A Piramide Da Felicidade

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A Pirâmide da Felicidade

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A pirâmide dA felicidAdeMarcos Rezende

RevisãoMatheus Monteiro

ProduçãoInsistimento

Para Sara, Artur, Raquel e Esther, meus companheiros e mestres mais novos nessa experiência única em busca da felicidade.

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Prefácio

A Pirâmide da Felicidade é um manifesto ao status quo do comportamento da sociedade em que estamos inseridos. Apesar de termos conquistado um momento histórico em relação a nossa liberdade, da simples expressão de nossos gostos pessoais até a possibilidade de ir a lugares inimagináveis alguns anos atrás, nunca fomos tão aprisionados como hoje.

Temos acesso a informações de todo tipo a um clique do mouse, podemos criar nossos próprios filmes e músicas, nos vestir e portar como bem quisermos, comprar carros, casas e todos os bens que sempre sonhamos em ter quando chegássemos ao Olimpo da felicidade.

Mesmo assim somos infelizes, sempre buscando algo a mais para preencher o grande vazio que há em nossos corações.

Somos cegamente aprisionados ao mundo dos cinco sentidos e ignoramos que todos os aspectos relacionados à felicidade são inalcançáveis através deles.

Marcos Rezende compartilha nesse belo livro a sua experiência na busca da felicidade verdadeira, aquela que enche a alma sem precisar esvaziar os bolsos. A felicidade absoluta, que não depende do meio onde se está inserido, apenas da paz de espírito conquistada através de equilíbrio e bondade no coração.

A figura do tetraedro, o seu triângulo da felicidade, ajudará muitas pessoas a olhar para a vida de uma forma diferente, positiva e construtiva. Como o próprio Marcos disse em uma de nossas conversas, um caminho que está levando-o cada vez mais possuir sem possuir, agir pelo não agir.

Um conhecimento importante, que certamente o levará a descobrir que o verdadeiro poder é tê-lo e abster-se de usá-lo.

Somente com desprendimento é possível começar o desenvolvimento da verdadeira felicidade. Marcos nos mostra isso através de uma receita que funcionou para ele, algo perceptível nos mínimos detalhes para quem tem o privilégio de conhecê-lo de perto.

Tenha uma ótima leitura!

Pedro Mello, escritor, empreendedor e investidor anjo.

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Sumário

Prefácio 04

Mais um dia 06

A busca pela felicidade 08

Negligenciando o amor, o talento e o dinheiro 10

O autoconhecimento como centro 12

Propósito: dando sentido à vida 14

Mais que uma pirâmide, um tetraedro 15

Calculando o volume da sua felicidade 17

Desafiando o status quo através da pirâmide da felicidade 19

Referências 21

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Mais um dia

74% das empresas do mundo são ambientes inóspitos ao convívio social ao mesmo tempo em que o nosso cérebro é constituído basicamente para viver socialmente. Todos os dias, milhões de pessoas levantam das camas pensando consigo mesmas: “Lá vem mais um dia...”. Essas pessoas não sabem o motivo pelo qual abrem os olhos todos os dias. Elas vivem no meio da multidão, correndo atrás do seu “queijo”, para que no futuro possam assistir televisão em paz.

Passei toda a minha juventude sendo induzido a pensar no futuro. Precisava estudar para garantir o meu futuro. Precisava trabalhar para garantir o meu futuro. Precisava me casar para garantir o meu futuro. Que garantia dá um diploma? Que garantia dá anos de trabalho? Que garantia dá um casamento? Se no final das contas, tudo o que queremos é atingir a nossa felicidade, porque temos que colecionar coisas durante a vida, para que algum dia a felicidade chegue até nós?

Por causa desse modelo de trabalho utilizado atualmente, chegamos a um colapso na saúde. Esse colapso atinge o ser humano como indivíduo, assim como no coletivo, ganhando proporções que prejudicam até mesmo a saúde do planeta. A má alimentação, o estresse, a falta de prazer no trabalho,

a falta de reconhecimento pessoal e profissional e os inúmeros papéis que precisamos interpretar, colocam cada um de nós dentro de um ciclone de sofrimentos que não conseguimos sair facilmente. Nos distanciamos da natureza e nos diferenciamos dela, acreditando que ela não está mais em nós. O mundo ficou duro, árido e opressor.

O dia a dia normal da maioria das pessoas é de certa forma amedrontador. Se narrássemos a história a seguir para uma criança, ela com certeza pensaria que estávamos contando a história de um filme de terror. Normalmente as pessoas acordam com uma vontade enorme de permanecer na cama, já que afinal ela não sabe quais razões tem para se levantar. Depois que uma enxurrada de pensamentos negativos sobre o dia invadem a sua mente, ela se levanta, faz a sua higiene pessoal básica, coloca uma roupa, veste os filhos e vai para a rua.

Na rua recebe o primeiro grande impacto negativo. Primeiro deixa seus filhos em uma creche ou escola, para que outras pessoas os eduquem. Depois segue em direção a um café da manhã rápido no caminho para o trabalho e, logo assim que chega ao lugar onde passará as próximas oito ou dez horas, enxerga as mesmas pessoas, as mesmas situações e o mesmo trabalho chato. Trabalho este que se vê obrigada a fazer todos os dias, para poder pagar as suas despesas mensais. Durante o seu dia de trabalho e sofrimento, ela percebe que só uma coisa a motiva a viver: o caminhar dos ponteiros do relógio para frente que a libertarão daquela prisão por algumas horas.

Ela não pensa em mais nada quando volta pra casa, a não ser apanhar seus filhos, onde eles estão sendo domesticados a ter a mesma vida que ela tem, e abraçá-los. Porém, ao chegar em casa, uma nova enxurrada de compromissos invadem a sua mente. É a janta que precisa ser preparada

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e servida, as compras que precisam ser feitas, as crianças que precisam de atenção e o seu próprio eu que acaba sendo a última prioridade, em meio a tantas necessidades externas. Abandonada por si mesma, ela faz o máximo que pode das tarefas que precisavam ser feitas e acompanha os ponteiros do relógio que caminham agora contra si. A hora de dormir se aproxima e depois da noite um novo velho dia renascerá.

Qual o propósito de uma vida assim? É chegar o final de semana ou aposentadoria e enfim curtir a felicidade? É conseguir um aumento de salário em cinco anos e viajar por 15 dias com a família controlando as despesas?

Todo ser humano tem o poder da escolha em suas mãos. Todo ser humano é capaz de raciocinar, questionar e refletir. Todo ser humano tem um potencial grandioso, de se tornar realmente uma jóia rara e única. Porém, a grande maioria dos seres humanos abandona seu livre-arbítrio, para acompanharem a “boiada” nas suas escolhas. Reclamamos do sistema, do governo, do patrão e dos nossos relacionamentos amorosos, mas não somos capazes de assumir total responsabilidade por tudo o que nos acontece.

Faça um teste e pergunte qual é a maior preocupação da nova geração, quando falamos sobre mercado de trabalho ou empreendedorismo. A grande maioria dos jovens ainda está muito mais preocupada com o dinheiro que vão ganhar, do que com a felicidade das suas vidas. Eles não compreendem que o dinheiro, é uma das ferramentas necessárias para construirmos o nosso caráter. O mais interessante disto tudo, é notar que os meus avós e pais passaram pelas mesmas situações que eu passei e os meus filhos estão sendo preparados para tomar o mesmo caminho. Quando questionaremos este modo de vida e mudaremos o rumo da nossa própria existência?

Este é um manifesto de proclamação pela vida e entendimento das ferramentas que compõem a nossa felicidade. Se cada um modificar a sua própria história, teremos, daqui a alguns anos, melhores histórias para contar para os nossos netos certamente.

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A busca pela felicidade

Vamos supor que o seu desejo seja ter um carro novo. Você precisa deste novo carro? Certamente não, pois o seu carro atual anda muito bem e te leva para onde você quer sempre que desejar. Porém, ainda assim você quer um carro novo. Você o quer, porque se sentirá mais feliz dentro daquele carro durante algum tempo, da mesma forma que se sentiu feliz dentro do seu carro atual, assim que o comprou.

Agora vamos supor que o seu desejo seja se envolver em um novo relacionamento amoroso. Você precisa de um novo relacionamento? Certamente não, pois apesar de algumas coisas não darem muito certo, entre você e a pessoa com que se relaciona hoje, você admite que boa parte dos problemas poderiam ser evitadas por você mesmo. Porém, ainda assim você quer um novo relacionamento. Você quer um novo relacionamento porque se sentirá mais feliz nele durante algum tempo, da mesma forma que se sentiu feliz logo assim que começou a se relacionar com a pessoa que está hoje.

Estes foram exemplos bastante simples para tentar apresentar a ideia de que sempre estamos buscando a felicidade. Buscamos ser felizes a todo instante, ou melhor, buscamos nos afastar da dor. O carro que dirigimos hoje tem uma série de problemas, o nosso relacionamento amoroso atual parece

só nos trazer tristezas e o nosso patrão só quer saber de acabar com o nosso divertimento. Buscamos a todo o momento nos afastar da dor e ir de encontro à felicidade, apesar de fazermos isso buscando o prazer.

A diferença básica entre felicidade e prazer, é que este último é temporário e necessita ser revigorado a todo o momento para sobreviver. Já a felicidade é como uma estrutura sólida, que independe do que estiver acontecendo ao seu redor. A felicidade é contínua, interminável, sem limitações e perfeita. Ela não cessa quando um carro quebra ou quando um relacionamento acaba. Ela não causa dor quando ficamos sem dinheiro ou vemos um ente querido morrer. Ela existe, sempre está lá e é vivenciada a todo o momento, não importa o que está acontecendo.

Apesar de todos nós seres humanos, buscarmos esse algo intangível que é a felicidade, não existe uma fórmula ou um manual para encontrá-la. Muito se fala nas religiões sobre prêmios que receberemos no “outro lado”, ou então em viver o instante do agora e recebê-lo sempre de braços abertos. Porém, ninguém trouxe à luz do mundo ocidental uma fórmula, um manual, uma estrutura de trabalho que pudesse sustentar os conceitos de felicidade. Lemos sobre o oriente e suas ideias, tentando nos afastar daquilo que somos: ocidentais.

Ocidentais precisam de uma fórmula, precisam de um manual. Precisam saber como as coisas funcionam, precisam construir um novo pensamento e ter novas ideias sempre e sempre. Orientais se conformam com a natureza das coisas, aceitam ideias como reencarnação e lei da ação e reação, como algo tão real como comer um prato de comida. Ocidentais precisam de provas, precisam discutir, precisam filosofar a respeito e questionar. Toda a ideia de felicidade, que trazemos na nossa cultura é abstrata e isso, como bom

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ocidental, me incomodava. Precisávamos ter uma fórmula, algo que medisse a felicidade. Como dono de empresa e líder de projetos, precisava entender o que realmente motiva as pessoas com as quais convivo. E foi neste ponto que cheguei ao modelo da pirâmide da felicidade.

Todos concordamos que não é somente o dinheiro que traz a felicidade. Assim como também concordamos que não é somente o amor. Até dizem que, quando o dinheiro sai pela janela, o amor sai junto em um casamento. Se temos capacidade para construir casas e prédios, por que não construir estruturas intangíveis para avaliar o nosso progresso? Fazemos isso em gestão financeira, em gestão de vendas e em gestão de tempo. Estamos sempre medindo o nosso progresso e analisando números em planilhas, para identificar se a estrutura que nos determinamos a construir está de fato sendo construída.

Analisamos nossas finanças, o progresso do departamento de vendas da nossa empresa e o tempo em duas dimensões, mas quando falamos de algo intangível, solto no espaço e ao mesmo tempo inserido no ser humano, precisamos de outra abordagem. Precisamos de uma abordagem em três dimensões e nada melhor para isso, que utilizar um sólido que possua todos os lados iguais como o tetraedro.

O tetraedro é uma figura geométrica espacial formada por quatro triângulos equiláteros, com 4 vértices, 4 arestas e 6 faces. Essa estrutura tridimensional que também pode ser chamada de pirâmide regular de base triangular, é perfeita por estar totalmente em equilíbrio, além do fato de suportar o encaixe de outras formas como ela com facilidade, já que todas são regulares. Muitas barragens no mundo utilizam o tetraedro para maximizar a força e em uma humanidade fragilizada, utilizar essa forma para representar

a felicidade, é propor que no futuro sejamos tão felizes que nada abale esta felicidade.

No uso da pirâmide como modelo de estrutura de felicidade, peço que visualize a palavra amor em um dos seus vértices da base, a palavra talento em outro e a palavra dinheiro no último. Desta forma, completamos a base da nossa pirâmide. No ortocentro deste triângulo equilátero que forma a base da pirâmide, colocamos a palavra autoconhecimento e no topo da pirâmide e encontro das suas arestas que partem dos vértices da base, com as palavras amor, talento e dinheiro, posicionamos a palavra propósito. Resumindo, temos na base da nossa estrutura de felicidade, o amor, o talento e o dinheiro, com o autoconhecimento posicionado no centro, sustentando o propósito que define o volume da nossa pirâmide da felicidade.

Se temos mais dinheiro que amor, não temos um tetraedro, ou seja, uma estrutura perfeita, porque o triângulo que forma a base da nossa pirâmide não é equilátero. Da mesma forma, se trabalhamos fazendo aquilo que amamos, colocando o nosso talento a serviço do mundo, mas não somos bem remunerados, ou ficamos muito tempo afastados de quem amamos, nossa estrutura da felicidade fica imperfeita, em desequilíbrio. Não conseguimos obter a estrutura de um tetraedro. Não conseguimos nos manter em equilíbrio. Não conseguimos nos centrar no nosso autoconhecimento e dar vazão ao sentido de propósito da nossa vida. Ainda temos muitas “interferências” perceptivas na nossa vida, que deixam nossa estrutura de felicidade em desequilíbrio. Ou não temos dinheiro suficiente, ou não trabalhamos com o que gostamos ou não recebemos o amor devido da vida. Nosso autoconhecimento fica fora do centro e não sabemos realmente o que está acontecendo. Nossa base é de areia e não de concreto.

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Muitas pessoas abandonam grandes cargos e altos salários em boas companhias, para se dedicarem ao seu próprio negócio ganhando bem menos e trabalhando muito mais. Muitos músicos que tocam em bares na noite preferem levar suas vidas ganhando menos, a submeterem seus talentos a ilusão do poder do capital. O que motiva essas pessoas é um sentido de propósito que as move para frente. Elas estão satisfeitas com o trabalho que fazem, são razoavelmente bem remuneradas e estão próximas das pessoas que amam. Mesmo assim, de alguma forma, elas ainda são infelizes ou porque suas estruturas de felicidade estão em desequilíbrio, porque a estrutura que montaram é pequena demais e não sustenta o seu propósito.

O que esta teoria tenta comprovar é que é necessário que atuemos em equilíbrio no mundo, para cultivarmos esses três componentes (amor, talento e dinheiro) em harmonia. Posicionando assim o nosso foco no autoconhecimento, evoluindo o nosso sentimento de propósito. Quando compreendermos o nosso propósito e equilibrarmos a nossa estrutura de felicidade, onde todos os lados sejam iguais, poderemos expandir o volume desta estrutura para crescermos de forma integral como seres humanos. Expandimos-nos em todas as áreas e evoluímos com mais perfeição o nosso caráter.

Negligenciando o amor, o talento e o dinheiro

Quando iniciamos a nossa vida profissional, focamos primeiro no dinheiro. Isso é fato. Pelo menos a maioria de nós é domesticado a pensar assim. Colocamos, por trás de quase todas as nossas decisões e ações, o dinheiro. Vamos para uma melhor escola, para ter uma melhor formação e ter chances de ganhar mais dinheiro. Escolhemos uma determinada profissão, para aproveitar melhor as oportunidades do mercado e ter mais dinheiro. Sempre colocamos o foco no dinheiro.

Sacrificamos toda a nossa vida, incluindo o nosso talento e as pessoas que amamos, por causa do dinheiro. Porém, como já sabemos que não é o dinheiro que nos trará a felicidade, criamos uma visão equivocada sobre ele, tornando-o nosso inimigo. Preferimos passar mais tempo com a família ou tendo algum hobby, do que trabalhando para ter mais dinheiro e assim, caímos na mesma “furada” e desequilibramos a base da nossa pirâmide da felicidade.

Se não negligenciamos o dinheiro, negligenciamos o talento, que equivocadamente a maioria das pessoas crê que apenas uma minoria afortunada o tem. Bem, assim como não são somente os afortunados que têm dinheiro, talento também não é algo que somente poucos possuem. O

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que diferencia alguém rico de alguém pobre, é o que essa pessoa faz com o dinheiro. Da mesma forma o que diferencia alguém talentoso de quem não é, é o que esta pessoa faz com o seu talento. Todos temos talento, mas o negligenciamos para ganhar mais dinheiro.

Mas o que de pior fazemos na nossa vida é negligenciar o amor. Preferimos ganhar bastante dinheiro, sermos bem sucedidos fazendo o que gostamos, mas deixando as nossas relações amorosas para trás. Assumimos que é normal que nossos filhos sejam educados por outras pessoas e deixamos nossos pares, aqueles que escolhemos para passarmos toda a vida juntos, isolados com os seus próprios problemas. Temos os nossos problemas e eles têm os deles. Precisamos ter mais dinheiro e mais reconhecimento do mercado. Acreditamos que precisamos disso e vamos atrás, com todas as nossas forças, deixando, por consequência, um dos vértices da base da nossa pirâmide da felicidade encolhido, menor que os outros. Assim, não ficamos com uma estrutura em equilíbrio.

Você já deve imaginar como é o desenho de um triângulo onde um vértice está mais distante do centro do que outro. A base do triângulo, que era para ser a de um triângulo equilátero agora se parece mais com um triângulo escaleno, onde todos os lados são diferentes. Com uma base como essa, não temos como subir uma estrutura equilibrada. E o resultado desta estrutura desequilibrada é demonstrado na nossa incapacidade de nos conhecermos melhor, para visualizar o nosso próprio comportamento e definir o propósito da nossa vida.

Parece que preferimos mesmo negligenciar a nossa própria natureza, para nos entregar de corpo e alma “ao ter ao invés do ser”. Nos desencontramos tentando encontrar o nosso próprio caminho e ficamos cegos ao tentar

perceber onde estamos errando ou acertando, porque a nossa estrutura de felicidade está totalmente fora de controle e desequilibrada.

Abraham Maslow, ficou muito conhecido depois que publicou o seu trabalho sobre as hierarquias de necessidades do ser humano. Neste trabalho, Maslow enumerou diversas necessidades que todo ser humano tem segmentando-as em necessidades fisiológicas, de segurança, de relacionamentos, de estima e de realização pessoal. Olhando para este trabalho a partir da ótica da teoria da pirâmide da felicidade, compreendo que conquistar um equilíbrio em relação ao amor, talento e dinheiro significa assegurar ao ser humano um ponto de partida para conquistar seu sentimento de segurança, sua autoestima e sua realização pessoal. Assim, a formação da base da teoria da pirâmide da felicidade, compreende ao primeiro segmento das necessidades humanas estabelecido por Maslow. Sem galgar esse primeiro degrau fica impossível atingir a autorealização.

Se somos bem pagos para fazer aquilo que amamos e temos tempo para passar com a nossa família, conseguimos utilizar melhor o tempo para iniciar o nosso processo único em busca de um maior autoconhecimento e, consequente, realização pessoal. Acordamos para o nosso propósito de vida, podendo nos dedicar a ele ao mesmo tempo em que expandimos a base da nossa felicidade. Ganhamos mais dinheiro fazendo melhor aquilo que somos apaixonados e passando mais momentos agradáveis perto das pessoas que amamos.

Se você parar por um momento e imaginar a sua vida da forma como descrevemos acima, compreenderá que possivelmente a energia que hoje você diz não ter para fazer aquelas coisas que gostaria de fazer, aparecerá. Basta que construa uma pirâmide de felicidade equilibrada.

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O autoconhecimento como centro

Se há um manual que precisamos aprender nesse mundo, é o manual da nossa própria personalidade. Não precisamos estudar, ler livros ou viajar para lugares distantes. Precisamos parar e observar o que acontece na nossa vida a todo o momento, para percebermos como nós funcionamos e como nós agimos. Estar centrado é estar com a mente em estado de observação contínua. Não observando os outros, mas a si mesmo.

Grandes sábios da humanidade entendiam como o seu processo de pensamento funcionava. Eles conseguiam observar as próprias “arapucas” armadas por eles mesmos para se “auto sabotarem”. Eles entendiam que uma ação ocorria só após um pensamento e colocavam nele, todo o seu foco. Eles tentavam a todo o momento equilibrar o que sentiam, com o que pensavam, com o que falavam e com o que faziam. Eles procuravam atingir a todo momento o perfeito equilíbrio, considerando seu maior bem, a auto-observação.

Quando conseguimos um mínimo de conforto, de satisfação dos nossos talentos e nos dedicamos ao amor da nossa família, conseguimos “respirar”. É como se déssemos um segundo passo para conquistar não mais o mundo, mas a nós mesmos. Mantemos as nossas contas equilibradas, estamos

trabalhando com aquilo que gostamos e usufruímos tempo suficiente para passar com aqueles que amamos. Se um jovem conseguir isso no início da sua carreira é esplêndido. Ele não precisa de muito dinheiro, mas já inicia no mercado de trabalho utilizando os seus talentos e tem um relacionamento saudável com aqueles que ama. Sua estrutura de felicidade é pequena ainda, mas ela já está em equilíbrio no início da sua vida profissional.

Precisamos definir um mínimo necessário para começarmos a construir a nossa felicidade. Um mínimo de dinheiro, um mínimo de aplicação de talento e um mínimo de tempo para passar com quem amamos. Tendo uma base mínima, mas equilibrada, conseguimos olhar para o centro desta base e enxergar ali a nós mesmos, coordenando tudo. A partir dessa simples observação, continuamente monitoramos nossas atitudes, definimos vícios que devemos eliminar, compreendemos nossos “auto sabotadores” e lidamos melhor com a vida. Entendemos agora que existe um propósito para o qual devemos nos dedicar. Um propósito de vida que crescerá conforme o nosso autoconhecimento permitir com o equilíbrio da base de nossa pirâmide da felicidade.

A vida passa à nossa volta. Inferimos aqui e ali uma ação, mas ela passa. Estamos no centro da nossa vida e precisamos enxergar isso perfeitamente. É como se o mundo fosse um imenso automóvel e nós estivéssemos na direção dele, dando pequenos toques para cá e para lá, ajustando o caminho à nossa vontade. Com o autoconhecimento conseguimos viver dia após dia uma situação como essa. Paramos e olhamos à nossa volta o que está acontecendo. Percebemos pensamentos e sentimentos fluindo. Questionamos cada um deles e tomamos a melhor decisão possível, após alguns momentos de reflexão. Estamos atentos à vida e aproveitamos cada segundo de cada experiência.

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Toda experiência gera conhecimento e às vezes é preciso que “apanhemos” bastante da vida para conhecer algo. Você já deve ter percebido algumas situações da sua vida que vêm e vão sem uma razão aparente, não é? Isto acontece porque não aprendemos da primeira vez que a situação ocorreu. Esse é o motivo dos nossos avós falarem para nós: “A vida ensina meu filho. A vida ensina.” Realmente a vida ensina e não é preciso manual para estar nela. Estamos em busca da nossa própria felicidade, mas ela só se construirá após aprendermos algumas lições.

Este é o motivo pelo qual, no centro da base da nossa pirâmide, encontramos o autoconhecimento. Se ele não estiver no centro, por conta do desalinhamento dos vértices do dinheiro, do talento e do amor, não conseguiremos construir um propósito equilibrado para a nossa vida. Este propósito estará meio inclinado para a esquerda ou para a direita e logo sucumbirá. Nossa pirâmide, que deveria ter todos os lados iguais, parecerá mais como um origami mal feito.

É o nosso nível de autoconhecimento que proporciona o crescimento constante e equilibrado da nossa pirâmide da felicidade. É a auto-observação que monitora todas as nossas ações e confronta-as com os objetivos que havíamos determinado. Sem ela, afundamos em incertezas e não conseguimos dar volume a nossa estrutura, pois não fazemos ideia de para onde estamos indo.

É fácil estabelecer quanto dinheiro iremos ganhar no próximo ano e até mesmo conquistarmos esta meta. Assim como também é fácil conquistarmos mais tempo para a nossa família e trabalharmos utilizando mais os nossos talentos. Porém, será que estas métricas realmente contam? Será que conta saber, que a sua empresa faturou 50% a mais este ano do que no último

e perceber que todas as pessoas à sua volta virariam as costas para você, quando lhes oferecessem um benefício a mais em outro lugar? Precisamos aprender a notar o que conta, isto é o que nos conduzirá para a nossa plena felicidade. O autoconhecimento conta e é na maioria das vezes negligenciado por todos nós.

“Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.” ~ Albert Einstein

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Propósito: dando sentido à vida

Todos nós temos um propósito na vida - algo que expressa nossos valores, talentos e habilidades. Encontrá-lo e vivê-lo, é permitir a mais alta expressão da nossa própria existência. Conhecer o propósito da nossa vida, nos ajuda a nos tornarmos a pessoa que sempre quisemos ser, dando significado a tudo o que fazemos.

O dinheiro, o amor e o talento, assim como o autoconhecimento, são as bases da nossa pirâmide da felicidade. No topo e unindo todos estes pontos, está o propósito. Ele é quem dá as respostas aos porquês da nossa vida. Por que precisamos ter mais dinheiro? Por que devemos aprender mais sobre a profissão pela qual somos apaixonados? Por que passar mais tempo com a nossa família? As respostas a estas perguntas estão no seu propósito de vida. Ele é quem te diz o porque das suas ações. Ele não diz o que você irá ou não fazer, nem como você irá ou não fazer algo. Ele diz o porque. E isso dá sentido a todos os seus pensamentos, sentimentos e ações, de dentro para fora.

Utilizamos a base da nossa pirâmide da felicidade, para descobrir e impulsionar o nosso propósito. O dinheiro, o amor e o talento são as ferramentas necessárias, para despertar a necessidade do autoconhecimento

e, por consequência, fazer emergir o nosso sentimento de propósito. A nossa estrela guia que nos ajudará a caminhar pela vida, enquanto exercitamos a nossa moral e a nossa ética através da auto observação.

Por muito tempo entendia propósito como o mesmo que metas. Achava que saber para onde eu estava indo, era o que significava propósito. Com o tempo aprendi que, o que pensava eram metas e que propósito era algo mais intangível e imensurável. Era quase que como um “jeito diferente de se viver”, ou melhor, o “meu jeito” de viver. Ele conduziria a maneira de como eu andaria e não o caminho. Ele me mostraria o serviço que deveria ser feito e não a sua concretização. Assim, propósito é algo que está mais para a ação, do que para o resultado.

Para encontrar o seu propósito é preciso observar diversos fatores. É preciso conhecer-se bem, para observar quais são os seus próprios talentos e competências, além de identificar as pequenas atividades que você faz com prazer. Enfim, é preciso de um mínimo de autoconhecimento, pois do contrário de nada adianta livros de auto-ajuda, treinamentos ou cursos especiais sobre o assunto. Encontrar o seu propósito, é muito mais um trabalho interno e constante que um trabalho externo e esporádico.

Tendo por base os meus talentos, competências e um certo conforto de trabalhar perto da minha família, com um razoável colchão financeiro me dando suporte, pude compreender que meu propósito de vida, é o de transmitir as minhas próprias experiências para os outros, através da arte. Justamente o que faço no projeto Insistimento e na Noxion, minha empresa de tecnologia. Utilizo a experiência de negócios que ganho na Noxion e transmito através da arte no Insistimento. Em um negócio, meu foco é no ganho de capital. No outro, é a transmissão das minhas experiências através

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de artigos, e-books, vídeos, podcasts, etc. Este é o meu propósito de vida puro e simples. Todas as minhas ações são guiadas por ele, permitindo ainda, que toda a minha pirâmide da felicidade cresça, ampliando meus horizontes e o meu exercício individual de caráter.

A felicidade só será alcançada quando todos esses pontos da nossa pirâmide estiverem equilibrados. Todos juntos construiremos uma estrutura dentro de si que se expandirá, na medida em que consiguiremos nos observar e elevar o nosso sentimento de propósito. Elevaremos este sentimento do egoísmo para o altruísmo, na proporção em que nos dedicamos mais a cada ação, sem nos preocuparmos com os seus resultados. Não haverá resultado, pois ele já estará embutido, em cada ação alinhada com o equilíbrio da equação de volume da nossa felicidade.

Mais que uma pirâmide, um tetraedro

Uma pirâmide, é todo poliedro formado por uma face inferior e um vértice que une todas as faces laterais. Todas as faces laterais de uma pirâmide são triangulares e, na nossa pirâmide da felicidade, também a sua face inferior é triangular. Porém, nem todo triângulo precisa ser regular, assim como as pirâmides. Os triângulos podem ter apenas dois lados iguais ou ter todos os lados diferentes. Já as pirâmides podem ter uma base quadrada ao invés de triangular e também não serem retas, ou seja, não terem o centro da sua base alinhado com o vértice superior da pirâmide. Finalizando esta introdução geométrica, a nossa pirâmide da felicidade é reta e composta por quadro triângulos equiláteros, um na base e outros três nas laterais, tornando-se assim um tetraedro.

Tetraedro, é uma pirâmide formada por quatro regiões triangulares congruentes e equiláteras. Ele é o modelo de estrutura da nossa felicidade que tem nos vértices da base o dinheiro, o amor e o talento, no centro o autoconhecimento e no vértice da pirâmide o propósito. Utilizamos este modelo porque ele é simples e está em equilíbrio, além de ser expansível no espaço conforme aproximamos ou afastamos o posicionamento dos seus vértices do seu centro.

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Lembrar que a pirâmide da felicidade é um tetraedro, é lembrar que tudo na vida deve estar em equilíbrio. De nada adianta ganhar muito dinheiro, se não temos amor. Ou trabalhar com aquilo que amamos, mas não sermos bem remunerados. Ou então sermos extremamente amorosos, mas não sermos prósperos ou não fazermos o que amamos. Normalmente cada um desses fatores está ligado e um não se sustenta sem o outro.

Quando uma pessoa trabalha naquilo que ama, consequentemente tende a se especializar mais do que as outras pessoas, que não gostam de trabalhar naquela atividade. Após um dia de trabalho, ela procura ler livros sobre a sua profissão, vasculha na internet novidades sobre esse assunto e convive com pessoas que também gostam de atuar naquele ramo. Ela acaba se alimentando, a todo o momento daquela profissão, tornando-se única. Isto faz com que ganhe mais dinheiro, tenha mais tempo para a sua família e entre em um círculo virtuoso de dedicação ao seu propósito de vida.

Quando uma pessoa tem o dinheiro, o talento ou o amor em desequilíbrio na sua pirâmide da felicidade, ela tende a ocupar boa parte da sua mente com esse desequilíbrio, perdendo atenção em si mesma e deixando de desenvolver o seu propósito. Já quando atua em equilíbrio, mesmo que não tendo atingido os objetivos que deseja nesses três pontos, ela consegue abrir espaço para si no meio da sua vida. Ela não corre mais atrás do “queijo”. Ela consistentemente se exercita, dia após dia, dentro da pirâmide da sua felicidade, para ampliá-la mais e mais.

Se eu pudesse escolher uma mensagem, que gostaria de passar com o conceito de felicidade trazido por esta pirâmide, escolheria transmitir a de que devemos procurar a perfeição no equilíbrio e não a perfeição na concretização de metas. Tendo uma estrutura sólida de felicidade estabelecida,

é possível construirmos mais e mais estruturas para que outras pessoas, com suas pirâmides de felicidade satisfeitas, se conectem a nós.

Uma curiosidade sobre os tetraedros e porque eles foram escolhidos para representar a nossa felicidade, é que como um polígono regular ele é facilmente encaixado a outros tetraedros, sem importar o tamanho de um ou outro. Tetraedros pequenos podem facilmente se encaixar a tetraedros maiores. A união de vários tetraedros é utilizada, por exemplo, em barragens na Coréia do Sul, pois segundo estudos, esta estrutura suporta melhor a força da água.

Uma causa para a desestabilização da nossa sociedade, é que não construímos tetraedros na nossa vida e sim pirâmides irregulares, que não se encaixam umas com as outras. Isto não une a humanidade e tampouco lhe concede força para evoluir em conjunto. Esta é a realidade que vivemos hoje, onde não há compreensão mútua e um grau de insatisfação imenso de cada ser humano com a sua própria vida.

Calcular o volume de felicidade e observar, como se comporta cada uma das métricas que o compõe, elevando o autoconhecimento para dedicar-se ao seu propósito de vida, torna-se então a nossa principal prioridade. Precisamos trabalhar, individualmente e coletivamente, para construirmos não só a nossa pirâmide da felicidade, como também colaborar para construirmos juntos, uma grande pirâmide para toda a humanidade.

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Calculando o volume da sua felicidade

De nada adiantaria descrevermos todo um trabalho a respeito da pirâmide da felicidade, se não fosse possível utilizá-lo efetivamente. Sabendo que a nossa estrutura da felicidade é um poliedro, torna-se possível assim, calcularmos o seu volume. E não há nada de complicado em calcularmos o volume da nossa felicidade, é até simples. Porém, antes, precisamos definir qual o nosso modelo ideal da felicidade.

Para calcular o volume ideal da nossa pirâmide da felicidade, precisamos estabelecer o posicionamento ideal dos vértices da sua base. Quanto de dinheiro é o ideal para nós? Quanto de satisfação gostaria de ter em um dia de trabalho? Quanto de tempo gostaria de ter para dedicar amor a nossa família? Estas são as perguntas que guiarão a construção da base da nossa pirâmide e posicionarão o nosso autoconhecimento no seu centro.

Começando pelo amor, pergunto: “Quanto de tempo por dia você considera ideal para passar com aqueles que ama?” Aponte coisas como o tempo para levar e buscar as crianças na escola; o tempo para ler um bom livro ou assistir um filme perto de quem ama; o tempo para brincar com as crianças. Enfim, seja generoso consigo mesmo ao começar a montar a base da sua pirâmide ideal da felicidade. Depois de mensurar, o tempo necessário

e as atividades que deseja desempenhar em um dia ideal, vamos planejar o nível de satisfação que deseja no seu dia a dia de trabalho.

Se você não se sente realizado na sua profissão atual, é sinal que não está aplicando nela os seus talentos. Por esse motivo, é preciso pontuar as coisas que gostaria de fazer em um dia de trabalho perfeito, para posicionar da melhor forma o vértice do talento, na base da sua pirâmide ideal da felicidade. Imagine um dia de trabalho que você pudesse chamar “o dia da brincadeira”. Um dia em que você não trabalharia e sim brincaria, se divertindo na sua profissão. Além disso, aponte também dados sobre o seu ambiente de trabalho, com que tipo de pessoas você gostaria de trabalhar, que tarefas você gostaria de desempenhar e que resultados você gostaria de alcançar. Anote tudo, até mesmo aquelas atividades secundárias como conversas no corredor. Imagine o seu dia de trabalho perfeito, colocando nele o seu talento e se delicie com a saudável imaginação do seu futuro feliz.

Terminando de posicionar os vértices do amor e do talento, agora posicionaremos o vértice do dinheiro, aquele cujo desequilíbrio acaba trazendo mais preocupação e estresse para a nossa vida. Assim, pergunto: “Quanto de dinheiro é o ideal para você viver?” Lembre-se de que geralmente, não é preciso que ganhemos milhões de reais por mês para viver e sim, que precisamos de um “colchão financeiro” básico, que nos proporcione o mínimo de conforto para progredir. Por hora, estamos estabelecendo a nossa pirâmide ideal da felicidade que, para estar equilibrada, precisa desses três vértices bem posicionamos, mas também lembre-se que não é o dinheiro que traz a felicidade e sim o posicionamento de todos os vértices da pirâmide em equilíbrio.

Após termos posicionado esses três vértices da nossa pirâmide ideal da

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felicidade, consequentemente já acumulamos algum autoconhecimento, pois precisamos reavaliar a nossa vida a partir dessas três dimensões: dinheiro, talento e amor. Temos assim, que na nossa pirâmide ideal da felicidade, o autoconhecimento está em seu centro, servindo de base para a descoberta e construção do nosso propósito de vida. Porém, antes disso, precisamos construir a base ideal da nossa pirâmide da felicidade, adequando o que esperamos à realidade.

Para fazer isso, você vai precisar criar uma medida de razão, única que avalie o seu posicionamento em cada uma dessas dimensões. Uma forma de mensurar o seu progresso, na dimensão do dinheiro, do talento e do amor uniformemente. Para isso, usaremos a porcentagem, que é um modo de expressar uma relação entre dois valores, onde um é a parte e o outro o inteiro. Ou seja, o posicionamento ideal de cada um dos seus vértices equivalerá ao número 100 e a distância entre o ideal e o real, será uma proporção deste número.

Se, por exemplo, o ideal é que você ganhe cinco mil reais por mês e hoje você ganha somente três mil, significa que você está a 40% distante de atingir a sua meta. 60% do caminho para os cinco mil reais já foram percorridos, mas ainda lhe faltam 40% para garantir um posicionamento ideal do vértice do dinheiro na base da sua pirâmide. Podemos aplicar o mesmo para a dimensão do amor, apesar de ser mais complicado, mas não impossível de mensurar. Você pode, por exemplo, assumir que o ideal é que você desempenhe dez atividades semanais com seus filhos ou com a sua companhia amorosa, mas que hoje somente satisfaça a duas dessas atividades. Isto significa que, você está 80% de distância de concretizar o seu ideal em relação à dimensão do amor. Você também pode utilizar a quantidade de tempo por dia que passa com quem ama e aplicar a porcentagem também nesta relação, entre o ideal

e o real do tempo que passa com elas.

Já para definir em que ponto você está do seu progresso em relação à aplicação do seu talento na sua profissão, é mais simples. Se você não sente vontade de ir trabalhar e o motivo é a sua profissão e não o local do trabalho, já tem algo errado aí. Para mensurar a relação percentual, que existe entre o posicionamento ideal e o real do vértice do talento na sua pirâmide, reúna todos os pontos que o fariam ser uma pessoa mais satisfeita na sua profissão e compare com os pontos atingidos atualmente. Passar oito horas fazendo o que se gosta, ter tempo para conversar com as pessoas do trabalho e aprender algo novo todos os dias, são alguns dos fatores que me levam a estar contente na minha profissão. Se apenas um deles ou nenhum deles está sendo atingido atualmente, poderia afirmar que, por exemplo, estou distante 100% do posicionamento ideal do vértice do talento na minha pirâmide da felicidade.

Pelo pequeno exercício acima, já pudemos notar que começamos a aperfeiçoar o nosso autoconhecimento. Mesmo que a base da pirâmide ainda não esteja como a figura de um triângulo equilátero, já ganhamos um conhecimento real sobre a nossa vida, restando-nos agora aperfeiçoar este conhecimento diariamente, para podermos construir a visão do nosso propósito de vida.

Neste trabalho, lhe apresentamos a importância do uso pirâmide da felicidade nas nossas vidas, para ganhar consciência daquilo que nos falta para criar e cumprir o nosso propósito, atingindo a felicidade através do serviço constante ao mundo, pelos nossos talentos. Logo, não se preocupe muito se a sua pirâmide atual da felicidade não está se parecendo muito com um tetraedro. Este é apenas o começo de um grande trabalho de desenvolvimento humano focado na felicidade. Foco este, que você nunca deu por causa das

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influências que sofreu da domesticação humana, da nossa sociedade ocidental. Começando agora com a construção da sua pirâmide ideal, você está criando uma visão de onde quer chegar aos pontos mais importantes da sua vida. Será a sua determinação e constância, no desenvolver desse trabalho, que lhe conduzirá para a verdadeira felicidade auto motivadora.

Você agora tem em mãos, um framework da felicidade para se avaliar e se planejar durante toda a sua vida. O nosso propósito, a partir deste trabalho, não é o de somente lhe dar insumo para trabalhar, mas também provê-lo de novos materiais que lhe ajudem a percorrer, o caminho entre quem você é e onde você está para aquele que você quer ser e onde deseja chegar. Enxergue os benefícios de ter conhecido esta técnica e dedique-se, a partir de hoje, à sua felicidade construindo a sua pirâmide.

Desafiando o status quo através da pirâmide da felicidade

Depois que comecei a trabalhar na teoria da pirâmide da felicidade percebi que, uma das maiores críticas que essa teoria sofreria, seriam de pessoas reclamando da dificuldade em alinhar dinheiro, talento, amor, autoconhecimento e propósito. Diriam que além de dar muito trabalho construir algo, como o que proponho na teoria, a “realidade” do mundo não permite a construção da felicidade. O que discordo totalmente. É só olhar em volta e se perguntar o que faz algumas pessoas ser felizes e outras não. Seriam eles felizardos ou abençoados? Certamente que não.

O que entendemos como realidade, não é efetivamente a realidade. Se pararmos por um momento e analisarmos como funcionamos, perceberemos que nós somos como grandes máquinas fotográficas. Quando enquadramos uma imagem, deixamos de enquadrar outras que estão fora do foco da lente. Pior que isso, somos máquinas fotográficas com memória. Identificamos aquilo que estamos enquadrando e categorizamos. Vemos a imagem de uma árvore e etiquetamos como árvore. Vemos a imagem de alguém mal vestido e etiquetamos aquela pessoa como pobre. Vemos alguém levantar a voz contra outra pessoa e etiquetamos a imagem como grosseria.

Na nossa defeituosa visão, não visualizamos que aquela não era

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somente uma árvore, mas uma laranjeira. Também não visualizamos que aquela pessoa mal vestida, era alguém que tinha acabado de perder todos os seus bens em um incêndio. E ainda não vemos, que a pessoa que gritava com a outra, estava reclamando os seus direitos após ter sido agredida fisicamente pela primeira. Nossa visão é curta, limitada e como ela, também limitada é a nossa motivação pela felicidade.

Se disserem que o negócio que queremos criar é impossível, cremos nessas pessoas. Se disserem que algo é bom porque um artista usa, confiamos nessa informação. Se disserem que alinhar dinheiro, amor e talento são para poucos afortunados, nos preocupamos somente em continuar o que já estávamos fazendo e perseguir somente um desses objetivos. Não importa no que acreditamos. O que importa, é que provavelmente podemos estar errados nisso.

Utilizar a pirâmide da felicidade, é ir contra a todos os conceitos firmemente estabelecidos na sociedade ocidental. É questionar tudo. É perguntar “por que” e “para que” para tudo o que acontece à nossa volta. Se a partir de hoje, você começar a questionar o que acontece na sua vida, enxergará que muita coisa não precisaria ser do jeito que é. Se o que buscamos é a felicidade, por que trabalhar forçosamente durante quarenta anos, lutando contra si mesmo, para conquistar mais pedaços de papel, uma casa nova ou talvez um carro novo?

Precisamos enfrentar e questionar essa “realidade”, pois o que ela tem feito até aqui, é nos afastar uns dos outros. Nossos filhos são educados a competir da mesma forma que nós fomos educados a isso. Isso é cruel. Nascemos únicos, mas nos tornamos padronizados. Entramos em uma tribo, depois em outra e assim percorremos todo o caminho da vida, tentando

encontrar o nosso lugar. No fim, só o que encontramos, são lugares que não são nossos para apontar o dedo para aqueles que não estão nele. Não aproveitamos mais a vida, para refletir a respeito das coisas do mundo e fora dele. Na Grécia antiga, os sábios se reuniam para discutir sobre as coisas da terra e do céu. Eles eram pessoas comuns, que se reuniam tão somente para fazer aquilo que todo ser humano deveria fazer: pensar e refletir.

Nos dias de hoje, pensar ficou automático e refletir passou a ser atividade de desocupado. Nosso cérebro e nossa vida se automatizaram. Temos mais coisas e mais objetos. Temos tudo para “melhorar a nossa qualidade de vida”, enquanto o que vemos na realidade é uma deterioração completa do ser humano, individualizado e coletivo. E isso não acontece porque nos informamos mais sobre as coisas, mas porque banalizamos a informação e não percebemos mais nada.

A pirâmide da felicidade é um manifesto. Um manifesto a favor do equilíbrio perfeito de dinheiro, amor, talento, autoconhecimento e propósito. Ao mesmo tempo, em que é um manifesto contra o trabalho mal remunerado, uma vida sem amor, distante da família e sem prazer para viver. É um manifesto contra a falta de conhecimento sobre si mesmo e a falta de sentido de propósito do ser humano, que são as causas principais para a distorção da realidade. Cada pessoa tem a sua vida, mas não a examina e não sabe qual é o seu dever. A pirâmide da felicidade é isso. Ao mesmo tempo um manual para criar a felicidade e um manifesto contra a falta de autoconhecimento, que faz com que milhões de pessoas hoje não saibam a razão e nem para onde estão indo.

Nós não temos o direito de ser felizes. Nós temos o dever de sermos felizes. Nós temos o poder para criar a nossa felicidade. Basta ser humilde

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para questionar tudo o que sabe até hoje e passar a monitorar só uma vida: a sua própria. Só assim, aprendendo com nossos próprios atos, seremos felizes e poderemos nos dedicar aos outros, na construção de uma grande pirâmide para a humanidade.

Vamos insistir nisso insistidores, pois juntos, cada um, como seres humanos dotados de um potencial criador enorme, poderemos criar uma grande pirâmide da felicidade equilibrada e voltada para o bem comum. Este é o início desta construção. Bem-vindo.

Referências

Sempre me perguntam de onde tiro as ideias para publicar os artigos no Insistimento e escrever materiais como esse. Sendo assim, neste livro gostaria de colocar as minhas propostas de leitura, onde podem valer como referências para quem deseja se aprofundar mais nos assuntos que apresentamos neste trabalho. Para não ficar como nos trabalhos da escola, onde só colocávamos as referências bibliográficas, discorro um pouco sobre cada livro e os ensinamentos que cada um trouxe para a minha vida.

Minha autobiografia espiritual, Dalai-LamaNeste livro sua santidade, Dalai-Lama, fala como ser humano, monge

budista e líder religioso do Tibete, sobre os problemas humanos, do planeta e da humanidade. Ele dá uma excelente visão sobre o que é o mundo e o que cada um deve fazer humildemente, para transformá-lo em um lugar melhor para todos viverem. Vale à pena ler de mente aberta.

Você está louco, Ricardo SemlerRicardo Semler, é de longe um dos homens de negócios que mais

admiro. Primeiro porque ele influenciou bastante a formação profissional do meu pai e a minha, com o seu primeiro livro Virando a própria mesa e porque segundo, ele tem uma visão que vai contra tudo o que o mundo dos negócios

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nos informa como certo e errado. Reconhecido pelas melhores faculdades de administração do mundo, Ricardo Semler está no topo da minha lista de leituras recomendadas.

Trabalhe 4 horas por semana, Timothy FerrissA maioria das pessoas, quando lê o título desse livro, pensa que o autor,

mais conhecido como Tim Ferris, está de brincadeira. Porém, o próprio Tim Ferris aplicou e ainda aplica todas as técnicas que ensina no seu livro e afirma que elas dão certo. Mais que isso, eu utilizo vários dos “truques” ensinados por ele neste livro no meu dia a dia como empresário, escritor e pai de família e posso dar também o meu aval de que, tudo que ele ensina neste livro, realmente funciona. É tudo uma questão de decisão, prática e disciplina.

Satisfação garantida, Tony HsiehUm livro todo contando a história da Zappos que existe para entregar

a felicidade, a seus colaboradores e clientes. Um livro fantástico que mudou a minha vida para sempre. Já trazia dentro de mim, algo que me inspirava a servir mais e melhor os outros com os meus talentos, mas ler esse livro foi fundamental para consolidar todas as minhas teorias a respeito da felicidade aplicada aos negócios. Empregados, empresários, gestores de equipes, todos devem ler este brilhante livro para começar a se questionar, sobre o atendimento que prestam e recebem hoje em dia.

Whats your purpose, Richard JacobsEsse livro caiu na minha mão por acidente. Minha esposa o comprou

em uma livraria de aeroporto em uma liquidação, sem dar muito importância para ele. Porém, o livro se mostrou fantástico. Ele ensina diversas técnicas de coaching, para você criar a sua vida perfeita. Fazendo os exercícios do livro não existe forma da sua vida não andar para frente. Um dos melhores e

mais simples livros que já li.

Your brain at work, David RockTodos correm atrás de conhecimentos sobre como se adequar melhor

ao mundo, mas poucos são aqueles que procuram aprender sobre si mesmos, para fazer o mundo se adequar a eles. Este livro foi escrito para essas pessoas, que querem descobrir mais sobre sua principal máquina: o cérebro. Ele nos dá argumentos incríveis para repensarmos a maneira como trabalhamos, estudamos e nos relacionamos. Um manual escrito por um não cientista e baseado em dados científicos sobre o nosso principal órgão.

Start with why, Simon SinekSimples e divino. A maioria das pessoas pode saber o que está fazendo

e como está fazendo algo, mas poucas sabem por que estão fazendo alguma coisa. Isto é essencial. Ele explica o que os grandes líderes (pessoas e empresas) fazem para terem seguidores. Tudo precisa de um motivo para existir, deste a nossa vida até os nossos projetos. Simon Sinek explica divinamente a razão disto acontecer e porque saber os motivos de estar fazendo algo, é tão necessário. Leitura obrigatória.

Poke the box, Seth GodinPara finalizar esta lista de boas referências de leitura, coloco este

excelente livro ,que trata sobre o poder da iniciativa, escrito pelo guru do marketing, Seth Godin. Se você tem algum medo para começar algo, esse livro dará o embasamento necessário para você começar. Sem receios, este livro reafirmou tudo aquilo que eu já implementava na minha vida. Ele comprova que de fato vivemos uma experiência e, se é uma experiência, precisamos experimentá-la através da iniciativa, dia após dia.

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