A Pedra Fundamental Da Igreja

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A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA OUTROS ESTUDOS PARA EDIFICAÇÃO ESPIRITUAL JORGE LINHARES ROOSEVELT SILVEIRA

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A P E D R A F U N D A M E N T A L D A

IGREJA

O U T R O S E S T U D O S P A R A E D I F I C A Ç Ã O ESPIRITUAL

J O R G E L I N H A R E S R O O S E V E L T SILVEIRA

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Primeira edição - 2001 Segunda edição - 2001 Nova edição - 2004

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Capa: Salvador Santana

Redação, pesquisa, argumentações e revisão: Roosevelt Silveira Conferência teológica: Pr. Jorge Linhares

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Ministério Pr. Jorge Unhares Se esta leitura o abençoou; Trouxe edificação para você e sua família; Fez com que sonhos se tornassem realidade; Foi instrumento profético de Deus; E, com gratidão a Deus, você queira investir em nossa vida, no Ministério... Ficaremos muito gratos, pois poderemos abençoar mais vidas, em nome do Senhor Jesus.

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Jorge Linhares Jorge Linhares Conta corrente: 014466-5 R. Leopoldinha Cardoso, 326 Agência 1408-7 - Bradesco Bairro D. Clara ou cheque nominal - carta 31260-240 B. Hte., MG registrada Brasil

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Estes estudos de Roosevelt Silveira se compunham de quatro livros. Nesta segunda edição, corrigida, os mesmos temas foram ampliados, passando a for­mar seis volumes, os quais foram redi­gidos de forma a ser lidos separadamen­te. Entretanto o capítulo de um poderá, às vezes, ser complementado ou mais bem compreendido com a leitura de ou­tros existentes nos demais. São eles:

• A Mãe de Jesus. Capítulos: A Mãe de Jesus, Os Irmãos de Jesus e a Irmã de Maria de Nazaré.

• O Sacrifício da Missa Capítulos: Os Sacramentos, O Sacrifício da Mis­sa, O Celibato Sacerdotal e A Confis­são Auricular.

• As Imagens. Capítulos: Os Dez Mandamentos, As Imagens, Os Sacri­fícios a ídolos, A Salvação pela Graça Mediante a Fé.

• As Tradições. Capítulos: As Tra­dições e Os Santos.

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A Pedra Fundamental da Igre­ja. Capítulos: A Pedra Fundamental da Igreja, A Infalibilidade Papal, O Purgatório, O Limbo e Os Pecados Capitais.

O Rosário. Capítulos: O Rosário, As I n o v a ç õ e s na I g r e j a e os Reformadores, O Catolicismo e As Mentiras Permitidas, As Semelhan­ças do Catolicismo com o Espiritismo e O Catolicismo em Relação aos Víci­os e aos Bailes.

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ÍNDICE

Introdução 7

1. As Pedra Fundamental da Igreja . 9

2. A Infalibilidade Papal 38

3. O Purgatório 48

4. O Limbo 76

5. Os Pecados Capitais 80

Conclusão 85

Oração 86

Bibliografia Consultada 87

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"Este Jesus - disse Simão Pedro - é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular" (At 4.11).

"Porque ninguém pode lançar outro fun­damento, além do que está posto, o qual é Jesus Cristo" (Paulo, em 1 Co 3.11).

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I N T R O D U Ç Ã O

A tendência do ser humano, desde a antigüidade, tem sido a de adorar, de venerar aquilo que viu, vê ou lhe é pal­pável. Por isso sempre quis representar Deus sob alguma forma, qualquer que fosse ela. O cristianismo primitivo abo­liu tudo isso, por ser costume dos povos pagãos. Com o passar dos anos, tais prá­ticas foram adentrando a igreja, de for­ma hábil.

Tendo sido dado destaque a Maria, resolveram também elevar Simão Pedro. Conferiram-lhe um cargo de porteiro do Céu e de sucessor de Cristo, função r e i v i n d i c a d a pe l o p a p a . Ho j e as canonizações de santos têm sido feitas por atacado.

E, não notando que Cristo nos é sufi­ciente, inventaram um lugar de tormen­tos, como purgatório, para purificação de pecados. Até criancinhas recém-nasci­das, inocentes, se não forem batizadas são condenadas a ficar num local cha­mado limbo.

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Nossa intenção é chamar a atenção de nossos amigos leitores que Cristo veio para nos resgatar, nos salvar de forma gratuita. Basta que entreguemos nossa vida a ele, com fé.

Cremos que os estudos a seguir eli­minarão possíveis dúvidas. Eles são ba­seados na Palavra de Deus, o manual orientador da vida dos cristãos.

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Capítulo 1

A PEDRA FUNDAMENTAL

DA IGREJA

A pedra fundamental da Igreja cristã só pode ser Cristo, o Filho do Deus Vivo, e ninguém mais. Mas esse é um dos te­mas geradores de polêmicas entre ca­tólicos e protestantes.

Se entregássemos uma Bíblia a al­guém que nada conhecesse de cristia­nismo, não tivesse sido influenciado por interpretação de nenhuma denomina­ção religiosa, poderíamos fazer um tes­te, pedindo-lhe para examinar Mt 16.13-20. Ele leria que Jesus, em vista das afirmações do povo, perguntado aos dis­cípulos:

"E vós, quem dizeis que eu sou?" (v. 15). Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"(v.

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Jesus lhe afirmou: "Bem-aventurado és, Simão Barjonas,

porque não foi carne e sangue quem to reve­lou, mas meu Pai que está nos céus. Tam­bém digo que tu és Pedro (Petros) e sobre esta pedra (petra) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão con­tra ela. Eeute darei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus"(Mt 16.18-20).

Terminada a leitura, é provável que a pessoa imaginasse uma cena de Jesus conversando com os discípulos e lhes mostrando uma pedra no chão, sobre a qual construiria um templo. Embora a interpretação fosse incorreta, não esta­ria ferindo a supremacia de Cristo. Se ela nos indagasse qual pedra seria aque­la, bastaria lhe dizermos tratar-se de simbolismo e que pesquisasse mais, pois a Bíblia inteira chama claramente uma só pessoa de pedra ("a rocha"). Ela logo descobriria de quem se trata. Convém salientar que igreja não é sinónimo de templo. Igreja (ekklesia) somos nós. Tem­plo é o prédio onde a igreja se reúne.

Como o catolicismo impôs seu pensa­mento, por séculos, de ser Pedro a pe­dra, muitos passaram a rejeitar inter­pretação diferente dessa. Esse o motivo de nos vermos obrigados a nos alongar em explicações, citando inclusive o gre-

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go e o aramaico, o que seria desneces­sário.

Vamos às palavras de Simão. Ele não disse: Tu és Jesus, mas "Tu és o Cristo". Estava afirmando: Tu és o Ungido, o Mes­sias da profecia do Antigo Testamento. É esse o significado da palavra Cristo. O nome de nascimento de nosso Senhor é Jesus. Depois é que passou a ser co­nhecido por Jesus Cristo. Confissão pa­recida com a de Pedro já havia sido pro­ferida por Natanael:

"Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és Rei de Israel" (Jo 1.45).

Não obstante o nome Pedro relacio­nar-se com pedra, estaria Jesus dizen­do ser Simão a pedra sobre a qual edificaria sua igreja? Veremos que não.

Mateus empregou o vocábulo mascu­lino Petros (que, em grego, significa frag­mento de pedra, pedrinha, seixo, blocos rochosos e móveis ou pedra separada) para designar Pedro e o feminino petra (que quer dizer massa de rocha, rocha grande e firme) para esclarecer em quem Jesus levantaria sua Igreja. Ele não escreveu as mesmas palavras: Tu és Petra e sobre esta petra nem Tu és Petros e sobre Petros, mas sim "Tu és Petros e sobre esta petra". Foi usado, ainda, o termo aramaico Cefas {Kepha ou Kefâ, igual a pedra) por João, em seu evangelho (1.42), e por Paulo (1 Co 1.12; 9.5; 15.5, Gl 1.18; 2.9,11) para

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nomear Pedro. Mateus também não registrou: Tu és Cefas e sobre esta Cefas.

O catolicismo alega que Jesus falava o aramaico e teria dito Cefas e não Petros. Mas, como seus apóstolos e dis­cípulos também deveriam conhecer o grego, pois os quatro evangelhos foram escritos nesse idioma, o Mestre também deveria dominá-lo. Para tentar provar o contrário, argumentam que:

"Somente o Evangelho de São Mateus- de acordo com a Tradição — foi composto em aramaico, que era um dialeto popular do hebraico nos tempos da formação dos escri­tos neotestamentários. O mesmo Evangelho de São Mateus logo foi traduzido para o grego."

Como justificativa, dizem, com base em Papias, bispo de Hierápolis, na Frigia, que Mateus teria compilado os oráculos, em hebraico, porém:

"A declaração de Papias de que Mateus 'compilou os oráculos' (synegrapsato ta logia) em hebraico, era considerada pela Igreja primitiva como prova de que Mateus foi o autor do evangelho que tem sido trans­mitido até nossos dias como 'segundo Mateus'. A maioria dos eruditos modernos acredita que Papias estava se referindo a uma compilação feita por Mateus, ou das afir­mações de Jesus ou de textos de prova messiânicos do Antigo Testamento..."1

O Novo Dicionário da Bíblia, p. 1008.

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Ainda consoante estudiosos de reno­me, o evangelho propriamente dito (Mateus) é uma escrita grega original.2 Por que o seu autor, com a vida agitada que deve­ria ter, o escreveria no aramaico para, logo em seguida, ter o trabalho de tra­duzi-lo para outro idioma? Se isso real­mente aconteceu, o evangelista teria uti l izado as duas palavras distintas (Petros e petra), em sua tradução, justa­mente para frisar o real intento do Mes­tre, testemunhado por ele.

Convém notar que em Jo 1.42 - que o romanismo concorda ter sido composto em grego está, de fato, a palavra aramaica Cefas, mas, em seguida, ela foi compara­da a uma outra em grego e esclarecido seu significado atribuído por Jesus:

"... Olhando Jesus para ele, disse. Tu és Simão, o filho de João; tu serás chama­do Cefas {que quer dizer Pedro)."

Embora o catolicismo tenha traduzi­do: "chamar-te-as Cefas (que quer dizer Pedra)", para Jesus, conforme está no texto original, Cefas queria dizer Petros, ou seja: Pedro, pedrinha, pedra separa­da, e não petra: rocha grande e firme.

Resta a questão gramatical. Se o Se­nhor estivesse se referindo a Pedro, di­ria essa e não esta pedra ou, o mais correto, Tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha igreja. 2-Id., p. 1009.

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Por que deixaria dúvidas pairando no ar? Ele é quem sempre fora chamado de a pedra. Antes de sua vinda ao mun­do como ser humano encontramos vari­as referências a isso.

"Ele vos será santuário; mas será pedra de tropeço e rocha de ofensa às duas casas de Israel" (Is 8.14).

O profeta se referia a Cristo que, para os desobedientes, seria tropeço e ofensa.

"Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solida­mente assentada: aquele que crer não foge" (Is 28.16).

Depois de sua vinda encontramos re­ferência a isso em Mt 21.42, Rm 9.33 e outras passagens.

O próprio Pedro, em At 4.11, afirma ser Cristo a pedra:

"Este Jesus é a pedra rejeitada por vós..." E em sua primeira epístola (2.4,6),

volta a afirmar: "Pedra viva, reprovada... pelos homens...

pedra principal de esquina, eleita e preciosa." Pedro informou que todos os cristãos

são pedras que vivem, isto é, fragmentos de pedra:

"... também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, afim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pe 2.5).

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A pedra angular (pedra de esquina) não era um simples fragmento. Costumava ser enorme, pesando toneladas, uma verdadeira massa de rocha. "Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó" (Mt 21.44). Assim, vemos ser Cris­to a pedra principal da construção, re­jeitada pelos edificadores. Ele é o fun­damento, a pedra fundamental.

No Novo Testamento Petros é trata­mento dado apenas a Pedro. Petra vem sempre acompanhada do artigo a e nun­ca foi utilizada para designar outro além de Cristo. Sendo ele a pedra, quando disse: "... tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja", estava explican­do: Tu és pedrinha e sobre esta rocha gran­de e firme edificarei a minha Igreja. Ou seja, seria edificada sobre o próprio Jesus. Há defensores de a pedra ser a confissão de Pedro. Nosso Mestre estaria dizen­do: E tu és fragmento de pedra e sobre esta grande rocha - a confissão de que sou Cris­to, o 'Filho do Deus vivo'—, edificarei a mi­nha Igreja. Isso porque a Igreja dele é composta por todos aqueles que confes­sam o seu nome como seu único Senhor e como o Filho de Deus.

"Porque ninguém pode pôr outro funda­mento, além do que já está posto, o qual é Cristo"{1 Co 3.11).

Se ninguém pode pôr outro, é sinal

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de que a igreja não pode estar edificada em Pedro. Se ele fosse a pedra, as por­tas do inferno teriam prevalecido con­tra ela logo em seguida à sua confissão. Em Mt 16.23, vemo-lo sendo usado por Satanás, sem ter conseguido resistir:

"... (Jesus) porém, voltando-se para Pedro, disse: afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos ho­mens!" (Bíblia de Jerusalém).

Santo Agostinho (354-430) já susten­tava que a rocha era Cr is to . 3

Pedro seguia o Mestre, convivia com ele e nem era convertido. Satanás an­dava à sua volta. Jesus, sabendo de sua fraqueza, de sua maior vulnerabilidade, rogou em especial por sua pessoa:

"Simão, Simão, eis que Satanás vos re­clamou (reclamou vocês) para vos penei­rar (peneirar vocês) como trigo. Eu, porém, roguei por ti (por você), para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converte­res, fortalece (ou: confirma) teus irmãos..." (Lc 22.31,32).

Mas Pedro era confiante em si pró­prio:

"Ainda que todos se escandalizem, nun­ca, porém, eu"(Mc 14.29). "Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão, como para a morte. Mas Jesus lhe disse: Afirmo-

3 - AGOSTINHO. Sermões 76; 147;232;245;270,cf Retracciones 1, 21,1, apud Biblia de Jerusalém, católica.

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te, Pedro, que hoje três vezes me negarás que me conheces, antes que o galo cante" (Lc 22.33,34).

A seguir, após ter dito isso, tendo Je­sus sido preso, acovardou-se, negando-o três vezes. Em uma delas chegou a mudar o seu modo de expressar (Mt 26.73,74). Convencido que fora de sua fidelidade, valente a ponto de ser vio­lento ao cortar, com a espada, a orelha direita de Malco, servo do sumo sacer­dote, quando prenderam o Mestre (Jo 18.10), ele, antes usado pelo Espírito Santo para declarar a divindade de Je­sus como o Cristo, depois da morte de nosso Senhor inteirou-se da fragilidade de sua fé. Pelo texto grego do evangelho de João (21.15-17), Jesus, depois de res­suscitado, indagou-lhe por duas vezes se o amava com amor profundo, sacrificial, desinteressado (ágape ou agapaô). Pedro respondeu-lhe que tinha amizade (phileõ) por ele. Nosso Senhor, na terceira vez, perguntou-lhe se ele lhe tinha amizade e Simão confirmou que sim. Se recor­rermos aos escritos originais veremos que Jesus foi diminuindo a intensidade de suas palavras. Veja como foi:

Jesus: "Simão, filho de João, tu me amas com amorprofundo, mais que todos os outros ?"

Pedro: "Sim, Senhor, tu sabes que te­nho amizade por ti."

Jesus, de novo: "Simão, filho de João,

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tu me amas com amor profundo?" Pedro: "Sim, Senhor, tu sabes que tenho

amizade por ti." Jesus: "Simão, filho de João, tu tens

amizade por mim?" Pedro, entristecido: "Senhor, tu sabes

todas as coisas; tu sabes que eu tenho ami­zade por ti."

Ele não mais se atreveu a se julgar portador de um amor enorme nem de uma amizade elevada, pois não quis di­zer, agora, que o seu sentimento era superior nem mesmo igual ao dos de­mais.

A Igreja Romana, embora tente uma justificativa com base em estilo, não tem como negar que Pedro usou tal ver­bo. Confessa ela:

"Amar' é expresso, no texto, por dois ver­bos diferentes, que correspondem, respec­tivamente, a amar e a ter amizade, gostar. Não é certo, porém, que essa alternância... seja mais do que uma questão de estilo" (Bí­blia de Jerusalém).

Negou a Cristo três vezes; três vezes teve de responder a respeito do seu au­têntico afeto por ele. A esse Pedro desa­nimado, acovardado, disposto a retornar à profissão de pescador, Jesus dá uma injeção de ânimo, conferindo-lhe uma incumbência, a fim de não desistir e seguir firme em sua missão:

"Apascenta os meus cordeiros...

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Pastoreia as minhas ovelhas... Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21.15-17).

O fortalecer (confirmar] de Lc 22.32, cujo versículo já foi transcrito, e o apascentar (pastorear] não foram conferidos com ex­clusividade a Simão, como diz o catoli­cismo. Paulo e Barnabé fortaleceram os discípulos de Listra, Icônio e Antioquia (At 14.21,22); Paulo e Silas confirmaram os das Igrejas da Síria e Cilicia (At 15.41). Em Mileto, Paulo fala aos presbíteros de Éfeso que apascentem, pastoreiem, a Igreja de Deus (At 20.28), e o próprio Pedro, dirigindo-se, aos forasteiros da Dis­persão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, roga aos presbíteros apascenta­rem o rebanho de Deus existente em meio a eles (1 Pe 5.1,2).

Está enganado quem pensa ter sido dito somente a Pedro que tudo o que li­gasse na Terra seria ligado nos céus e tudo o que desligasse na Terra seria desligado nos céus. Quando Cristo en­s inava ace r ca do p e r d ã o , d i sse a mesmíssima coisa aos demais discípu­los. As chaves do re ino não foram conferidas a sacerdotes nem apenas a Pedro, mas a todos os cristãos fiéis:

"Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos..." E ele lhes disse: "Em verdade vos digo (digo a vocês) que tudo o que ligardes (o que vocês ligarem) na terra, terá sido ligado no céu e tudo o que

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desligardes na terra será desligado no céu" (Mt 18.1,18).

Segundo alguns evangélicos e tam­bém católicos estudiosos do grego, os verbos ligare desligar foram traduzidos ao pé da letra. Por isso não deram, em nosso idioma, a noção exata do que se quis dizer naquela época. A versão mais correta seria proibir e não proibir, mos­trando que somos porta-vozes de Deus, isto é, temos a autoridade de afirmar: Isto é proibido no céu; Isto não é proibido no céu. Com esse argumento o catolicis­mo concorda ao explicar:

"A rocha era Pedro... As portas do in­ferno: poderes hostis, malignos... Chaves: um símbolo de autoridade. Pedro tem o po­der de admitir na Igreja e excluir dela... 'Li­gar e desatar' parece ter sido usado pe­los judeus no sentido de proibir ou permi­tir; mas o atual contexto (por que o atual seria diferente?) exige um significado mais amplo..."4

Por Mt 18.17,18, trata-se de incum­bência da Igreja:

"Se teu irmão pecar contra ti, vai e repre­ende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhas­te a teu irmão; Mas se não te ouvir, leva ain­da contigo um ou dois, para que, pela boca de duas testemunhas, toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à

*- Confraternity Versión, p. 36,37, apud BOETTNER, Loraine. Catolicismo Romano, p. 89.

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Igreja; e se também não escutar a Igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes (vocês ligarem) na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes (vocês desliga­rem) na Terra será desligado no Céu."

Pela análise de 1 Co 1.1,2; 5.1-13 nos parece confirmado que a incumbência de desligar alguém da comunhão da Igre­ja foi dada à comunidade cristã e não apenas a um dirigente isolado.

Devemos também analisar estas men­sagens:

"Mas ai de vós, escribas e fariseus hipó­critas! porque fechais o reino dos céus di­ante dos homens, pois nem vós entrais, nem deixais que entrem os que estão para entrar" (Mt23.13).

"Ai de vós, intérpretes da lei! porque tomastes a chave da Ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando" (Lc 11.52).

É indiscutível que, pelas orações, li­gamos os nossos pedidos ao céu, os quais , fe itos em conformidade com Deus, são atendidos.

Jesus falava de forma figurada. Nes­se sentido, ele deu a Pedro, enquanto este estivesse vivo, as chaves do reino, através do qual inúmeras almas foram ligadas ao céu. Morto Jesus, os apósto­los t iveram medo e se esconderam. Cumprindo-se o dia de Pentecostes, lín-

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gruas repartidas, como que de fogo... re­pousaram sobre cada um deles (At 2.3). Perdendo o temor, passaram a anunci­ar as Boas Novas. Pelos sermões de Pedro, num dia converteram-se quase três mil almas e muitos ouviram a Palavra e creram, e chegou o número desses ho­mens a quase cinco mil (At 2.41; 4.4).

Mesmo que, na edificação da primei­ra igreja cristã, a mais importante pe­dra viva tenha sido Pedro, não diz a Bí­blia que ele teve ou teria sucessores. Se os tivesse, o primeiro a sucedê-lo tal­vez fosse um apóstolo, e não o toscano São Lino, cujo pontificado, dizem, teria ido de 67 a 76. O apóstolo João estava vivo nessa época. No início não existiam papas , mas apenas b ispos ( igual a presbíteros, pastores). As listas dos su­postos sucessores de Pedro, elaboradas pelo catolicismo, são em grande núme­ro e conflitantes.

"Irineu (bispo de Lião, nas Gálias, ca­nonizado santo), em sua obra Adversus Haereses, IH, 3, escrita por volta de 138 {por­tanto bem próximo da época dos fatos), re­ferindo-se a Clemente, destaca-o como o ter­ceiro bispo de Roma e Sisto como o sexto. Nesse caso, e seguindo a lista elaborada por Pio XII, Anacleto ou Cleto, que foi anteriora Clemente, ocupa o segundo lugar. ELino, o imediatamente anterior a Anacleto, por conseguinte, toma o primeiro. E Pedro? Ti-

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rou-o Irineu do elenco dos soberanos pon­tífices? Caiu o primeiro da corrente? E o resto?"5

Todavia as decisões do Vaticano sem­pre f o r am i m p o s t a s e o C o n c í l i o E c u m ê n i c o V a t i c a n o I ameaça de excomunhão (anátema) os discordantes:

"Se alguém afirmar que Pedro, por insti­tuição do próprio Cristo ou por direito divi­no, não tem perpétuos sucessores no pri­mado sobre a Igreja Universal, ou não ser o romano pontífice o sucessor de Pedro no mesmo primado, seja anátema." 6

Se Pedro fosse o representante de Cristo, seu substituto na Terra, por que Jesus teria deixado Maria aos cuidados de João e não dele? E por que João, e não ele, recebia o título de O Apóstolo Amado? Não fica parecendo que João teve mais destaque? Quem foi enviado para ficar no lugar de Cristo não foi um homem, mas o Espírito Santo:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, afim de que esteja para sem­pre convosco... Mas o Consolador, o Espíri­to Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito... Quando, porém, vier o Consolador, que eu

5 - REIS, Aníbal Pereira. Cartas ao "Papa " João Paulo II, p. 63,64. 6- Constituição Ecclesia Christi, apud REIS, Aníbal Pereira. Ib., p. 16.

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vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará tes­temunho de mim... Mas eu vos digo a verda­de: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7).

Simão usou as chaves do reino. Abriu a porta dos céus aos judeus e seus líde­res e, em seguida, aos gentios, dando-lhes seu testemunho (At 2.14-41; 4.8-13,19-20; 5.15,29; 9.32-43; 10.1-30). Es­sas chaves foram o nome de Jesus e a pregação do evangelho. Quem os aceita é ligado aos céus. Aberta a Igreja, pas­sou ele a uma posição de menos realce.

O primeiro grande Concílio foi presi­dido por Tiago, pois ele proferiu a resolu­ção (At 15.13-21). Se Pedro fosse um papa, seria lógico que o presidisse e pro­nunciasse a decisão final. A alegação de que, pelas suas atitudes anteriores, es­tava vacilante ou tímido não tem funda­mento. Tal assembléia ocorreu depois do Pentecostes, quando ele já estava cheio do Espírito Santo, havia sido usado para conversões em massa, para a cura do paralítico Enéias e para a ressurreição de Dorcas (At 2.4,37-41; 9.32-43).

Enquanto o Pontífice romano é o che-fe-supremo de uma igreja que se diz universal, a missão de Pedro foi limita­da. Daí ser ele conhecido pelo título de

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O Apóstolo dos Judeus. Pedro é repreendido por Paulo, um

cidadão convertido após a ressurreição de Cristo:

"Mas quando Cefas veio a Antioquia, eu o enfrentei abertamente, porque ele se tinha tornado digno de censura... Os outros ju­deus começaram também a fingir com ele a tal ponto que Barnabé se deixou levar pela sua hipocrisia (dissimulação, disfarce, fin­gimento) " (Gl 2.11-13, versão corrigida).

Caso Simão fosse papa seria censu­rado, severamente e em público, e cha­mado de hipócrita por um subordinado seu?

Diz o catolicismo que exerceu sim o pontificado, pois teria presidido a nome­ação de Matias para apóstolo, em virtu­de da vaga deixada por Judas Iscariotes (At 1.15-26). Pedro apenas deu a suges­tão do p r e e n c h i m e n t o . A e l e i ç ã o sugerida e aceita, baseada em lança­mento de sortes (v. 26), parece que foi precipitada e irregular porque se trata­va de escolha que competia a Jesus com exclusividade (Mc 3.13), e o escolhido por ele parece-nos não ter sido Matias, mas Paulo (At 9.1-6; 14-16). Quando ve­mos, em Ap 4.4, a descrição dos tronos dos vinte e quatro anciãos, cuja inter­pretação é a de serem doze para os pa­triarcas das tribos de Israel e doze para os apóstolos, representando o povo de

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Deus nas duas alianças, perguntamos: Qual teria ficado sem trono: Matias ou Paulo? Duvidamos de que tenha sido Paulo.

Paulo, decorridos três anos de sua conversão, subiu a Jerusalém para avis­tar-se com Pedro. Isso não significa que Pedro exercesse superioridade sobre os outros, pois três lá eram colunas: Tiago, ele e João (Gl 1.18; 2.6-9). O nome dele nem foi citado em primeiro lugar como é comum ao líder:

"E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido outrora não me interessa, Deus não aceita a aparên­cia do homem), esses, digo, que me pareci­am ser alguma coisa, nada me acrescenta­ram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confi­ado, como a Pedro o da circuncisão (pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, também operou eficazmente em mim para com os gentios), e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam a mim e aBarnabé, a destra..."(Gl 2.6-9).

O papa - chamado pelos títulos de Santo Padre, Sua Santidade, Sumo Pontíficee tido como o legítimo representante de Deus pela Igreja Católica - deveria adotar a ati­tude de Pedro ao não permitir Cornélio se ajoelhar perante ele (At 10 .25 ,26 ) .

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No entanto, dizendo sucedê-lo, permite e aceita curvarem-se a ele e lhe beija­rem a mão (o anel) ou os pés, além de viver em meio a riquezas. O papa, em certas solenidades, é carregado em uma cadeira por homens representando os apóstolos. Aquele Cristo que lavou os pés dos doze para mostrar humildade per­mitiria ou determinaria carregarem-no? Simão Pedro era um apóstolo humilde, não demonstrando superioridade aos presbíteros ao suplicar, em igualdade de condições com eles, nada fizessem como dominadores do rebanho até o Sumo Pastor (Cristo) se manifestar:

"Rogo, pois, aos presbíteros que há en­tre vós, eu, presbítero como eles (e não sumo pont í f i ce , papa ) . . . : Pastoreai (apascentai) o rebanho de Deus que há en­tre vós, não por constrangidos, mas espon­taneamente, como Deus quer; nem por sór­dida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram con­fiados, antes tornando-vos modelos do re­banho" (1 Pe 5.1-4).

E era até enviado pelos outros após­tolos para evangelizar:

"Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro eJoão"(At 8.14).

O verbo enviar, nesse trecho, poderia ser traduzido por mandar: "Mandaram-lhe Pedro e João."Se Pedro fosse o sumo

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pontífice não seria mandado por quem deveria estar sob suas ordens.

Para quem não sabe, ou não tenha prestado atenção, papa significa papai (ou pai dos pais) e padre é igual a pai, termos não apropriados, uma vez que a ordem é:

.. ninguém sobre a terra chameis de Pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está no céu" (Mt 23.9).

Poucos anos atrás os católicos reza­vam o Pai-nosso assim: "Padre nosso que estais no céu..."Se alguém indagasse do sacerdote o porquê, a resposta era: "Pa­dre e pai significam a mesma coisa". Qual era a intenção de apenas a palavra pa­dre não estar em português?

Strossmayer, bispo católico apostó­lico romano em Diakovar, na Croácia, por ocasião do Concílio de 1870, ao ma­nifestar-se contrário à ratificação do decreto da infalibilidade papal, bradou:

"Eu me dispus a estudar com a mais dedicada atenção o Velho e o Novo Testa­mento, e perguntei a estes veneráveis mo­numentos da verdade (Antigo e Novo Tes­tamentos) que me revelassem se o santo pontífice, que aqui preside, é o verdadeiro sucessor de S. Pedro, vigário de Cristo e o infalível doutor da igreja. Descobri que no período apostólico não havia um papa, su­cessor de S. Pedro, o vigário de Jesus Cris­to, mais do que um Maomé que também não

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existia. Agora, tendo lido todo o Novo Tes­tamento, eu declaro diante de Deus, com a minha mão levantada diante daquele gran­de crucifixo, que não encontrei nenhum tra­ço de papado como o que existe atualmente... Eu cheguei à conclusão. 1) que Jesus deu aos seus apóstolos o mesmo po­der que ele deu a S. Pedro. 2\ Que os após­tolos nunca reconheceram S. Pedro como o vigário de Jesus Cristo. 3) Que Pedro nun­ca pensou em ser papa e nunca agiu como se fosse o papa. 4} Que os concílios dos primeiros séculos, embora reconhecessem a elevada posição que o bispo de Roma ocu­pava por causa de Roma, apenas lhe conce­diam a preeminência da honra, nunca do poder ou da jurisdição. 5) Que os santos pais, na famosa passagem, 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja', nunca entenderam que a igreja fosse edificada sobre Pedro (super Petrum), mas sobre a rocha (superpetram). Isto é, na con­fissão de fé do apóstolo. Eu concluo vitorio­samente, com a História, com a razão, com a lógica, com o bom senso e com a consciên­cia cristã, que Jesus Cristo não conferiu ne­nhuma supremacia a S. Pedro, e que os bis­pos de Roma não se tomaram os soberanos da Igreja a não ser confiscando um a um to­dos os direitos do episcopado. "7

Esse mesmo bispo teve também cora-

7- BOETTNER, Loraine. Op. cit., p. 197,198.

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gem suficiente para acusar o Papa Pio IX de transformar Maria numa deusa.

Simão era sem estudos (At 4.13). Por obra do Espírito Santo, foi um grande pregador e impressionava pela sua in­trepidez (ousadia). Cheio do Espírito, transformou-se num apascentador de ove­lhas, cumprindo o desejo de Cristo de que fosse um pastor de seu rebanho, em conjunto com os outros. Chegou a ser, em companhia de Tiago e João, como vimos, considerado coluna (e não pedra fundamental) dentre os de maior influ­ência da Igreja em Jerusalém, embora es tes t rês co isa n e n h u m a t enham acrescentado a Paulo (Gl 2.6-9). Toda­via, ao lado de suas boas qualidades, mesmo tendo sido amado por Jesus e se dedicado a ele, teve falhas constan­tes, uma vida repleta de altos e baixos, como um fraco ser humano.

Simão não teve seu nome mudado para Pedro. Muitos religiosos, principal­mente o papa, supondo ter isso aconte­cido e tentando adotar procedimento idêntico, escolhem um pseudônimo para si. A iniciativa não foi de Pedro. Ela par­tiu de Jesus, que apenas lhe acrescen­tou um sobrenome (Mc 3.16; Lc 6.14; At 10.5,18,32; 11.13; 15.14), continuando a chamá-lo de Simão (Mt 16.17, Mc 14.37; Lc 22.31). Nero foi quem mudou o p rópr i o nome de Lúc io Domíc i o

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Aeronato para Nero Claudius Caesar Drusus Germanicus.

Embora o catolicismo invoque Maria como Porta do Céu, com base no Concílio do Vaticano II (Lúmen Gentiun, 62], aporta é Jesus. Ele disse:

"Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á" (Jo 10.9).

E quem está de posse da chave do céu também é ele. Revela-nos o livro do Apocalipse (3.7,8):

"... Estas coisas diz o santo, o verdadei­ro, aquele que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fechará, e que fecha e ninguém abre: Conheço as tuas obras- eis que te­nho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar..."

Não foi reservado a Pedro um cargo de porteiro do céu. A ele (e aos demais apóstolos) foi prometido, quando da re­generação, um trono para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19.28). Embora o papa se assente em rico trono aqui na Terra, nem Jesus nem Pedro nunca utilizaram nenhum, pois, além de demonstrarem simplicidade, o trono de Cristo deve es­tar em nosso coração. Quem acha que Pedro, conforme ilustrações da Igreja Romana, é o detentor da chave do céu e não que deteve, enquanto viveu, uma chave simbólica, de sentido espiritual, sentido esse também com relação a Cristo, incorre em erro. Segundo está

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em Ap 21 .25 , as por tas da c idade celestial nunca jamais se fecharão de dia, porque nela não haverá noite.

Há pessoas, inclusive padres, afir­mando ser sua igreja fundada em Pedro. A igreja cristã deve ter por fundamento aquele que, na condição de Filho do ho­mem, foi sem defeitos. Sobre essa as por­tas do inferno nunca prevalecerão. Ou­tros católicos dizem que a pedra é Cris­to. Talvez estes desconheçam ter o Con­cílio do Vaticano decidido que a pedra é Pedro. É difícil de voltarem atrás, tendo em vista a infalibilidade (sic) papal e dos Concílios em questões de fé. Seria bom que esses católicos conhecessem a reza constante do seu Breviário pela união da Igreja, que assim suplica:

"Nosso Senhor Jesus Cristo que, entre vossos fiéis amigos, escolhestes a Simão e lhe trocastes o nome, chamando-o de 'Pedro', ou seja, apedra fundamental sobre que íeis edificar a vossa Igreja... "s

Se apenas Simão Pedro tivesse o po­der de introduzir ou não nos céus as almas, só estaria lá quem ele quisesse.

Diz a tradição católica que Pedro foi papa em Antioquia por sete anos, tendo assumido, logo em seguida, o papado em Roma, onde esteve por vinte e cinco anos, quando foi morto em 67, no mes­mo dia em que Paulo. Veremos ser isso a- CARBALHO, P. e Fernando. Protestantismo e Bíblia, p. 220.

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impossível. Basear-nos-emos em cinco itens, aqui resumidos, de um estudo fei­to por um ex-católico romano: 9

1)- O livro dos Atos dos Apóstolos narra pormenores dos locais onde Paulo esteve. Quanto a Pedro, diz haver estado em Je­rusalém, menciona sua ida a Samaria mandado pelos apóstolos (At 8.14) e ha­ver passado por Lida, Jope e Cesaréia. Depois subiu a Jerusalém. Esteve em Corinto (1 Co 1.12) e, é provável, em Antioquia. Da "Babilônia" Pedro escreveu sua primeira carta (5.13). At 12.17 diz: "E, saindo, partiu para outro lugar", que o catolicismo alega ser Roma. Se fosse, sen­do a sede do papado, isso teria ficado es­clarecido. Lucas narrou detalhes sobre Pedro até surgir Paulo. Daí em diante pas­sou a escrever sobre este. Fosse Pedro o papa, o historiador não o deixaria para se dedicar ao outro, um novato.

2)- At 18.1,2 diz ter Paulo partido de Atenas e chegado a Corinto, onde en­controu Áqüi la- proveniente, havia pou­co, da Itália - e sua mulher Priscila, isso em 53 ou 54, pois Cláudio tinha ordena­do a saída de todos os judeus de Roma, local em que Pedro, nesse período, não poderia ter permanecido. Por volta de 55 Paulo o encontrou em Antioquia (Gl 2.11). Um sacerdote católico romano, diretor

9- REIS, Aníbal Pereira. Cartas ao "Papa" João Paulo 11, p 51,56.

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do Seminário Maior de Grenoble, confes­sa: "O chefe da Igreja não veio então a Roma, porque estava ali em vigor o edito do Impe­rador Cláudio contra os judeus".10

Esse decreto, promulgado em 42, vigo­rou doze anos. Em 55, estando Pedro em Antioquia, dá uma soma treze anos longe de Roma. Vinte e cinco menos treze, sobra­riam doze anos para Simão ter estado lá.

3)- De Corinto Paulo, em sua segun­da viagem missionária, escreveu aos romanos entre 56 a 58, instruindo-lhes sobre a doutrina dajustificação. Enviou saudações a vinte e seis irmãos, sem citar Pedro. Por que Paulo, de longe, exortaria os de Roma se lá estivesse um papa? Isso caberia a Pedro fazê-lo; caso contrário, seria relapso. E por que Pau­lo não o saudou?

Diminuindo-se dos doze mais uns dois anos, restariam dez para o exer­cício do papado em Roma.

4)- Entre 60 e 61 Paulo deve ter che­gado preso a Roma (At 28.11-31). Algu­mas pessoas foram ao seu encontro até a Praça de Ápio e às Três Vendas (At 2 5.15). Pedro não estava entre elas. Três dias depois, Paulo, com o fim de apresentar embargos às acusações contra si, convo­cou os principais judeus, mas estes dis­seram: "... gostaríamos de ouvir o quepen-

1 0 - RIVAUX. Tratado de História Eclesiástica, apud REIS, Aníbal Pereira. Ib., p. 52.

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sas; porque, na verdade, é corrente a res­peito desta seita que, por toda parte, é im­pugnada" (At 28.17,22). Se Pedro, O Após­tolo dos Judeus, estivesse em Roma exer­cendo o papado por cerca de vinte anos teria de lhes ter ensinado sobre o cristi­anismo ainda lá considerado seita. Foi Paulo quem os evangelizou (At 28.23). Esteve ele lá por dois anos, onde recebia todos que oprocuravame sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes a Je­sus Cristo (At 28.30,31). Se Paulo conse­guia pregar sem embaraços, Pedro se omitiria, caso residisse na cidade?

5)- Colossenses, Efésios, Fi lemon e Fi l ipenses, cartas do cativeiro, foram escritas por Paulo em Roma entre 60 e 62. Nelas enviou aos destinatários saudações de pelo menos onze dos ir­mãos em Cristo que com ele estavam. Alguns, como Tíquico, foram mencio­nados com carinho {"irmão amado efiel ministro, conservo no Senhor" — Cl 4.7), mas nem ao menos citou o nome de Pedro. Tê-lo-ia esquecido em todas as quatro vezes?

O catolicismo diz que Pedro tinha Marcos por companheiro, citando-o em sua primeira carta (5.13). Vêem nisso a estada de Simão em Roma, pois Paulo em Cl 4.10 e Fl 24, missivas escritas naquele local, também cita Marcos. Mas, consoante um historiador católico-roma-

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no, em obra elogiada por sua igreja, 1 1

Marcos compôs o seu evangelho por volta de 45, mesmo ano em que Pedro escre­veu sua primeira epístola. Ambos não poderiam estar em Roma nessa época por causa do edito de Cláudio. Em 67 Mar­cos não estava lá, pois Paulo pediu a Ti­móteo: "Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério" (2 Tm 4.11).

Dos dez anos do final do item 3 (ano58) até o item 5 (ano 62) abatere­mos mais uns quatro. Restariam uns cinco ou seis anos para a permanên­cia de Pedro em Roma.

Porém a segunda carta a Timóteo mostra que nem esse pequeno tempo seria possível. Escrita por Paulo em 66-67, às vésperas de sua morte (4.6-9), pediu ele a presença de Timóteo, quei­xou-se de algumas pessoas (1.5; 2.17,18; 4.10,14), lembrou a ausência de outras (4.10-12), elogiou uma porque muitas vezes lhe deu ânimo e nunca se enver­gonhou das suas algemas (1.16), enviou saudações de várias e não mencionou Pedro em nenhum instante: nem para falar a favor nem contra. Por quê? Por­que não estava em Roma. Paulo disse: "Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!" (2

" - RIVAUX. Op. cit., p. 43-45, apud REIS, Aníbal Pereira. Ib., p. 55.

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Tm 4.16). Teria Pedro se acovardado de novo, como fez com Cristo? Se ele tam­bém est ivesse encarcerado naquela oportunidade, Paulo teria mencionado o fato, como o fez com relação a Aristarco (Cl 4.10) e a Epafras (Fm 23).

Abatendo-se dos cinco anos restan­tes (ano 62) mais cinco (ano 67, quan­do dizem que foi morto) nada resta para a permanência de Pedro em Roma.

Babilónia, de onde ele escreveu sua primeira missiva em 45, não é Roma. Existia uma cidade com esse nome. Os judeus nessa data, como vimos, esta­vam expulsos por Cláudio. O Apocalipse, sendo um livro repleto de símbolos, cha­ma Roma - confirma-se isso por ser a cidade edificada em sete montes - de Babilônia (17.5,9). Mas a carta de Pedro não pode ser simbólica.

À primeira vista, a conclusão desse escritor nos parece bastante lógica: Pedro, além de nunca ter sido papa, tam­bém nunca teria morado em Roma.

Deve-se ter precaução com interpre­tações. Tradições não-bíblicas, ao atri­buírem certas funções ou poderes a ho­mens, vivos ou mortos, estão transfe­rindo a esses aquilo que compete a Cris­to e a Deus, ou atribuindo-lhes sua gló­ria e honra (Is 42.8). Por sinal, trata-se de idolatria a forma como vem sendo tra­tado o Sumo Pontífice.

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Capítulo 2

A INFALIBILIDADE PAPAL

Infalibilidade, segundo o dicionário, é a qualidade ou caráter de infalível; prerro­gativa atribuída à Igreja em sua totalidade, ou ao Papa, para os católicos, de não errar em questões pertinentes àfé e aos costu­mes, quando pretende conferir uma orien­tação universal e decisiva.

Infalível quer dizer: que não falha; nun­ca se engana ou erra.

Em 1870, no Concílio do Vaticano, foi definida a infalibilidade papal, com efeito retroativo, ou seja, todos os seus atos passados e presentes passaram a ser considerados infalíveis, e também todos os futuros serão, antecipadamente, ti­dos como isentos de erro. Tiveram a in­tenção, em certo sentido, de equiparar o papa a Deus, visto que só este não erra. Assim sendo, o catolicismo ficou

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em um grande embaraço, pois quaisquer deliberações levadas a efeito no passa­do (a Santa Inquisição, por exemplo), ou na atualidade, por determinação de seu chefe supremo, não podem ser conside­radas equivocadas. Ao se corrigir algu­ma, isso deveria servir para o reconhe­cimento de que essa prerrogativa não pode ser atribuída ao papa nem à Igreja Romana, mas apenas ao Altíssimo e à sua Palavra. Igrejas visíveis, terrenas, e seus dirigentes sempre erraram. A Bíblia mostra isso (Ap 1.4; caps. 2 e 3).

Vejamos um de seus muitíssimos er­ros: Galileu Galilei sustentava, em de­sacordo com o catolicismo romano, gi­rar a Terra em torno do sol. Ao ser leva­do de maca, aos setenta anos de idade e doente, perante o Papa Paulo V, teve de se retratar, isto é, negar a sua teo­ria para não ser queimado. A igreja, re­conhecendo seu erro, manifestou, de público, seu pedido de desculpas, se bem que não mais adiantasse: Galileu fale­cera havia muitíssimos anos. Reconhe­ceram um engano, não o outro, pois não revogaram o decreto da infalibilidade.

A justif icativa apresentada para o magistério infalível da Igreja Católica é a de que, para tanto, devem ser obedeci­das condições estabelecidas pelos bis­pos e pelo papa, a saber:

"A) O Episcopado é infalível quando:

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a) concorde com o Papa; b) concorde entre si; c) ensine sobre matérias de fé e costu­me; d) quer esteja reunido em Concílio, quer esteja espalhado pelo mundo. Se faltar al­guma dessas quatro condições (por exem­plo, se o Episcopado não estivesse de acor­do entre si ou se pronunciasse sobre ma­térias estranhas à sua incumbência, etc), já não seria infalível. B) A respeito do Sumo Pontífice, para que exerça seu magistério infalível se requer que fale 'ex cathedra', ou seja: a) que fale como Pastorou Doutor universal, exercendo a suprema autorida­de que recebeu de Pedro; b) que fale para toda a Igreja; c) que tenha a intenção de definir; d) que ensine sobre matérias de fé e costumes."12

Sem os requisitos das letras A e B, dizem, as decisões do papa deixam de ser infalíveis. Na condição de falível, ele utiliza as cartas, encíclicas, os decre­tos doutrinais das Congregações Roma­nas, os discursos, e t c , mas

"Embora o conteúdo das Encíclicas e dos Decretos Doutrinários não constitua matéria infalível (já que o Papa não pretende dar-lhe tal caráter), contudo o cristão há de prestar-lhe o assentimento interno e religioso de sua inteligência; de modo que, se não o fizesse, se rechaçasse peremptoriamente o conteú­do dessas Encíclicas, pecaria mortalmente.

n - Concílio do Vaticano, Ses. IV, cap. 4, apud CARBALHO, P. C

Fernando. Catolicismo e Bíblia, p. 75.

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Mas não seria réu de heresia, já que não se trata de dogma de fé.

Tem o Sumo Pontífice um terceiro modo, mais comum ainda, de exercer o magisté­rio: seus discursos, alocuções radiofônicas, cartas e prédicas pessoais, etc. A prudên­cia mais elementar aconselha a aceitar sem críticas os ensinamentos desses documen­tos pontifícios, porém não pecaria grave­mente quem rechaçasse seu conteúdo, sem­pre que não haja outras razões que obri­guem a aceitá-los. Diga-se o mesmo das Cartas Pastorais dos Bispos em suas res­pectivas dioceses."13

O papa, usando o seu direito de falar ex cathedra (de cadeira), pode impor suas idéias sem ouvir ninguém. Isso aconte­ceu com a definição dogmática da As­sunção de Maria- primeira depois da pro­clamação de sua infalibilidade — o que está em desacordo com Jo 3.13. Foi ain­da utilizado esse método ao ser defini­da a Imaculada Conceição de Maria, con­trariando Rm 3:22-24; 5.12; 2 Cr 6.36 e 1 Jo 1.8,10. É provável ter feito valer a sua autoridade por esse meio para tais decisões em virtude da discordância por parte de vários bispos.

O papa tem de ser, portanto, obedeci­do incondicionalmente até em atos con­siderados falíveis, sob pena de pecado,

1 3- CARBALHO, P. E Fernando. Ib., p. 76.

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inclusive mortal. Sua palavra é sempre lei, conquanto queiram nos convencer do contrário. As resoluções do episcopa­do (dos bispos que compõem o Concílio) só são válidas se por ele aprovadas; san­cionadas, é lógico, a responsabilidade é sua, e têm de ser acatadas sob pena de castigo; as decisões excathedranão po­dem ser discutidas; as suas cartas, os decretos e os discursos têm de ser res­peitados e seguidos. E é difícil de saber quando uma decisão é ex cathedra, pois isso não vem, segundo consta, nela ex­presso. É evidente: ele é considerado infalível em tudo aquilo que faz.

Sobre a concordância de todo o epis­copado com o papa ou mesmo entre si, embora isso seja anunciado sempre, é impossível, por reunir seres humanos. O historiador da Igreja Católica, Philip Schaff, mostra isso. Diz ter havido gran­de oposição à convocação do Concílio para a ratificação da infalibilidade pa­pal. Em voto preliminar, em sessão se­creta, oitenta e oito delegados votaram contra, sessenta e cinco a favor, com reservas, e mais de oitenta se abstive­ram. O partido do Pontífice teria ficado firme no controle e conseguido levar a efeito a votação final. Antes da realiza­ção desta, cento e sessenta e dois bis­pos votaram contra, mesmo sujeitos a represál ias, entre eles Strossmayer,

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cujas palavras intrépidas transcrevemos no capítulo anterior. A discussão foi en­cerrada antes que todos os oponentes ao decreto fossem ouvidos. Então a maior parte destes se ausentou. Assim o fize­ram para não ser registrados como opo­nentes, pois ficariam sujeitos a esta punição: "Se alguém — que Deus não per­mita! — tiver idéia de contradizer esta nos­sa definição, que seja anátema". 1 4 O Bis­po Doellinger, por sua discordância, foi excomungado em 17.4.1871. E um pe­queno grupo dos antiinfalibilistas reu­niu-se em Munique, Alemanha, em se­tembro de 1871, retirou-se da Igreja Romana e fundou a Igreja Católica Anti­ga. Alguns papas repudiaram o atributo da infalibilidade, dentre eles Virgílio, Inocente III, Clemente IV, Gregório XI, Adriano VI e Paulo IV. 1 5

Não poderia haver divergências en­tre papas, em decisões consideradas in­falíveis. Hã, e muitas. Eis algumas:

"Adriano II(867-872) declarou que os casamentos civis eram válidos; mas Pio VII (1800-1823) condenou-os como inváli­dos..."

"Como pode um papa infalível, como Eugênio IV (1431-1447), condenar Joana

1 4 - SCHAFF, Philip, apud BOETTNER, Loraine. Catolicismo Ro­mano, p. 197-198.

1 5- Todo o parágrafo com base em BOETTNER, Loraine. Ib., p. 198-203.

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D'Arc (1412-1431) a ser queimada viva como feiticeira, enquanto que um outro papa, Benedito XV, em 1920, declara-a uma santa?..."

"Como harmonizar o decreto de Clemente XIV (21 de julho de 1 773), que acabava com os jesuítas, com o decreto contrário de Pio VII(7de agosto de 1814), que os res­taurava?"

"Sisto (1585-1590) recomendou a leitu­ra da Bíblia, mas Pio VII (1800-1823) e diversos outros papas condenaram tal prá­tica" 16

Não é nossa intenção difamar ninguém. Por isso pedimos aos nossos amigos cató­licos que não levem como ofensa os fatos históricos que iremos transcrever. Isso faremos apenas a título de esclarecimento porque muitos, ao pensar nos papas, logo os julgam puros. Mas a História registra fatos lamentáveis ocorridos com diversos deles, até com relação à moral, no que são considerados infalíveis quando legis­lam. Vejamos alguns:

"O papa João XI era filho ilegítimo de Marózia, amante do papa Sérgio m, ano 941; o papa João XII, 955, violava virgens, viúvas e conviveu com a amante de seu pai. Esse papa fez do palácio papal um bordel e foi morto pelo marido da mulher que violava. "

"Pio XII, 1458, além de sedutor, foi cor­rupto; ensinava os jovens a praticar atos 1 6 - BOETTNER, Loraine. Ib., p. 201,202.

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obscenos; Paulo E, ano 1464, encheu a casa de concubinas e o papa Inocêncio VIII, ano 1484, teve 16filhos com mulheres casadas."

"O papa mais devasso foi Alexandre VI, anos 1492 a 1503. Foram 11 anos de pati­faria. Foi pai de muitos filhos ilegítimos; foi amante de sua própria filha, Lucrécia Bórgia, e amante da irmã de um Cardeal que se tornou o papa seguinte, Pio III, ano 1503. Esse papa, Alexandre VI, gloriava-se do fastígio dos prazeres' em que viveu. Quem for visitar o Vaticano poderá dar uma olhada nos aposentos desse papa..."

"O papa LeãoX, anos 1513-21, era de família rica; comprou sua posição na Igreja. Com apenas 8 anos de idade já era Arce­bispo e com 13 anos foi Cardeal. Esse papa manteve uma corte licenciosa e, com seus Cardeais, praticava 'passatempos voluptu­osos'em deslumbrantes palácios. Foi esse o papa que Lutero enfrentou."

"Opapa Marcelo H, ano 1555, registrou, em sua biografia, que 'dificilmente um papa esca­paria do inferno (Vita dei Marcelo, p. 132)."

"Petrarca, iniciador da Renascença, 1304-74, escreveu na sua Epístola XII 'A Igreja de Roma, Babilônia infernal, que empesta o mundo inteiro; cárcere indecen­te onde nada é sagrado; nenhum temor de Deus, habitação de gente de peitos de fer­ro, ânimo de pedra e vísceras de fogo. ' , 7

17 - Documentário - O Estado do Vaticano, p: 16,22.

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Consta que o bispo de Liège foi pai de sessenta e cinco filhos e Leão VIII teria morrido de um ataque durante uma re­lação sexual. Quem pesquisar enciclo­pédias se deparará com vários desses acontecimentos. Isso deveria ser o sufi­ciente para se constatar ser impossível a infalibilidade.

Os papas são homens comuns, iguais a todos. Tanto que - poucos sabem dis­so — pelo menos trinta e nove foram con­siderados antipapas e cassados pela pró­pria Igreja Católica por suas atitudes ou suas idéias, número esse incerto, como impreciso também, por existirem várias listas conflitantes, é o número e o nome dos papas que afirmam ser os sucesso­res de Pedro.

É curiosa esta contradição: o primeiro antipapa, Hipólito, foi canonizado. É cha­mado de santo, e, segundo consta, exis­te uma estátua dele no alto da escada­ria de acesso ao santuário interno da Corte de Belvedere, cidade do Vaticano.

Por várias vezes houve dois papas ao mesmo tempo e um poderia ser procla­mado antipapa. Mas como muitos foram destituídos após anos de exercício no poder, quando não havia mais de um, torna-se impossível a proclamada suces­são ininterrupta ao suposto Trono de Pedro. A igreja ficou sem Pontífice de 1268 a 1271, 1292 a 1294 e 1314 a 1316.

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Em vista dos problemas surgidos, ale­gam que eles não são impecáveis, mas são infalíveis. Todavia não há como fazer a separação.

Os títulos honrosos atribuídos ao papa não são corretos: Santo Padre, ou seja, Santo Pai, só pode ser Deus; Pontífice é construtor de pontes, vocábulo não-bí-b l ico , v indo do pagan ismo Pontifex Maximus, designação dada pelos antigos romanos ao chefe de uma ordem que controlava a religião oficial, em geral o imperador; e Sua Santidade, a qualida­de ou estado de santo, porém o catoli­cismo só admite os santos canonizados após a morte.

Um homem considerar-se infalível já demonstra o quanto é falho. O incrível é ver milhões e milhões de católicos aceitarem, impassíveis, decisões dessa natureza e acreditarem nelas. Às vezes nem sabem de sua existência.

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Capítulo 3

O PURGATÓRIO

O purgatório foi inovação oficializada mais de cinco séculos após Cristo (ano 503). Essa crença não era reconhecida pela igreja primitiva. Lendo o Novo Tes­tamento, vemos que Jesus e os apósto­los/discípulos não citaram nem uma vez sequer esse nome nem mencionaram sua existência. O Antigo Testamento também não faz referência a ele.

Dizem ser esse um lugar onde todos os não-destinados ao inferno passariam primeiro, inclusive padres e papas, ex­cluindo-se os mártires cristãos, pelos seus sofrimentos em vida. Assim, tor­na-se contraditório quando o católico afirma ter um enfermo descansado ao falecer, pois os seus sofrimentos passa­riam a ser muito piores e por um tempo incomparavelmente maior. Com base em São Bernardino de Sena, dizem alguns católicos tratar-se de um lugar alegre.

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Lá as almas ficariam purgando seus pe­cados veniais (perdoáveis, desculpáveis) antes de ir para o céu. O principal sofri­mento seria não terem, na Terra, ama­do mais a Deus, tendo de esperar um período maior para vê-lo face a face.

Não é esse o pensamento católico-ro­mano oficial. Foi esta a manifestação do infalível Concílio de Florença (1439):

"As almas do purgatório padecem um tormento muito semelhante ao das almas do inferno, com a única diferença de que as últimas nunca poderão sair do inferno, enquanto que as do purgatório hão de sair de lá."18

Não existindo o purgatório, quem nele acredita poderá nos perguntar como pa­garemos pelos nossos pecados para en­trar puros no céu. Seria com obras, a exemplo da penitência? Não. Cristo já pagou a pena por nós. Através dele so­mos justificados (At 13.39, Rm 3.24; 5.1; 5.9; 1 Co 6.11), declarados justos:

"... o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23)

Vamos meditar nesse versículo: Salá­rio é o pagamento por algum serviço, al­guma obra; é o ganho merecido por al­gum trabalho. Pecado é o que não agrada a Deus, desobediência. A morte abrange

1 8- SANTOS, Adelson Damasceno. Catolicismo, Verdade ou Mentira?, p. 53.

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a corporal e a perdição eterna. Dom é presente. Vida eterna é aquela na pre­sença de Deus, o céu. Senhor é dono, possuidor. Portanto, o apóstolo Paulo dis­se o seguinte:

"... o ganho merecido pela desobediên­cia é a morte (do corpo e a perdição eter­na), mas o presente de graça de Deus é o céu, é a vida eterna em Cristo Jesus, nos­so dono, nosso proprietário."

Presente dado de graça pode parecer-nos redundância, repetição desneces­sária. Porém, todas as palavras na Bí­blia são indispensáveis. Trata-se de ên­fase, mostrando ser o dom totalmente gratuito. Vamos ilustrar para o texto ser mais bem entendido: Alguém é empre­gado e merece seu salário ao final de um mês. Entretanto, destaca-se dos demais colegas pelos seus serviços ex­celentes, pelas suas boas obras na em­presa. No dia do pagamento, o patrão entrega-lhe o que é seu por direito e uma importância a mais pela dedicação. Esse valor além do normal foi um pre­sente, porém não podemos dizer que foi de graça, pois se o funcionário não ti­vesse trabalhado mais que os outros não o receberia. Com a salvação, é diferen­te. As Sagradas Escrituras estão escla­recendo ser o céu um presente, mas to­talmente gratuito, sem nenhum paga­mento, sem nenhuma obra, sem nada

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se fazer para merecê-lo. O pecado, este sim, merece uma remuneração: a mor­te, a perdição eterna.

O que são obras? Muitos, por não sa­ber o seu significado, acabam interpre­tando erroneamente as Escrituras. Elas são o nosso trabalho, nossa ação, nosso agir. Abrangem tudo o que fizermos de bom, de mau ou sem nenhuma dessas intenções. O apóstolo Paulo disse que elas não nos salvam.

"... não há distinção, pois todos peca­ram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados (tratados como justos) gratuitamente, por sua graça (seu favor), mediante a redenção (salvação) que há em Cristo Jesus; a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação (como maneira favorecedora, propícia), mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pe­cados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça, no tem­po presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus " (Rm 3.22-26).

Se todos pecaram, é bom observar, isso inclui Maria, a qual dizem ter sido con­cebida, gerada, sem pecado. Se ela não estivesse incluída, o apóstolo não frisa­ria sem distinção; ao contrário, teria es­clarecido: exceto Maria.

Algumas comprovações, não deixando

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margem a dúvidas, sobre a inexistência do purgatório:

a) "... o sangue de Jesus, seu Filho (de Deus), nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1.7).

Purificar é purgar, tornar puro; depu­rar; tirar máculas, santificar, limpar, isen­tar, desembaraçar. Inútil um purgatório, uma vez que o sangue de Jesus foi der­ramado para nos purgar de todo pecado, para isentar-nos de qualquer culpa. Caso contrário, seria sem utilidade o sacrifí­cio dele.

b) "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (Jesus, em Jo 15.3).

c) "Porque a todo o que tem se lhe dará e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado"(Mt 25.29).

Não serão eliminadas faltas após a morte. Quem não estiver salvo em vida até o que tem lhe será tirado. Não have­rá uma pesagem para saber se pratica­mos mais atos bons ou mais maus. Peca­do não entra no céu. Se o prato com nos­sas boas obras nessa imaginária balan­ça conseguisse pesar mais, o que é im­possível, não significaria que estivésse­mos limpos para herdar o Reino de Deus, pois o outro prato estaria repleto de su­jeira. É difícil de fazermos mais de três, quatro boas obras por dia. Mas sempre pecamos por atos, por omissão ou pensa­mento. A pesagem só nos levaria para o

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inferno. O preço da vida eterna é a per­feição (Mt 5.48; Tg 2.10). No céu tere­mos de adentrar limpos, porém só con­seguiremos isso através da fé salvadora em Cristo Jesus, sem a dependência de nossas ações. Nesse caso, ainda que nossos pecados tenham sido "escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ain­da que vermelhos como o carmesim, se tor­narão como a lã" (Is 1.18). Isso porque Deus atribui, a quem aceitou o Filho, a justiça deste.

d) "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo" (Rm 8.1).

O purgatório seria uma condenação, sem caráter eterno, com a finalidade de nos purificar. Poderíamos dizer a um réu, após cumprir pena de reclusão em uma penitenciária com o fim de ser re­integrado à sociedade, que ele não es­tava condenado, que não estava pagan­do pena?

e) "... Quem ouve a minha palavra (de Jesus) e crê naquele que me enviou, tem (já tem) a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida"(Jo 5.24), pois "Quem crê não é julgado; o que não crê já está julgado..." (Jo 3.18).

O cristão não passará por um julga­mento condenatório por já estar de pos­se da vida eterna.

O povo foi proibido, pela Igreja Roma­na, de acreditar suficiente a justificação

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de Cristo. Ficou decidido no Concilio de Trento:

"Se alguém disser que, depois de rece­ber a graça da justificação, a culpa é per­doada ao pecador penitente, e que é destruída a penalidade da punição eterna, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste mundo ou no futuro, antes do li­vre acesso ao reino a ser aberto, seja aná­tema" 19

Mas a c o n d i ç ã o ú n i c a pa ra adentrarmos o Céu é a justificação em Cristo. Devemos crer só nele e tê-lo como nosso único Senhor e Salvador. Assim o fazendo, arrependemo-nos de nossos pecados e os confessamos a Deus, pedindo-lhe perdão. Arrependi­mento, no sentido bíblico, é mudança de direção, de atitude. É diferente de remorso. Judas Iscariotes teve remorso pela traição ao Mestre, devolveu o di­nheiro da recompensa, mas se suicidou, praticando outra obra errada. Pedro ne­gou a Cristo três vezes e se arrepen­deu, voltando a ser seu servo. Quem se arrepende é pela fé, pois "sem fé é im­possível agradar a Deus" (Hb 11.6):

"Porque pela graça (pelo favor imereci­do) sois salvos, mediante a fé (confiança); e isto não vem de vós, é dom de Deus (é presente de Deus); não de obras (não de

, 9 - Seção. VI, apud Raimundo F. de Oliveira. Seitas e Heresias, Um Sinal dos Tempos, p. 25.

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trabalhos, não de ação), para que nin-guémse glorie.. ."(Eí 2.8,9).

Nossos méritos são obras. Se a salva­ção fosse adqu i r i da por e l e s , o ensinamento acima estaria incorreto. Nós próprios, nesse caso, estaríamos nos sal­vando. E se um purgatório nos purificasse para chegarmos à presença de Deus, não seria Cristo quem nos purifica. Não have­ria necessidade de ele ter vindo ao mun­do e morrido por nós. O purgatório seria nosso salvador.

Crer em D e u s , sem fé , "até os demônios crêem, e tremem" (Tg 2.19), e não serão salvos.

"Havia, entre os fariseus (religiosos), um homem chamado Nicodemos, um dos principais (mestres) dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em ver­dade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo (ou: nascer do alto), não pode ver o reino de Deus... O que é nascido da carne é carne; e o que é nasci­do do Espírito é espírito" (Jo 3.1-3,6).

Nicodemos, homem culto, dos princi­pais dos judeus, cria ser Jesus o Mestre vindo da parte de Deus, mas, mesmo as­sim, precisava nascer de novo, do alto. Ele sabia quem era Jesus, acreditava

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nele, mas ainda sem possuir a fé entre­ga, a confiança total. Isso pode aconte­cer com muitos supostos cristãos: crê­em em um Cristo histórico, como Pedro Álvares Cabral, ou em um Cristo a conce­der milagres terrenos, salvando-os de seus problemas físicos e financeiros e nunca em um Cristo Senhor, dono de nossa vida, a quem devemos obediência e dedicação. Nicodemos tinha o conhe­cimento carnal, não o espiritual.

Com um dos dois ladrões crucifica­dos ao lado de Jesus foi diferente. En­tregou-se a ele pouco antes de morrer. Confessou-se pecador, arrependeu-se e ouviu isto dele: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). Ele não precisou ir a nenhum purgatório. E podemos imaginar a quantidade de pecados que cometera em sua vida. A todos eles Jesus per­doou, dando-lhe áv ida eterna.

Entretanto, como o Senhor não usou o termo céu, há quem confunda o paraí­so com um lugar onde se purga peca­dos, afirmando ter nele estado o ladrão arrependido. Se esse local existisse e fosse também chamado de paraíso, Cris­to teria purgado pecados, visto ter afir­mado que lá estaria. De nada nos teria valido o seu sacrifício e seria falsidade sustentarmos ter ele pago tudo por nós. O paraíso é bom, feliz; é o estado das almas que repousam no Senhor, no céu

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(Ap 6.10,11), esperando o dia do Juízo. Quando Jesus retornar, vai trazê-las "juntamente em sua companhia" (1 Ts 4.14). Paulo chama o paraíso de terceiro céu (2 Co 12.2,4).

João escreveu a uma coletividade cristã para esclarecer e afirmar aos seus componentes que eles já estavam de posse da vida eterna, aqui na Terra, ao aceitar Jesus:

"Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna (que vocês têm vida eterna), a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus" (1 Jo 5.13).

A existência do purgatório tem por base suposições. Utilizam, equivocadamente, textos como:

1.°)- 1 Co 3.10-15: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fun­damento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contu­do, se o que alguém edifica sobre o fun­damento é ouro, prata, pedras precio­sas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento (Cristo) edificou,

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esse receberá galardão: se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano: mas esse mesmo será salvo, todavia como que através do fogo."

A Bíblia de Jerusalém, adotada pelos católicos romanos, ao comentar sobre o fogo em Mt 3.11, diz: "Ofogo, instrumento de purificação menos material e mais eficaz do que a água, simboliza já no Antigo Testa­mento a intervenção soberana de Deus e do seu Espírito, que purifica as consciências."

Difícil de se encontrar argumento com relação a purgatório em 1 Co 3.10-15. Ali está se referindo a galardão (re­compensa) pelos nossos atos fundamen­tados em Cristo. Se a nossa obra (e não o espírito) se queimar, desaparecer, por ser perecível como a madeira, feno, pa­lha (v. 12), isso não nos impedirá de ser salvos como que através do fogo. Não se trata de novidade, pois, como já vimos, obras não salvam ninguém, mas, atra­vés delas, os já salvos conquistarão re­compensa no céu.

Os mesmos católicos que, contra a decisão do Concílio de Florença, afirmam ser o purgatório um lugar alegre se ba­seiam nesse texto para dizer que alguns passarão pelo seu fogo primeiro para ser salvos. Isso é contradição. Um local onde as almas se queimam pode ser de con­tentamento?

Como qual seja a obra será provada

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pelo fogo, ou seja, todas e las, sem exceção, passarão por esse teste, se se tratasse de um purgatório por que as boas teriam de passar por ele, já que sua fun­ção, dizem, seria a de purificador de er­ros cometidos?

Deus, pela sua graça, a cada um re­tribui segundo as suas obras (SI 62.12). Quem não aceitou Cristo, o fundamento, não pode ter suas ações edificadas sobre ele. Elas serão sem nenhum proveito. Esse irá para o inferno. Quem o aceitou estava salvo em vida; receberá galardão de acordo com o valor de seu trabalho.

2.°)- Mt 5.21-26: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não mataras; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão esta­rá sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao traze­res ao altar a tua oferta, ali te lem­brares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquan­to estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o

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juiz ao oficial de justiça, e sejas re­colhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo."

Jesus está falando de oferta, a qual será aceita se tivermos corrigido nossa falha com o irmão. Se não fizermos isso seremos prisioneiros do pecado. Só se­remos libertados dele quando estiver­mos bem com nosso adversário, com o coração limpo, sem rancor, com perdão. Aí, sim, Deus acolherá o nosso ofereci­mento. Ele não aceita o daquele que, sabendo-se devedor, é prisioneiro de suas dívidas, de suas transgressões. Sua oferta, sua obra, será queimada como a madeira, o feno e a palha. Cons­tatamos, em Gn 4.3-5, não ter nosso Pai Altíssimo se agradado de Caim nem, como c o n s e q ü ê n c i a , a c e i t ado sua oferenda, sua obra, feita de modo indig­no. O ofertante era do maligno... e as suas obras eram más (1 Jo 3.12).

Ninguém imaginaria, pelas palavras de Jesus, estivesse ele declarando haver um lugar para purgar pecados, como quer a Igreja Romana. Se ele desejasse mos­trar sua existência seria claro, pelo me­nos com os discípulos, como acontecia quando lhes explicava as parábolas. Se se tratasse de um assunto indiscutível, desnecessária seria sua oficialização pelo papa.

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Jesus disse que da prisão não se sai­ria enquanto não fosse pago o último cen­tavo. Não pode existir contradições na Bíblia. Estando escrito ser gratuita nos­sa justificação, por sua graça (por seu favor), e que ele, por seu sangue, nos purga de nossos pecados, já os tendo pago por nós, os cristãos, esse local tenebro­so não existe. Além do mais, o catolicis­mo não tem o purgatório por prisão, como ali está narrado.

Se, por não conseguir a reconciliação com o adversário, tivéssemos de passar por um purgatório, o texto diria que, se a conseguíssemos, iríamos para o céu. Mas ele simplesmente explica que, ao obtê-la, deveremos retornar ao altar onde dei­xáramos a oferta e entregá-la a Deus. Sinal de que a explicação de Jesus não se refere a purgatório. Se ela estivesse fazendo referências a algum lugar de­pois da morte seria o inferno de fogo (v. 22). Mas de lá não há como se sair.

3.°)- Mt 12.32: "Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do ho­mem ser-the-áperdoado, mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro (em outras traduções: nem neste mundo nem no vindouro ou nem neste mundo nem no porvir)".

Tra ta - s e de uma p a s s a g e m que também não deve ser interpretada em

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isolado, a fim de não se cair em erro. Jesus estava dando ênfase ao não-

perdão, a uma atitude imperdoável. Ain­da é costume dizer-se: Sabe quando vou perdoar isso? Nem hoje nem daqui a cem anos. O vocábulo porvir não é para ser entendido por céu, mas por era futura no texto original.

Vimos Cristo mostrar que, após a morte, não há como se livrar do pecado, liquidar a falta praticada em vida. Qual­quer dúvida sobre esse texto será eli­minada se o compararmos com Mc 3.29:

"Porém o que blasfemar contra o Espíri­to Santo, nunca jamais terá perdão; mas será réu de eterno delito."

Numa anotação católica consta que: "Muitos Santos Padres consideram este

pronunciamento divino como prova claríssima da existência do purgatório, onde se podem pagar faltas que não foram devi­damente liquidadas neste século, neste mundo."20

Se muitos papas pensaram desse modo, não houve concordância unâni­me a respeito.

Os de Cristo, estando salvos, não se­rão julgados (para condenação), mas com­parecerão também perante o tribunal de Deus, quando todos os joelhos se dobra­rão e todas as línguas confessarão seu

20- Santo Evangelho de N.Senhor Jesus Cristo, ed. católica, p. 65.

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nome e lhe darão louvores. Suas obras, essas sim, serão passadas pelo fogo (se­rão selecionadas) para efeito de recom­pensa (galardão). Os blasfemadores con­tra o Espírito Santo não tinham perdão no tempo de Jesus, não o têm em nos­sos dias nem o terão no Juízo final, quando comparecerão para ouvir a sen­tença condenatoria.

Há quem ache impossível passar pelo juízo condenador quem já está perdido. Mas a Bíblia diz:

"... e os anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, eZe(Deus) tem guar­dado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia" (Jd 6).

"Ora, se Deus não poupou anjos quan­do pecaram, antes, precipitando-os no in­ferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo... é porque o Se­nhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo" (2 Pe 2.4,9).

Não fossem os ensinamentos descri­tos, seria aceitável - para os insisten­tes em ver o porvir como o céu em Mt 12.32 — a argumentação de perdão de­pois da morte, pois está dito será perdo­ado, porém nunca da existência de um purgatório. O perdão é gratuito, é o es­quecimento do que ficou para trás, sen­do concedido àquilo que não pagamos ou

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não podemos pagar. O purgatório seria para pagamento, correção de faltas anterio­res para se ter o direito ao céu. Um cri­minoso, cumprida a sua pena, tendo pago pelos seus atos o que lhe foi imposto por lei, não precisa, ao sair da prisão, ir à presença do juiz para ser perdoado, pois nada mais deve à sociedade. Por que, então, quem penasse num purgatório te­ria ainda de receber o perdão?

Mesmo assim, há quem alegue, com base em Nm 14.19-23; 20.12, Dt 34.1-5 e 2 Sml 11.2-17; 12.13,14, que Deus nos perdoa, mas nos impõe penas. Esses tex­tos são do Antigo Testamento, da época da lei, pela qual ninguém seria nem será salvo. Estamos na era da graça, do favor sem merecimento, quando o dom gratui­to, o presente dado de graça por Deus, é a vida eterna em Cristo Jesus (Rm 6.23).

4.°)- Fl 2.9,10: "Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e de­baixo da terra."

As almas do inferno, acredita o cato­licismo, não farão reverência a Deus, parecendo-lhes estar Paulo se referin­do aos abismos do Purgatório. Aqui o pur­gatório'^ é visto como cheio de abismos. O apóstolo, em Rm 14.10,11, esclarece melhor:

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"Tu, porém, porque julgas a teu irmão? e tu, por que desprezas o teu?pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus."

Portanto, Fp 2.9,10 refere-se ao Juízo final, quando todo joelho se dobrará, in­clusive o dos perdidos, querendo estes ou não.

Pensamos nem devesse a Igreja Ro­mana utilizar um argumento desses, pois conhece casos de espíritos imundos (demônios) louvando e adorando a Deus e aJe su s (Mc3.11; 5.2,6; At 16.16-18).

5.°)- 2 Mc 12.38-45: Judas Macabeus encontra, sob a túnica dos soldados mortos em combate, objetos consagra­dos a deuses pagãos, concluindo, have­rem por isso, perecido. Ofereceu um sacrifício pelo pecado. Explicação: "Agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na res­surreição. De fato, se ele (Judas) não esperasse que os que haviam sucumbi­do iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas se consi­derava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício pelos

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que haviam morrido, a Jim de que fos­sem absolvidos do seu pecado."

Esse é um dos relatos de maior im­portância para os defensores do purga­tório. Cremos ser dos mais fracos. Con­vém lembrar que os Macabeus não são aceitos como inspirados pelos evangéli­cos e, antes, nem pela Igreja Católica, que passou a tê-los como canónicos no Concílio de Trento (1545-1563) . São J e r ó n i m o não c o n c o r d a v a com a canonicidade deles. Santo Tomás via so­berba na atitude - descrita em 2 Mc -do ancião digno ao se suicidar orando ao Deus verdadeiro. Isso não pode ser­vir de exemplo. O suicídio é censurado pelo cristianismo.

Pelo transcrito, aquela era uma es­perança particular de Judas e não pro­messa de Deus. O Altíssimo não a trans­mitiu pelos profetas. Os seus servos não pensavam igual a Judas. Isso não ve­mos em nenhum outro registro, nem nos demais apócrifos.

Devemos prestar atenção aos fatos bíblicos. Uns se referem a exemplos a ser seguidos. Outros estão ali como li­ções a não ser imitadas, como Judas Iscariotes traindo Jesus, Moisés matan­do e enterrando um homem, e se le­vássemos em conta um livro apócrifo <*>

( , ) - Vide cap. 5 do livro AS IMAGENS.

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- Judas Macabeus rezando pelos mor­tos, o que é errado e vão.

Teriam aqueles mortos adormecido na piedade? Ou no paganismo, na idolatria, adorando deuses estranhos? Teriam a recompensa do Deus eterno? Seriam per­doados por intermédio de Judas e não pelo arrependimento em vida? Depois da morte, é claro, qualquer perdido vê seu erro (Lc 16.19-31).

A narração não atesta a existência de purgatório. Os soldados, se morreram ado­rando de forma indevida, não teriam di­reito à salvação. Tanto católicos quanto evangélicos concordam nisto: quem vai para o inferno não pode passar para o céu.

Quem supõe ser permitido rezar por mortos toma ainda por base 2 Tm 1.16-18; 4.19. Esses textos não se referem a mortos, a reza nem a oração, embora o catolicismo presuma Paulo rezando pela alma de um suposto falecido: Onesíforo. O apóstolo espera que Deus conceda mi­sericórdia à casa de Onesíforoe saúda... à casa dele, ou seja, aos seus membros, como até hoje fazemos. Baseiam-se, ain­da, nos versículos a seguir, extraídos de obras apócrifas. Ei-los:

a) "Segundo seu beneplácito, eZe(Deus) exalta ou rebaixa até o fundo da mansão dos mortos" (Tobias 4.18).

Não vemos em que se possam funda­mentar.

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b) "Que a tua generosidade atinja to­dos os viventes, mesmo aos mortos não re­cuses a tua piedade" (Eclesiástico 7.33).

A Bíblia de Jerusalém, católica, explica referir-se ao "dever de dar aos mortos uma sepultura decente, cf. 2Sm 21.10-14; Jr.22.19; Is 34.3; Tb 1.1 7-18; 12,12). Mais tarde, surgiu também a preocupação de ofe­recer por eles preces e sacrifícios (2Mc 12.38-46). Mas certas práticas pagãs do culto aos mortos parecem (?) ter sido proibidas pela Lei (Dt 26.14; cf. Br 6.26; Eclo 30.18)."

De acordo com a Bíblia de Jerusalém, católica, nos manuscritos da antiga ver­são latina o texto de 2 Mc 12.38-45, já transcrito, é:

"... Porque ele esperava que os que ha­viam tombado ressuscitariam(é supérfluo e vão orar pelos mortos), considerando que uma recompensa está reservada para os que adormecem na piedade (santo e salu­tar pensamento)."

O ensino mais antigo é contrário ao que seguem, pois explica não adiantar orações por mortos. Esse concorda com as Escrituras. Porém acharam mais con­veniente usar versão mais nova, a qual se torna a única a mencionar súplica por quem morreu.

Que os Macabeus não são inspirados, é fácil de provar. Em 2 Mc 15.37-40 o autor se desculpa pela sua escrita:

"Se o fiz bem, de maneira conveniente a

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uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso que me foi possível."

Os autores bíblicos se expressavam com autoridade, convicção. Nem Pedro, iletrado e de poucos conhecimentos (At 4.13), teve receio de que suas palavras fossem vulgares e medíocres. Não se admite suposta humildade quando se trata de textos sagrados.

6.°)- Ap 21.27: "Nela (a cidade santa) nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abo­minação e mentira, mas somente os ins­critos no livro da vida do Cordeiro."

Será desnecessário expandirmo-nos em comentários a esse versículo. No céu não entram impurezas, não sendo ele destinado aos que praticam e querem continuar a cometer abominação e men­tira, mas aos que as executaram e se arrependeram em vida, ou seja, desti­na-se aos ex-ladrões, ex-idólatras, ex-mentirosos, etc. Lá estarão os purifica­dos, os purgados pelo sangue de Jesus (1 Jo 1.7), cujos escritos de dívidas fo­ram cancelados e encravados na cruz (Cl 2.14), já possuindo ávida eterna aqui na Terra (Jo 5.24; 1 Jo 5.13), pois foram limpos pela palavra (Jo 15.3), e de cujos pecados e iniquidades Deus não mais se lembrará para sempre, pois foram perdoados (Hb 10.17,18). Quando de fato

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nos convertemos, mesmo sendo pecado­res somos considerados justos perante Deus através do sacrifício de Jesus Cris­to, de sua morte em nosso lugar.

O purgatório é dogma decidido por um concílio e sancionado pelo papa. Fomos informados, todavia, da existência de padres, em cursos de teologia, ensinan­do não existir esse lugar. Aproveitam para d izer que o céu e o in f e rno inexistem. O inferno seria na Terra; o purgatório o sofrimento terreno, e o céu seria aqui, com nossa alma na presen­ça de Deus. Todos, incluindo-se os mai­ores assassinos não-arrependidos, se­riam salvos. Jesus, segundo alegam, veio para livrar todos, sem exceção, de seus pecados. Mas a Bíblia diz que ele veio para os que nele crêem:

"Porque Deus amou o mundo de tal ma­neira que deu seu Filho unigénito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).

Já os padres parapsicólogos - com pos­tura igual à dos saduceus recriminados por Jesus, que não criam em anjos (At 23.8) - declaram, sem subterfúgios, ser Satanás um erro de interpretação. Ale­gam que, na antiguidade, quando se dizia diabo, demônio ou palavra sinônima, o povo queria se referir a doenças ou fenôme­nos desconhecidos. Isso dizem porque afir­mam poder curá-las ou desvendá-los hoje

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em dia. Lendo versículos isolados pode­ríamos assim pensar, mas, examinando os livros bíblicos em sua totalidade, ve­mos ser inadmissível. Se a Ciência não sabia tratar-se de doença, ou se a des­conhecia, para Jesus não há mistérios. Em lugar de fingir expulsar um espírito inexistente, pois isso seria falsidade e mentira, as suas palavras teriam sido de cura da doença, mesmo não citando qual. Em Mt 10.1, ele confere aos doze autoridade para curar toda sorte de do­enças e enfermidades, onde estariam in­cluídas as ignoradas, e para expelir es­píritos imundos.

Citam-nos o caso de um rapaz que dizem ter sido epilético, alegando que seus a taques foram a t r ibu ídos ao demônio porque esse mal não era co­nhecido na época (Mt 17.14-21; Mc 9.14-29; Lc 9.37-43). Ao contrário, acredita­vam que o moço era lunático (Mt 17.15). Jesus, sabedor de tudo, não simulou curar essa suposta doença nem nenhu­ma outra dele, mas expulsou o espírito que o tornava mudo e surdo (Mc 9.25). Mudez e surdez não são sinais de epi­lepsia. Como conseqüência da expulsão, desapareceram-lhe os sintomas pareci­dos com esse mal. Em diversos outros casos, ele curou a doença, sem mencio­nar a presença do demônio.

Eis o que a Bíblia diz:

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"Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"(Mt 25.41).

"O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como tam­bém o falso profeta; e serão atormenta­dos de dia e de noite, pelos séculos dos séculos" (Ap 20.10).

"Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem" (Tg 2.19).

"Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vos­so adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar" (1 Pe 5.8).

Um lugar de fogo para as moléstias? A enfermidade será atormentada dia e noite, eternamente? Pode a doença crer e tremer? Pedro estaria ensinando como se livrar de doenças interiores?

O maligno não foi mencionado só quando havia perturbações de saúde ou acontecimentos inexplicáveis. Ele foi ci­tado formulando perguntas, responden­do algumas e se manifestando ao ver Jesus. Alegam os parapsicólogos tratar-se de poder mental. A maior prova é ob­tida, dizem, através de filmagens, onde aparecem objetos se locomovendo ou até tomando novas formas. De fato, nossa mente é muito mais poderosa do que imaginamos. Entretanto não poderiam

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descartar a existência de uma força do bem e outra oposta. Nenhuma fumadora, por mais aperfeiçoada que seja, é capaz de registrar a constante presença do diabo rondando os seres humanos. E se algumas vezes as peças, as pedras, es­tiverem sendo transportadas ou trans­formadas por seres invisíveis?

Conhecemos o caso de um médico de N i t e r ó i , a p r o f u n d a d o em e s t u d o s parapsicológicos. Atribuía tudo ao poder mental. Alguns evangélicos oraram em seu favor e ele viu os espíritos engana­dores saírem de seu corpo. Deus atuou em sua vida, inclusive curando-o de um câncer. E o mais esclarecedor é que os objetos deixaram de mover em sua pre­sença. Hoje ele é crente. Estava sendo utilizado por Satanás.

O melhor trabalho feito para o malig­no é dizer que ele não existe, pois esta­rá livre para agir. O homem foi criado para ser sadio. Advieram as enfermida­des com o pecado. Deus, em sua infini­ta misericórdia, nunca nos abandonou. Ele deu a uns a vocação de ser médicos com a finalidade de curar males físicos e psicológicos, provindos ou não do dia­bo. De posse desse dom, passaram a duvidar da palavra divina.

Estão defendendo, ainda, a possibili­dade de o purgatório ser o mínimo instan­te precedente à morte. Nesse momento,

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passaria pela memória do moribundo tudo o que fez de mau e de bom. Ele teria a possibilidade de escolha. Optaria alguém pelo inferno?

Qual a situação do fiel católico? Acre­ditar em quê? O Concílio, em sua infali­bilidade, reunindo o papa e os bispos do mundo inteiro, teria errado ao definir o purgatório? Os sacerdotes, pela livre in­terpretação - tão condenada quando pos­ta em uso pelos protestantes-, vêm pas­sando por cima da autoridade pontifical? Como fica o anátema (a excomunhão) imposto pelo Concílio de Florença a quem não acredita em purgar pecados em um local de tormentos? E como pode a mesma igreja aceitar padres ensinan­do sobre a realidade do purgatório e do demônio e outros os negando?

A Bíblia menciona, muitas vezes, o céu, descrevendo-o com minúcias. Fala muito também a respeito do inferno. Porém não cita nem uma vez sequer a palavra purga­tório. Por quê? Porque não existe. Se exis­tisse, mesmo superficialmente seria des­crito. Defender a sua existência é dene­grir o sacrifício remidor de Cristo.

Se um ambiente de tormentos ser­visse de purificação, o inferno estaria repleto de almas puras, embora sem con­dições de sair de lá.

Deve ser terrível para o católico, além de ser proibido de acreditar na certeza

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de sua salvação em vida, aguardar so­frimentos pavorosos após a morte como forma de se purificar para ganhar o céu.

"Cria em Jesus, sim, mas também cria no purgatório. Em minha fé romana empa­relhava a Jesus o purgatório das almas no além... A aceitar-se o purgatório supõe-se a insuficiência, a incompetência, a incapa­cidade do Sacrifício de Cristo na salvação do pecador. Em contrapartida, em sendo o Divino Sacrifício de Valor Infinito na sua Todo-Suficiência e Todo-Capacidade, por­quanto 'o Sangue de Jesus Cristo... nos purifica de todo o pecado'(1 Jo 1.7), qual a necessidade do tal purgatório? Purificar significa purgar, limpar. Portanto, o nosso purgatório verdadeiro é o Sangue de Je­sus."21

2 1 - REIS, Aníbal Pereira. O Padre cria em Jesus, mas não era salvo, p. 30,31.

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Capítulo 4

O LIMBO

O limbo foi inovação surgida na Igreja. Pune inclusive criancinhas não batizadas, apesar de elas não terem culpa de não haver sido submetidas ao ritual. Jesus disse ser delas "o reino de Deus" (Mt 19.14) e que devemos ser iguais a elas para obter a salvação (Mt 18.3).

Ensina o catolicismo: "Quanto à sorte das pessoas que mor­

rem sem esse sacramento (batismo), e não merecem o inferno, eis uma afirmação ain­da não definitiva como verdade de fé: ino­centes sem a graça do batismo ficam no limbo: terão aí a sua felicidade eterna pu­ramente natural, sem a contemplação de Deus face a face '(Mt27,52-53).

Note-se que Deus não pode dar a uma criança, nem antes de nascer, o uso da razão, com o qual ela recebe a graça, medi­ante o 'batismo de desejo'. Isso provavel­mente foi o que se deu com João Batista,

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que foi santificado e 'exultou' no seio de Isabel (Le 1,44). Tal graça extraordinária, porém, Deus 'pode' concedê-la, mas nãoé certo que a conceda. Ora, a Igreja quer que se aja sempre na certeza. Por isso prescre­ve, sob pena de pecado grave, que se dê o batismo de água 'o quanto antes'. Reco­menda-se uma preparação dos pais e pa­drinhos, afim de que se compenetrem do valor imenso do sacramento que se admi­nistra e do qual pode depender a glória eterna do filho ou afilhado. "22

Disseram inocentes. Essa explicação parece incluir, no primeiro parágrafo, adultos e, no último, crianças. Estari­am todos sendo punidos, sem merecer o inferno. Com relação às crianças, há a exigência do cumprimento da burocra­cia dos chamados cursos de batismo, cri­ados por homens para preparação de padrinhos, sem os quais não pode haver o batismo católico. E sem este, dizem, o destino é o limbo. A Bíblia nem mencio­na a existência de padrinhos e madri­nhas, ou seja: paizinhos e mãezinhas.

Outros informam que o limbo seria um lugar ruim, onde as crianças ficari­am chorando.

Se a Bíblia diz ser delas o reino de Deus, elas são puras de coração e verão a Deus (Mt 5.8).

:- Santo Evangelho de N. S. Jesus Cristo, ed. católica, p. 135.

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Continua o ensinamento do catolicismo: "Por ser o batismo absolutamente neces­

sário para a salvação eterna- como Cristo declara —, qualquer pessoa, mesmo não batizada, pode batizar alguém que esteja em perigo de vida."

Cristo nunca declarou que a falta do batismo traz a condenação. Devemos ser batizados, todavia quem está sujeito a ser condenado é o descrente:

"Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado" (Mc 16.16).

Quem vier a crer, convertido, fará questão de dar o testemunho público de sua fé e de que foi selado pelo Espírito Santo, passando pelo batismo. Aquele que não crer não desejará ser batizado e sofrerá a condenação, porém pelo fato de não ter aceitado Jesus, pois ele é nosso único Salvador e Advogado.

Se o batismo fosse condição essenci­al para a salvação, o ladrão arrependi­do, crucificado ao lado do Mestre, teria sido condenado ou ido para o limbo. Não houve tempo nem condição de ser batizado da forma tradicional (Lc 23.40-43). Talvez ele, um prisioneiro, nem sou­besse dessa ordenança, inexistente na lei de Moisés.

O importante não é o ritual de ser molhado com água ou nela mergulhado, pois rituais não salvam ninguém. O

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batismo é como qualquer obra: deve ser feito como sinal externo e visível de nos­sa fé interior e invisível. Não tem a fi­nalidade de perdão de pecado capital nem de purificar nenhum outro (1 Jo 1.7,9). Importa é o selo de nossa con­versão, sermos identificados com a morte do Cordeiro imaculado, sem delitos, e lavados pelo seu sangue. Ou seja, mor­rermos para os nossos pecados e renas­cermos em Cristo, andando em "novida­de de vida" (Rm 6.4). Necessário é por ser uma representação do novo pacto, a confissão pública de sermos herdeiros da promessa da graça de Jesus. Como a circuncisão deu lugar ao batismo cris­tão, adaptando Rm 2.26-29 para este caso, poderemos dizer que batismo é do coração, no espírito. Não fosse assim, se um ateu na hora da morte, querendo agradar à família, fingisse ter-se con­vertido e fosse batizado, herdaria o rei­no de Deus. >*>

A existência do limbo é uma fábula absurda, uma vez que não encontra amparo nem em um versículo bíblico sequer, nem em textos isolados, fora de seu contexto.

( , ) - Sobre o batismo, ler o cap. 4, item 4, do livro o ROSÁRIO.

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Capítulo 5

Os PECADOS CAPITAIS

O catolicismo prega que alguns peca­dos menores nos levam ao purgatório. Os m a i o r e s , po r ém , nos c o n d u z i r i a m diretamente para o inferno. Se isso fos­se assim, bastaria evitarmos os gran­des. Segundo eles, do purgatório vai-se para o céu.

Em vista disso, elaboraram uma pe­quena lista de pecados capitais. O que seriam estes? Dizem ser os que nos im­possibilitam de herdar o céu. Na Bíblia encontramos apenas um tipo de pecado que não receberá perdão:

"Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada" (Mt 12.31).

Subentende-se, então, que todos os outros serão perdoados. Para isso é-nos necessário apenas crer que Jesus

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é suficiente Salvador, confessarmos a ele nossas transgressões e abandoná-las.

Gl 5.18-21 relaciona algumas obras da carne, práticas costumeiras dos que não herdarão o reino de Deus:

"... prostituição, impureza, lascívia ( sensua l idade ) , idolatria, feitiçaria, inimizadas, porfias (disputas), ciúmes, iras, discórdias, dissensões (divergências, de­savenças), facções (divisões), invejas, bebedices, glutonarias (comer sem mode­ração) e coisas semelhantes a essas..."

A mentira, por exemplo, poderia ser classificada de pecado capital, pois o pai dela é o diabo (Jo 8.44) e os mentirosos terão a sua parte no lago que arde em fogo e enxofre (Ap 21.8). Além desses, não poderemos nos esquecer dos peca­dos descritos nos Dez Mandamentos: termos outros deuses, curvarmo-nos a imagens, etc.

Pecado é pecado. Todos são graves. Usa o catolicismo as seguintes palavras de nosso Senhor para diferenciá-los:

"Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem" (Jo 19.11-Resposta a Pilatos).

"Porque vês tu o argueiro (cisco) no olho do teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?"(Mt 7.3,4).

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"Guias de cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!" (Mt 23.24).

Os judeus estavam escravizados por inúmeras tradições que eles próprios inventaram. Jesus lhes falava da forma como entendiam. Como ser humano, estava sob a lei deles, pois viera para cumpri-la.

O que o Mestre fez por nós? "Tendo cancelado o escrito de dívida,

que era contra nós e que constava de orde­nanças, o qual nos era prejudicial, remo­veu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Cl 2.14).

Ele perdoou todos os nossos delitos (v. 13), não importando o tamanho deles. Não estamos mais sob a análise nem sob o jugo das antigas normas legais.

É claro o contido em Tg 2.10: "Com efeito, aquele que guarda toda a

lei, mas desobedece a um só ponto, torna-se culpado da lei inteira."

A condição para ganharmos o céu é a perfeição, e isso nos é impossível pela lei. Quem por exemplo, querendo estar sob ela, presta um falso testemunho uma mentirinha aos seus olhos - desres­peita os demais mandamentos e todas as outras normas legais, onde estão in­cluídos "grandes" pecados, como, por exemplo, matar, o que os torna todos gra­ves. Não mais estando os cristãos debaixo do jugo legalista, pois o sangue de Jesus ...

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nos purifica (purga, limpa) de todo peca­do, ou seja, de qualquer pecado (1 Jo 1.7), não importa a natureza e a dimen­são antes atribuída nem que se queira atribuir ã transgressão. Somos justifi­cados não por merecimento próprio, mas gratuitamente, por sua graça (pelo favor de Deus, por nós não merecido), mediante a redenção (a salvação, a libertação da es­cravidão do pecado) que há em Cristo Je­sus (Rm3.24).

Também usam, para argumentar, 1 Jo 5.16,17:

"Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para a morte, orará e Deus dará vida àqueles que não pecarem para a mor­te. Há pecado para a morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniqüidade é pecado: e há pecado que não é para a morte."

Pecado está no singular. E o único sem remissão, sem resgate, é o de Mt 12.32: a blasfêmia contra o Espírito San­to, por partir da boca dos que negam a divindade de Cristo, os anticristos. A única forma de entrarmos no céu é atra­vés de Jesus. E esses, sendo categóri­cos em não aceitá-lo, estão rejeitando o convite para a salvação.

Mesmo assim, eis a lista inventada contendo os Sete Pecados Capitais:

• Soberba (orgulho) • Avareza (apego ao dinheiro), • Luxúria (libertinagem, lascívia),

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• Ira (cólera), • Gula (excesso no comer e no beber), • Inveja e • Preguiça. Se fosse desse jeito, matar, adorar

outros deuses e os outros pecados dos Dez Mandamentos seriam inferiores à preguiça por ela estar enquadrada como capital e aqueles não. Falta lógica. Den­tre esses sete não está arro lada a blasfêmia contra o Espírito Santo, o úni­co pecado sem perdão e que seria o úni­co capital.

O assunto é longo. O catolicismo criou uma classificação para os peca­dos: veniais (perdoáveis, desculpáveis) e capitais (não sujeitos a perdão). Só os homens para pensarem nisso! O ser humano encontra dificuldade em acei­tar a Palavra de Deus, por ser ela muito simples.

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C O N C L U S Ã O

Após esses estudos, cremos que pou­cas dúvidas poderiam sobrar a respeito da pessoa de Pedro e, conseqüentemen­te, do papa.

Também aqueles que se interessaram por conhecer a verdadeira Palavra de Deus provarão uma grande paz, pois, passando a ler a Bíblia, não terão mais dúvidas nem receio de morrer sem sa­ber para onde irão.

Quem crê em Deus confia no que ele deixou escrito para nós, abandonando tradições criadas por homens. Assim, quem passa a seguir o cristianismo au­têntico sabe que não estará sujeito a condenação, a limbo nem a inferno, pois a sua salvação foi comprada por um gran­de preço: o sangue de Jesus.

A finalidade das Escrituras Sagradas é que saibamos o que Deus quer de nós e tenhamos conhecimento de nossa sal­vação através de Jesus. Caso você ain­da não as tenha lido, não deixe para amanhã. Comece a fazê-lo ainda hoje.

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O R A Ç Ã O

Pai nosso,

A tua Palavra é simples e é a verdade. Mas eu a vinha deturpando por desânimo de lê-la.

Eu atribuí sua honra, seu poder e sua glória a simples seres mortais. Mas a partir de hoje não quero mais fazer isso.

Curvo-me perante ti e peço que perdoes os meus pecados e o fato de eu ter trans­mitido a outros ensinos equivocados.

Agora eu entendo que a Bíblia nos en­caminha unicamente a Jesus, aquele que detêm as chaves dos céus. Através dele, eu já posso ter, aqui na Terra, a certeza e a alegria da salvação.

Em nome do teu Filho amado é que oro agradecendo por isso.

Amém.

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