“A Política Externa do Governo JK” Ricardo Wahrendorff Caldas .

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“A Política Externa do Governo JK”

Ricardo Wahrendorff Caldas

http://musicpris.blogspot.com/2010/04/brasilia.html

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Caldas Brasileiro, nascido em 1964;

Graduado em economia pela UnB, onde também concluiu seu Mestrado em Ciências Políticas e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Kent, no Reino Unido;

Pesquisador de importantes universidades como (USP, Columbia, Kent);

Colaborou com pesquisas no governo de José Sarney;

Obras importantes: “O Brasil e a UNCTAD” (1999) e “O Brasil e o Mito da Globalização” (1999);

Atualmente é pesquisador visitante na Universidade de Harvard (Cambridge – EUA);

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“Os Pan-Americanismos”• Doutrina Monroe - “América para os americanos”;

América – continente no qual é inadmissível a participação ou intromissão de potências extra-hemisféricas – Intervenção EUA;

Caráter comercial;

Primazia dos EUA, o qual realizava relações bilaterais com os países latino-americanos;

América Latina e Caribe – zonas doméstica e de segurança, suscetível de policiamento;

1930 –> Política da Boa Vizinhança – Poder Brando

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“Os Pan-Americanismos”• Bolivarianismo Reação aos EUA;

Contrabalançar o poder estadunidense e seu expansionismo;

Proposta de integração político-econômica dos países latino-americanos;

Permissão da participação de potências extra-hemisféricas (Inglaterra, Alemanha, URSS);

Promovia uma certa exclusão do Brasil – destaque aos países hispano-americanos.

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O Fim da II GM e o Início da GF Conseqüências aos EUA

EUA surgem como uma das mais importantes potências do mundo;

Manter a ordem do sistema internacional conforme seus próprios interesses e objetivos

Atuação com alcance global e integradora

Relação com diversos países que não só os da América

Disputa ideológica com a URSS

Ameaça do Comunismo

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Nova forma de atuação dos EUA com relação à América Latina

Necessidade de tratar as nações latino-americanas como parte integrante de todo o sistema internacional – diferentemente do que pregava o monroísmo;

Evitar que a região sofra influência dos ideais comunistas;

Criação da OEA (Organização dos Estados Americanos – 1947) e do TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca -1948);

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A esperança Latino-Americana no pós Segunda Guerra Mundial As nações da América Latina acreditavam que a posição dos EUA

perante o novo sistema internacional as favoreceria, principalmente no âmbito econômico – Política da Boa Vizinhança;

EUA adquire outras preocupações;

Descontentamento latino-americano – sentimento de abandono;

Reação de Agressividade ao vice-presidente norte-americano, Richard Nixon, em uma visita realizada na Venezuela;

Juscelino Kubitschek viu nesse descontentamento e nas manifestações hostis um sinal para a criação da OPA.

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Postura de JK Não confrontamento com as principais potências ocidentais e

agressividade frente ao subdesenvolvimento da região;

Brasil estava mais preocupado com a questão econômica e sua reestruturação, do que com a distribuição do poder no cenário internacional;

JK atribui um caráter econômico ao Pan-Americanismo;

“Pan-Americanismo era concebido até então como uma forma de unir os países do subcontinente (ou da América toda) em torno de questões como o anticolonialismo, a coexistência pacífica, a luta contra hegemonias e a defesa em caso de ataques externos.” (CALDAS, 1996, p. 37)

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Criação da OPA - 1958

“A união das Américas, além de um ideal, é um imperativo da nossa sobrevivência.”

Juscelino Kubitscheck. Discurso sobre a Operação Pan-Americana (20/7/1958)

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OPA (Operação Pan-Americana) Substância econômica ao Pan-Americanismo – recebe influências de

estudos da CEPAL (comissão Econômica para a América Latina)

Tentativa de mostrar aos EUA a importância da América Latina perante o contexto da Guerra Fria, buscando obter recursos da potência norte-americana para o desenvolvimento latino-americano.

Propostas:1) Aceitar o capital externo;2) Instituições de crédito público internacionais - aumentar e facilitar os empréstimos; - “novo Plano Marshall” (CALDAS, 1996, p.40);3) Estudo e execução de medidas para disciplinar equitativamente o mercado de produtos de base e matérias-primas (café, minérios etc.) - desequilíbrio e deterioração entre as trocas realizadas entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

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EUA contra a OPA EUA encara a OPA como um modo de alterar a “Divisão

Internacional do Trabalho” entre os países centrais e periféricos;

EUA – combate ao comunismo – questão de segurança e defesa e não de caráter econômico;

Como estratégia, JK utiliza o argumento do possível avanço comunista sobre países atrasados social e economicamente, pressionando a atuação dos EUA;

Interesse de JK no desenvolvimento de seu Plano de Metas.

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O Plano de Metas“50 anos em 5”

Plano que contava com 30 pontos que deveriam ser alcançados durante os 5 anos de governo de JK;

Dentre eles se destacam alguns ligados ao transporte (estradas e automóveis), à energia (carvão e petróleo), à industrialização (indústria de base), à alimentação (agricultura) e à educação;

Utilização de capital estatal (público e privado) e capital externo (principalmente)

Construção de Brasília

Conseqüências : Industrialização crescente, dívida externa, inflação, êxodo rural, entre outras.

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Mudança na postura estadunidense

À contragosto, reconhece a necessidade de auxiliar economicamente os países latino-americanos;

Percebe uma maior coordenação da política externa dos países do subcontinente em torno de um programa econômico comum – OPA;

Vivencia pressões de governos reformistas e revolucionários, como Cuba, que exerciam impacto na América Latina;

Desdobramento: Criação do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), da ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) e do Plano Eisenhower;

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Influências da CEPAL nas ações do governo JK

Importância de diagnósticos desde 1950 – Celso Furtado;

Desperta o debate em torno do papel da América Latina para a economia internacional;

JK assimila os problemas apresentados pela CEPAL:“(...)desequilíbrio na balança de pagamentos, deterioração das relações de troca, necessidade de substituir importações e diversificar a pauta de exportações.” (CALDAS, 1996, p.47);

CEPAL – desenvolvimento econômico deve superar quaisquer disputas ideológicas;

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Influências da CEPAL nas ações do governo JK

Governo JK pensa em estratégias de estabelecimento de um mercado comum regional para a América Latina e de um órgão de estabilização de preços de produtos primários;

Proposta antiga, acelerada somente após o abandono da compra por parte do Mercado Comum Europeu dos produtos primários latino-americanos, para comprarem de regiões africanas e do diagnóstico cepalino;

Insegurança estadunidense;

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Vantagens aos países da AL

Ampliação de mercado consumidor para bens produzidos em cada país;

Aumento da produtividade para bens exportados;

Não necessidade de utilização do dólar no mercado inter-regional, aumentando a capacidade de importação;

Ampliação e consolidação do parque industrial de cada país (por causa do mercado mais amplo).

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Idéias da CEPAL X Ações de JK

CEPAL

Participação limitada do capital estrangeiro na economia nacional;

Reformas internas – agrária, bancária;

Distribuição de renda interna, aumentando poder aquisitivo dos cidadãos;

JK Ampliação da participação do capital estrangeiro – investimento e

empréstimos; Não adotou programas de reformas – agricultores + Plano de Metas; Acumulação de capital para promover a industrialização

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Análises

Política externa multilateral, pois JK dá importância aos fóruns multilaterais;

Aumento e diversificação das relações políticas e econômicas do Brasil com outras nações do mundo, em detrimento da influência exclusiva dos EUA;

OPA – importante organismo multilateral que contribui para a multilateralização do governo JK;

OPA é reflexo das idéias que vinham sendo desenvolvidas pela CEPAL e que influenciavam o governo JK;

Revisão de aspectos tradicionais da PE brasileira, como o bilateralismo, por exemplo.

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Valorização do plano econômico;

Importância dada à industrialização e ao desenvolvimento econômico com auxílio externo;

Adaptação das propostas , configurando-as de acordo com interesses internos ao Brasil;

Reivindicação de um novo lugar para o país na política hemisférica e internacional

Busca de reconhecimento do seu amadurecimento político;

Nova construção de autonomia nas suas relações com os Estados Unidos.

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CIES – Conselho Interamericano Econômico e Social

Criado durante a 1ª Reunião de Ministros das Relações Exteriores ocorrida no Panamá em 1939;

Promover o bem-estar econômico e social;

1950: Programa de Cooperação Técnica;

Países com demandas tímidas e não-consensuais;

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Maiores contribuições: - técnicas;- econômicas;

Contribuições poderiam ter sido maiores;

Conflito entre os países latino-americanos e os EUA quanto ao CIES;

O governo Kubitschek e o CIES;

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ALALC - Associação Latino-Americana de Livre-Comércio

Criado pelo Tratado de Montevidéu em 1960;

Assinado por Brasil, Uruguai, Paraguai, Peru, Chile e México;

Aderiram posteriormente: Colômbia, Equador, Venezuela e Bolívia;

Fim das barreiras ao comércio intra-regional;

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Fortalecimento das economias nacionais;

Objetivos:- alcançar o desenvolvimento econômico;- coordenar os planos de desenvolvimento dos diferentes setores de

produção;- progressiva complementação e integração das economias;

Ou seja: maior integração econômica entre os países latino-americanos e expansão de seus mercados e do comércio entre si. A longo prazo, visava ao estabelecimento de um mercado comum latino-americano;

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Três outros episódios que marcaram a política externa de Kubitschek:

-1°) a proposta de criação da OPA (Operação Pan-Americana);-2°) o rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI);-3°) apoio à política colonialista portuguesa na África;

COM RELAÇÃO AO FMI: FMI exigia:- corte nos gastos públicos;- desvalorização cambial;- liberalização do câmbio;

FMI não cumpria com sua proposta de dirimir as dificuldades de balanços de pagamento;

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COM RELAÇÃO A PORTUGAL:

Brasil assina Tratado de Amizade e Consulta em 1953;

Motivos que levou JK a estabelecer tal tipo de relação com Portugal:

-motivos ideológicos;

-afetivo-históricos;

-eleitorais;

-de origem religiosa;

Kubitschek deixa de lado princípios da OPA, como autodeterminação, não-intervenção, a soberania, o nacionalismo e a democracia representativa;

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Conclusão Postura agressiva face ao problema do subdesenvolvimento;

Alinhamento com os EUA – Fernando de Noronha é cedida para a instalação de uma base americana de rastreamento de foguetes em 1956;

Mudança da visão da relação entre as nações de “dominantes-dominadas” para “ricas-pobres” (AQUINO, 2007, p.525);

Nacionalismo fundado no desenvolvimento;

Idéias de ocidentalismo, do desenvolvimento capitalista e anticomunismo;

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Conjuntura relativamente favorável – inicio da rachadura nos blocos antagônicos

Acontecimentos no âmbito regional permitiram a JK mudar a direção de sua política externa;

Política externa norteada pela:

- promoção de um desenvolvimento industrial;

- ampliação dos mercados brasileiros;

- luta contra a grande desvalorização das matérias-primas que eram exportadas

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A política externa de multilateralismo pode ser entendida por diversos motivos (CERVO, 1997):

- decepção com a negligência dos EUA para com a AL;

- percepção do momento oportuno para lutar contra o subdesenvolvimento;

- necessidade de união da América para fazer frente ao Mercado Comum Europeu;

- necessidade de cooperação internacional exigida para se realizar as idéias da CEPAL e de desenvolvimentismo.

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Referências Bibliográficas

CALDAS, Ricardo W. A política externa do governo Kubitschek. Brasília: Thesaurus, 1996, p.37-52.

CERVO, Amado Luiz. Política de comércio exterior e desenvolvimento: a experiência brasileira. Rev. bras. polít. int.,  Brasília,  v. 40,  n. 2, Dec.  1997 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291997000200001&lng=en&nrm=iso>. access on  21  Oct.  2010.  doi: 10.1590/S0034-73291997000200001.

Disponível em: <http://www.aladi.org/NSFALADI/ARQUITEC.NSF/VSITIOWEBp/ALALCp>. Acesso em: 18 de out.2010.

Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/apresentacao>. Acesso em 19 de out.2010.

Disponível em: <http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Gustavo%20Biscaia%20de%20Lacerda.pdf>. Acesso em 18 de out.2010.

Disponível em:< http://www.univercidade.br/uc/cursos/graduacao/ri/pdf/opa.pdf >. Acesso em 18 de out.2010.

Disponível em: <http://aclessa.files.wordpress.com/2009/01/046.pdf>. Acesso em: 18 de out.2010.

Rampinelli, Waldir José. As duas faces da moeda: a contribuição de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português . Florianópolis, Ed. Da UFSC, 2004.