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A produção da Historiografia Brasileira na Revista Estudos Históricos (1988-2006): uma proposição de pesquisa CAROLINA TEODORO Introdução Este texto tem como propósito primeiro demonstrar o percurso de construção da pesquisa de mestrado que desenvolvemos no Programa de Pós-graduação em História da UNESP, Campus Franca. Neste ínterim, falaremos do objeto (e fonte), a Revista Estudos Históricos (EH) e, ao final, faremos uma análise das Apresentações (editoriais) da revista almejando elaborar um perfil destas. Como ponto de partida, temos que o objetivo principal do projeto de mestrado “A Produção da Historiografia Brasileira na Revista Estudos Históricos (1988-2006)” é analisar a produção historiográfica promovida no periódico entre 1988 (ano de sua criação) e 2006 (ano em que se vincula ao Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC). Tal ano também marcou lançamento do dossiê Bens Culturais e supomos que este apresente alguns dos primeiros resultados do PPHPBC, inaugurado em 2003. Além disso, em 2006 teve início o Curso de Graduação em Ciências Sociais (bacharelado), fruto da criação, pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV), da Escola Superior de Ciências Sociais da FGV (2005). Portanto, o referido ano representa um marco de grande relevância na história da instituição. Tomamos como hipótese central que a revista, de perfil interdisciplinar, ao se propor a reunir pesquisadores motivados a pensar o Brasil sob uma perspectiva histórica, possibilitou a produção e divulgação de textos com ênfase na História do Tempo Presente do nosso país. Fatores que fundamentam tal conjectura são os temas de seus dossiês e a sua vinculação ao CPDOC, que se sustenta, desde 1973, como um centro de pesquisa preocupado com questões como o uso da História Oral, a História Política e a história recente. Na futura dissertação, analisaremos trinta e oito volumes da EH, catalogados e disponibilizados no arquivo on-line da revista, hospedado no Sistema de Bibliotecas da FGV. Verificamos que os estudos que tomam periódicos como fonte e objeto de pesquisa a partir da Carolina Teodoro é mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/ UNESP (Câmpus de Franca). E-mail: [email protected].

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A produção da Historiografia Brasileira na Revista Estudos Históricos (1988-2006): uma

proposição de pesquisa

CAROLINA TEODORO

Introdução

Este texto tem como propósito primeiro demonstrar o percurso de construção da

pesquisa de mestrado que desenvolvemos no Programa de Pós-graduação em História da

UNESP, Campus Franca. Neste ínterim, falaremos do objeto (e fonte), a Revista Estudos

Históricos (EH) e, ao final, faremos uma análise das Apresentações (editoriais) da revista

almejando elaborar um perfil destas.

Como ponto de partida, temos que o objetivo principal do projeto de mestrado “A

Produção da Historiografia Brasileira na Revista Estudos Históricos (1988-2006)” é analisar a

produção historiográfica promovida no periódico entre 1988 (ano de sua criação) e 2006 (ano

em que se vincula ao Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais

(PPHPBC). Tal ano também marcou lançamento do dossiê Bens Culturais e supomos que este

apresente alguns dos primeiros resultados do PPHPBC, inaugurado em 2003. Além disso, em

2006 teve início o Curso de Graduação em Ciências Sociais (bacharelado), fruto da criação,

pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil

(CPDOC/FGV), da Escola Superior de Ciências Sociais da FGV (2005). Portanto, o referido

ano representa um marco de grande relevância na história da instituição.

Tomamos como hipótese central que a revista, de perfil interdisciplinar, ao se propor a

reunir pesquisadores motivados a pensar o Brasil sob uma perspectiva histórica, possibilitou a

produção e divulgação de textos com ênfase na História do Tempo Presente do nosso país.

Fatores que fundamentam tal conjectura são os temas de seus dossiês e a sua vinculação ao

CPDOC, que se sustenta, desde 1973, como um centro de pesquisa preocupado com questões

como o uso da História Oral, a História Política e a história recente.

Na futura dissertação, analisaremos trinta e oito volumes da EH, catalogados e

disponibilizados no arquivo on-line da revista, hospedado no Sistema de Bibliotecas da FGV.

Verificamos que os estudos que tomam periódicos como fonte e objeto de pesquisa a partir da

Carolina Teodoro é mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas

e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/UNESP (Câmpus de Franca). E-mail:

[email protected].

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óptica da historiografia são recentes e, apesar da efervescência atual, ainda não são

volumosos. Assim, acreditamos que a proposta aqui expressa contribuirá para uma mudança

nesse cenário.

Sobre a arquitetura da pesquisa

No recorte temporal eleito, a Estudos Históricos foi um periódico semestral e

comercial organizado pelo CPDOC, sujeito a assinatura e disposto em dossiês cujos temas

concernem à contemporaneidade, incluindo assuntos privilegiados pela História do Tempo

Presente como imagem, mídia, cultura política, arquivos pessoais, memória, justiça e

cidadania. Desde sua concepção, a revista preza pela interdisciplinaridade; porém,

concomitantemente, estabelece o critério de historicização. Desta forma, aborda temáticas de

diferentes disciplinas, mas tendo o cuidado de apresentá-las sob uma perspectiva histórica.

Este caráter multidisciplinar se alinha com sua inclinação às questões do contemporâneo

(ROUSSO, 2016: 286). Portanto, aliando História e Ciências Sociais, a Estudos Históricos

acompanha e divulga a trajetória do CPDOC; almeja romper fronteiras acadêmicas para

analisar e debater “diferentes maneiras de compreender o Brasil” (CPDOC, 1988: 4),

ressaltando o papel da memória e do resgate crítico das origens.

Esses dois elementos, nomeadamente o enfoque na contemporaneidade e a

preocupação com a fundação da identidade brasileira, manifestam-se já no primeiro editorial

da revista e, representam, a nosso ver, chave de interpretação historiográfica do periódico. As

revistas científicas acompanharam a intensificação da institucionalização e especialização

brasileira da História ocorrida nos anos 1980. A EH, participante ativa deste processo,

corresponde a uma fonte exemplar, sobretudo por ocupar-se justamente em compreender o

Brasil de maneira historicizada e, consequentemente, com a constituição e consolidação da

história da historiografia.

Como espaços tanto de alianças quanto de disputas e ferramentas de confirmação de

domínio, os periódicos representam um espaço multifacetado e dinâmico (quando comparadas

com livros e coletâneas), sem, contudo, perderem o rigor necessário ao exercício da escrita da

história. O alcance obtido propicia a ebulição de debates, o que consequentemente caracteriza

os periódicos como veículos de reflexões correntes, marcadas em páginas físicas ou virtuais,

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como ocorre com a EH. No caso de revistas publicadas na Internet, este potencial é

amplificado, muitas vezes atingindo escala global. Isto posto, entendemos o motivo de Julio

Bentivoglio defender “a criação de um campo específico – a história das revistas de história”

(BENTIVOGLIO, 2017: 7).

Tencionamos estudar a escrita das publicações do período indicado com o propósito

de compreender a operação historiográfica implicada em sua produção, traçando o perfil do

periódico por meio do mapeamento de referências teóricas, temáticas, seções, vinculações

institucionais, autores dos textos e pensadores envolvidos na idealização e na edição da

revista. Portanto, a partir desta etapa, esperamos produzir conexões de temas, recortes,

objetos, conceitos, fontes, instituições, pesquisadores e debates. Para esta finalidade

contribuirá igualmente a investigação da conjuntura social, política e institucional de criação

do periódico e de parte da história do CPDOC. Neste primeiro momento, planejamos a

elaboração de tabelas para facilitar a visualização dos dados analisados por parte do leitor.

Posteriormente, mapearemos as temáticas dos dossiês propostos pela revista, bem

como os artigos e seus autores a fim de verificar a sua adesão às concepções da Nova História

Política e da História do Tempo Presente. Para isso, também buscaremos entender como a

produção estrangeira foi ressignificada pelos receptores brasileiros, e como está refletida em

seus próprios estudos, através das entrevistas, das resenhas e de menções a teóricos forâneos

contidas nos textos veiculados pela EH. Pensamos que nesta fase será igualmente importante

a organização de dados quantitativos.

Logo, pretendemos utilizar a EH para identificar tendências historiográficas (MELLO,

2012), assim como observar disputas e filiações no meio acadêmico, embates entre diferentes

grupos de poder ligados às instituições do saber histórico entre os anos de 1988 e 2006. Isso só

é possível se entendermos este tipo de revista como

fonte de divulgação dos resultados de pesquisas ligadas a essas instituições, e de

colaboradores de grande prestígio na comunidade acadêmica, que os grupos

almejam possuir como membro de um possível novo centro de poder que está em

constituição. (NASCIMENTO, 2016: 23)

No que tange à identificação de “tendências historiográficas”, Ricardo Marques de

Mello (2012) analisa artigos da Revista Brasileira de História (RBH), priorizando as

publicações de 1981 a 2000. O autor optou por voltar sua atenção a elementos comuns a todos

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os artigos escolhidos, critérios aos quais dá o nome de “opções historiográficas”: “recorte

temporal, recorte espacial, área historiográfica, orientação teórica, perspectiva predominante

da interpretação e fontes usadas” (MELLO, 2012: 6). Ao reconhecê-las e verificar sua

recorrência, o autor considera possível agrupá-las em tendências. A partir da sistematização

dos dados obtidos em tabelas, Mello pôde dividir seu corpus em dois períodos: 1981 a 1990 e

1991 a 2000. Dessa forma, percebeu mudanças no que concerne às tendências privilegiadas

entre as décadas de oitenta e noventa. Daremos especial atenção aos conceitos de “tendências

historiográficas” e “opções historiográficas” com o mesmo objetivo de viabilizar a análise de

fontes tão heterogêneas.

Também adotaremos como inspiração teórica os pressupostos de Michel de Certeau,

especialmente aqueles contidos em seu livro A Escrita da História (CERTEAU, 2011). A

operação historiográfica é composta pela interação entre o lugar do discurso, os métodos (a

prática) de análise e a produção textual. É função do historiador conferir sentido e significado

a um acontecimento, historicizando seu objeto de análise. A escrita da história é fruto de

vivências do escritor, assim dialoga diretamente com seus interesses pessoais e os da

instituição na qual ele se insere. Esta última tem grande poder sobre o discurso produzido,

criando balizas dentro das quais se organiza a disciplina histórica, que abarcam seleção de

metodologias, fontes e pesquisas a serem feitas. Dessa forma, a prática da escrita da história e

suas técnicas variam de acordo com as culturas nas quais foram produzidas. É por isso que o

produto do trabalho do historiador deve sempre ser analisado dentro de um contexto.

Ademais, a escrita da História é coletiva por depender da validação dos pares e ter

relação com suas ideias; também para ter validade, o discurso deve seguir as normas

acadêmicas, sob pena de ser marginalizado pela comunidade científica e perder legitimidade.

Neste sentido, uma das funções da História estaria vinculada à relevância social do estudo, a

um caráter didático voltado à comunidade. Não menos importante, Certeau enfatiza a

necessidade da disciplina se utilizar de conceitos e modelos de outros âmbitos do

conhecimento, sempre os criticando com base em critérios próprios da História.

Dessa forma, pretendemos examinar a revista como lugar de produção e as balizas

promovidas pelo CPDOC enquanto instituição. Queremos compreender as regras de

produção historiográfica fabricadas por este centro de pesquisa, através do estudo do perfil do

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periódico, a partir dos textos veiculados nele, em primeira instância; adicionalmente, daremos

especial atenção aos seus idealizadores, ao conceito envolvido em sua criação e à dinâmica de

reconhecimento de discursos exercida pelos autores nos trabalhos enviados aos dossiês. O

caráter interdisciplinar da revista nos proporcionará a observação de usos de modelos

importados de outras disciplinas.

Ressaltamos, por fim, que também faremos uso dos procedimentos listados por Julio

Bentivoglio em seu capítulo “Revistas de história: objeto privilegiado para se estudar a

História da Historiografia?” (BENTIVOGLIO, 2017: 7-31). Dessa forma, observaremos o

perfil dos colaboradores da EH para reconhecer correntes historiográficas; buscaremos

identificar financiadores e editores; verificaremos autores mais citados para compreendermos

a dinâmica de formação de comunidades de discursos e de referências; analisaremos seções, a

recorrência de conceitos e recortes, e tipos de fonte utilizados, como está descrito em nossos

objetivos. Iniciaremos este trabalho pelos editoriais.

Um perfil por meio de editoriais

Como já sinalizamos, na EH a seção de editoriais leva o nome de “Apresentação”.

Segundo Adriana Braga (2003: 113), esses textos contêm teor subjetivo, pois têm a função de

expressar a opinião do veículo (no nosso caso, um periódico acadêmico) sobre seu próprio

conteúdo – ou seja, assuntos e elementos que se destaquem aos olhos do editor. Nem sempre é

possível identificar o autor de um editorial, porque este formato não exige assinatura. Braga

considera o editorial como “espaço de produção de sentido, na medida em que aponta o real

pela explicitação do processo produtivo da revista e que opera instruções de leitura e

posicionamento sobre o sentido proposto” (BRAGA, 2003: 113).

Na EH, as Apresentações, além de apresentarem os textos do fascículo, explicam seu

processo de produção, abrangem reflexões, estabelecem diretrizes e posicionam o periódico

em relação à comunidade acadêmica e a outras revistas. São instrumentos de poder, nos quais

a opinião dos editores se institucionaliza e serve como ferramenta de significação, como

veremos a seguir.

Os textos que abordaremos localizam-se nos números 1 (dossiê “Caminhos da

Historiografia”, 1988); 10 (dossiê “Teoria e História”, 1992); 13 (dossiê “CPDOC 20 anos”,

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1994); 17 (dossiê “Historiografia”, 1996); 18 (dossiê “Justiça e Cidadania”, 1996); 20 (dossiê

“América Latina”, 1997); 21 (dossiê “Arquivos Pessoais”, 1998); 27 (dossiê “Brasil-Estados

Unidos”, 2001); 36 (dossiê “Antropologia e Arquivos”, 2005) e 37 (dossiê “Direitos e

Cidadania”, 2006), somando, ao todo, dezesseis. O número de páginas de cada um deles varia

entre um e cinco, sendo mais frequente que tenham três ou quatro.

Talvez o mais importante seja o primeiro. “Por uma Revista de História” compara

história e ciências sociais buscando enfatizar os benefícios da presença das duas disciplinas

nas análises veiculadas no periódico. Entende-se que ambas sejam complementares, pois

O espaço da liberdade não é tão grande quanto possa supor uma história que não

busque causalidades, mas, ao mesmo tempo, a ação humana não é completamente

limitada. As utopias tiveram, têm e terão lugar no universo do homem. (CPDOC,

1988: 3)

Vemos que a EH não se apresenta como uma revista exclusivamente de historiadores.

Seu critério de publicação é abraçar especialistas de diversas áreas, que intentem estudar o

Brasil sob perspectiva histórica. O empenho na divulgação da multidisciplinaridade, expresso

neste editorial, traz uma visão positiva da postura interdisciplinar que marca o próprio

CPDOC.

Portanto, a primeira apresentação informa as diretrizes da EH, ligadas também ao

papel da lembrança e do esquecimento na fabricação da história brasileira. Sem considerá-la

somente como continuidade nem apenas como exceção, sem negar nem venerar “as origens”,

a revista se declara compromissada com a compreensão do presente e a construção do futuro

por meio da memória. Segundo “os editores” (como Angela de Castro Gomes, Gerson Moura

e Lúcia Lippi Oliveira, que assinaram o texto),

A amnésia é um castigo e um recurso de poder, pois esquecer significa ser obrigado

a criar do nada. Também uma falsidade, pois, proibido de entrar pela porta da

frente, o passado faz sua entrada pelos fundos. Recordação e esquecimento são

igualmente importantes para a sociedade continuar a existir. A memória, composta

do que se retém e do que se abandona, funda a identidade pessoal e coletiva, e é

através dela que se pode comparar e avaliar as experiências particulares e sociais.

(CPDOC, 1988: 3-4)

A segunda apresentação (nº 10, 1992), “Gerson Moura - in memoriam (1939-1992)”,

homenageia a trajetória intelectual de Gerson Moura, falecido naquele ano. Moura foi um dos

editores dos primeiros quatro números do periódico, sendo substituído em 1990 por Helena

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Bomeny. Por meio do destaque às suas qualidades como pesquisador e à sua atuação no

CPDOC, Celso Lafer salienta a interdisciplinaridade de seu trabalho, dizendo que “no seu

itinerário intelectual, história e ciência política combinaram-se de maneira harmoniosa”

(LAFER, 1992: 131). Uma união pioneira, pois poucos historiadores, até aquele momento,

tinham se dedicado ao estudo da história da política externa brasileira.

Via de regra, os números elencados têm somente um editorial, com exceção do

número 13, a edição de comemoração dos vinte anos do CPDOC, de 1994. Esta contém sete,

trazendo as palestras proferidas no seminário “CPDOC 20 anos” e incluindo uma breve

história do Centro. Durante a leitura, temos a oportunidade de vislumbrar como a instituição

se vê em relação à construção do conhecimento histórico no Brasil e, simultaneamente, como

entende seu papel neste processo.

Para Alzira Alves de Abreu, então diretora do CPDOC (1990-1994), na década de

setenta aconteceram “mudanças no quadro acadêmico brasileiro” (ABREU, 1994: 4). Estas,

segundo a autora, foram motivadas pela criação de agências governamentais de fomento à

pesquisa que privilegiavam as Ciências Humanas, aliada ao investimento estrangeiro nas

pesquisas1 e ao desagrado de nossos estudiosos perante o fenômeno dos brasilianistas

(especialistas justamente no período contemporâneo brasileiro). Ademais, o surgimento de

cursos e pós-graduação em arquivologia impulsionou a preservação e análise de fontes

primárias.

Tais fatores possibilitaram a existência de centros de documentação e pesquisa, como

o CPDOC, um dos primeiros – o Centro foi fundado em 1973 por Celina Vargas do Amaral

Peixoto, doutora em Ciências Políticas e neta de Getúlio Vargas. Sobre este momento, no

texto de Abreu, o que salta aos olhos são suas considerações acerca da formação dos jovens

pesquisadores do CPDOC:

A equipe do CPDOC foi constituída em sua grande maioria por jovens que

acabavam de terminar seus cursos universitários de história ou ciências sociais.

Eram candidatos a pesquisadores e foram incentivados a fazer seus cursos de pós-

graduação, inicialmente em sociologia, ciência política ou antropologia. Visava-se

assim a criar um núcleo de pesquisadores de história com uma formação

multidisciplinar. (ABREU, 1994: 5, grifo nosso)

1 Abreu dá como exemplos a brasileira Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a estadunidense Fundação

Ford (ABREU, 1994: 4).

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Porém, a adoção de uma orientação transdisciplinar não foi descomplicada. A diretora

relata a presença de “problemas de identidade profissional” entre os pesquisadores do

CPDOC, cuja especialização em apenas uma área, sobretudo apenas em história, era

entendida como sinônimo de descrédito na comunidade acadêmica. Do mesmo modo, os

historiadores de fora do Centro “viam com muita desconfiança aqueles cientistas sociais que

queriam fazer história” (ABREU, 1994: 5), e a pluridisciplinaridade teria prejudicado o

reconhecimento do CPDOC como “instituição dedicada a pesquisas históricas” (ABREU,

1994: 5). Para Abreu, isso tudo tem estrita ligação com o maior desenvolvimento das pós-

graduações de ciências sociais (em relação às de história) naquele momento, bem como o

consequente domínio obtido por esses profissionais.

Os demais editoriais dessa edição são apresentações de artigos de autores como Roger

Chartier (LOPES, 1994), Pierre Sorlin (VIEIRA, 1994), Charles Dollar (SILVA, 1994),

Luciana Duranti (LEAL, 1994), Hayden White (BOMENY, 1994) e René Rémond

(LINHARES, 1994). A composição dos apresentados, bem como a dos apresentadores, é

diversa: temos historiadores, antropólogos, sociólogos, paleontólogos, arquivistas e

professores de diferentes áreas das ciências humanas. As temáticas dos artigos são todas

relacionadas a assuntos caros ao CPDOC, como a História Política, a historiografia, a

arquivologia, a interdisciplinaridade e a história recente. Por tratar-se de uma edição

comemorativa, vemos as opções de temas e autores dos artigos como confirmação do mote da

multidisciplinaridade. Adicionalmente, interpretamos que a intenção dos editores com estas

escolhas foi levar ao leitor um resumo e um retrato do trabalho realizado no CPDOC ao longo

daquelas duas décadas.

O número 17 (1996) traz como “Apresentação” (e assim está denominada) uma breve

resenha dos artigos da edição, agrupados em eixos temáticos. Francisco Falcon, editor

convidado, celebra o retorno às questões da historiografia, tema também do primeiro dossiê

da EH, e toma este resgate das “origens” como sinal da fidelidade do periódico “aos

compromissos que nortearam sua fundação”. Se até aqui nos deparamos com editoriais sobre

momentos importantes da história da EH (sua fundação, a morte de um de seus primeiros

editores, os vinte anos da instituição à qual se vincula), não podemos deixar de incluir

também este texto na conta. Falcon ainda lamenta a ausência das historiografias regionais

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naquelas páginas seguintes, “reconhecidamente um segmento dos mais expressivos da

produção historiográfica brasileira recente” (FALCON, 1996: 3).

José Murilo de Carvalho, editor convidado do número seguinte, fala de cidadania e

garantia de direitos, especialmente os civis. No texto, está claro que este é um “número

especial de Estudos Históricos” (CARVALHO, 1996: 260), mas não se explica porquê.

Recorrendo, então, à seção “Notícias Institucionais”, temos uma nota de pesquisa que

esclarece: este fascículo é produto da conclusão da “primeira etapa do projeto Justiça e

Cidadania, desenvolvida com o apoio da FINEP e da Fundação Ford” (CPDOC, 1996: 417) e

coordenada por Carvalho. Percebemos que as duas instituições são as mesmas que Alzira

Abreu faz menção quando escreve sobre o financiamento inédito de pesquisas em ciências

humanas no país na década de 19702. O projeto Justiça e Cidadania tinha como objetivo

“estudar os obstáculos históricos e sociológicos que se interpõem ao desenvolvimento dos

direitos civis no Brasil, bem como produzir uma análise dos serviços judiciários prestados à

população” (CPDOC, 1996: 417).

A apresentação “Estudos Históricos: 10 anos” (nº 20, 1997) exibe um panorama dos

vinte primeiros fascículos da EH, reunidos sob diferentes temas. Resgatando o editorial de

1988, texto que desfraldava a bandeira da interdisciplinaridade, “os editores” – dessa vez,

Lúcia Lippi Oliveira, Marieta de Moraes Ferreira e Mario Grynszpan – afirmam:

Nesta "certidão de nascimento" da revista, declarávamos: queremos uma revista

que apresente diferentes maneiras de compreender o Brasil. Queremos publicar

textos de profissionais de origem diversa que analisem o Brasil em perspectiva

histórica. Os números temáticos até aqui lançados nos permitem conferir o sucesso

do empreendimento. Ainda hoje guia-nos a certeza de que qualquer tema pode ser

tratado em perspectiva histórica e, portanto, pode ser enfocado dentro da

perspectiva de Estudos Históricos. (GRYNSZPAN, 1997: 159)

O editorial em foco traz um balanço interessante. É dito que a EH, até aquele

momento, somava “144 artigos, 24 resenhas e 14 entrevistas” (GRYNSZPAN, 1997: 160),

estas últimas tidas como inovação perante os outros periódicos de história da época. Para

ressaltar a importância delas na promoção de um debate historiográfico plural e internacional,

os editores frisam as entrevistas de François Furet, Jacques Le Goff, Jacques Revel, Eric

Hobsbawm, Robert Darnton, Carlo Ginzburg, Tulio Halperin Donghi, Eulália Lobo e Maria

2 Em entrevista, Celina Peixoto fala sobre o papel da FINEP e da Fundação Ford no rápido crescimento do

CPDOC (PEIXOTO, 2012, p. 26).

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Yedda Linhares. Também foram entrevistados estudiosos de outros âmbitos do conhecimento,

como “o cientista político Celso Lafer, o sociólogo Anthony Giddens e o antropólogo Howard

Becker”, que contribuíram com “depoimentos importantes sobre suas respectivas

experiências” (GRYNSZPAN, 1997: 160-161). Consideramos que, para além de retratar a EH

como um espaço de promoção de diferentes visões sobre história e ciências sociais, essa

listagem de nomes vêm como recurso de atribuição de prestígio ao periódico.

Igualmente relevantes são o agrupamento e a quantificação dos dossiês. Segundo os

editores, a EH possuía:

cinco números sobre “o campo da história e o ofício do historiador”: 1 (Caminhos da

historiografia, 1988); 2 (Identidade nacional, 1988); 10 (Teoria e história, 1992); 13

(CPDOC 20 anos, 1994); 17 (Historiografia, 1996);

dois sobre a “construção da memória individual e coletiva”: 3 (Memória, 1989); 19

(Indivíduo, biografia, história, 1997);

três sobre a relevância do espaço geográfico: 7 (Viagem e narrativa, 1991); 8 (História

e natureza, 1991); 15 (História e região, 1995);

dois sobre o Novo Mundo: 9 (América, 1992); 20 (América Latina, 1997);

dois sobre a relação entre historiografia e setores urbanos e populares: 6 (Cultura e

povo, 1990); 16 (Cultura e história urbana, 1995);

três sobre datas, períodos, eventos e monumentos: 4 (República, 1989); 11 (Os anos

20, 1993); 14 (Comemorações, 1994);

dois sobre temas recentes: 12 (Globalização, 1993); 18 (Justiça e cidadania, 1996).

Neste exercício, o número 5 foi esquecido. Trata-se justamente do dossiê “História e

ciências sociais” (1990). Sobre a relação entre essas duas áreas, os editores consideram que,

mesmo com a maioria de historiadores,

[...] a revista cumpriu sua promessa de ser um espaço de interlocução da história

com outras disciplinas das ciências sociais. Entre seus colaboradores contam-se

assim profissionais das áreas de antropologia, sociologia e ciência política, e

mesmo de outros campos, como literatura, economia, geografia e direito.

(GRYNSZPAN, 1997: 160)

Portanto, o editorial do nº 20 se encerra destacando os compromissos firmados em

1988, reforçando esses votos para os dez anos futuros.

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“CPDOC: 25 anos” é o tema da Apresentação do vigésimo primeiro fascículo. As

editoras convidadas Ana Maria Camargo, Célia Costa, Luciana Heymann e Priscila Fraiz

falam sobre a ligação entre o CPDOC e arquivos pessoais, assunto do dossiê comemorativo.

Isso porque a instituição surgiu justamente a partir da doação do arquivo pessoal de Getúlio

Vargas, assumindo papel de precursora na produção de estudos e metodologias que

priorizassem tanto esse tipo de arquivo quanto a história oral. Daí vem também o enfoque em

História Política, que já mencionamos anteriormente.

O editorial ainda esmiúça a estrutura do Seminário Internacional sobre Arquivos

Pessoais, ocorrido no final do ano anterior (1997) e organizado pelo CPDOC em parceria com

o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). Tal evento forneceu material ao dossiê, construído

em blocos temáticos a propósito de reunir em texto os resultados das discussões promovidas.

Como explicam as editoras,

Nesse seminário, pioneiro na sua concepção, reuniram-se nomes de destaque tanto

da área arquivística quanto do campo das ciências sociais, para refletir sobre o

tema dos arquivos pessoais a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Seu

objetivo principal era lançar alguma luz sobre a especificidade desse tipo de

conjunto documental dentro da área de arquivos e assim permitir o avanço das

discussões teóricas e metodológicas que envolvem seu tratamento e usos. (FRAIZ,

1998: 4, grifo nosso)

Já o número 27 tem início com a Apresentação sobre o falecimento de Richard Morse

(1922-2001), especialista estadunidense em América Latina. Este fascículo versa sobre as

relações Brasil-Estados Unidos, ligação que o próprio Morse promoveu. Porém, de acordo

com Helena Bomeny, não o fez nos moldes dos brasilianistas, mas sim nos de “Gilberto

Freyre, Caio Prado e Sérgio Buarque de Holanda” (BOMENY, 2001: 6), apropriando-se do

gênero ensaístico. Isso nos dá o tom da narrativa de Bomeny: um Morse posicionado como

contraposição, como diferencial, que se interliga à história do CPDOC por seu visionarismo.

Discorrendo sobre a presença direta e indireta do autor na EH, Bomeny destaca suas

contribuições à historiografia do tema e ao Centro. Morse foi representante da Fundação Ford

no Brasil na década de 1970, auxiliando a instituição na obtenção de financiamentos para seus

projetos, tidos naquele contexto, segundo os envolvidos, como causadores de

“estranhamento”. Nas palavras de Celina Peixoto,

A Fundação Ford bancou o CPDOC durante... O Programa de História Oral

inteiro. Toda a implantação de história oral foi graças ao Richard Morse, que se

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encantou com o CPDOC. [...] Ele era o representante da Ford no Brasil naquele

momento. E isso nos deu uma projeção internacional incrível. (PEIXOTO, 2012:

19)

Além disso, Morse também apoiaria a criação da linha de pesquisa sobre pensamento

social brasileiro, igualmente incomum nos anos 1970, bem como duramente criticada. Logo,

“a homenagem da revista ao historiador literato, amante confesso e fiel do Brasil, é na

verdade uma homenagem que lhe presta o CPDOC em justo reconhecimento e amizade”

(BOMENY, 2001: 4). É importante destacar que esta não é a única ocasião de tributo a Morse

por parte do Centro: em comemoração aos setenta anos do historiador, foi publicado o livro

“Um Americano Intranquilo: Homenagem a Richard Morse” (BOMENY, 1992).

Nosso penúltimo editorial (nº 36, de 2005) discorre sobre o seminário "Quando o

campo é o arquivo: etnografias, histórias e outras memórias guardadas", realizado em 25 e 26

de novembro de 2004 (quase um ano antes) pelo CPDOC e pelo Laboratório de Antropologia

e História do IFCS/UFRJ, com apoio da Associação Brasileira de Antropologia. O dossiê em

questão compila trabalhos do evento, que buscou debater os resultados das produções dos

antropólogos nos e sobre os arquivos, espaços antes vinculados mais fortemente à história e à

arquivologia. Para Celso Castro e Olívia Maria Gomes da Cunha, esta postura, que demonstra

uma alteração na figura tradicional do antropólogo associado exclusivamente à pesquisa de

campo, ainda não estaria bem assimilada, nem mesmo pelos próprios pesquisadores; daí a

importância da reunião e publicação dos trabalhos em questão, como materialização e

exemplo do exercício de investigação antropológica em arquivos (CUNHA, 2005: 5).

Em semelhança (não somente ao dossiê anterior), o último editorial analisado (nº 37,

2006) introduz um número especial que é produto de pesquisas abarcadas em projeto e evento

promovidos pelo CPDOC. Trata-se do Projeto Pronex “Direitos e Cidadania”, “financiado

pelo CNPq e pela Faperj desde 2004” (GOMES, 2006: 3), que originou o I Seminário Pronex

Direitos e Cidadania, realizado na FGV entre 4 e 6 de agosto do ano precedente ao

lançamento do fascículo. Em descrição dos objetivos do projeto, Ângela de Castro Gomes

afirma que

O tema da construção da cidadania, nesse sentido, está sendo compreendido como

um longo e permanente processo de interação político-cultural, que envolve tanto as

instituições formais do Estado como as entidades da sociedade civil, e inclui uma

grande diversidade de atores sociais, mesmo não organizados. Com tal tema de

fundo, ele se volta para um amplo recorte cronológico, utilizando fontes de caráter

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variado e trabalhando-as com metodologias diversas, a partir de uma perspectiva

interdisciplinar. Sua natureza multifacetada guarda relação com a formação

diversificada de seus pesquisadores, cujos olhares são conformados a partir das

disciplinas da história, da sociologia, da antropologia e da ciência política.

(GOMES, 2006: 3-4, grifo nosso)

Pensamos que a iniciativa se parece com aquela tida por José Murilo de Carvalho dez

anos antes. Apesar de ser necessária uma análise mais aprofundada da documentação para

compreendermos as relações entre os dois projetos (se é que elas existem), sabemos que a

pauta da cidadania esteve presente nas diretrizes do CPDOC e da EH desde seus primórdios, e

isto justificaria a existência de múltiplas ações neste viés.

Por fim, Gomes ressalta ainda “a existência de exemplos de trabalhos com a história

do tempo presente” (GOMES, 2006: 5) dentre os apresentados, o que aguça ainda mais

nossa curiosidade sobre este número especificamente.

Conclusões

A partir da análise das Apresentações da Estudos Históricos, julgamos que elas foram

elaboradas em momentos considerados relevantes na trajetória da revista e do CPDOC, sejam

marcos comemorativos, falecimento de algum colaborador, realização de eventos científicos

ou finalização de projetos de pesquisa. Muitos desses fascículos estão descritos como

“números especiais”, atribuição significativa que não escapou à nossa leitura.

Também pudemos compreender um pouco mais da história da EH e do CPDOC, e das

razões e das estratégias adotadas pela revista para sua consolidação como periódico de perfil

interdisciplinar. Concluímos que tal política é diretamente influenciada pela postura do

CPDOC, e que foi defendida e reiterada na revista ao longo de quase vinte anos, culminando

no ancoramento da Escola de Ciências Sociais da FGV (2005) no CPDOC, e no surgimento

do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC, 2006).

Ponderamos que esses dois acontecimentos simbolizem o ápice do posicionamento adotado

pelo CPDOC desde sua criação.

Mesmo com os problemas encontrados, admitidos e relatados nas páginas dos

editoriais, os pesquisadores do Centro entendiam que a primazia pela multidisciplinaridade foi

responsável por caracterizá-lo e distingui-lo. Por isso, endossavam a conduta da instituição

com suas palavras e seu trabalho.

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