A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul - SP

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL Estado de São Paulo Secretaria Municipal de Educação EME PROFESSORA ALCINA DANTAS FEIJÃO PROFESSORA CATARINA TROIANO 2ª SÉRIE ENSINO MÉDIO CONTEÚDO: GEOGRAFIA URBANA GEOGRAFIA 3º TRIMESTRE - 2012 Inspirado no texto “A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul, SP: limites e possibilidades na construção do direito à cidade” do professor Eduardo Donizeti Girotto.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL Estado de São Paulo

Secretaria Municipal de Educação EME PROFESSORA ALCINA DANTAS FEIJÃO

PROFESSORA CATARINA TROIANO 2ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO CONTEÚDO: GEOGRAFIA URBANA

GEOGRAFIA 3º TRIMESTRE - 2012

Inspirado no texto “A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul, SP: limites e

possibilidades na construção do direito à cidade” do professor Eduardo Donizeti Girotto.

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Segundo GIROTTO (2009), pode ser dividida em quatro momentos diferentes.

“Tais momentos se diferem pelas formas, funções, processos e agentes que os

marcam, bem como pela sociabilidade deles resultantes” (GIROTTO, 2009, p. 1).

Ilustração de capa do livro Subúrbio, de José de Souza Martins.

1º Momento: Subúrbio

Final do Século XIX

2º Momento: A industrialização do ABC

De 1920 a 1980

3º Momento: “A desfabricação da fábrica”

Década de 1980

4º Momento: A mercantilização da cidade

A partir dos anos 1990

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1º Momento: Subúrbio • Final do século XIX, chegada das famílias dos

imigrantes italianos;

• São Caetano do Sul abastecia a cidade de São Paulo com produtos de hortifruti, vinho, pães, gêneros alimentícios em geral, além de tijolos, telhas e porcelanas.

Para MARTINS (2000), o subúrbio é o lugar onde o urbano se encontra com o rural, ao mesmo tempo em que há certas caracte-rísticas do meio urbano as relações estabe-lecidas pelos moradores entre si, e com o lugar dizem respeito a resquícios da lógica do rural.

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1906 – Planta do Núcleo Colonial São Caetano Fonte: MIESP, 2012.

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Antiga Fazenda São Caetano do Tijucuçu Monges Beneditinos

1877 – Fundação do Núcleo Colonial

Chegada da primeira leva de imigrantes

italianos

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• Imigrantes tinham direito à posse de terra. • Localizado nas proximidades do Rio Tamanduateí

Em 1895, surgiu a necessidade de material para a construção do Museu do Ipiranga, a olaria de Giuseppe Ferrari forneceu o material necessário para a grande obra (FPMSCS, 2012).

O que facilitava o escoamento dos produtos alimentícios para o Mercado Municipal em São Paulo. Além dos tijolos, telhas e porcelanas que também eram enviados à Capital.

Tijucuçu (tyîuka – pântano, lodo) Palavra de origem tupi que significa grande lamaçal, barreiro grande, charco, atoleiro.

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As famílias dos imigrantes italianos encontraram muitas dificuldades nas primeiras décadas de ocupação.

Ausência de auxílio do poder público, por exemplo, na implantação de serviços básicos como educação, saneamento, saúde.

Muitos imigrantes abandonaram suas

terras retornando para Itália ou se dirigindo à

Santa Catarina.

Porém, os que permaneceram, desenvolveram novas formas de sociabilidade, fator este, que

garantiu a efetiva ocupação do núcleo.

“Desde o início do processo de ocupação territorial de São Caetano do Sul, os vínculos estabelecidos pelas primeiras famílias foram fortalecidos em decorrência da difícil situação econômica e de reprodução da vida em que a maioria dos moradores se encontrava naquele momento” .

(GIROTTO, 2009, p. 3)

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Atualmente é sede do Museu Histórico Municipal de São Caetano do Sul Rua Maximiliano Lorenzini, nº 122 - Bairro Fundação – São Caetano do Sul – SP

O primeiro casamento registrado em São Caetano data de 1880, quando Celeste de Nardi casou-se com Lorenzina Gava (FPMSC, 2012).

Palacete dos De Nardi, São Caetano do Sul, finalizado em 1896.

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Pesquisa de campo realizada em 04/10/2012 Estudantes e professora da EME Alcina Dantas Feijão Entrada do Museu Histórico Municipal

Bairro Fundação – São Caetano do Sul – SP

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A estação ferroviária foi construída no Núcleo Colonial de São Caetano no lote do colono Luigi Baraldi. Numa área praticamente rural. Com a instituição do Núcleo, foi criado, também, seu centro urbano, ao redor da antiga Capela de São Caetano (Matriz Velha). O centro urbano ficava a algumas quadras da Capela. Segundo Martins (2004), há duas referências literárias à ferrovia e a essa localidade:

"A Carne", romance de Júlio Ribeiro de 1888; "Anarquistas Graças a Deus“, de Zélia Gattai, publicado em 1979. Conta a infância e adolescência de Zélia, esposa do romancista Jorge Amado, e suas idas e vindas de São Paulo à São Caetano nas primeiras décadas do século XX.

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Foto de 1911 - Atual Passagem de Nível da Estrada de Ferro da estação de São Caetano do Sul.

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Fonte: FPMSC, 2012.

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Festa de Santo Antonio na Igreja Matriz do Bairro Fundação, 1908.

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Fonte: FPMSC, 2012.

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São Paulo

Cidade Centro

São Caetano do Sul

Subúrbio Periferia

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• Estreitamento dos laços familiares e entre os vizinhos

• Ajuda mútua

• Sobrenome das famílias identidade coletiva

• Ausência de representação política

Olaria familiar ao longo do Rio dos Meninos, São Caetano do Sul, 1910.

Fonte: MIESP, 2012.

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2º momento: A industrialização do ABC

*Atual EMEF Senador Flaquer.

A fundação da primeira escola de São Caetano, Escola Estadual Senador Flaquer*, no ano de 1920, está intimamente ligada com a instalação das industrias da região e a necessidade de formar mão de obra especializada.

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Início do século XX INDÚSTRIAS

SUBÚRBIO

Ao longo do século XX, principalmente a partir da

segunda metade, o processo de urbanização se intensifica com a chegada

de muitas industrias, trazendo uma nova lógica

socioespacial para São Caetano e nas relações de sociabilidade entre seus

habitantes.

Fonte: FPMSC, 2012.

• O baixo preço/valor da terra • Extensão territorial disponível e

suficiente para implantação das fábricas

• Mão de obra semiqualificada

São Caetano do Sul

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DISCIPLINA O TEMPO

Quase na hora de partir, mamãe confirmou a minha suspeita, anunciando-me que eu ficaria em São Caetano. [...] Revoltada, protestei: — Não fico, não fico! Mamãe tentava convencer-me: — Você vai se divertir aqui com suas primas, sua boba! Amanhã cedo você vai ver tia Joana tirar leite das vacas...

[Este episódio se passa por volta da década de 1930].

Zélia Gattai. Anarquistas graças a Deus, 1979, p. 39. Grifo nosso.

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TRANSFORMA O ESPAÇO

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“A instalação da indústria em São Caetano do Sul recria, em certa medida, o imaginário dos moradores do subúrbio acerca da cidade. Outras relações de trabalho, outras formas sócio-espaciais são introduzidas, al-terando, dessa maneira, a rela-ção entre a cidade e o subúrbio que passa a ser agora mediada, principalmente, pela fábrica e pela sua espaço temporalida-de, pelos ritmos sociais que ela impõem”.

(GIROTTO, 2009, p. 4)

Cidade Centro

Subúrbio Periferia

O imaginário e a urbanização

PROPAGANDA

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Foto de 1935 - Fábrica de Louças Adelina Rua Pernambuco – Centro – SCS

Fonte: FPMSC, 2012.

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“Referimo-nos há dias à inauguração das novas oficinas da General Motors do Brasil em S. Caetano, consideradas como das maiores e mais perfeitas do mundo, no gênero. Esta vista geral dá bem ideia da importância das novas instalações daquela empresa na vizinha localidade”. [São Caetano do Sul].

Anuncio do jornal O Estado de São Paulo, publicado em 16 de agosto de 1930.

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BAIRRO FUNDAÇÃO

Ateliê Fotográfico Fâmula & Irmão Rua Perrella, nº 64, 1925.

Rua 28 de Julho em 1927.

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Fonte: FPMSC, 2012.

Fonte: FPMSC, 2012.

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Rua Perrella, São Caetano do Sul, 1930.

A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Fonte: FPMSC, 2012.

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Portaria Principal da Cerâmica São Caetano na década de 1950

Cerâmica São Caetano na década de 1930

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Fonte: FPMSC, 2012.

Fonte: FPMSC, 2012.

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IRFM - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo Símbolo do desenvolvimento industrial paulista relacionado a este período. Foto aérea do complexo industrial Matarazzo em São Caetano do Sul, Século XX.

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Interior da Matriz Nova, Centro - SCS - SP Construída de 1932 a 1938, 1ª missa 1937

A imponência de seu interior; Industrialização de São Caetano.

Interior da Matriz Velha, Fundação – SCS – SP Construída 1883, passou por uma reforma em 1924. Em 1965 foi tombada como Patrimônio Histórico Municipal.

Simplicidade no seu interior; Fundação do Núcleo São Caetano. FORMA

CONFIGURAÇÃO ESPACIAL

PERÍODO MOMENTO HISTÓRICO

Fonte: Catarina Troiano, outubro de 2012.

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Anúncio referente à chegada do ano de 1934, publicado pela Companhia City. A maior empresa imobiliária urbanís-tica do País, na época era responsável pelos loteamentos dos bairros Pacaembu, Alto da Lapa, Jardim América (atual “Jardins”) e Anhangabaú, na cidade de São Paulo. OESP, 23 de dezembro de 1933.

NA DÉCADA DE 1960 A COMPANHIA CITY TAMBÉM FOI RESPONSÁVEL PELO

PLANEJAMENTO URBANO DO ENTÃO NOVO BAIRRO “JARDIM SÃO CAETANO”, O PRIMEIRO

BAIRRO RESIDENCIAL PLANEJADO E DE ALTO PADRÃO DA REGIÃO.

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“Festival da moda 1960. Promovido e organizado pela S/A I.R.F. Matarazzo. Desfilará todo o encanto das últimas criações

parisienses em tecidos Matarazzo-Boussac e Matarazzo, apresentando cores, temas e tendências de surpreendente inspiração. Consagração da alta costura. Criações Boriska, Carina, Chinchila, Dener, Evelin, Primula, Madame Rosita,

Signorinella e Madame Sóvia. Uma semana de desfiles. No salão de exposições do Prédio Conde Matarazzo. Um

programa diferente a cada dia. Atribuições da Agulha de Platina, Agulha de Ouro e Sapatinho de Ouro 1960.

Homenagem às colônias americanas, à juventude com a participação das debutantes e às artes, com a participação de

artistas do cinema, do rádio e da televisão”. Fonte: OESP, 16 de outubro de 1960.

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Os reflexos das relações cidade-subúrbio, se dão nos mais diversos segmentos e se manifestam nas práticas culturais.

São Paulo Festival da Moda 1960 - Matarazzo

Reforça o imaginário dos moradores do subúrbio sobre a cidade

São Caetano Fábrica de Tecidos

Matarazzo

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Rua Manoel Augusto Ferrerinha em 1957

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Fonte: FPMSC, 2012.

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Fachada do instituto Nossa Senhora da Glória, em 1960, mostrando a Rua Amazonas

sem asfalto.

Estrada das Lágrimas, junto ao Parque Municipal São José em 1961

Fonte: FPMSC, 2012.

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Rua Boa Vista em 1966

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Fonte: FPMSC, 2012.

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Igreja da Vila Prosperidade, na década de 1970

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Fonte: FPMSC, 2012.

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Paróquia São Caetano (Matriz Velha) Praça Ermelino Martarazzo, 1970.

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Fonte: FPMSC, 2012.

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Praça Jovino Pacheco de Aquine, localizada entre a Estrada das Lágrimas e a Rua Justino Paixão, ao lado do Fórum de São Caetano, na década de 1980.

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Trabalho familiar

Lógica do capital “Subúrbio de cunho urbano”

Político-administrativo

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Trabalho fabril

“Os três elementos: fidelidade, honra e trabalho estão presentes na vida dos primeiros imigrantes de São Caetano do Sul como fundamentos da sociabilidade que herdaram de um contexto rural”.

Subúrbio Rural

Subúrbio Industrial

Gosto pelo trabalho

Exploração dos trabalhadores

“O prazer do trabalho não destrói os problemas gerados pelo trabalho mal pago. Porque pensar e

apreciar o próprio trabalho é algo que o capital pode ter banido da fábrica, mas não conseguiu banir da

vida do trabalhador” (MARTINS, 2008, p. 57).

Estratégia de dominação

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Operários da IRFM na saída do trabalho da fábrica, década de 1920.

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Não só os imigrantes italianos, mas povos de

diferentes etnias e lugares, como, nordestinos, paulistas, europeus,

orientais, entre outros, chegavam a São Caetano

(MARTINS, 2008).

“O ideal de italianidade permitiu aos migrantes fundadores do núcleo criarem uma identidade coletiva capaz de fomentar a solidariedade entre o grupo com o intuito de marcar a diferença deste em relação aos outros que passavam a compor a estrutura demográfica da região do ABC” (GIROTTO, 2009, p. 7).

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Neste sentido, surge uma cisão, isto é, uma ruptura entre os que são de São Caetano e os que vem de fora, para garantir a continuidade e a manutenção do poder de uma pequena parcela da comunidade derivada da ocupação do núcleo.

Estratégia política Construção de um discurso histórico-geográfico

São Caetano autoimagem italianidade

“Se a religião foi o primeiro elemento de aglutinação, ganhou força muito rapidamente a italianidade. A qual, aliás, não fora real para a maioria dos colonos

chegados a São Caetano. A maioria deles nascera antes que se consumasse a unidade nacional italiana, antes que a Itália existisse como tal. A Italianidade foi, portanto,

construída na adversidade das condições de vida que o imigrante encontrou no Brasil” (MARTINS, 2000, p. 189. Grifo nosso).

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Placa comemorativa em homenagem aos primeiros imigrantes que

fundaram São Caetano.

IDEAL DAS FAMÍLIAS FUNDADORAS

A história-mito de São Caetano do Sul (oculta mais do que revela)

Elemento legitimador de diferenciação

Reprodução do poder

Área externa da Matriz Velha Fundação – São Caetano do Sul – SP

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Fonte: Catarina Troiano, outubro de 2012.

Detalhe da placa comemorativa do cinquentenário de fundação do Núcleo São Caetano, 1927. Área externa da Matriz Velha. Fundação – São Caetano do Sul – SP

A formação do discurso da italianidade se reproduz ao se afirmarem determinados grupos em detrimento de outros, bem como a partir da utilização de conceitos como

“moderno” e “progresso” (GIROTTO, 2009, p. 9).

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“Certamente não foi uma mera coincidência que a divulgação dos nomes de chefes de famílias identificados como fundadores tenha se dado em 1927, fazendo parte dos festejos em comemoração ao cinquentenário da fundação do núcleo colonial. As indústrias se expandiam e com ela chegavam as pessoas de fora. Paradoxalmente, a industrialização, que foi modificando a paisagem e o ritmo de vida local, indiretamente induziu a criação do ideal fundador como estratégia de coesão e de defesa dos que aí já se encontravam” (FERES, 1998, p. 137 apud GIROTTO, 2009, p. 8).

Ideal de italianidade

Autonomia política de São Caetano do Sul

Toma força na Década

de 1940

Sociedade civil organizada

Força da Indústria

Sociedade civil organizada

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Mais e mais chaminés se levantam, Apitos fazem-se ouvir; Do trabalho é tua glória, De grandeza será teu porvir.

Trecho do Hino de São Caetano do Sul Letra: José de Almeida Filho Música: Roberto Manzo

Pois que sendo em tamanho menor É em tudo quase sempre o maior Foste obra de heroico imigrante Que por ti deixou a Pátria distante.

Trecho do Hino Autonomista Letra e música: Dr. Arnaldo Vianna

FONTE: CMSCS, 2012.

Autonomia política de SCS

Reforça a autoimagem em relação às outras cidades do

ABC e aos moradores da própria cidade.

O princípio de diferenciação

Discurso histórico e geográfico Peça fundamental

Grupos tradicionais de São Caetano do Sul

Pertencer

Ideal de italianidade que se constrói a partir do discurso

Tal discurso aparece modernizado nas estratégias de produção do espaço urbano que ocorrem atualmente na cidade.

Bases de sustentação de certa autoridade política

1948

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Foto de 1954 – Construção do Viaduto dos Autonomistas

28 de Julho de 1954 - Inauguração do Viaduto dos Autonomistas

A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Fonte: FPMSC, 2012.

A transformação do espaço da cidade também é reflexo do pensamento

político e social de seus habitantes.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Monumento do “Marco Zero” da cidade e do “Livro aberto” em homenagem aos Autonomistas Praça Cardeal Arco Verde, Centro - SCS

Fonte: Catarina Troiano, outubro de 2012.

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Marco do Centro Urbano

O que define o “centro” não é a localização geográfica em si, mas o seu poder de atração e fluidez.

(SANTOS, 2000).

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Detalhe do “Livro aberto” dos Líderes Autonomistas Praça Cardeal Arco Verde – Centro – São Caetano do Sul

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

3º Momento: “A desfabricação da fábrica” (SVARTMAN, 2009)

Décadas de 1970/1980 • Greves na região do ABC paulista • Custos elevados de produção • Altos impostos na região

• Incentivos fiscais de outras localidades

• Forma de retaliação às greves

• Inovações nos meios de transportes e de comunicações.

Importantes mudanças no que diz respeito à estruturação do seu espaço produtivo

1990 ABC paulista

Reestruturação produtiva das empresas multinacionais para

outras áreas do país

Muitas indústrias encerram suas atividades na região

São Caetano do Sul

Evasão industrial (MORO JR., Apud GIROTTO, 2009; 2011)

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1 Chaminé IRFM (antigo símbolo do progresso) 2 Vista do fundo da Matriz Velha, do interior da IRFM 3 Interior da Cerâmica Matarazzo IRFM 4 Entrada desativada da Rua Rio Branco – Fundação – SCS – SP

Legenda

Fonte: Catarina Troiano, outubro de 2012.

“Nesse ponto revela-se intensamente a substância social da memória, o ponto de vista que informa, a fala do invisível como um fotografar de lembranças assombrando a incompreensível destruição do que outrora pareceu eterno” (SVARTMAN, 2009, p. 6. Grifo nosso).

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Saída dos parques industriais A cidade perde sua principal fonte de arrecadação de capital.

“Neste sentido, os governantes e empresários locais se viram em uma situação de transfor-mação abrupta do perfil econômico da cidade. Era preciso, urgentemente, traçar estratégias para recuperar o fôlego econômico e para tanto algumas apostas foram feitas” .

(GIROTTO, 2009, p. 10)

Entre 1980 e 1991, a população de São Caetano do Sul perdeu cerca de 10 mil habitantes (IBGE, 2010).

Decréscimo populacional

Emigração de moradores (mudam-se para outras regiões)

Foto de José de Souza Martins, 2008.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Preço médio do m² anunciado* em SCS:

R$ 4.449,00

Mudança no código de zoneamento que

impedia a construção de prédios com mais

de seis andares

Um dos elementos fundamentais para que se pudessem utilizar os terrenos abandonados resultantes da saída dos parques industriais.

Empreendimentos de alto padrão

Alto valor do metro quadrado

na cidade

*Segundo o site Agente Imóvel, outubro de 2012.

Estratégia de seleção dos habitantes que

devem residir na cidade

Lógica do Capital 4º Momento: A MERCANTILIZAÇÃO DA CIDADE

Revalorização urbana de algumas áreas da cidade

Atração de populações de alta renda

Atração de investimentos no setor terciário de ponta (alta tecnologia)

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“Cada parcela deste mundo é propriedade de um Estado ou de um particular. Este roubo social que é a apropriação exclusiva do solo, se encontra materializada na onipresença de muros, barreiras, e fronteiras... São as marcas visíveis desta separação que invade tudo”.

(BRIENT; FUENTES, 2012)

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“O ambiente onde se aglomera esta massa servil é o fiel reflexo de sua vida: se assemelha a jaulas, a prisões, a cavernas. Porém contrariamente aos escravos e aos prisioneiros, o explorado dos tempos modernos deve pagar por sua jaula” (BRIENT; FUENTES, 2012).

Condomínio fechado – Bairro Cerâmica São Caetano do Sul – SP Fonte: Catarina Troiano, setembro de 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“À medida que o homem constrói seu mundo com a força do trabalho alienado, o cenário deste mundo se converte na prisão onde terão que viver. Um mundo sórdido, sem sabor, nem odor, que leva consigo a miséria do modo de produção dominante”.

(BRIENT; FUENTES, 2012)

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“Este cenário está em eterna construção. Nada nele é estável. A remodelação permanente do espaço que nos envolve se justifica pela amnésia generalizada e pela insegurança na qual devem viver seus habitantes” .

(BRIENT; FUENTES, 2012)

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“O urbanismo é a tomada do meio ambiente natural e humano pelo capitalismo que, ao desenvolver-se em sua lógica de dominação absoluta, refaz a totalidade

do espaço como seu próprio cenário”.

Guy Debord, A sociedade do espetáculo.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Tais empreendimentos têm como público alvo as classes de renda A e B, selecionando-se assim os novos moradores da cidade a partir de critérios pautados na lógica do mercado e do consumo, da especulação financeira e da negação do direito à cidade, transformada agora em mercadoria (GIROTTO, 2009, p. 11-12).

Ao lado, vista aérea do terreno da antiga

Cerâmica São Caetano e abaixo o projeto do

empreendimento “Espaço Cerâmica”

realizado pela empresa Sobloco.

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Fonte: sobloco.com, 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Investimentos no setor terciário de ponta

(alta tecnologia, informática)

Áreas mais reduzidas em relação às

industrias calcadas no modelo fordista Centro Digital do Ensino Fundamental

Av. Goiás, Santa Paula - SCS

Centro Tecnológico GM Av. Goiás, Santa Paula - SCS

Fonte: PMSCS, 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Plano Diretor Estratégico de São Caetano do Sul para o período de 2006-2015

A estratégia de desenvolvimento sócio-territorial considera que o município está consolidado e, portanto, possui necessidades de se adaptar e não de se expandir. O plano contém uma grande quantidade de indicações de projetos municipais como, por exemplo, a criação de um parque, a implantação de estudos de circulação e transporte, entre outros; mas não há definição de prioridades nem indicação de previsão nos planos plurianuais ou orçamentos municipais. O plano diretor prevê como uma das propostas físico-territoriais a “ampliação do sistema de transporte dutoviário e implantação de sistema de gás de rua para distribuição domiciliar”. Não há estratégias ou menção à formulação de plano municipal de habitação e não há estratégias para democratização do acesso à terra urbana, apesar do pequeno déficit por coabitação.

Fonte: PMSCS, 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

O plano diretor de São Caetano do Sul se constitui como uma lei concisa, isto é, de linguagem clara e objetiva, de fácil compreensão. O plano apresenta coerência na relação entre a definição de objetivos gerais e proposições setoriais;

Plano Diretor Estratégico de São Caetano do Sul para o período de 2006-2015

Aspectos positivos Segundo o Relatório de avaliação do Plano Diretor de São Caetano do Sul (ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

Sobre sítios históricos, faz parte dos objetivos gerais do plano valorizar e preservar o patrimônio histórico e cultural do município.

Tem como diferencial investimentos na força de trabalho especializada, escolas e centros de pesquisa tecnológica, e a articulação para receber essas atividades.

Promover a saúde, a educação e os esportes.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Plano Diretor Estratégico de São Caetano do Sul para o período de 2006-2015

O plano diretor não dá um tratamento específico à questão da moradia popular. O que prevalece no território é o padrão construtivo de classe média, nas áreas mais valorizadas o mercado imobiliário

constrói torres de alto padrão. O lote mínimo adotado é de 125m².

Não há estudos relacionados às consequências positivas e negativas da valorização imobiliária e do aumento do contingente populacional em relação ao potencial construtivo da cidade.

A questão ambiental é tratada de forma genérica e sem proposta efetiva de plano ou ação.

Instrumento de participação popular inadequado: A composição do Conselho Técnico Municipal de Política Urbana, importante componente do Sistema Municipal de Planejamento e Gestão, ao qual cabe uma série de atribuições no que se refere às formulações e aprovações de leis específicas e revisões do plano diretor, dentre outras, não garante a participação de movimentos populares organizados na medida em que, dentre as sete vagas de representantes da sociedade civil, cinco pertencem ao empresariado.

Aspectos negativos Segundo o Relatório de avaliação do Plano Diretor de São Caetano do Sul (ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

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Planta do Zoneamento estratégico da cidade de São

Caetano do Sul, 2010.

O zoneamento estratégico de uma cidade rege o uso e ocupação do solo urbano.

Legenda

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“A cidade torna-se, portanto, uma empresa e deve ser administrada como tal, para que assim, possa alcançar vantagens no processo perverso da economia globalizada”.

(GIROTTO, 2009, p. 12)

Visa dotar a cidade das condições necessárias para que a mesma possa se inserir e concorrer na atração de investimentos no interior da economia globalizada.

Baseado na necessidade das cidades de se adequarem para melhor competirem no mercado globalizado.

Plano Diretor Estratégico de São Caetano

Modelo de planejamento

urbano

Figuras tristes vestidas de solidão Caminham em calçadas, Calçadas de civilização. Mundo sórdido este agora! Onde tudo que precisamos, É tudo que não precisamos.

Wagner Vicente, 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Valorização e investimento em certas áreas em detrimento de outras

Imagem da cidade Renovação urbana

Investimentos nas áreas de paisagismo e publicidade

Valor dos terrenos População de

alta renda

Saúde Educação

Projetos de requalificação urbana Áreas verdes e de lazer

Jardim São Caetano Cerâmica

Precariedade habitacional, enchentes; Segregação sócio-espacial; Transporte público que dificulta a mobilidade espacial e o acesso à cidade

Prosperidade Fundação

X

CIDADE IDEAL

CIDADE REAL

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Talvez esta seja, hoje, uma das ideias mais populares entre os neoplanejadores urbanos: a cidade é uma mercadoria a ser vendida, num mercado extremamente competitivo, em que as outras cidades também estão à venda. Isto explicaria por que o chamado marketing urbano se imponha cada vez mais como uma esfera específica e determinante do processo de planejamento e gestão de cidades. Ao mesmo tempo, aí encontramos as bases para entender o comportamento de muitos prefeitos, que mais parecem vendedores ambulantes que dirigentes políticos

(VAINER, 2002, p. 78 apud GIROTTO, 2009, p. 14).

Novo modelo de planejamento

urbano

Cidade-mercadoria

Marketing Urbano

Transição de cidade industrial para a cidade de serviços especializados

(MORO JR., Apud GIROTTO, 2009; 2011)

São Caetano do Sul

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Construído com base no Ideal da comunidade de tradição, pautada na italianidade, o

discurso histórico-geográfico oficial de São Caetano do Sul é hoje incorporado pelos novos detentores do poder local, com o intuito de enfrentar a crise financeira da

cidade decorrente do fechamento de muitas indústrias fundamentais ao crescimento econômico da mesma. À este discurso,

associa-se outro, mais dinâmico e moderno, que busca colocar a cidade no hall das cidades

mundiais, transformando-a em uma mercadoria como outra qualquer.

(GIROTTO, 2011, p. 81).

Excelentes indicadores

sociais

PIB per capita

Mortalidade infantil

IDH

Expectativa de vida

Escolaridade

Imagem da cidade ideal

O discurso histórico-geográfico

oficial de São Caetano do Sul

Processo de revalorização urbana

Ressalta a singularidade

Oculta a desigualdade

O que importa são o presente e o futuro comuns; a única importância de um passado comum é modelar o presente e o futuro e manter o curso com um pouco mais de facilidade.

(BAUMAN, 2000, p. 137 apud GIROTTO, 2009;2011)

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1908 2012

A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

1970 Fon

te: C

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.

Fonte: FPMSC, 2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Considerações e reflexões

O direito à cidade é para todos? Rua Silvia, vista da Travessa da Fonte

Nova Gerti – São Caetano do Sul – SP

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Casa no Bairro Jardim São Caetano

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

“O que é que, afinal de contas, se vende quando se põe a venda uma cidade?” (VAINER, 2002, p. 78 apud GIROTTO, 2009, p. 16)

Cada cidadão tem o direito de pensar e repensar as formas e processos pelos quais

a cidade se organiza, é um direito individual que se exerce de forma coletiva

enquanto forma de apropriação e construção de um espaço efetivamente

público, lugar do encontro dos diferentes e das possibilidades (GIROTTO, 2009).

Henry Lefebvre

Viver a cidade , para além da lógica da mercadoria.

A cidade deve ser entendida enquanto obra e construção social.

É inalienável à vida

Viver a cidade Consumir a cidade

Consumidor mais que perfeito

Cidadão perfeito

Esvaziamento da cidadania

Ética do consumo

O bem comum é deixado de lado, em favor da valorização e da

rentabilidade do espaço urbano.

Fonte: Catarina Troiano, setembro de 2012.

Direito à cidade

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

A reprodução do discurso oficial, da comunidade imaginária, da imagem da cidade que visa ocultar as contradições que marcam a cidade real, podem ser questionadas.

A cidade deve surgir como elemento de estudo e observação, posta em movimento, discussão, análise.

No processo de construção do direito à cidade

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Espaços de resistência, para além da lógica da mercadoria, devem ser construídos.

Direito à vida urbana, transformada, renovada

(LEFEVBRE, 2006, p. 117).

[...] O que pressupõe uma teoria integral da cidade e da sociedade urbana que utilize os recursos da ciência e da arte

(LEFEVBRE, 2006, p. 117).

• Associações de bairros • Sindicatos • Grêmios escolares • Organizações não governamentais

Todos devem participar do processo de produção do espaço urbano

Importantes locais de discussão na construção

do direito à cidade

Contrapondo-se a mercantilização do urbano e da vida

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Hoje, mais do que nunca, não existe pensamento sem utopia. Ou então, se nos contentarmos em constatar, em ratificar o que temos sob os olhos, não iremos longe, permaneceremos com os olhos fixados na real. Como se diz: seremos realista... mas não pensaremos! Não existe pen-samento que não explore uma possibilidade, que não tente encontrar uma orientação

(LEVEBVRE, 2006, p.15).

• Fiscalizar e apresentar demandas ao poder público

• Levar em consideração o bem comum e o interesse da maioria

• Sociedade civil organizada e consciente de sua função no processo democrático

Lugares de resistência Fortalecimento da

sociedade civil

A produção do espaço urbano enquanto lugar da plena realização da vida, implica entender que toda vida pertence à Terra e tem direitos iguais sobre a mesma.

A CIDADE É FEITA PELAS PESSOAS E PARA AS PESSOAS

O bem comum, a solidariedade e a

cooperação

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Tem que começar em algum lugar, Tem que começar em algum tempo. Que lugar melhor do que aqui! Que tempo melhor que agora!

It has to start somewhere, It has to start sometime. What better place than here! What better time than now! . Rage Against Machine.. Gerrilla Radio..

"O poder não é para ser conquistado, ele deve ser destruído". Jean-François Brient e Victor León Fuentes

Se uma cidade produz mais e mais riqueza, mas as disparidades econômicas no seio de sua população aumentam; se a riqueza assim produzida e o crescimento das cidades se fazem às custas da destruição de ecossistemas inteiros e do patrimônio histórico-arquitetônico; se a conta da modernização vem sob a forma de níveis cada vez menos toleráveis de poluição, de estresse, de congestionamentos, se é assim, falar de “desenvolvimento” é ferir o bom senso.

(SOUZA, 2005, p. 101. Grifo do autor)

Por um pensamento livre da verdade!

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Referências bibliográficas e fontes de pesquisa

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LEFEBVRE, Henri. O Direito à cidade. São Paulo: Editora Centauro, 4ª Edição, 2006.

MARTINS, José de Souza. A aparição do demônio na fábrica: origens sociais do Eu dividido no subúrbio operário. São Paulo: Editora 34, 2008. _______. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser dividido. [On-Line] In: Revista USP. Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, Nº 63, setembro-novembro, 2004, p. 6-15. Disponível na URL: <http://www.usp.br/revistausp/63/01-jose.pdf>. Capturado em 12/09/2012. _______. Subúrbio: Vida cotidiana e história no subúrbio da cidade de São Paulo - São Caetano do fim do império ao fim da republica velha. 2ª Edição. São Paulo: Hucitec/UNESP, 2000. [On-Line] In: Google Books. Disponível na URL: <http://books.google.com.br/books?id=HU_tuDNSvccC&printsec=frontcover&dq=Suburbio&source=bl&ots=-NdRSPENiM&sig=6PRIZMTS0eKAo2uUFr9_fgreuj0&hl=pt-BR&sa=X&ei=czhKULnSEYbc8wTWooEY&ved=0CDAQ6AEwAA#v=onepage&q=Suburbio&f=false>. Capturado em 07/06/2012.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Referências bibliográficas e fontes de pesquisa

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SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

Referências bibliográficas e fontes de pesquisa

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A produção do espaço urbano em São Caetano do Sul

FIM

Obrigada a todos! Outubro de 2012