A poluição mata

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L ______ _j PRESIDENTE DA SBPC PROPÕE A DEFINIÇÃO URGENTE DE UM PROJETO DEC&T PARA O PAÍS Página 3 BOLSA DE PÓS- DOUTORAMENTO TERÁ DURAÇÃO DE ATÉ 4ANOS, SE INTEGRAR UM PROJETO TEMÁTICO Página 7 MENSAl DA DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAUlO AMBIENTE A POLUIÇÃO MATA Quando aumenta o nível de poluição do ar em São Paulo, o que acontece principalmente no inverno , cresce em até 12% a taxa de mortalidade por problemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o número de internações hospitalares de crianças. Mas uma exposição prolongada , por meses ou anos , mesmo a níveis relativamente baixos de poluição, também é capaz de provocar doenças das vias respiratórias , em pessoas saudáveis de qualquer idade . São conclusões de pesquisadores do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, que estudaram, com apoio da FAPESP, o impacto da poluição do ar na região metropolitana de São Paulo sobre a saúde da população. A capital recebe anualmente 3 milhões de toneladas de poluentes , sendo 90% emitidos por gases dos veículos automotores.

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Notícias FAPESP - Ed. 21

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L ______ _j

PRESIDENTE DA SBPC PROPÕE A DEFINIÇÃO

URGENTE DE UM PROJETO

DEC&T PARA O PAÍS

Página 3

BOLSA DE PÓS­DOUTORAMENTO TERÁ DURAÇÃO

DE ATÉ 4ANOS, SE

INTEGRAR UM PROJETO

TEMÁTICO Página 7

PUBLICA~ÃO MENSAl DA ~UNDA~ÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAUlO

AMBIENTE

A POLUIÇÃO MATA Quando aumenta o nível de poluição do ar em São Paulo, o que acontece principalmente no inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por problemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o número de internações hospitalares de crianças. Mas uma exposição prolongada, por meses ou anos, mesmo a níveis relativamente baixos de poluição, também é capaz de provocar doenças das vias respiratórias, em pessoas saudáveis de qualquer idade. São conclusões de pesquisadores do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, que estudaram, com apoio da FAPESP, o impacto da poluição do ar na região metropolitana de São Paulo sobre a saúde da população. A capital recebe anualmente 3 milhões de toneladas de poluentes, sendo 90% emitidos por gases dos veículos automotores.

C·1ii@IMai

Ciência para um Brasil soberano e sustentável

É muito provável que a maior diferença entre a glo­balização deste fim de sécu­lo e a revolução industrial re­sida no papel fundamental desempenhado pela ciência para o desenvolvimento, como alavanca para a indús­tria moderna. Pode-se afir­mar que a ciência desenvol­veu-se correndo atrás das invenções da revolução in­dustrial, com a imaginação dos cientistas sendo estimu­lada pela necessidade de se obter novos equipamentos e produtos. Foi nesse ambien­te que se desenvolveu a ci­ência acadêmica, aparente­mente despolitizada e des­compromissada com a tec­nologia.

Hoje, no entanto, é a ci­ência que está se constituin­do no divisor de águas entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Ninguém pode ignorar que o conheci­mento científico contribui fun­damentalmente para o gran­de salto tecnológico-industri­al deste final de século. A no­ção de riqueza, de progres­so, no mundo globalizado, faz com que se manifestem em paralelo a capacitação científica, o desenvolvimen­to tecnológico agroindustrial e em informática, o acúmulo de capital e o poder político.

Se é verdade que a maio­ria das nações está rediscu­tindo o papel social do Esta­do, também é mais verdadei­ro que todos os países ricos estruturaram o seu desenvol­vimento econômico sob uma forte intervenção do Estado.

Sérgio Henrique Ferreira *

Nesse sentido, é extrema­mente grave que o governo brasileiro não se defina por apresentar um plano estraté­gico de desenvolvimento ci­entífico e tecnológico.

Refém da concepção neo­liberal de mercado, o gover­no pode estar levando a na­ção a um restritivo processo de modernização de nossa capacidade produtiva - li­mitada basicamente àqueles setores onde é possível esti­mular um aumento da efici­ência industrial e o controle de qualidade dos produtos. O capital internacional tem investido em nosso mercado com base em tecnologia im­portada e mão-de-obra ba­rata. Este modelo pode tor­nar-se cruel e predatório, na medida em que o neolibera­lismo descaracteriza o Esta- · do, suprimindo o seu papel indutor e de planejamento estratégico. Numa noção di­dática do investimento ideal sustentável, podemos dizer que este deve envolver, ao mesmo tempo, os lucros do capital, o político, o social e o ambiental. Metas inalcan­çáveis sob a égide neolibe­ral da ditadura de mercado, na qual o investimento está voltado para o lucro máximo em tempo imediato.

Dessa maneira, é funda­mental que o governo- sob pressão e auxiliado pela so­ciedade - defina urgente­mente um projeto de desen­volvimento científico/tecno­lógico e sustentável para o Brasil, garantindo capacita­ção tecnológica, competiti-

rFAPESP

vidade e qualidade de vida/ justiça social para o nosso povo. É nessa direção e com esses compromissos que se fortalece o nascente movi­mento nacional, supraparti­dário e supraideológico, em defesa do sistema nacional de Ciência e Tecnologia . Consciente de sua respon­sabilidade nesse processo, a SBPC está constituindo o seu Fórum pela Ciência , Tecnologia e Desenvolvi­mento Nacional, a fim de estimular a discussão entre a comunidade científico-tec­nológica e os agentes polí­ticos. O objetivo maior é chegar às propostas da SBPC que contribuam à de­finição de uma política estra­tégica coerente de desen­volvimento científico, tecno­lógico e agroindustrial para o Brasil.

* Presidente da Sociedade Bra­sileira para o Progresso da Ciência -SBPC