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A Participação do Escudo no MTC do SME no Quadro da Teoria das Zonas Alvo António Portugal Duarte ([email protected]) Economia Portuguesa, 16 de Fevereiro de 2007 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Grupo de Estudos Monetários e Financeiros (GEMF) Av. Dias da Silva, 165 3004-512 Coimbra, Portugal Tel. +351 239790500 Fax +351 239403511 Classificação: C32, C51, F31, F41, G15. Palavras-chave: Credibilidade, Estabilidade Cambial, Zonas Alvo de Taxas de Câmbio, Regimes Cambiais, SME e Volatilidade.

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A Participação do Escudo no MTC do SMEno Quadro da Teoria das Zonas Alvo

António Portugal Duarte([email protected])

Economia Portuguesa, 16 de Fevereiro de 2007Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Grupo de Estudos Monetários e Financeiros (GEMF)Av. Dias da Silva, 165

3004-512 Coimbra, PortugalTel. +351 239790500Fax +351 239403511

Classificação: C32, C51, F31, F41, G15.Palavras-chave: Credibilidade, Estabilidade Cambial, Zonas Alvo de Taxas de Câmbio,

Regimes Cambiais, SME e Volatilidade.

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A Participação do Escudo no MTC do SME no Quadro da Teoria das Zonas Alvo António Portugal Duarte

I- Introdução

II- ZonasAlvodeTaxasde Câmbio: Uma Análise Teórica

II.1. O Modelo Base de Zonas Alvo

II.2. As Principais Implicações do Modelo Base

II.2.1. A Distribuição da Taxa de Câmbio em Forma de U ou Bi-modal

II.2.2. A Relação Negativa entre a Taxa de Câmbio e o Diferencial das Taxas de Juro

II.2.3. A Relação Não Linear na Forma de S entre a Taxa de Câmbio e o Fundamental

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III- Dados

IV- A Zona Alvo de Taxas de Câmbio Portuguesa

IV.1. Distribuição e Volatilidade da Taxa de Câmbio

IV.2. A Relação entre a Taxa de Câmbio e o Diferencialdas Taxas de Juro

IV.3. A Relação Não Linear em Forma de S entre a Taxade Câmbio e as Suas Determinantes Fundamentais

V- Conclusão

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I- Introdução√ Definição de Zona Alvo de Taxas de Câmbio

• Regime Intermédio de Taxas de Câmbio

• Compromisso entre Câmbios Fixos e Flexíveis

• Natureza Híbrida das Zonas Alvo de Taxas de Câmbio⇓

“Sistema no qual as autoridades monetárias se esforçam por impor limites às variações da taxa de câmbio, sem que seja necessário mantê-las fixas”

(Krugman e Rotemberg, 1990:1)

√ Vantagens associadas a uma Zona Alvo de Taxas de Câmbio

• A defesa de uma zona alvo é um problema ocasional, mais do que uma preocupação permanente

• Permite alcançar alguma autonomia na condução da política monetária

• Confere uma maior estabilidade às taxas de câmbio

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√ Elemento Essencial de uma Zona Alvo de Taxas de Câmbio⇓

Credibilidade⇓

Compromisso das autoridades monetárias na defesa da banda de flutuação,situação que ocorre quando a taxa de câmbio atinge um dos limites da zona alvo

⇓Duas opções para as autoridades monetárias

i) Defesa da zona alvo ⇒ Intervenções no mercado cambial ⇒ Reservas Cambiais

ii) Realinhamento ⇒ Alterações da Paridade Central ⇒ Ausência de Credibilidade

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√ Problemática da Escolha do Regime de Taxas de Câmbio

Vários exemplos históricos de regimes de banda cambial

Padrão-Ouro; Período Entre-Guerras; Bretton Woods

O Funcionamento do MTC do SME

Melhor exemplo de um regime de zona alvo de taxas de câmbio

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√ Investigação Teórica sobre o Funcionamento das Zonas Alvo

• Destacam-se as contribuições iniciais de:⇓

Williamson (1985b), Williamson e Miller (1987) e Dumas (1989b)

• A literatura sobre zonas alvo conhece um desenvolvimento assinalável⇓

Trabalho de Krugman (1991)⇓

Modelo de zona alvo de taxas de câmbio nominal, em tempo contínuo,com expectativas racionais e preços flexíveis

Usa a estrutura de movimento Browniano regulado e conclui pela menor volatilidade da taxa de câmbio numa zona alvo comparativamente a um regime de câmbios flexíveis

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√ Primeira Geração de Modelos de Zonas Alvo deTaxasdeCâmbio

Diebold e Nason (1990), Meese e Rose (1991), Flood, Rose e Mathieson (1991),

Svensson (1991a,b), Frankel e Phillips (1992) e Lindberg e Soderlind (1994)

• Analisam as implicações do modelo proposto por Krugman (1991)

• As principais previsões do modelo foram rejeitadas pelos dados

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√ Segunda Geração de Modelos de ZonasAlvodeTaxas de Câmbio⇓

• É o resultado das dificuldades empíricas suscitadas pela 1ª geração

• Dá origem a um conjunto de extensões críticas⇓

• Svensson (1991c), Bertola e Caballero (1992) e Bertola e Svensson (1993)⇓

i) Abandono da hipótese de credibilidade perfeita

ii) Introdução no modelo do risco de realinhamento

• Froot e Obstfeld (1991)⇓

i) Abandono da hipótese de intervenções marginais

ii) Introdução no modelo de intervenções intra-marginais

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√ Objectivo do Trabalho

• Analisar o funcionamento da zona alvo de taxas de câmbio portuguesa no âmbito da participação do escudo no MTC do SME

• Estudar o comportamento e a volatilidade das taxas de câmbio e das taxas de juro tendo por referência os principais resultados e previsões da mais recente literatura sobre zonas alvo de taxas de câmbio

⇓⇑

• Colmatar importantes lacunas na literatura sobre zonas alvo⇓

i) A maioria dos trabalhos centrou-se nos países Nórdicos e nas bandas de flutuação do SME reputadas como sendo as mais estáveis e credíveis, ignorando quase por completo as moedas da periferia do sistema

ii) A natureza cooperativa ou multilateral do MTC foi ignorada

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√ Carácter Inovador do Trabalho

• Analise da participação do escudo no MTC do SME

• Estudo do comportamento do escudo face ao marco alemão e ao ECU

• Análise para diferentes sub-períodos

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II-Zonas Alvo deTaxas de Câmbio: Uma Análise Teórica

II.1. O Modelo Base de Zonas Alvo

√ Hipóteses do Modelo Base de Zonas Alvo

• Credibilidade perfeita ⇒ Ausência de risco de realinhamento

• Intervenções marginais infinitésimais

√ Comportamento da Taxa de Câmbio Dentro da Banda

• A taxa de câmbio depende de um fundamental agregado e da taxa de variação esperada da moeda nacional dentro da banda

[ ] dttdsEtfts t /)( )( )( α+=

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√ Componentes do Fundamental

• Tendo por base o modelo clássico de determinação monetária da taxa de câmbio, log-linear, com expectativas racionais e preços flexíveis para uma pequena economia aberta

⇓O fundamental surge como a soma de duas componentes,a oferta de moeda nacional e um termo de choque compósito

na procura de moeda, conhecido por “velocidade”⇓

⇓• A “velocidade” é um processo estocástico exógeno

• A oferta de moeda é um processo estocástico controlado pelas autoridades monetárias, podendo ser alterado através de intervenções

)()()( tvtmtf +=

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Será que a presença de uma banda cambial poderá

afectar o comportamento da taxa de câmbio?⇓

• No quadro do modelo de Krugman (1991) a resposta passa pela

comparação do comportamento da taxa de câmbio no âmbito de um

regime de flutuação livre e de um regime de zona alvo⇓

• Necessário especificar o processo estocástico para a

componente exógena do fundamental, a “velocidade”, tendo por

base as hipóteses de intervenção das autoridades monetárias

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√ Processo Estocástico para a “Velocidade”

• Na ausência de qualquer intervenção ⇔ Regime de Flutuação Livre⇓

A “velocidade”, e por conseguinte o fundamental, segue um movimento Browniano com deriva µ e desvio padrão instantâneo σ,

com µ e σ parâmetros positivos e z(t) um processo de Wiener padrão de média nula e variância proporcional à extensão do intervalo de tempo

• A taxa de câmbio em flutuação livre é função linear do fundamental

⇓As variações no fundamental

repercutem-se integralmente sobre a taxa de câmbio

)( )( tdzdttdv σµ +=

αµ+= )()( tfts

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• Numa zona alvo ⇒ regra de intervenção ⇒ banda para o fundamental⇓

Fundamental segue um movimento Browniano regulado com

deriva constante e desvio padrão instantâneo⇓

onde L(t) e U(t) são os reguladores inferior e superior, de tal forma que dL(t) representa aumentos na oferta de moeda e dU(t) representa reduções na oferta de moeda

A taxa de câmbio numa zona alvo é uma função não linear do

fundamental, com “ajustamento suave” nos limites da banda de flutuação

)()()( )( tdUtdLtdzdttdf −++= σµ

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√ Comportamento da Taxa de Câmbio numa Zona Alvo

• Linha recta FF ⇒ Taxa de câmbio de equilíbrio em Flutuação Livre⇓

Um choque em v(t) conduz a uma variação proporcional em f(t) e s(t)

• Curva TZ ⇒ Taxa de câmbio de equilíbrio em Zona Alvo⇓

Relação não linear, em forma de S, entre a taxa de câmbio e o fundamental

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√ Dois Resultados Principais Decorrentes do Comportamento daTaxa de Câmbio numa Zona Alvo com Credibilidade Perfeita

• “Efeito lua-de-mel” ⇒ Inclinação da curva TZ é menor do que um em qualquer momento

A taxa de câmbio numa zona alvo aparece menos sensível face a variações no fundamental que a taxa de câmbio de flutuação livre

⇓Uma zona alvo credível é inerentemente estabilizadora

• “Ajustamento suave” ⇒ A curva TZ tem uma inclinação igual a zero

nos limites da banda de flutuação⇓

A taxa de câmbio é insensível face a variações no fundamental

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II.2. As Principais Implicações do Modelo Base

√ Três Implicações Principais do Modelo Base de Zonas Alvo

• Distribuição estatística da taxa de câmbio em forma de U ou bi-modal

• Relação negativa entre a taxa de câmbio e o diferencial das taxas de juro

• Relação não linear em forma de S entre a taxa de câmbio e o fundamental

i) Estas implicações têm sido testadas essencialmente a partir de dados dos países Nórdicos e das bandas de flutuação do MTC do SME reputadas como mais estáveis e credíveis

ii) As principais previsões do modelo têm sido rejeitadas pelos dados

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II.2.1 A Distribuição da Taxa de Câmbio em Forma de Uou bi-modal

√ Distribuição Estatística da Taxa de Câmbio numa Zona Alvo

• A taxa de câmbio movimenta-se lentamente perto dos limites da banda

• Onde a taxa de câmbio se movimenta lentamente, será exactamente onde a mesma tenderá a permanecer

⇓Maioria das observações nos limites da banda de flutuação

⇓Forma em U ou bi-modal da densidade da taxa de câmbio

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√ Volatilidade da Taxa de Câmbio numa Zona Alvo

• A taxa de câmbio deverá ser tanto menos variável quanto mais próxima estiver dos limites da banda de flutuação

• A variabilidade da taxa de câmbio é máxima no centro da banda e decrescente à medida que se aproxima dos seus limites de flutuação

“Os resultados dos trabalhos empíricos mostram uma forma em U

invertido ou uni-modal e uma maior volatilidade nos limites da banda”⇓

• Explicações para o fraco desempenho empírico do modelo

i) Existência de intervenções intra-marginais

ii) Presença de uma banda interior efectiva

iii) Negligência do carácter multilateral da zona alvo do SME

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II.2.2 A Relação Negativa entre a Taxa de Cambio e oDiferencial das Taxas de Juro

√ Hipóteses subjacentes

• O prémio de risco cambial é nulo

• A condição de paridade não coberta das taxas de juro verifica-secontinuamente

⇓• Flutuação Livre ⇒ Diferencial das taxas de juro é

constante e igual a µ

• Zona alvo ⇒ Diferencial das taxas de juro é umafunção decrescente do fundamental

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Surge aqui a diferença principal entre uma flutuação livre e uma zona alvo⇓

• Flutuação Livre ⇒ A taxa de câmbio assume a totalidade do processo de ajustamento face a variações no fundamental, permanecendo a taxa de juro inalterada

• Zona Alvo ⇒ A taxa de câmbio e a taxa de juro “repartem” entre si aresponsabilidade pelo processo de ajustamento

⇓“Estaautonomia seriaa justificaçãoprincipalpara a adopçãode uma zona alvo”

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√ Volatilidade do Diferencial das Taxas de Juro

• A volatilidade do diferencial das taxas de juro seria então mínima no centro da banda e crescente à medida que a taxa de câmbio se aproxima dos limites da banda de flutuação

Existe um trade-off entre a variabilidade instantânea da taxa de

câmbio e a variabilidade instantânea do diferencial das taxas de juro

⇓A relação não linear determinista negativa e o conjunto de propriedades

dela decorrentes são na generalidade dos casos rejeitadas pelos dados

⇓“Resultados dos trabalhos empíricos mostram fortedispersãonas observações”

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II.2.3. A Relação Não Linear na Forma de S entre a Taxa deCâmbio e o Fundamental

√ Relação Taxa de Câmbio/Fundamental

• O modelo prevê uma relação não linear em forma de S com “ajustamento suave” nos limites da banda de flutuação

• A verificação empírica desta relação levanta o problema de saber como poderá ser interpretado o fundamental

⇓A generalidade dos trabalhos tem considerado o próprio diferencial das

taxas de juro como proxy do fundamental⇓

“Os resultados dos trabalhos empíricos realizados apresentaram-se contraditórios, não permitindo uma caracterização simples da relação”

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III- Dados

• Foram utilizadas séries temporais para dados de periodicidade diária

• Feriados, fins-de-semana e tolerâncias de ponto ⇒ apagados da amostra

• Período de Análise: 2 de Janeiro de 1987 a 31 de Dezembro de 1998

• Período de Zona Alvo: 6 de Abril de 1992 a 31 de Dezembro de 1998⇓

O período de zona alvo propriamente dito foi estendido a um período em que Portugal adoptou um regime de managed floating e de crawling peg

• Fontes estatísticas: Estatísticas Monetárias e Financeiras do Banco de Portugal e Bundesbank Time Séries Database

• Foram utilizadas as taxas de câmbio nominais do escudo em relação ao marco alemão e ao ECU

• As taxas de câmbio referem-se às cotações diárias médias de divisas do Banco de Portugal

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• As taxas de juro dizem respeito às transacções médias diárias realizadas no MMI, a partir de 2 de Janeiro de 1989

• Foram usadas as taxas de juro overnight e as taxas de juro com uma maturidade de 28 a 32 dias

• Foram retirados os outliers correspondentes às observações com valores superiores a 25% da média aritmética das 30 últimas observações anteriores ao valor em causa

• Todas as séries foram transformadas em logaritmos naturais

• Procedeu-se à extrapolação de valores quando existiam rupturas

• Método de extrapolação baseado num processo AR1 com tendência

• Diferentes sub-períodos, designados por regimes cambiais

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Para a relação PTE/DM foram considerados 11 regimes⇓

Períodos Utilizados na Análise Empírica da Taxa de Câmbio PTE/DM

⇓Para a relação PTE/ECU foram considerados 13 regimes cambiais

• Em todas as análises, foram excluídas da amostra as 5 observações imediatamente antes e depois dos realinhamentos e da data correspondente ao alargamento das bandas de flutuação

• A grande maioria dos resultados foram obtidos utilizando os programas econométricos RATS, na versão 6.2, PcGive, na versão 10, e Jmulti, na versão 4.1

R e g i m e C a m b i a l

D a t a s ( S u b - p e r í o d o s ) C a r a c t e r i z a ç ã o

N ú m e r o P o t e n c i a l d e O b s e r v a ç õ e s

1 0 6 : 0 4 : 1 9 9 2 - 3 1 : 1 2 : 1 9 9 8 P e r í o d o T o t a l n o M T C d o S M E 1 7 5 9 2 0 6 : 0 4 : 1 9 9 2 - 2 2 : 1 1 : 1 9 9 2 E n t r a d a n o M T C - 1 º R e a l i n h a m e n t o 1 6 5 3 2 3 : 1 1 : 1 9 9 2 - 1 2 : 0 5 : 1 9 9 3 1 º R e a l in h a m e n t o - 2 º R e a l i n h a m e n t o 1 2 3 4 1 3 : 0 5 : 1 9 9 3 - 0 5 : 0 3 : 1 9 9 5 2 º R e a l in h a m e n t o - 3 º R e a l i n h a m e n t o 4 7 2 5 0 6 : 0 3 : 1 9 9 5 - 3 1 : 1 2 : 1 9 9 8 3 º R e a l in h a m e n t o - E n t r a d a n a U E M 9 9 9 6 0 6 : 0 4 : 1 9 9 2 - 0 1 : 0 8 : 1 9 9 3 P e r í o d o d e B a n d a E s t r e i t a 3 4 5 7 0 2 : 0 8 : 1 9 9 3 - 3 1 : 1 2 : 1 9 9 8 P e r í o d o d e B a n d a L a r g a 1 4 1 4 8 0 6 : 0 4 : 1 9 9 2 - 1 5 : 1 2 : 1 9 9 2 R e s t r i ç õ e s à m o b i l i d a d e d e c a p i t a i s 1 8 2 9 1 6 : 1 2 : 1 9 9 2 - 3 1 : 1 2 : 1 9 9 8 L i v r e m o b i l i d a d e d e c a p i t a i s 1 5 7 7

1 0 0 2 : 0 1 : 1 9 8 7 - 3 0 : 0 9 : 1 9 9 0 D e s v a l o r i z a ç ã o d e s l i z a n t e d o e s c u d o 9 7 6 1 0 ´ 0 2 : 0 1 : 1 9 8 9 - 3 0 : 0 9 : 1 9 9 0 D e s v a l o r i z a ç ã o d e s l i z a n t e d o e s c u d o 4 5 5 1 1 0 1 : 1 0 : 1 9 9 0 - 0 5 : 0 4 : 1 9 9 2 A n c o r a g e m d o P T E a o D M 3 9 5

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IV- A Zona Alvo de Taxas de Câmbio Portuguesa

√ Caracterização da Zona alvo de Taxas de Câmbio Portuguesa

• Portugal adere ao MTC do SME em 6 de Abril de 1992

• A adesão ocorre na sequência de uma maior convergência da taxa de inflação para o nível médio comunitário e para os valores da Alemanha

• O escudo passou a flutuar dentro de uma banda alvo de ±6%⇓

O compromisso formal de manter o escudo dentro da banda

pré-estabelecida, aumentou a credibilidade da política de desinflação,

facilitando a prossecução do objectivo prioritário da estabilidade dos preços⇓

Esta orientação da política cambial manter-se-ía até ao final de 1998

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Bandas de Flutuação para a Zona Alvo Portuguesa (PTE/DM)

Fonte: Banco de Portugal.Nota: (a) Quantidade de escudos por uma unidade de marco alemão.

(b) O limite inferior (superior) representa a apreciação (depreciação) máxima permitida ao escudo face ao marco alemão.

(c) Adesão do escudo ao MTC do SME com uma banda larga de ±6%.(d) Realinhamento no SME com desvalorização de 6% da peseta e do escudo.(e) Realinhamento no SME com desvalorização de 8% da peseta e 6,5% do escudo.(f) Alargamento das bandas do MTC para ±15%, com excepção da taxa florim/marco que mantém

a banda de ±2,25%.(g) Realinhamento no SME com desvalorização de 7% da peseta e 3,5% do escudo.

⇓A figura seguinte analisa o comportamento da taxa de câmbio PTE/DM e do diferencial das taxas de juro overnight

PTE/DM (a) Período / Data

Banda

Cambial Limite

Inferior (b)

Paridade

Central

Limite

Superior (b) 6 de Abril de 1992 (c) ±6% 81,9 86,9393 92,336 23 de Novembro de 1992 (d) ±6% 87,108 92,488 98,232 13 de Maio de 1993 (e) ±6% 93,197 98,9177 105,042 2 de Agosto de 1993 (f) ±15% 85,179 98,9177 114,811 6 de Março de 1995 (g) ±15% 88,277 102,505 119,033

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Da análise das figuras sobressai de imediato:⇓

• A taxa de câmbio PTE/DM já apresentava uma apreciável estabilidade desde o início de 1990, como consequência da ancoragem do escudo ao marco alemão, permitindo-lhe beneficiar da credibilidade, estabilidade e disciplina da aceitação tácita da política anti-inflacionista do bundesbank

• Após a entrada no MTC, o escudo registou uma significativa apreciaçãonominal e quase imediata descida para perto do limite inferior da banda

• Os realinhamentos foram antecipados ⇔ elevados diferenciais de taxas de juro antes dos realinhamentos

• Os maiores desvios da taxa de câmbio em relação à paridade central ocorreram logo após os realinhamentos

• Após o alargamento da bandas, assistiu-se a uma estabilização da taxa de câmbio em redor da paridade central

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√ O Processo Desinflacionista na Economia Portuguesa

• É o resultado da política de estabilização nominal do escudo

• Coincide com a participação do escudo na zona alvo do SME⇓

“Portugal fez enormes progressos no seu processo de integração europeia, mas pode

igualmente ser enunciado como custo da desinflação a quebra da competitividade decorrente da

apreciação real do escudo, condicionando deste modo o próprio crescimento do produto”

⇓• Barbosa e Machado (1996) ⇒ Quando comparados com outros países europeus, os custos da desinflação em Portugal revelam-se modestos

• Os problemas actuais de competitividade parecem resultar mais do facto de Portugal ter aderido ao MTC com uma moeda demasiado apreciada

• Rebelo e Végh (1995) ⇒ Os efeitos mais agressivos da apreciação cambial verificam-se no longo prazo, ainda que no curto prazo tudo pareça indicar para que os custos da desinflação sejam modestos

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As questões levantadas pelo Relatório Bruegel vão ao encontro desta realidade!⇓

• Alguns países, tais como a Irlanda, têm sido bem sucedidos, mas outros, como Portugal, têm enfrentado alguns custos de ajustamento

• No caso da Irlanda ⇒ A apreciação da taxa de câmbio real foi contrariada por melhorias em termos de produtividade e no valor dos bens transaccionáveis

• No caso de Portugal ⇒ Assistiu-se a um lento crescimento da produtividade e a uma composição das exportações focalizada em sectores tradicionais ⇒ país vulnerável face a países de produção a baixo custo, tais como a China e os novos Estados-membros da UE

⇓Foi todavia possível iniciar um novo ciclo de estabilidade cambial

⇓• A competitividade da economia portuguesa deverá passar por:

⇓i) Depreciação da taxa de câmbio realii) Maior disciplina orçamentaliii) Alguma moderação salarialiv) Obtenção de ganhos de produtividadev) Modernização dos sectores produtores de bens transaccionáveis

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IV.1. Distribuição e Volatilidade da Taxa de Câmbio

i) Começamos por analisar a distribuição de frequência e a estimativa de Kernelda função taxa de câmbio PTE/DM

• Na análise da distribuição da taxa de câmbio foi utilizada a função Epanechnikov

• Legenda do lado esquerdo das ordenadas ⇒ histograma (barras)• Legenda do lado direito das ordenadas ⇒ estimativa de Kernel• A linha a tracejado representa a distribuição Normal

⇓AtaxadecâmbioPTE/DMsituou-se mais frequentemente próximo da paridade central

⇓⇑• A forma em U ou bi-modal da densidade da taxa de câmbio foi rejeitada• A tomada em consideração dos aspectos de ordem multilateral (análise da relação PTE/ECU) não permitiu confirmar a forma prevista pela teoria

DC_ P TE /DM _ 106:04:1992-31 :12:1998

-0 .0 75 -0 .050 -0 .0 25 0.000 0.02 5 0 .0 50 0 .0750

10

20

30

40

50

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

3 0

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ii) Procurou-se em seguida avaliar a distribuição e volatilidade da taxa de câmbio de acordo com intervalos de variação cambial de idêntica amplitude

⇓• Foram considerados 12 sub-intervalos da banda de flutuação de ±6%

Distribuição da Taxa de Câmbio e Volatilidade da Taxa de Câmbioe do Diferencial das Taxas de Juro (PTE/DM, Regime Cambial 1)

• Parte superior da figura ⇒ Histograma (frequência relativa)• Parte inferior da figura ⇒ Volatilidade da taxa de câmbio e do diferencial das taxas de juro

(desvio padrão das variações da variável)⇓

• A maioria das observações situam-se junto da paridade central ⇒ rejeição da forma em Uda densidade da taxa de câmbio dentro da banda

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

0.05

0.10

0.15

RF_DC_PTE/DM_1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

0.005

0.010

0.015

0.020 SD_V_PTE/DM_1 SD_V_(i-i*)_O_1

SD_V_(i-i*)_28_1

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• Os histogramas permitiram observar que apenas no período a seguir à entrada doescudono MTC severificouum maior número deobservaçõesnos limites da banda

• Este resultado deve-se a:i) Restrições sobre os movimentos de capitaisii) Existência de intervenções intra-marginais

R egim e

C am b ial

L im ite

In ferior (a)

(% )

C entro da

B and a (b)

(% )

L im ite

Su perior (c)

(% )

D istrib u ição

1 13,50 53 ,17 33 ,33 ∩2 48,18 33 ,58 18 ,24 ⎝ ; ∪3 46,67 53 ,33 0 ⎯4 9,44 6 ,78 83 ,78 ⎠5 6,42 77 ,74 15 ,84 ∩6 53,31 37 ,28 9 ,41 ⎝7 4,58 57 ,03 38 ,39 ∩8 50,33 31 ,79 17 ,88 ⎝ ; ∪9 9,56 55 ,45 34 ,99 ∩

10´ 49,61 48 ,31 2 ,08 ⎯11 0 94 ,71 5 ,29 ∩

Variação das Reservas Cambiais (106 PTE) Ano Moedas Estrangeiras ECUs Oficiais Total (a)

1990 412304 28350 440654 (b) 1991 809500 -4597 804903 (c) 1992 84218 -44350 39868 1993 -113106 89212 -23894 1994 -304108 -23914 -328022 1995 -72200 -53400 -125600 1996 79200 28800 108000 1997 332700 54900 387600 1992 -932 -528 -1460 (d)

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A Participação do Escudo no MTC do SME no Quadro da Teoria das Zonas Alvo António Portugal Duarte

• A distribuição da taxa de câmbio PTE/ECU conduziu a resultados em tudo semelhantes, como podemos observar, por exemplo, para o regime cambial 12

• Para a totalidade dos regimes cambiais (PTE/ECU) temos:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

0.1

0.2

R F_ D C_ P TE /E C U _ 1 2

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

0.002

0.004

0.006

SD _ V_ P TE / E C U _ 1 2 SD _ V_ (i -i* )_ O _ 1 2

SD _ V_ (i -i * )_ 2 8 _ 1 2

R e g im e

C a m b ia l

L im ite

I n f e r io r (a )

(% )

C e n tr o d a

B a n d a (b )

(% )

L im ite

S u p e r io r (c )

(% )

D is tr ib u iç ã o

1 1 1 ,3 2 7 1 ,0 2 1 7 ,6 6 ∩2 7 9 ,6 1 2 0 ,3 9 0 ⎝3 7 ,7 0 9 2 ,3 0 0 ∩4 1 0 0 0 0 ⎝5 8 ,5 1 9 1 ,4 9 0 ∩6 9 ,4 7 5 9 ,4 7 3 1 ,0 6 ∩7 0 7 9 ,6 3 2 0 ,3 7 ∩8 0 1 0 0 0 ∩9 6 1 ,6 7 3 8 ,3 3 0 ⎝

1 0 0 7 8 ,5 9 2 1 ,4 1 ∩1 1 6 2 ,2 5 3 7 ,7 5 0 ⎝1 2 5 ,8 8 7 4 ,5 8 1 9 ,5 4 ∩1 3 0 1 0 0 0 ∩

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iii) Comparou-se ainda a volatilidade cambial com a posição da taxa de câmbio na banda

• Para a generalidade dos regimes cambiais, a volatilidade tende a aumentar à medida que a taxa de câmbio se aproxima dos limites da banda

Esta ausência de conformidade face às previsões do modelo não deve ser encarada como falta de credibilidade da banda de flutuação do escudo

Importa recordar que só raramente a taxa de câmbio se aproximou dos limites da banda, local onde uma menor volatilidade seria mais evidente

⇓• Constatou-se que os realinhamentos foram precedidos por períodos de volatilidade acima da média, em parte como resultado de ataques especulativos e de um receio de uma depreciação rápida do escudo

• Os períodos a seguir aos realinhamentos foram caracterizados por uma volatilidade das taxas de câmbio abaixo da média, uma vez que a fraca posição competitiva do escudo foi restaurada

• O estudo da volatilidade da taxa de câmbio PTE/ECU não permitiu a obtenção de resultados mais consentâneos com a teoria

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iv) A falta de conformidade em relação à teoria, levou-nos finalmente a examinar a correlação entre os valores estimados das variâncias condicionais da taxa de câmbio e do diferencial das taxas de juro no âmbito de um modelo M-GARCH(Multivariate-Generalized AutoRegressive Conditional Heteroscedasticity)

• A heteroscedasticidade condicional autoregressiva foi proposta por Engle (1982)

• Uma forma muito geral para um modelo ARCH é a seguinte:

em que estamos perante um processo ARCH (q), se:

onde, a variável dependente é a taxa de depreciação diária do escudo

• Bollerslev (1986) propôs um modelo GARCH (p, q) em alternativa. Num modelo GARCH (p, q), o termo variância depende dos resíduos (quadrados) desfasados assim como das variâncias desfasadas:

ttt uxy += β )()var( 2ttt uuh σ==

2222

2110 ... qtqttt uauauach −−− ++++=

=++++++++= −−−−−− ptpttqtqttt hbhbhbuauauach ...... 221122

222

110

∑ ∑= =

−− ++=q

i

p

jjtjiti hbuac

1 1

20

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• No nosso estudo, utilizou-se um modelo GARCH a duas equações (ou GARCH multivariado), M-GARCH (p, q), com p=1, q=1:

onde Yt é o vector com a variação cambial e o dif. das taxas de juro, e Xt a matriz com as variáveis deterministas

• A taxa de câmbio é modelada com a presença da constante. No diferencial das taxas de juro, além da constante, o modelo inclui uma tendência e um valor auto-regressivo (o diferencial desfasado de um dia)

• Foram consideradas duas variantes do modelo M-GARCH (1,1)⇓

i) A variante 1 consiste na estimação em separado da variância de cada uma das variáveis do modelo:

Hij(t) = cij + aijui(t-1)uj(t-1) + bijHij(t-1),

onde Hij(t) representa a matriz condicional das variâncias/co-variâncias dos resíduos

ii) A variante 2 impõe uma matriz semi-definida positiva:H(t) = C’C + A’u(t-1)u’(t-1)A + B’H(t-1)B

ttt XY µβ +=

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Correlação entre CVr_TxV_PTE/DM e CVr_(i-i*)_O (Variante 1; Período Total)

• A primeira constante refere-se à taxa de câmbio PTE/DM

• A segunda constante e a tendência dizem respeito ao diferencial das taxas de juro overnight, seguindo-se os valores do coeficiente desfasado do diferencial das taxas de juro

• A constante na equação da variância é designada por C

• Os parâmetros “ARCH” (resíduos quadrados desfasados), em ordem crescente de desfasamento, são denominados por A

• Os parâmetros “GARCH” (variância desfasada), em ordem crescente de desfasamento, são designados por B

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística T Significância 1- Constante 1,9783e-06 1,1429e-05 0,17310 0,863 2- Constante 6,2772e-03 4,7366e-04 13,25257 0,000 3- Tendência -1,9301e-06 1,3781e-07 -14,00585 0,000 4- (i-i*)_O ⎨1⎬ 0,9567 4,7862e-03 199,88852 0,000 5- C (1, 1) -5,7192e-11 0,0000 0,00000 0,000 6- C (2, 1) -2,2643e-08 7,6961e-09 -2,94210 0,003 7- C (2, 2) 9,5160e-08 1,7838e-08 5,33458 0,000 8- A (1, 1) 0,0556 5,5260e-03 10,06433 0,000 9- A (2, 1) 9,2753e-03 0,0206 0,44953 0,653 10- A (2,2) 0,2894 0,0280 10,31747 0,000 11- B (1, 1) 0,9528 3,6375e-03 261,93571 0,000 12- B (2, 1) -0,2363 0,5336 -0,44279 0,658 13- B (2, 2) 0,8041 0,0129 62,17371 0,000

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• Existe uma correlação negativa entre os valores estimados das variâncias condicionais da taxa de variação do escudo em relação ao marco alemão e do diferencial das taxas de juro overnight

• Existência de um trade-off entre a volatilidade da taxa de câmbio PTE/DM e a volatilidade do diferencial das taxas de juro overnight

⇓Correlação entre as Variâncias Condicionais da Taxa de Câmbio PTE/DM

e do Diferencial das Taxas de Juro Overnight (Variante 1; Período Total)

• A utilização da variante 2 e a entrada em consideração com os aspectos de ordem multilateral conduziu a resultados em tudo semelhantes

CVr_TxV_PTE/DM _Total e CVr_(i-i*)_O_TotalVariante_1, 02:01:1989-31:12:1998

500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500-0.150

-0.125

-0.100

-0.075

-0.050

-0.025

-0.000

0.025

0.050

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IV.2. A Relação entre a Taxa de Câmbio e o Diferencial das Taxas de Juro

√ A Hipótese de Paridade não Coberta das Taxas de Juro (PNCTJ)⇓

• Relação directa entre a taxa de variação (depreciação) esperada da taxa de câmbio e o diferencial das taxas de juro

⇓Taxa de Variação (Depreciação) Esperada do PTE/DM v.s.

Diferencial das Taxas de Juro Overnight (Regime Cambial 1)

• A relação anterior assemelha-se à imagem provocada por um furacão⇓

Rejeição da teoria da Paridade não Coberta das Taxas de Juro

•Osaspectosde ordem multilateral não conduziram a melhores resultados

TxVe_PTE/DM_1 v .s. (i-i*)_O_106:04:1992-31:12:1998

-0.048 -0.032 -0.016 0.000 0.016 0.032-0.016

0.000

0.016

0.032

0.048

0.064

0.080

0.096

0.112

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√ Razões para a Rejeição da PNCTJ

• Existência de controlos sobre os movimentos de capitais

• Existência no mercado cambial de custos de transacção elevados

• Presença nos investidores de um comportamento de “home bias”⇓⇑

Tendência negativa no diferencial das taxas de juro↓

• Ao invés de representar uma situação de ineficiência no mercado cambial, coloca em evidência o quadro de estabilidade macroeconómicaalcançado na economia portuguesa

• Indicação clara de que estariam reunidas as condições de estabilidade para a futura participação do país na UEM

↓• Não é de estranhar que os resultados do trabalho empírico tenham evidenciado um comportamento no diferencial das taxas de juro inconsistente com as previsões do modelo base de zonas alvo

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Desvio da Taxa de Câmbio PTE/DM em relação à Paridade Central v.s.Diferencial das Taxas de Juro Overnight (Regime Cambial 8)

⇓⇑

• Não invalida a presença de credibilidade na zona alvo portuguesa

• A tendência negativa no diferencial das taxas de juro acaba por reflectir o aumento de credibilidade na condução da política monetária e o clima de estabilidade cambial então alcançado

• Assistiu-se a uma redução do diferencial em relação às taxas de juro alemãs, permitindo prosseguir com o objectivo de estabilidade cambial no seio do MTC do SME, enquadrada pelo objectivo final de manutenção da estabilidade dos preços, tendo em vista a participação na zona euro

DC_ P TE /DM _ 8 v .s . (i-i*)_O _806:04:1992-15:12:1992

-0 .06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0 .060.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

0.09

0.10

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IV.3. A Relação não Linear em Forma de S entre a Taxa de Câmbio e as suas Determinantes Fundamentais

√ O diferencial das taxas de juro como proxy do fundamental

• Foram ensaiados três modelos, tendo-se constatado, mais uma vez, a existência de uma tendência negativa no diferencial das taxas de juro

⇓Situação impeditiva da confirmação de uma relação não linear

em forma de S entre a taxa de câmbio e o fundamental agregado

(a) - Modelo OLS

(b) - Correcção da Auto-Correlação por Máxima Verosimilhança

(c) - Modelo GARCH (2,1)

Variável (i-i*)_O Coeficiente Erro Padrão Estatística T Significância 1- Constante 8,0311e-03 8,6580e-04 9,27594 0,00000000 2- Tendência -1,6815e-06 2,9663e-07 -5,66866 0,00000002 3- (i-i*)_O ⎨1⎬ 0,8754 0,0106 82,96735 0,00000000

V ariável (i-i*)_O C oeficiente Erro Padrão Estatística T Significância 1- Constante 5,8784e-03 7,4432e-04 7,89764 0,00000000 2- T endência -1,2345e-06 2,5349e-07 -4,87003 0,00000120 3- (i-i*)_O ⎨1⎬ 0,9088 9,1239e-03 99,60524 0,00000000 4- RH O -0,1619 0,0230 -7,03373 0,00000000

V a r i á v e l ( i - i * ) _ O C o e f i c i e n t e E r r o P a d r ã o E s t a t í s t i c a T S i g n i f i c â n c i a 1 - C o n s t a n t e 5 , 9 6 1 1 e - 0 3 4 , 7 9 2 2 e - 0 4 1 2 , 4 3 9 1 3 0 , 0 0 0 0 0 0 0 0 2 - T e n d ê n c i a - 1 , 8 3 2 9 e - 0 6 1 , 3 7 7 1 e - 0 7 - 1 3 , 3 1 0 4 6 0 , 0 0 0 0 0 0 0 0 3 - ( i - i * ) _ O ⎨ 1 ⎬ 0 , 9 5 8 5 5 , 0 2 2 7 e - 0 3 1 9 0 , 8 2 8 3 5 0 , 0 0 0 0 0 0 0 0 4 - C 1 , 2 9 3 6 e - 0 7 2 , 7 9 9 9 e - 0 8 4 , 6 2 0 2 9 0 , 0 0 0 0 0 3 8 3 5 - A 0 , 4 1 2 4 0 , 0 4 4 2 9 , 3 2 6 0 4 0 , 0 0 0 0 0 0 0 0 6 - B ⎨ 1 ⎬ 0 , 3 0 7 5 0 , 0 7 8 4 3 , 9 2 3 0 6 0 , 0 0 0 0 8 7 4 3 7 - B ⎨ 2 ⎬ 0 , 4 1 4 7 0 , 0 6 8 6 6 , 0 5 0 1 0 0 , 0 0 0 0 0 0 0 0

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√ O Comportamento da Taxa de Câmbio no Âmbito de Modelos LSTAR (Logistic Smooth Transition Autoregressive) e ESTAR (Exponential STAR)

• A função Logistic STAR, caracteriza-se pela assimetria do processo de ajustamento não linear das dinâmicas da taxa de câmbio

• A função exponencial STAR, permite um ajustamento não linear simétrico da taxa de câmbio para desvios acima ou abaixo do nível de equilíbrio

↓No nosso estudo, foi seguida a estratégia de linearidade v.s. LSTAR

e posteriormente LSTAR v.s. ESTAR, aconselhada em Enders (2004)↓

Não foi possível construir um modelo para as dinâmicas da taxa de câmbio que apresentasse as características compatíveis com o comportamento não linear em forma de S sugerido pela teoria

⇓⇑

Tal não significa que não tivesse existido um efeito estabilizador sobre a taxa de câmbio em resultado da existência de uma banda de flutuação

⇓Grande importância de um regime de zona alvo de taxas de câmbio na criação de condições de estabilidade macroeconómica conducentes à transição para um regime de moeda única

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A Participação do Escudo no MTC do SME no Quadro da Teoria das Zonas Alvo António Portugal Duarte

V- Conclusão• A distribuição estatística das taxas de câmbio rejeitou a forma em U prevista pela teoria

• A volatilidade das taxas de câmbio tendeu a aumentar nas proximidades dos limites da banda

• Trade-off entre a volatilidade da taxa de câmbio e o diferencial das taxas de juro

• Não foi possível confirmar empiricamente a PNCTJ

• Foi detectada uma tendência negativa nos diferenciais das taxas de juro

• Não foi encontrada uma relação negativa entre o diferencial das taxas de juro e o desvio da taxa de câmbio em relação à paridade central

• Não foi confirmada a existência de uma relação não linear em forma de S entre a taxa de câmbio e as suas determinantes fundamentais

⇓⇑A trajectória descendente no diferencial das taxas de juro acabou por reflectir o aumento de credibilidade na condução da política monetária, permitindo prosseguir com o objectivo de estabilidade cambial, enquadrada pelo objectivo final de estabilidade dos preços

⇓⇑“O processo de integração da economia portuguesa pode servir de exemplo a outras

pequenas economias abertas no sentido em que terão todo o interesse em fazerparte das grandes áreas monetárias dominantes. Se assim não for, ficarão mais

expostas a ataques especulativos no caso de apreciação real das suas moedas “

A Participação do Escudo no MTC do SMEno Quadro da Teoria das Zonas Alvo

António Portugal Duarte([email protected])

Economia Portuguesa, 16 de Fevereiro de 2007Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Grupo de Estudos Monetários e Financeiros (GEMF)Av. Dias da Silva, 165

3004-512 Coimbra, PortugalTel. +351 239790500Fax +351 239403511

Classificação: F31, F41, C32, G15, C51.Palavras-chave: Credibilidade, Estabilidade Cambial, Zonas Alvo de Taxas de Câmbio,

Regimes Cambiais, SME e Volatilidade.