a Patologias Caes Gatos
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Carla Cristina Marcondes Gimenes
Homeopatia e o tratamento de algumas patologias de ces e
gatos
FACULDADES INTEGRADAS DA FUNDAO DE ENSINO OCTVIO
BASTOS
SO JOO DA BOA VISTA, SP, 2002
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Carla Cristina Marcondes Gimenes
Homeopatia e o tratamento de algumas patologias de ces e
gatos
Nome do autor: Carla Cristina Marcondes Gimenes
Nome do orientador: Cintia de Lima Rossi SilvaNome do co-orientador: Eliana Pereira Chagas
Monografia apresentada como requisito da
disciplina Trabalho de Concluso de Curso, do
Curso de Cincias Biolgicas
FACULDADES INTEGRADAS DA FUNDAO DE ENSINO OCTVIO
BASTOS
SO JOO DA BOA VISTA, SP, 2002
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Folha de Aprovao
Data da defesa: ___/___/______
Membros da banca
Nome completo: Prof. Msc. Cintia de Lima Rossi Silva
Instituio: Unifeob, So Joo da Boa Vista, SP.
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Nome completo: Prof. Dra. Eliana Pereira Chagas
Instituio: Unifeob, So Joo da Boa Vista, SP.
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Nome completo: Ftima Regina Comino Santos
Mdica Veterinria Homeopata
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. . . todos os gneros de pensamento, inclusive o
matemtico, so abstraes que no abarcam, e nem podem
faz-lo, a realidade inteira. Diferentes gneros de
pensamentos e abstraes podem, juntos, dar-nos um melhorreflexo da realidade. Cada um por si tem seus prprios
limites, mas juntos podem levar o nosso entendimento da
realidade mais longe do que cada um isoladamente . . . Temos
de explorar de modo criativo uma nova viso de cincia,
apropriada ao tempo presente . . . O nosso objetivo lanar
um pouco de luz na natureza da criatividade e sobre como
podemos aliment-la, no s na cincia, como na sociedade ena vida de cada indivduo.
(David Bohm, fsico ingls contemporneo)
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RESUMO ........................................................................................................................................ 11 INTRODUO............................................................................................................................ 2
2 SAMUEL HAHNEMANN ......................................................................................................... 4
3 FORA VITAL E CONCEITO DE SADE ............................................................................. 6
4 A EXPERINCIA NO HOMEM SO........................................................................................ 9
4.1 EXPERIMENTAO HOMEOPTICA....................................................................... 9
5 MIASMAS ................................................................................................................................ 12
5.1 DOENAS MEDICAMENTOSAS ............................................................................. 12
5.2 DOENAS CRNICAS FALSAS............................................................................... 12
5.3 DOENAS CRNICAS VERDADEIRAS OU MIASMAS....................................... 13
6 OS MIASMAS COMO EXPRESSO DA DINMICA VITAL ............................................ 16
7 IDIOSSINCRASIA LEIS DE CURA .................................................................................... 20
SUSCEPTIBILIDADES NOXAS CONCEITO DE SADE.................................................... 20
7.1 CONCEITO DE SADE............................................................................................... 22
7.2 CONCEITO DE ENFERMIDADE CLNICA (OU ENTIDADE NOSOLGICA)..... 22
7.3 CONCEITO DE MOLSTIA........................................................................................ 227.4 LEIS DE CURA (COMO A CURA SE MANIFESTA)................................................ 23
7.5 O SENTIDO E A ORIGEM DA CURA LEIS DE HERING..................................... 23
8 O ESTUDO DO ORGANON (A ARTE DE CURAR).............................................................. 24
8.1 O QUE SE DEVE CURAR?.......................................................................................... 25
8.2 COMO SE DEVE CURAR?.......................................................................................... 25
8.3 TOPOGRAFIA DO ORGANON................................................................................... 26
9. PSICOSSOMTICA E HOMEOPATIA.................................................................................. 27
9.1 A Medicina Psicossomtica Acadmica ........................................................................ 27
9.2 A VISO HOMEOPTICA NA TERAPUTICA PSICOSSOMTICA................... 28
10 AS POTNCIAS EM HOMEOPATIA ESCALA DE DINAMIZAO DE
FREQENCIAL ASCENDENTE ................................................................................................ 29
11 ESCALA CENTESIMAL E DECIMAL.................................................................................. 31
11.1 POTNCIA MEDICAMENTOSA E FORA MEDICAMENTOSA
EQUIVALNCIA NAS ESCALAS DECIMAL E CENTESIMAL ......................................... 31
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12 A ESCALA L. M. (CINQENTESIMAL).............................................................................. 32
12.1 DIFERENAS ENTRE AS ESCALAS L.M. E CENTESIMAL ............................... 3212.2 VANTAGENS DA L.M. ............................................................................................. 33
13 PLACEBOS.............................................................................................................................. 34
14 AS ESCOLAS HOMEOPTICAS.......................................................................................... 35
14.1 ESCOLAS ORGANICISTAS (NO UNICISTAS E REDUCIONISTAS) ............... 35
14.1.1 Escola Complexista .............................................................................................. 35
14.1.2 Escola Alternista................................................................................................... 35
14.1.3 Escola Pluralista ................................................................................................... 36
14.2 ESCOLAS UNICISTAS.............................................................................................. 36
15 ALGUMAS PATOLOGIAS QUE PODEM SER TRATADAS PELA HOMEOPATIA....... 37
15.1 A PELE ........................................................................................................................ 37
15.2 CAMADAS DA PELE ................................................................................................ 39
15.2.1 Epiderme .............................................................................................................. 39
15.2.2 Derme (Crio) ...................................................................................................... 41
15.2.3 Tecido Subcutneo ............................................................................................... 41
15.3 ANEXOS DA PELE .................................................................................................... 4115.3.1 Plo....................................................................................................................... 41
15.3.1.1 Cores e tipos de plo de co.................................................................... 42
15.3.1.2 Cores e tipos de plo de gato................................................................... 43
15.3.2 Unhas.................................................................................................................... 43
15.3.3 Glndulas Sebceas .............................................................................................. 43
15.3.4 Glndulas Sudorparas.......................................................................................... 44
15.3.5 Senilidade ............................................................................................................. 4416 DOENAS PSICOGNICAS DA PELE ................................................................................ 45
16.1 DERMATOSES PSICOGNICAS CANINAS........................................................... 46
16.1.1 Dermatite Acral por Lambedura........................................................................... 46
16.1.2 Manifestaes Psicognicas Diversas .................................................................. 47
16.2 DERMATOSES PSICOGNICAS FELINAS............................................................ 48
16.2.1 Alopecia e Dermatite Psicognicas ...................................................................... 48
16.2.2 Suco da Cauda .................................................................................................. 49
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17 DISTRBIOS DA HIPERSENSIBILIDADE ......................................................................... 50
17.1 HIPERSENSIBILIDADE DE CONTATO.................................................................. 5017.2 HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR CANINA................................................... 52
17.3 HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR FELINA .................................................... 53
17.4 HIPERSENSIBILIDADE PICADA DE PULGA.................................................... 54
18 CASOS CLNICOS PARA EXEMPLIFICAR A CURA DE DERMATITES PELO
TRATAMENTO HOMEOPTICO SOB UMA VISO UNICISTA ......................................... 56
18.1 DERMATITE PSICOGNCA .................................................................................... 56
18.1.1 Caso Bob .............................................................................................................. 56
18.2 DERMATITE ALRGICA (HIPERSENSIBILIDADE) ............................................ 57
18.2.1 Caso Happy .......................................................................................................... 57
18.2.2 Caso Tobias .......................................................................................................... 58
18.2.3 Caso Tet.............................................................................................................. 58
18.2.4 Caso Mnica......................................................................................................... 59
19 FSICA E HOMEOPATIA....................................................................................................... 60
20 CONCLUSES........................................................................................................................ 62
21 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................... 63ANEXO 1: ..................................................................................................................................... 67
ANEXO 2: ..................................................................................................................................... 68
ANEXO 3: ..................................................................................................................................... 69
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RESUMO
Reviso bibliogrfica cujo objetivo foi descrever brevemente o tema homeopatia, dando
grande importncia a essa forma de medicina que era alternativa e que agora j reconhecida
pelo Conselho Federal de Medicina do Brasil. Dar exemplos do funcionamento positivo dessa
medicina (homeopatia) em algumas patologias de ces e gatos. Essas patologias sero
relacionadas pele principalmente. As patologias que so descritas fisiologicamente so a
dermatite psicognica e a dermatite alrgica (ou hipersensibilidade). Tambm h exemplos de
tratamentos homeopticos para algumas patologias de ces e gatos e uma discusso de como o
tratamento homeoptico pode funcionar no homem, em comparao com os animais.
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1INTRODUO
A homeopatia uma teraputica mdica que consiste em curar os doentes valendo-se de
remdios preparados em diluies infinitesimais e capazes de produzir no homem aparentemente
sadio sintomas semelhantes aos da doena que devem curar num paciente especfico. Com esta
conceituao da homeopatia, pode-se distinguir os seus trs fundamentos bsicos: princpio da
semelhana, experimentao no homem sadio e ao de diluies infinitesimais (DANTAS,
1987).
A homeopatia, alm de ser uma especialidade metodolgica no ramo da teraputica
mdica, tambm prope uma concepo mdica avanada, abordando de forma integrada os
binmios sade-doena e doena-doente. Ela uma teraputica mdica da pessoa doente dentro
do seu mundo e para o aspecto pessoal de suas reaes mrbidas diante das agresses que sofre
(COSTA, 1945).
O princpio da semelhana : Similia similibus curenter, ou seja, que os semelhantes
sejam curados pelos semelhantes. Toda substncia capaz de provocar determinados sintomas
(fsicos ou psquicos) numa pessoa sadia tambm capaz de curar uma pessoa doente que
apresente estes mesmos sintomas, e essa tese foi comprovada com a experimentao no homemsadio (DANTAS, 1987).
Para a farmacologia clssica condio necessria que todo medicamento ou frmaco
seja um agente qumico, portanto contendo matria. A homeopatia, diluindo sucessivamente a
substncia de base, chega a diluies infinitesimais, onde teoricamente no deveria existir um
nica molcula da substncia original, ou seja, o medicamento homeoptico passaria a no ser
mais um agente puramente qumico e sim fsico. Se tudo no universo matria e energia, se a
matria e a energia se interconvertem, se no h vida humana sem energia, vlida e oportuna a
pesquisa de recursos energticos (fsicos) para reequilibrar um organismo doente, que por sua vez
tambm constitudo por clulas e molculas (matria) e, inevitavelmente, mantm-se vivo
custa de reaes metablicas (fsico-qumicas) que geram a energia necessria vida (DANTAS,
1987).
Os magos da Babilnia so os primeiros dos quais se tem relato de posturas teraputicas
por meio de seus conhecimentos de astronomia, estabeleceram analogias do homem com o seu
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mundo e as manifestaes csmicas. Essa harmonia era definida como estado de sade
(BRUNINI, 1993 a).Ainda como precursores de Hipcrates temos os sacerdotes egpcios, a escola jnica
com Pitgoras e Empdocles. Hipcrates foi quem trouxe para a medicina o seu status de
cincia, rompendo com o sacerdotismo e indo a campo onde estavam os pacientes. J nessa
ocasio, introduz o conceito de unidade vital, onde o doente inseparvel do seu meio fisiolgico
e csmico, sendo a doena no apenas um conjunto desarmnico de sinais e sintomas, mas sim
todo um dinamismo (BRUNINI, 1993 a).
Hipcrates estabeleceu a lei da inverso medicamentosa ao enunciar que a doena
produzida pelos semelhantes, e pelos semelhantes que fizeram com que ela fosse contrada o
doente passar da doena sade... A febre suprimida pelo que a produz e produzida pelo que a
suprime (BRUNINI, 1993 a).
Aristteles (384 322 a.C.) de certa forma promove uma regresso que impede a
difuso do estudo dos semelhantes, estabelecendo princpios fixos. E esta regresso permite que
Galeno, grego de Prgamo (138 201 d. C.), discurse sobre a lei dos contrrios, para reequilbrio
de eventuais discrasias. Aps a Idade Mdia, a medicina hipocrtica deixa de ser uma cincia
mofada nos conventos, e, no Renascimento, junto a Cornarius e Paracelso, volta s origensvitalistas (BRUNINI, 1993 a).
Renasce o esprito cientfico e, ento se chega poca de Hahnemann com o nascimento
da homeopatia (BRUNINI, 1993 a). Homeopatia essa que enfoca o ser humano como um todo,
visando dar equilbrio espiritual e corporal, buscando a causa e tratando da mesma em cada
desequilbrio que pode ocorrer em cada um de ns.
A justificativa para este trabalho a orientao da populao, para que esta tenha
conhecimento de um tipo de medicina (homeopatia), muitas vezes mais barata e com menoresefeitos colaterais em relao alopatia; e que, em muitos casos clnicos, vem sendo eficiente at
com animais domsticos como ces e gatos, por exemplo.
Este trabalho teve como objetivos demonstrar a eficincia da homeopatia em casos
clnicos fazendo um levantamento bibliogrfico para orientao sobre o que , como age e quais
os efeitos desta medicina; descrever duas principais patologias de ces e gatos e fazer uma
comparao com a espcie humana.
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2 SAMUELHAHNEMANN
Cristiano Frederico Samuel Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755 em Meissen,
uma antiga cidade da Saxnia. Com 20 anos ingressou na Universidade de Leipzig para cursar
medicina. Em agosto de 1779 Hahnemann defende sua tese de doutorado e se torna doutor em
medicina. Se casou e teve onze filhos. Com 20 anos ingressou na Universidade de Leipzig para
cursar medicina, e para se manter dava aulas particulares de lnguas estrangeiras e traduzia livros
para o alemo. No s livros de patologia e clnica como tambm sobre filosofias, materialismo,
vitalismo e outros (BRUNINI, 1993 b).
Hahnemann foi uma figura polmica por acreditar muito mais na susceptibilidade
constitucional de cada ser, e desse modo a vulnerabilidade individual passara a ser uma resposta
ao estmulo necessrio para causar uma doena (BRUNINI, 1993 b).
Seu pai o estimulava a praticar exerccios de pensamento, para que procurasse a
soluo de problemas por si mesmo, desenvolvendo assim, o pensamento intuitivo e os limites do
raciocnio lgico (CREDIDIO, 1994).
Concluindo seus estudos tericos foi para Viena trabalhar no Hospital de Misericrdia.
Sempre procurou ter uma compreenso mais humanitria da situao aproximando-se dasdoenas e das pessoas adoecidas (CREDIDIO, 1994).
Em agosto de 1779, Hahnemann defende sua tese de doutorado e se torna doutor em
medicina. Conseguiu obter muito prestgio junto clientela, e de volta a Leipzig, tornou-se um
clnico de grande renome e prosperidade com excelente clientela. Entretanto, sentia grande
insatisfao com a medicina que exercia, pois de certo modo, ele achava que os procedimentos
mdicos e clnicos mais tudo o que ele havia lido e traduzido sobre a medicina comum, eram
atitudes errneas, infundadas, sem lgica e desconsideravam totalmente o ser pessoa que ele tanto
acreditava, pois ele cr na susceptibilidade constitucional de cada ser (CREDIDIO, 1994).
Aps a morte de um amigo em sua responsabilidade clnica, Hahnemann d um basta,
desiste de clinicar e desabafa: Em torno de mim s encontro trevas e desertos, nenhum conforto
para meu corao oprimido; oito anos de prtica exercida com escrpulo e cuidado fizeram-me
conhecer a ausncia do valor dos mtodos curativos ordinrios. No sei, em virtude de minha
tristeza e experincia, o que se deve esperar dos conceitos dos grandes mestres (BRUNINI, 1993
b).
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Novamente Hahnemann voltou a sobreviver de tradues e aulas. Em 1790, ao traduzir
um livro de medicina de Willian Cullen, ficou fascinado com a indicao clnica da quinina (ouquina) para o tratamento da malria. No gostando da explicao que Cullen dava, Hahnemann
decidiu ingerir ele mesmo a quina para ver o que acontecia. Percebeu ento, em seu organismo,
uma reao txica muito parecida com os sintomas da malria. Havia, portanto uma identidade
entre a doena e o medicamento. Em seguida, experimentou em seus familiares e amigos e notou
que o fenmeno se repetia (BRUNINI, 1993 b).
Assim Hahnemann comprovou na prtica o que Hipcrates havia descoberto sculos
antes, ou seja, o mesmo agente que causa uma molstia capaz de cur-la (BRUNINI, 1993 b).
Hahnemann passou a estudar vrias outras substncias e em 1796 publica: Ensaio sobre
um novo princpio para verificar o poder curativo das drogas (CREDIDIO, 1994).
Retornou prtica mdica em 1805 e, mesmo criticado, adquiriu muitos adeptos. Em
1810, Hahnemann editou seu livro bsico Organon da Arte de Curar, que mostrava uma nova
forma de ver as doenas. Foi o primeiro mdico moderno a anotar em ficha clnica aquilo que
ouvia de seus pacientes, a escutar todas as queixas e valorizar o comportamento dos doentes,
inclusive sonhos (CREDIDIO, 1994).
Hahnemann faleceu no dia 2 de julho de 1843, tendo trabalhado at seus ltimos dias(BRUNINI, 1993 b).
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3 FORAVITALECONCEITODESADE
A energia responsvel pela existncia de vida em nosso planeta; graas harmonia
entre as foras energticas que o nosso universo se mantm com leis de equilbrio bastante
precisas (BRUNINI, 1993 c).
Hahnemann muito antes de Einstein enunciar sua crebre equao da relatividade,
provando que a matria tem relao direta com a energia e vice-versa falava dessa energia;
quando extraa, na manipulao de substncias materiais brutas, a energia vital que teria
competncia medicamentosa (BRUNINI, 1993 c).
Para a homeopatia, a fora medicamentosa de um remdio energtica e no
mensurvel ou no pondervel, cabendo, portanto a valorizao do aspecto maior desta fora
imaterial, que nas tradues das lnguas latinas chamada de fora vital. Essa forma de energia
flui para todas as partes do corpo, dando-lhe condies de atividade (BIAZZI, 1995).
Tal fludo, que existe durante toda a vida e desaparece um instante aps a morte,
despertou na Antigidade o interesse de filsofos, mdicos e alquimistas, e a pedra angular de
Stahl (grande vitalista e mdico homeopata do sculo XVIII) (BRUNINI, 1993 c).
Hipcrates j acreditava numa energia curativa, ou seja, via natural de cura. Essa energia o principal agente de qualquer cura, e o que se pode fazer remover ou diminuir empecilhos ao
seu fluxo adequado. A doena a tentativa de o corpo restabelecer sua harmonia. Curar-se
compreender o sentido da doena, evoluir com a adversidade; curar no significa tirar a doena
e sim eliminar-lhe a causa existencial profunda (BRUNINI, 1993 c).
A fora vital atuando em nveis sutis do inconsciente explica por que uma pessoa sob
hipnose induzida cr que foi picada por uma abelha e desenvolve no local uma reao tpica
inclusive com aumento de histamina local. Isso mostra que a causa do binmio sade/doena
algo mais profundo, que vem de um poder capaz de comandar todos os fenmenos biolgicos e
manter a homeostase (BRUNINI, 1993 c).
Para Hahnemann, as doenas s aparecem por causa de um desequilbrio energtico. A
enfermidade, ento, nada mais do que um desvio da energia vital que pode manifestar-se de
vrias maneiras, como dor de cabea, gastrite, pneumonia etc. (BRUNINI, 1993 c).
Assim, a doena no apenas o silncio dos rgos, mas a manuteno do reequilbrio
da fora vital, o corpo necessita da fora vital para sobreviver. No pargrafo 10 do Organon
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(GEHSPBM, 1984 a) Hahnemann coloca: O organismo material, destitudo da fora vital, no
capaz de nenhuma sensao, nenhuma atividade, nenhuma autoconservao, e somente o serimaterial, animador do organismo material no estado so, e no estado mrbido (o princpio vital
a fora vital, que lhe d toda a sensao e estimula suas funes vitais) (BRUNINI, 1993 c).
Onde l-se organismo material, entende-se corpo sem vida.
Essa energia vital, apesar de ser impondervel, no apenas uma abordagem filosfica
ou de crena, pois o casal de cientistas russos Semion e Valentina Kirlian demonstraram, atravs
da fotografia de alta voltagem, que quando uma pessoa est num estado de sade fsica precria
existem alteraes de dimetro, cor e regularidade em seu campo eletromagntico. Demonstraram
isso ao manipular um gerador de alta intensidade magntica (BIAZZI, 1995).
Assim todo o organismo e seus componentes podem ser fortalecidos ou enfraquecidos,
dependendo do grau de harmonia, ressonncia e fora da influncia mrbida a ele aplicada
(BRUNINI, 1993 c).
Cada pessoa possui um tipo caracterstico de sentir, expressar-se; portanto, os
medicamentos, mesmo para patologias do mesmo nome, sero diferentes, pois a homeopatia
busca o universo de cada ser (MAURY, 1983).
No existem casos de lceras, asma, urticras e amigdalites; teremos pacientesphosphorus, arnica, arsenicum, etc., ou seja, associamos o paciente com o medicamento e no
com a doena (MAURY, 1983). ... De modo que somente por sua ao dinmica sobre a fora
vital, os remdios podem restabelecer e realmente restabelecem a sade e a harmonia vital...
(GEHSPBM, 1984 b; Pargrafo 16).
Ao tratar de energia vital, citamos Fritjof Capra, fsico, Doutor da Universidade da
Califrnia e da Universidade de Stanford, afirma que no h coisa, h somente interligaes.
Em seu livro O Tao da Fsica (CAPRA, 1983), Dr. Capra discute como os relacionamentos daenergia so a base do fenmeno tanto fsico como mental (BRUNINI, 1993 c).
Enfim, o homem evolui em essncia por meio do binmio matria e energia formando
uma unidade, depurando-se materialmente e encontrando uma maneira digna e saudvel de viver
(BRUNINI, 1993 c).
Algo muito importante para o funcionamento da homeopatia ter o observador livre de
preconceito, pois qualquer mdico, alopata ou homeopata um observador antes de tudo, e a
observao uma das partes fundamentais do ato mdico. Hahnemann percebendo isto e sabendo
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do pouco caso que se fazia em relao observao, repetiu muitas vazes a palavra observar em
sua principal obra, o Organon da Medicina (SALAMA, 1993).Para exemplificar a grande importncia da observao, ser citado o pargrafo 278 do
Organon (GEHSPBM, 1984 b), quando Hahnemann ensina que somente com a experincia pura
e observao cuidadosa da sensibilidade de cada paciente que se pode determinar a quantidade
de medicamento a dose em cada caso particular.
O verdadeiro mdico tem que esforar-se a cada momento para desvincular-se de seus
preconceitos para que possa curar ao enfermo, pois somente assim, como verdadeiros mdicos,
teremos condies de alcanar os mais altos fins de nossa existncia (SALAMA, 1993).
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4AEXPERINCIANOHOMEMSO
4.1EXPERIMENTAOHOMEOPTICA
O processo da experimentao homeoptica , sem dvida, importante e a mais
significativa expresso de um potencial cientfico de explorao do universo, iniciava uma
caminhada no mais profundo, no mais escondido dos pores do sofrimento humano. A partir
desse momento os homens passaram a vivenciar, por meio da experimentao, situaes
passageiras dos mais variados matizes, totalmente coloridas pelas idiossincrasias (NETO, 1993).
H, sem dvida, uma tendncia natural no homem em provar as substncias da natureza.Os homens procuram, pelos mais distintos caminhos, acercar-se do seu verdadeiro EU. Essa
informao pode ser facilmente observada quando notamos o grande nmero de pessoas
drogadas, viciadas, por quererem se conhecer, experimentando diferentes substncias (DANTAS,
1987).
A modificao desse percurso pr-experimentao para um novo curso ps-
experimentao a mesma modificao que os organismos experimentam quando entram em
contato com um noxa (distrbios da energia vital provocadas por agentes dinmicos de carter
especfico; agente agressor) que promove um novo rumo, uma nova realidade energtica (NETO,
1993).
Iniciava-se em 1790 a histria da patogenesia. Hahnemann, ao ler sobre a intoxicao
pela China officinalis (quinina), relaciona os sintomas da intoxicao com os sintomas da doena
real, sua conhecida de longa data, pois Hahnemann teria contrado febre palustre. Ele relaciona
assim duas entidades ainda distantes da associao, e cria, a partir desse momento, o alicerce
fundamental da experimentao na homeopatia (BIAZZI, 2002).
Passa a experimentar inicialmente em si e depois em sua famlia e em seus amigos,
estabelecendo a primeira matria mdica da homeopatia (NETO, 1993).
So requisitos para a experimentao da droga que esta seja realizada por pessoas de
ambos os sexos, isentas de enfermidades, e no maior nmero possvel. Hahnemann nos fala
inclusive que o mdico o melhor experimentador. O experimentador deve ainda possuir um
grau de inteligncia que o possibilite descrever de maneira clara o que estiver sentindo. Durante a
experimentao, os experimentadores devero levar uma vida tranqila, sem excessos, abstendo-
se de tomar substncias txicas, estimulantes excitantes ou com poder medicinal (NETO, 1993).
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As substncias devem ser puras, autnticas e bem conhecidas na sua obteno, modo de
preparo e conservao (DANTAS, 1987).O experimento deve ser realizado a uma s droga por vez, dessa forma no haver
interferncia de outra substncia. As doses utilizadas passaram a ser cada vez mais diludas com
o intuito de minimizar os efeitos txicos, indesejveis, como vmito, nusea, diarrias etc. Com
isto obtinha-se outra gama de sentimentos que apareciam durante a experimentao. Os
medicamentos despertam sintomas que lhes so prprios em uma pessoa que seja sensvel, no os
desenvolvendo simultaneamente, mas sucessivamente. Os sintomas s sero includos como
sendo do medicamento quando forem observados em segundo ensaio (NETO, 1993).
Os experimentadores devero anotar os sintomas no exato momento de sua ocorrncia,
os quais sero considerados da maneira como foram escritos e ainda sero modalizados em todos
os aspectos possveis de forma a conterem pormenores da esfera mental quando esta estiver
presente (NETO, 1993).
No pargrafo 32 do Organon, Hahnemann nos fala que todos os medicamentos so
capazes de prover sintomas, que lhe so prprios, a todos os homens que os experimentarem em
qualquer poca e em todos os lugares e circunstncias, promovendo o aparecimento de sintomas
quando so administrados em doses fortes (NETO, 1993).Segundo Kent (1981), elege-se um diretor de prova, e s ele sabe a substncia a ser
experimentada. Cada experimentador recebe a dose diluda e dinamizada, sem se comunicar com
os outros experimentadores.
Os sintomas vo sendo anotados medida que aparecem. A experimentao tem incio
com uma dose nica, sendo que a seqncia dos sintomas no deve ser perturbada (NETO, 1993).
Numa experimentao, o diretor o nico a saber da droga experimentada e do cdigo
de quem recebe um placebo. Aleatoriamente so decididos os elementos que recebero o placebo,cerca de 25% dos sujeitos. Por fim, os experimentadores devem guardar segredo acerca dos
sintomas (NETO, 1993).
O ideal fazer trs experincias ao mesmo tempo, em lugares diferentes, e com sujeitos
de nacionalidades diferentes, nas montanhas, nas plancies e no nvel do mar. Porm, isso
praticamente impossvel. recomendvel ento que as experincias sejam feitas no nvel do
campo, com gua e ar no poludos. O propsito disso elevar a sade dos sujeitos (NETO,
1993).
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As experincias assim descritas so os primeiros rudimentos de um medicamento.
Juntamente com os dados de tecnologia, formaremos a base inicial para a utilizao dessemedicamento. Esses dados so ainda muito tericos, sendo necessria a prtica clnica incorporar
esse medicamento. preciso comprovao curativa do paciente em todos os nveis (NETO,
1993).
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5 MIASMAS
Aps j ter codificado a lei da semelhana e dos infinitesimais, Hahnemann elaborou
aps doze anos de trabalho, sua teoria miasmtica, a qual foi apresentada no livro Doenas
Crnicas, sua Natureza Peculiar e sua Causa Homeoptica (GEHSPBM, 1984 a). Neste livro ele
comenta que no adianta tratar a molstia crnica como uma doena definida a ser rapidamente
curada, mas que sempre encontrar fragmentos separados de uma doena original mais profunda,
ou seja, sempre poder encontrar sintomas diferentes, o que pode enganar o mdico. Neste caso,
este pode imaginar que est lidando com uma outra doena, e assim promover um tratamento
incorreto, j que ele no decodificou a doena original que seria mais profunda (BRUNINI et al.,
1993).
Doenas agudas so aquelas que se desenvolvem em um prazo mais ou menos
determinado e sua evoluo para a cura ou a morte e Doenas crnicas so aquelas que se
arrastam por um prazo indefinido e essas podem ser divididas em trs tipos principais: 1
doenas medicamentosas; 2 doenas crnicas falsas; 3 doenas crnicas verdadeiras ou
miasmas (BRUNINI et al., 1993). Entendemos esses conceitos de acordo com o Organon:
5.1 DOENASMEDICAMENTOSAS
So doenas iatrognicas (iatrogenia: alterao patolgica provocada nos pacientes por
tratamento mdico errneo ou inadvertido) ou causadas pelos medicamentos e seus efeitos
nocivos e colaterais (BRUNINI et al., 1993).
Pargrafo 75: Essas incurses na sade humana, realizadas pela arte no curativa
aloptica (principalmente nestes ltimos tempos), so, de todas as doenas crnicas, as
deplorveis, as mais incurveis, e, lamento acrescentar que aparentemente impossvel descobrir
ou acertar remdios para sua cura, quando estas doenas j alcanaram um estgio
consideravelmente adiantado.(GEHSPBM, 1984 a).
5.2 DOENASCRNICASFALSAS
Pargrafo 77: Os males, impropriamente chamados crnicos, so os contrados pelas
pessoas que se expem continuadamente s influncias nocivas evitveis, que se habituam abusar
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de lquidos e alimentos nocivos, que se entregam s dissipaes de muitos tipos que prejudicam a
sade, que se privam por muito tempo de coisas necessrias para o sustento da vida, que residemem locais insalubres, principalmente em lugares pantanosos, que habitam em stos, pores ou
outras moradias fechadas, que se privam de exerccio ou de ar puro, que arruinam a sade,
forando o corpo ou a mente, que vivem em constante preocupao, etc. Esses estados de falta de
sade que as pessoas contraem, desaparecem espontaneamente, desde que no haja, latente no
corpo, nenhum miasma crnico, com um mtodo de vida mais sadio, no podendo ser chamadas
doenas crnicas.(GEHSPBM, 1984 a).
Fica claro que certas doenas podem vir a curar-se por si, uma vez adequadas e
corrigidas as condies que as causaram, melhorando as condies de vida, acarretando como
conseqncia, a cura das falsas doenas crnicas (COSTA, 1945).
5.3 DOENASCRNICASVERDADEIRASOUMIASMAS
Pargrafo 78: As verdadeiras doenas crnicas naturais so as oriundas de um miasma
crnico, que, quando entregues prpria sorte, e no combatidas pelo emprego de remdios
especficos para elas, continuam sempre aumentando e piorando, no obstante os melhoresregimes mentais e fsicos, e atormentam o paciente at o fim de sua vida, com sofrimentos
sempre crescentes. Esses, exceto os produzidos mediante tratamento mdico errneo (pargrafo
74), so os mais numerosos e maiores flagelos da raa humana; mesmo uma constituio fsica
muito robusta, o modo de vida mais normal e a energia mais vigorosa da fora vital, so
insuficientes para sua erradicao.(GEHSPBM, 1984 b).
exclusivamente pela compreenso do miasma que se pode chegar ao prognstico da
evoluo do paciente, graas montagem de seus sintomas, dentro de uma ordem hierrquica,
para a compreenso de sua dinmica miasmtica, ou seja, todo o seu modo de agir, viver, sentir
... inclusive adoecer, para ento medicar de maneira correta, lembrando que esses miasmas foram
uma unidade trimiasmtica (psora, sicose, sfilis). Estes trs so miasmas crnicos, sendo que as
doenas causadas pelos mesmos manifestam-se atravs de doenas locais, das quais originam-se,
se no a totalidade, a maioria das doenas crnicas, eles so importantes pois a molstia original
que se busca, tem que ser de natureza crnica miasmtica (BRUNINI et al., 1993).
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Na busca do mal profundo que engloba os diferentes episdios mrbidos da vida de um
enfermo, Hahnemann chegou a caracterizar trs disposies (predisponentes) do sistema orgnicoque constituam como que entidades dinmicas condicionantes de terreno. No eram
enfermidades propriamente ditas, mas estados discrsicos ou diatsicos que condicionavam a
ecloso das enfermidades ou sndromes consideradas cada uma delas como entidades clnicas
separadas e independentes. Identificou trs discrasias com os nomes de psora, sicose e sfilis.
Eram alteraes mrbidas do organismo inteiro que podiam incidir na estrutura do indivduo,
afetando seu gentipo, visto que Hahnemann as considerou hereditrias, com o que podem ser
consideradas como enfermidades da construo (conjunto de propriedades morfolgicas,
filosficas e psquicas que particularizam o ser humano) (GODOY, 1993 a).
Estas discrasias ou miasmas, como Hahnemann as chamou, no so enfermidades, e
estas trs disposies dinmicas mrbidas nada mais so que a perturbao das trs funes vitais
por excelncia a excitao, a inibio e a disfuno que implicam uma perverso da atividade
vital (COSTA, 1945).
A excitao primria, que constitui a reao de alarme original do sistema orgnico
frente agresso externa, corresponderia psora, que passa assim a ser entendida como uma
reao de estmulo defensivo, condicionada morbidamente pela susceptibilidade, para chegar excitao super normal (GODOY, 1993 a).
Dentro de uma viso didtica e simplista: a psora como algo superficial e caracterstico
de cada ser ao manifestar seus desequilbrios peculiares; a sicose como uma introjeo ou
recolhimento das peculiaridades, violentando seus impulsos prprios; e a sfilis como algo de
destrutivo onde o encanto pelas coisas da vida passam ao desinteresse (BRUNINI et al., 1993).
Para Hahnemann, depois da elucidao da natureza trplice das molstias, o tratamento
tornou-se possvel uma vez que foram descobertos os remdios homeopticos especficos paracada um desses trs miasmas diferentes (GEHSPBM, 1984 b).
Depois de Hahnemann, os conceitos sofreram modificaes segundo vrios autores. A
psora relaciona-se com a indefensibilidade bsica do ser humano, o sentimento mais primrio da
humanidade, tornando-se um conceito mais profundo. Est tambm relacionada com alteraes
funcionais, a hipersensibilidade e a variabilidade (DANTAS, 1987).
J a sicose e a sfilis seriam mecanismos defensivos utilizados pelo indivduo numa
tentativa de suprir ou negar essa sensao angustiante do seu conflito psrico. Assim: na sicose,
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ocorre uma mente mal ativa e perversa, altera estruturalmente o organismo atravs de
hipertrofias. O indivduo tenta dominar o meio (BRUNINI et al., 1993).Na sfilis, ocorre uma mente hipoativa. Altera-se o organismo pela destruio. O
indivduo j no luta. Foge ou fica indiferente, tenta destruir a si ou ao meio (BRUNINI et al.,
1993).
A concluso que a enfermidade uma s (a alterao da energia vital), e as entidades
clnicas so as foras do organismo para solucionar esse desequilbrio (BRUNINI et al., 1993).
Na homeopatia psrica, a enfermidade uma entidade antomo-clnica. Na homeopatia
miasmtica, a enfermidade a alterao morbosa (morbo: estado patolgico; doena) da fora
vital, implica a susceptibilidade (BRUNINI et al., 1993).
Assim, no basta simplesmente que desapaream os sintomas clnicos do paciente,
preciso, sim, alterar a atitude global do ser humano. Deve-se acalmar a susceptibilidade como um
todo (BRUNINI et al., 1993).
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6 OSMIASMASCOMOEXPRESSODADINMICAVITAL
Dentro dos princpios homeopticos, a psora o conceito mais debatido e tambm o que
mais se tem prestado especulao terica (GODOY, 1993 a).
Hahnemann concebeu a psora como um estado de idiossincrasia ou predisposio que
atuava como um terreno receptivo e como causa fundamental de todas as enfermidades
(GODOY, 1993 a).
As trs dinmicas mrbidas (psora, sicose e sfilis) no podem ser, portanto, outra coisa
do que a perturbao dinmica das funes vitais normais inerentes ao indivduo (GODOY, 1993
a).
Segundo PASCHERO (1983), o indivduo exalta a sua sensibilidade, perturba a sua
normal atividade da resistncia s agresses externas, quando o jogo normal de sua capacidade
defensiva est impedindo ou contrariando. A inibio reiterada traz aumento da tenso e distonia
vegetativa e vemos como gnese dos transtornos mentais e da personalidade nos estancamentos
em etapas infantis pela represso ou frustrao.
A funo essencial do organismo a liberao de sua energia desde o centro para a
periferia, desde a mente para os emunctrios. Toda a transgresso no curso normal destatrajetria regida pela fundamental Lei da Cura, implica numa inibio patgena, ou seja, uma
supresso (COSTA, 1945).
A psora (manifesta) resulta originalmente da supresso de uma manifestao cutnea
exonerativa que d lugar a uma perturbao interna pelo retrocesso da energia vital referente.
Esta a essncia mesma de toda a doutrina hahnemanniana. A energia vital retropulsada,
contrariada em sua trajetria excntrica, internalizada e convertida em tenso que susceptibiliza
ao indivduo (PASCHERO, 1983).
A Lei de Cura, que rege a tendncia de todas as clulas, tecidos e rgos para
restabelecer o equilbrio homeosttico do organismo, a mesma tendncia normalizadora e
exonerativa da energia vital que Hipcrates chamou de Physis, foi inibida no cumprimento de sua
funo essencial (GODOY, 1993 a).
J se tinha o conceito, desde Hipcrates, que havia uma corrente de eliminao que,
maneira da corrente de um rio caudaloso, vem desde o interior profundo do indivduo para deixar
nas margens, pele-tecido celular, serosas e mucosas, o limo de suas impurezas, e que quando a
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via excretora da pele bloqueada, uma nova rota vicariante busca abrir passo, dando lugar s
metstases, teoria fundamental da medicina que concede drenagem emunctorial exonerativa deenergias, de libido, humores e toxinas, a funo capital na economia vital do indivduo (GODOY,
1993 a).
Na realidade, a psora, como produto da transgresso a uma Lei Natural, no seria mais
que um estado de hipersensibilidade alrgica permanente, resultado de antigas represses da
corrente eferente que normalmente cursa a energia vital, com que esta ditese passa a ser a
conseqncia da primeira e fundamental transgresso Lei Natural de Cura, que rege toda
atividade biolgica e que tende a manter constante a composio do meio interno (GODOY, 1993
a).
Muito antes das palavras alergia (von Pirquet: reao modificada do organismo) e
anafilaxia (Richet: hipersensibilidade produzida experimentalmente por protenas estranhas),
Hahnemann destacou este estado de hipersensibilidade ou reatividade anormal que chamou psora
e que predispunha o organismo para as enfermidades, referindo-se a uma estigmatizao
neurovegetativa, cujas derivaes psquicas permitem compreender o fenmeno neurtico
(GODOY, 1993 a).
O conceito de alergia circunscreveu-se ao mecanismo qumico humoral dasusceptibilidade criada experimentalmente, porm o seu alcance engloba tudo o que significa
capacidade reativa do organismo, tanto no aspecto fisiolgico como psquico, por alrgenos que
vo desde os alimentos, as variaes climticas, as infeces etc., at os fatores desencadeantes
de ordem emocional (GODOY, 1993 a).
A psora, disposio de susceptibilidade mrbida, um estado dinmico puramente
funcional, de atividade defensiva, sem patologia estrutural como o so a sicose e a sfilis. Estas
ltimas do sintomas lesionais como supurao, hipertrofias, neoplasias, lceras, necrose etc. Apsora d sintomas reativos funcionais: dores, pruridos, congestes, espasmos e manifestaes
neurovegetativas (GODOY, 1993 a).
Na realidade, sempre a psora que reage frente a qualquer alrgeno, e o que a sfilis e a
sicose fazem fixar o mecanismo alrgico nos rgos de choque que correspondam ao gnio
mrbido de cada ditese, levando o processo dinmico gerado pela susceptibilidade alrgica para
a patologia orgnica, ou seja, para os tipos especficos de enfermidade (GODOY, 1993 a).
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A sicose e a sfilis no seriam, portanto, miasmas reais, no sentido de que so formas
reacionais da psora, que pode ser ento entendida como o nico miasma real (GODOY, 1993 a).O fundamental no atender ao agente ofensivo, mas a capacidade de ser agredido do
indivduo, dessensibilizar ao enfermo como primeirssimo objetivo da teraputica e da profilaxia
(GODOY, 1993 a).
O advento do conceito hahnemanniano da enfermidade, como a entidade dinmica que
compromete a totalidade do indivduo na unidade de uma reao psicofsica, englobando os
sintomas da personalidade psquica, faz com que a psora, enfermidade fundamental do ser
humano, no seja realmente uma enfermidade no sentido nosolgico (clnico), mas uma
idiossincrasia ou disposio de susceptibilidade que sobrepassa o conceito de alergia, na medida
em que se restringe apenas no plano humoral. A medicina atomstica rechaou sistematicamente
a valorizao clnica dos sintomas psquicos e mentais porque no podia reduzi-los a termos
fsico-qumicos quantitativos e tampouco pde transcender o plano humoral do problema da
alergia (GODOY, 1993 a).
Ficou portanto sem compreender que a hipersensibilidade alrgica no s constitui o
substratum essencial de toda a patologia como tambm no compreendeu que esse
substratum de natureza dinmica e que, por s-lo, encontra suas mais autnticas expressesno sistema dinmico por excelncia, o sistema crtico-diencfalo vegetativo que comanda a
atividade orgnica, psquica e espiritual do indivduo como pessoa (GODOY, 1993 a).
As crises de ansiedade, de medo, de angstia, de mania, os impulsos agressivos, tudo o
que paroxstico e em acessos, so uma brusca ecloso de contedos tensionais mrbidos,
energticos, que buscam sada, liberao (GODOY, 1993 a).
Crises aps a medicao (urticrias, crises febris atpicas, asma etc.) expressam o
restabelecimento da capacidade reativa normal de cura que a psora, por sua hipersensibilidade,exarceba (GODOY, 1993 a).
O que atua a vontade vegetativa (inconsciente) natural, que retifica o sentido da fora
vital para uma dinmica positiva de vida e no negativa de perverso (sicose) ou de
autodestruio (sfilis), suscitando assim a evoluo dinmica do paciente para a realizao de
seu verdadeiro sentido de vida, para os altos fins de sua existncia, como postula Hahnemann: o
simillium dirigido a levar ao desenvolvimento e crescimento evolutivo do indivduo, desde o
seu infantil condicionamento como ser biolgico egocentrado, autista, captativo, irresponsvel e
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dependente, em um ser espiritualmente livre, aberto vida em plenitude, adulto, responsvel e
independente (GODOY, 1993 a).Partindo da base de Hahnemann e PASCHERO (1983), em relao conceituao de
miasmas, foi proposta a considerao do seguinte desenvolvimento de raciocnio:
1 - Psora bsica, miasma primordial e origem dos demais (a psora secundria ou
manifesta, a sfilis e a sicose), vista, portanto como terreno receptivo, transmissvel
geneticamente, transmissvel de pessoa a pessoa (desde que haja susceptibilidade) e causa
fundamental de todas as enfermidades clnicas (GODOY, 1993 a).
2 - No pargrafo 12 (GEHSPBM, 1984 b) do Organon, Hahnemann nos diz que
somente a fora vital morbidamente afetada que produz molstias. E no pargrafo 16, que essa
perturbao s pode ser tambm de natureza dinmica (energtica), assim como a reao curativa
dessa fora vital tambm s pode ser desencadeada mediante um estmulo igualmente energtico,
dinmico, como com o medicamento homeoptico adequado.
3 - Sabemos (pargrafo 31 do Organon) que a fora vital s pode ser perturbada se
estiver previamente susceptvel (GEHSPBM, 1984 b).
4 - Portanto a causa fundamental de todas as doenas ou psora bsica (latente) s pode
estar relacionada com a susceptibilidade da energia vital. Se no houvesse essa susceptibilidadebsica da fora vital no seramos vulnerveis a noxas (distrbios da energia vital provocadas por
agentes dinmicos de carter especfico; agente agressor) de qualquer natureza e nasceramos,
viveramos e morreramos em estado de sade, sem sermos afetados por qualquer enfermidade
(GODOY, 1993 a).
Como nada esttico e a vida se desenvolve em etapas, no nos parece correto
considerar que existe apenas um nico tema ou sofrimento em toda a vida do indivduo, j que,
vencida uma etapa, passar por outra em que o tema fundamental ser naturalmente outro(COSTA, 1945).
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7 IDIOSSINCRASIALEISDECURA
SUSCEPTIBILIDADESNOXASCONCEITODESADE
A predisposio (ou seja, a susceptibilidade) consiste na vulnerabilidade do organismo
em geral ou de qualquer de suas partes a adquirir determinadas molstias. J a refratariedade
consiste na insensibilidade s aes patgenas de certos agentes mrbidos, qumicos, fsicos,
bioqumicos e biolgicos e por isso o indivduo incapaz de contrair determinadas molstias.
tambm chamada de imunidade natural (COSTA, 1945).
Idiossincrasia: 1. Disposio do temperamento do indivduo, que o faz reagir, demaneira muito pessoal ao dos agentes externos; 2. Maneira de ver, sentir, reagir, prpria de
cada pessoa (Novo Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa). (Do grego: idio = peculiar,
syncrasis = mistura).
A esta ltima categoria pertencem as chamadas idiossincrasias que significam
constituies corpreas peculiares que, embora ss sob outros aspectos possuem uma tendncia a
serem levados a um estado mais ou menos mrbido por certas coisas que parecem no produzir
impresso alguma nem nenhuma mudana em muitos outros indivduos. (GEHSPBM, 1984 b;
pargrafo 117).
Mas essa incapacidade de produzir uma impresso em todos apenas aparente. Pois
como so necessrios dois elementos para produzirem alteraes mrbidas na sade do homem (o
poder inerente da substncia influenciadora e a capacidade da fora vital, princpio vital, que
anima o organismo, a ser por ela influenciada) as perturbaes bvias sade nas assim
chamadas idiossincrasias, no podem ser deixadas por conta apenas dessas constituies
peculiares, devendo ser tambm atribudas s coisas que as produzem, em que deve estar o poder
de deixar as mesmas impresses em todos os organismos humanos, embora de tal forma que
somente um pequeno nmero de constituies sadias tenham uma tendncia a se deixarem levar
por elas a um estado mrbido to bvio (BRUNINI & NETO, 1993 a).
Est provado que esses agentes realmente causam uma impresso em cada organismo
humano. So, por isso que, quando empregados como remdio, prestam servio homeoptico
efetivo a todos os doentes (pois sintomas mrbidos semelhantes a estes s parecem capazes de se
manifestar nos indivduos chamados idiossincrticos) (BRUNINI & NETO, 1993 a).
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A idiossincrasia pode ser classificada como congnita e adquirida; sendo a congnita
mais difcil de ser curada, pois est ligada a sua idiossincrasia miasmtica. A idiossincrasia como um estado especial ao qual certas substncias dinamizadas podem despertar no seu plano
dinmico sintomas, uma vez estimulados. Dessa forma, podemos explicar como uma populao
exposta ao mesmo agente teraputico dinmico evolui desde eu no sinto nada at sintomas
importantes ou sensaes prprias (BRUNINI & NETO, 1993 a).
Sabemos que as molstias internas aparecem nos homens graas a distrbios da energia
vital provocadas por agentes dinmicos de carter especfico (noxa), sendo que se tornaro
patognicos ou morbgenos quando conseguirem atingir a energia vital. Entretanto, num
fenmeno de ressonncia com o padro vibratrio de cada um e despertando sensaes em cada
indivduo, esta sensibilidade explica, por exemplo, como no interior de uma populao exposta
ao mesmo agente agressor, uma parte desenvolve a doena e outra no, como no caso de uma
epidemia onde uma frao varivel adoece enquanto outra no. Sendo o medo de ficar doente um
fato preponderante no plano mental, abrindo espao para que o indivduo fique desguarnecido e
adoea ou no, os que so vtimas do temor tero muito mais possibilidades de ficarem doentes
do que os demais. Demonstrando assim a importncia do terreno (mental) onde o agente agressor
(noxa) poder ou no apresentar manifestaes (BRUNINI & NETO, 1993 a). o indivduo quem faz a sua doena, que a cura, quem a torna crnica ou determina a
morte. A fisiopatologia das doenas depende exclusivamente do modo do organismo reagir, e no
da causa que a determinou, nem depende tampouco da leso anatomopatolgica e o mesmo se
verifica em relao aos medicamentos nesse sentido no h doenas mais graves ou menos
graves, na realidade h um terreno ruim ou um terreno bom, ou seja, mais susceptvel ou menos
susceptvel (COSTA, 1945).
A susceptibilidade seria a expresso de um vazio, que atrai para si as coisas que estono mesmo plano de vibrao da carncia do organismo. Dessa maneira atrai para si a
enfermidade que tende a preencher este vazio (BRUNINI & NETO, 1993 a).
Uma vez satisfeita essa atrao, preenchido esse vazio, o enfermo se torna imune a
posteriores ataques da mesma condio. A cura consiste em satisfazer a susceptibilidade e pr
fim ao influxo das causas; sendo que a susceptibilidade tambm pode ser satisfeita pelo
medicamento homeoptico e se esta satisfao for completa, teremos encontrado o simillimum e o
indivduo entrar em estado de perfeita harmonia de sua energia vital (GEHSPBM, 1984 a).
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7.1CONCEITODESADE
Segundo a O.M.S. (Organizao Mundial da Sade) o conceito de sade : Estado de
perfeito bem estar fsico, psquico e social (BRUNINI & NETO, 1993 a).
Sade e doena so dois conceitos abstratos que se opem e no podem ser expressos
em uma frase definida. Sade consiste na harmonia do indivduo consigo mesmo e com o
ambiente que se traduz pelo bom aspecto no s morfolgico como tambm pelas suas
manifestaes sociais. Em geral os dois estados (sade e doena) so ntidos quando mais ou
quando menos acentuados, mas a passagem de um para o outro insensvel, de modo a vermos
indivduos com aspecto de sade que, no entanto, esto doentes, pelo menos na sua imaginao e
isto j traduz um estado patolgico (COSTA, 1945).
Sade um estado de harmonia entre as partes do organismo e entre as pessoas como
um todo como o cosmos. Deve considerar tanto as relaes consigo mesmo como as relaes
humanas, o que implica estudar o estado psicolgico e ambiental de toda pessoa que perdeu a
harmonia da sua sade (PASCHERO, 1983).
7.2 CONCEITO DE ENFERMIDADE CLNICA (OU ENTIDADE
NOSOLGICA)
um conjunto de sintomas (subjetivos) e sinais (objetivos) que se apresentam sempre
juntos nos enfermos e que obedecem a uma causa aparente ou imediata, sempre a mesma, que
evolui segundo um mecanismo ou patogenia determinados e que terminam em leses
caractersticas (BRUNINI & NETO, 1993 a).
7.3CONCEITODEMOLSTIA
o complexo de alteraes funcionais e morfolgicas, de carter evolutivo, que se
manifestam no organismo submetido a ao de causas estranhas contra as quais ele reage
(COSTA, 1945).
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7.4LEISDECURA(COMOACURASEMANIFESTA)
Segundo Hahnemann curar restabelecer a sade das pessoas enfermas. Tratar o
aparente, no curar, pelo contrrio, pois pode trazer conseqncias indesejveis (BRUNINI &
NETO, 1993 a).
A doena no somente desequilbrio e desarmonia, tambm, e talvez
principalmente, esforo da natureza no homem para obter um novo equilbrio (COSTA, 1945).
As doenas crnicas no desaparecem instantaneamente, devendo cumprir com toda
uma reorganizao do organismo adoecido, obedecendo uma seqncia lgica de reequilbrio
energtico, chamada de as leis de cura ou as leis de Hering:
1. do centro para a periferia;2. do alto para baixo;3. dos rgos mais vitais para os menos vitais;4. ou, finalmente, na ordem inversa de sua apario, isto , que os mais recentes
desaparecero primeiro e os mais antigos por ltimo (BRUNINI & NETO, 1993 a).
Segundo PASCHERO (1983), A cura se faz no autismo infantil, egosta e irresponsvel
(ou seja, de dentro para fora).
7.5OSENTIDOEAORIGEMDACURALEISDEHERING
O homeopata Hering tirou as seguintes concluses sobre a cura com a homeopatia:
a melhoria da dor tem o curso de cima para baixo; a melhoria das enfermidades ocorre de dentro para fora; os sintomas desaparecem na ordem inversa em que surgiram, aliviando primeiro os
rgos mais importantes ou vitais e logo os menos importantes e as mucosas e a pele
ao final;
medida que desaparecem os ltimos sintomas vo reaparecendo os sintomasantigos (SILVA, 1993).
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8OESTUDODOORGANON(AARTEDECURAR)
Na primeira edio (1810), o livro era chamado Organon da Medicina Racional e era
composto de duas partes: uma leva o ttulo de Exemplos de curas homeopticas involuntrias
realizadas pelos mdicos da escola antiga, desde Hipcrates at Sydenham; a outra composta
pelo Organon (propriamente dito) (BRUNINI & NETO, 1993 b).
um livro que deveria ser obrigatrio para todos os profissionais da rea de sade com
formao homeoptica ou no, graas ao vasto conhecimento tico-cultural que nos transmite, a
tal ponto de podermos afirmar com certeza, tamanha sua riqueza, que os pargrafos 3 e 4
encerram basicamente uma sntese dos pontos fundamentais do conhecimento mdico (BRUNINI
& NETO, 1993 b).
Em seus pargrafos, o Organon disseca toda a medicina geral e teraputica, como
tambm expe seu mtodo experimental e suas bases doutrinrias para o conhecimento e
tratamento dos enfermos, sob as luzes desta outra medicina, a homeopatia (BRUNINI & NETO,
1993 b).
O perfil de um verdadeiro mdico para Hahnemann: Busque um homem simples,
sensato, que seja consciente de seus estudos e ensinamentos, que saiba responder com clarezatodas as questes de sua competncia, que no fale sem objetivo ou sem ser interrogado, um
homem, enfim, que no estranhe nada que seja de interesse da humanidade; escolha um mdico
que no reaja jamais com grosserias, que no se irrite, seno em frente s injustias, que no
desperdice nada mais que os aduladores, que tenha poucos amigos mas que estes sejam homens
de corao, que respeite os que sofrem a liberdade de queixar-se, que no omita opinies antes
que reflita seriamente, que prescreva poucos medicamentos com freqncia, um s , que se
mantenha modestamente afastado do burburinho da multido, que no desdenhe seus colegas
nem faa auto-elogios, enfim um amigo da ordem, da calma, um homem de amor, de caridade. E
acrescentava: Uma palavra todavia, antes de eleg-lo, observai como se conduz com os
enfermos pobres e, quando sozinho no seu consultrio, ocupava-se de trabalhos srios
(GEHSPBM, 1984 b).
No segundo pargrafo do Organon l-se: O ideal mximo de cura o restabelecimento
rpido, suave e duradouro da sade, ou remoo e aniquilamento da doena em toda a sua
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extenso, da maneira mais curta, mais segura e menos nociva, agindo por princpios facilmente
compreensveis (GEHSPBM, 1984 b).A doena o prembulo da morte, e como tal um signo de evoluo, isto , toda vez
que o homem se aproxima da morte, ele tem nas mos a chance de evoluir. Curar-se , portanto,
compreender o sentido da doena, aprender com esse sofrimento que se dispe a ensinar
(BRUNINI & NETO, 1993 b).
8.1OQUESEDEVECURAR?
No terceiro pargrafo, Hahnemann define o que se deve curar, devendo o mdico ter
compreenso de caso por caso, procurando tanto a convivncia do medicamento mais apropriado,
quanto o seu modo de ao, como a dose certa, o perodo apropriado para sua repetio e a
remoo dos obstculos ao restabelecimento para ocorrer uma cura durvel (BRUNINI & NETO,
1993 b).
Isto ocorrer se houver um interesse abnegado em perceber a individualidade do ser, a
busca de suas peculiaridades, ou seja, a capacidade dinmica do poder curativo de um remdio.
Esses sintomas particulares contam a histria de cada remdio, em identidade com o paciente, e avoz da natureza, configurando uma totalidade de cada indivduo segundo sua prpria e pessoal
maneira de reagir (MAURY, 2002).
8.2COMOSEDEVECURAR?
O verdadeiro mdico encontra nos medicamentos simples, administrados
exclusivamente e sem estarem combinados, tudo o que possa desejar (...), ele jamais, conhecedor
do sbio provrbio que reza ser errado tentar empregar meios complexos quando bastam simples,
pensa em dar como medicamento qualquer substncia que no seja simples e nica (...)
(GEHSPBM, 1984 b).
Individualizar um medicamento est na relao direta de importncias quanto
individualizar um paciente, e qualquer situao que fuja a esta norma transgride a lei da
semelhana e falseia os princpios fundamentais da homeopatia (BRUNINI & NETO, 1993 b).
Sabe-se que a composio gentica, o DNA, de um indivduo desempenha um papel na
formao da predisposio hereditria doena; possvel que um pai adquira uma enfermidade
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cuja influncia pode ser transmitida aos filhos, embora no tenha ocorrido nenhuma mudana
conhecida na estrutura gentica do pai. Levando em considerao o plano dinmico, muito fcilimaginar como isto aconteceu se a fora vital estiver significativamente enfraquecida nos pais,
o campo eletrodinmico do filho pode ser, do mesmo modo, enfraquecido no momento da
concepo (GEHSPBM, 1984 b).
8.3TOPOGRAFIADOORGANON
1. Parte Doutrinria = Pargrafos 1 70;2. Parte Prtica = Pargrafos 71 291 (BRUNINI & NETO, 1993 b).
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9.PSICOSSOMTICAEHOMEOPATIA
De vez em quando faclimo descobrir a posio anmica de um homem no s pelas
suas palavras, mas pelos seus prprios pensamentos, que no passam de sinais da alma expressos
pelo corpo (Santo Agostinho).
Da alma fluem todos os males e bens do corpo e do homem, em geral, e influem sobre
o resto... (Scrates).
Quase todas as chamadas doenas mentais e emocionais nada mais so que males
fsicos em que o sintoma de perturbao mental e emocional peculiar a cada uma delas aumenta,
ao passo que os sintomas fsicos declinam (com maior ou menor rapidez), at que, por fim, atinge
sua maior parcialidade, quase como se fosse um mal local no sutil rgo invisvel da mente ou do
carter (GEHSPBM, 1984 b; Pargrafo 215).
H um interior em tudo o que existe, de outro modo no poderia existir o externo
(KENT, 1981).
9.1AMEDICINA PSICOSSOMTICA ACADMICA
A medicina acadmica elaborou sua teoria para explicar a interao Ser-fenmenos
biolgicos, a partir da concepo unitria do homem (SILVA, 1993).
O Sistema Nervoso Central O Psiquismo O Sistema Endcrino e o Sistema Imune
num conjunto integrado e ligados aos fatores gerais de adaptao ao meio ambiente, respondem
com uma sintomatologia clnica reflexa, com suas modificaes qualitativas ou quantitativas
(SILVA, 1993).
O reflexo fsico da excitao psquica o prprio responsvel pelo desencadeamento,
agravao ou precipitao das doenas somato-psquicas. Os sintomas psicossomticos so vistos
pela medicina acadmica numa casualidade especfica, dentro de uma resposta especfica de
personalidades prprias para as doenas (SILVA, 1993).
A medicina acadmica reduz a interao ser-resposta somtica aos fatos vivenciais a
um emaranhado, a uma rede de conduo de estmulos num determinismo funcional que nega o
prprio sentido do que buscava: o entendimento do indivduo, do indivisvel, do nico, do ser
(SILVA, 1993).
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9.2 A VISO HOMEOPTICA NA TERAPUTICA
PSICOSSOMTICA
As doenas causadas, precipitadas ou agravadas por conflitos psquicos promovem uma
unidade em interao com o meio. O tratamento com o simillimum capaz de atuar e favorecer a
harmonia do homem no seu ambiente, sendo, por essa razo, a homeopatia um tratamento
psicossomtico (DANTAS, 1987).
Para Hahnemann, a doena mental se situa como uma doena dinmica, crnica,
oligossomtica, com carter de manifestao isolada, limitada. Hahnemann achava que asdoenas fsicas acrescidas por distrbios da mente, onde por uma disposio peculiar do
indivduo, se ampliam; e dizia tambm: Tero sempre primordial importncia todas as
manifestaes fsicas que precederam a doena mental. Por isso o tratamento homeoptico nas
doenas mentais to dificultoso (GEHSPBM, 1984 b).
Para a homeopatia, todas as enfermidades so psquicas (psicognicas) por se
desenvolverem a partir de conflitos inconscientes num estado susceptvel prvio, isto , numa
constituio predisposta. No desenvolve um conflito quem quer, mas quem pode (COSTA,
1945).
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10 AS POTNCIAS EM HOMEOPATIA ESCALA DE
DINAMIZAODEFREQENCIALASCENDENTE
As potncias dos medicamentos homeopticos tm como guia a Regra de Jahr, que diz:
quanto mais perfeita a similitude entre o paciente e o medicamento, mais alta dever ser a
potncia a ser utilizada (GODOY, 1993 b).
Por outro lado, diluio e dinamizao so titulaes fsicas de uma substncia (CH 90,
por exemplo). J potncia a capacidade medicamentosa, curativa, de um determinado
medicamento frente a um determinado enfermo, no dependendo de um nmero (GODOY, 1993b).
um erro supor que aumentando a medida das doses, estas se fazem mais homeopticas.
Aumentar o grau de potncia pode apressar a cura, mas com freqncia incrementa a agravao
(KENT, 1981).
Precisa ser entendido que a homeopatia no pode ser praticada com uma s potncia de
um medicamento; todas as potncias atuam quando o remdio o indicado (KENT, 1981).
A maior falha observada na utilizao da Escala de Kent (1981) que se inicia com a
dinamizao preparada pela Escala Centesimal Hahnemanniana pura (at CH 30), depois passa
para a Escala Centesimal Mtodo Korsakoff (at C200) e depois para a Escala Centesimal
preparada por fluxo contnuo (de C200 em diante). Sabe-se que a correlao entre essas trs
maneiras de preparo do medicamento apenas numrica, ou seja, no tem correlao quanto
potncia medicamentosa. O ideal que se inicie e termine na mesma escala (GODOY, 1993 b).
Escala de Dinamizao de Freqencial Ascendente:
Completa (com picos e plats)(CH 6 CH 8 CH 10) (CH 12 CH 18 CH 20) (CH 24 CH 30)
(CH 36) (CH 60 CH 72 CH 84 CH 90 CH 96 CH 108)
(CH 120 CH 168) (CH 180) (CH 240 CH 336)
(CH 360 CH 420 CH 480 CH 504 CH 600 CH 630 CH 672)
(CH 720) (CH 840)
Escala s de picosCH 6 CH 12 CH 24 CH 36 CH 48 CH 60 CH 120 CH 180 CH 240 CH
360 CH 720 CH 840 (DANTAS, 1987)
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Obtm-se o nmero da Escala Freqencial Ascendente por meio de clculos
matemticos em que se encontra o nmero de vezes pelas quais cada dinamizao divisvel(DANTAS, 1987).
Com esta escala, pode-se evitar a repetio da mesma potncia num momento
inoportuno. As dinamizaes seriam como degraus de uma escala que se tem que ir conectando
os passos, cada um com o prximo, sendo que a dimenso de cada um desses passos est
relacionada com os planos energticos cada vez mais sutis que vo sendo estimulados medida
que vamos incrementando as dinamizaes (COSTA, 1945).
Cada potncia atuaria mobilizando a energia vital em seus respectivos planos seguintes
mais sutis, ou seja, mais elevados (GODOY, 1993 b).
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11ESCALACENTESIMALEDECIMAL
As concentraes de insumos ativos nas preparaes derivadas ou dinamizadas
obedecem, principalmente a duas escalas:
Escala Centesimal (C), que constitui a escala clssica, tendo sido padronizada porHahnemann.
Escala Decimal (D ou X), criada por Hering (nos Estados Unidos) e publicada porVehsemeyer (COUTINHO, 1993).
As indicaes D1 ou X1 correspondem a primeira dinamizao decimal. A indicao C1
corresponde a primeira dinamizao centesimal (COUTINHO, 1993).
Na primeira dinamizao decimal (D1 ou X1), temos uma diluio correspondente a
uma parte de insumo ativo em nove partes de insumo inerte. Na primeira dinamizao centesimal
(C1), temos uma diluio de uma parte de insumo ativo em noventa e nove partes de insumo
inerte (COUTINHO, 1993).
11.1POTNCIAMEDICAMENTOSAEFORAMEDICAMENTOSA
EQUIVALNCIANASESCALASDECIMALECENTESIMAL
Cada dinamizao para na escala decimal apresenta uma correspondente na escala
centesimal. Elas so semelhantes no nvel de fora medicamentosa, ou seja, em termos de
diluio em relao a preparao primria. Mas so diferentes em relao a potncia da
dinamizao, ou potncia medicamentosa, ou seja, liberao e concentrao de Energia
medicamentosa (COUTINHO, 1993).
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12AESCALAL.M.(CINQENTESIMAL)
Hahnemann, em 1830, comeou a experimentar o mtodo cinqentamilesimal (L.M.)
utilizando a repetio de doses, com diluio e dinamizaes mtodo plus (OTAROLA, 1993).
Esta escala apresentada na 6 edio do Organon, tornando-se pblico em 1920 em
traduo precria, mas somente a partir de 1952 foi possvel uma traduo em francs
(OTAROLA, 1993).
A grande vantagem desta escala sobre a escala centesimal est em que:
evita a reapario dos sintomas oferece melhoria maior e mais duradoura apresenta Leis de Cura com um andamento mais precoce (diminuio das
agravaes ou ausncia no comeo do tratamento) (OTAROLA, 1993).
Hahnemann refere-se escala cinqentamilesimal como o mais perfeito mtodo de
dinamizao (OTAROLA, 1993).
O que levou Hahnemann ao uso da L.M.:
1. A escala centesimal no era capaz de liberar ao mximo a potncia medicamentosa
reclusa nos medicamentos homeopticos;2. Os medicamentos no agiam com rapidez;
3. Provocavam violentas agravaes;
4. O perodo de cura durava pouco tempo;
5. Problema da repetio do medicamento (OTAROLA, 1993).
12.1DIFERENASENTREASESCALASL.M.ECENTESIMAL
Na escala centesimal as passagens de dinamizao so na escala de 1/100 e na L.M. so
de 1/50000 (OTAROLA, 1993).
A L.M., por passar nos trs processos de triturao, tem auto grau de dinamizao e
elimina a energia que provavelmente causaria os fatores da agravao (OTAROLA, 1993).
Na escala centesimal usa-se um tipo de graduao alcolica e na L.M. usam-se dois:
lcool de 90 e depois de 95 (OTAROLA, 1993).
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12.2VANTAGENSDAL.M.
1. Nenhum perigo de provocar piora dos sintomas das doenas agudas, crnicas.
2. Possibilidades de repetir a administrao.
3. Em todas as doenas agudas ou crnicas, a ao da L.M. mais rpida, suave e sem
agravao com relao centesimal.
4. As enfermidades crnicas so mais sensveis aos medicamentos preparados segundo a
escala L.M., com relao centesimal.
5. Diminuio das recadas.
6. Cura das doenas agudas e crnicas se obtm em tempo mais curto com a
dinamizao L.M..
7. Utilizando-se dinamizao ascendente, segundo a escala L.M. (L.M.3, L.M.4, L.M.5
etc), a piora do doente rara.
8. No se verifica qualquer diminuio do efeito teraputico no uso prolongado do
mesmo medicamento (OTAROLA, 1993).
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13PLACEBOS
O termo placebo deriva do latim (do verbo placere), que significa eu agradarei. Na
farmacologia, definido como o efeito resultante da teraputica medicamentosa, somado a
efeitos no especficos associados ao esforo teraputico; resultam da relao mdico-paciente.
So efeitos subjetivos ou objetivos que atuam no controle voluntrio ou involuntrio, podem
suplementar os efeitos farmacolgicos e s vezes representam a diferena entre o sucesso ou o
fracasso teraputico. O alvio dos sintomas ao tomar um placebo no significa origem psicolgica
ou somtica dos sintomas (ROMANO, 1993).
Os placebos podem ser puros (lactose ou soluo salina) ou impuros (vitaminas,
penicilina) que so substncias com propriedades farmacolgicas mas empregadas em doses
subeficazes (ROMANO, 1993).
Desde a Renascena os mdicos j apreciavam o poder da imaginao e a expectativa da
mudana dos estados do corpo para curar doenas, cita Robert Burton em 1628. Em 1940 so
iniciadas as pesquisas duplocego que inauguram a era contempornea do placebo, da surge a
seguinte constatao: sempre que um suposto tratamento inerte usado em uma situao
experimental, de 30 a 40% dos experimentados podem apresentar algum benefcio do tratamentoplacebo e uma segunda constatao: o padro de resposta ao placebo tipicamente assemelha-se
aos achados farmacolgicos de drogas com respostas ativas (ROMANO, 1993).
O placebo pode ser uma grande ferramenta para os homeopatas, pois por meio dele,
podem trazer o conforto a pacientes carentes que necessitam sentirem-se cuidados e medicados
(ROMANO, 1993).
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14ASESCOLASHOMEOPTICAS
14.1 ESCOLAS ORGANICISTAS (NO UNICISTAS E
REDUCIONISTAS)
No incio da homeopatia, alguns mdicos usavam mais de um medicamento, o que foi
condenado por Hahnemann no pargrafo 273 do Organon: Em nenhum caso sob tratamento
necessrio e, portanto, permissvel, administrar a um paciente mais de uma nica e simples
substncia medicinal de uma vez.... Todo mdico homeopata sabe que: jamais, conhecedor dosbio provrbio que reza ser errado empregar meios complexos, quando bastam os simples...
(GEHSPBM, 1984 b; pargrafo 274).
14.1.1 Escola Complexista
Os medicamentos homeopticos de usos no ortodoxos so os medicamentos
combinados ou complexos, sendo muitas vezes uma mistura de trs a dez medicamentos em
potncias muito baixas normalmente. Usa-se a similitude com a doena e no se considera odoente. No so isentos de efeitos colaterais, trata-se de uma homeopatia de baixo nvel onde a
individualizao (aspecto fundamental no tratamento homeoptico) fica em segundo plano
(BRUNINI & SAMPAIO, 1993).
14.1.2 Escola Alternista
Um outro tipo no convencional de abordar os pacientes praticado por um grande
nmero de homeopatas franceses o alternismo. Nesta, se alternam dois medicamentos ingeridos
pelo mesmo paciente numa mesma situao clnica, onde a dvida e a falta de conhecimento do
caso ou da matria mdica acarretaria o uso de dois remdios com a finalidade de fechar um
universo maior de sintomas (BRUNINI & SAMPAIO, 1993).
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14.1.3 Escola Pluralista
uma variante da escola alternista, que prescreve um medicamento para um tipo de
sintoma, outro para outro sintoma e assim sucessivamente. Os europeus descrevem bons
resultados, usando um remdio principal at de ordem mental ou repertorial e associam, muitas
vezes fitoterpicos (BRUNINI & SAMPAIO, 1993).
14.2ESCOLASUNICISTAS
O verdadeiro homeopata unicista segue linhas vitalistas universais. So os caminhos doholismo e do vitalismo que nos fazem compreender a dinmica vital do enfermo, no sendo,
portanto, uma somatria de sinais e de sintomas compilados de uma maneira organizada e
repertorizados aps uma conta aritmtica, mas a integrao do homem, personalizado o seu eixo
vital como um ser individual, com sua prpria histria de vida, indita em cada existncia. A
homeopatia unicista tambm conhecida como escola ortodoxa de Hahnemann e Kent (1981),
havendo dentro desta linha teraputica vrias correntes:
1. Quanto ao remdio ser nico, mas com doses repetitivas em vrias potncias.
2. Outros que aguardam a evoluo do paciente antes de mudar a potncia.
3. Aqueles que nunca mexem em potncia, ou seja, no fazem o rastreamento,
entrando direto com potncias altas, valorizando praticamente apenas os sintomas mentais.
4. Aqueles que acreditam no conceito de ser e estar, ou seja, o indivduo pode estar
em vibrao com alguns remdios, admitindo que os homens so mutveis, trocando vrias vezes
de remdio no decorrer da vida.
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15 ALGUMAS PATOLOGIAS QUE PODEM SER TRATADAS
PELAHOMEOPATIA
As principais patologias que a homeopatia trata com grande eficcia so as dermatites,
as doenas renais e as doenas respiratrias (DANTAS, 1987).
Um exemplo da eficcia do tratamento homeoptico foi o caso de felinos abandonados
confinados em gatil acometidos por doenas respiratrias e dermatoses. As doenas respiratrias
dos felinos esto relacionadas, na maioria dos casos, a dois tipos de vrus: vrus da rinotraquete
viral felina e calcivrus felino. Para esses casos, de origem viral, no h alternativa teraputicaaloptica, as alternativas alopticas consistem em tratamento de apoio e bons cuidados auxiliares
(POVEY, 1990). Os medicamento alopticos com ao antiviral so empregados em medicina
humana, mas a sua utilizao em medicina veterinria no est devidamente aprovada (COSTA
et al., 2002).
J as dermatoses felinas esto comumente associadas a infestaes por ectoparasitas,
infeces bacterianas, infeces por dermatfitos, doenas endcrinas, reaes de
hipersensibilidade e doenas auto-imunes (BROEK & THODAY, 1995).
Os felinos foram submetidos a tratamento homeoptico. Decorridos 45 dias, verificou-se
que 36 (82%) dos animais tratados homeopaticamente no mais apresentavam os sinais clnicos
de doenas respiratrias e dermatolgicas constatados no incio do estudo. Conclui-se, portanto
que as observaes de Hahnemann no pargrafo 242 do Organon, relacionadas a humanos,
tambm podem ser aplicadas aos animais (BENITES et al., 2003).
No presente trabalho sero abordadas as patologias relacionadas pele.
15.1APELE
A pele (Figura 1) um rgo que forma uma cobertura geral envolta do corpo animal e
serve de limite do corpo com o mundo exterior. Seu significado biolgico, em primeira linha,
vem de sua elasticidade e firmeza, razes que a definem como um rgo de defesa ideal frente s
influncias do mundo externo. Esta ao protetora no s eficaz frente a aes traumticas
como tambm frente a invases de microorganismos e outras substncias txicas (SCHWARZE,
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1972). A pele quase que inteiramente a prova de gua, ela elstica, spera e, sob condies
comuns, auto regeneradora (LOSSOW, 1990).
Figura 1: Pele canina normal (colorao HE Hematoxilina-eosina)
Fonte: SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatologia de Pequenos Animais. 5 ed.
Copyright, 1996.
A pele funciona na sensao, proteo, termorregulao e secreo. Receptores
sensitivos para as quatro sensaes bsicas de dor, tato, temperatura e presso esto localizados
na pele (LOSSOW, 1990).
A pele possui plos e glndulas, que so formaes caractersticas dos mamferos,
excluindo os que vivem na gua. Os plos e glndulas da pele so formaes orgnicas
caractersticas, e so compostas fundamentalmente por clulas epidrmicas, motivo pelo qual se
denominam formaes epidrmicas (SCHWARZE, 1972). As glndulas da pele, glndulas
sudorparas tm a funo de regular a temperatura, as glndulas sebceas produzem uma secreo
sebcea que tem funo lubrificante da pele e plos, tm propriedades antifngicas e
antibacterianas e auxilia na manuteno da textura da pele (LOSSOW, 1990).
O manto cido da pele ajuda a proteger sua superfcie de agentes irritantes e bactrias.
Algumas doenas da pele destroem a acidez de certas reas, diminuindo a capacidade de auto-
esterilizao da pele. Nesta condio, a pele torna-se exposta invaso de bactrias (LOSSOW,
1990).
Evidncias experimentais indicam que a pele humana normal intacta comumente
impermevel a gua, lipdios, gordura e protena. Todos os gases verdadeiros de muitas
substncias volteis passam atravs da epiderme. Os numerosos orifcios foliculares servem
como canais para a absoro. As substncias que passam atravs da pele normal so solveis em
lipdeos e gua (LOSSOW, 1990).
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A pele de um homem adulto recobre em mdia mais de 7500 cm2 de rea de superfcie,
pesa aproximadamente 3 quilogramas (quase duas vezes o peso do fgado ou do crebro) e recebecerca de 1/3 de toda a circulao sangnea do corpo (LOSSOW, 1990), no caso de um bovino, a
pele chega a 500 quilogramas de peso e 5,67 m2 de rea de superfcie; em um cachorro de 25
quilogramas, possui 0,95 m2 de rea de superfcie e pesa cerca de 4,3 9,3% do peso total do
animal (SCHWARZE, 1972).
15.2CAMADASDAPELE
15.2.1 Epiderme
A camada externa ou epidrmica (Figura 2) da pele composta de clulas epiteliais
pavimentosas estratificadas. So elas: o estrato crneo (camada cornificada), o estrato lcido
(camada clara), o estrato granuloso (camada granulosa), o estrato espinhoso (camada espinhosa) e
o estrato germinativo (camada regenerativa) (LOSSOW, 1990).
Figura 2: Inervao da pele canina. a, rede nervosa drmica; b, rede do folculo piloso; c, rgos
terminais especializados. Epidermis = epiderme; dermis = derme; sensory n. = neurnio sensorial; hipodermis =
hipoderme; secondary hairs = plos secundrios; primary hair = plo primrio; sebaceous gland = glndula sebcea;
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arrector pili m. = msculo eretor do plo; apcrina sweat gland = glndula sudorpara apcrina; motor n. = neurnio
motor
Fonte:SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatologia de Pequenos Animais. 5 ed.
Copyright, 1996.
O estrato crneo a camada mais externa da pele e consiste em clulas mortas
completamente preenchidas com uma protena chamada queratina. O estrato crneo consiste em
20% de gua (estrato germinativo = 70%), e composto por clulas achatadas que se assemelham
a escamas. Ele serve como barreira fsica e sua espessura determinada pelo nvel de estmulo
desta superfcie pela eroso e suporte de peso (LOSSOW, 1990).O estrato lcido se dispe imediatamente abaixo do estrato crneo e no visualizado
em pele pouco espessa. Tem a espessura de uma a cinco clulas, consistindo em clulas
transparentes, achatadas, mortas ou em degenerao, geralmente anucleadas (LOSSOW, 1990).
O estrato granuloso formado de duas a cinco camadas de clulas achatadas, transio
para camadas subjacentes. Possui grnulos acumulados nas clulas o que d nome camada, no
entanto esses grnulos no contribuem para a cor da pele (LOSSOW, 1990).
O estrato espinhoso consiste de vrias fileiras de clulas espinhosas de forma
polidrica sendo as extremidades das clulas espinhosas (LOSSOW, 1990).
O estrato germinativo, a camada mais profunda e mais importante da pele, contm
clulas capazes de sofrer diviso mittica. Estas clulas do origem, simultaneamente a todas as
outras camadas da epiderme, pois conforme novas clulas so formadas, elas sofrem
modificaes morfolgicas e nucleares medida que se movem para a camada mais superficial.
A epiderme se regenerar somente enquanto e estrato germinativo estiver intacto (LOSSOW,
1990).
A melanina o principal pigmento da pele, formada no estrato germinativo por clulaschamadas melancitos e transferida para clulas epiteliais circunjacentes . A presena de
caroteno responsvel, em parte, pela cor amarelada da pele. A cor mais escura da pele devido
melanina: a cor rsea origina-se dos vasos existentes na derme (no h vasos sangneos na
epiderme). Uma variao no contedo de melanina o principal fator responsvel pelas
diferenas de cor entre as raas (LOSSOW, 1990).
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15.2.2 Derme (Crio)
A derme ou crio (Figura 2), que se dispe imediatamente abaixo da epiderme, a
chamada pele verdadeira. Consiste em tecido conjuntivo contendo fibras colgenas brancas e
fibras elsticas amarelas. Na derme esto embebidos os vasos sangneos, nervos, vasos
linfticos, folculos pilosos e glndulas sudorparas (LOSSOW, 1990).
15.2.3 Tecido Subcutneo
O tecido subcutneo uma camada de tecido areolar contendo gordura, conhecido como
tecido adiposo subcutneo ou fscia superficial, liga a derme s estruturas subjacentes
(LOSSOW, 1990).
15.3ANEXOSDAPELE
15.3.1 Plo
O plo (Figura 2) encontrado em quase toda a superfcie corporal. Cada plo
composto por trs partes: a cutcula, o crtex e a medula. A cutcula a poro mais externa,
contm varias camadas de clulas superpostas semelhantes a escamas. O crtex a principal
parte do plo, e consiste em clulas alongadas unidas dando um aspecto de fibras achatadas. A
medula o eixo central, e composto de muitas clulas dispostas lado a lado e contendo espaos
de ar entre elas. A poro visvel do plo a haste. As clulas situadas na pele formam a raiz.
Circundando a raiz est o folculo piloso, uma invaginao tubular de epiderme envolvida por
uma bainha de tecido conjuntivo (LOSSOW, 1990).
O crescimento do plo semelhante ao crescimento da epiderme, sendo as clulas das
camadas mais profundas responsveis pela produo de novas clul