"A onda do jacaré"

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Pesca Brasil l 88 »Por: Janaína Quitério |Fotos: Marcelo Pinheiro [email protected] Especial Pantanal

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Publicado na Revista Pesca Brasil 22, em agosto de 2009. (Txt sem aplicação da Nova Ortografia): A equipe da Revista Pesca Brasil visitou o primeiro criatório comercial de jacaré do Brasil — a Coocrijapan (Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal). Além de preservar a espécie, a criação é uma importante fonte de renda na região e ajuda a disseminar de forma não predatória o comércio de carne, couro e artesanato em vários países

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»Por: Janaína Quitério |Fotos: Marcelo Pinheiro [email protected]

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A equipe da Revista Pesca Brasil visitou o primeiro criatório comercial de jacaré do Brasil — a Coocrijapan (Cooperativa de Criadores de Jacaré do Pantanal).

Além de preservar a espécie, a criação é uma importante fonte de renda na

região e ajuda a disseminar de forma não predatória o comércio de carne, couro e

artesanato em vários países

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Pequeninos, parecem de estimação. Por isso, a turma da Revista Pesca Brasil aproveitou para segurar os filhotes do Caiaman yacaré

no colo, manuseando com atenção para não levar trincada de dentes já afiados. Na maternidade da cooperativa de criação, os jacarés — de dois a quatro meses de idade — ficam amontoados para se aquecerem. Dezoito graus já é frio para esses animais hipotérmicos. “A única coisa que é agressiva ao jacaré, no interior do criató-rio, é o frio. No dia em que esfria, chego a retirar até 150 filhotes mortos”, lamenta Weber Girardi, respon-sável pelo marketing da cooperativa.

Na Coocrijapan, os vinte associados têm fazenda na região, de onde são retirados os ovos. Trata-se do sistema ranching: depois de os ovos serem coletados nos ninhos, são acomodados no berçário do criatório com temperatura e umidade fa-voráveis para a sua eclosão. Ovos que permanecem na temperatura entre 28 e 32°C dão à luz jacarés-fêmeas; de 32 a 34°C, machos. O sistema de coleta sustentável é rigorosamente controlado pelo Ibama, que tem mapeamento sobre as matrizes ativas do Pantanal e determina qual a porcentagem de ovos que podem ser retirados dos ninhos para a criação comercial. “O criame de jacaré foi criado não visando apenas à questão comercial, mas, sobretudo, à ma-nutenção e controle do ecossistema”, explica Girardi. Até os sete meses de idade, o jacaré é cria-do na maternidade. Em seguida, até um ano e meio, vai para o zoológico, onde ele vive em ambiente o mais parecido com o natural e cuja alimentação é feita dia sim dia não com miúdos de carne bovina. Quando alcança os seis quilos e meio, o jacaré já está pronto para o abate. Dele, são aproveitados: carne — rica em proteína, com baixíssimo teor calórico e pouca taxa de gordura, isto é, altamente saudável. Desde julho de 2008, a Coocrijapan exporta carne de jacaré para todo o Brasil e para vários países do mundo, aque-cendo e muito essa cadeia produtiva. É nessa coo-perativa que foi criado o primeiro frigorífico do país de abate de jacaré, servindo de modelo para outros projetos. O couro fino e o artesanato — molduras empalhadas são feitas com todos os animais mortos no cativeiro, com lacre do Ibama — são também comercializados com sucesso.

Ecologicamente correto

1.O consultor Vladimir Ferreira segura filhote na maternidade do cativeiro 2. Inertes, filhotes evitam perda de calor 3. O zoológico parece uma cidade de jacarés

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Weber Girardi, responsável pelo marketing da Coocrijapan