A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS...

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NELSON LUIS VIDOTTO A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS MÉDIAS E GRANDES INDÚSTRIAS DA REGIÃO DE LONDRINA–PR Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Londrina em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes Londrina - Paraná 2004

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NELSON LUIS VIDOTTO

A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NASMÉDIAS E GRANDES INDÚSTRIAS DA REGIÃO DE LONDRINA–PR

Dissertação de Mestrado apresentada aoPrograma de Pós-Graduação em Administraçãoda Universidade Estadual de Londrina emparceria com a Universidade Estadual deMaringá, para obtenção do Grau de Mestre emAdministração.

Orientador: Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes

Londrina - Paraná2004

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NELSON LUIS VIDOTTO

A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NASMÉDIAS E GRANDES INDÚSTRIAS DA REGIÃO DE LONDRINA–PR

Dissertação aprovada como requisito paraobtenção do grau de Mestre no Programa dePós-Graduação em Administração daUniversidade Estadual de Londrina emparceria com a Universidade Estadual deMaringá, pela seguinte banca examinadora:

Em 30 de setembro de 2004

_______________________________________Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes (PPA-UEL)

_______________________________________Prof. Dr. José Carlos Dalmas (UEL/CCE)

______________________________________Prof. Dr. Luiz Antonio Felix (PPA/UEL)

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa Sandra e aos meus filhos Leonardo e

Lais pela compreensão nos muitos momentos em que

faltei.

Ao Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes por acreditar no meu

projeto e pela imprescindível orientação e idéias sem as

quais este trabalho não teria a sua magnitude. Quero

aqui manifestar a minha admiração pela sua inteligência

e profissionalismo. Muito obrigado!

Ao Prof. Dr. Luiz Antonio Félix pela participação na

banca e as importantes contribuições para

engrandecimento deste trabalho. Gostaria que você

soubesse que me sinto um privilegiado por ter sido seu

aluno.

Ao Prof. Doutor José Carlos Dalmas pela participação

na banca e, principalmente, pela contribuição direta nos

tratamento dos dados estatísticos. A sua sabedoria,

paciência e fino trato torna-o uma pessoa que todos

querem como amigo.

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é definir e caracterizar os conceitos e técnicas relacionadasà administração do capital de giro, identificando o domínio, a utilização e o impacto no ciclofinanceiro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr. Buscou-se analisardiversas relações entre as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, através dolevantamento de algumas hipóteses. Dentro de um processo descritivo realizou-se um estudode campo com o envio de questionários estruturados a cento e duas indústrias, obtendo-se oretorno de sessenta e um, cerca de 59,80% do total enviado. Os dados coletados foramanalisados, primeiramente, apenas de forma descritiva onde foi possível caracterizar asempresas e os seus gestores, as práticas de gestão adotadas e os resultados obtidos. Numsegundo momento testou-se as hipóteses levantadas com a finalidade de analisar as relaçõesentre as características de propriedade das empresas; dos gestores; as práticas utilizadasagrupadas como variáveis de comportamento e os resultados verificados em termos deimpactos no ciclo financeiro. Quanto ao domínio conceitual tem-se índices percentuaisbastante elevados de desconhecimento das diversas técnicas apresentadas. Se por um lado ateoria disponibiliza todo um ferramental teórico que poderia ser utilizado para ogerenciamento de diversos ativos que compõem o capital de giro como o caixa, os valores areceber e os estoques, de outro as empresas parecem ignorar a existência deles. Mesmo emgrandes empresas ou naquelas que possuem gestores com maior nível de formação não seencontra uma maior utilização das técnicas abordadas. O principal indicador de eficiência nagestão do capital de giro, que é o Ciclo Financeiro, não está sendo afetado pela não utilizaçãoou desconhecimento das técnicas de gestão, o que leva a concluir que as indústrias da amostravem sendo administradas de forma empírica na questão do capital de giro.

PALAVRAS-CHAVE: administração financeira, capital de giro, ciclo financeiro

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ABSTRACT

The main goal of this paper is to define and to characterize the concepts and techniquesrelated to administration of working capital identifying the control, the use and the impact ofthe financial cycle of medium-sized and large industries around Londrina-Pr. We decided toanalyze several connections among variables of propriety, behavior and result, according toour hypothesis . Within a descriptive process there was a field study throughout structuredquestionnaires sent to one hundred and two industries which sixty-one of them were givenback, reaching a number of 59,80% of the whole. The data collected were, at the beginning,analyzed only in a descriptive way making possible to characterize the companies and theiradministrators, the practices of the administration adopted and their results. After that, thehypotheses were tested trying to analyze the connections among the characteristics ofpropriety of the companies, the administrators; the practices gathered as behavior variablesand the results found related to impacts in the financial cycle. As for the conceptualdominium, the rates are quite low concerning the knowledge on techniques here presented. Ifthe theory offers all the theoretical tools that could be used for management of assets thatcompose the working capital as the cash, the receivable value and the inventory, on the otherhand, companies seem to ignore their existence. Even large companies or in those where wefound administrators with high level of graduation, the techniques in focus are not found. Thatthe main indicator of the efficiency of working capital administration, which is the FinancialCycle, is not being affected by the non using or misunderstanding of the techniques inadministration. These facts help to conclude that the industries have been administrating in anempirical way concerning working capital.

KEY-WORDS: financial administration, working capital, financial cycle

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estrutura Legal .................................................................................................. ...... 90

Tabela 2 – Atividade Principal Conforme Classificação da FIEP....................................... ...... 91

Tabela 3 – Número de Funcionários ................................................................................... ...... 91

Tabela 4 – Local da Contabilidade ...................................................................................... ...... 91

Tabela 5 – Responsáveis pelas Políticas de Capital de Giro ............................................... ...... 92

Tabela 6 – Nível de Escolaridade ........................................................................................ ...... 92

Tabela 7 – Tempo de Permanência na Função .................................................................... ...... 93

Tabela 8 – Freqüência em Cursos e/ou Treinamento na Área Financeira........................... ...... 93

Tabela 9 – Existência de Política Para Administração de Capital de Giro.......................... ...... 94

Tabela 10 – Contas Patrimoniais que exercem maior Controle Gerencial.......................... ...... 96

Tabela 11– Periodicidade do Fluxo de Caixa...................................................................... ...... 96

Tabela 12– Itens Considerados Importantes para Realização do Fluxo de Caixa............... ...... 98

Tabela 13 – Estratégias Utilizadas para Agilizar as Entradas de Recursos......................... ...... 99

Tabela 14 – Tipo de Política de Concessão de Crédito e Cobrança .................................... ..... 100

Tabela 15 – Critérios Utilizados para Avaliar Mudanças na Política de Crédito................ ..... 100

Tabela 16 – Critérios Utilizados para Determinação das Quantidades de Compra............. ..... 101

Tabela 17 – Critérios Utilizados para Avaliar Políticas de Manutenção de Estoque .......... ..... 101

Tabela 18 – Posicionamento da Empresa Quanto a Descontos Oferecidos pelos Fornecedorespara Pagamento Antecipado ................................................................................................ ..... 102

Tabela 19 – Política de Capital de Giro............................................................................... ..... 102

Tabela 20 – Técnicas de Administração de Caixa............................................................... ..... 103

Tabela 21– Técnicas para Determinação das Políticas de Concessão de Crédito ............... ..... 104

Tabela 22 – Técnicas para Concessão de Crédito ............................................................... ..... 105

Tabela 23 – Técnicas para Administração de Estoques ...................................................... ..... 106

Tabela 24 – Compreensão do termo “Administração do Capital de Giro” ......................... ..... 107

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Tabela 25 – Volume de Dinheiro em Caixa e/ou Aplicações Financeiras .......................... ..... 107

Tabela 26 – Prazo Médio de Recebimento das Duplicatas ................................................ ..... 108

Tabela 27 – Prazo Médio de Estocagem ............................................................................ ..... 108

Tabela 28 – Desempenho do Ciclo Financeiro.................................................................... ..... 108

Tabela 29 – Cruzamento do Nível de Caixa com Técnicas de Administração de Caixa .... ..... 110

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Tabela 30 – Cruzamento do Prazo Médio de Recebimento com Técnicas de Concessão deCrédito ................................................................................................................................. ..... 111

Tabela 31 – Cruzamento do Prazo Médio de Estocagem com Técnicas de Administração deEstoques............................................................................................................................... ..... 112

Tabela 32 – Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Desempenho do CicloFinanceiro ............................................................................................................................ ..... 113

Tabela 33 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com o Desempenho do Ciclo Financeiro. 114

Tabela 34 – Cruzamento do Porte da Empresa com o Desempenho do Ciclo Financeiro .. ..... 115

Tabela 35 – Cruzamento da Atividade Principal com o Desempenho do Ciclo Financeiro ..... 116

Tabela 36 - Cruzamento do Nível de Escolaridade com o Número de Práticas Adotadas.. ..... 117

Tabela 37 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Porte da Empresa......... ..... 118

Tabela 38 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com o Nível deEscolaridade ........................................................................................................................ ..... 119

Tabela 39 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Porte da Empresa 120

Tabela 40 – Cruzamento do Nível de Escolaridade dos Gestores com o Porte da Empresa..... 121

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura Patrimonial com CCL Positivo........................................................... ...... 26

Figura 2 – Estrutura Patrimonial com CCL Igual a Zero .................................................... ...... 27

Figura 3 – Estrutura Patrimonial com CCL Negativo ......................................................... ...... 27

Figura 4 – Necessidades de recursos projetadas.................................................................. ...... 33

Figura 5 - Alternativas para o financiamento dos ativos circulantes................................... ...... 35

Figura 6 – Modelo de Baumol............................................................................................. ...... 44

Figura 7 – Modelo de Miler-Orr – Exemplo ....................................................................... ...... 48

Figura 8 – Representação do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro...................................... ...... 50

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Conflitos Decorrentes da Não-Observância da Interrelação entre Estratégia,Crescimento e Capital de Giro ............................................................................................ ...... 21

Quadro 2 - Organização da Dissertação .............................................................................. ...... 23

Quadro 3 – Relação entre medidas de crédito e elementos de uma política de crédito.............. 56

Quadro 4 – Modelos de Gestão das Contas que Compõem o Capital de Giro.................... ...... 77

Quadro 5 – Relação dos Objetivos Específicos com as Questões do Instrumento de Coleta deDados ................................................................................................................................... ...... 88

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 111.1 DEFININDO O PROBLEMA DE ADMINISTRAÇÃO .................................... 121.2 DEFININDO A QUESTÃO DE ADMINISTRAÇÃO ....................................... 151.3 DEFININDO A QUESTÃO DE PESQUISA ..................................................... 161.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................. 161.5 HIPÓTESES DA PESQUISA ............................................................................. 171.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................. 201.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................. 23

2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O CAPITAL DE GIRO .................. 242.1 CAPITAL DE GIRO ........................................................................................... 242.1.1 Capital Circulante Líquido ............................................................................... 262.1.2 Características do Capital de Giro ................................................................... 282.1.3 Importância da Administração do Capital de Giro ....................................... 302.1.4 Financiamento do Ativo e Risco Envolvido ..................................................... 332.2 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA ........................................................................ 362.2.1 Saldos de Caixa Desejáveis ............................................................................... 422.2.1.1 Modelo de Caixa Mínimo Operacional ............................................................... 422.2.1.2 Modelo de Baumol .............................................................................................. 432.2.1.3 Modelo de Miller e Orr ........................................................................................ 462.2.2 Incerteza na Previsão de Caixa ........................................................................ 482.2.3 O Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa .......................................................... 492.3 ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER ........................................... 522.3.1 Políticas de Crédito ............................................................................................ 532.3.2 Efeitos das Alterações nas Políticas de Crédito .............................................. 552.3.3 Concessão de Crédito......................................................................................... 562.3.4 Modelos de Análise e Concessão de Crédito ................................................... 572.3.4.1 Abordagem Qualitativa de Análise ...................................................................... 572.3.4.2 Modelo de Buckley .............................................................................................. 592.3.4.3 Árvore de Decisão ............................................................................................... 602.3.4.4 Credit Scoring ...................................................................................................... 602.3.5 Gestão dos Recursos Investidos em Duplicatas a Receber ............................ 612.4 ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES ............................................................. 632.4.1 Custos e Riscos de Estocagem ........................................................................... 652.4.2 A Relação entre o Estoque e as Duplicatas a Receber .................................... 652.4.3 Gestão dos Recursos Investidos em Estoques ................................................. 662.4.4 Técnicas de Administração dos Estoques ........................................................ 672.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL ........................................... 722.6 CONCEITOS ABORDADOS ............................................................................. 76

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 793.1 TIPOLOGIA DE ESTUDO ................................................................................. 793.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA ...................................................... 803.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 823.4 MENSURAÇÃO ................................................................................................. 843.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS ........................................................................... 853.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................... 87

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA .......................................... 894.1 ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................... 894.1.1 Caracterização das Empresas e dos Gestores da Área Financeira ............... 904.1.2 Práticas de Gestão Adotadas ............................................................................ 944.1.3 Resultados obtidos ............................................................................................. 1074.2 ANÁLISE DAS HIPÓTESES ............................................................................. 1094.2.1 Análise das hipóteses do Grupo 1 ..................................................................... 1094.2.2 Análise das hipóteses do Grupo 2 ..................................................................... 1134.2.3 Análise das hipóteses do Grupo 3 ..................................................................... 1164.2.4 Análise das hipóteses do Grupo 4 ..................................................................... 118

5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 122

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 131

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 133

APÊNDICES....................................................................................................... 137

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1 INTRODUÇÃO

No ambiente econômico inflacionário, o planejamento das empresas tornava-se tarefa

difícil para o administrador financeiro. Os períodos de previsão não poderiam exceder a

alguns meses sob pena de perder totalmente sua validade. Nesse contexto, administrava-se

mais com a intuição do que com a razão, mais com a prática do que com o que preconizava a

teoria. Além das incertezas que o planejamento financeiro oferece no tocante ao volume de

venda, a imprevisibilidade da moeda tornava o resultado ainda mais incerto.

Naquele momento era comum encontrar nas organizações, profissionais de finanças

com forte tendência para tesouraria cujas funções se resumiam em um bom relacionamento

com gerentes de agências bancárias buscando boas taxas de aplicações de overnight e de

captação de recursos de curto prazo. A ênfase do seu trabalho poderia ser resumida em

receber do cliente o mais rápido possível, pagar fornecedores o mais tarde possível e aplicar

recursos no mercado financeiro pelas melhores taxas possíveis.

Conforme enfatiza Tavares (2002, p. 12), se antes a economia brasileira “favorecia

aqueles que tinham habilidade em negociação, hoje, com a estabilidade econômica e a

abertura dos mercados, saber comprar e vender tornou-se insuficiente para garantir o sucesso

de um empreendimento”.

Numa situação de competição em economias estabilizadas, na qual o consumidor

pode, ao mesmo tempo, avaliar a qualidade e o preço de produtos e serviços, as empresas

“devem dedicar atenção crescente a alguns fatores que afetam seus resultados, como receitas e

custos de produtos e serviços, bem como uso de recursos necessários à manutenção de

atividades” (PELEIAS, 2002, p.3).

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Com o advento do Plano Real e a conseqüente estabilização da moeda, viabilizou-se a

elaboração de planos financeiros com um grau de incerteza menor, porém exige-se do

profissional de finanças um maior preparo e uma visão mais de longo prazo. Um fluxo de

caixa bem estudado e elaborado pode propiciar a aplicação dos recursos excedentes por um

prazo maior, evitando os prejuízos da aplicação de curto prazo ocasionados pelos impostos e

Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF que absorvem quase a

totalidade dos rendimentos. A questão da formulação de uma boa política de crédito fornecido

aos clientes torna-se, também, imperativo para garantir os recebimentos em dia. A

manutenção de estoques de qualquer natureza faz com que a empresa desvie recursos que

poderiam estar disponíveis em forma de moeda para saldar obrigações ou financiar novos

investimentos. Também a questão do prazo de pagamento aos fornecedores precisa ser

administrado de forma a se buscar um ponto em comum que atenda os interesses de ambas as

partes (FREZATTI, 1999; FUSCO, 1996; PELEIAS, 2002; SCHMIDT, 2002).

Assim, a administração eficiente dos ativos circulantes: caixa/bancos, contas a receber

e estoques, mais a administração de passivos: financiamentos e contas a pagar, de um modo

geral, constitui a essência da Administração do Capital Giro, fundamental para redução do

tamanho do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro que hoje afeta significativamente a saúde

financeira da empresa (DACOL, 2002).

1.1 DEFININDO O PROBLEMA DE ADMINISTRAÇÃO

Para se efetivar o controle financeiro a curto prazo torna-se inevitável uma

administração eficiente das contas patrimoniais que representam o Capital de Giro da

empresa. A administração do capital de giro acopla o domínio dos ativos circulantes (caixa,

títulos negociáveis, duplicatas a receber, estoques) e dos passivos circulantes (salários e

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empréstimos a pagar, fornecedores), os quais são recursos que giram várias vezes durante um

determinado período.

Entretanto, não é tarefa fácil para as empresas conseguir um controle financeiro que

apresente resultados convincentes. Com base no argumento de Ribeiro (1996, p.4):

as empresas brasileiras, em sua grande maioria, não estariam preparadas para reagirrapidamente frente às mutações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas queocorrem constantemente. Este fato se deve, basicamente, a diversos fatores, comopor exemplo, a instabilidade da demanda interna, o baixo poder aquisitivo dapopulação, a aversão ao risco por parte dos proprietários das empresas, e a um fatoum pouco mais distante, os planos econômicos. Ao mesmo tempo, grandesprodutores internacionais estão despontando no mercado, extrapolando as barreirasinternas de seus nichos, na busca de novos clientes, novas oportunidades,oferecendo produtos de alta qualidade a preços baixos.

Neste contexto, Assaf Neto & Silva (1995, p.11) também argumentam que:

a administração do capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida como umaárea importante para o equilíbrio financeiro das empresas, tendo participaçãodecisiva no sucesso dos negócios. Efetivamente, a qualidade das decisões queenvolvem capital de giro é dependente da capacidade analítica do administradorpara compreender o problema em toda sua extensão, e do conhecimento técnicopara definir a melhor solução.

A importância e o volume do capital de giro para uma empresa são determinados,

principalmente, pelos seguinte fatores: volume de vendas, o qual é lastreado pelo estoque,

valores a receber e caixa; sazonalidades dos negócios, que determina variações nas

necessidades de recursos ao longo do tempo; fatores cíclicos da economia, como recessão e

comportamento do mercado; tecnologia, principalmente aplicada aos custos e tempo de

produção; e políticas de negócios, centradas em alterações nas condições de venda, de crédito,

produção, etc.

Administrar capital de giro diz respeito à administração das contas que compõem os

ativos e passivos circulantes da empresa, bem como as inter-relações existentes entre eles.

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Assim, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve

manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a

estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela

empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez

(FUSCO, 1996; SOUSA, 1996; SOUSA, 1997).

Numa exploração inicial sobre o tema como, por exemplo, em Dacol (2002); Ribeiro

(1996); Tavares (2002) e Zanchin (2002), nota-se que as conclusões de diversos trabalhos

acadêmicos apontam para uma desconsideração do campo teórico, por parte das empresas,

quando da tomada de decisões estratégicas que podem comprometer a saúde financeira da

organização.

Ribeiro (1996, p.147) expõe que há uma desestruturação financeira a curto prazo e

que, os reflexos desta, denotam uma incapacidade das empresas no estabelecimento de seu

planejamento financeiro a longo prazo, visto que nem ao menos os planos a curto prazo são

formalmente estabelecidos.

Também a partir de evidências constatadas com a experiência como docente nos

cursos de pós-graduação em Administração e Ciências Contábeis, em disciplinas lecionadas

pelo autor do presente trabalho nos últimos anos, com a participação de profissionais

responsáveis pela área financeira das empresas, bem como na orientação de estágios de

graduação e monografias de pós-graduação, observa-se que o ferramental teórico-técnico

existente sobre a gestão do capital de giro não é comumente utilizado na prática cotidiana das

empresas.

Considerando, portanto, as evidências de problemas de inadequação teoria-prática e a

importância do tema para o desempenho das organizações e, como conseqüência da economia

como um todo, define-se como objeto de estudo o uso dos instrumentos teóricos da

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administração do capital de giro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.,

através de uma pesquisa de campo onde se pretendeu buscar a identificação e caracterização

da utilização de instrumentos de planejamento e controle de curto prazo, no processo de

tomada de decisões financeiras, bem como o impacto no ciclo financeiro da empresa.

Assim, surge a necessidade de se verificar como efetivamente são as práticas de gestão

financeira, tais como as políticas de concessão de crédito e cobrança; as políticas de

manutenção de estoques; a administração do fluxo de caixa/bancos e a administração das

relações com o fornecedor, cujas ferramentas para boa gerência são apresentadas pela teoria

financeira.

1.2 DEFININDO A QUESTÃO DE ADMINISTRAÇÃO

A identificação correta, clara, objetiva e precisa do problema de pesquisa é um passo

decisivo para o sucesso da mesma. A partir da formulação do tópico a ser pesquisado é que

surge a possibilidade de se desenvolver a investigação científica.

Além de formular adequadamente o problema, faz-se necessário considerar as

influências que afetam o processo decisório das organizações, com relação à administração do

Capital de Giro. Como influências externas pode-se considerar, basicamente, o mercado

consumidor em potencial e a capacidade das empresas em entregar o seu produto; a

habilidade de aplicar os recursos financeiros a curto prazo, e a conjuntura econômica, política

e social do país (RIBEIRO, 1996, p.8).

De acordo com o exposto sobre a importância de se formular adequadamente o

problema de pesquisa, este trabalho terá o propósito de investigar e responder especificamente

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algumas questões relacionadas à Administração do Capital de Giro nas médias e grandes

empresas industriais da região de Londrina-Pr.

Assim, em razão das evidências já ressaltadas, de que nem sempre a prática se revela

como a literatura recomendada, pretende-se levantar informações sobre a ação administrativa

de algumas empresas, no tocante a Administração do Capital de Giro, formulando-se para

investigação algumas questões de pesquisa.

1.3 DEFININDO A QUESTÃO DE PESQUISA

Segundo Cooper & Schindler (2003, p.74), uma questão de pesquisa é a hipótese de

escolha que melhor informa o objetivo do estudo de pesquisa. É uma questão de

administração mais específica que deve ser respondida.

Assim, define-se como questão de pesquisa para o presente trabalho o que se segue:

O ferramental teórico-técnico relativo ao Capital de Giro é conhecido e utilizado

pelos responsáveis pela administração financeira das médias e grandes indústrias da região

de Londrina-Pr?

1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA

Em função do que foi exposto na definição do problema de administração e na questão

de pesquisa a ser estudada, a definição do objetivo principal deste trabalho pode ser

apresentada da seguinte forma:

⇒ Definir e caracterizar os conceitos e técnicas relacionadas à

administração do capital de giro, identificando o domínio, a utilização e

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o impacto no ciclo financeiro nas médias e grandes indústrias da região

de Londrina-Pr.

Em função desse objetivo principal, alguns objetivos específicos também podem ser

identificados:

⇒ Identificar e definir as principais técnicas e conceitos relacionados à

administração do capital de giro.

⇒ Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela

administração financeira e o domínio conceitual a respeito do capital de

giro.

⇒ Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro utilizadas

nas empresas.

⇒ Descrever as relações entre características das empresas, dos seus

gestores, das práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro.

Neste sentido, o trabalho será desenvolvido na busca de se responder o problema e

analisar as questões de pesquisa, bem como conseguir atingir o objetivo geral e os objetivos

específicos, anteriormente listados.

A definição operacional das variáveis envolvidas no estudo estará descrita no capítulo

que apresenta a metodologia da pesquisa.

1.5 HIPÓTESES DA PESQUISA

Segundo Vergara (1997, p.28) a formulação das hipóteses servem de guia para

antecipar a resposta ao problema levantado. A investigação é realizada de modo que se possa

confirmar ou, ao contrário, refutar a hipótese.

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Cooper e Schindler (2003, p.59) salientam que uma hipótese tem a função de orientar

a direção do estudo, identificar fatos relevantes e não-relevantes e fornecer uma estrutura para

organizar as conclusões resultantes.

No presente trabalho, considerando o conjunto de variáveis definidas e o objetivo de

compreender adequadamente o fenômeno estudado, buscou-se analisar diversas relações entre

as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, através de hipóteses que são

agrupadas em 4 grupos:

Grupo 1 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais

assimétricas entre variáveis de comportamento e de resultado:

Hipótese 1: O nível de caixa das indústrias está relacionado com a utilização das

técnicas teóricas para administração de caixa.

Hipótese 2: O prazo médio de recebimento das indústrias está relacionado com a

utilização de técnicas de concessão de crédito.

Hipótese 3: O prazo médio de estocagem das indústrias está relacionado com a

utilização de técnicas de gerenciamento de estoques.

Hipótese 4: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com a adoção das

práticas de gestão teoricamente consolidadas.

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Grupo 2 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais

assimétricas entre variáveis de propriedade e de resultado:

Hipótese 5: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com nível de formação

dos gestores de capital de giro.

Hipótese 6: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o porte das

indústrias.

Hipótese 7: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o segmento

industrial ao qual a empresa pertence.

Grupo 3 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais

assimétricas entre variáveis de propriedade e de comportamento:

Hipótese 8: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está

relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro.

Hipótese 9: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está

relacionado com o porte das indústrias.

Grupo 4 – Neste grupo as hipóteses correlacionais buscam analisar correlações

simétricas entre variáveis de propriedade:

Hipótese 10: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente

consolidadas está relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro.

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Hipótese 11: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente

consolidadas está relacionada com o porte das indústrias.

Hipótese 12: O porte das indústrias está relacionado com o nível de formação dos

gestores de capital de giro.

1.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O principal fator do sucesso de uma empresa é a capacidade de sua administração no

sentido de planejar e controlar as suas atividades. Algumas empresas tomam decisões

reativas, ou seja, interpretam o significado dos eventos correntes e reagem a eles. Outras

empresas prevêem os eventos futuros e preparam planos condizentes. Em um contexto

econômico onde impera uma certa estabilidade, com um processo de globalização acelerado,

não se poderiam admitir empresas reativas no tocante à questão do capital de giro, se estas

desejarem ser competitivas (WELSCH, 1996, p.27).

Neste sentido, a principal função de quem toma decisões relativas à administração do

capital de giro é administrar as várias contas que o compõem, equacionando assim, o seu ciclo

operacional. O ciclo operacional de uma empresa pode ser definido como o fluxo de recursos

que sai da empresa para pagar fornecedores e transformam-se em estoques e valores a receber.

Conforme Marques e Braga (1995, p.57), em uma empresa industrial o ciclo

operacional “está ligado ao intervalo de tempo ocorrido entre a chegada de matérias-primas à

fábrica e o momento do recebimento das duplicatas provenientes de vendas a prazo de

produtos acabados”. Assim, fica evidente que um dos objetivos da empresa é compatibilizar o

tempo de entrada e saída de recursos.

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Outra questão relevante diz respeito ao modo como se relacionam estratégias

institucionais e a administração do capital de giro. As decisões tomadas em qualquer nível da

organização é reflexo das estratégias formuladas pelas suas lideranças. Quanto da decisão

sobre o volume de vendas da empresa para um determinado período, todas as demais decisões

que envolvem o nível de capital de giro devem ser aderentes às definições estratégicas ao

nível institucional.

Sousa e Menezes (1997, p.34) destacam que:

a interrelação entre estratégia, crescimento e administração do capital de giro existena medida que a estratégia define se o crescimento é objetivo a ser perseguido edefine como ele poderá ser conseguido; por sua vez a definição do crescimentocomo objetivo empresarial traz conseqüências diretas na administração do capitalde giro sob todos os aspectos, particularmente se esse capital de giro forautofinanciado.

Os autores apresentam alguns aspectos relativos a conflitos quando esta interrelação

não é observada, conforme mostra o Quadro 1:

Quadro 1 – Conflitos Decorrentes da Não-Observância da Interrelação entre Estratégia,Crescimento e Capital de Giro

Situações Conseqüências

A empresa cobra aumento de vendas de modooportunista.

Endividamento progressivo pela falta de recursos parafinanciamento da expansão caso se atendam àspressões por maiores vendas

A empresa define estratégias conflitantes como crescer,pagar dividendos e manter as contas em dia.

O administrador do capital de giro terá dificuldadespara conciliar objetivos potencialmente conflitantes.

A empresa opta por uma estratégia de crescimento masnão confere autoridade ao gestor da administração docaixa

As diversas área funcionais pressionam por recursos,atrasam a entrega das informações gerando um floatinformacional que dificulta a gestão eficiente de caixa.

Fonte: Sousa e Menezes (1997, p.34)

Diante do exposto, ao estudar-se como as médias e grandes indústrias da região de

Londrina-Pr administram seu capital de giro, e se estão utilizando modelos teóricos sugeridos

pela literatura administrativa, estar-se-á contribuindo para a identificação das possíveis

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contradições entre a teoria e a prática financeira nessas empresas, bem como para uma maior

conscientização do empresariado na profissionalização de seus dirigentes, e até mesmo para

uma reordenação dos esforços das escolas de Administração da região na melhor qualificação

de seu alunado.

As empresas pesquisadas, por sua vez, terão uma quantidade relevante de informações

sobre a situação do setor em que estão inseridas no tocante a administração do capital de giro,

e poderão nortear suas ações para rever processos administrativos de que necessitam para

executar seus planejamentos.

Também será possível evidenciar os impactos que as estratégias utilizadas para gestão

dos recursos investidos nas atividades operacionais causam no ciclo financeiro das empresas.

Assim sendo, a proposta de trabalho tem por objetivo responder ao problema

levantado e contribuir para vários segmentos interessados com as seguintes informações:

a) conhecimento de um arcabouço teórico eclético da administração do

capital de giro;

b) conhecimento da forma como é administrado o capital de giro em

empresas de uma importante região econômica brasileira;

c) conhecimento, por parte da comunidade acadêmica e empresarial, de

como essas empresas utilizam os conceitos de administração do

capital de giro.

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1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

No Quadro 2 está demonstrado como a dissertação está organizada, visando uma

melhor compreensão sobre o conteúdo e a distribuição dos assuntos.

Quadro 2 - Organização da Dissertação

Capítulos e Título Descrição do Conteúdo1. Introdução Definindo o problema de administração, a questão de administração e a

questão de pesquisa; objetivos, hipóteses, justificativa e relevância dapesquisa.

2. Administração Financeira e Capitalde Giro

Levantamento da literatura sobre capital de giro; o capital de giro comoindicador de saúde financeira; a questão do risco e retorno; aadministração do caixa, dos valores a receber e dos estoques; asrelações com fornecedores.

3. Metodologia da Pesquisa Apresentação do tipo de estudo; do universo e da amostra de pesquisa;do instrumento e da coleta de dados.

4. Análise dos Resultados Apresentação dos resultados obtidos pela pesquisa sobre oconhecimento e forma de gestão do capital de giro nas empresas, bemcomo o impacto que causam no ciclo financeiro.

5. Conclusões e recomendações Apresentação dos resultados finais do trabalho relacionando-os com osobjetivos gerais e específicos, bem como com as hipóteses de pesquisa.Também aponta sugestões e propostas para futuros trabalhos.

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2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O CAPITAL DE GIRO

Um passo importante a ser dado, antes de se desenvolver a pesquisa prática, é o

estabelecimento de um arcabouço teórico-conceitual que forneça subsídios para a estruturação

de tal estudo, extraindo os principais conceitos e as fundamentações teóricas do tema em

questão, como ferramental básico para uma pesquisa de caráter descritiva, com vistas a

verificar a aplicação dos conceitos abordados pelas empresas previamente escolhidas.

2.1 CAPITAL DE GIRO

O processo de tomada de decisões financeiras, principalmente dentro das organizações

de negócios, é mais seguro quando se utiliza conceitos e ferramentas que o campo de estudo

nesta área oferece. O trabalho do dia-a-dia dos gestores financeiros pode-se resumir em

administrar ativos permanentes; administrar a estrutura de capital (próprio ou de terceiros) e

administrar os recursos de ativos e passivos circulantes. Esta última tarefa, em outras

palavras, administrar o capital de giro da empresa.

O sucesso nos negócios depende muito do equilíbrio financeiro, e a administração do

capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida como uma área de conhecimento

imprescindível no estudo e ensino de Finanças. Quanto maior for a capacidade do gestor em

compreender o problema, e do conhecimento técnico para propor a solução, melhor será a

qualidade das decisões que envolvem capital de giro.

A administração do capital de giro está relacionada com a administração das contas

dos ativos e passivos chamados circulantes, ou seja, sua movimentação se dá,

invariavelmente, dentro de 1 ano.

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Segundo Come (1999, p.15), “sob a ótica contábil e financeira, o termo ‘Giro’ refere-

se aos recursos correntes da empresa, que deverão se converter em caixa no prazo máximo de

um ano. Refere-se, portanto, aos elementos envolvidos na administração a curto prazo da

empresa”.

Para atender a necessidade de esclarecer o conceito principal relativamente ao tema,

objeto deste estudo, apresenta-se algumas definições de Capital de Giro:

Expondo o termo com uma certa amplitude, considerando não só o ativo mas também

o passivo, Ross (2000, p.40) ressalta que o termo capital de giro:

refere-se aos ativos de curto prazo da empresa, tais como caixa, bancos, estoques econtas a receber, e aos passivos a curto prazo, tais como contas a pagar afornecedores e enfatiza que: “A administração do capital de giro é uma atividadecotidiana que assegura que os recursos sejam suficientes para continuar a operação,visando evitar interrupções dispendiosas. Isso envolve diversas atividadesrelacionadas aos recebimentos e desembolsos da empresa.

Assaf Neto & Silva (1995, p.15) colocam que a administração do capital de giro:

diz respeito a administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos epassivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Nesteconceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que aempresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios degerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistentecom os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção dedeterminado nível de rentabilidade e liquidez.

Estas definições permitem ampliar o conceito de capital de giro que não seja apenas

numerário disponível em caixa e/ou banco. Assim, capital de giro também é duplicatas a

receber, estoques e fornecedores.

Procura-se também compreender a questão da liquidez envolvida no capital de giro

para assegurar à empresa a sua capacidade de pagamento.

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2.1.1 Capital Circulante Líquido – CCL

É importante compreender que o foco da administração de capital de giro não está

apenas em administrar o caixa, as contas a receber e os estoques, mas também algumas fontes

de recursos oriundas do passivo, como os fornecedores e as contas a pagar. Assim o termo

Capital Circulante Líquido (CCL), pode ser definido como a diferença entre ativo circulante e

passivo circulante, conforme Figura 1 a seguir:

Figura 1 – Estrutura Patrimonial com CCL Positivo

Ativo Circulante Passivo Circulante

Exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente Patrimônio Líquido

Alguns autores procuram dar definições de Capital Circulante Líquido (CCL). Para

Groppelli (1998, p.381) o capital circulante líquido é a “quantia de dinheiro que sobra após os

passivos circulantes serem subtraídos dos ativos correntes”.

Procurando mostrar que o mesmo conceito pode ser definido a partir de diferentes

perspectivas, Gitman (2001, p. 459) apresenta o capital circulante líquido como sendo “a

diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa. Se os ativos

circulantes excederem os passivos circulantes, a empresa tem capital circulante líquido”.

Também apresenta-o como sendo a porção dos ativos circulantes de uma empresa financiada

com fundos a longo prazo.

CCL

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O conceito de capital circulante líquido revela o volume de recursos demandados no

longo prazo para o gerenciamento dos passivos correntes. O ideal para a manutenção de um

nível de liquidez compatível, é que a diferença entre o ativo e o passivo circulantes seja

positiva, conforme figura 1. Um capital circulante líquido igual a zero submete a estrutura

financeira da empresa a um certo grau de risco, conforme Figura 2. Por outro lado, na figura 3

mostra-se que um capital de giro líquido negativo submete a empresa a um grau de risco

elevado e diretamente à magnitude desta insuficiência.

Figura 2 – Estrutura Patrimonial com CCL Igual a Zero

Ativo Circulante Passivo Circulante

Exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente

Patrimônio Líquido

Figura 3 – Estrutura Patrimonial com CCL Negativo

Ativo Circulante Passivo Circulante

CCL

Exigível a Longo PrazoAtivo Permanente

Patrimônio Líquido

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O gerenciamento de capital de giro envolve a otimização de inter-relação de seus

elementos constitutivos. A busca do equilíbrio financeiro é o objetivo maior da administração

de capital de giro. Isso pode se dar, principalmente, pela obtenção de um nível de estoque

compatível com as necessidades da empresa, investimentos proporcionais em créditos a

clientes, critérios de gestão de caixa e de passivos circulantes, coerentes com um nível de

rentabilidade ótima e liquidez segura.

Assim, considerando estas definições, os gestores financeiros deparam-se com

situações de decisões que podem ditar o futuro da empresa. Dentre as mais comuns tem-se as

decisões sobre quais os volumes adequados de caixa e de estoque que minimizam os seus

custos e evitam os riscos. A decisão de venda a prazo por parte da empresa pode influenciar o

nível de vendas, bem como o de inadimplência e de estoques e a adoção de uma política de

concessão de crédito mais rigorosa ou liberal. Uma outra questão diz respeito às fontes de

financiamentos de curto prazo que a empresa estará optando para sustentar os investimentos

em ativos circulantes.

Estas são decisões vitais que realçam a importância de compreender o conceito de

Capital de Giro e poder utilizá-lo adequadamente na gestão das empresas.

Entretanto, compreender também algumas características fundamentais do Capital de

Giro poderá facilitar essa tarefa.

2.1.2 Características do Capital de Giro

Pela abrangência de diversas contas patrimoniais envolvidas na administração do

capital de giro, existem algumas características inerentes que Assaf Neto & Silva (1995 p.18)

destacam:

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o capital de giro convive com duas importantes características: curta duração erápida conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo. É nítido nos ativoscorrentes a presença de um fluxo contínuo e permanente de recursos entre seusvários elementos, estabelecendo forte inter-relação no grupo e tornando seus valoresbastante mutáveis. Por exemplo, o disponível é reduzido por compras de estoques;os estoques por sua vez, são transformados em vendas; se as vendas forem à vista,ocorre uma elevação do disponível; se as vendas forem realizadas a prazo, a conta devalores a receber é alterada, transformando-se em disponível quando dorecebimento, e assim por diante.

Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação (giro) ao

circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. Este incremento de atividade no

capital de giro proporciona, de forma favorável à empresa, menor necessidade de

imobilização de capital no ativo circulante e conseqüente incentivo ao aumento da

rentabilidade.

É no entendimento deste processo que se identifica, de forma natural e repetitiva, o

Ciclo Operacional da empresa, que se inicia na aquisição da matéria-prima para produção –

no caso de uma empresa industrial – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final.

Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais

presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento (BRAGA, 1989).

Gerir com eficácia o capital de giro requer a implementação de alto grau de giro de

seus elementos constitutivos, dinamizando o processo de conversão e reconversão desses

elementos, dinamizando-se, assim, o fluxo de operações.

Quanto maior for o giro dos itens do ativo circulante, menor será a necessidade de

investimentos nesses itens de giro, e, conseqüentemente, haverá uma sobrecarga menor em

relação aos custos gerados por esses itens e conseqüente aumento de rentabilidade (ASSAF &

NETO, 1995).

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Como visto, o administrador financeiro deve entender que esta característica de

conversibilidade dos elementos que compõem o capital de giro é que vão influenciar a

necessidade de maiores imobilizações de recursos.

Dentre os tópicos que compõem o estudo da administração financeira, o capital de giro

destaca-se pela sua importância e relevância para maximização da riqueza dos

proprietários/acionistas das empresas. Assim, discute-se esta importância no tópico seguinte.

2.1.3 Importância da Administração do Capital de Giro

O nível de capital de giro depende da natureza das operações da empresa, mas

independentemente do volume, administrar eficientemente o capital de giro acarreta uma

situação confortável de rentabilidade e liquidez, a qualquer tipo de organização.

A administração do capital de giro é uma área de extrema importância no contexto da

administração da empresa, em razão de a administração desses ativos envolver parte

significativa dos ativos totais da empresa. Sob a ótica da relevância desses ativos, dois

aspectos são importantes ao discutir-se sua administração:

As decisões relativas à administração do capital de giro são freqüentes e repetitivas,podendo ocasionar um envolvimento excessivamente operacional do administradorfinanceiro. A existência de regras inequívocas para a tomada de decisões rotineiras,compatíveis com objetivos mais amplos previamente estabelecidos, pode tornar aadministração do capital de giro mais eficiente e racional.Existe uma inter-relação significativa entre os vários componentes do capital degiro, portanto, supõe-se que a administração eficiente de um desses ativos não podeocorrer sem a análise simultânea dos reflexos e implicações na administração dosdemais ativos. (COME, 1999, p.19)

A saúde financeira da empresa e a determinação de um nível adequado de ativos

circulantes, considerados suficientes para cobrir os passivos circulantes e, assim, garantir uma

certa margem de segurança, está diretamente relacionado com a administração do capital de

giro.

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Brealey e Myers (1998, p.822) destacam que a gestão do capital de giro é um dos

temas centrais da administração financeira, uma vez que, não havendo solidez na condução

dos recursos de curto prazo, a possibilidade de dificuldades no longo prazo é maior. Assim,

para que se possa planejar a longo prazo, é fundamental que seja definida a política de curto

prazo da empresa.

Copeland e Weston apud Ribeiro (1996, p.19) consideram uma série de aspectos que

tornam este tópico muito importante para ser estudado:

Pesquisas indicam que a maior parte do tempo do administrador financeiro é voltadopara as operações internas do dia-a-dia da empresa, que podem apropriadamenteserem subassumidas sob o título de administração do capital de giro.Caracteristicamente, ativos circulantes representam mais que a metade dos ativostotais de uma empresa de negócios. Porque eles representam investimentos grandese porque estes investimentos tendem a ser relativamente voláteis, ativos circulantessão dignos da atenção cuidadosa dos administradores financeiros.A administração do capital de giro é particularmente importante para empresaspequenas. Embora tais empresas possam minimizar seus investimentos em ativospor alugar ou arrendar fábricas e equipamentos, elas não podem evitar investir emcaixa, contas a receber e estoques. Portanto, ativos circulantes são particularmentesignificantes para o administrador financeiro de uma empresa pequena. Além domais, porque uma empresa pequena tem acesso relativamente limitado aos mercadosde capital a longo-prazo, esta deve necessariamente depender intensamente docrédito comercial e empréstimos bancários a curto prazo, ambos afetando o capitalde giro por aumentar passivos circulantes.O relacionamento entre o crescimento das vendas e a necessidade de financiar ativoscirculantes é próximo e direto. O crescimento nas vendas produz necessidadessimilares imediatas para estoques adicionais e, talvez, para saldos de caixa. Taisnecessidades devem ser financiadas, e visto que elas estão tão intimamenterelacionadas ao volume de vendas, é imperativo que o administrador financeirotenha consciência dos desenvolvimentos no segmento do capital de giro da empresa.

Uma outra questão importante na administração do capital de giro refere-se a um dos

princípios básicos de finanças que é a maximização da riqueza dos proprietários e/ou

acionistas da empresa.

Gitman (2001, p. 44) ressalta que

a meta da empresa, e, por conseguinte, de todos os gerentes e empregados, émaximizar a riqueza dos proprietários da empresa. A riqueza dos proprietários desociedade anônimas é mensurada pelo preço das ações, que por sua vez é baseado

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no tempo de retorno dos resultados (fluxo de caixa), na sua magnitude e no seurisco.

Para se efetivar o princípio da maximização da riqueza do acionista, ou seja, o valor

do preço comercial de suas ações, faz-se necessário compreender como o mercado de capital

valoriza essas ações. Na verdade, o mercado reflete a informação pública quanto aos fluxos de

caixa das empresas. Os ganhos contábeis são informações valiosas somente quando eles

refletem o fluxo de caixa, e este fluxo de caixa deve ser atualizado ao valor presente.

Brealey e Myers (1998, p.24) justificam que, para o gestor financeiro maximizar o

valor atual dos fluxos de caixa deve atuar no interesse dos acionistas da empresa, e que cada

acionista deseja três coisas:

ser tão rico quanto possível, ou seja, maximizar a riqueza atual; transformar essariqueza no padrão temporal de consumo que mais deseje e escolher as característicasde risco deste plano de consumo. Mas os acionistas não precisam da ajuda do gestorfinanceiro para alcançar o melhor padrão temporal de consumo. Podem fazê-lo porsi próprios desde que tenham livre acesso a mercados de capitais competitivos.Podem, também, escolher as características de risco do seu plano de consumo aoinvestir em títulos com maior ou menor risco. Assim, como pode, então, o gestorfinanceiro ajudar os acionistas da empresa? Aumentando o valor de mercado daparticipação de cada acionista na empresa. A forma de se alcançar é aproveitar todasas oportunidades de investimento que tenham um valor atual líquido positivo.

Pela exposição fica evidente a importância do capital de giro na questão financeira das

empresas. Cabe ao gestor financeiro atender os interesses da empresa conciliando-os com os

dos acionistas.

Considerando que alguns elementos que compõem o Capital de Giro fazem parte do

ativo circulante e este, por sua vez, precisa ser financiado pelo passivo, procura-se então

compreender, no tópico seguinte, as estratégias que podem ser utilizadas para financiar tais

ativos, bem como os riscos envolvidos.

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2.1.4 Financiamento do Ativo e Risco Envolvido

O ativo circulante, como resumo das aplicações de recursos, precisa ser financiado

pelo passivo circulante, conforme dita a correspondência de recursos financeiros, ou seja, as

necessidades de fundos de curto prazo devem ser financiadas a partir de origens de fundos a

curto prazo, e as necessidades de fundos a longo prazo ou permanente devem ser financiadas

a partir de origens de fundos de longo prazo ou permanente.

Segundo Gitman (2001 p. 462), “existem duas estratégias básicas para se determinar

uma combinação aproximada de financiamentos a curto prazo (passivo circulante) e a longo

prazo – as estratégias agressiva e conservadora”. Também existem considerações que devem

ser feitas com relação ao custo e ao risco proveniente de cada estratégia, bem como a

determinação dos componentes permanentes e sazonais da necessidade de financiamento da

empresa, conforme Figura 4 a seguir:

Figura 4 – Necessidades de recursos projetadas

Meses J F M A M J J A S O N DFonte: Braga (1989, p.90)

Ativos Permanentes

Ativos Circulantes Permanentes

$

AtivosCirculantes

Temporários

NecessidadesTotais deRecursos

NecessidadesSazonais

NecessidadesPermanentes

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A necessidade permanente, que consiste de ativos permanentes mais a porção

permanente dos ativos circulantes da empresa, permanece sem mudanças durante o ano. A

necessidade sazonal, que consiste da porção temporária dos ativos circulantes, varia durante o

ano.

Uma estratégia agressiva de financiamento, que pode ser observada na Figura 5 com a

letra A, faz com que a empresa financie todos os ativos permanentes e mais uma parcela dos

ativos circulantes permanentes com fundos de recursos a longo prazo. O restante necessário

seria financiado com fundos a curto prazo. Neste caso, o custo do financiamento seria

reduzido, porém o risco seria elevado. Esse risco associado à estratégia agressiva resulta do

fato de a empresa ter apenas um montante limitado de capacidade de financiamentos a curto

prazo. Quaisquer necessidades inesperadas podem ser difíceis de serem satisfeitas.

Uma estratégia de financiamento conservadora, como mostra a Figura 5 na letra C, faz

com que a empresa financie todas as necessidades projetadas de fundos, com fundos a longo

prazo, usando o financiamento de curto prazo somente para emergências. Neste caso o custo

do financiamento seria elevado, pois a empresa estaria pagando juros desnecessariamente. O

risco associado a esta estratégia seria diminuído porque a empresa teria garantido

financiamentos suficientes para cobrir necessidades inesperadas e evitar a insolvência técnica.

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Figura 5 - Alternativas para o financiamento dos ativos circulantes

Meses J F M A M J J A S O N D

Fonte: Braga (1989, p.91)

Brealey e Myers (1998, p. 825) faz uma análise destas estratégias ressaltando que a

estratégia conservadora conduz a excedentes de tesouraria permanentes de curto prazo. A

estratégia agressiva conduz a necessidades permanentes de endividamento de curto prazo.

Uma estratégia mista, que é provavelmente a mais comum, faz com que a empresa tenha

excedentes de tesouraria de curto prazo durante uma parte do ano e recorre a empréstimos de

curto prazo durante a outra parte do ano.

Os autores afirmam que muitos administradores financeiros sentir-se-iam mais à

vontade com a estratégia conservadora do que com a estratégia agressiva, pois uma empresa

Ativos Permanentes

Ativos Circulantes Permanentes A

I

C

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com um excedente de tesouraria procedente de financiamento a longo prazo nunca necessita

se preocupar com empréstimos para pagar as contas do mês seguinte. Mas será que o

administrador financeiro é pago para se sentir confortável?

A decisão de financiamento está intimamente relacionada com o risco e, a decisão do

gestor financeiro por uma das abordagens apresentadas, pode conciliar o risco e retorno nas

empresas.

Os conceitos introdutórios, suas características, importância e tipos de financiamentos

podem auxiliar o gestor na tarefa de administrar os principais elementos envolvidos no

Capital de Giro: a administração do caixa, das contas a receber e dos estoques.

2.2 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA

A maximização do lucro das empresas depende, dentre outras variáveis, de uma

administração eficiente do caixa, ou seja, das disponibilidades. Um aspecto importante neste

sentido é que a administração do caixa é preponderante na questão da liquidez da empresa.

Assim, existe um dilema entre liquidez e rentabilidade que cabe ao administrador financeiro

gerenciar. Quanto maior a disponibilidade de caixa, mais prontamente pode-se saldar as

obrigações da empresa (JOHNSON, 1977).

No mesmo sentido, quanto maior a disponibilidade de caixa passível de aplicação na

empresa, maiores serão os lucros, até o ponto em que a perda de liquidez venha provocar

perda de descontos sobre pagamentos à vista como também afastar os fornecedores de melhor

reputação.

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Por outro lado se for possível reduzir o saldo de caixa, haverá possibilidade de aplicar

esse dinheiro em qualquer outro setor da empresa ou, se tal fato não trouxer um retorno

adequado, deverá ser devolvido aos proprietários/acionistas da empresa este excesso de

recursos para o seu próprio uso.

Segundo Brigham & Houston (1999, p.564), um dos objetivos do administrador

financeiro é minimizar o nível de caixa, sem que, ao mesmo tempo, se ponha em risco a

capacidade da empresa de saldar suas contas no seu vencimento.

A incerteza associada aos fluxos de recebimentos e pagamentos faz com que a

empresa mantenha sempre um nível adequado de saldo de caixa. Caso a empresa tivesse total

certeza dos recebimentos nas datas previstas, não se justificaria a manutenção de saldo em

caixa.

No Brasil, até 1994, as altas taxas de inflação forçavam as empresas a uma eficiente

administração de caixa para se protegerem da enorme desvalorização do recurso investido

(HOJI, 1999).

As aplicações financeiras podiam suavizar o impacto que o processo inflacionário

exercia sobre os recursos investidos em caixa. Neste sentido, Hoji (1999, p.111) salienta que

“podem ser considerados como elementos de caixa, além dos recursos monetários

(numerários e depósitos bancários à vista), as aplicações financeiras de liquidez imediata”. Os

recursos monetários não produzem nenhum rendimento direto e, geralmente, as aplicações de

liquidez imediata produzem rendimentos menores do que aplicações de prazos mais longos.

Por essas razões, o saldo de caixa deve ser mantido o mais baixo possível.

Existem alguns motivos para se manter saldos em caixa e títulos negociáveis de

liquidez imediata. Estes motivos podem ser denominados: transação, segurança e especulação.

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Cada motivo é baseado em duas questões fundamentais: (1) Qual é o grau apropriado de

liquidez que deve-se manter? (2) Qual é a distribuição de liquidez apropriada entre caixa e

títulos negociáveis?.

Neste sentido argumenta Gitman (2001, p.493):

Uma empresa mantém saldos de caixa para atender ao motivo das transações, que éfazer pagamentos planejados para itens como materiais e salários. Se fluxos deentrada e saída de caixa são bem próximos, os saldos de caixa transacionais podemser minimizados. Apesar de as empresas terem de satisfazer esse motivo, elasgeralmente tentam satisfazer também os dois motivos seguintes.Saldos mantidos para satisfazer o motivo de segurança são investidos em títulosnegociáveis altamente líquidos que podem ser imediatamente transferidos de títulospara caixa. Tais títulos protegem a empresa contra a possibilidade de não ser capazde satisfazer demandas inesperadas por caixa.Quando satisfazem seu motivo de segurança, as empresas podem investir seusfundos em excesso em títulos negociáveis, assim como em instrumentos a longoprazo. Uma empresa pode tomar essa atitude, pois ela, no momento, não tem outrouso para certos recursos ou porque ela quer ser capaz de tirar vantagem rapidamentede oportunidades que possam aparecer. Esses fundos satisfazem o motivoespeculativo, que é o menos comum dos três motivos.

Existem também alguns fatores que podem determinar o volume de recursos mantidos

em caixa por uma empresa. Segundo Johnson (1977, p.217) estes fatores podem ser assim

descritos:

• discrepâncias previsíveis entre a entrada e a saída de caixa, ou seja,

quando a empresa pode conhecer, antecipadamente, os volumes de

entradas e saídas de recursos, mesmo de grande monta e, assim, fazer as

devidas programações para a movimentação. Um instrumento chamado

Orçamento de Caixa pode ser utilizado pelo administrador financeiro

para prever estas discrepâncias entre os fluxos de caixa.

Convenientemente preparado, o orçamento de caixa deverá revelar o

escalonamento e a magnitude das saídas líquidas de caixa, bem como os

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períodos durante os quais haverá um excedente de caixa disponível para

investimento temporário;

• discrepâncias imprevisíveis entre a entrada e saída de caixa, ou seja, a

empresa deve conservar uma determinada parcela de saldo de caixa para

atender eventos que afetam qualquer empresa, e que podem interromper

a entrada de caixa ou provocar uma saída repentina, tais como greves,

inundações, falências de clientes, etc...

• disponibilidades de outras fontes de recursos, ou seja, o volume do saldo

de caixa mantido para compensar tanto os fluxos previsíveis como os

imprevisíveis dependerão, em parte, da disponibilidade e outras fontes

de recursos, tais como: proprietários/acionistas com recursos sempre

disponíveis para integralização na empresa; facilidade de obtenção de

recursos junto às coligadas e/ou bancos, etc...

Um outro problema que o administrador financeiro pode encontrar na sua tarefa de

administrar o caixa da empresa é quanto ao controle das entradas e saídas de caixa. Assim,

Johnson (1977, p. 222) propõe o:

• controle das entradas de caixa, visto que os níveis de caixa planejados só

serão possíveis através da efetivas entradas de recursos e nos volumes

planejados. Desta maneira, é imperativo a existência de controles que

permitam acompanhar os volumes e prazos das entradas de caixa e, para

tanto, duas providências são recomendadas: evitar vazamentos (fraudes)

e acelerar o recebimento das cobranças;

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• controle das saídas de caixa já que estas também influenciam

diretamente o nível de caixa planejado. Sabe-se que, normalmente as

empresas possuem poucas fontes de entradas de recursos em seus planos

de contas, porém possuem uma quantidade bem maior de contas para

registro de saídas de recursos, demandando controles adicionais. Cabe

então, ao administrador financeiro prevenir vazamentos (fraudes) e

analisar vantagens do atraso ou antecipação de pagamentos devidos,

levando em conta os custos de oportunidade.

Como levantado no início desta seção, esta-se discutindo sobre a administração de um

dos principais ativos das empresas e que podem maximizar a riqueza de seus

proprietários/acionistas ou, contrariamente, fazer com que seus patrimônios sejam

dilapidados.

Cabe, então, às empresas levantar indicadores para que possam avaliar se os

administradores financeiros estão gerenciando eficientemente os recursos investidos em caixa

e/ou títulos negociáveis.

Para tanto, Johnson (1977) sugere que seja efetuada uma comparação dos saldos atuais

de caixa da empresa com uma série histórica e com as do setor no qual a empresa pertence.

Assim, pode-se comparar os índices percentuais de caixa sobre vendas, de caixa sobre o ativo

circulante e de caixa sobre o passivo circulante.

Quanto mais as porcentagens relativas à empresa analisada se afastarem das que são

características do setor, maior deverá ser a suspeita de que a Administração do Caixa

necessita ser aperfeiçoada.

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Em uma avaliação ampla, Gitman (2001) propõe que uma análise nos ciclos

operacionais e de caixa pode esclarecer como os saldos de caixa são influenciados pelas

políticas de produção e vendas da empresa, bem como pelos procedimentos e cobrança de

receitas de vendas e pagamento de fornecedores.

Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.78), tendo em vista que investimento em caixa

representa perda de rentabilidade, a empresa deve exercer controle sobre este item sem

aumentar, em nível indesejado, o risco. O fluxo de caixa é o principal instrumento deste

controle. O caixa mínimo exigido dependerá de uma série de fatores, sendo alguns destes:

a. falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa

tende a elevar o caixa necessário;

b. grande possibilidade de ocorrência de eventos não previstos no

planejamento da empresa que representem desembolsos de caixa;

c. acesso facilitado às fontes de financiamento, seja capital próprio ou

de terceiros;

d. bom relacionamento com o sistema financeiro;

e. existência de prazo médio de recebimento de vendas acima do

necessário;

f. existência de prazo de pagamento reduzido;

g. existência de um modelo de administração de caixa claramente

definido e ajustado às operações da empresa;

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h. regularidade nos recebimentos da empresa, inclusive os decorrentes

de operações à vista.

O gerenciamento eficiente de caixa pode propiciar à empresa uma posição interessante

de liquidez sem afetar a rentabilidade das operações. Para tanto, a literatura disponibiliza

algumas ferramentas gerenciais.

2.2.1 Saldos de Caixa Desejáveis

Existem abordagens subjetivas e modelos quantitativos para determinação de saldos

de caixa desejáveis. Na abordagem subjetiva, o administrador financeiro simplesmente

poderia estimar um percentual sobre as vendas para o período seguinte para determinar o

saldo de caixa necessário para bancar as transações.

Alguns modelos quantitativos que a literatura apresenta são: Modelo do Caixa Mínimo

Operacional; Modelo de Baumol e o Modelo de Miller e Orr.

2.2.1.1 Modelo do Caixa Mínimo Operacional

É um modelo bastante simples, mas que pode ser eficiente na determinação de um

montante de recursos investidos no caixa.

Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.80):

para obter o Caixa Mínimo Operacional, basta dividir os desembolsos totaisprevistos por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir360, se a base for em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de caixa(ciclo financeiro). Lembrando que o ciclo de caixa de uma empresa corresponde aoperíodo compreendido entre o pagamento da compra de matéria-prima até omomento do recebimento das vendas.

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Pode-se dizer que, quanto maior for o giro de caixa e, conseqüentemente, menor o

ciclo financeiro, mais reduzidas se apresentam quantidades exigidas para o caixa.

Para exemplificar o modelo, assume-se alguns valores para determinada empresa:

Prazo Médio de Estocagem – PME : 40 dias

Prazo Médio de Recebimento – PMR : 38 dias

Prazo Médio de Pagamento – PMP : 50 dias

Desembolsos Operacionais Anual – DOA : R$ 4.500.000

Assim, pode-se calcular o Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro, o Giro de Caixa e o

Caixa Mínimo Operacional, conforme segue:

Ciclo de Caixa(CC) = [PME + PMR] – PMP → [40 + 38] – 50 → 28 dias

Giro de Caixa (GC) = 360/CC → 360/28 → 12,857 vezes

CMO = DOA/GC → 4.500.000/12,857 → R$ 350.000

Conclui-se que a empresa deveria manter, em média, R$ 350.000 em caixa para

atender suas necessidades de desembolsos operacionais no período.

Como visto, trata-se de um modelo bastante simples que determina o volume de

recursos a ser mantido em caixa, levando em consideração o custo de oportunidade da

empresa em manter-se ou não determinado montante de recurso.

2.2.1.2 Modelo de Baumol

De acordo com Assaf Neto & Silva (1995, p.81), “o Modelo de Baumol recebe o

nome do pesquisador que propôs utilizar o conceito de lote econômico de compra”. Tal

conceito será abordado mais adequadamente no item que trata de estoques.

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Este modelo assume que a empresa possui um fluxo de caixa onde os recebimentos

ocorrem em períodos de tempo definidos, mas os pagamentos ocorrem continuamente e de

maneira regular ao longo desse período. Assim, a empresa poderia transformar um fluxo

regular de recebimentos de caixa em diversos fluxos. Para tanto, basta aplicar parte do

recebimento inicial no mercado financeiro e, com o tempo vai sacando o recurso em diversas

parcelas.

Na Figura 6, verifica-se que é possível transformar uma situação onde existe um

recebimento de diversos pagamentos, em uma situação com um único recebimento

transformando em três recebimentos.

Figura 6 – Modelo de Baumol

0 1 Tempo 0 1 Tempo

Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, 82)

Assim, considerando que quando aplica-se um recurso no mercado financeiro tem-se

um ganho na forma de juros, mas também tem-se um custo na forma de impostos ou de

transação para resgate desta aplicação. Tem-se, então, a seguinte equação que procura

fornecer em quantos montantes iguais o recebimento original será dividido, de modo a

maximizar seu lucro, conforme segue:

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N = bRi /]..5,0[Sendo:

i = taxa de juros da aplicação financeira

R = montante recebido periodicamente

b = custo de cada operação de investimento ou resgate

Para exemplificar, assume-se que determinada empresa de serviços recebe R$

4.800.000 pelo seu trabalho no início de cada mês. Considerando um mês com 20 dias úteis,

tem-se que o desembolsos médio diário seria de R$ 240.000. Sendo a taxa de juros de

mercado 1% a.m. e cada vez que é feita uma operação de investimento ou desinvestimento, a

empresa incorre com um custo de R$ 1.500, tem-se então que:

N = 1500/)]000.800.401,05,0[( xx → N = 4 operações

Assim, a empresa deveria efetuar 4 resgates de R$ 1.200.000 (R$ 4.800.000/4), sendo

que o primeiro valor aplicado seria de R$ 3.600.000, deixando o primeiro valor de R$

1.200.000 no caixa.

Ross (1995 p.557) argumenta que o presente modelo é o mais simples e despojado

para determinação da posição ótima de caixa, porém apresenta algumas limitações, conforme

segue:

a. O modelo supõe que a empresa tem um taxa constante de desembolso. Naprática, os desembolsos só podem ser administrados parcialmente, porque asdatas de vencimento variam e os custos não podem ser previstos com certezacompleta.

b. o modelo supõe que não há entradas de caixa durante o período projetado. Narealidade, as empresas possuem tanto entradas quanto saídas de caixa todos osdias.

c. Não se prevê qualquer saldo de segurança. As empresas provavelmentedesejarão manter um saldo de segurança destinado a reduzir a possibilidade defalta.

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O Modelo de Baumol aqui apresentado é considerado um modelo de administração de

caixa denominado determinístico, pois é caracterizado pelo conhecimento do fluxo de caixa

futuro. Existem outros modelos, mais sofisticados, como o apresentado a seguir, com

características probabilísticas ou aleatórias.

2.2.1.3 Modelo de Miller e Orr

A previsão de entradas e saídas de caixa possui um certo grau de incerteza e, este grau

de incerteza sugere a aplicação de um modelo que possa solucionar esta subjetividade.

Ross (1995, p.557) relata que Merton Miller e Daniel Orr “desenvolveram um modelo

de otimização de saldos de caixa que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente

de um dia a outro. No modelo Miller-Orr, inclui-se tanto entradas quanto saídas de caixa”.

O modelo supõe que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas menos saídas

de caixa) é normal. A cada dia, o fluxo líquido de caixa poderia ser o valor esperado ou algum

valor mais alto ou mais baixo.

O modelo de Miller-Orr é geralmente considerado mais realista e apropriado do que o

modelo de Baumol, apesar da sua maior dificuldade de aplicação, em face de existência de

incertezas, por parte da empresa, quanto aos fluxos de caixa futuros.

Segundo Come (1999, p.35) o modelo de Miller-Orr para administração do caixa é

basicamente uma aplicação da teoria de limites de controle à administração do nível de caixa

e investimentos. Os limites de controle são determinados utilizando-se uma fórmula

desenvolvida por Miller e Orr. Quando o caixa da empresa ultrapassa o limite superior, são

realizados investimentos para trazê-lo ao ponto de retorno, evitando-se o excesso de liquidez.

Quando o nível de caixa cai abaixo de limite inferior, são efetuados resgates das aplicações

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(desinvestimentos) também para trazê-lo de volta ao ponto de retorno, restabelecendo-se a

liquidez da empresa.

Assaf Neto & Silva (1995, p.85), apresenta um exemplo de aplicação deste modelo.

Para tanto, a equação abaixo determina o ponto de retorno z*:

( )3 2* ..75,0 idbmz +=Sendo:

m = o menor valor que pode assumir o caixa, determinado pela empresa.

b = custo de cada transação de investimento ou resgate.

i = taxa de juros diária.

d2 = variância diária do caixa.

Também se faz necessário estabelecer o limite máximo que o fluxo de caixa não pode

ultrapassar, o qual é dado pela equação h*:

h* = m + 3z*

Supondo-se uma taxa de juros de 1% ao dia, um custo de R$ 2,85 por transação, um

limite inferior de R$ 50 e uma variância diária de caixa de R$ 62.900, tem-se o seguinte

resultado:

Z* = $ 50 + 01,0/)6290085,275,0( xx → $ 287

h* = $ 50 + 3 x 287 → $ 911

Graficamente pode-se visualizar esta situação através da Figura 7, onde no 13º dia, o

saldo de caixa ultrapassa o limite superior (R$ 911). Nesta situação, deve-se reduzir o volume

de recursos existente no caixa através de um investimento. O montante da transferência de

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recursos deve ser o suficiente para que o caixa final seja igual ao ponto de retorno, ou seja, R$

287. No 18º dia, ocorre o inverso, ou seja, o saldo de caixa é menor que o limite inferior (R$

50). Nesta situação, a empresa resgata investimentos de tal forma que o caixa final atinja o

ponto de retorno, ou seja, R$ 287.

Figura 7 – Modelo de Miler-Orr – Exemplo

13º 18º Tempo

Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, p.88)

A aplicação do modelo está condicionada à incerteza nos recebimentos e pagamentos

efetuados pela empresa, e esta questão de incerteza é tratada no tópico seguinte.

2.2.2 Incerteza na Previsão de Caixa

Segundo Gitman (2001, p.205), o risco é a chance de perda financeira. O gestor

financeiro, quando da elaboração do planejamento de caixa, deve trabalhar com a incerteza.

Segundo Ribeiro (1996, p.54), “as fontes de incerteza são numerosas: incerteza quanto à

previsão de vendas; incerteza quanto aos recebimentos; incertezas quanto aos custos de

h* $ 911

z* $ 287

m $ 50

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produção; incertezas quanto ao mercado em si e diversas outras fontes de incertezas que

afetam o processo de decisão”. Além de muito cuidado no preparo da programação e da

previsão de caixa, existem dois modos de se reduzir a incerteza.

O primeiro seria preparar diversos planos, um baseado em uma projeção pessimista,

outro com base de ocorrência mais provável, e um terceiro baseado em projeções otimistas. A

este método, segundo Ribeiro (1996, p.55), dá-se o nome de análise de sensitividade. A

execução de diversos planos permite ao administrador financeiro ter em mãos diversos

quadros, possibilitando diversas tomadas de decisões.

O segundo modo é através da análise de simulação, a qual permite simular a

ocorrência de várias variáveis, como vendas, recebimentos, custos de produção, e assim por

diante. Esse método estatístico desenvolve uma distribuição probabilística dos fluxos de caixa

para um período de tempo pré-determinado, capacitando o administrador financeiro a

determinar as estratégias necessárias com relação aos excedentes e déficits de caixa.

Deste modo, as empresas devem estar preparadas para reagir rapidamente neste

ambiente de incertezas. Para isso, o planejamento de caixa a curto prazo forma um valioso

instrumento, indispensável no processo de tomada de decisões.

Os indicadores a seguir facilitam o entendimento das inter-relações entre os elementos

que compõem o Capital de Giro e como influenciam o nível de investimento em caixa.

2.2.3 O Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa

Ao gerenciar de forma eficiente estes ciclos, o administrador financeiro pode manter

um nível baixo de investimento em caixa e, dessa forma, contribuir para a maximização da

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riqueza do proprietário/acionista da empresa. A Figura 8 demonstra, para melhor

compreensão, o ciclo operacional e o ciclo de caixa ou ciclo financeiro:

Figura 8 – Representação do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro

Fonte: Adaptado de Gitman (2001, p.495)

Sendo:PMP – prazo médio de pagamento

PME – prazo médio de estocagem

PMR – prazo médio de recebimento das duplicatas

Na representação da Figura 8 tem-se que o Ciclo Operacional inicia-se quando a

empresa compra mercadorias a prazo para revenda ou matérias-primas a serem aplicadas na

produção e vai até o momento em que a empresa recebe as duplicatas oriundas da venda a

prazo das mercadorias ou do produto acabado. Este ciclo é um tempo, normalmente em média

de dias, composto pelo prazo médio de estocagem (PME) e pelo prazo médio de recebimento

(PMR), os quais somados apresentam o Ciclo Operacional, assim tem-se que:

Compra de Venda a PrazoRecebimento da Mat.Prima a Prazo do Produtos

da Duplicata

P. M. E. P. M. R.

P.M.P.

Pagto aosFornecedores

Ciclo Operacional (CO) = PME + PMR

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Trata-se, portanto, de um período médio em que são investidos recursos nas operações

sem que ocorram as entradas e caixa correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada

pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento

O Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro (CF) inicia-se com o pagamento aos

fornecedores de mercadorias ou de matérias-primas e encerra-se com o recebimento das

duplicatas originadas pelas vendas a prazo, ou seja, é o período durante o qual a empresa

financia suas operações sem a participação dos fornecedores, conforme esquema a seguir:

Segundo Braga (1989, p.127) “quanto maior o ciclo financeiro, mais recursos próprios

e de terceiros (exceto fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações,

provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade da empresa”.

Ainda, segundo o autor, os prazos de estocagem e de cobrança afetam

significativamente as necessidades de recursos para financiar o giro das operações. Os prazos

para pagamento concedidos pelos fornecedores suprem parte dessas necessidades. A parcela

remanescente deverá ser coberta por outras fontes de recursos, durante um período

correspondente ao ciclo financeiro. Estes recursos deverão gerar custos para a empresa, que

podem ser custos de oportunidade, caso utilize aportes de capital próprio ou custos

financeiros, caso sejam provenientes de capital de terceiros.

Diante do exposto, cabe ao administrador financeiro reduzir o Ciclo Financeiro para

otimizar o uso dos recursos necessários para bancar suas operações e reduzir os custos

correspondentes.

Ciclo Financeiro (CF) = CO - PMP

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Neste sentido, Braga (1989, p.129) propõe as seguintes estratégias para reduzir o Ciclo

Financeiro da empresa:

a) Retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer o conceito creditícioque a empresa possui junto aos mesmos.b) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso derigor na cobrança, e, desde que sejam economicamente justificáveis, oferecerdescontos financeiros para estimular a antecipação de pagamento que facilitarãoalcançar os objetivos desta estratégia.c) Elevar o giro dos estoques, reduzindo o prazo médio de estocagem, até um pontoa partir do qual haveria riscos de paralisação do processo produtivo por falta demateriais e de perda de vendas por falta de mercadorias.

Cada uma das estratégias mencionada produz um efeito positivo para os resultados da

empresa. Ou seja, fazem com que o Ciclo Financeiro possa ser reduzido, aumentando o Giro

de Caixa e reduzindo a necessidade de Caixa Operacional. Assim, para um dado nível de

operações, quanto menor for a necessidade de Caixa Operacional, mais eficientemente

estarão sendo administrados os recursos da empresa.

A compreensão da influência do Ciclo Operacional e do Ciclo de Caixa nos resultados

da empresa induz à discussão de questões quanto à administração dos valores a receber da

empresa, as suas políticas e os modelos de análise de concessão de crédito.

2.3 ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER

Um dos ativos de grande importância para a manutenção da saúde financeira da

empresa está alocado em valores a receber, representados por duplicatas a receber, créditos a

receber e, principalmente, nos dias de hoje cheques a receber. É evidente que se a empresa

pudesse optar pela venda de suas mercadorias, produtos ou serviços à vista ou vendê-los a

prazo, a escolha recairia sobre a primeira opção (BRIGHAM & HOUSTON, 1999, p.581).

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53

No entanto, sabe-se que uma empresa tem valores a receber porque ela vendeu a prazo

e, assim o fez porque o mercado como um todo exige. É um argumento de venda, bem como

uma facilidade para o consumidor que deseja o produto e/ou serviço, mas que não tem

condições de adquiri-lo a vista.

Assim, não se concebe que uma empresa venda a prazo e, portanto, em alguns casos,

tenha uma carteira volumosa de valores a receber e não administre corretamente estes

recursos ou tampouco tenha uma política, formalizada ou não, de concessão de crédito e de

cobrança.

Braga (1989, p.114) destaca que conceder crédito aos clientes representa assumir

custos e riscos que não existem nas vendas à vista, tais como:

• despesas com a análise do potencial de crédito dos clientes;

• despesas com a cobrança das duplicatas;

• risco de perdas com os créditos incobráveis;

• custo dos recursos aplicados nas contas a receber;

• perda de poder aquisitivo do valor dos créditos em decorrência do

processo inflacionário.

Considerando tais custos e riscos, fica evidente a necessidade de se estabelecer

políticas de concessão de crédito para minimizar tais eventos, conforme será tratado no tópico

a seguir.

2.3.1 Políticas de Crédito

Considerando a importância deste ativo, o gestor deve estar seguro quanto à

conversibilidade dos créditos da empresa. O recebimento ou não, das duplicatas ou cheques,

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nas datas estipuladas quando da realização da venda a prazo, dependerá da forma como e para

quem foi efetuada a venda.

Segundo Braga (1989, p.116) “a política de crédito de uma empresa fornece os

parâmetros que determinam se deve ser ou não concedido crédito a um cliente e, em caso

afirmativo, qual o valor do limite de crédito a ser atribuído”.

Assim, a concessão de crédito demandará:

• análise dos demonstrativos financeiros do cliente, inclusive das

demais empresas do grupo;

• consulta às fontes de referência cadastral, tais como: fornecedores,

bancos, agências especializadas, etc.;

• visita às instalações da empresa e entrevistas com seus principais

executivos para aferir o nível de organização, a capacidade gerencial,

etc..

Quanto ao tipo de política de crédito, tem-se situações em que aquele que concede o

crédito utiliza-se de um certo rigor para selecionar seus clientes. Neste caso, a empresa terá

menores despesas com os departamentos de crédito e de cobrança, menor índice de atrasos e

de perdas com duplicatas incobráveis, mas também terá um menor volume de vendas. Alguns

clientes que costumam liquidar suas duplicatas com atraso seriam rejeitados e provavelmente

iriam comprar dos concorrentes. Por outro lado, uma política de crédito mais liberal

provocaria um maior volume de vendas, mas aumentaria as despesas com a administração da

carteira, bem como os atrasos e a inadimplência.

Em uma situação real, as empresas podem alterar o seu tipo de política de crédito de

liberal para mais rigorosa e vice-versa. Estas alterações e seus efeitos resultam em variações

no volume de vendas e despesas.

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2.3.2 Efeitos das Alterações nas Políticas de Crédito

Conforme citado no final do tópico anterior, quando a empresa altera seu padrão de

concessão de crédito, algumas variáveis financeiras influenciam o recebimento sobre as

vendas, o investimento sobre os estoques, a inadimplência e as despesas de cobrança.

Scherr apud Ribeiro (1996, p.66) ressalta vários fatores que sofrem impactos de

acordo com as mudanças nas políticas de crédito, tais como:

Recebimento sobre vendas. Todas as vezes que a firma institui uma nova política de

crédito poderá resultar em mudanças no volume e no tempo de recebimento das vendas.

Se por exemplo, a empresa diminui os seus prazos de vendas, fatalmente os clientes

terão que efetuar pagamentos mais rápidos, e na maioria das vezes, devido as exigências

maiores quanto ao prazo, o volume de vendas cairá e conseqüentemente, também o lucro da

empresa.

Investimento em estoque. Muitas decisões de políticas de crédito resultam em um

aumento ou decréscimo no volume de vendas. Essas mudanças no volume de vendas requer

um aumento ou uma diminuição nos estoques.

Os estoques das empresas estão diretamente ligados com as necessidades da demanda.

Se, por exemplo, a empresa toma a decisão de aumentar as suas vendas, primeiramente ela

deverá analisar a sua capacidade produtiva e o tempo necessário para se ajustar à nova

situação.

Desconto e despesas com devedores duvidosos. Essas despesas são deduções do nível

esperado de entradas de caixa de vendas futuras. A alteração na política de crédito no sentido

de facilitar as condições para compra, seja maior prazo de pagamento ou maior limite de

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crédito, provoca um aumento nas vendas aos clientes já existentes e a novos clientes. Ambas

as situações poderão provocar um aumento das despesas com devedores duvidosos.

Tempo de despesas de capital. Quando uma mudança na política de crédito afetando o

volume de vendas é feita, essa mudança pode também afetar o tempo e o montante de

despesas de capital.

No Quadro 3 demonstra-se os efeitos da relação entre os elementos de uma política de

crédito sobre o comportamento do volume de vendas, despesas gerais de crédito e

investimento em valores a receber.

Quadro 3 – Relação entre medidas de crédito e elementos de uma política de crédito

Padrões de Crédito Prazo deCrédito

DescontosFinanceiros

Política de Cobrança

Liberal Rígida Amplo Menor Elevado Baixo Liberal Rígida

Volume de Vendas + - + - + - + -

Despesas de

Crédito

+ - + - - + + -

Investimentos em

Contas a Receber + - + - - + + -

Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, p.109)

2.3.3 Concessão de Crédito

Antes de efetivar a venda para um novo cliente, o gestor deve efetuar uma análise

minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Venda a prazo efetuada sem os devidos

cuidados tem grande possibilidade de se tornar um valor não recebível. A concessão de

crédito é uma resposta individual da empresa a cada cliente. Se o cliente satisfizer as

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condições mínimas preestabelecidas pela empresa, poderá existir financiamento por parte da

empresa para sua compra.

2.3.4 Modelos de Análise e Concessão de Crédito

Quando a empresa tem uma clientela pequena e regular, o gestor de crédito poderá

facilmente tratar o processo de investigação de um modo informal. Mas, quando a empresa

vende diretamente a consumidores finais ou tem um grande numero de pequenos clientes, é

essencial alguma sistematização (BREALEY e MYERS,1998).

O gestor, quando do processo de analisar e conceder crédito, conta com algumas

técnicas e modelos qualitativos e quantitativos que podem facilitar e dar maior segurança ao

seu trabalho.

2.3.4.1 Abordagem Qualitativa de Análise

Segundo Ribeiro (1996), uma análise qualitativa relacionando o histórico do negócio

do comprador à sua potencialidade e forma de gerenciamento, é considerada uma abordagem

tradicional, e que pode ser utilizada para verificar o merecimento do crédito por parte do

interessado.

Gitman (2001, p.518) apresenta algumas dimensões que podem ser levadas em

consideração pelo analista de crédito para fundamentar sua decisão. Estas dimensões,

chamadas os 5 C’s do Crédito são: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral e Condições,

conforme descritos a seguir:

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• Caráter – o registro histórico do requerente em cumprir obrigações

passadas – financeiras, contratuais e morais. A história de

pagamentos passados, assim como quaisquer processos legais em

andamento ou já julgados contra o requerente, serão usados.

• Capacidade – a capacidade do requerente de ressarcir o crédito

pedido. Análises de demonstrações financeiras, com particular

ênfase na liquidez e no endividamento, são usadas para avaliar a

capacidade do requerente.

• Capital – a força financeira do requerente, como refletida por sua

posição patrimonial. Uma análise da dívida do requerente,

relativamente à sua liquidez e às suas taxas de lucratividade, são

freqüentemente usadas para avaliar seu capital.

• Colateral – o montante de ativos que o requerente tem disponíveis

para o uso em dar garantia ao crédito. Quanto maior for o montante

de ativos disponíveis, maior a chance que uma empresa tem de

reaver seus recursos se o requerente faltar com sua obrigação. Uma

análise de balanço e avaliações do valor dos ativos do requerente,

assim como quaisquer demandas legais levantadas contra os ativos

do requerente, podem ser usadas para avaliar sua garantia real.

• Condições – o cenário econômico empresarial atual, assim como

quaisquer circunstâncias específicas afetando qualquer uma das

partes com relação à transação de crédito.

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Percebe-se, nesta abordagem, um certo grau de subjetividade, exigindo analistas de

crédito com uma certa experiência, evitando-se assim decisões equivocadas. Para suprir esta

subjetividade, tem-se modelos que tratam de variáveis quantitativas.

2.3.4.2 Modelo de Buckley

O Modelo de Buckley, também conhecido como Modelo de Crédito Sistemático, é o

resultado do inter-relacionamento de três outros modelos: Modelo de Marketing; Modelo

Estatístico e Modelo Contábil.

Segundo Come (1999, p.65)

a função do Modelo de Marketing é diferenciar o risco de crédito em termosquantitativos. Mesmo fatores subjetivos relativos ao crédito, como o Caráter e aCapacidade do solicitante, são tratados através de métodos analíticos, de forma a seestabelecer pesos e formas de medição que possam ser demonstrados em termosquantitativos.

Para se estabelecer um elo entre as pontuações e os possíveis grupos que constituem

fatores de risco para a empresa, faz-se necessário o uso de um modelo estatístico. Esse

modelo fornece o conhecimento necessário sobre as características da população, que precisa

ser conhecida para desenvolvimento do modelo de crédito. Os modelos estatísticos mais

usados são: o modelo uniforme (utilizado com grandes populações onde as características são

conhecidas); o modelo de Gauss (utilizado com grandes populações onde as características

não são conhecidas, mas são presumidos) e o modelo de Poisson (utilizado para pequenas

populações com baixo risco de crédito).

O modelo contábil segue as relações definidas na análise custo-volume-lucro. Ele

serve para determinar a taxa mínima de rentabilidade aceita em investimentos nos grupos de

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crédito, ou seja, com quais riscos deve-se aceitar ou rejeitar um cliente, e até que ponto as

informações de crédito são necessárias. Assim, assume-se que os custos fixos não variam em

nenhum momento em relação ao volume de vendas e que os custos variáveis variam de forma

direta e proporcional às mudanças no volume vendido (COME,1999; RIBEIRO,1996).

Ressalta-se que, o sucesso do modelo depende de que as variáveis de análise sejam

consideradas simultaneamente e que haja uma cooperação entre vários grupos de especialistas

para solução de problemas complexos.

2.3.4.3 Árvore de Decisão

O modelo da Árvore de Decisão assemelha-se à planta, pois sugere ramificações que o

analista de crédito pode seguir para tomar sua decisão. Neste sentido Come (1999, p.61)

argumenta que:

árvore de decisão pode ser descrita como um diagrama de decisão. Conformedefinições existentes, um diagrama de decisão consiste de ramos interconectados,cada um dos quais representa um ato que o tomador de decisões deve escolher ouum evento sobre o qual o tomador de decisões deve aprender. Pode-se definir aindacomo um diagrama de um problema decisório seqüencial, com ramos individuaisassociados a decisões potenciais e sobre os quais os resultados seqüenciais doscálculos de valores esperados podem ser exibidos.

2.3.4.4 Credit Scoring

Este modelo utilizado para análise da concessão de crédito, segundo Silva (2002,

p.72), é analítico e automatizável, e consiste em estabelecer pontos para cada item

considerado relevante no processo de crédito. Alguns exemplos de itens a serem pontuados

são os seguintes:

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• pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de

escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do

crédito, cartões de crédito, tempo de residência no imóvel, etc;

• pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de

endividamento, imóveis próprios, etc.

É comum a utilização deste modelo em empresas que necessitam de rápida decisão da

liberação ou não do crédito visto a sua grande facilidade de operacionalização. A

desvantagem do modelo está em não levar em conta perspectivas futuras favoráveis ou não do

cliente.

2.3.5 Gestão dos Recursos Investidos em Duplicatas a Receber

Tratando-se de ativos que representam grande parte dos ativos totais de algumas

empresas, a gestão dos valores a receber pode ser avaliada por alguns indicadores contábeis e

financeiros.

Segundo Braga (1989, p.114), “ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um

nível adequado de receitas de vendas, a administração financeira tenta minimizar os recursos

aplicados em duplicatas a receber, objetivando maximizar a taxa de retorno global”.

Assim, tem-se dois indicadores de eficiência na gestão dos recursos investidos em

duplicatas a receber: o giro das duplicatas a receber e o prazo médio de cobrança.

Um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no

financiamento das vendas a prazo e, por sua vez, um giro baixo demonstra uma menor

eficiência na gestão destes recursos.

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O prazo médio de cobrança, como o próprio nome traduz, apresenta um tempo médio,

normalmente em dias, em que a empresa demora para receber suas duplicatas. Quanto maior

for o giro das duplicatas a receber, menor será o tempo de recebimento. As fórmulas são

apresentadas abaixo:

Fonte: Adaptado Braga (1989)

Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.132), uma medida largamente adotada no

controle da carteira de valores a receber é o DVR – Dias de Vendas a Receber. Este indicador

mostra o montante de contas a receber em número de dias de vendas, conforme fórmula a

seguir:

Fonte: Adaptado Braga (1989)

Os autores exemplificam que caso o DVR de um determinado mês for igual a 18, isto

indica que 18 dias das vendas efetuadas pela empresa ainda não foram recebidas, constando

da carteira de realizáveis.

Giro da Duplicatas a Receber = Receita Bruta de Vendas a Prazo Saldo Médio das Duplicatas a Receber

Prazo Médio de Cobrança = Saldo Médio Dupl a Receber x Nº dias Período Receita Bruta de Vendas a Prazo

DVR = Valores a Receber no Período Vendas do Período / Nº de dias do Período

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A administração eficiente dos valores a receber pode ser amparada pelo

estabelecimento de políticas de crédito e cobrança e de adoção de modelos qualitativos e

quantitativos de análise de concessão de crédito.

No entanto, tem-se outro grupo de ativos, também circulantes, mas que podem ter um

grau de conversibilidade em menor escala que os recebíveis e, portanto, precisam de um

tratamento cuidadoso para evitar maiores investimentos e custos em estoques, principalmente

em empresas industriais, cujo ciclo de atividades que vai da compra de matéria-prima até o

recebimento das duplicatas oriundas das vendas seja elevado.

2.4 ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES

Os estoques representam um importante item do ativo circulante e provocam custos

financeiros e despesas operacionais. Do ponto de vista operacional, os estoques permitem

certas economias na produção e também regulam as diferenças de ritmo entre os fluxos

principais de uma empresa. Se ela for do ramo industrial, os estoques regulam o fluxo de

entrega de matérias-primas e componentes, o fluxo de produção e o fluxo com que os

produtos são entregues para a distribuição ou o consumo.

Com freqüência, a produção não consegue responder rapidamente a aumentos bruscos

da demanda, havendo necessidade de estoques de produtos acabados para atender a esses

aumentos. Em outras ocasiões, a entrega de matérias-primas não acompanha as necessidades

da produção, pelo que também se justificam os seus estoques.

Do ponto de vista financeiro, basta lembrar que estoque é investimento e conta como

parte do capital da empresa. Quanto maiores os estoques, maior é o capital total. Como taxa

de retorno é computada como o quociente dos lucros brutos (antes da dedução do imposto de

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renda) pelo capital, é claro que, quanto maiores os estoques, sendo as outras condições

idênticas, menor será a taxa de retorno, que é o indicador mais usado de eficiência de gestão.

Também sob ótica financeira, outro conceito básico é o índice de rotação dos estoques,

definido como o quociente do valor da produção anual pelo valor médio empatado em

estoques de matérias-primas, componentes e material em processo, conforme será tratado em

item posterior.

Nas indústrias, os estoques permitem separar as etapas do processo de fabricação e

favorecem a otimização das operações realizadas pelas áreas de suprimentos, produção e

vendas. Em curto intervalo de tempo, os níveis de estoques de matérias-primas, de produtos

em elaboração e acabados podem elevar-se significativamente, mas a eliminação deste

excesso pode levar muito mais tempo, afetando a situação financeira da empresa, bem como

prejudicando a sua rentabilidade.

Cabe ao administrador financeiro gerenciar este recurso de forma a minimizá-lo. Este

fato, porém, pode trazer alguns conflitos de interesses entre as demais áreas funcionais que

compõem a empresa. A área de vendas tem interesse que haja o maior nível de estoques

possível de produtos acabados para atender a demanda do mercado, pois a existência de

disponibilidades nos estoques torna-se um argumento de vendas. A área de suprimentos e de

produção tem interesse que haja o maior volume possível de estoque de matérias-primas e de

produtos em elaboração ou acabados para atender a área de vendas.

Assim, a administração financeira deve buscar mecanismos para tomar decisões

integradas, conjuntas e não parciais e solitárias. Essa integração tem permitido o surgimento

de novas estratégias para a administração dos estoques, tais como os métodos JIT-just-in-time,

MRP-Material Requirements Planning, OPT-Optimized Production Technology, além dos

tradicionais Sistema ABC, Lote Econômico (LE) e Ponto de Pedido.

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Antes da apresentação dos modelos de gerenciamento de estoques, é importante

discutir os custos e riscos envolvidos na estocagem, a relação entre o nível de estoques e de

duplicatas a receber e a eficiência na gestão dos recursos investidos em tais ativos.

2.4.1 Custos e Riscos da Estocagem

A manutenção de itens em estoque, seja de matéria-prima ou de produtos acabados,

implica em assumir custos e riscos que podem variar de acordo com o volume estocado.

Braga (1989, p.102) apresenta alguns deles:

Custos de Capital: correspondem aos recursos investidos nos materiais e produtosestocados, nas instalações e nos equipamentos utilizados na movimentação física earmazenagem.Custos das Instalações: envolvem o valor de locação de galpões, preditos einstalações utilizadas, imposto predial e taxas de serviços públicos, despesas demanutenção, limpeza, iluminação, refrigeração ou calefação, serviços auxiliares,seguro e depreciação das instalações e equipamentos.Custos dos Serviços: compreendem dispêndios com a mão-de-obra utilizada narecepção, armazenagem, deslocamentos internos e expedição; custos dos registros econtroles administrativos; seguro dos estoques.Riscos da Estocagem: relativos a furtos, deterioração, obsolescência, queda nospreços de mercado, etc.

2.4.2 A Relação entre o Estoque e as Duplicatas a Receber

Dependendo da política de concessão de crédito que a empresa adotar para realização

de suas vendas a prazo, haverá uma maior necessidade, ou não de itens em estoque. Caso a

empresa faça opção de flexibilizar seu padrão de concessão de crédito, ela pode levar seus

clientes a comprar em quantidades maiores, reduzindo seus estoques médios e aumentando a

média de investimentos em duplicatas a receber. Neste caso, ela estará convertendo o

investimento em estoque para duplicatas a receber que, por sua natureza, é mais econômico.

Com relação a este fato, Gitman (2001, p.534) apresenta que:

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o nível e a administração de estoque e as duplicatas a receber se relacionamestreitamente. Geralmente, em empresas industriais, quando um item é vendido, elevai do estoque para duplicatas a receber e ao final para o caixa. Devido à relaçãoestreita entre o estoque e as duplicatas a receber, seu gerenciamento não deveria servisto de forma independente. Por exemplo, a decisão de conceder crédito para umcliente pode resultar em um aumento nas vendas, que podem ser apoiadas apenaspor níveis maiores de estoque e duplicatas a receber. Os prazos de crédito maisdilatados vão também afetar o investimento em estoque e as duplicatas a receber,pois permitem que a empresa mova itens do estoque para duplicatas a receber.Geralmente, tal estratégia é vantajosa, pois o custo de manter um item no estoque émaior do que o custo de se manter uma duplicata a receber.

2.4.3 Gestão dos Recursos Investidos em Estoques

Uma medida de eficiência na administração dos recursos imobilizados em estoques é

dada pelo prazo médio de estocagem e pelo giro dos estoques.

Segundo Braga (1989, p.102), em face dos padrões observados em cada ramo de

negócios, estoques com baixa rotação representam fundos ociosos, enquanto um giro alto

significa otimização dos recursos investidos. Portanto, tem-se as seguintes expressões:

Ainda segundo o autor, deve ser ressaltado que o giro encontrado corresponde a uma

média global dos valores dos estoques e que determinados itens certamente apresentam

rotações muito diferentes do giro global. Neste caso, deve-se calcular o giro para cada linha

de produtos ou grupo de mercadorias e atuar sobre os itens que acusaram baixa rotação. Se os

Giro dos Estoques = Custo das Vendas Saldo Médio dos Estoques

Prazo Médio de Estocagem = Saldo Médio dos Estoques x Nº dias período Custo das Vendas

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referidos itens não apresentarem grande expressão no valor total dos estoques, o giro global

não estará distorcido e fornecerá uma medida adequada para fins de gestão financeira, quando

comparados com uma série histórica da própria empresa ou ao setor de atividade a que

pertence.

2.4.4 Técnicas de Administração dos Estoques

Existem algumas técnicas de gerenciamento dos estoques que podem ajudar o

administrador financeiro a cumprir o seu papel de maximizar a riqueza do

proprietário/acionista da empresa.

• Sistema ABC

Tem-se nas empresas itens em estoque que exigem um grande investimento em

valores monetários, mas que, porém, possuem um pequeno número de itens, chamados de

Grupo A. Por outro lado, existem itens que possuem uma grande quantidade, mas que

representam uma pequena expressão no valor total dos estoques, chamados de Grupo C. E,

finalmente, existem os itens chamados de Grupo B, pois possuem quantidades e valores

intermediários.

Segundo Braga (1989, p.106), constituídos por bens de elevado valor unitário, os itens

do Grupo A, devem ser administrados de acordo com as suas características específicas

mantendo-se um rigoroso controle. Os itens do Grupo C são formados por bens de pequeno

valor unitário e geralmente de fácil obtenção, podendo ser tratados com menor rigor e

controlados de forma mecânica e simples. Para os itens do Grupo B, compostos de bens de

valor unitário médio, devem ser calculados os respectivos lotes econômicos e pontos de

pedido.

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• Lote Econômico de Compra - LEC

Esta técnica leva em conta vários custos operacionais e financeiros, assim como

determina a quantidade de pedidos que minimizam o custo total do estoque. Neste sentido

Assaf Neto & Silva (1995, p.146) argumentam que:

o lote econômico procura a melhor estratégia para determinar qual será a quantidadeque deverá ser mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deverá fazer novopedido. Para tanto, o LEC ajuda a encontrar a quantidade ótima de cada pedido, demodo que os custos totais, compreendidos pelo custo do pedido e o custo deestocagem, sejam os menores possíveis. Como a demanda por período é conhecida,ao encontrar a quantidade por pedido que minimiza os custos da empresa pode-seobter a quantidade de pedidos do período relacionado com a demanda.

No entanto, antes de aplicar o LEC-Lote Econômico de Compra, os autores

apresentam algumas premissas básicas para o modelo, conforme segue:

o demanda constante: a demanda pelo produto é constante por unidade de

tempo (dia, quinzena, mês);

o recebimento instantâneo do estoque: o recebimento das unidades de

estoques pedidas são recebidas imediatamente;

o não existe desconto: o fornecedor não oferece desconto por compras em

volumes maiores;

o os preços não se alteram: não haverá mudanças nos preços durante o

período analisado;

o não existe risco: o LEC considera somente a variável rentabilidade no

modelo, relegando, assim, a questão do risco;

o existem dois tipos de custo: o custo de estocagem e o custo do pedido;

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o cada estoque é analisado independentemente: o LEC considera que a

administração de estoques é independente para cada produto. A gestão

de um item do estoque não afeta a gestão de outros itens.

• Sistema Just-in-Time – JIT

As técnicas de gestão de estoques apresentadas anteriormente (Sistema ABC e Lote

Econômico) são consideradas técnicas tradicionais. O Sistema JIT é considerado, pela

bibliografia, uma técnica mais moderna e atualizada. Ela foi concebida por empresas

japonesas e é utilizada por grandes empresas no mundo todo (RIBEIRO, 1996).

O sistema JIT consiste em substituir a gestão de estoques baseados na demanda por

um método de produção flexível, bem delimitada (com pequenos lotes) e com produtos de alta

qualidade. Os bens são produzidos e entregues assim que eles são necessários.

Segundo Silva (2002, p.86), o sistema JIT foi desenvolvido com o objetivo de ser

utilizado em fábricas onde os empregados possuem motivação e mobilização, com grande

liberdade de ação. É um sistema que “puxa” a produção da fábrica, inclusive até o nível de

compras, pelas necessidades geradas na montagem final. Com o JIT, a produção só começa

quando existir um produto demandado pelo cliente, ou seja, o processo depende da existência

da demanda.

Um dos objetivos da formação de estoques nas empresas é com o intuito de estabilizar

o processo produtivo, ou seja, formam-se estoques para que o fluxo de produção seja

contínuo. Em sentido contrário, conforme ressalta Gitman (2001, p.539), a filosofia JIT prega

que os materiais devem chegar exatamente no tempo em que eles são necessários para a

produção. A empresa teria apenas estoque de produtos em processo. O sistema não usa, ou

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usa muito pouco, os estoques de segurança. Uma ampla coordenação deve existir entre a

empresa e seus fornecedores para assegurar que os insumos de material cheguem a tempo.

• O Sistema MRP

O MRP – sigla para Material Requirements Planning, ou Planejamento das

Necessidades de Material –, segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.166), é uma técnica para

converter a previsão de demanda, de um item de demanda independente, em uma

programação das necessidades das partes componentes do item. Dos itens de uma indústria,

alguns têm demanda que depende da demanda de outros, e somente uma pequena parcela tem

uma demanda que depende tão somente do mercado.

Assim, um item utilizado na fabricação de um produto final depende não do mercado,

mas do produto final. Como conseqüência da definição de produtos com demanda dependente

e independente é que a demanda do primeiro deve ser feita com base na demanda do segundo,

e não de acordo com o lote econômico.

A partir da data e da quantidade em que um produto final é necessário, obtém-se as

datas e as quantidades em que suas partes componentes são necessárias. A essa desagregação

do produto em suas partes componentes, dá-se o nome de explosão. (MOREIRA, 1993, p.

529).

Ainda segundo Moreira, o MRP pode ser visto como um sistema de controle de

estoques de itens de demanda dependente. Neste sentido, ele é um sistema proativo, dado que

evita a manutenção de estoques, a não ser aqueles destinados a eventualidades (estoques de

reserva). As quantidades dos itens, que serão necessárias à produção, são adquiridas

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(compradas, montadas ou fabricadas) apenas numa data tal que estejam disponíveis no

momento certo de serem usadas na produção.

O sistema pode operar em base semanal, com diversas fórmulas para cálculo dos lotes

de compras, fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de material em

processo, como estoque de matérias-primas, partes, sub-montagem e produtos acabados.

Come (1999, p.78) destaca que a maior vantagem do MRP consiste em utilizar

programas de computadores complexos, levando em consideração todos os fatores relevantes

para conseguir o melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos, mesmo que

a fábrica tenha muitos produtos produzidos em quantidade, de uma semana para outra.

• OPT – Optimized Production Technology

Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.170), o sistema OPT é uma abordagem de

administração de empresas baseada no conceito de gargalo. Assim, afirma-se que existem

dois tipos de recursos na empresa: o recurso gargalo e o recurso não-gargalo. Se uma

empresa tem excesso de capacidade em todos os seus recursos, ainda assim existirá o mercado

como um fator restritivo.

O OPT considera que a empresa deve dar importância aos recursos gargalos, pois são

eles que determinam a gestão da empresa, inclusive a gestão de estoques.

O gestor deve dar atenção aos recursos gargalo, pois obter uma capacidade adicional

neste tipo de recurso significa obter capacidade adicional para toda a empresa. Por outro lado,

economizar ou aumentar a capacidade de recursos não-gargalo não influi em nada no

resultado como um todo da empresa.

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Conclui-se que o OPT defende a formação de estoques somente de recursos gargalo

que podem paralisar as atividades da empresa. A existência destes estoques objetiva evitar

que a falta de insumo paralise um recurso gargalo e, por conseqüência, a empresa perca

capacidade de produção.

2.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

Diversos são os interessados nas medidas de desempenho empresarial. As próprias

empresas necessitam de indicadores que mostrem o comportamento de seus resultados para

avaliar estratégias e estabelecer metas. Também o mercado, representado pelos investidores,

procura informações para subsidiar decisões de investimentos. Uma questão importante é

definir qual o melhor critério para a medida do desempenho empresarial. Neste sentido, tem-

se indicadores tradicionais de desempenho e algumas novas ferramentas de avaliação.

• Indicadores tradicionais

Segundo Tavares (2002, p.85), a utilização de indicadores de desempenho favorece a

obtenção de informações que não são facilmente identificados numa análise direta das

demonstrações financeiras publicadas. Nesse sentido, o índice fornece a idéia quantitativa das

relações estabelecidas entre duas ou mais variáveis. A partir dessa idéia quantitativa, o

analista, dependendo de seu conhecimento teórico, experiência prática, conhecimento do ramo

de atividade analisado, sensibilidade e intuição, poderá construir diagnósticos e conclusões

diferentes da análise.

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O acompanhamento da evolução dos índices é, portanto, um orientador do

comportamento da empresa, auxiliando verificar se as estratégias adotadas estão surtindo os

efeitos esperados.

A teoria financeira apresenta alguns indicadores dispostos em grupos de análises:

o Índices de Liquidez – avaliam por meio de um quociente, os ativos e

passivos de curto prazo, com a finalidade de avaliar a capacidade da

empresa saldar seus compromissos.

o Índices de Rentabilidade – medem o sucesso empresarial, relacionando o

lucro gerado com outros itens, como o capital investido, as vendas, etc.

o Índices de Estrutura – analisam o grau de dependência da empresa em

relação a capital de terceiros e o nível de imobilização de capital.

o Índices de Eficiência Operacional – mostram o grau de renovação das

contas patrimoniais.

Segundo Braga (1989), para avaliação da eficiência da gestão do capital de giro, a que

se propõe um dos objetivos deste trabalho, existem dois indicadores muito importantes que

auxiliam o analista nesta tarefa: O Ciclo Operacional e o Ciclo Financeiro (ou Ciclo de

Caixa), cujas fórmulas viu-se anteriormente no ítem 2.2.3 e que se repete abaixo:

Ciclo Operacional(CO) = PME + PMR

Ciclo Financeiro(CF) = CO - PMP

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Assim, a empresa pode avaliar o impacto de suas estratégias e/ou políticas de

cobrança, estocagem e de pagamentos aos fornecedores diretamente na gestão do capital de

giro, ou seja, quanto maiores forem os prazos de estocagem e de recebimento (PME e PMR),

e menor for o prazo de pagamento aos fornecedores (PMP), maior será o seu Ciclo

Operacional e o seu Ciclo Financeiro e, conseqüentemente, mais recursos próprios e de

terceiros (exceto fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando

custos financeiros e afetando a rentabilidade.

• Novas ferramentas de avaliação

As empresas vêm buscando desenvolver novos instrumentos que orientam o

comportamento da empresa, de forma mais ampla, mesmo que o principal foco de análise de

desempenho se baseie na já tradicional e usual área financeira. Alguns autores destacam

dentre os vários indicadores, o valor presente líquido, a taxa de retorno sobre investimento,

taxa de crescimento das vendas e lucratividade. (BRAGA,1989; GITMAN,2001; HOJI,

1999).

Outros indicadores permitem, segundo Tavares (2002, p.87), maior amplitude de

análise e são destacados abaixo:

o EBITDA – leia-se em português: lucro antes de juros, impostos,

depreciação e amortização. É uma medida que procura avaliar o

desempenho da área operacional da empresa, uma vez que não leva em

consideração outros efeitos como juros e impostos.

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o EVA – leia-se em português: valor econômico agregado. Pode ser

entendido como sendo a relação entre a rentabilidade da empresa frente

ao capital que ela aplicou para gerar essa rentabilidade.

o MVA – market value added - é uma medida de valor que uma empresa

cria para seus investidores, ou seja, considerando o valor investido,

quanto poderá ser posteriormente retirado.

• Trabalhos realizados na área

Uma característica da maioria dos estudos desenvolvidos sobre finanças de curto prazo

é a utilização de informações extraídas dos demonstrativos contábeis das empresas. As

análises de desempenho feitas com base nestes demonstrativos são insuficientes por não

considerarem informações que não podem ser contabilizadas. Outra característica importante

é o fato de que estudos realizados, cujo tema central era o capital de giro, tinham como

referência as grandes empresas brasileiras, normalmente de capital aberto, fato que, de certa

forma, facilita o desenvolvimento das pesquisas, pois tem sua base de dados disponíveis em

aplicativos como o Economática, Macrométrica e outros. Maiores detalhamentos dos

trabalhos realizados na área por ser obtido em Tavares (2002), Sousa (1996), Sousa (1997) e

Fusco (1996).

Os trabalhos procuraram construir conhecimento sobre a gestão do capital de giro e,

alguns deles, buscavam relacionar o tema com uma segunda variável como o crescimento da

empresa, o nível de vendas, a estratégia adotada para o financiamento, a liquidez, ou o retorno

obtido.

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Assim, procura-se contribuir para a melhoria do entendimento do assunto, através de

um dos objetivos da pesquisa, que é avaliar o impacto das estratégias adotadas na

administração do capital de giro pelas médias e grandes indústrias, relacionando-as com o

seus desempenho quanto ao Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro, bem como com o nível de

inadimplência, volume de estoques e recursos em caixa/bancos.

2.6 CONCEITOS ABORDADOS

Considerando o propósito básico desta pesquisa que é o de identificar e caracterizar os

conceitos e técnicas relacionadas à administração do capital de giro, bem como verificar o

grau de domínio e utilização pelos administradores das médias e grandes indústrias da Região

de Londrina, levantou-se junto à literatura diversas técnicas e modelos, apresentadas por

diferentes autores e resumidas no quadro 4.

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Quadro 4 – Modelos de Gestão das Contas que Compõem o Capital de Giro

Modelos Autores Citados Desenvolvimento TeóricoPolítica de Capital deGiro:- Conservadora- Intermediária- Agressiva

Brealey &Myers(1998);Gitman (2001)Braga (1989)

As estratégias conservadora e agressiva de financiamento doativo, estão interligadas com o risco e o retorno. Cada qualapresenta diferentes componentes permanentes e sazonais denecessidade de financiamento da empresa.

Técnicas deAdministração deCaixa:- Caixa MínimoOperacional- Modelo de Baumol- Modelo Miller-Orr

Hoji (1999)Gitman (2001)Johnson (1977)

Assaf Neto & Silva(1995)

Ross (1995)Come (1999)Sousa (1997)

O CMO apresenta um nível mínimo de recursos colocados adisposição para bancar os desembolsos operacionais. Baumolconsidera que na empresa existem entradas periódicas de caixa esaídas constantes de recursos. Miller-Orr estabelecem limites decontrole com saldos mínimos e máximos de caixa. Quandoultrapassados estes limites, ocorrem resgate ou aplicaçõesfinanceiras.

Política de ConcessãoCrédito:- Análise cadastral- Análise contábil efinanceira- Parecer vendas- Análise custobenefício

Braga (1989)Ribeiro (1996)

Assaf Neto & Silva(1995)

Ribeiro (1996)Gitman (2001)Sousa(1996)

A política de concessão de crédito é um guia para a decisão decrédito, porém não é a decisão; rege a concessão de crédito,porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito parao objetivo desejado, mas não é o objetivo em si. A política definea forma pela qual a empresa vai conduzir as suas operações, se deuma forma conservadora ou liberal.

Técnicas de Concessãode Crédito:- Os 5 C`s do Crédito- Modelo de Buckley- Árvore de Decisão- Credit Scoring

Ribeiro (1996)Gitman (2001)Come (1999)Silva (2002)Fusco (1996)

Os 5 C’s do crédito são fatores subjetivos que visam dar aoanalista condições de detectar situações além dos dadosnuméricos. Buckley procura considerar simultaneamente osmodelos de marketing, estatístico e contábil. O modelo de Árvorede Decisão consiste em um diagrama com ramificações que otomador de decisão deve escolher. O Credit Scoring estabelecepontos para cada item considerado relevante no processo deconcessão de crédito

Técnicas deAdministração deEstoques:- Sistema ABC- Modelo do LEC- Just-in-time- MRP- OPT

Braga (1989)Gitman (2001)

Assaf Neto & Silva(1995)

Moreira (1993)Come (1999)Fusco (1996)

O Sistema ABC classifica os estoques em três categorias, porordem de importância, quanto ao valor dos investimentos emcada uma. O modelo do LEC determina a quantidade ótima decompra de um item de estoque com o fim de minimizar os custostotais de estocagem. O sistema JIT descreve que os insumosdevem ser recebidos no exato momento em que são requeridos naprodução, levando à redução extrema, ou mesmo à eliminaçãodos estoques de segurança. O MRP é um sistema que fazsimulações e determina o que e quando encomendar, e quais asprioridades nas emissões de pedidos de materiais. No sistemaOPT as ordens de fabricação são vistas como tendo de passar porfilas de espera nos diversos postos de trabalho da fabrica e assim,determina-se prioridades de fabricação.

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Particularmente, neste capítulo 2, buscou-se atender o primeiro objetivo específico da

pesquisa: Identificar e definir as principais técnicas e conceitos relacionados à administração

do capital de giro.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 TIPOLOGIA DE ESTUDO

Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve chegar aos diferentes

processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Pode-se entender

por método o caminho lógico ou seqüência lógica de atividades, cujo objetivo é proporcionar

ao pesquisador uma orientação geral, que é estritamente necessária para a produção e

interpretação do conhecimento adquirido.

Os trabalhos científicos podem ser classificados de acordo com algumas categorias.

Uma destas categorias, segundo Cooper e Schindler (2003, p.129), é quanto ao grau em que as

questões de pesquisa foram cristalizadas, que remete a um estudo exploratório ou formal. O

estudo exploratório, normalmente, apenas desenvolve hipóteses ou questões para pesquisa

adicional. Os estudos formais começam onde terminam a exploração, ou seja, começa com

uma questão de pesquisa e envolve procedimentos precisos e especificações de fontes de

dados. O objetivo de um estudo formal de pesquisa é responder à questão de pesquisa.

Segundo Cooper e Schindler (2003, p.136) os estudos formais atendem a alguns

objetivos de pesquisa, a saber:

a) descrever características associadas com a população-alvo (o quem,

que, quando, onde e como de um tópico);

b) estimar proporções de uma população que tenha essas características;

c) descobrir associações entre as diferentes variáveis.

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Assim, segundo o autor, estes objetivos de um estudo formal são normalmente

associados aos estudos descritivos.

Através de uma análise dos diferentes tipos de pesquisa, identifica-se como a mais

adequada, para o desenvolvimento do presente trabalho, o uso de um estudo descritivo.

Justifica-se a utilização deste instrumento, pelo fato de os objetivos do estudo já estarem bem

definidos. O pesquisador sabe exatamente o que pretende com a pesquisa, como buscar as

informações e como verificar a freqüência com que as mesmas ocorrem. O caráter descritivo

da pesquisa é evidente porque pretende expor as características da administração do capital de

giro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr. Considerados os objetivos já

traçados, o estudo descritivo mostrará se essas empresas realizam a administração do capital

de giro, quem a executa, em que profundidade e quais os procedimentos administrativos

adotados para tanto.

Dentro do processo descritivo será realizado um estudo de campo. Com base em

Mattar (1993, p.89), os estudos de campo não estão muito direcionados a geração de grandes

amostras representativas de uma população e, sim, ao estudo medianamente profundo de

algumas situações. O estudo de campo é amplamente vantajoso quando existe um alto grau de

homogeneidade entre os elementos da população.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA

Em função das perguntas que esse estudo pretende responder, a população pesquisada

é composta por empresas industriais de médio e grande porte da região de Londrina-Pr,

conforme Cadastro das Indústrias da FIEP - Federação das Indústrias do estado do Paraná e

CIN – Centro Internacional de Negócios do Paraná, versão 2002 em CD-R.

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Assim, definir-se-á o que pode ser entendido por médias e grandes empresas

industriais, para os fins deste trabalho.

Existem alguns órgãos e entidades que tentam definir uma classificação de tamanho

para as empresas brasileiras. Algumas entidades usam como critério de estudo o número de

empregados e outros usam o faturamento obtido. Neste estudo adotou-se a classificação do

Sebrae (1998, p.11), que utiliza a classificação pelo número de funcionários, conforme

critérios a seguir:

de 001 a 019 funcionários – Micro empresa;

de 020 a 099 funcionários – Pequena empresa;

de 100 a 499 funcionários – Média empresa

Acima de 500 funcionários – Grande empresa

Conforme relação fornecida pela Delegacia Regional da Federação das Indústrias do

Estado do Paraná-FIEP – Regional Londrina, existem na região de Londrina-Pr, cerca de 102

médias e grandes indústrias, ou seja, empresas que atendem o critério estabelecido de porte.

Nesse sentido, foram contatadas todas as médias e grandes empresas industriais, ou

seja, que possuem 100 (cem) ou mais funcionários.

A opção por realizar o presente estudo em empresas que possuem este delimitado

quadro de funcionários, deve-se ao fato de que, aparentemente, estas firmas possuem uma

estrutura administrativa funcional, o que caracteriza a distribuição das tarefas administrativas

por unidades funcionais mais especializadas: produção, comercial, suprimento, finanças,

pessoal e outros.

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Os participantes do processo de investigação foram os administradores financeiros (ou

gerentes financeiros), constituindo, à primeira vista, um aspecto homogêneo em termos de

obtenção de resultados.

As questões importantes consideradas foram:

∗ o interesse dos indivíduos em participar do estudo;

∗ o envolvimento das pessoas com o problema em questão; e

∗ a motivação dos indivíduos em fornecer informações.

Em um primeiro momento pretendeu-se realizar um censo com a população. No

entanto, nem todas responderam o questionário enviado pelo Correio, mesmo após diversos

contatos telefônicos.

Do total de 102 (cento e dois) questionários enviado às empresas, obteve-se um

retorno de 61 (sessenta e um), o que representa um índice de devolução de 59,80 %. As

demais empresas alegaram que não poderiam prestar as informações solicitadas.

3.3 COLETA DE DADOS

Os dados primários, relacionados à pesquisa de campo, foram coletados junto aos

responsáveis pela administração financeira das empresas pesquisadas, através da realização de

uma survey auto-administrada, sendo enviado pelo correio um questionário com 28 perguntas

(ver apêndice 1) contendo questões que levaram o respondente a escolher uma resposta entre

várias possibilidades (escala de categoria simples ou escala de múltipla escolha com resposta

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única), enquanto que outras o conduziram a ordenar as alternativas em termos de sua

importância relativa para a empresa (escala de ranqueamento forçada).

Uma etapa prévia fundamental para a realização da pesquisa é a execução de um pré-

teste. O pré-teste para levantamento de dados foi executado com o propósito de garantir uma

realização mais segura do mesmo. Isso porque, até em questionários cuidadosamente

estruturados, os erros só são detectados através de um estudo-piloto.

O pré-teste foi realizado em uma empresa industrial, do mesmo porte das pesquisadas,

na cidade de Arapongas-Pr, mas que não consta na relação da FIEP, e, portanto, não faz parte

da população, visto que seu número de funcionários passou de 100(cem) apenas neste ano,

segundo informações obtidas junto á própria empresa.

O primeiro contato foi com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná-FIEP.

Neste primeiro momento, buscou-se o envolvimento desta entidade de classe como uma

forma de apoio para a realização das entrevistas, e como uma maneira de obter as informações

adequadas sobre quais empresas compõem o universo da pesquisa.

De posse do conhecimento das empresas que foram objetos de estudo, procurou-se

estabelecer contato com os profissionais de interesse para a pesquisa, colocando-os a par do

trabalho que estava sendo realizado, identificando o pesquisador como aluno do Programa de

Mestrado da UEL/UEM, como professor da Universidade Estadual de Londrina com o apoio

da FIEP. Através desse contato buscou-se, também, marcar as datas propícias para o envio do

questionário.

Em seguida, encaminhou-se o questionário, uma carta de apresentação da FIEP, uma

carta explicando os motivos da pesquisa e um envelope selado para retorno.

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3.4 MENSURAÇÃO

Quanto à mensuração dos dados coletados, foram utilizados dados nominais e

ordinais. Justifica-se o uso dos dados nominais porque coletou-se informações sobre variáveis

que podem ser agrupadas em categorias, como por exemplo, se as empresas utilizam-se ou

não de técnicas de administração de estoques ou de caixa.

Justifica-se o uso de dados ordinais porque deve-se estar coletando informações de

acordo com escalas de preferências dos respondentes, ou seja, classificando as respostas de

acordo com uma ordem, como por exemplo, quais as técnicas que as empresas usam para

decidir sobre a concessão de crédito.

Quanto a escala de classificação das respostas, neste trabalho utilizaram-se a escala de

categoria simples, também chamada dicotômica, que oferece duas escolhas de resposta

mutuamente exclusivas (como por exemplo se as empresas fazem ou não seu planejamento

financeiro); a escala de múltipla escolha com resposta única, quando há opções múltiplas para

o respondente, mas apenas uma resposta é buscada (como por exemplo qual o intervalo de

previsão de caixa); e a escala de ranqueamento forçada que lista atributos que serão

classificados em relação aos outros (como por exemplo, quais seriam os principais princípios

financeiros que a empresa se utiliza para tomar decisões sobre o capital de giro).

Para análise dos dados coletados, em um primeiro momento, optou-se por uma análise

descritiva com exposição de tabelas originadas pela utilização do aplicativo SPSS. No

segundo momento, para rejeição ou não das hipóteses nulas listadas, aplicou-se o teste não-

paramétrico Exato de Fisher, com nível de significância de 5%.

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3.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS

Para a análise das hipóteses, procurou-se definir as variáveis utilizadas. Estas

definições procuram dar maior uniformidade sobre conceitos usados exclusivamente para

atender os objetivos do presente trabalho, não refletindo necessariamente situações externas a

ele.

Conforme exposto no capítulo introdutório, buscou-se analisar diversas relações entre

as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, segundo definições de Cooper e

Schindler (2003, p.140).

As variáveis de propriedade são características mais estáveis de uma organização

que não dependem de circunstâncias para a sua ativação, sendo definidas neste trabalho como:

Segmento industrial – atividade principal da indústria, dentro da

classificação definida pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná –

FIEP.

Porte da Empresa – tamanho da indústria, por número de

funcionários, segundo classificação do Sebrae, sendo média empresa as que

possuem entre 100 e 499 funcionários e grande empresa as que possuem

mais de 500 funcionários.

Nível de Formação e Intensidade de Treinamento dos Gestores

– grau de escolaridade entre o ensino primário e pós-graduação, bem como a

freqüência em cursos e treinamentos por ano dos responsáveis pela

administração financeira das empresas.

Compreensão Conceitual das Práticas de Gestão Teoricamente

Consolidadas – optou-se por considerar a empresa que compreende que

administrar capital de giro é administrar os ativos e passivos circulantes

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como um todo, como sendo aquela que conhece conceitualmente as práticas

de gestão que a teoria disponibiliza.

As variáveis de comportamento referem-se a uma ação ou uma prática, sendo

definidas neste trabalho como:

Utilização de Técnicas de Administração de Caixa – refere-se à

utilização ou não de técnicas de gerenciamento de caixa disponibilizadas

pela teoria, tais como: Caixa Mínimo Operacional, Modelo de Baumol e

Modelo de Miller-Orr.

Utilização de Técnicas e Políticas de Concessão de Crédito –

diz respeito à utilização ou não de técnicas para analisar e conceder crédito

aos clientes da empresas, tais como: Análise Cadastral, o 5 C’s do Crédito,

Árvore de Decisão e outros.

Utilização de Técnicas de Gerenciamento de Estoques – diz

respeito à utilização ou não técnicas de gestão dos estoques das empresas,

tais como: Sistema ABC, Modelo do LEC, JIT, MRP e OPT.

Adoção de Práticas de Gestão Teoricamente Consolidadas –

optou-se por considerar a empresa que adota pelo menos uma em cada

grupo de técnicas de gestão do caixa, estoques, crédito e valores a receber,

como sendo aquela que adota práticas de gestão teoricamente consolidadas.

As variáveis de resultado referem-se a uma reação ou desempenho resultante, sendo

definidas neste trabalho como:

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Nível de Caixa – as empresas podem aumentar, diminuir ou

manter estável a quantidade de recursos disponíveis na forma de dinheiro

em caixa e/ou aplicações financeiras, em resposta à adoção de técnicas de

gerenciamento de caixa.

Prazo Médio de Recebimento – refere-se ao prazo médio de

recebimento das duplicatas originadas pelas vendas a prazo da empresa que

podem aumentar, diminuir ou manter-se estável, em resposta à adoção uma

política de concessão de crédito.

Prazo Médio de Estocagem – diz respeito ao prazo médio de

estocagem das matérias-primas, dos produtos em elaboração e dos produtos

acabados da empresa que podem aumentar, diminuir ou manter-se estável,

em resposta à adoção de uma técnica de gerenciamento de estoques.

Desempenho do Ciclo Financeiro – refere-se ao período médio

em que a empresa financia suas operações, sem a participação dos

fornecedores, e que provocam despesas financeiras, prejudicando o seu

resultado. Este período pode aumentar, diminuir ou manter-se estável, em

resposta à adoção de práticas consolidadas, formação dos gestores, porte da

empresa ou segmento a que pertence.

3.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

No Quadro 5 que se segue, interliga-se os objetivos específicos, anteriormente

mencionados, com as respectivas questões investigativas que constam no questionário,

conforme apêndice 1, a ser enviado aos administradores financeiros das empresas.

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Quadro 5 – Relação dos Objetivos Específicos com as Questões do Instrumento deColeta de Dados

Objetivos Específicos Questões Investigativas

Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores e o domínioconceitual

01, 02, 03, 04, 09, 10, 11, 12 e 20

Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro 05, 06, 07, 08, 13, 14, 15, 16, 17, 18,19, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A análise e interpretação dos resultados da pesquisa devem permitir descrever se os

responsáveis pela administração do capital de giro das empresas objeto do estudo conhecem e

como utilizam o ferramental teórico-técnico disponibilizado pela literatura. A partir da

tabulação das respostas obtidas, pode-se condensar os resultados, o que conduz à formação de

uma idéia geral sobre os aspectos pesquisados.

Neste sentido, as respostas foram analisadas de duas formas. Inicialmente efetuou-se

uma análise descritiva para caracterizar as empresas pesquisadas e suas práticas de gestão

bem como verificar o perfil e o domínio conceitual dos responsáveis pela administração

financeira.

Num segundo momento testou-se as hipóteses levantadas com a finalidade de

descrever as relações entre as características de propriedade das empresas; dos gestores; as

práticas utilizadas agrupadas como variáveis de comportamento e os resultados verificados

em termos de impactos no ciclo financeiro.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA

Na análise a seguir, procurou-se descrever as características das empresas pesquisadas

e dos seus gestores, bem como as suas práticas de gestão quanto ao controle de direitos e

obrigações à curto prazo, ou seja, quanto ao capital de giro e os resultados obtidos pelas

empresas.

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90

4.1.1 Caracterização das Empresas e dos Gestores da Área Financeira

Neste tópico descreve-se características permanentes de propriedade das empresas e

de seus gestores, as quais não dependem de circunstâncias para a sua ativação.

Considerando-se a amostra estudada de 61 médias e grandes indústrias da região de

Londrina-Pr, observa-se na tabela 1 que quarenta e uma indústrias (67,2%) tem sua forma

jurídica constituída em quotas por responsabilidade limitada (Ltda); 17 indústrias (27,9%) são

sociedades anônimas (S/A) e que 3 são cooperativas (4,9%)

Tabela 1 – Estrutura Legal

Forma Jurídica Freqüência PorcentagemS/A 17 27,9Ltda 41 67,2Cooperativas 3 4,9Total 61 100,0

Quanto à atividade principal, foi utilizada a classificação por atividades da Federação

das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP e, assim, tem-se que vinte e seis indústrias (42,6%)

estão enquadradas na fabricação de produtos alimentícios e bebidas; doze indústrias (19,7%)

estão enquadradas na fabricação de móveis; quatro indústrias (6,6%) fabricam artigos de

vestuários e acessórios; quatro indústrias (6,6%) fabricam produtos têxteis; quatro indústrias

(6,6%) na fabricação de artigos de couro; quatro indústrias (6,6%) na fabricação de produtos

de metal; três indústrias (4,9%) na fabricação de aparelhos e materiais elétricos; duas

indústrias (3,3%) na fabricação de máquinas e equipamentos e uma indústria cada (1,6%) na

fabricação de artigos de borracha e materiais eletrônicos, conforme tabela 2 a seguir:

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Tabela 2 – Atividade Principal Conforme Classificação da FIEPAtividade Principal Freqüência Porcentagem

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 26 42,6Fabricação de produtos têxteis 4 6,6Fabricação de artigos de vestuário e acessórios 4 6,6Preparação de couro e fabricação de artigos de couro 4 6,6Fabricação de artigos de borracha e plástico 1 1,6Fabricação de produtos de metal 4 6,6Fabricação de máquinas e equipamentos 2 3,3Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 3 4,9Fabricação de materiais eletrônicos 1 1,6Fabricação de móveis 12 19,7Total 61 100,0

Sendo a pesquisa direcionada às médias e grandes indústrias, encontrou-se quarenta e

seis indústrias (75,4%) possuindo entre 100 e 499 funcionários, sendo, portanto, consideradas

médias, e quinze indústrias (24,6%) com mais do que 500 funcionários, sendo consideradas

grandes, conforme tabela 3.

Tabela 3 – Número de FuncionáriosPorte da Empresa Freqüência PorcentagemMédia (100 a 499 funcionários) 46 75,4Grande (acima de 500 funcionários) 15 24,6Total 61 100,0

Quanto à atividade de contabilização das operações, observa-se na tabela 4 que

cinqüenta e uma indústrias (83,6%) o fazem dentro da própria empresa, e que apenas dez

indústrias (16,4%) contratam profissionais terceirizados.

Tabela 4 – Local da ContabilidadeLocal Freqüência PorcentagemDentro da própria empresa 51 83,6Por terceiros contratados 10 16,4Total 61 100,0

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Quanto à identificação dos responsáveis por estabelecer as diversas políticas que

compõem o capital de giro, observa-se, na tabela 5, que trinta e uma indústrias (50,8%)

indicaram como sendo o Diretor/Gerente Financeiro; dezessete indústrias (27,9%) indicaram

um Grupo de Diretores; doze indústrias (19,7%) indicaram o Presidente/Diretor Geral e

apenas uma indústria (4%) indicou outros responsáveis.

Tabela 5 – Responsáveis pelas Políticas de Capital de GiroCargo Freqüência Porcentagem

Grupo de diretores 17 27,9Presidente/Gerente Geral 12 19,7Diretor/Gerente Financeiro 31 50,8Outros 1 1,6Total 61 100,0

Quanto ao nível de escolaridade dos responsáveis pela administração do capital de

giro, o nível primário foi apontado, conforme tabela 6, por oito indústrias (13,1%), o nível

superior foi apontado por vinte e seis indústrias (42,6%) e com pós-graduação, vinte e sete

indústrias (44,2%). Ressalta-se que dos respondentes com apenas nível superior, tem-se

quatorze graduados em Administração, três em Ciências Contábeis, dois em Matemática e

Direito e, em Enfermagem, Economia, Processamento de Dados, Agronomia e Engenharia

Civil tem-se um em cada indústria.

Tabela 6 – Nível de EscolaridadeNível de Escolaridade Freqüência PorcentagemPrimário/secundário 8 13,1Superior 26 42,6Pós-graduação – especialização 24 39,3Pós-graduação – Mestrado/Doutorado 3 4,9Total 61 100,0

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No que diz respeito ao tempo de permanência na função de gerenciamento do capital

de giro, tem-se que em 52 indústrias (85,3%) os responsáveis estão na função há mais de

cinco anos, sendo que em 37 indústrias (60,7%) estão há mais de 10 anos, conforme tabela 7.

Tabela 7– Tempo de Permanência na FunçãoTempo na função Freqüência PorcentagemMenos de 1 ano 3 4,9De 1 a 3 anos 1 1,6De 3 a 5 anos 5 8,2De 5 a 10 anos 15 24,6Mais de 10 anos 37 60,7Total 61 100,0

Quanto a participação em cursos e/ou treinamento na área financeira, verifica-se na

tabela 8, que quarenta e dois gestores (68,9%) participam pelo menos uma vez por ano de

cursos e/ou treinamentos na área financeira. Também verifica-se que treze gestores (21,3%)

não participa de nenhum treinamento.

Tabela 8 – Freqüência em Cursos e/ou Treinamento na Área FinanceiraFreqüência de treinamento Freqüência PorcentagemMais de 3 vezes por ano 17 27,9Duas vezes por ano 9 14,8Uma vez por ano 16 26,2Uma vez a cada dois anos 6 9,8Não participa de treinamento 13 21,3Total 61 100,0

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4.1.2 Práticas de Gestão Adotadas

Neste tópico descreve-se características de comportamento das empresas, que refletem

as suas ações ou práticas adotadas para gerenciamento do capital de giro.

Quando questionadas sobre a existência de uma política formalizada para a

administração do capital de giro, mostra-se na tabela 9 que trinta indústrias (49,2%)

afirmaram possuir uma política informal, enquanto que vinte três indústrias (37,7%)

afirmaram possuir uma política formal e, oito indústrias (13,1%) responderam que não

possuem política alguma.

Tabela 9 – Existência de Política para Administração de Capital de GiroPolítica Freqüência Porcentagem

Formal 23 37,7Informal 30 49,2Sem política 8 13,1Total 61 100,0

Quando perguntadas sobre qual conta patrimonial as indústrias exercem um maior

controle gerencial, pode-se verificar, na tabela 10, por ordem de importância (1º maior

controle do que o 2º, o 2º maior controle do que o 3º, e assim sucessivamente):

1º maior controle:

• trinta e nove indústrias (63,9%) consideram a conta caixa/bancos;

• doze indústrias (19,7%) consideram a conta estoques;

• nove indústrias (14,8%) consideram a conta duplicatas a receber;

• uma indústria (1,6%) considera a conta fornecedores.

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2º maior controle:

• vinte e cinco indústrias (41%) consideram a conta duplicatas a

receber;

• quinze indústrias (24,6%) consideram a conta estoques;

• doze indústrias (19,7%) consideram a conta fornecedores;

• dez industrias (16,4%) consideram a conta caixa/bancos.

3º maior controle:

• vinte e duas indústrias (36,1%) consideram a conta duplicatas a

receber;

• dezessete indústrias (27,9%) consideram a conta estoques;

• quinze indústrias (24,6%) consideram a conta fornecedores.

4º maior controle:

• trinta e três indústrias (54,1%) consideram a conta fornecedores;

• dezessete indústrias (27,9%) consideram a conta estoques.

Assim, tem-se a seguinte ordem das contas que as empresas exercem um maior

controle gerencial:

1º - Caixa e Bancos

2º - Duplicatas a Receber

3º - Estoques

4º - Fornecedores

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Tabela 10 – Contas Patrimoniais que exercem maior Controle Gerencial

Percentagem da ordem das contas assinaladasContas Patrimoniais Nº de

Empresas 1º 2º 3º 4ºCaixa/Bancos 61 63,9 16,4 11,5 8,2

Estoques 61 19,7 24,6 27,9 27,9

Duplicatas a Receber 61 14,8 41,0 36,1 8,2

Fornecedores 61 1,6 19,7 24,6 54,1

O intervalo de tempo utilizado para elaboração do fluxo de caixa, segundo dados

levantados pela pesquisa e mostrados na tabela 11, é: diário para vinte e sete indústrias

(44,3%), semanal para vinte e quatro indústrias (39,3%), mensal para sete indústrias (11,5%)

e trimestral para três indústrias (4,9%).

Tabela 11 – Periodicidade do Fluxo de CaixaFluxo de Caixa Freqüência Porcentagem

Diariamente 27 44,3Semanalmente 24 39,3Mensalmente 7 11,5Trimestralmente 3 4,9Total 61 100,0

Na questão que procura identificar quais os itens que as empresas consideram

importante conhecer ao realizar a previsão de caixa, pode-se verificar, na tabela 12, por ordem

de importância (1º mais importante do que o 2º, o 2º mais importante do que o 3º, e assim

sucessivamente):

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1º mais importante:

• trinta e duas indústrias (52,5%) consideram as implicações de

diferentes simulações de previsão de vendas;

• quatorze indústrias (23%) consideram as sobras e as deficiências de

caixa;

• treze indústrias (21,3%) consideram as implicações das políticas

alternativas de estoque.

2º mais importante:

• vinte indústrias (32,6%) consideram as implicações das políticas

alternativas de estoques;

• dezenove indústrias (31,1%) consideram as sobras e deficiências de

caixa;

• treze indústrias (21,3%) consideram as implicações de diferentes

simulações de previsão de vendas.

3º mais importante:

• vinte e duas indústrias (36,1%) consideram as implicações das

políticas alternativas de estoques;

• dezesseis indústrias (26,2%) consideram as implicações resultantes

das diferentes políticas de crédito.

Assim, tem-se a seguinte ordem dos itens que as empresam consideram importantes

conhecer ao realizar a previsão de caixa:

1º - Implicações de diferentes simulações de previsão de vendas.

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2º - Implicações nas políticas alternativas de estoques.

3º - Implicações nas políticas de crédito.

Tabela 12 – Itens Considerados Importantes para Realização do Fluxo de Caixa

Percentagem da ordem dos itens assinaladosItens Importantes Nº de

Empresas 1º 2º 3º 4ºImplicações na previsão de vendas 61 52,5 21,3 16,4 8,2Sobras e deficiências de caixa 61 23,0 31,1 21,3 24,6Implicações nas políticas deestoques

61 21,3 32,8 36,1 9,8

Implicações nas políticas decrédito

61 1,6 13,1 26,2 55,7

Ainda com relação à Administração de Caixa, a importância relativa das estratégias

que a empresa utiliza para agilizar as entradas de recursos, pode ser verificada na tabela 13 (1º

mais importante do que o 2º, o 2º mais importante do que o 3º, e assim sucessivamente):

1º mais importante:

• quarenta e uma indústrias (67,2%) procuram selecionar bancos mais

eficientes para acelerar a cobrança e compensação;

• oito indústrias (13,1%) oferecem descontos para pagamentos

antecipados;

• seis indústrias (9,8%) procuram receber antecipadamente os cheques

dos seus clientes.

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2º mais importante:

• vinte e duas indústrias (36,1%) procuram receber antecipadamente

os cheques dos seus clientes e oferece descontos para pagamento

antecipados;

• doze indústrias (19,7%) oferecem seleciona bancos mais eficientes.

3º mais importante:

• vinte e nove indústrias (47,5%) procuram receber antecipadamente

os cheques dos seus clientes;

• vinte e três indústrias (37,7%) oferecem descontos para pagamentos

antecipados.

Assim, tem-se a seguinte ordem das estratégias utilizadas pelas empresas para agilizar

as entradas de recursos:

1ª - Seleção de bancos mais eficientes.

2ª - Recebe cheques antecipadamente e oferece descontos.

Tabela 13 – Estratégias Utilizadas Para Agilizar as Entradas de Recursos

Percentagem da ordem das estratégias assinaladasEstratégias Nº de

Empresas 1º 2º 3º 4ºSeleciona bancos eficientes 61 67,2 19,7 6,6 6,6Recebe cheques antecipadamente 61 9,8 36,1 47,5 4,9Oferece descontos 61 13,1 36,1 37,7 13,1Outros 61 9,8 8,2 8,2 72,1

Na questão que procurou definir qual o tipo de política de concessão de crédito e

cobrança das empresas pesquisadas, tem-se que quarenta e quatro indústrias (72,1%)

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declararam possuir uma política rígida, enquanto que dezessete indústrias (27,9%) a

declararam como sendo liberal, conforme tabela 14.

Tabela 14 – Tipo de Política de Concessão de Crédito e CobrançaTipo de política de concessão de crédito Freqüência Porcentagem

Rígida 44 72,1Liberal 17 27,9Total 61 100,0

Com relação ao critério utilizado pelas empresas para avaliar possíveis mudanças na

sua política de concessão de crédito de uma forma rígida para liberal e vice-versa, tem-se que

vinte e uma indústrias (34,4%) levam em conta o efeito que esta mudança pode provocar nas

vendas; dezenove indústrias (31,1%) levam em conta o efeito que esta mudança pode

provocar no nível de lucros da empresa; quinze indústrias (24,6%) levam em conta o efeito

que esta mudança pode provocar no nível das duplicatas a receber; cinco indústrias (8,2%)

levam em conta o efeito no retorno do investimento, conforme tabela 15.

Tabela 15 – Critérios Utilizados Para Avaliar Mudanças na Política de CréditoCritérios Freqüência PorcentagemEfeito nas vendas da empresa 21 34,4Efeito no nível resultante das duplicatas/cheques a receber 15 24,6Efeito no nível dos lucros da empresa 19 31,1Efeito no retorno do investimento 5 8,2Outros 1 1,6Total 61 100,0

Quanto ao critério adotado para determinação das quantidades a serem adquiridas no

processo de compras de estoques, tem-se, na tabela 16, que trinta e nove indústrias (63,9%)

procuram comprar apenas a quantidade necessária para a produção do período; dezesseis

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indústrias (26,2%) levam em conta a possibilidade de se obter descontos nas compras; três

indústrias (4,9%) consideram os reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa e três

indústrias (4,9%) consideram os prazos de créditos oferecidos pelos seus fornecedores.

Tabela 16 – Critérios Utilizados Para Determinação das Quantidades de ComprasCritérios de decisão sobre quantidade a adquirir Freqüência PorcentagemPossibilidade de se obter descontos nas compras 16 26,2Prazos de crédito oferecidos pelos seus fornecedores 3 4,9Reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa 3 4,9Compra apenas o necessário para a produção do período 39 63,9Total 61 100,0

Com relação a possíveis mudanças na política de manutenção de estoques, mostra-se

na tabela 17 que o critério mais utilizado em trinta indústrias (49,2%) é o efeito que a mesma

pode causar no nível de capital de giro, já em treze indústrias (21,3%), o critério mais

utilizado é o efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques e em dez indústrias

(16,4%) o critério é o efeito nos lucros da empresa.

Tabela 17 – Critérios Utilizados Para Avaliar Políticas de Manutenção de EstoqueCritério para a mudança na política de estoques Freqüência Porcentagem

Efeito no nível do capital de giro 30 49,2Efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques 13 21,3Efeito nos lucros da empresa 10 16,4Efeito sobre o retorno do investimento realizado 6 9,8Outros 2 3,3Total 61 100,0

Com relação ao posicionamento da empresa quanto à aceitação de possíveis descontos

oferecidos pelos fornecedores para pagamento antecipado das duplicatas, tem-se na tabela 18

que vinte e oito indústrias (45,9%) toma o desconto somente após uma análise financeira

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102

prévia; vinte indústrias (32,8%) sempre toma o desconto; dez indústrias (16,4%) nunca toma o

desconto e três indústrias (4,9%) paga posteriormente a data do desconto, mas ainda assim

negocia um desconto por pagar antecipadamente.

Tabela 18 – Posicionamento da Empresa Quanto a Descontos Oferecidos pelosFornecedores para Pagamento AntecipadoPosicionamento Freqüência Porcentagem

Sempre toma o desconto por pagar na data do desconto. 20 32,8Dependendo da análise financeira prévia, toma o desconto. 28 45,9Paga posteriormente a data do desconto, mas ainda negocia um desconto. 3 4,9Nunca toma o desconto. 10 16,4Total 61 100,0

A pesquisa mostra que quarenta e uma indústrias (67,2%) alegam que possuem uma

política conservadora de capital de giro; cinco indústrias (8,2%) alegam possuir uma política

agressiva e quinze indústrias (24,6%) alegam ser intermediária, conforme tabela 19.

Tabela 19 – Política de Capital de GiroTipo Freqüência PorcentagemConservadora 41 67,2IntermediáriaAgressiva

155

24,68,2

Total 61 100,0

No tocante ao conhecimento das técnicas de administração de caixa, mostra-se na

tabela 20 que, enquanto doze indústrias (19,6%) responderam que não utiliza ou não

conhecem a técnica do Caixa Mínimo Operacional, quarenta e nove indústrias (80,4%)

alegam utilizar tal técnica.

O Modelo de Baumol não é utilizado por dez indústrias (16,4%) e é desconhecido por

cinqüenta indústrias (82%). Já o modelo de Miller-Orr não é utilizado por nove indústrias

(14,8%) e é desconhecido também por cinqüenta indústrias (82%).

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Tabela 20 – Técnicas de Administração de CaixaModelo/Utilização Freqüência Percentual

Utiliza 49 80,4

Não Utiliza 1 1,6

Não Conhece 11 18,0Caixa Mínimo Operacional

Total 61 100,0

Utiliza 1 1,6

Não Utiliza 10 16,4

Não Conhece 50 82,0Modelo de Baumol

Total 61 100,0

Utiliza 2 3,3

Não Utiliza 9 14,7

Não Conhece 50 82,0Modelo de Miller-Orr

Total 61 100,0

Quanto ao conhecimento de técnicas para determinação de políticas de concessão de

crédito, verifica-se na tabela 21 que cinqüenta e seis indústrias (91,8%) utilizam a análise

cadastral para tanto. A análise contábil e financeira é utilizada por trinta e quatro indústrias

(55,7%). O parecer do setor de vendas para determinação das políticas de concessão de

crédito é utilizado por quarenta e uma indústrias (67,2%).

Enquanto trinta e duas indústrias (52,4%) alegam não utilizar ou não conhecer, vinte e

nove indústrias (47,6%) alegam utilizar a análise custo/benefício para determinar a política de

concessão de crédito.

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104

Tabela 21 – Técnicas para Determinação das Políticas de Concessão de CréditoModelo/Utilização Freqüência Percentual

Utiliza 56 91,8

Não Utiliza 4 6,6

Não Conhece 1 1,6Análise Cadastral

Total 61 100,0

Utiliza 34 55,7

Não Utiliza 22 36,1

Não Conhece 5 8,2Análise Contábil e Financeira

Total 61 100,0

Utiliza 41 67,2

Não Utiliza 15 24,6

Não Conhece 5 8,2Parecer de Vendas

Total 61 100,0

Utiliza 29 47,6

Não Utiliza 26 42,6

Não Conhece 6 9,8Análise do custo/benefício

Total 61 100,0

Quanto ao conhecimento de técnicas para concessão de crédito, tem-se que quarenta e

duas indústrias (68,9%) não utiliza ou não conhece a técnica dos cinco C’s do Crédito. O

Modelo de Buckley não é conhecido ou não é utilizado por sessenta e uma indústrias (100%).

A técnica da Árvore de Decisão não é conhecida ou não é utilizada por cinqüenta e duas

indústrias (85,2%). O Credit Scoring não é conhecido ou não é utilizado por quarenta e seis

indústrias (75,4%), conforme tabela 22.

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105

Tabela 22 – Técnicas para Concessão de CréditoModelo/Utilização Freqüência Percentual

Utiliza 19 31,1

Não Utiliza 2 3,3

Não Conhece 40 65,6Os 5 C’s do Crédito

Total 61 100,0

Utiliza 0 0

Não Utiliza 5 8,2

Não Conhece 56 91,8Modelo de Buckley

Total 61 100,0

Utiliza 9 14,8

Não Utiliza 4 6,6

Não Conhece 48 78,6Árvore de Decisão

Total 61 100,0

Utiliza 15 24,6

Não Utiliza 3 4,9

Não Conhece 43 70,5Credit Scoring

Total 61 100,0

Quanto ao conhecimento de técnicas para administração dos estoques, tem-se que

quarenta e duas indústrias (68,8%) não utilizam ou não conhece o Sistema ABC. Quanto ao

Modelo do LEC tem-se que cinqüenta e quatro indústrias (88,5%) não utiliza ou não conhece

tal técnica. Para o Sistema Just-in-time, tem-se trinta e seis indústrias (59%) que não utiliza ou

não o conhece. A técnica do MRP não é utilizada ou é desconhecida por cinqüenta indústrias

(82%). E, finalmente, a técnica do OPT não é conhecida ou não utilizada por sessenta

indústrias (98,4%), conforme tabela 23.

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106

Tabela 23 – Técnicas para Administração de EstoquesModelo/Utilização Freqüência Percentual

Utiliza 19 31,1

Não Utiliza 6 9,8

Não Conhece 36 59,0Sistema ABC

Total 61 100,0

Utiliza 7 11,5

Não Utiliza 8 13,1

Não Conhece 46 75,4Modelo do LEC

Total 61 100,0

Utiliza 25 41,0

Não Utiliza 5 8,2

Não Conhece 31 50,8Just-in-time

Total 61 100,0

Utiliza 11 18,0

Não Utiliza 4 6,6

Não Conhece 46 75,4MRP

Total 61 100,0

Utiliza 1 1,6

Não Utiliza 7 11,5

Não Conhece 53 86,9OPT

Total 61 100,0

A expressão Administração do Capital de Giro é entendido por trinta e duas indústrias

(52,5%) como sendo o ato de administrar os ativos e passivos circulantes da empresa; quinze

indústrias (24,6%) entendem como sendo o ato de administrar dinheiro em caixa/banco,

estoques e valores a receber; cinco indústrias (8,2%) entendem como sendo o ato de

administrar apenas o dinheiro em caixa/banco a disposição da empresa e, finalmente, duas

indústrias (3,3%) entende como sendo o ato de administrar o passivo circulante da empresa,

conforme observa-se na tabela 24.

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107

Tabela 24 – Compreensão do termo “Administração do Capital de Giro”Entendimento do termo Capital de Giro Freqüência Porcentagem

• Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposição da empresa 5 8,2• Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a

receber a disposição da empresa 15 24,6• Administrar os ativos circulantes da empresa 7 11,5• Administrar os passivos circulantes da empresa (contas, salários e

duplicatas a pagar) 2 3,3• Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa 32 52,5

Total 61 100,0

4.1.3 Resultados obtidos

Neste tópico descreve-se características de resposta que mostram os últimos resultados

das empresas componentes da amostra em termos de níveis de caixa, prazo médio de

recebimento das duplicatas, prazo médio de estoques e o desempenho do ciclo financeiro.

Observa-se na tabela 25 que em quatorze indústrias (23%), o volume de recursos em

caixa e/ou aplicações financeiras tem aumentado; em quinze industrias (24,6%) tem

diminuído e, em trinta e duas indústrias, tal volume permaneceu estável (52,5%).

Tabela 25 – Volume de Dinheiro em Caixa e/ou Aplicações FinanceirasDinheiro em Caixa e/ou Aplicações Financeiras

Freqüência Porcentagem

Aumentou 14 23,0Diminuiu 15 24,6Estável 32 52,5Total 61 100,0

Quanto ao prazo médio de recebimento das duplicatas, mostra-se na tabela 26 que em

dezessete indústrias (27,9%) houve uma diminuição, enquanto que em dezoito indústrias

(29,5%) houve um aumento e em vinte e seis indústrias (42,6%) tal prazo permaneceu-se

estável.

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108

Tabela 26 – Prazo Médio de Recebimento das DuplicatasPrazo Médio de Recebimento Freqüência PorcentagemDiminuiu 17 27,9

Estável 26 42,6Aumentou 18 29,5Total 61 100,0

A pesquisa mostra que enquanto em quinze indústrias (24,6%) o prazo médio dos

estoques diminuiu e em 16 indústrias (26,2%) ele aumentou. Também observa-se que em

trinta indústrias (49,2%) este prazo permaneceu estável, conforme tabela 27.

Tabela 27 – Prazo Médio de EstocagemPrazo Médio de Estocagem Freqüência Porcentagem

Diminuiu 15 24,6Estável 30 49,2Aumentou 16 26,2Total 61 100,0

Considerando o resultado do ciclo financeiro, mostra-se na tabela 28 que em dezessete

indústrias (27,9%) tem diminuído o seu tamanho, e, em vinte indústrias (32,8%) ele

permaneceu estável. Porém em vinte e quatro indústrias (39,3%) ele tem aumentado.

Tabela 28 – Desempenho do Ciclo FinanceiroTamanho do Ciclo Financeiro Freqüência Porcentagem

Ciclo financeiro diminuiu 17 27,9Ciclo financeiro estável 20 32,8Ciclo financeiro aumentou 24 39,3Total 61 100,0

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109

4.2 ANÁLISE DAS HIPÓTESES

Buscando proceder a análise das relações entre as variáveis estudadas, realizou-se os

testes das hipóteses formuladas. Para tanto, foram considerados os 4 grupos de hipóteses

conforme o relacionamento entre os diferentes conjuntos de variáveis, como apresentado na

introdução do estudo.

O método estatístico utilizado para analisar a maioria das relações causais presentes

nas hipóteses foi o Teste Exato de Fisher com um nível de significância de 5% (p = 0,05).

Conforme Rodrigues (2002, p.122), deve-se usar o teste Exato de Fisher nos casos onde

“existam tabelas de contingência com pequeno numero de observações e, conseqüentemente,

com freqüências observadas em cada casa muito baixas. Neste caso, estima-se, a partir da

menor freqüência contida na tabela, a probabilidade de ocorrência deste valor e de uma

freqüência menor ainda, fazendo-se então ∑=

=n

iipp

0, em que n é a menor freqüência

verificada na tabela”. A tabela contendo os valores calculados de (p-valor) consta do apêndice

2.

4.2.1 Análise das Hipóteses do Grupo 1

Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações

causais assimétricas entre as variáveis de comportamento e resultados e obtiveram-se as

seguintes situações:

Hipótese 1

H0: O nível de caixa das indústrias não está relacionado com a utilização das

técnicas teóricas para administração de caixa.

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110

H1: O nível de caixa das indústrias está relacionado com a utilização das técnicas

teóricas para administração de caixa.

Considerando os dados apresentados na tabela 29 e o teste realizado obtendo p =

0,7476, não é possível rejeitar H0.

Nas cinqüenta indústrias (82%) que alegaram utilizar alguma das técnicas listadas, não

se verifica nenhuma expressiva situação de aumento ou diminuição do volume de dinheiro em

caixa e/ou aplicações. Isso indica que não se pode admitir uma relação entre as variáveis

“nível de caixa” e “utilização de técnicas para administração de caixa”, na população das

médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.

Tabela 29 – Cruzamento do Nível de Caixa com Técnicas de Administração de CaixaTécnicas de Administração

de CaixaDinheiro em CaixaUtiliza Não Conhece Total

12 2 14Aumentou 19,7% 3,3% 23,0%13 2 15Diminuiu 21,3% 3,3% 24,6%25 7 32Estável 41,0% 11,5% 52,5%50 11 61Total 82,0% 18,0% 100,0%

Hipótese 2

HO: O prazo médio de recebimento das indústrias não está relacionado com a

utilização de técnicas de concessão de crédito

H1: O prazo médio de recebimento das indústrias está relacionado com a utilização

de técnicas de concessão de crédito

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111

Considerando os dados apresentados na tabela 30 e o teste realizado obtendo p =

0,6113, não é possível rejeitar H0.

Observa-se que trinta e quatro indústrias (55,7%) responderam que utilizam alguma

técnica para concessão de crédito e, dentre estas, não se pode verificar expressiva estabilidade

ou diminuição do prazo médio de recebimento. Isso indica que não se pode admitir uma

relação entre as variáveis “prazo médio de recebimento” e “técnicas de análise de concessão

de crédito”, na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.

Tabela 30 – Cruzamento do Prazo Médio de Recebimento com Técnicas de Concessão deCrédito

Técnicas de Concessão de CréditoPrazo Médio de Recebimento Utiliza Não conhece Total11 6 17Diminuiu 18,0% 9,8% 27,9%13 13 26Estável 21,3% 21,3% 42,6%10 8 18Aumentou 16,4% 13,1% 29,5%34 27 61Total 55,7% 44,3% 100,0%

Hipótese 3

H0: O prazo médio de estocagem das indústrias não está relacionado com a

utilização de técnicas de gerenciamento de estoques.

H1: O prazo médio de estocagem das indústrias está relacionado com a utilização de

técnicas de gerenciamento de estoques.

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112

Considerando os dados apresentados na tabela 31 e o teste realizado obtendo p =

0,0797, não é possível rejeitar H0.

Observa-se que quarenta e duas indústrias (68,9%) responderam que utilizam alguma

técnica de administração de estoque, mas, no entanto, não se verificou, dentre elas, nenhuma

significativa diminuição no seu prazo médio de estocagem, não se pode admitir uma relação

entre as variáveis envolvidas.

Tabela 31 – Cruzamento do Prazo Médio de Estocagem com Técnicas de Administraçãode Estoques

Técnicas de Administraçãode EstoquesPrazo Médio de Estocagem

Utiliza Não Conhece Total13 2 15Diminuiu 21,3% 3,3% 24,6%21 9 30Estável 34,4% 14,8% 49,2%8 8 16Aumentou 13,1% 13,1% 26,2%

42 19 61Total 68,9% 31,1% 100,0%

Hipótese 4

H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com a adoção das

práticas de gestão teoricamente consolidadas.

H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com a adoção das práticas de

gestão teoricamente consolidadas

Considerando os dados apresentados na tabela 32 e o teste realizado obtendo p =

0,5979, não é possível rejeitar H0.

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113

Observa-se que a adoção de um maior número de práticas não garante uma diminuição

do ciclo financeiro das industrias, conforme tabela 33.

Tabela 32 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Desempenho do CicloFinanceiro

Número de práticas adotadasDesempenho do Ciclo Financeiro1,00 2,00 3,00 4,00 Total

- 2 5 10 17Ciclo Financeiro Diminuiu - 3,3% 8,2% 16,4% 27,9%3 5 4 8 20Ciclo Financeiro Estável 4,9% 8,2% 6,6% 13,1% 32,8%3 6 5 10 24Ciclo Financeiro Aumentou 4,9% 9,8% 8,2% 16,5% 39,3%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%

Particularmente, neste tópico buscou-se atender o terceiro objetivo específico da

pesquisa: verificar indicadores e práticas de gestão de capital de giro.

4.2.2 Análise das Hipóteses do Grupo 2

Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações

causais assimétricas entre as variáveis de propriedade e resultados e obtiveram-se as

seguintes situações:

Hipótese 5

H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com nível de formação

dos gestores de capital de giro.

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114

H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com nível de formação dos

gestores de capital de giro.

Considerando os dados apresentados na tabela 33 e o teste realizado obtendo p =

0,7124, não é possível rejeitar H0.

Verifica-se que, mesmo com gestores com maior nível de escolaridade, o ciclo

financeiro aumentou de um ano para outro, o que provoca custos financeiros e afeta a

rentabilidade das empresas. Assim, não se pode admitir uma relação entre as variáveis

envolvidas.

Tabela 33 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com Desempenho do Ciclo FinanceiroTamanho do Ciclo Financeiro

Nível de Escolaridade CicloFinanceiroDiminuiu

CicloFinanceiro

Estável

CicloFinanceiroAumentou

Total

2 2 4 8Primário/Secundário 3,3% 3,3% 6,6% 13,1%10 8 8 26Superior 16,4% 13,1% 13,1% 42,6%4 9 11 24Pós-graduação/Especializ 6,6% 14,8% 18,0% 39,3%1 1 1 3Pós-graduação/Mestr/Doutor 1,6% 1,6% 1,6% 4,9%

17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%

Hipótese 6

H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com o porte das

indústrias.

H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o porte das indústrias.

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115

Considerando os dados apresentados na tabela 34 e o teste realizado obtendo p =

0,758, não é possível rejeitar H0.

Observa-se que tanto nas médias como nas grandes indústrias, o ciclo financeiro

permaneceu estável ou mesmo aumentou de um ano para outro, evidenciando-se ausência de

relação entre as variáveis.

Tabela 34 – Cruzamento do Porte da Empresa com o Desempenho do Ciclo FinanceiroDesempenho do Ciclo Financeiro

Porte da Empresa Ciclo FinanceiroDiminuiu

Ciclo FinanceiroEstável

Ciclo FinanceiroAumentou Total

13 14 19 46Média 21,3% 23,0% 31,1% 75,4%4 6 5 15Grande 6,6% 9,8% 8,2% 24,6%

17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%

Hipótese 7

H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com o segmento

industrial ao qual a empresa pertence.

H1 O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o segmento industrial ao

qual a empresa pertence.

Considerando os dados apresentados na tabela 35 e o teste realizado obtendo p =

0,2699, não é possível rejeitar H0.

Verifica-se que em todos os segmentos não há significativa posição de aumento ou

diminuição do ciclo financeiro de um ano para outro. Isso indica que não se pode admitir uma

relação entre as variáveis “desempenho do ciclo financeiro” e “segmento industrial ao qual a

empresa pertence” na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.

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116

Tabela 35 – Cruzamento da Atividade Principal com o Desempenho do Ciclo Financeiro

Desempenho do Ciclo Financeiro

Atividade Principal CicloFinanceiroDiminuiu

CicloFinanceiro

Estável

CicloFinanceiroAumentou

Total

5 10 11 26Fabricação de produtos alimentíciose bebidas 8,2% 16,4% 18,0% 42,6%

- 3 1 4Fabricação de produtos têxteis - 4,9% 1,6% 6,6%3 - 1 4Fabricação de artigos de vestuário e

acessórios 4,9% - 1,6% 6,6%1 1 2 4Preparação de couro e fabricação de

artigos de couro 1,6% 1,6% 3,3% 6,6%- 1 - 1Fabricação de artigos de borracha e

plástico - 1,6% - 1,6%- 2 2 4Fabricação de produtos de metal - 3,3% 3,3% 6,6%- - 2 2Fabricação de máquinas e

equipamentos - - 3,3% 3,3%1 1 1 3Fabricação de máquinas, aparelhos e

materiais elétricos 1,6% 1,6% 1,6% 4,9%1 - - 1Fabricação de materiais eletrônicos 1,6% - - 1,6%6 2 4 12Fabricação de móveis 9,8% 3,3% 6,6% 19,7%

17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%

4.2.3 Análise das Hipóteses do Grupo 3

Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações

causais assimétricas entre as variáveis de propriedade e comportamento e obtiveram-se os

seguintes resultados:

Hipótese 8

H0: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não está relacionada

com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.

H1: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está relacionada com

o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.

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117

Considerando os dados apresentados na tabela 36 e o teste realizado obtendo p =

0,207, não é possível rejeitar H0.

Sessenta e uma indústrias (100%) adotam pelo menos uma prática de gestão,

independentemente do nível de escolaridade de seus gestores. Percebe-se também que, o

aumento no nível de escolaridade não é garantia de aumento no número de práticas adotadas

para gestão do capital de giro, evidenciando-se nenhuma relação entre as variáveis

envolvidas.

Tabela 36 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com Número de Práticas AdotadasNúmero de Práticas AdotadasNível de Escolaridade

1,00 2,00 3,00 4,00 Total

- 4 2 2 8Primário/secundário - 6,6% 3,3% 3,3% 13,1%2 3 9 12 26Superior 3,3% 4,9% 14,8% 19,7% 42,6%3 6 3 12 24Pós-graduação – especialização 4,9% 9,8% 4,9% 19,7% 39,3%1 - - 2 3Pós-graduação – Mestr/Doutor 1,6% - - 3,3% 4,9%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%

Hipótese 9

H0: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não está relacionado

com o porte das indústrias

H1: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está relacionado com

o porte das indústrias

Considerando os dados apresentados na tabela 37 e o teste realizado obtendo p =

0,3246, não é possível rejeitar H0.

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118

Verifica-se que a adoção de um maior número de práticas ocorre tanto nas médias

quanto nas grandes empresas.

Tabela 37 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Porte da EmpresaNúmero de práticas adotadasPorte da Empresa

1,00 2,00 3,00 4,00 Total

4 9 13 20 46Média Empresa 6,6% 14,8% 21,3% 32,8% 75,4%2 4 1 8 15Grande Empresa 3,3% 6,6% 1,6% 13,1% 24,6%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%

4.2.4 Análise das Hipóteses do Grupo 4

Para analisar as hipóteses correlacionais deste grupo, buscou-se testar as correlações

simétricas entre as variáveis de propriedade.

Hipótese 10

H0: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas não

está relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.

H1: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas está

relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.

Considerando os dados apresentados na tabela 38 e o teste realizado obtendo p =

0,032, pode-se rejeitar H0.

A dependência das variáveis é bastante significativa (p = 0,032). Verifica-se que trinta

e um respondentes que possuem o curso superior ou pós-graduação (50,8%) responderam

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119

corretamente que administrar capital de giro é administrar os ativos e passivos circulantes da

empresa. Isso indica que pode-se admitir uma relação entre as variáveis “compreensão

conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas” e “nível de formação dos

gestores de capital de giro” nas população das médias e grandes indústrias da região de

Londrina-Pr

Tabela 38 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Nível deEscolaridade

Hipótese 11

H0: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas não

está relacionada com o porte das indústrias.

Nível de EscolaridadeEntendimento do TermoCapital de Giro Primário/

Secundário Superior Pós-graduação/especialização

Pós-graduação/Mestrado/Doutorado

Total

2 3 - - 5Administrar o dinheiro emcaixa e bancos a disposiçãoda empresa 3,3% 4,9% - - 8,2%

2 6 5 2 15Administrar o dinheiro emcaixa e bancos, estoques evalores a receber 3,3% 9,8% 8,2% 3,3% 24,6%

3 3 1 - 7Administrar os ativoscirculantes da empresa 4,9% 4,9% 1,6% - 11,5%

- - 2 - 2Administrar os passivoscirculantes da empresa - - 3,3% - 3,3%

1 14 16 1 32Administrar os ativos epassivos circulantes daempresa 1,6% 23,0% 26,2% 1,6% 52,5%

8 26 24 3 61Total

13,1% 42,6% 39,3% 4,9% 100,0%

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120

H1: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas está

relacionada com o porte das indústrias.

Considerando os dados apresentados na tabela 39 e o teste realizado obtendo p =

0,7114, não é possível rejeitar H0.

Verifica-se que, mesmo entre as grandes empresas, apenas oito delas, cerca de 13,1%

do total de respondentes, afirmaram que administrar capital de giro é administrar os ativos e

passivos circulantes da empresa, evidenciando-se nenhuma relação entre as variáveis

estudadas.

Tabela 39 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Porte daEmpresa

Hipótese 12

H0: O porte das indústrias não está relacionado com o nível de formação dos

gestores de capital de giro.

Porte da EmpresaEntendimento do Termo Capital de Giro Média Grande Total

5 - 5Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposiçãoda empresa. 8,2% - 8,2%

10 5 15Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a receber. 16,4% 8,2% 24,6%5 2 7Administrar os ativos circulantes da empresa. 8,2% 3,3% 11,5%2 - 2Administrar os passivos circulantes da empresa. 3,3% - 3,3%

24 8 32Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa. 39,3% 13,1% 52,5%46 15 61Total 75,4% 24,6% 100,0%

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121

H1: O porte das indústrias está relacionado com o nível de formação dos gestores de

capital de giro.

Considerando os dados apresentados na tabela 40 e os testes realizados obtendo p =

0,9631, não é possível rejeitar H0.

Verifica-se que, no caso do nível de formação, as grandes indústrias não possuem,

necessariamente, maior número de gestores com maior grau de instrução. Isso indica que não

se pode admitir uma relação entre as variáveis “porte da empresa” e “nível de formação dos

gestores”, na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.

Tabela 40 – Cruzamento do Nível de Escolaridade dos Gestores com o Porte da EmpresaPorte da Empresa

Nível de EscolaridadeMédia Grande Total

6 2 8Primário/secundário 9,8% 3,3% 13,1%19 7 26Superior 31,1% 11,5% 42,6%18 6 24Pós-graduação/Especializ 29,5% 9,8% 39,3%3 - 3Pós-graduação/Mestr/Doutor 4,9% - 4,9%

46 15 61Total 75,4% 24,6% 100,0%

Particularmente, neste capítulo 4, buscou-se atender os seguintes objetivos específicos

da pesquisa:

Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela administração

financeira e o domínio conceitual a respeito de capital de giro.

Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro utilizadas nas empresas.

Descrever as relações entre características das empresas, dos seus gestores, das

práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro.

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122

5 CONCLUSÕES

O sucesso de um negócio depende muito do equilíbrio financeiro e a administração do

capital de giro é uma tarefa do gestor financeiro que pode ajudá-lo neste equilíbrio. Quanto

maior for a capacidade do gestor em compreender o problema, e do conhecimento teórico

para propor a solução, melhor será a qualidade das decisões que envolvem capital de giro.

Neste trabalho apresentou-se, primeiramente, um corpo teórico bastante rico em

técnicas e ferramentas para gerenciamento dos diversos ativos que compõem a estrutura do

capital de giro.

Quanto ao gerenciamento do disponível, o administrador financeiro deve minimizar o

nível de caixa, sem que, ao mesmo tempo, se ponha em risco a capacidade da empresa de

saldar seus compromissos no vencimento.

No que se refere ao gerenciamento dos valores a receber, discutiu-se a necessidade

que a empresa tem de vender a prazo, pois é uma exigência do mercado. Portanto, ela não

deve prescindir de uma política de concessão de crédito e cobrança para, assim, ter um certo

grau de certeza em seus recebimentos.

Quanto ao gerenciamento dos estoques, por ser um dos ativos mais importantes na

estrutura de ativos de uma empresa industrial, já que ele apresenta-se na forma de matéria-

prima ou de produtos em elaboração ou de produtos acabados, discorreu-se sobre diversas

técnicas para o seu controle.

Ainda do ponto de vista teórico, mostrou-se que para avaliação da gestão dos recursos

envolvidos com o Capital de Giro, tem-se dois indicadores muito importantes: o ciclo

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operacional e o ciclo financeiro. O Ciclo Operacional é o período médio que compreende

desde a compra a prazo das matérias-primas até o recebimento das duplicatas originadas pela

venda a prazo dos produtos fabricados. Já o Ciclo Financeiro é o período médio que inicia-se

com o pagamento das duplicatas aos fornecedores e vai até o recebimento das duplicatas,

coincidindo com o final do ciclo operacional.

Portanto, quanto menor for o Ciclo Financeiro, melhor será a rentabilidade dos

negócios, pois a empresa deixa de usar formas negociadas de financiamentos, passando a

beneficiar-se da principal forma de financiamento espontâneo que é o período médio de

pagamento. Ao gerenciar de forma eficiente o Ciclo Financeiro, o gestor do capital de giro

pode manter um nível baixo de investimento em caixa e, dessa forma, contribuir para a

maximização do valor da empresa.

Por outro lado, considerando os resultados obtidos com a pesquisa prática, bem como

o objetivo específico de caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela

administração financeira e o domínio conceitual a respeito do capital de giro, pode-se concluir

que:

as empresas industriais estudadas são, na sua maioria, constituídas

em forma de responsabilidade limitada (67,2%), atuando na

fabricação de produtos alimentícios e bebidas (42,6%), de médio

porte (75,4%), realizando sua própria contabilidade (83,6%) e que

possuem uma política informal de gestão do capital de giro (49,2%);

em 50,8% das empresas industriais estudadas o Diretor/Gerente

Financeiro é o principal responsável pelo capital de giro e que 86,8%

possuem pelo menos curso superior, fato que permite constatar a

existência de elementos específicos dentro das empresas para a

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124

gestão do capital de giro e que tais elementos possuem um certo grau

de profissionalização;

85,3% dos responsáveis pelo gerenciamento do capital de giro está

na função há pelo menos 5 anos e 68,9% participa de cursos e/ou

treinamento pelo menos uma vez por ano. Ressalta-se que 27,9%

alegaram que participa de cursos mais de 3 vezes por ano. Nota-se

que as empresas pesquisadas tem uma certa preocupação na

manutenção de um profissional no cargo por um bom período de

tempo e que também lhe proporciona condições de buscar novos

conhecimentos continuamente;

apenas 52,5% das empresas pesquisadas assinalaram, acertadamente,

a afirmação de que administrar capital de giro é administrar os ativos

e passivos circulantes da empresa, ou seja, a compreensão conceitual

por parte dos gestores de capital de giro é sofrível. Neste caso um

dos prováveis fatores desta falta de compreensão conceitual é

decorrente do senso comum de que administrar capital de giro é

administrar apenas o dinheiro a disposição da empresa. Muitos

gestores acabam gerenciando de forma mais contundente apenas o

fluxo de caixa da empresa. Estão mais preocupados em controlar as

entradas e saídas de recursos de curto prazo para garantir uma certa

liquidez do que planejar as diversas atividades que envolvem o

capital de giro no médio ou longo prazo e que podem afetar a

rentabilidade do negócio;

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125

quanto ao domínio conceitual tem-se índices percentuais bastante

elevados de desconhecimento das diversas técnicas apresentadas. Na

verdade algumas empresas alegaram apenas não utilizar tais

técnicas, mas tudo leva a crer que talvez a não utilização deriva do

desconhecimento. A falta de domínio conceitual talvez seja

ocasionada pela baixa qualidade na formação profissional dos

gestores.

A pesquisa também procurou atender ao objetivo específico de verificar indicadores e

práticas de gestão do capital de giro utilizadas nas empresas e, assim, tem-se que:

63,9% das empresas atribuíram um maior grau de importância ao

controle de caixa e bancos, dentre as contas patrimoniais que

compõem o capital de giro. Na verdade este fato vem contribuir com

a idéia de que as empresas talvez estejam mais preocupadas com a

sua capacidade de pagamento do que com o envolvimento das

demais contas que compõem o capital de giro. Segundo Assaf Neto

& Silva (1995, p.13) é importante ter em mente que a administração

do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes como decisões

interdependentes;

83,6% das empresas elaboram o seu fluxo de caixa diariamente ou

semanalmente. Apenas 4,9% das empresas o fazem trimestralmente,

o que evidencia uma preocupação apenas de curto prazo não se

estabelecendo planejamento de longo prazo. Assim, conforme

discutido na justificativa do presente trabalho, este fato pode

evidenciar que as empresas estariam em posição reativa em relação

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ao mercado, não preparando planos condizentes para sustentar-se no

longo prazo, conforme discute Welsch (1996, p.27);

acertadamente 52,5% das empresas indicaram as implicações de

diferentes simulações na previsão de vendas como sendo o item mais

importante ao realizar-se a previsão de caixa. A venda é a principal

porta de entrada de recursos na empresa. Uma boa previsão de

vendas faz com que o fluxo de caixa de caixa projetado não sofra

grandes oscilações e garanta a capacidade de pagamento da empresa;

34,4% das empresas analisam o efeito nas vendas e 31,1% analisam

o efeito nos seus lucros, quando avaliam critérios para mudanças na

política de crédito. Apenas 24,6% das empresas levam em conta o

nível resultante no volume de duplicatas a receber para avaliar

mudanças. Neste caso, percebe-se que as empresas estão mais

preocupadas em vender do que receber.

apenas 4,9% das empresas analisam os reflexos que podem ocorrer

nos saldos de caixa quando determinam as quantidades a comprar.

Nota-se que sem esta prática a empresa pode “imobilizar” recursos

em estoques e comprometer suas capacidade de pagamento. As

empresas não estão considerando a inter-relação entre as estratégias

institucionais e a administração do capital de giro. As decisões

tomadas sobre a quantidade a comprar para um determinado período

influenciam a capacidade de pagamento da empresa;

quanto ao posicionamento da empresa referente aos descontos

oferecidos pelos fornecedores para pagamento antecipado, 54,1%

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das empresas, nunca tomam o desconto ou tomam o desconto sem

qualquer análise prévia. Neste caso, as empresas podem estar

tomando decisões não acertadas quanto a este fato;

quanto às técnicas de administração de caixa, tem-se que 80,4%

utiliza o modelo do Caixa Mínimo Operacional, mas 82% alegaram

que não conhecem tanto o Modelo de Baumol como o Modelo de

Miller-Orr. Ou seja, a grande maioria das empresas utiliza pelo

menos uma técnica de gestão de caixa, ou seja, o modelo do Caixa

Mínimo Operacional. Um dos prováveis fatores que justificam o

conhecimento e a utilização apenas desta técnica é a simplicidade de

seu cálculo. Já no caso dos Modelos de Baumol e Miller-Orr, tratam-

se de modelos quantitativos e que envolvem equações matemáticas

um tanto quanto complexas;

quanto ao conhecimento e utilização das técnicas teóricas de

concessão de crédito, tem-se que a grande maioria não as utiliza ou

não as conhecem, ou seja, 68,9% para a técnica do 5 C’s do Crédito;

100% para o Modelo de Buckley; 85,2% para a Árvore de Decisão e

75,4% para o Credit Scoring. Mais uma vez estes números permitem

concluir que quando trata-se de modelo qualitativo com um certo

grau de simplicidade, as empresas até que possuem um certo

conhecimento, como é o caso da técnica do 5 C´s do crédito

(31,1%). No entanto, quando tratam-se de técnicas um pouco mais

sofisticadas que exigem maiores conhecimentos técnicos para a sua

aplicação, as empresas deixam de utilizá-las, talvez pela falta

pessoas habilitadas com tais conhecimentos;

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128

a não utilização ou o desconhecimento também é bastante

significativo quando trata-se de técnicas para administração de

estoques. Para o Sistema ABC tem-se 68,8%; para o Modelo do LEC

tem-se 88,5%; para o Just-in-time 59%; para o MRP 82% e para o

OPT 98,4%. Talvez a mesma conclusão do tópico anterior cabe neste

caso, ou seja, falta de elemento humano habilitado com

conhecimento para desenvolver tais técnicas;

em 44 indústrias (72,1%) o ciclo financeiro aumentou ou no máximo

permaneceu estável no último exercício social, mesmo com as

práticas de gestão do capital de giro adotadas pelas empresas. Isto

não é um dado favorável às empresas. Então, pode-se concluir que as

práticas de gestão verificadas nas empresas são insuficientes para

melhora da eficiência na gestão dos recursos que implicam no

tamanho do ciclo financeiro.

Analisando as relações entre características das empresas, dos seus gestores, das

práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro, tem-se que:

a compreensão conceitual e a adoção das práticas de gestão

teoricamente consolidadas, bem como o nível de formação e

intensidade de treinamento dos gestores de capital de giro e, ainda, o

desempenho do ciclo financeiro não possui grande dependência com

o porte das indústrias pesquisadas;

a adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não

possui significativa dependência do nível de formação dos gestores

de capital de giro das indústrias;

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129

a compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente

consolidadas possui uma significativa dependência do nível de

formação dos gestores de capital de giro das indústrias. Neste caso,

tem-se p = 0,032 e uma grande concentração de um correto

entendimento do termo capital de giro com nível superior ou pós-

graduação;

o nível de recursos em caixa, o prazo médio de recebimento e o

prazo médio de estocagem das indústrias não possui dependência da

utilização de técnicas para administração de caixa, concessão de

crédito e estocagem, respectivamente;

o desempenho do ciclo financeiro das indústrias não está

relacionado com o nível de formação dos gestores de capital de giro,

nem ao segmento industrial a que a empresa pertence e, nem

tampouco, a adoção das práticas de gestão teoricamente

consolidadas.

Os resultados desta pesquisa procuraram responder a situação-problema: O

ferramental teórico-técnico relativo ao Capital de Giro é conhecido e utilizado pelos

responsáveis pela administração financeira das médias e grandes indústrias da região de

Londrina-Pr?

Se por um lado a teoria disponibiliza todo um ferramental teórico que poderia ser

utilizado para o gerenciamento de diversos ativos que compõem o capital de giro como o

caixa, os valores a receber e os estoques, de outro as empresas parecem ignorar a existência

deles.

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130

Mesmo em grandes empresas ou naquelas que possuem gestores com maior nível de

formação não se encontra uma maior utilização das técnicas abordadas.

Considerando que o nível de formação dos gestores foi quase sempre indicado como

sendo o superior ou de pós-graduação, principalmente na área de Administração de Empresas

ou de Contabilidade, supõe-se que está havendo algum problema quanto ao ensino das

técnicas teóricas apresentadas e que futuros trabalhos poderão elucidar.

Ressalta-se, no entanto, que o principal indicador de eficiência na gestão do capital de

giro, que é o Ciclo Financeiro, não está sendo afetado pela não utilização ou desconhecimento

das técnicas de gestão.

Esses fatos permitem concluir que as indústrias vem sendo administradas de forma

empírica na questão do capital de giro, mas que vem dando certo por um motivo ou outro que

nesta pesquisa não foi possível descobrir.

Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.14), a área financeira promoveu nas últimas

décadas notável evolução teórica em seus conceitos, absorvendo o processo decisório das

empresas e promovendo significativa melhoria de qualidade técnica.

Talvez as empresas julgam desnecessário o uso das técnicas teóricas de gestão do

capital de giro. No entanto, não se pode administrar recursos financeiros de forma empírica.

Em um determinado momento problemas surgirão e a solução vai depender do grau de

conhecimento teórico e técnico do gestor.

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131

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas limitações de ordem prática evidenciam-se neste trabalho, mas não

diminuem a sua importância e os seus resultados.

Na pesquisa de campo cuja população é composta por empresas localizadas em

diferentes cidades, existem grandes distâncias a serem percorridas. Para a realização deste

trabalho, tem-se empresas localizadas em cidades com distância de mais de 100 km. Algumas

empresas, apesar de serem locais, possuem dados estratégicos pertinentes a pesquisa em

outras cidades em outros estados.

Assim, optou-se por levantar os dados através de questionário enviado pelo Correios e

não por entrevista pessoal, o que diminui bastante o número de respostas obtidas em relação

ao número total enviado.

A opção por pesquisar apenas médias e grandes empresas do segmento industrial

vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP – Regional Londrina, não

permite extrapolar as conclusões para todas as empresas, de um modo geral, da região de

Londrina-Pr.

Outra questão importante refere-se ao fato de tratar-se de pesquisa que envolve a

administração financeira das empresas e, assim, existe uma restrição natural por parte das

mesmas em não informar dados que envolvam números de seus demonstrativos.

Na administração de capital de giro seria importante levantar até que ponto e,

principalmente, em que volume os saldos de caixa, bancos, estoques, valores a receber e

fornecedores vem aumentando ou diminuindo ao longo de uma série histórica, para então

concluir-se quanto a eficiência na administração do capital de giro das empresas.

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132

Alguns tópicos que não foram discutidos no presente trabalho podem sugerir trabalhos

futuros. As deficiências encontradas quanto ao domínio conceitual das técnicas de

gerenciamento do capital de giro é proveniente da má formação dos gestores? As escolas de

Administração da região estão ensinando aquilo que as empresas locais realmente precisam

em termos de administração financeira? A não utilização das técnicas teoricamente

consolidadas de gestão financeira realmente prejudicam os resultados das empresas?

As respostas destas questões e as conclusões do presente trabalho podem contribuir

com campo de estudo da Administração do Capital de Giro, beneficiando o processo decisório

de curto prazo das empresas.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1

Questionário

Nome da Empresa: (opcional)__________________________________________________

01) Estrutura Legal:1. ( ) S/A2. ( ) Ltda.3. ( ) Soc. Civil4. ( ) Cooperativas5. ( ) Outras:________________________________________________

02) Atividade Principal: (descrever resumidamente):________________________________________________________________________

03) Número de Funcionários:_________

04) A contabilidade da empresa é efetuada:1. ( ) dentro da própria empresa 2. ( ) por terceiros contratados

05) Informe o valor do faturamento obtido pela empresa nos dois últimos exercícios sociais; o percentual domontante à vista e à prazo; o custo dos produtos vendidos e o valor das compras das matérias-primasefetuadas no ano.

Contas Penúltimo Exercício Ultimo ExercícioFaturamento (em Reais)

- à Vista ( em %)

- À Prazo ( em %)

Compra de matérias-primasefetuadas no anoCusto dos produtos vendidos

06) Informe os saldos das contas abaixo para os dois últimos exercícios sociais da empresa: (saldos no fim doexercício)

ContasAnte-penúltimo

Exercício(Em Reais)

Penúltimo Exercício(em Reais)

Último Exercício(em Reais)

Duplicatas a Receber

Duplicatas a Pagar

Estoques Totais

07) Informe o prazo médio (em dias) das contas abaixo para os dois últimos exercícios sociais da empresa:Contas Penúltimo Exercício

(em dias)Último Exercício

(em dias)7.1 Prazo Médio de Recebimento dasDuplicatas7.2 Prazo Médio de Pagamento aosFornecedores7.3 Prazo Médio de Estocagem

7.4 Ciclo Operacional

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08) Assinale no quadro abaixo alguns eventos que tem ocorrido ultimamente na empresa:Evento Situação

8.1 Taxa de inadimplência dos clientes8.2 Volume de estoques da empresa8.3 Dinheiro em caixa e/ou aplicações8.4 Empréstimos e/ou financiamentos de curto prazo

( )aumentou ( )diminuiu ( )estável( )aumentou ( )diminuiu ( )estável( )aumentou ( )diminuiu ( )estável

( )aumentou ( )diminuiu ( )estável

09) Quem é responsável por estabelecer as diversas políticas dos recursos que compõem o capital de giro??1. ( ) Grupo de diretores2. ( ) Presidente/Gerente Geral3. ( ) Diretor/Gerente Financeiro4. ( ) Tesoureiro5. ( ) Outro(s) (favor especificar)_________________________________

10) Qual o nível de escolaridade do elemento responsável envolvido na Administração do Capital de Giro daempresa?

1. ( ) primário/secundário2. ( ) superior – curso________________3. ( ) pós-graduação – especialização4. ( ) pós graduação – Mestrado/Doutorado

11) Qual é o tempo que este elemento está envolvido nesta função?1. ( ) menos de 1 ano2. ( ) de 1 a 3 anos3. ( ) de 3 a 5 anos4. ( ) de 5 a 10 anos5. ( ) mais de 10 anos

12) Com que freqüência este elemento participa de cursos e/ou treinamento na área financeira?1. ( ) mais de 3 vezes por ano2. ( ) duas vezes por ano3. ( ) uma vez por ano4. ( ) uma vez a cada dois anos5. ( ) Não participa de treinamento.

13) Assinale no quadro abaixo as técnicas de gestão que a empresa se utiliza para administração de seu capitalde giro.

Políticas/Técnicas de Gestão A empresa utiliza?

13. Política de Capital de Giro:13.1 Conservadora13.2 Intermediária13.3 Agressiva

( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não

( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece

14. Técnicas de Adm/ção de Caixa:14.1 Caixa Mínimo Operacional14.2 Modelo Baumol14.3 Modelo Miller-Orr14.4 Outra:_________

( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não

( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece

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15. Política de Concessão Crédito:15.1 Análise cadastral15.2 Análise contábil/finananceira15.3 Parecer de vendas15.4 Análise custo/benefício15.5 Outra:_________

( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não

( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece

16. Técnicas de Concessão de Crédito:16.1 5 C`s do Crédito16.2 Modelo Buckley16.3 Árvore Decisão16.4 Credit Scoring16.5 Outra:_________

( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não

( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece

17. Técnicas de Administração de Estoques:17.1 Sistema ABC17.2 Modelo do LEC17.3 Just-in-time17.4 MRP17.5 OPT17.6 Outra:________

( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não

( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece

18) A sua empresa possui uma política, em termos globais, para a Administração do Capital de Giro?1. ( ) Política formal2. ( ) Política informal3. ( ) Sem política

19) Qual conta patrimonial que a empresa efetua um maior controle gerencial. [Ordene dentro dos parênteses:(1) maior controle a (4) menor controle]

1. ( ) Caixa/bancos2. ( ) Estoques3. ( ) Duplicatas a receber4. ( ) Fornecedores/Contas a Pagar

20) Como a empresa entende o termo “Administração do Capital de Giro”?1. ( ) Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposição da empresa2. ( ) Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a receber a disposição da

empresa3. ( ) Administrar os ativos circulantes da empresa4. ( ) Administrar os passivos circulantes da empresa (contas, salários e duplicatas a pagar)5. ( ) Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa6. ( ) Outros:______________________________________________

21) Qual é o intervalo de tempo em que sua empresa realiza o orçamento (fluxo) de caixa?1. ( ) Diariamente2. ( ) Semanalmente3. ( ) Mensalmente4. ( ) Trimestralmente5. ( ) Outro(s) (favor especificar)_________________________________

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22) Coloque dentro dos parênteses, (1)-mais importante a (5)-menos importante, nos itens que a empresaconsidera importante conhecer ao realizar a previsão de caixa.

1. ( ) as implicações das políticas alternativas de estoques2. ( ) as implicações de diferentes simulações de previsão de vendas3. ( ) as sobras e as deficiências de caixa4. ( ) as implicações resultantes das diferentes políticas de crédito5. ( ) outro(s) (favor especificar)_________________________________

23) Quanto a administração do caixa, quais as estratégias a empresa utiliza para agilizar as entradas de recursos?[Ordene dentro dos parênteses: (1) mais importante a (4) menos importante]

1. ( ) seleciona bancos mais eficientes para acelerar a cobrança e compensação2. ( ) oferece descontos para pagamentos antecipados3. ( ) recebe antecipadamente os cheques dos seus clientes4. ( ) outro(s) (favor especificar)_________________________________

24) Podemos definir a política de concessão de crédito e cobrança da empresa com sendo:1. ( ) Rígida2. ( ) Liberal

25) Qual critério é a empresa utiliza para avaliar possíveis mudanças na política de concessão de crédito ecobrança de uma forma rígida para liberal e vice-e-versa, se for o caso?

1. ( ) Efeito nas vendas da empresa2. ( ) Efeito no nível resultante das duplicatas/cheques a receber3. ( ) Efeito no nível dos lucros da empresa4. ( ) Efeito no retorno do investimento5. ( ) Outros:________________________________________________

26) Quando da compra de estoque (matérias-primas ou materiais para produção) que critérios a empresa seutiliza para decidir a quantidade a ser adquirida:

1. ( ) possibilidade de se obter descontos nas compras2. ( ) prazos de crédito oferecidos pelos seus fornecedores3. ( ) reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa4. ( ) compra apenas o necessário para a produção do período

27) Com relação aos níveis de estoques mantidos (alto e/ou baixo), qual critério a empresa utiliza para avaliaruma possível mudança na sua política?

1. ( ) Efeito no nível do capital de giro2. ( ) Efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques3. ( ) Efeito nos lucros da empresa4. ( ) Efeito sobre o retorno do investimento realizado5. ( ) Outros:________________________________________________

28) Qual é o posicionamento da empresa com relação a possíveis descontos oferecidos pelos fornecedores parapagamento antecipado de suas duplicatas? (escolha uma)

1. ( ) sempre toma o desconto por pagar na data do desconto2. ( ) dependendo da análise financeira prévia, toma o desconto por pagar na data do vencimento3. ( ) paga posteriormente a data do desconto, mas ainda negocia um desconto por pagar antecipado4. ( ) nunca toma o desconto

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APÊNDICE 2

Teste Exato de Fisher para as Hipóteses

Grupos Hipóteses Variáveis Teste p-valor

Hipótese 1 Dinheiro em caixa e/ou aplicações *Técnicas de administração de caixa Fisher 0,7476

Hipótese 2 Prazo médio de recebimento * Técnicas deconcessão de crédito Fisher 0,6113

Hipótese 3 Prazo médio de estocagem * Técnicas deadministração de estoques Fisher 0,07971

Hipótese 4 Desempenho do Ciclo Financeiro * Númerode Práticas Adotadas Fisher 0,5979

Hipótese 5 Desempenho do Ciclo Financeiro * Nível deEscolaridade Fisher 0,7124

Hipótese 6 Desempenho do Ciclo Financeiro * Porte daEmpresa Fisher 0,7582

Hipótese 7 Desempenho do Ciclo Financeiro *Atividade Principal Fisher 0,2699

Hipótese 8 Número de Práticas Adotadas * Nível deEscolaridade Fisher 0,207

3 Hipótese 9 Número de Práticas Adotadas * Porte daEmpresa Fisher 0,3246

Hipótese 10 Entendimento do Termo Capital de Giro *Nível de Escolaridade Fisher 0,032

Hipótese 11 Entendimento do Termo Capital de Giro *Porte da Empresa Fisher 0,71144

Hipótese 12 Porte da Empresa * Nível de Escolaridade Fisher 0,9631

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