a orientação da Sua Majestade, solicitou-se aos produtores que verificassem a possibilidade de levar as atividades de produção para o interior. Os produtores de roupas acharam lucrativo dar máquinas de costura às mulheres do vilarejo e oferecer trabalhos por peça, para que as mulheres as costurem formando roupas semiprontas. Desta forma, as mulheres poderiam ter renda sem sair de casa, mantendo viva a comunidade e reduzindo as pressões sobre a população das áreas urbanas.

Um exemplo do financiamento pela Fundação Chaipattana no trabalho foi um aerador inventado por Sua Majestade. É descrito como sendo um “aerador a jato de ar, do tipo boia com baixa velocidade, para acrescentar oxigênio a lagos e cursos d’água parados”. De fato, parece uma roda de paletas sobre pontões que levanta a água no ar, fazendo então a infusão com oxigênio. Organizado, simples e eficiente. Ele serve como um meio prático e de baixo custo para aerar os cursos d’água poluída e, assim, garantir um habitat vivível para os peixes. Máquinas experimentais agora operam no Zoológico Dusit, em Bangcoc, no Hospital Phra Mongkutklao, em Wat Bovornives, em Wat Benchamabphit (Templo de Mármore) e também dentro do terreno da Villa Chitralada, no Palácio Dusit. Outras máquinas foram instaladas em diversos lugares no interior. Em 1993, Sua Majestade solicitou e recebeu a patente tailandesa por sua invenção.

Centros Reais de Estudo de Desenvolvimento

Os Centros Reais de Estudo de Desenvolvimento, que estão no centro da pesquisa agrícola na Tailândia, surgiram a partir das primeiras experiências na Villa Chitralada, no Palácio de Dusit, e em Hua Hin. Eles foram estabelecidos em várias partes do país, para representar as várias condições geográficas de cada região: solo arenoso, mangues, montanhas, florestas degradadas e/ou uma combinação de diversas dessas características. Foram criados como locais onde diversos departamentos do governo poderiam coordenar suas experiências e trocar ideias para o desenvolvimento integrado das áreas rurais.

Os seis centros que surgiram com o conceito original de Sua Majestade em 1979, receberam os nomes das áreas onde estão localizados:

1. Khao Hin Son (1979) na Província de Chachoengsao 2. Khung Kraben Bay (1981) na Província de Chanthaburi 3. Phikun Thong (1982) na Província de Narathiwat 4. Bhuphan (1982) na Província de Sakon Nakhon 5. Huai Hong Khrai (1982) na Província de Chiang Mai 6. Huai Sai (1983) na Província de Phetchaburi

Sua Majestade considerou os centros como sendo benéficos “para a demonstração de todos os pequenos aspectos do desenvolvimento.” E para “desenvolver as terras dos fazendeiros através do desenvolvimento de recursos hídricos, reabilitação florestal e aplicação das técnicas de produção na agricultura e no manejo animal. Os Centros também servem como escritórios centrais para a condução de atividades de desenvolvimento para melhorar o bem-estar do povo nas áreas vizinhas. Assim que os fazendeiros tiverem melhorado seu padrão de vida, poderão considerar a abertura de uma unidade produtora de arroz e um banco de arroz em cada vilarejo para ter uma oportunidade de se treinarem, para finalmente se tornarem autossuficientes.” Além disso, incorporam “os resultados dos estudos que são incluídos nos modelos de desenvolvimento que as pessoas podem considerar como exemplos e podem ainda aplicar em suas vidas diárias.” Como vários centros incluem um vilarejo nos seus limites ou nas proximidades, Sua Majestade estimula as pessoas que moram próximo aos Centros a formarem grupos para enfrentar problemas, com o aconselhamento e o auxílio do Centro. Muitas das ideias para a Nova Teoria e para a Filosofia da Economia de Suficiência surgiram a partir das tentativas do Centro ao longo dos anos, sendo agora firmemente estabelecidas nos seus respectivos regimes de treinamento. O trabalho nos Centros tem

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atraído interesse internacional. Visitantes ilustres incluem Suas Majestades - a Rainha Elizabeth II, do Reino Unido, o Rei Carl XVI Gustav e Rainha Sílvia, da Suécia, além de Suas Excelências Nubak Phumsawan, Presidente da República Democrática do Laos, e Gloria Arroyo, Presidente da República das Filipinas, entre outros. “Se dermos um pouco de informação para o povo, ajudaremos a aumentar seu padrão de vida; terão mais trabalho e, portanto, maior rendimento.”

Programas de Desenvolvimento Rural Atuais

Os projetos reais são classificados em dois grupos: Iniciados pela Família Real e Assistidos pela Família Real. No primeiro caso, o Rei faz (e muitas vezes financia) pesquisas em novas áreas para o desenvolvimento. No segundo caso, identifica projetos que tenham importância e que já estejam em andamento no Reino e fornece assistência técnica e financeira para garantir o sucesso dos mesmos. Sua principal preocupação tem sido garantir novos recursos hídricos e preservar o fornecimento existente. Muito embora a Tailândia seja um país com bastante chuva, a precipitação não é distribuída de forma uniforme. Como resultado, o Reino flutua entre o excesso e a falta de chuva, dependendo da localização e da época do ano. O desafio é o de evitar que a água seja derramada para o mar, criar novas fontes (criação de chuva) e enviar a chuva para onde é mais necessário. Necessita ainda de uma maior eficiência na irrigação, para que não haja perda de água durante o caminho para o campo ou contribua com a erosão. A agricultura ficou mais complexa, com muitos produtos, os quais nunca haviam sido cultivados antes. Da mesma forma que a água é reciclada e utilizada para múltiplos usos, Sua Majestade busca o conceito de Agricultura Integrada, onde os produtos que são descartados de um processo se tornam matérias-primas em outro. Ele também procura novas culturas que possam gerar mais renda para as famílias rurais e pesquisa formas em que as terras não produtivas possam se tornar frutíferas. Como resultado, as últimas quatro décadas testemunharam um aumento na área de terra dedicada à agricultura e um grande aumento no número, na variedade e na produtividade das culturas cultivadas.

Irrigação

O fornecimento de água para uso nas fazendas sempre foi um dos principais focos no trabalho de desenvolvimento de Sua Majestade. Neste esforço, ele trabalha em próxima colaboração com o Departamento Real de Irrigação (Royal Irrigation Department-RID) do Ministério da Agricultura e Cooperativas, para projetar e implantar projetos hídricos. Era natural que a região na qual ele focaria primeiro seria a região que era estimulou seu interesse nos trabalhos de desenvolvimento: Isan, a região Nordeste, que Suas Majestades visitaram em 1955. A região mais seca e mais pobre da Tailândia, o solo de Isan, não tem a fertilidade encontrada nas outras regiões, e as chuvas são poucas ou irregulares.

Quando ele começou seu trabalho, a região de Isan não tinha eletricidade nem água encanada. Assim, a meta era a de construir represas para energia hidrelétrica e para irrigação, uma tarefa a qual ele se dedicaria nas próximas duas décadas. A maior destas, a Represa Sirindhorn, construída em 1971, criou um enorme lago entre Ubon Ratchathani e a divisa com o Laos. Foi possível abastecer uma grande região com água para irrigação e peixes das águas estocadas, para complementar a renda familiar.

Depois deste início encorajador, passou a dar atenção a outras partes da Tailândia. Seu interesse estava não apenas na obtenção de água para irrigação, mas na preservação das regiões das bacias hidrográficas, para garantir fornecimento em todo o ano. Em interesse particular estavam algumas vilas com lagos para irrigação e habitat para peixes. Ele tem sido incansável em seu trabalho junto aos residentes do vilarejo para concretizar seus sonhos de um fornecimento constante de água. Fotografias das visitas de Sua Majestade ao vilarejo sempre o mostram com mapa na mão, discutindo com fazendeiros e oficiais sobre a forma mais eficiente de obter e distribuir água, a salvadora da vida.

Criação de Chuva

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Entre os projetos de fornecimento de água mais conhecidos e mais bem sucedidos de Sua Majestade está o Programa Real de Criação de Chuva. Depois de visitar os Estados Unidos em 1962, começou a estudar os modos em que as nuvens poderiam ser estimuladas a produzir chuva. Em 1969, efetuou testes preliminares no Parque Nacional Khao Yai usando um Cessna 180 e gelo seco. Em agosto de 1969, ele mudou para Hua Hin e usou dois aviões em uma variedade de condições meteorológicas para estabelecer o que funcionaria melhor. Inicialmente financiou esta pesquisa com seu próprio dinheiro, mas em 1970 buscou financiamento temporário para um “Projeto de Criação de Chuva” do governo. Assim, estabeleceu o Instituto Real de Desenvolvimento e Pesquisa de Criação de Chuva. Com base nisso, ele passou muitos anos refinando suas técnicas para estar de acordo com as diversas condições de nuvens e também para se adequar as diferentes áreas geográficas e climas, tendo obtido muito sucesso em toda a Tailândia. Ele continua a investigar novas técnicas. Em 1999 ele criou o que chamou de “Super Sanduíche”. Depois de agitar e aumentar as nuvens, dois aviões são colocados em vôo, um para colocar gelo seco nas partes quentes da base das nuvens, e o outro para espalhar a massa mais fria das nuvens, a uma altura de 3.000 metros. A chuva cai invariavelmente sobre a terra seca.

O Projeto Real de Criação de Chuva foi registrado com a Organização Meteorológica Mundial em 1982 e hoje compartilha dados de pesquisa com instituições semelhantes em todo o mundo. Em 1999, ele criou o “Livro Real da Criação de Chuva” ilustrado, para dar orientações a outras pessoas que buscam estas tecnologias. Em 2001, foi agraciado com a Medalha de Ouro com Menção na Brussels Eureka 2001 por este livro e pelo projeto em si. Em agosto de 2002, o Gabinete Tailandês designou o dia 14 de novembro de cada ano como o “Dia do Pai da Criação  Real de Chuva” para homenagear seu trabalho na área.

“A criação de chuva é como um navio de guerra; você atira para longe, depois para perto, para atingir apropriadamente o alvo. Como temos facilidades para a criação de chuva, devemos ter certeza de usá-la de forma correta, para levar a chuva aos lugares corretos.”

Agricultura Integrada

A agricultura integrada é uma combinação de dois processos para obter um benefício maior. As tilápias soltas nos campos de cultivo do arroz foi o primeiro empreendimento de Sua Majestade. Desde então, ele se concentrou num elemento básico da Agricultura Integrada: o uso de elementos não utilizados em um processo como matéria-prima para o outro. Os projetos de maior importância são:

1. Enriquecimento dos campos produtores de arroz. Legumes são plantados como culturas lucrativas nos meses entre as épocas de cultivo (junho a dezembro). A cultura é então arada para baixo antes do início da próxima época de plantio de arroz, para enriquecimento do solo. Assim, o processo usa adubo biológico no lugar do adubo químico.

2. Nas áreas montanhosas, onde os principais cultivos são o milho verde e a vagem, o subproduto do cultivo de cogumelos é usado para melhorar a fertilidade do solo. Para aumentar a produtividade, culturas e vegetais livres de adubo químico, são plantados, usando o líquido biológico extraído de carcaças de animais e plantas, para substituir as substâncias químicas.

3. Frangos, patos e gansos ajudam a eliminar as ervas daninhas, significando que não há necessidade do uso de herbicidas nem pesticidas. Os frangos também são criados em plantações de toranja, para controlar os insetos.

4. Manejo animal: porcos, patos-mandarins, gansos, rãs e peixes são alimentados com restos vegetais para reduzir o custo da ração animal. Gaiolas para patos e frangos são construídas acima do lago de peixes. Suas fezes caem no lago como comida para os peixes. Além disso, a água do lago fica rica em nutrientes, e assim, depois que os peixes foram recolhidos, a água pode ser solta nos campos para adubar o solo.

Novas Culturas, Peixes e Pecuária

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Desde que Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej se envolveu com o desenvolvimento rural, Sua Majestade procurou alargar a base da produção agrícola da Tailândia. Aproveitando a abundante luz solar da Tailândia, altas temperaturas e bastante água, ele procurou introduzir e desenvolver novas culturas agrícolas que foram inicialmente projetadas para serem parte dos programas de substituição de produtos, para que as pessoas das tribos deixassem de cultivar o ópio. Culturas de países estrangeiros também foram testadas e introduzidas na Tailândia.

Gradativamente, a variedade de culturas e a distribuição geográfica foram aumentadas, de forma que hoje, praticamente qualquer tipo de legume ou fruta pode ser cultivado na Tailândia, uma situação inconcebível 40 anos atrás. Em muitos casos, houve a necessidade de uma pesquisa considerável para adaptar estas culturas às condições locais, para aumentar os sabores, e para aumentar sua produtividade. As pesquisas nos centros de Sua Majestade e nos laboratórios do Departamento de Agricultura deram certo, resultando em maior renda para as famílias do campo e no número de produtos colocados nos mercados estrangeiros. Isso ainda gerou uma agroindústria de alta tecnologia para processar as frutas e os legumes crus, transformando-os em produtos de maior durabilidade para os clientes no estrangeiro. Em anos recentes, os centros de pesquisa de Sua Majestade desenvolveram diversas novas variedades de tilápia, a carpa comum e o peixe-gato Mekong gigante (Pla Buek) para soltura em rios, córregos e lagos. Além disso, programas ambiciosos de reprodução de gado têm cruzado variedades locais resistentes com variedades estrangeiras, de maior tamanho, para criar variedades maiores e mais produtivas. Os híbridos podem ainda suportar as condições locais sem a necessidade de ter ração ou acomodações especiais. O lago de rãs, visto agora em muitas fazendas, é onde grandes variedades são reproduzidas para comida, sendo um item bastante popular nas dietas do Norte e Nordeste.

Para aumentar o conhecimento de novas técnicas e oportunidades por parte dos agricultores, cursos em manejo animal são um dos pontos fundamentais dos esforços de desenvolvimento por parte das agências Reais e departamentos do governo.

“O desenvolvimento da pesca deveria estar de acordo com a área local e deveria ainda buscar o desenvolvimento natural dos recursos hídricos, como por exemplo, rios e pântanos, pois ambos são locais de reprodução e para estimular a população local a obter benefícios de tais lugares. Além disso, os legumes e culturas podem ser cultivados nas áreas vizinhas. Em relação aos lagos recentemente cavados, estes costumam encontrar problemas de falta de água e, em caso de enchentes, os peixes irão escapar.”

Fertilidade do Solo

O desafio em muitas partes da Tailândia é o de transformar terras improdutivas em terras férteis. Um exemplo estelar da resolução de problemas pela família real foi feito na província de Narathiwat, na parte sul do país. Neste local, 41.897 hectares de terra encharcada e com turfa estavam em cima de uma argila marinha com pirita, que ficou muito ácida quando exposta ao ar, fazendo com que o cultivo fosse impossível. Pesquisas feitas pelo Centro Real de Estudo de Desenvolvimento Phikun Thong revelou que a mistura de terras com calcário no solo resolveria o problema da acidez. No entanto, continuou a necessitar da aplicação de grandes quantias e a um custo bem maior do que os orçamentos da maioria dos fazendeiros.

Mais realista seria a possibilidade de escavar canais para colocar água doce no solo, o que removeria a maior parte da acidez. Então, novas culturas que pudessem tolerar melhor a acidez do solo teriam que ser encontradas. As experiências revelaram que a seringueira, intercalada com a zalaca doce, que produz grandes frutos parecidos com a lichia, se daria bem nestas condições. Assim, a poeira de calcário foi reservada para que os lagos de peixes fossem habitáveis para os peixes sem afetar seu sabor. Além disso, uma parte do terreno foi usada para o manejo animal, introduzindo espécies resistentes como aves, cabras, carneiros e gado, que poderiam usar as condições de forma ótima.

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Meio Ambiente

O centro dos esforços agrícolas de Sua Majestade é a percepção de que, se o ambiente for impactado pelo desenvolvimento, então todas as áreas da economia tailandesa também serão afetadas. Sua Majestade tem, assim, enfatizado a necessidade de preservar o meio ambiente: “Problemas ambientais farão com que o mundo mude... Assim, é o nosso dever como cidadãos do mundo, ter conhecimento e um claro entendimento para que possamos achar uma maneira de resolver o problema de uma forma correta.” Tendo isso em mente, ele iniciou vários programas com o propósito de preservar as fazendas e as florestas, eliminar os problemas ambientais e restaurar as áreas danificadas.

Reflorestamento

Em um passado distante, a Tailândia esteve coberta por florestas. Já na década de 1960, as áreas de floresta da Tailândia haviam sido reduzidas a 50%, sendo que a maior parte deste decréscimo decorreu por meio da criação de terras cultiváveis pelos fazendeiros. Já na década de 1980, a área total de florestas sofreu mais um decréscimo - para 20% ou menos, devido à atuação do corte de árvores sem regulamentação. Ciente dos danos potenciais à economia do país, o governo proibiu o corte de árvores em 1989. Mesmo assim, em 1990 foi estimado que uma área de solo superior com valor aproximado de 20 milhões de baht estava fluindo para o mar, sendo uma perda significativa para o cultivo. No entanto, a paralização do desmatamento não bastava: estas áreas tinham que ser reflorestadas e foi para este fim que Sua Majestade entrou em um grande programa de reflorestamento.

O desafio era plantar árvores que restaurariam as bacias hidrográficas e também serviriam como fonte de madeira e fontes de renda em anos futuros, para substituir as espécies perdidas. Sua Majestade começou criando plantações teste nas terras da Villa Chitralada, no Palácio Dusit, como precursor de um esquema nacional de replantio. Seu objetivo tinha um largo escopo:

“... o reflorestamento pode ser definido como sendo o fornecimento de árvores para madeira, para frutas e para a extração de carvão. Não importa se é uma floresta de árvores madeireiras, árvores frutíferas ou para fabricação de carvão. Apenas deixe que haja uma floresta de árvores que cumpra seu papel como um recurso natural que seja capaz de beneficiar a população.”

No Norte, em Huai Hong Khrai, Sua Majestade estabeleceu um Centro Real de Estudo de Desenvolvimento para explorar diversas técnicas de reflorestamento. Escolheu árvores as quais espalham sementes por uma área mais extensa, para que se autopropagassem, e plantou-as em fileiras. Em linha com seu objetivo primordial de que as árvores deveriam fornecer muitos benefícios, ele escolheu espécies que poderiam ser usadas tanto para madeira, frutas ou carvão. Estas árvores trazem quatro benefícios à comunidade: madeira para complementar a renda familiar, lenha para combustível doméstico e uma fonte natural de alimentos para consumo, enquanto preservam as bacias hídricas. Sabendo que em muitas partes do Norte há necessidade de água para irrigar as árvores em crescimento, desenvolveu ainda três maneiras diferentes para garantir um fornecimento constante de água para irrigação:

Método 1: Represas para irrigação de florestas. A água das represas é transportada para dentro das áreas da floresta. Assim, as árvores não dependem exclusivamente da chuva que cai seis meses ao ano, podendo, então, crescer o ano todo. Além disso, a água liberada no período das secas previne ou retarda a ocorrência de incêndios que normalmente ameaçam as florestas entre as temporadas de monções, criando quebras úmidas para evitar o fogo.

Método 2: Represas de controle. A construção de represas de controle nas áreas de morros torna mais lenta a saída de água da chuva que retira a parte superior do solo, que poderia encher de lama, assim fechando os riachos. Sempre que possível, estas represas devem ser construídas de materiais disponíveis no local, como pedras ou bambu. A água presa entra nas áreas adjacentes para irrigar as árvores, assim promovendo seu crescimento.

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Método 3: Uso eficiente da água da chuva. Nas áreas além do alcance dos riachos, especialmente as situadas em morros íngremes, Sua Majestade idealizou a maximização da água de chuva disponível, captando-a em pequenas represas e cavando sulcos ao longo dos lados dos morros. Isto evita que a água flua diretamente para baixo, levando o solo junto. Momentaneamente fixa no lugar, a água pode então penetrar nas laterais do morro, irrigando as árvores. Em 1981, Sua Majestade escolheu a Baía de Khung Kraben, na província de Chanthaburi, na parte leste da Tailândia, como seu local de experiências. Ali, a pesca excessiva havia causado grandes reduções no estoque de peixes. Os mangues restantes tinham sido convertidos, sendo usados para a criação de camarões. Infelizmente, esta conversão de uso permitiu que água com salmoura entrasse nas áreas de fazendas próximas, prejudicando a produção agrícola. Sua Majestade estabeleceu um Centro de Pesquisa nesta área, para elaborar uma abordagem integrada para solucionar este problema, preservando o meio ambiente enquanto dava novas oportunidades de geração de renda para os residentes na região. Sua Majestade criou lagos para os camarões, para conter a salmoura e controlar a soltura de água poluída para dentro das áreas vizinhas. A concentração das fazendas de camarões em uma pequena área reservou um espaço maior para a replantação de mangues. Assim, foi possível reestabelecer o equilíbrio e deixar os fazendeiros prosperarem com a bonança vinda do mar. As árvores dos mangues agem também como filtros naturais para a limpeza da água que passa por elas, usando nutrientes que são descarregados dos lagos, em quantidades controladas. “A teoria de represas de controle para as florestas dá outros benefícios além do uso de água para restaurar a umidade das florestas e prevenção de enchentes.” “No reflorestamento, é muito importante deixar as árvores crescerem sozinhas; não interfira e não cometa qualquer tipo de abuso contra elas.”

Erosão do Solo

Sua Majestade recomendou plantar fileiras de árvores frutíferas misturadas com culturas das terras altas para evitar a erosão do solo. As árvores de tamarindo foram escolhidas, devido à capacidade de suas raízes para manter o solo compacto. Em 1987, sugeriu que a água deveria ser captada para que os nutrientes estivessem disponíveis para as árvores e plantas rio abaixo, esculpindo pôlderes rasos, na forma de diamantes, no morro. As árvores foram plantadas nas intersecções dos diamantes para receber água de duas direções para cima do morro. Uma segunda abordagem foi a de esculpir planos de nível, em intervalos na área de cultivo de arroz no alto do morro, para que as árvores frutíferas plantadas nestes níveis fossem irrigadas pela água que flui para fora dos campos de cultivo do arroz. Poderiam também ser usadas culturas de curta duração para maximizar a drenagem. Os restos das plantas serviriam também para nutrir as árvores. Outra abordagem interessante recomendada por Sua Majestade para evitar a erosão do solo é de plantar grama vetiver, cujo o longo e complexo sistema de raízes é considerado um excelente aglutinador de solo. No Centro Real de Estudo de Desenvolvimento em Bhuphan, no Nordeste da Tailândia, os experimentos com o vetiver mostraram resultados encorajadores. Em reconhecimento ao papel de Sua Majestade na preservação do solo e da água, o Banco Mundial presenteou Sua Majestade com um Prêmio da Escultura Vetiver, folheado a bronze, em 1993. “Depois que criei o meu próprio solo da areia, o coloquei na água e dei uma agitada. Depois que se assentou, só vi areia restando; a terra em si havia desaparecido.”

Aguapé e Outras Pragas Agrícolas

Qualquer pessoa que visitou os canais de Bangcoc sabe da ocorrência do aguapé (Jacinto d’Água); durante o período das chuvas, muitas vezes é tão concentrado que chega a bloquear um curso de água. Esta erva daninha é uma planta exótica, introduzida a partir da Indonésia como planta decorativa, no final do século XIX. Nas águas lentas e quentes perto de Bangcoc, rapidamente se tornou uma praga, afogando os cursos d’água. Parece não ter valor comercial, então a sua colheita ficou sem recompensas. Assim, proliferou. Ocorreu com particular intensidade no Pântano Makkasan, na ponta nordeste da cidade. Sua Majestade começou um projeto para filtrar as águas poluídas que fluía do pântano para Saen Saeb, um canal importante que passa pelo coração da capital. Como o aguapé pode absorver metais pesados, limpou o pântano, tirando as substâncias químicas que têm matado os peixes. Hoje, os peixes vivem bem na água

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higienizada. Ele ainda achou uma forma econômica de converter os aguapés em excesso em adubo para fertilizar os jardins comerciais, que produzem muitos dos legumes que podem ser encontrados nas feiras de Bangcoc, fazendo com que um produto descartável se transformasse em um ativo de valor.

Prevenção de Enchentes em Bangcoc

Um dos projetos mais inovadores de Sua Majestade na área de prevenção de inundações é o Kaem Ling, que significa Projeto Bochecha de Macaco. Em 1995, ele explicou que sua inspiração para este projeto veio das lembranças que tinha de macacos quando era criança: “Lembro que quando tinha cinco anos de idade, tivemos macacos e demos bananas a eles. Eles mastigavam [as bananas] e depois mantinham a comida nas bochechas. Sua Majestade aplicou este conceito para a estocagem de água para uso em tempos de necessidade, construindo “uma área de retenção para manter a água longe quando a água do mar sobe e quando as águas das inundações não podem ser evacuadas”. Devemos, portanto, ter uma Bochecha de Macaco e soltar a água sempre que possível. O projeto foi implementado pela primeira vez em Thonburi. Foram construídos diques e bombas de alta potência foram instaladas; foram construídos canais pelas ruas, com caminhos levando ao fim do rio. Hoje em dia, quando as fortes chuvas ameaçam inundar as ruas, o projeto Kaem Ling ajuda a deslocar a água em excesso para o rio Chao Phraya, para que a cidade continue seca. O sucesso logrado por este projeto levou a projetos semelhantes em outras áreas, como: Rangsit, Saraburi, Ayutthaya, Pathum Thani e Samut Prakan. Diques semelhantes foram instalados nas margens de outros rios, como por exemplo o Rio Tha Chin, que remove a água das enchentes do Planalto Central para o Golfo da Tailândia.

Saúde

Sua Majestade começou a se envolver em questões de saúde de uma forma natural. Tendo pai médico e mãe enfermeira, ficava evidente que o atendimento médico seria um elemento vital nos seus esforços de assistência. Seu pai, o Príncipe Mahidol, recebeu o Certificado de Saúde Pública (Certificate of Public Health - CPH) em 1921 e se formou em Medicina com distinção em 1928, ambos na Universidade Harvard. Voltou à Tailândia onde trabalhou como médico residente no Hospital McCormick em Chiang Mai. As iniciativas e os esforços do Príncipe na área de educação médica, saúde pública, enfermagem e pesquisas médicas tiveram efeitos duradouros sobre a melhoria da medicina moderna e a saúde pública, tanto que foi agraciado postumamente com o título de “Pai da Medicina Moderna e Saúde Pública da Tailândia”. O apoio da sua mãe foi fundamental. Em 1964, ela criou um Serviço Aéreo de Médicos Voluntários para dar assistência médica ao povo, inclusive às famílias que vivem nas montanhas, morando aonde as estradas não chegam. Em um único ano, o ano de 1973, os voluntários fizeram mais de 700 voos e trataram quase 250 mil pacientes. Ela ainda usou seus fundos pessoais para dar bolsas de estudos para tailandeses merecedores, para estudarem medicina em universidades em outros países.

Unidades Médicas Reais

Em 1965, Sua Majestade - o Rei Bhimibol Adulyadej, em uma visita ao interior, trouxe a sua Unidade Médica Real. Esta unidade médica desde então se tornou uma parte integral de cada viagem à área rural. Sua Majestade está ativamente envolvida nos trabalhos da unidade médica – sentando pacientemente com as pessoas doentes do vilarejo, explicando a eles como devem tomar as doses diárias dos medicamentos receitados. As pessoas que necessitam de tratamento mais extenso são transferidas a um hospital, onde são patrocinadas por Sua Majestade em seus gastos médicos e domésticos durante o internamento. Além disso, clínicas foram abertas perto de seus palácios em todo o interior do país, para fornecer serviços de saúde sem custo para os residentes dos vilarejos. A população ribeirinha, que mora ao lado de rios ou canais é, também, cuidada pela Vejapah, um barco da Cruz Vermelha que está completamente equipado para fornecer serviços médicos. Todas as unidades médicas têm a presença de médicos reais ou militares,

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ou outros funcionários da Divisão Médica Real. Os esforços e as contribuições de Sua Majestade receberam reconhecimento internacional. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu-lhe a “Medalha de Ouro Saúde para Todos”, por seu trabalho em prol da melhoria da saúde geral dos pobres.

Unidade Odontológica Real Móvel

Além das doenças normais, muitas pessoas nos vilarejos sofrem de problemas dentários. Em 1970, Sua Majestade, para atender a esta necessidade, estabeleceu uma Unidade Odontológica Real Móvel sob a coordenação do seu próprio dentista. Suas instruções eram as seguintes:

“Gostaria que você cuidasse da saúde bucal dos estudantes que vivem em áreas remotas. Assumirei todas as despesas e lhe darei uma unidade odontológica móvel para ir aos mais remotos vilarejos e povoados.”. Desde aquele modesto início, outras equipes se formaram. Hoje, estas equipes são, muitas vezes, o único serviço de cuidados odontológicos que as pessoas dos vilarejos terão na vida.

Visitas aos Vilarejos

Nos últimos anos, o trabalho da Equipe Médica Real tem sido expandido para cobrir algo mais que apenas os cuidados gerais. As Equipes Médicas Reais agora têm especialistas para tratar problemas nos olhos, ouvidos, nariz e garganta. Há outros profissionais especializados em alergias. Trabalham sozinhos, ou então auxiliam os médicos nos hospitais das províncias. O monitoramento dos pacientes é realizado pela equipe da Divisão de Assuntos Pessoais de Sua Majestade - a Rainha, monitorando a recuperação do paciente até que este possa voltar para casa. A Divisão ainda dá fundos para as pessoas até que possam voltar ao trabalho. Para ajudar o pessoal militar e civil ferido em ação, em 1968 Sua Majestade financiou o estabelecimento de uma Oficina Vocacional e de Membros Artificiais, no Hospital Phra Mongkutklao em Bangcoc. Em 1982, como parte da sua meta de estabelecer autossuficiência rural no que tange ao atendimento médico, Sua Majestade lançou um programa para treinar as pessoas do próprio meio rural. As pessoas selecionadas dos vilarejos participam de programas de treinamento na área médica para se tornarem paramédicos capazes de lidar com doenças comuns e dar o primeiro atendimento a emergências. Além disso, oferecem medicina preventiva simples e aconselhamento nutricional para outras pessoas do vilarejo, especialmente atendimento pré-natal para garantir nascimentos saudáveis.

Fundação Rajprachasamasai

Durante séculos, o território tem sido devastado pela hanseníase (lepra). Esta doença, tão horrível e deformadora, tem causado muita dor e tornado deficientes físicos muitos residentes de vilarejos, fazendo com que não possam trabalhar e nem sustentar as famílias. Sua Majestade chegou à conclusão de que a única forma de controlar a doença de forma significativa seria estabelecer a infraestrutura necessária para lidar com este problema.

Com este objetivo, em 1957 Sua Majestade criou o Instituto de Pesquisa Rajprachasamasai para ajudar com o diagnóstico, a prevenção, o tratamento e o controle da lepra. A instituição operava junto com agências internacionais de saúde para compartilhar informações, tendo em vista a possível eliminação deste problema grave. Motivado pelo sucesso obtido, em 1962 Sua Majestade criou a Fundação Rajprachasamasai. Esta organização é o braço de pesquisa do Instituto e dá assistência imediata às vítimas. Seu componente educativo treina 31.000 médicos, enfermeiros, estudantes de medicina e atuantes da saúde pública a cada ano. Como um serviço adjunto, a Escola para Crianças Leprosas foi construída em Phra Pradaeng, ao sul de Bangcoc. Lá, 225 crianças com lepra recebem educação gratuita, além de moradia e alimentação grátis. Como resultado dos esforços de Sua Majestade, a lepra foi quase que totalmente eliminada do Reino.

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Educação

Entendendo que a educação é essencial para que os cidadãos possam melhorar suas vidas, Sua Majestade tem se envolvido em várias áreas de atuação para promover a aprendizagem formal, especialmente para os mais necessitados, os deficientes e as crianças. Ele começou em Hup Kaphong, onde 13 entre os 20 projetos iniciais de desenvolvimento estavam relacionados à construção de escolas. Além disso, entre 1952 e 1970, a Fundação Chao Pho Luang Upatham, de Sua Majestade, construiu oito escolas para crianças carentes de nível primário e secundário, especialmente no Norte. Construiu ainda quatro escolas assistenciais nos subúrbios de Bangcoc, para onde muitas pessoas do meio rural migraram procurando melhores condições de trabalho. A partir de 1972, Sua Majestade construiu escolas Romklao em áreas de fronteira afetadas por conflitos militares. Estas escolas tinham funcionários que eram militares treinados ou pessoas da Polícia de Fronteira. Entre 1963 e 1974, Sua Majestade construiu mais nove escolas para crianças em vilarejos montanhosos remotos e 31 escolas para os filhos dos oficiais e funcionários do Departamento Florestal Rural.

Atualmente, a fundação Navaruck dá apoio a estudantes carentes de nível primário ou secundário. Com suas verbas pessoais, Sua Majestade iniciou a construção de escolas templo, com monges para dar aula a crianças pobres e órfãs. Outras escolas foram construídas para dar aulas a crianças de pais afetados pela lepra, como também para lecionar a estudantes deficientes físicos ou que apresentem atraso de desenvolvimento. Houve também a construção de escolas em resposta a desastres naturais. Depois que o tsunami atacou o sul do país em 2004, Sua Majestade enviou verbas para as áreas afetadas, para reconstruir quatro escolas nas províncias de Phang-nga, Phuket, Krabi e Ranong.

Sentindo uma necessidade de formação vocacional, Sua Majestade abriu as escolas Phra Dabot (ermitões) em 1975, para dar treinamento profissional a estudantes indigentes. O nome sugere o tipo de treinamento personalizado que nos tempos de outrora era conduzido por conhecedores monges da floresta. Abertas a qualquer pessoa, começaram com o fornecimento de treinamento em rádio e eletrônica na Secretaria Real do Lar em Bangcoc. Encorajado pelo sucesso obtido, o programa foi depois estendido para incluir: consertos de rádios, soldagem, construção e habilidades elétricas em seu currículo. Para possibilitar estudantes merecedores a prosseguirem com seus estudos até o nível superior, Sua Majestade - o Rei Bhumibol Adulyadej, em 1965, reviveu a tradição da Bolsa de Estudos do Rei, que havia sido criada pelo seu avô, Sua Majestade - o Rei Chulalongkorn, no início do século. Reconhecendo ainda a falta de materiais de referência para os estudantes, Sua Majestade deu início ao projeto da Enciclopédia Tailandesa Júnior, segundo o qual equipes inteiras de acadêmicos buscaram produzir três edições de uma enciclopédia completa. A edição mais complexa é para crianças mais velhas e também para adultos; as outras duas edições são para os alunos da primeira e segunda metades do ensino fundamental. A tiragem inicial de 10.000 cópias teve várias reimpressões, com metade dos livros sendo distribuída para bibliotecas escolares em todo o país. Alinhada com a nova era, a Fundação de Aprendizagem à Distância via Satélite, lançada em 1995, conecta salas de aula na escola privada de Sua Majestade, a escola Wang Klai Kangwol em Hua Hin, àquelas em todas as partes da Tailândia. É garantido que a mesma educação de qualidade que é apresentada para os estudantes nas escolas urbanas de elite seja disponibilizada também para os estudantes nas áreas rurais. Reconhecendo o valor dos programas, os governos de Yunnan, na República Popular da China, do Camboja, de Laos, de Myanmar e do Vietnã solicitaram que as transmissões fossem disponibilizadas para estudantes nestes países. Várias escolas e universidades nestes países receberam ainda bolsas de estudos para comprar equipamentos de ensino à distância. Como resultado do seu esforço e da sua inspiração, as crianças do Reino podem ter uma educação de qualidade, independente da sua situação. Os resultados são ilustrados melhor com estatísticas. No meio da década de 1940, a taxa de analfabetismo era de 50%, já hoje, mais de 95% da população de 63 milhões de pessoas sabem ler.

“Nosso principal objetivo, porém, não é o de transmitir conhecimentos, mas sim que todas as áreas do conhecimento sejam uma base para a união e a força de uma nação, e até mesmo de toda a humanidade.

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Por exemplo, a área da economia se correlaciona com a ciência, a história, a linguística e a geografia. Nosso objetivo principal é que os usuários desta enciclopédia possam ver a indivisibilidade do nosso mundo e a interdependência entre as nações.”

Inspirando a Sua Família

Sua Majestade - o Rei da Tailândia inspirou vários membros da sua família a se envolverem ativamente em projetos de desenvolvimento.

Sua Majestade - a Rainha Sirikit: Em 1972, ao viajar com Sua Majestade - o Rei pela província nordestina de Nakhon Planom, Sua Majestade achou um lindo tipo de seda local chamado de mudmee. Vendo que a produção do mesmo seria uma forma de trazer renda para as mulheres dos vilarejos que o tecessem, estabeleceu-se uma fundação para lidar com todos os aspectos da operação, desde a criação de bichos de seda até o marketing. Seu sucesso neste projeto a levou a explorar outros tipos de artesanato típicos da Tailândia, descobrindo que uma dúzia, ou até mais, estavam se extinguindo por falta de divulgação.

Embarcou então em uma empreitada ambiciosa que envolveu o engajamento dos velhos mestres para ensinar aos jovens artesãos os pontos mais elaborados das suas atividades. Em 1976 ela criou a Fundação para a Promoção de Ocupações Suplementares e Técnicas Relacionadas (Foundation for the Promotion of Supplementary Occupations and Related Techniques -  SUPPORT) para garantir que o programa continue no futuro por longa data. Ela abriu ainda um número de lojas Chitralada em todo o Reino para vender os produtos feitos pelos participantes da SUPPORT.

Sua Alteza Real - o Príncipe Herdeiro Maha Vajiralongkorn: Tendo passado muito tempo no interior, em visitas próprias ou acompanhando outros membros da Família Real, o Príncipe ficou a par da necessidade de melhores cuidados médicos aos residentes das áreas rurais. Em 1987, ele estabeleceu hospitais de serviço completo no sul, em Nakhon Si Thammarat, Yala e Pattani; e no nordeste, em Kalasin, Ubon Ratchathani e Udon Ratchathani, frequentemente visitando os pacientes nestes hospitais para garantir que recebam o melhor tratamento médico disponível. Sua Alteza Real - a Princesa Maha Chakri Sirindhorn: A princesa Maha Chakri Sirindhorn é comumente vista em fotos das viagens do seu pai para o interior para supervisionar projetos de desenvolvimento rural. Ela está normalmente ao lado do seu pai, tomando notas cuidadosas para referência posterior. Ela iniciou vários projetos importantes por si só, especialmente nas áreas de educação para crianças e saúde, e também na pesquisa cultural, com o lançamento de um programa de hortas escolares para suplementar a dieta diária das jovens crianças. Seu interesse em novos conhecimentos a levou a criar o Centro de Antropologia Sirindhorn. Esta instituição opera um componente de pesquisa que tem adicionado muito a um entendimento dos aspectos mais esotéricos da cultura tailandesa.

Sua Alteza Real - a Princesa Chulabhorn: A princesa Chulabhorn é uma pesquisadora na área química que criou a Fundação Chulabhorn em 1986 e o Instituto de Pesquisa Chulabhorn em 1987. Estas duas instituições enfocam a química da preservação, tanto para preservar o meio ambiente como também para defender o uso de produtos naturais. O Congresso Chulabhorn de Ciência da Princesa reúne especialistas de todo o mundo para compartilhar seus conhecimentos das questões ambientais, científicas e tecnológicas.

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Princesa Ubol Ratana: A princesa Ubol Ratana estabeleceu a Fundação Princesa Ubol Ratana sob o patrocínio de Sua Majestade - a Rainha em 1995 para ajudar programas de almoços suplementares para crianças pobres no meio rural da Tailândia em sua escola/mosteiro. O seu filho Khun Poom veio a óbito no trágico tsunami de 2004 enquanto passava férias em Khao Lak, no sul do país. Subsequentemente a princesa estabeleceu a Fundação Khum Poom, em memória de seu filho, para arrecadar fundos para estimular o desenvolvimento de crianças autistas e desavantajadas, e também dar auxílio assistencial para as vítimas do tsunami. Fundou ainda o “Projeto Para Ser o Número Um” para fazer campanha contra o uso de drogas entre os adolescentes.

A Face da Nação

Sua Majestade é um símbolo vivo da Tailândia, sendo ainda a personagem tailandesa que o mundo conhece melhor. Bem colocado no meio da realeza mundial, ele recebeu comendas pelas suas realizações, dadas por governos, organizações e universidades em todo o mundo. Na década de 1960, Sua Majestade, acompanhado por Sua Majestade - a Rainha Sirikit, viajou a diversos países da Ásia, da América e da Europa, além da Austrália e a Nova Zelândia. Ele explicou os motivos da sua visita ao exterior em 1960 da seguinte forma: “Esta visita ao exterior é para servir ao meu país, é meu dever enquanto chefe de estado. É de conhecimento comum que durante este período qualquer país, grande ou pequeno, deve depender dos outros. Os povos de todas as nacionalidades estão inter-relacionados. Devemos então entender as características de cada um e criar um entendimento mútuo. Mostrarei às pessoas destes países que o povo tailandês nutre amizade por eles. Farei o possível para que conheçam a Tailândia e criem um bom relacionamento com o povo tailandês.” No entanto, depois de concluir sua viagem aos Estados Unidos e ao Canadá em 1967, Sua Majestade só saiu do país uma vez, em 1994, em uma visita ao país vizinho, a República Democrática Popular do Laos. Sua Majestade - a Rainha deu a seguinte explicação: “Sua Majestade não viaja ao exterior, pois sabe que a Tailândia está perto do perigo. Ele gostaria de ficar perto de seus súditos, para ajudar os pobres.” Durante seu reinado, Sua Majestade fez uma contribuição imensa para o fortalecimento das relações entre a Tailândia e vários países e organizações – recepcionando vários dignitários e delegações de outros países. Suas atividades de desenvolvimento rural, inclusive as técnicas de criação de chuva artificial e projetos de substituição de culturas, feitas para melhorar a vida dos seus súditos no Reino, serviram também como inspiração para a diplomacia do Reino em seus esforços para promover cooperação em desenvolvimento com países da Ásia e outros, fazendo com que Sua Majestade obtenha grande reconhecimento internacional.

Perguntas Frequentes

1. Qual o papel do monarca tailandês? Sendo um monarca constitucional desde 1932, o Rei da Tailândia está acima da política de partidos e da administração do governo. Ele reina, mas nunca governou. A Constituição da Tailândia diz que, como Chefe de Estado, o Rei exerce seu poder através da Assembleia Nacional, do Conselho de Ministros e dos Tribunais. Em outras palavras, as leis que passam pelo Parlamento e as nomeações das pessoas em altos postos (por exemplo: Presidente da Assembleia Nacional, Primeiro Ministro, membros do Gabinete) devem ser assinadas pelo Rei e contra-assinadas por aqueles devidamente autorizados, antes de entrar em vigor, enquanto os Tribunais tentam e adjudicam os casos em nome do Rei. Adicionalmente, além de ser defensor de todas as religiões, o Rei é ainda Chefe das Forças Armadas Tailandesas, tendo a prerrogativa de criar títulos e conceder condecorações.

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2. Por que os tailandeses amam seu Rei? A monarquia tem sido parte central da identidade tailandesa por mais de 700 anos. A associação entre o povo tailandês e esta instituição é bem enraizada na própria história da Tailândia enquanto nação. Ainda assim, é também a própria figura do Rei e o que ele tem feito que levou a monarquia a merecer o amor e respeito dos tailandeses em geral. Sua Majestade - o Rei tem sido uma inspiração para o povo tailandês, sempre com o bem-estar do povo tailandês em primeiro lugar em sua mente. Durante mais de sessenta anos, trabalhou duro em prol do bem-estar dos seus súditos, mantendo assim as promessas feitas no Juramento de Ascensão, para “reinar com retidão, para o benefício e a felicidade do povo siamês.”. Desde bem cedo em seu reinado, Sua Majestade - o Rei tem viajado a todos as partes da Tailândia, até os locais mais remotos e mais perigosos, conversando com os pobres e com os vulneráveis, para entender seus modos de agir e seus problemas, e achar formas de ajudá-los. Neste sentido, iniciou mais de 4.000 Projetos de Desenvolvimento Real, em áreas como a irrigação, atividades agrícolas, alívio de secas e enchentes, substituição de cultivo, saúde pública, aprendizagem à distância, promoção do emprego e alívio do trânsito. Esses projetos tocaram as vidas de muitos tailandeses – particularmente dos fazendeiros. Ele também inventou várias ferramentas e muitas técnicas que têm sido usadas para o desenvolvimento rural – tais como a criação de chuva artificial, prevenção da erosão do solo e purificação da água. A filosofia da economia de suficiência que contextualizou – enfatizando a moderação, consumo responsável e resistência a choques externos – também estabelece diretrizes para indivíduos e empresas sobre a vida sustentável e o desenvolvimento de imunidade contra os choques econômicos.

3. A monarquia tailandesa já se envolveu na política? Em anos recentes, houve tentativas por parte de vários grupos, para envolver a monarquia na questão política. No entanto, o fato é que Sua Majestade - o Rei sempre tomou muito cuidado para permanecer fora da política partidária. Nunca assumiu uma posição ou se envolveu na política. As poucas intervenções feitas pelo Rei, como em 1973 e 1992, acabaram com o derramamento de sangue nas ruas de Bangcoc após lutas entre soldados e protestantes. Foram intervenções humanitárias bem pensadas, e não uma ação de ordem política.

4. O Rei já deu sua aprovação implícita a golpes efetuados em nome da estabilidade e do governo limpo? O Rei está acima da política. O fato que o Rei concedeu audiências a, ou assinou, Comandos Reais nomeando líderes militares para gerenciar questões internas do estado depois que assumiram o controle é consistente com seu papel apolítico e não chegou a significar a concessão de uma “aprovação” para tal ação. Em 2006, o Rei ficou sabendo do golpe de 19 de setembro, somente depois que as forças armadas retomaram o controle. A audiência real foi concedida a pedido dos líderes das forças armadas, para relatar a situação e as ações tomadas com base em sua avaliação da situação. O objetivo do Comando Real de nomear o Líder do Conselho para a Reforma Democrática era de dar ao Conselho um mandato e a autoridade para manter a paz e fornecer uma base para a emissão de ordens, conforme necessário. Não indica nenhum tipo de apoio.

5. Como funciona a lei de lesa-majestade na Tailândia? A lei de lesa-majestade não é uma lei especial, mas sim parte do Código Criminal Tailandês (artigo 122). O código criminal considera a lesa-majestade como um crime contra a segurança nacional, pois a monarquia é uma das instituições mais importantes da nação. Assim, uma pessoa que encontrar uma suspeita de lesa-majestade deve, sozinho, iniciar a tramitação legal, ao fazer uma reclamação formal. A polícia deverá então reunir os fatos e investigar fatos e evidências para estabelecer o caso antes que possa ser enviado e analisado pelo promotor. Só então o promotor pode decidir se apresenta o caso ao Tribunal. Todos os passos seguem o processo jurídico apropriado, inclusive o direito de recurso assim que for condenado e a possibilidade de receber perdão da família real quando o caso estiver decidido.

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6. A lei de lesa-majestade prejudica a democracia e limita a liberdade de expressão?

A Tailândia dá às pessoas a liberdade de expressão; este direito é garantido pela Constituição Tailandesa. A lei de lesa-majestade não tem o objetivo de limitar estes direitos e nem o exercício livre da liberdade acadêmica, incluindo debates sobre a monarquia como instituição. Há, no entanto, um limite bem definido entre dar suas opiniões e acusar. O direito à liberdade de expressão também tem seus limites. Como bem reconheceu o Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos (CIDCP), o exercício do direito à liberdade de expressão pode “ter certas restrições” nos termos da lei e que sejam necessárias para: 1) garantir os direitos ou a reputação de outras pessoas; ou 2) proteger a segurança nacional ou a ordem pública ou saúde pública ou a moral e bons costumes. O exercício de tais direitos “traz deveres e responsabilidades especiais”. As pessoas que os exercem têm obrigação de não violar os direitos de outras pessoas, nem sujar as suas reputações sem justificativa válida. O que a lei de lesa-majestade de fato faz é dar proteção à família real e à monarquia da mesma forma com que a lei da difamação protege as pessoas comuns. A diferença é que, sendo uma instituição neutra, acima da política partidária e dos conflitos de ordem política, sendo ainda reverenciada pelo povo tailandês, a lei não permite que a monarquia possa processar as pessoas ou defender-se das alegações feitas.

7. Por que a lei de lesa-majestade vem sendo criticada? Ela foi usada como ferramenta de perseguição a oponentes políticos? Em anos recentes, a situação política atual fez com que os grupos políticos conflitantes venham tentando atrair a monarquia para dentro da política. Isso levou a vários casos de lesa-majestade.

8. O que tem sido feito para aliviar este problema? O governo reconheceu que, em anos recentes, houve casos aonde a lei foi aplicada de uma forma que talvez não seja condizente com seu propósito de proteger a dignidade da monarquia, de forma que, sem querer, possa afetar a liberdade de expressão das pessoas. Neste sentido, o Primeiro Ministro estabeleceu um painel aconselhador especial, com os ex-oficiais da reserva das agências envolvidas, para servir como um mecanismo para notificar a polícia e o promotor público sobre os méritos de casos associados à lesa-majestade que sejam de sua alçada. Este painel levará em conta, entre outros fatores, a presença da intenção de prejudicar a monarquia e também a importância do direito constitucional da liberdade de expressão do povo, como considerações importantes. Além disso, o painel irá estudar e considerar formas de implantar maiores melhorias e promover o entendimento público sobre a lei, pretendendo assim reduzir o número de instâncias resultando em casos de lesa-majestade.

9. Quem pode alterar a Lei? A lei em relação à lesa-majestade foi promulgada não por demanda de quem visa proteger. Sabe-se que Sua Majestade - o Rei não tem nada contra críticas e sente um pouco de desconforto com esta lei. No entanto, ele não está em posição de modificá-la. Na Tailândia, o poder legislativo está exclusivamente nas mãos do Parlamento, que exerce as vontades do povo tailandês.

10. Houve preocupações sobre possíveis implicações que a sucessão real possa ter sobre a estabilidade política. Há motivos para tais preocupações? A questão da sucessão real é regida tanto pela Lei do Palácio sobre a sucessão B. E. 2476 (1924), quanto pela Constituição. Assim, há regras estipuladas e também procedimentos sobre o que aconteceria caso houvesse necessidade. Disposições na Constituição atual também apresentam os papéis específicos do Conselho Privado, da Assembleia Nacional e do Gabinete. As seções das constituições da Tailândia que falam da monarquia – tanto a Constituição de 1997 quanto a atual de 2007 – não sofreram muitas modificações desde 1991. Segundo estas leis, Sua Majestade - o Rei tem o direito de nomear seu Sucessor ao Trono. Assim que o Rei fizer esta proclamação, a linha de sucessão fica clara. Neste sentido, o príncipe Maha Vajiralongkorn foi declarado o Príncipe Herdeiro, ou seja, o Sucessor ao Trono, em dezembro de 1972. Assim, não há motivos para incerteza nem bases para especulações neste sentido.

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11. É correto dizer que o monarca da Tailândia é o monarca mais rico do mundo?

Este conceito surgiu a partir de um estudo especial da Forbes sobre as Pessoas Mais Ricas na Realeza do Mundo, publicado em 20 de agosto de 2008 e nos anos seguintes, colocando o rei da Tailândia em primeiro lugar. Este relatório não é preciso, pois a Forbes inclui, no cálculo dos ativos possuídos pelo Rei, as terras e outros ativos que pertencem à Secretaria de Propriedades Reais e que não são propriedades disponíveis propriamente ao Rei. Para alguns outros monarcas, a Forbes considerou tais ativos como propriedade da nação. Pela Lei da Estruturação de Ativos Reais, de 1936, os ativos associados à monarquia da Tailândia se dividem em três grupos: 1) ativos pessoais do monarca; 2) ativos pertencentes à monarquia enquanto instituição, como os palácios, sob a administração da Secretaria do Lar Real; e 3) bens que pertencem à monarquia como instituição administrados pela Secretaria de Propriedades Reais, por uma comissão presidida em caráter oficial pelo Ministro das Finanças com não menos que quatro outros membros, inclusive o Diretor Geral da Secretaria das Propriedades Reais.