A Pólis Grega

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1 A pólis grega Por que devemos realçar o valor da "pólis"? Porque através dele entendemos a evolução de um instante em que os homens tomavam os deuses como principal fonte para compreensão da realidade (percepção mítica), a um período no qual a consciência racional torna-se central no dia-a-dia do homem grego. Não mais rodeado por mistérios, a reflexão sobre o universo constava do que era debatido publicamente; já o conhecimento mítico, desenvolvido nos séculos anteriores e marcado pelo predomínio do extra- humano, tornava-se inoperante para a apreensão social da realidade. Não mais rodeado por mistérios, o entendimento do universo constava do que era debatido publicamente; já o conhecimento mítico, desenvolvido nos séculos anteriores e marcado pelo predomínio do extra-humano, tornava-se inoperante para a nova apreensão social da realidade. É por esta razão que o desenvolvimento da pólis foi a pedra de toque para o nascimento do pensamento racional-filosófico: criou as condições necessárias para que, partindo da percepção mítica e superando-a, o saber fosse racionalmente elaborado. As concepções filosóficas que se desenvolveram nesse período formaram o que é conhecido como pensamento pré-socrático, ou seja, filósofos que viveram antes de Sócrates. Distanciada da dimensão mítica e condicionada ao surgimento e implantação da pólis, a filosofia é compreendida como “o conjunto de estudos ou de considerações que apresentam um alto grau de generalidade e tendem a reduzir seja uma ordem de conhecimento, seja todo o saber humano, a um pequeno número de princípios diretivos” (LALANDE: 1999,405). Ressaltamos que a expressão “Filosofia geral”, usada por Auguste Comte (1798-1857), “foi adotada no ensino a partir de 1907, para designar o conjunto de questões de filosofia que levantam a psicologia, a lógica, a moral, ou a estética, mas que não pertencem ao domínio especial de cada uma delas; por exemplo, a natureza do conhecimento, as noções fundamentais que ela implica, os problemas concernentes ao Universo, a Deus ao Espírito e aos espíritos

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História grega.

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A pólis grega

Por que devemos realçar o valor da "pólis"? Porque através dele entendemos a

evolução de um instante em que os homens tomavam os deuses como

principal fonte para compreensão da realidade (percepção mítica), a um

período no qual a consciência racional torna-se central no dia-a-dia do

homem grego. Não mais rodeado por mistérios, a reflexão sobre o universo

constava do que era debatido publicamente; já o conhecimento mítico,

desenvolvido nos séculos anteriores e marcado pelo predomínio do extra-

humano, tornava-se inoperante para a apreensão social da realidade.

Não mais rodeado por mistérios, o entendimento do universo constava do que

era debatido publicamente; já o conhecimento mítico, desenvolvido nos

séculos anteriores e marcado pelo predomínio do extra-humano, tornava-se

inoperante para a nova apreensão social da realidade.

É por esta razão que o desenvolvimento da pólis foi a pedra de toque para o

nascimento do pensamento racional-filosófico: criou as condições necessárias

para que, partindo da percepção mítica e superando-a, o saber fosse

racionalmente elaborado. As concepções filosóficas que se desenvolveram

nesse período formaram o que é conhecido como pensamento pré-socrático,

ou seja, filósofos que viveram antes de Sócrates.

Distanciada da dimensão mítica e condicionada ao surgimento e implantação

da pólis, a filosofia é compreendida como “o conjunto de estudos ou de

considerações que apresentam um alto grau de generalidade e tendem a

reduzir seja uma ordem de conhecimento, seja todo o saber humano, a um

pequeno número de princípios diretivos” (LALANDE: 1999,405). Ressaltamos

que a expressão “Filosofia geral”, usada por Auguste Comte (1798-1857), “foi

adotada no ensino a partir de 1907, para designar o conjunto de questões de

filosofia que levantam a psicologia, a lógica, a moral, ou a estética, mas que

não pertencem ao domínio especial de cada uma delas; por exemplo, a

natureza do conhecimento, as noções fundamentais que ela implica, os

problemas concernentes ao Universo, a Deus ao Espírito e aos espíritos

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individuais, as relações entre a matéria, a vida, a consciência”

(LALANDE:1999,407).

Como mencionamos anteriormente, a ética torna-se uma disciplina autônoma

através de Aristóteles. Em nosso curso, as considerações necessárias à

filosofia, no que concerne à delimitação das principais doutrinas ético-

filosóficas ocidentais, serão apresentadas apenas num último momento do

conteúdo programático.

Para efeito de maior clareza sobre o tema, extraímos os principais aspectos

do domínio ético, obedecendo à ordem de apresentação proposta por Adolfo

Sánchez Vázquez (2002): conceito de ética (aula 1), campo da ética, ética: a

ciência da moral (aula 2), caráter histórico e social da moral (aula 3),

estrutura do ato moral (aula 4), responsabilidade moral, o determinismo, a

liberdade (aula 5), e as doutrinas éticas fundamentais (aulas 6-10). Em

acréscimo, para uma melhor compreensão desta noção, começaremos por

introduzir estudos de casos que possam exemplificar e contextualizar o que

estamos formulando teoricamente.