A Quinta Força (Adalberto Pessoa)

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    ARQUIVOS DE ADALBERTOPESSOALivrojMonografia (Parte 1) - A QuintaFor

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    deduzi que esses ensinamentos poderiam ter consequencias surpreendentes sobrea maneira de enxergarmos 0 mundo e a realidade, juntamente com 0 seu podertransformador e (2) por outro lado, questionei se realmente 0 Espiritismo poderiaser definido como uma clencla, como era falado na referida obra - 0 que e 0Espiritismo, de Allan Kardec. Ao mesmo tempo, nao entendia como ldelas taotransformadoras pareciam nee fazer parte do debate cientifico atual.

    Quando entrei na faculdade de Psicologia na USP, um dos meus objetivos eraaprender todos os parametres acadernlcos para se analisar quando um determinadoconjunto de conhecimentos pode ser considerado positiva ou negativamente comolegitimamente cientificos. Prestei muita atencao as rnaterias de metodologiacientifica, 0 discurso vigente, e os argumentos alternativos lancados,

    Particularmente, sempre me interessei por assuntos que sao de certa forma"tabus" para a mentalidade acadernlca ortodoxa, tais como a Astrologia, asTerapias Alternativas e 0 proprio Espiritismo.

    Na faculdade descobri diversos parametres importantes para discernirquando um material e cientifico ou nao, Um dos aspectos importantes foi aobservacao de que - diferente do que muitos pensam - nao existe urn conceitounico de ciencia, mas sim pelo menos tres conceitos vigentes (um experimental,outro clinico e outro fenornenoloqico), entre outros conceitos ditos "alternativos".

    Cada conceito, por sua vez, precisa estar allcercado em alguma correntefllosoflca predominante. Ou seja, a Filosofia ganha uma lrnportancla fundamentalpara legitimar 0 que venha a ser uma clencia ou nao, Esse campo de conhecimentooferece 0 rigor episternoloqico e a fundarnentacao consistente para cada deflnlcaode clencla concernente. Em outras palavras, cada deflnlcao de clencla econdicionada por uma teoria ou vlsao fllosoflca que Ihe e peculiar. 0 conhecimentoda filosofia especifica que define uma dada vlsao cientifica, bem como da referidafilosofia que embasa as outras vis5es cientificas, e fundamental para que 0 cientistase coloque de forma critica e criativa sobre a sua propria area de saber. Porern, edesconsolavel observar que esse comportamento e apresentado por uma parcelamuito reduzida dos cientistas, fazendo com que a filosofia seja uma area deconhecimento considerada por um grupo muito reduzido de intelectuais, dentro deuma classe social que ja e uma elite em termos de nurneros percentuais na

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    populacao global. Ou seja, os poucos cientistas que possuem algum embasamentofilos6fico (e que, portanto, desenvolvem uma capacidade de reflexao realmentecritica) sao uma elite dentro da ja elitizada classe intelectual cientifica.

    Quando se trata de analisar certos campos de conhecimento humano, issoacaba gerando como consequencia. muitos debates infrutiferos entre acadernlcosde diferentes areas, lrnpreclsoes conceituais de todos os tipos, e a qeracao deobstaculos a producao de conhecimentos realmente inovadores. Devido a falta deanalise critico-filos6fica de determinados preconceitos, muitos pesquisadorespreferem manter suas "pesquisas" limitadas a "mesmice" de conclusoesexaustivamente ja reconfirmadas, que se apresentam na vlsao desses cientistas,mais seguras.Quando a clencla realiza uma descoberta, leva-se um certo tempo para 0 meiocientifico assimilar esse novo conhecimento. Mesmo com a tecnologia atual - porexemplo, a Internet - que acelera 0 processo de dlvulqacao do conhecimento,devemos observar que quando se fala de sua aceitacao e asstrnllacao, a hist6ria eoutra. Depois de sua dlvulqacao, outros pesquisadores precisam realizar novasestudos para corroborarem ou refutarem essas novas conclusoes, e a atitude dereslstencia baseada no preconceito e falta de analise critica dos cientistas muitasvezes atrapalham todo 0 processo de producao e validacao de conhecimento.

    Tais argumentos nee objetivam a defesa da ldela de que os cientistas devamaceitar tudo 0 que e falado. Hoje em dia, muita coisa sem sentido e defendida comoverdadeira, sob a aleqacao fetichista de se tratar aquele conhecimento de umpostulado cientifico, apenas para Ihe atribuir maior validade. Entretanto, umaatitude pre-estabelecida de rejetcao de novas conhecimentos, sem antes se fazeruma analise cuidadosa dos argumentos que os embasam, nee e realmente umaatitude cientifica progressista, caracteristica considerada implicita ao pensamentocientifico.

    Uma das areas de conhecimento ainda rejeitadas pela clencla acadernlca, dizrespeito ao campo das chamadas "terapias alternativas". Sabe-se que muita coisasem sentido e referendada nesse campo de conhecimento, e isso deve ser rejeitadomesmo, pelo meio cientifico (de preferencla com estudos que demonstrem para apopulacao, porque aquele "conhecimento" e pernicioso).

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    Mas ha tarnbem, alguns estudos muitos bem fundamentados dentro do campo dasterapias alternativas, e muitas vezes a reslstencla arbltraria do chamado meiocientifico "oficial" acaba sendo um obstaculo para a absorcao de um conhecimentoque poderia ajudar muitas pessoas. Assim, muitas das descobertas que possuemum bom potencial de serem valldas, utels e eficazes, acabam caindo na mao deprofissionais desqualificados. Como esses ultlrnos nao estao preocupados com aadequada fundarnentacao e desenvolvimento do conhecimento gerado, maisalternativas de pessirna qualidade permanecem sendo oferecidas a populacaoespecialmente desavisada. Assim, com 0 seu ceticismo ideol6gico, 0 meio cientificomuitas vezes ao lnves de impedir, acaba contribuindo para piorar ainda mais asltuacao.

    Com essas ldelas em mente eu entrei em contato com 0 Espiritismo, epesquisei as relacoes entre essa Doutrina e a Clencla formal. Conclui que existe"dois tipos de Espiritismo". Um falsificado e outro legitimo. Infelizmente, 0falsificado e 0 mais conhecido e difundido, e e constituido por sistemas, crendices e"associados" que se baseiam em muitos postulados totalmente desconexos e semsentido, articulados especialmente pelo irnaqlnario popular, leigos e enfim, pelosenso comum. Alias, na "tribo" da chamada "Cultura Alternativa", para a maioriados seus participantes, e dessa forma que se processa a elaboracao de ldelas econceitos.

    Ha, porern, um outro tipo de Espiritismo, muito mais serio, fundamentado, 16gico,coerente ... e enfim, valldo. Do mesmo modo, no campo das culturas alternativas,tarnbern sao encontrados sistemas assim constituidos.

    Certamente, 0 leitor deve realizar a pergunta sobre como distinguir entao 0 que evalldo do que nao e . E para tal resposta complexa, um primeiro elemento adestacar e que a clencia propriamente dita, possui um papel analitico fundamental,por possuir todo 0 ferramental para "separar 0 joio do trigo", mas apenas quandoconsegue se postar sobre uma atitude slrnultanea de abertura e de rigorosa analisecritica.

    Normalmente esse processo pode cornecar pela pesquisa da adequadabibliografia bem fundamentada, e da vtsttacao dos centros de pesquisa maisconflavels sobre tais assuntos. Um pouco de bom-senso, aliada a lntulcao,

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    racionalidade e dtsposicao, sao necessaries. 0 treino e a experiencla serao osingredientes de validacao daquilo que e constatado. E talvez, ate um pouco de"sorte" seja necessario,

    Descobri entao que a Ciencia Espirita realmente existe, e ela esta inclusivebem avancada, tanto em termos de repert6rio te6rico quanto em termos detecnologia. Descobri elementos semelhantes no campo da Tecnologia aplicada asTerapias ("ditas") Alternativas, e observei 0 quanto esses dois campos deconhecimento sao complementares. Na verdade, a terminologia correta para as"Terapias Alternativas" deve ser Terapias Complementares.

    Duas lnstltulcoes parecem se destacar no meio intelectual Espirita, como aAMA (Associacao Medico-Espirita) e a ABRAPE (Assoclacao Brasileira de PsicoloqosEspiritas), esta ultima da qual, inclusive, face parte. Boa parte dessa dlssertacao foiproduzida com base em conhecimentos produzidos nessas lnstltulcoes.

    Deparei-me com profissionais bastante articulados com a sua poslcao. Umdeles e 0 professorJose Herculano Pires. Como afirma 0 jornalista AltamirandoCarneiro, no livro No limiar doAmanhJ - Li~oesde Espiritismo, Herculano Pires foi"um extraordlnario talento, quer como jornalista e escritor, quer como fil6sofo outradutor das Obras Basicas da Codlficacao Espirita, de Allan Kardec". Em 1958bacharelou-se em filosofia pela Universidade de Sao Paulo (USP), e pela mesmalicenciou-se publicando uma tese intitulada: 0 Ser e a Serenidade. Foi professor deFilosofia na Faculdade de Filosofia, Clenclas e Letras de Araraquara, SP. Autor de 81livros de Filosofia, Ensaios, Hist6ria, Psicologia, Fic

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    restrito aos postulados do seu criador - Sigmund Freud - tarnbern 0 Espiritismo janao pode ser limitado as constderacoes de Allan Kardec. Ambas as clenclas,progressivas como sao todas as clenclas, evoluiram muito desde a sua fundacao,Seus autores originais, porern, continuam com 0 rnerlto de serem geniaisfundadores de uma linha de pensamento classlco, que sao a base para acornpreensao da literatura moderna sobre ambas as clenclas. Herculano Pires e,assim, 0 principal nome moderno da Filosofia Espirita Conternporanea no Brasil,desenvolvendo e ampliando temas arrolados pela Codlficacao Original. Muitosconceitos foram revisados, alguns modificados outros aprimorados.

    Como afirma Zilli (2001), desde a sua lrnplantacao no Brasil, no seculo XIX,o Espiritismo tem se constituido como um fenorneno de grande relevancla,destacando-se inclusive, em termos de mundo. A autora considera haver, porern,uma deflclencla de estudos te6ricos do Kardecismo no Brasil, havendo anecessidade de maior nurnero de trabalhos acadernlcos que abordem 0 ladocientifico da Doutrina. Como 0 Brasil e um pais com fortes necessidades socia is, aautora acredita que 0 aspecto de asslstencla social tenha sido priorizado emdetrimento do cientifico.

    Porem, recentemente diversas iniciativas tern despontado para a solldlflcacaoda leqltlrnacao da Clencla Espirita. Um desses eventos, envolvendo todo 0 pais(publicado na edicao nO315 de novembro de 2001 do Jornal Espirita - Orgao daFederacao Espirita do Estado de Sao Paulo, com 25 anos de existencia) ocorreu nodia 29 de setembro de 2001, no Instituto de Cultura Espirita, no Rio de Janeiro.Tratou-se do I Concurso de Monografias das Mocidades Espiritas do Brasil - ProjetoRenascer. 0 20 e 0 1 lugares, respectivamente, foram conferidos aos trabalhos"Os Militares Espiritas nas forces armadas" e "Em defesa de um Teatro Espirita".

    Tres trabalhos receberam rnencao honrosa. Foram trabalhos deencerramento de curso unlversltario, defendidos perante uma comissao acadernlca,em ambiente nee espirita. Os temas tratados foram:

    1. "Espiritismo - Obra de Educa~ao?Uma perspectiva Socio/6gica", de AlexandreRamos de Azevedo, apresentada no Curso de Pedagogia, da Faculdade deEduca

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    2. "A Psicografia como fenomeno de Comunicacao", de Leonardo Leopoldo CostaCoelho, Leonardo Luiz Abreu, Leticia Almeida de Lima Bernardes e Renata MariaResende Duarte, apresentada no Departamento de Cornunicacao Social da PUC deBelo Horizonte, Minas Gerais;3. "Ooen~as e Curas na Perspectiva da Medicina do Espfrito", de Marciaaparecida Lopes Amorim Silva, apresentada no Instituto de Hist6ria da UniversidadeFederal de Uberlandla em Minas Gerais.

    Concluiu-se que os temas apresentados abordaram aspectos cientificos, filos6ficos edoutrinarios, desenvolvidos com clareza e profundidade, trazendo contrtbutcoesrelevantes ao Movimento Espirita Brasileiro.

    Observa-se que cada vez mais, no meio acadernlco e cientifico formal, surgem maise mais teses de lnsplracao Espirita, corroborando a legitimidade da Clencla Espirita.Outra contrtbutcao importante e recente foi a da psicoloqa clinica Ercilia Zilli.Mestre pelo programa de clenclas da Rellqlao pela PUC de Sao Paulo, e presidenteda ABRAPE (Assoctacao Brasileira de Psicoloqos Espiritas), publicou recentemente 0livro 0 Espfrito em Terapia - Hereditariedade, Oestino e Fe , originalmente umadlssertacao apresentada a banca examinadora da Pontificia Universidade Cat61icade Sao Paulo, com aprovacao agraciada com nota maxima.

    o trabalho consiste - segundo palavras da pr6pria autora (Zilli, 2001) - "noestudo da psicologia szondiana no que se refere a hereditariedade, destino e fe,comparando-a com os dados da Doutrina Espirita, contidos nas obras psicografadasde um Autor Espiritual, Andre Luiz, destacando entre eles, 0 livro Evoluc;ao em doismundos. Nossa hip6tese de trabalho sugere a exlstencla de dlferencas entre asduas poslcoes, bem como supoe converqencia e ate complementaridade entreambas, que podem resultar em um novo caminho de psicoterapia, ao qualdenominamos de Psicologia da F e ..." (grifos meus).

    Outro autor que merece destaque na clencia Espirita e Nubor Facure.Membro da Assoclacao Medico-Espirita de Sao Paulo e do Brasil, formou-se pelaFaculdade de Medicina do Trianqulo Mineiro, em Uberaba. Fez especiallzacao emNeurologia e Neurocirurgia no hospital das Clinicas da Universidade de Sao Paulo.Lecionou na Faculdade de Medicina de Campinas - UNICAMP - durante 30 anos,

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    onde fez doutorado, llvre-docencla e tornou-se professor titular. Em seu livro Muitoa/(mdos neuronios - confenncias e entrevistas sobre mente e Espfrito -encontramos diversos textos muito bem articulados sobre os Novos paradigmas daMedicina, a conquista do Corpo e da Mente, Intellqencla e ComportamentoEmocional, Neuronlos e atividades do corpo e do espirito, etc.

    Nao pode ser esquecida a contrtbutcao de Carlos Toledo Rizzini, que entrevarlas obras, publicou 0 livro "Psicologia e Espiritismo". Rizzini formou-se emmedicina em 1947, pela Faculdade de Clenclas Medicas do Rio de Janeiro. Dedicou-se depois a Botanlca, firmando-se como importante cientista moderno. Faleceu em3 de outubro de 1992, um ana ap6s a publicacao do livro citado.

    Um trabalho deve ser destacado pela sua impressionante perspicacia elntellqencia. Trata-se do estudo promovido pelo Bacharel em ClenclasEstatisticas, Djalma Motta Argollo. Em seu livro Possibilidades Evolutivas, entreoutras coisas, Argollo faz uma lnterseccao entre Fisica e Espiritismo, cominforrnacoes cientificas bastante atualizadas; alern disso, 0 autor foi eficaz pelopioneirismo de aplicar 0 raciocinio rnaternatlco a cornpreensao dos postuladosEspiritas, em seu dinamismo conceptual.

    Hernani Guimaraes Andrade, provavelmente e um dos maiores nomes daParapsicologia Moderna e da clencla Espirita. Com formacao em Engenharia, fundouo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofisicas. Elaborou a teoria do ModeloOrganizador Biol6gico (MOB), e realizou pesquisas te6ricas sobre Psicobiofisicaatraves de modelos rnaternatlcos, pesquisas de laborat6rio, etc., visando detectar 0campo blornaqnetlco do corpo e 0 efeito Kirlian.

    Por fim, merece ser citado 0 professor Sergio Felipe de Oliveira, MedicoPsiquiatra e Mestre pela USP. Membro e um dos dirigentes da Associacao Brasileirade Medicos Espiritas e tarnbern fundador do Instituto Pineal-Mind, onde realizatrabalhos de pesquisa sobre a glandula pineal, e a sua funcao na expressao docomportamento espiritual. Sua tese de mestrado foi sobre a glandula pineal. NoPineal-Mind ele tarnbem realiza atendimento clinico e coordenou durante algunsanos, 0 curso de Pos-Graduacao Lato-Sensu "Bases Biofisicas e Epistemol6gicas daInteqracao Cerebro-Nente-Corpo-Esplrito", em parceria com a Universidade de SaoPaulo (USP).

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    Essa dlssertacao e baseada na monografia "Estudos Iniciaticos dePsicoloqia Espirita - Reflexoes Historicasc Filosoficasc Cientificas eRe/iqiosas", de minha pr6pria autoria, entregue ap6s eu ter finalizado 0 curso doprofessor Sergio Felipe, que foi inclusive, 0 orientador do meu trabalho depesquisa. Espero dessa forma, tarnbem oferecer a minha contrlbutcao ao progressoda Clencla Espirita, atraves do estudo profundo, sistematico e consistente da AlmaHumana. Que esse trabalho possa abrir novos caminhos de pesquisa aqueles queobjetivarem a pesquisa das interconex5es entre a clencla da Alma Humana - aPsicologia - e a Doutrina dos Espiritos.

    AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a DEUS, pela maneira como ele meforneceu Inspira

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    Aqradeco aos meus amigos encarnados que me apoiaram, e mesmo os quedesacreditaram, pois 0 ceticismo destes apenas me incentivou a desenvolver umtrabalho ainda mais rigoroso, aumentando a minha convtccao na bondade de Deus.

    Aqradeco a Jesus, por quem tenho maxima adrntracao. 0 seu exemplo deAmor, fe e persistencia e um grande elemento de ldentlflcacao, ao qual eu saudo,

    Frases e Cita~oes

    "A mais bela e profunda emocao que podemos ter e a sensacao de rnlsterio. Ela e asemeadora de toda verdadeira clencla. 0 individuo a quem e estranha essaernocao. que nee mais se maravilha e fica arrebatado de espanto, estapraticamente morto. Saber que existe aquilo que e lrnpenetravel para n6s,manifestando-se como a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza, que nossasdebels faculdades podem compreender somente em suas formas primitivas - esseconhecimento, esse senti mento, esta no cerne da verdadeira religiosidade".

    Albert Einstein

    "S6 uma vida vivida dentro de um determinado espirito e digna de ser vivida. Eum fato estranho que uma vida vivida apenas pelo ego em geral e uma vidasombria, nee s6 para a pessoa em si, como para aquelas que a cercam. A plenitudede vida exige muito mais do que apenas um eu; ela tem necessidade de umespirito, isto e, de um complexo independente e superior, porque e manifestamenteo unlco que se acha em condtcoes de dar uma expressao vital a todas aquelasvirtualidade psiquicas que estao fora do alcance da consclencla do eu".

    C. G. Jung

    Estudos Inlclatlcos de Psicologia Espirita

    (Reflexoes Hlstorlcas, Filosoficas, Cientificas e Religiosas)

    A Quinta Forca (Parte 2) - Hist6ria da PsicologiaFiled under: Espiritualidade, Filosofia, Psicologia - arquivosdeadalberto @ 23: 52

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    Hlstorta da Psicologia

    Um breve esboco critico da hist6ria da Psicologia nos apresenta um percursoevolutivo, que 0 Espiritismo facilmente identifica com 0 seu conceito de Lei doProgresso. A Lei do Progresso, diz respeito a um movimento organizativo dosacontecimentos no Universo, que postula que os mesmos tendem a se desenvolverdentro de um percurso de constante progresso construtivo. Na esfera das relacoeshumanas, tal disposlcao se processa tanto no campo das suas relacoes socia is,como do ambiente fisico, e do seu desenvolvimento psicol6gico geral e espiritual.Assim, de forma qenerica, e possivel apreender a Lei do Progresso em diversosaspectos da natureza e da fenomenologia humana.

    Segundo uma hip6tese particular, a Lei do Progresso no percurso hist6rico daPsicologia Cientifica Conternporanea, seria marcada pela transi~ao gradual de umaposicao te6rica e conceitual materialista da visao de ser humano, para umaconcep~ao espiritualista e transcendental do mesmo. A linha de raciocinio a seguirobjetiva clarificar essa proposicao.

    Tomando como pressuposto a classlflcacao do percurso hist6rico daPsicologia proposto por Abraham Maslow e seus colaboradores (Junior, 1993),temos que a Psicologia se desenvolveu e contemporaneamente se estabelece apartir de 4 grandes correntes, ou movimentos articuladores de escolas ou, comopreferiram chamar esses estudiosos, 4 grandes for

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    Existe sim, diversas "Psicologias", fundamentadas como clencia de formabem coordenada, a partir dos seus pr6prios pressupostos particulares de origem.Cada qual legitima, segundo os seus pontos de partida, convivendo umas com asoutras, as vezes de forma competitiva e agressiva, outras vezes com contributcoesrnutuas, e em outras vezes, fechando-se sobre si mesmas, formando "igrejinhas"te6ricas hermetlcas,

    Para demonstrar que existe uma linha de proqressao de uma vlsaomaterialista para uma vlsao espiritualista na hist6ria da Psicologia, sera necessariodiscorrer brevemente sobre cada uma dessas tendencies.

    A moderna Psicologia cientifica em seus primeiros anos de exlstenclabaseava-se num modelo quantificador, atomicista e mecanicista (Figueiredo, 1991).Era um modelo que tentava concordar com os conceitos de clenclas exatas enaturais que surgiam como consequencia de movimentos socio-econornlcos como 0Renascimento e 0 Iluminismo. Procurava-se fazer da Psicologia uma clencia exata enatural.

    Essa matriz de pensamento orienta 0 pesquisador para a busca da ordemnatural dos fenornenos psicol6gicos e comportamentais na forma de classlflcacoes eleis gerais com carater preditivo.

    Na matriz de pensamento quantificadora as operacoes caracterizavam-sepela construcao de hip6teses formais (acerca de relacoes empiricas ou demecanismos subjacentes), a deducao exata das consequencias destas hip6teses, naforma de previs5es condicionais (calculo), e 0 teste (rnensuracao). Esse processoencontramos nos primeiros esforcos da psicometria de Christian Wolff (fil6sofoalernao do seculo XVIII), que esperava elaborar a rnensuracao dos graus de prazere desprazer , perfeicao e lrnperfelcao, certeza e incerteza.

    Tarnbern e caracteristico, dessa fase, a obra do fisioloqo E. H. Weber (1795-1878)que, pela primeira vez, efetuou medidas precisas das relacoes entre dlferencas naintensidade (objetiva) de um estimulo e a sensacao (subjetiva e percebida) destasdlferencas.

    G. T. Fechner (1801-1887) expandiu os trabalhos de Weber, criando um novo ramocientifico - a psicofisica, que e a clencla exata das relacoes funcionais de

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    dependencia entre 0 mundo fisico e 0 psiquico, em que 0 evento fisico era medido econtrolado com os instrumentos da fisica, e 0 evento psiquico era indiretamenteregistrado mediante 0 relato verbal dos sujeitos experimentais que recebiam comotarefa discriminar da forma mais precisa possivel as vartacoes quantitativas a queeram submetidos os estimulos em estudos pararnetricos.

    o estudo experimental das sensacoes - caracteristico da matriz de pensamentoquantificadora na Psicologia - permaneceu na segunda metade do seculo XIX econtinua ate hoje uma area de pesquisa muito ativa e rigorosa, onde tem-seproduzido os seus melhores resultados. Em acresclrno, a psicofisica tem estimuladoareas adjacentes a adotarem rnetodos experimentais e de analise semelhantes, 0que contribui para a expansao do pensamento rnaternatlco na psicologia(Figueiredo, 1991).

    Ainda, seguindo uma matriz de pensamento quantificadora, temos a obra dofisioloqo (convertido em psicoloqo), W. Wundt (1832-1920) que muito contribuiupara a Psicologia Experimental. Seu objetivo nao era estabelecer as equivalenciescomuns da psicofisica, mas sim 0 de medir os fenornenos mentais em si.

    Ja mais proximo ao final do seculo XIX, a aprendizagem associativa estevesubmetida ao estudo experimental quantificado por E. L. Thorndike (1874-1949)em seus trabalhos com peixes, gatos, pintos, caes e macacos.

    A partir da mesma epoca, mas numa linha de lnvestlqacao completamenteindependente, dois fisioloqos russos, I. P. Pavlov (1849-1936) e W. M. Bechterev(1857-1927) iniciaram 0 estudo experimental do condicionamento por assoclacaoentre estimulos.

    Os trabalhos dos russos juntos com 0 de Thorndike estao na origem de toda apsicologia experimental behaviorista nos EUAe representam 0 plenoestabelecimento dos procedimentos quantitativos no estudo do comportamento edos processos menta is.

    A Quinta Forca (Parte 3) - A Primeira Grande Forca: APsicologia Behaviorista

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    A Primeira Grande For~a na Psicologia:

    A Psicologia Comportamental ou 0Behaviorismo

    o movimento da Psicologia Behaviorista que se organizou nos EUAa partir do iniciodo seculo xx representou a lnfluencla conjunta de varies tradlcoes filos6ficas ecientificas. 0 positivismo, aqui, se manifesta na condenacao da pretensao em iralern do observavel e da elaboracao de leis empiricas. Opragmatismo, por suavez, se faz presente em sua enfase no carater instrumental do conhecimento e naproducao do conhecimento utll, As primeiras vitimas, entao, do ataque conjunto dopositivismo e do pragmatismo foram a lntrospeccao e a "vida interior", com 0"Behaviorismo Metodol6gico" de Watson (1878-1958), abordagem te6rica e pratlcada epoca que estabelecia como objeto da Psicologia 0 comportamento doorganismo como um todo (Figueiredo, 1991).

    Notamos aqui, que nesse momenta hist6rico inicial, 0 tipo de psicologia cientificaque se propoe, e uma psicologia materialista, no sentido de que seja noBehaviorismo Metodol6gico de Watson, seja em todo 0 apanhado de abordagensquantificadoras em psicologia, que foram citados anteriormente, considera-seaquilo que normalmente denominamos como sendo 0 pensamento, um resultado eum produto essencialmente derivado da atividade das celulas do cerebro e dosistema nervoso corporal. No Behaviorismo Metodol6gico de Watson,especificamente essa vlsao materialista chegou, mesmo, ao curnulo de negar arealidade da subjetividade e dos estados menta is, pois em funcao de seu caraterpositivista, a abordagem de Watson considerava que a Psicologia 56 poderia tercomo objeto de estudo algo concretamente observavel, Como 0 conceito de"mente" e algo abstrato, nee "possuindo uma realidade concreta observavel", eleera rejeitado e negado em todos os sentidos. Concreto e valortzavel era, portanto,o comportamento observavel, medivel e descritivel. 0 pensamento, enquanto tal,56 seria apreensivel, enquanto atividade do funcionamento do cerebro (visaomaterialista), com um conteudo condicionado por varlavels ambientais. Tudo isso,poderia ser medido, observado e/ou descrito, por isso era legitimo de ser estudado.

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    Segundo 0 proprio Skinner (1994), " ...Watson fez importantes observacoes acercado comportamento instintivo e foi, na verdade, um dos primeiros etologistas nosentido moderno. Entre os fatos de que dispunha, relativos ao comportamento,estavam os reflexos e os reflexos condicionados, aos quais ele explorou ao maximo.Todavia, 0 reflexo sugeria um tipo de causalidade rnecantca que nao eraincompativel com a concepcao que 0 seculo XIX tinha de uma rnaqulna. A mesmalrnpressao fora dada pelo trabalho do fisioloqo russo Pavlov publicado mais oumenos na mesma epoca, e nao foi corrigida pela psicologia do estimulo-resposta,surgida nas tres ou quatro decades seguintes.

    Watson naturalmente destacou os seus resultados mais passiveis de reproducaoque pede descobrir, e muitos desses resultados foram obtidos com animais - osratos brancos da Psicologia animal e os caes de Pavlov. Parecia estar implicito queo comportamento humano nao tinha caracteristicas distintivas. Para apoiar a suaaflrmacao de que a Psicologia era uma clencla, ele fez ernprestlrnos da anatomia eda fisiologia. Pavlov adotou a mesma linha ao insistir em que seus experimentossobre 0 comportamento eram, na realidade, 'uma lnvestlqacao da atividadeflsioloqica do cortex cerebral', embora nenhum dos dois pudesse apontar qualquerobservacao direta do sistema nervoso que esclarecesse 0 comportamento. Elesforam tarnbem forcados a fazer interpretacoes apressadas do comportamentocomplexo; Watson afirmando que 0 pensamento era apenas uma fala subvocal ePavlov, que a linguagem nee passava de um segundo sistema de sinais. Nada, ouquase nada, tinha Watson a dizer a respeito de lntencoes, propositos oucriatividade. Ele acentuava a promessa tecnoloqica de uma clencia docomportamento, mas seus exemplos nao eram incompativeis com um controlemanipulador".

    Nao poucas vezes, Allan Kardec, ainda no seculo XIX, postulou que taisconslderacoes seriam uma consequencia natural de uma poslcao materialista, quereduzisse 0 homem ao nivel de uma rnaqulna e desconsiderasse suas ernocoes,anseios, e 0 que e ainda mais grave, seus comportamentos morais.

    B.F. Skinner tentou, em momenta posterior, oferecer uma solucao para osimpasses desse tipo de psicologia, atraves de uma proposta bem mais elaborada ecomplexa (embora tenha, no final das contas - como veremos - continuadomaterialista). Refutando 0 "Behaviorismo Metodologico" de Watson, e expondo as

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    suas llrnltacoes, Skinner propos a sua abordagem teorica ao qual denominou"Behaviorismo Radical".

    o "Behaviorismo Radical" e, na verdade, a filosofia da "Analise Experimental doComportamento" ou da clencla (ou engenharia) do comportamento, criada ambas -a filosofia e a clencia - por B. F. Skinner.

    Skinner se esforcou, sobremaneira, para diferenciar 0 seu "Behaviorismo Radical",do "Behaviorismo Metodologico" de Watson. De fato, 0 seu materialismo baseadonuma visao funcionalista e organicista, avancou alguns passos em relacao a vlsaomaterialista mecanicista e positivista de Watson.

    o principal avanco da Psicologia Comportamental de Skinner, em retacao aoBehaviorismo Metodologico de Watson e 0 seguinte: Watson opunha-se a realidadedos conteudos internos, 0 que em outras palavras significava que ele negava aexlstencla da mente e da subjetividade. 0 Behaviorismo Radical se distingue pornao negar a exlstencla dos estados internos: 0 fato de que esses estados se situemdentro do organismo e nao possam ser observados senao pelo proprio sujeito neepoe em dlscussao a sua exlstencla, como fazia pensar 0 positivismo de Watson.

    Para 0 Behaviorismo Radical, 0 objeto de estudo da Psicologia - como noBehaviorismo Metodologico - e 0 comportamento. Porern diferente de Watson, paraSkinner, 0 comportamento nao e visto apenas como uma rea~ao ao meio, mascomo 0 resultado da pr6pria interacao do oraanismo com 0meio. 0 analista docomportamento nee esta interessado em investigar 0 que 0 comportamentosignifica, ou 0 que ele simboliza, mas sim, interessado em estudar as varlavels queafetam esse comportamento, e de que maneira.

    Em um primeiro momento, a Psicologia Comportamental de Skinner parece escaparum pouco da abordagem materialista de Watson. Reconhece a exlstencia de umente abstrato - a mente - os seus processos internos, e a realidade dasubjetividade.

    Se reconhecermos que esse e um pre-requisite fundamental para a elaboracao deuma Psicologia que considere os aspectos espirituais do ser, seguindo a Lei doProgresso (descrita pelo Espiritismo), observamos que 0 Comportamentalismotarnbern realizou um certo avanco.

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    Entretanto, 0 Behaviorismo Radical coloca tudo a perder e esbarra exatamente emum dos seus postulados principais: 0 Comportamentalismo de Skinner consideraque embora a mente exista, ela nao possui status de causa do comportamento emqualquer nivel de rnanlfestacao. Ou seja, a mente, a subjetividade e os estadosinternos existem; talvez, a propria alma exista! Mas, nada disso explica porqueuma pessoa se comporta dessa ou daquela maneira. Assim, um psicoloqocomportamental, simplesmente nao aceita a explicacao de que uma ou outrapessoa tenha se comportado dessa ou daquela maneira, "porque sentia isso oupensava aquilo". A explicacao estaria sempre na lnteracao do organismo com asvarlavels do ambiente fisico e social, e nao no que a pessoa pensa e sente.

    Apesar de toda a sofisticada elaboracao skinneriana, 0 Behaviorismo Radical, emfuncao mesmo de sua poslcao em relacao a lnfluencla do pensamento sobre 0comportamento, subestimando essa lnfluencla, nao conseguiu evitar de atrair parasi criticas semelhantes as realizadas a abordagem mecanicista de Watson. Muitasdessas criticas foram equivocadas, outras bem fundamentadas.

    As criticas mais contundentes acusam que 0 Behaviorismo encara 0 ser humanocomo essencialmente passivo, controlado por estimulos provenientes do mundoexterno, como se 0 homem fosse um mero automata (Nagelshmidt, 1996). Essacritica e levantada tanto para 0 "Behaviorismo Metodologico" de Watson, quantopara 0 "Behaviorismo Radical" de Skinner, mas a partir de uma leitura maisimparcial, observamos que ela seria mais apllcavel a abordagem de Watson. Aabordagem skinneriana surgiu exatamente como uma oposlcao ao pensamentomecanicista da abordagem de Watson, que tarnbern era criticada por autores dediversas outras abordagens teoricas.

    A matriz de pensamento funcionalista subjacente ao modelo de Skinner enfatizatres fenornenos caracteristicos dos seres vivos, no universo dos eventos natura is,que desafiam 0 poder compreensivo do mecanicismo e dos procedimentosanaliticos atomicistas: a reprodudio. desenvolvimento e a autoconservadio.Como afirma Figueiredo (1991), " ... nenhum ser inanimado reproduz-se e nenhumamaqulna constroi outra rnaqulna que se Ihe assemelhe; uma maqulna nee se montasozinha; finalmente, a rnaqulna estragada nao se conserta nem tem a capacidadede se modificar de forma a se manter em funcionamento apesar das vartacoes domeio ambiente".

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    Skinner - ao contra rio de Watson - tinha toda essa concepcao em alta conta,quando elaborou 0 corpo te6rico e pratlco da sua abordagem comportamental. Aexlstencla desses fenornenos - a reproducao, 0 desenvolvimento e aautoconservacao - indica a especificidade dos seres vivos que aponta para algo"dentro" deles: superficialmente 0 ser vivo e materia tao acessivel como qualqueroutra aos procedimentos da fisica e da engenharia. Essas tres caracteristicassugerem, porern, a exlstencla por debaixo da superficie observavel, para la da puraanatomia, de processos e mecanismossui generis (Figueiredo, 1991). Essasconslderacoes que encontramos na literatura cientifica nao-esplrita, tarnbern foramapontadas por Allan Kardec (1868), em seu livro "A Genese". Assim, observamosque a lntulcao de todos esses processos e mecanismos tarnbem alimentou 0pensamento vitalista dos seculos XVII, XVIII e XIX.

    Em Skinner, observamos que 0 tronco funcionalista de sua teoria parece caminharpara retirar 0 Behaviorismo do materialismo restritivo de Watson, ao considerar aexlstencla da mente. Ele quase conseguiu rebater a critica de que 0 BehaviorismoRadical " ... apresenta 0 comportamento simplesmente como um conjunto derespostas a estimulos, descrevendo a pessoa como um automate, um robo, umfantoche ou uma maquina", Porem, Skinner coloca tudo a perder quando insiste emafirmar que as ernocoes e 0 pensamento nao influenciam ou nao explicam 0comportamento. Afinal, um ser vivo dessa natureza nao nos transmite, nova mente,a lrnpressao de uma concepcao de ser humano similar a uma rnaqulna ou um robe,sem ernocoes?

    A Quinta Forca (Parte 4) - A Segunda Forca naPsicologia: A PsicanattseFiled under: Espiritualidade,Filosofia,Psicologia - arquivosdeadalberto @ 0:24

    As Contrlbulcoes da Segunda Grande For~a na Psicologia:

    A Pslcanallse ou a Psicologia do Inconsciente

    A psicanaltse, elaborada ao longo de tnvestiqacoes e reflex5es ininterruptas deSigmund Freud (1856-1939) que se estendem da ultima decade do seculo XIX a

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    terceira do seculo XX, apresenta tal riqueza e passou por tantas reformulacoes quevem admitindo as mais variadas leituras e sendo objeto de um trabalho exeqeticoque muito se assemelha ao que os teoloqos fazem em relacao ao livro Sagrado(Figueiredo, 1991).Algumas dessas leituras sublinham e desenvolvem certos aspectos que revelam apresence da matriz de pensamento funcionalista e organicista. Convern assinalar,porern, que a obra de Freud e tributaria de diversas tradlcoes, Ha tradlcoesfilos6ficas; ha tradicoes filol6gicas, teologicas, e misticas(real

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    A Pslcanalise, portanto, seria essencialmente uma teoria psicol6gica e um metodaterapeutlco derivado dessa teoria, 0 qual visaria diminuir 0 sofrimento causadopela nao elaboracao de certos conflitos. Tais conflitos fazem com que materiaisimportantes sejam reprimidos e tornem-se inconscientes, sem por isso deixarem deinfluenciar 0 comportamento e a experiencla dos seres humanos.

    A recuperacao desses materia is, atraves do "insight" adquirido durante a terapia,tornaria os individuos mais aptos a manejar sua vida psicol6gica e os conflitoslnevltavels decorrentes de sua condlcao humana (Nagelshmidt, 1996). Deve-seenfatizar, que esse slntetlco resumo, refere-se as concepcoes da Pslcanallseclasslca freudiana. Desde a fundacao da Pslcanalise, por Freud, ate os dias atuais,muitos conceitos novos, lnfluenclas e rnodlflcacoes fizeram dessa clencia, umcampo dlnarnlco de producao de conhecimentos.

    A lrnportancla da Pslcanallse nesse estudo

    o objeto de estudo da Psicologia, dentro de uma onentacao psicanalitica, e 0inconsciente. A Freud coube 0 rnerlto de ser 0 primeiro a levar a serio a nocao deinconsciente e, assim, revelar-Ihe a estrutura (Reis, 1984).

    o inconsciente ja era conhecido dos fil6sofos antigos e dos misticos. Freud nee 0descobriu, por assim dizer; 0 seu diferencial, foi a operaclonallzacao de recursoste6ricos e praticos, em contexto terapeutico, para lidar com 0 inconsciente, a partirdo estudo deste, e de sua maior cornpreensao. Freud sistematizou um metoda depesquisa do inconsciente compativel com as exiqencias da inteligibilidade cientifica,abrindo um caminho novo para 0 estudo da Personalidade. Sabe-se, que elerealizou esse projeto lado a lado com dois outros espiritos igualmente inovadores:Carl Gustav Jung e Wilhelm Reich.

    Juntos Freud, Reich e Jung centraram seus estudos da personalidade tomandocomo ponto focal 0 inconsciente - fato esse, que une os tres em uma identidade.1550, que hoje pode parecer banal representou para a Psicologia, uma revolucaoequivalente aquela efetuada por Copernlco na Astronomia, e por Darwin naAntropologia. Copernico retirou 0 homem do centro do universo. Darwin destronou-0, ao sltua-lo na cadeia animal e Freud revelou 0 inconsciente (aquela parte que 0sujeito ignora de si mesmo), erigindo-o como predra fundamental sobre 0 qual se

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    ap6ia 0 edificio da Personalidade. Segundo Freud, essas foram "tres feridasprofundas na auto-estima da humanidade" (Reis, 1984) - as tres grandes feridasnarcisicas do ser humano.

    o aspecto fundamental que acredito ser importante sublinhar nesse estudo, e quede fato, parece ser 0 ponto central da contrtbutcao Psicanalitica a elaboracao deuma Psicologia Espirita e 0 seguinte: ao tomar 0 inconsciente como objeto deestudo da Psicologia (e com isso inaugurando um consistente estudo da Psicologiada Personalidade, e mesmo da Psicologia Conternporanea como hoje aconhecemos), a PsicamJlise e a primeira das abordagens teoricas a dar urnpasso decisivo para a Psicologia retomar 0seu objeto de estudo original -a alma humana - segundo os parametros gue regem a conduta cientifica.como compreendida na contemporaneidade.

    Para entender essa hip6tese, teremos que levantar todo um apanhado hist6rico daPsicologia, tal como era entendida pelos gregos antigos, e ao mesmo tempopenetrar rapidamente no complexo labirinto das tradlcoes misticas e gn6sticas queestao na origem do pensamento aqui proposto, e que influenciaram parcialmente aPslcanalise, especialmente no que diz respeito ao tronco judatcc-crtstao de Freud.

    A Quinta Forca (Parte 5) - Psicanaltse e GnosticismoFiled under: Espiritualidade,Filosofia,Psicologia - arquivosdeadalberto @ 0:28

    Psicologia e Gnose:

    Do misticismo a Psicamllise e a Psicologia do Inconsciente

    Para 0 historiador de arte Aby Warburg (1866-1929), que desenvolveu, nasinvestlqacoes realizadas no inicio deste seculo, um trabalho interdisciplinarpioneiro, a Alexandria tardo-classlca representava a essencia do lado obscuro esupersticioso do homem. Aqui, no antigo centro da cultura universalista grega emsolo egipcio, constituida por um arnalqarna de povos de varies races, por colonosgregos e romanos, por egipcios e judeus, convergiram nos primeiros seculos da eracrista as linhas de todas as disciplinas individuais que formam 0 complexo dafilosofia hermetlca: a alquimia, a magia astral e a Cabala (Roob, 1997).

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    Os sistemas sincretistas complementares, de que se alimentam, formas hibridas defilosofias helenistas e de rellqloes orientalistas e cultos de mtsterios, sao conhecidospelos conceitos de gnose e de neo-platonismo. Essa e base do campo deconhecimento normalmente denominado como Misticismo. (...) Gnose significaconhecimento, que os qnosticos adquirem por varies vias. 0 conhecimentoprimordial e fundamental e a lnformacao correta e diz respeito a natureza divina dapropria essencia do ser, onde a alma surge como centelha de luz divina (Roob,1997).

    A Psicologia segundo a classlca concepcao da Grecla antiga tinha como objeto deestudo essa alma humana, de natureza divina. Hoje encontramos deftnlcoes daPsicologia como 0 estudo da mente ou da psique, dependendo da poslcao teoricaadotada. Ja vimos que para Skinner, todos esses termos mentalistas retomam areferencla a um conceito abstrato, similar a nocao de alma (por isso, 0 mentalismoe rejeitado por uma concepcao atual da psicologia como 0 estudo docomportamento).

    Porern Psique foi um termo amplamente utilizado por Freud e Jung, ao longo dostextos que cornpoern suas complexas teorias; ela e a palavra grega que serve deraiz do termo Psicologia, e significa alma, ou "aquilo que nao e do corpo, mas e 0componente invisivel de uma pessoa" (Halevi, 1990). Nenhum estudo sistematicoda psique foi empreendido no mundo ocidental antes dos antigos gregos (0 mesmonao pode ser dito sobre os orienta is que ja estudavam a realidade da alma nopsiquismo, milhares de anos antes). Reconhecia-se a presence da alma, mas 0 queera conhecido estava limitado as escolas esotericas ou fazia parte do folclore.

    Essa fenomenologia poderia ser encontrada na observacao das aparicoes dosmortos, no significado dos sonhos ou nas hlstorias de aventuras entre os deuses.Fragmentos de conhecimentos chegaram ate nos, mas estao na maior parte dasvezes, na forma de alegorias que precisam ser interpretadas na linguagem denossos dias. Alias, 0 Espiritismo tem oferecido a sua contrtburcao substancial paraclarificar 0 conteudo desse material rnetaforico, e ir ainda mais alern.

    Seja como for, naquela epoca da hlstoria, 0 homem ocidental estava ainda na fasesupersticiosa do desenvolvimento, na qual os fenornenos incomuns eramobservados, mas nao entendidos, de modo que 0 natural e 0 sobrenatural se

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    confundiam (Halevi, 1990). Esse fato e bastante sublinhado na literatura especificasobre Parapsicologia (Andrade, 1990; Still, 1986; Aresi, 1917; Inardi, 1977) eEspiritismo (Kardec, 1861). A partir de agora, sera realizada uma descrlcaohist6rica do desenvolvimento do misticismo ate 0 surgimento da Pslcanalise,tomando como base os estudos e pesquisas de Halevi (1990), estudioso da Cabala,e de suas conexoes com a Psicologia. Durante essa descricao, aqueles queconhecem bem 0 Espiritismo, observarao que muitos dos temas abordados pormisticos e cabalistas, tarnbern sao abordados pelos Espiritas modernos, elogicamente, tarnbern por psicoloqos, justificando esse apanhado hist6rico.

    Segundo Halevi (1990), quando os gregos entraram em contato com as maisantigas e avancadissimas clvlllzacoes do Oriente, em suas campanhas de conquistae de cornerclo, ocorreu uma alguimia cultural, na qual a lntellqencla racional dosgregos foi estimulada e fusionada com a experiencla filos6fica e religiosa da menteoriental. Alern dos contatos com as clvlllzacoes indiana e persa e a conexao com osegipcios, houve tambern 0 encontro entre as culturas helenlca e judaica, que deramorigem aos fundamentos da Cristandade e do Isla.

    o impacto dessa lnteracao estimulou nao somente uma abordagem intelectual dacosmologia como tarnbern a psicologia, quando os gregos cornecaram a examinarseus pr6prios mitos, dando corpo a uma base 16gica para a estrutura e a dlnarnlcado macrocosmo e do microcosmo do Universo e do qenero humano,respectivamente, conceitos comuns em disciplinas como a Cabala, a Astrologia e aAlquimia.

    Por volta do sexto seculo antes da era comum a .c., a clencla grega concluira quehavia uma dlferenca clara entre sentido e razao, no sentido em que a mentesintetiza 0 que 0 corpo percebe. Paralelamente, a nocao de temperamentosdiferentes foi observada e relacionada aos quatro elementos em uma f6rmula dotipo "embaixo tal qual em cima", tao apreciada pelos fil6sofos rnlstlcos.z.a peloquinto seculo a. C O { a escola pitag6rica diferenciou a psique do corpo, 0 qual eravisto por eles como uma prisao para a alma enquanto a pessoa estivesseencarnada. Acreditavam que a vida fosse um processo de aprendizagem, durante 0qual a alma abria vagarosamente 0 seu caminho em dlrecao a liberdade interior,puriflcacao e imortalidade, ao transcender 0 ciclo natural de nascimento,cresci mento, decadencla e morte.

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    As escolas que nee se ocupavam das quest5es ligadas ao desenvolvimentofocalizavam aspectos mais praqrnatlcos: agui temos a grande divisao entre asabordagens platonica e aristotelica, gue partilham 0estudo da psicologiaate os nossos dias (elemento longamente estudado por lung, em seu livrode 1920 - Tipos Psicologicos). Platao seguiu a linha m'stica, pois via 0Universo emergindo de urn reino invis'vel para uma manifestacao,enguanto Aristoteles, 0cientista, observava gue esses reinos mais sutiseram inerentes ao mundo material. Ele via a psigue como a soma ouessencia do corpo vivo, enguanto Platao a percebia como urn organismonao f'sico gue podia renascer varias vezes apos a morte.

    Em um nivel mais detalhado de observacao da mente encarnada, os gregospreocuparam-se com a moralidade da psique em conflito com os varies impulsos docorpo. 0 processo da vagarosa orqantzacao de impulsos primitivos em acoesconscientes complexas tarnbern foi observado, assim como 0 principio do desejo ereallzacao nos sonhos, quando as faculdades superiores estao adormecidas e osapetites mais baslcos podiam ser desencadeados sem condenacao social. Sabemosque a pslcanallse freudiana ira no seculo XX sistematizar ao conhecimento cientificoesses postulados, que foram por ela redescobertas.

    1550 porque, muitas dessas primeiras conclus5es foram incorporadas aos variessistemas que surgiram da vlsao helenlca da psique. De fato, 0 efeito do helenismosobre a vlsao judaica da psique, e mais tarde sobre as vis5es crista e lslamlca, foienorme. 1550 ficou mais claro quando a Cabala saiu de sua tradicional reclusao noprincipio da Idade Media. A Cabala e um sistema filos6fico-religioso que buscacompreender Deus, os rnlsterios do Universo e 0 destino do homem atraves domisticismo. Enquanto sistema judaico-crtstao guarda muitas relacoes desimilaridade e complementaridade com a vlsao espiritista moderna, de forma queseu estudo surnarlo e importante para qualquer um que queira contribuir para apesquisa de um projeto de Psicologia Espirita.

    Observamos, nesse contexto, que na crise entre razao e revelacao, a psique foisubmetida a profundos estudos, quando varies misticos discutiam abertamente osmuitos componentes, funcoes, problemas e resolucoes relacionados a vida interior.Debates sobre a alma nas casas de estudo rabinicas, nas celas rnonastlcas, nasescolas sufistas e entre os cabalistas e os alquimistas gn6sticos, bem como entre os

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    mais diferentes pesquisadores esotericos e misticos (ocidentais e orienta is)exploravam cada aspecto e nivel, ate que 0 espirito criativo se abatesse e asuniversidades se tornassem meros centros de repeticao e inforrnacoes baseadas noque fora dito pelos mestres antigos e medievais, sttuacao que 56 se modificou coma Renascence, quando a psicologia voltou a mover-se, devido ao esforco depessoas inquisitivas que recornecararn a estuda-la com uma nova vlsao.

    Por exemplo, 0 trabalho do anatomista Vesalius, no seculo XVI, removeu muitasldelas sobre a dependencia do corpo pela alma, como sustentavam muitos antigospensadores; observadores socia is, como Maquiavel, varreram com 0 idealacademlco de que as pessoas eram inerentemente nobres. Estava bastante claro,naqueles tempos politicamente expeditivos, que 0 lado primitivo de um ser humanopodia perfeitamente predominar. 1550 levou a uma reforrnulacao da psicologia e dassuas lrnpllcacoes, com 0 estudo do efeito da sociedade sobre os individuos (Halevi,1990).

    Por outro lado, estudiosos como Thomas Hobbes tomaram outro caminho, edesenvolveram uma abordagem mecanicista, alinhada com a lnfluencla de Galileu,que havia destruido a antiga imagem do mundo e todo 0 seu mlsterio com arnecantca celeste. A Idade da Razao, nascida desta perspectiva, foi combatida poralgumas escolas platonistas da epoca, mas ate mesmo Newton, um mistico deprimeira grandeza, se viu obrigado a ocultar 0 fato de que a maior parte de suasanotacoes eram sobre quest5es religiosas. Aparentemente, durante os seculos XVIIe XVIII, poucos estudos psicol6gicos reais foram feitos, embora muito tenha sidofeito com 0 usa da abordagem mecanicista e te6rica, 0 que levou a muitasconclus5es baseadas no metoda empirico. Por outro lado, 0 extremo racionalismodessa epoca produziu suas reacces, atraves de edificios teoricos complexos comoos dos processos rnaqnetlcos do mesmerismo, ou 0 surgimento de algumas novasescolas protestantes no Cristianismo, ou ainda, 0 protesto dos fil6sofos rornantlcos,entre outros.

    Em uma era obcecada com 0 estilo requintado e com 0 aperfelcoarnento domaqulnario, a loucura nee era entendida, e era tratada do modo mais barbaro, Foisomente ap6s 0 surgimento da consclencia social que as pessoas pensaram emexaminar a psique do individuo. Por volta do fim do seculo XIX, surgiramnumerosas escolas de psicologia; algumas tinham um ponto de vista fisiol6gico,

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    enquanto outras consideravam os aspectos sociol6gico, funcional ecomportamental. Escolas como a qestaltica exploravam os efeitos do meioambiente sobre a psique, em contraste com os procedimentos analiticos que seenvolviam entao para devassar as estruturas da mente.De toda essa ebulicao de estudos cientificos surgiu Freud, que abriu 0 Mundo doInconsciente, com suas poderosas forces que permeiam a consclencla, parainfluenciar as pessoas sem que elas 0 percebam, causando neuroses, psicoses ecomportamentos ocasionalmente irracionais em pessoas consideradas normais. Acontrtbutcao de Freud para a psicologia ocidental foi enorme. Ele nao somenteredescobriu aquilo de que as escolas esotericas falaram durante seculos comotarnbern cornecou a sistematizar a mente de maneira cientifica, embora tenhaencontrado muita reslstencla em sua pr6pria area profissional. Jung, seu colegamais jovem, que estivera desenvolvendo sua pr6pria vlsao de psique, adotou umapostura platonica para a abordagem aristotelica de Freud. Jung notou que, emboraa mente tenha seus impulsos primitivos, esta tarnbem sujeita a uma lnfluencla maisprofunda, vinda dos niveis mais altos do inconsciente. Desse modo, 0 ego da psiqueinferior foi separado do Si-mesmo, que supervisiona 0 processo dedesenvolvimento, tal como descrito em textos e mitos espirituais (Halevi, 1990).

    Como existe hoje em dia, no Ocidente, um grande interesse pelo esoterico, issolevou muita gente a reconhecer que a psicologia e urn pre-reguisito necessarioantes de se passar para 0estudo do Esp'rito e do Divino. E aqui que aPsicologia e 0 Esoterico podem encontrar-se, adaptar-se mutua mente e dar origema uma alguirnia para a nossa epoca. Antes que isso possa acontecer, porern,temos, que considerar a ldela da reveladio como fonte de conhecimento, nachamadaepisternologia da lntulcao (Cabala, Parapsicologia e PsicologiaProfunda) e da rnediunidade(Espiritismo): se tomarmos, por exemplo, a Cabalacomo um dos referenciais a serem considerados, veremos que 0 seu ensinamentotem sido sempre 0 mesmo ao longo dos seculos, Apenas a forma desseensinamento mudou com 0 tempo. 0 conteudo da Tora, tal como etradicionalmente chamada, diz respeito a origem, natureza e prop6sito do Universo,o lugar do homem em um processo Divino pelo qual Deus contempla Deus noreflexo da Exlstencla. Esse tema e recorrente em toda a Biblia e em todos ossistemas esotericos que surgiram daquele circulo de seres humanos que

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    historicamente apreenderam a dlrnensao transpessoal da realidade. Umadeterminada cultura pode encobrir ou obscurecer 0 ensinamento, mas a presencedeste e sentida nos rituais, nas devocoes e na metafisica por todos os que buscamum sentido para a vida, e ate mesmo por aqueles que tern somente umaapreclacao supersticiosa do que se encontra sob a superficie do mundo fisico. Osqnosticos originais, ou "os que sabem", foram alguns dos que tiveram acesso diretoa um conhecimento "superior". Tal acesso pode ter sido alcancado mediante acoescorretamente executadas, ora

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    dentro da qual cada um tem tarefas espirituais a cumprir. A este processo da-se 0nome de Destino ou Sina, que deve ser vivenciado para que 0 individuo possaalcancar a perfeicao do Self. 0 simbolismo da A.rvore da Vida e, tomado assim,como base para uma viagem dentro do Eu, em que especial atencao e oferecida apsique e a grande jornada do destino, que cada um de n6s empreende ao descer aencarnacao, e ao voltar depois ao lugar de onde todos viemos.

    Ao fundir disciplinas como psicologia, cabala e espiritismo, devemos examinar ahist6ria da nossa atual sltuacao a cada nivel, extraindo elementos mais importantesde cada tema e inter-relacionando as suas relevancies, de maneira a compor umasintese que proporcione uma nova vlsao de ambos, considerando-se diversasescolas de pensamento, nee somente para obter um panorama mais amplo comotarnbern para cobrir todos os estaqlos e niveis do desenvolvimento. Esse trabalhoque coloca 0 cabalista em contato com 0 psicoloqo, descreve a Epistemologia daIntuidio, que e igualmente compartilhada com a Epistemologia daMediunidade, que fundamenta uma Psicologia de Orientacao Espirita - Psicologiae Pslcanallse, Espiritismo e Gnose (Cabala e Alquimia), muito possuem a contribuirum com 0 outro, temos que concordar. No futuro, isso podera justificar todo umtrabalho de pesquisa a ser publicado e divulgado ao publico. Por enquanto, porern,tal ultrapassaria dos objetivos do material aqui tratado.

    Sobre as conctusoes da contrlbulcao Psicanalitica

    Como observamos a Pslcanallse redescobre em uma linguagem cientifica, muito doque os gn6sticos ja conheciam sobre a Alma Humana eo Inconsciente. Com isso, aPslcanallse fornece uma consistente teoria sobre a personalidade humana, aodiscriminar os elementos psiquicos relativamente estavels de nossa individualidade,e seus mecanismos psiccdtnarnicos.

    Assim, com 0 conceito de personalidade e a descncao do aparelho psiquico, Freudse tornou 0 primeiro autor a abrir caminho a um estudo profundo da Alma Humana,com a fundacao da Pslcanallse e a popularizacao da Psicologia Moderna. Jung veiologo em seguida, aprofundando e ampliando a contrtbutcao freudiana. Nomes comoAlfred Adler e Wilhelm Reich tarnbem fazem parte desse percurso e, nao devem ser

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    esquecidos nesse apanhado hist6rico. Um detalhamento de suas contrtbutcoes,porern, excederia os limites dessa atual pesquisa.

    Por fim, procurou-se evidenciar a lnfluencla do helenismo e do judaismo(especialmente, da Cabala) na formacao do pensamento freudiano. Freud neeassumiu expressamente todas as lrnpllcacoes dessa lnfluencla, apesar de ter abertoum grande caminho, muito bem aproveitado, posteriormente, por Jung ...

    A Quinta Forca (parte 6) - A Terceira Forca ouPsicologia HumanistaFiled under: Espiritualidade,Filosofia,Psicologia - arquivosdeadalberto @ 0:37

    As Contrlbulcoes da Terceira Grande For~a:

    A Psicologia Humanista.

    "Tenho certeza que nossas expertencias terapeuticas e grupais lidam com 0transcendente, 0 indescritivel, 0 espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitosoutros, tenho subestimado a lrnportancla da dlrnensao espiritual e mistica. ( . ..)

    ... a grande vantagem da aprendizagem centrada na pessoa, que nos impele paraalern do que sempre sonhamos, para areas nas quais jamais haviamos esperadochegar".

    Carl R. Rogers

    A psicologia humanista surgiu na decade de 50 e inicio dos anos 60. Os nomes maisconhecidos da Psicologia Humanista sao Carl Rogers, Abraham Maslow e AnthonySutich. No contexto desse estudo, a principal contrtbutcao da Psicologia Humanistapara a Psicologia Espirita, e a valortzacao das caracteristicas morais e etlcascriativas do ser humano, que num termo preciso sao "qualidades e capacidadeshumanas por excelencia" (Nagelshmidt, 1996), entre as quais podemos citar:valores, identidade, coragem, responsabilidade, criatividade e rnotlvacao paraatualizar os seus pr6prios potenciais positivos.

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    Resumo Teorico da Psicologia Humanista

    Segundo Nagelshmidt (1996) a psicologia humanista procura encarar 0 ser humanocomo um todo complexo e organicamente integrado, propondo portanto uma vlsaoholistica deste ser humano. Dentro desta vlsao holistica, 0 ser humano seria comoque marcado pela necessidade - a qual, alias, seria intrinseca a todos osorganismos vivos - de atualizar seus potenciais e tornar-se a totalidade maiscomplexa, organizada e autonorna de que for capaz.

    Talvez, afirma a autora, por causa desta enfase na necessidade dodesenvolvimento das melhores capacidades e potencialidades dos seres humanos, aPsicologia Humanista e tarnbern conhecida pelo nome de "Movimento do PotencialHumano". Dai decorre tarnbern uma caracteristica muito interessante da TerceiraForca: ao lnves de tentar descrever e elaborar teorias sobre dlsturblos psicoloqicose seu tratamento, reservando a saude mental a conotacao essencialmente negativade ausencla de doencas, os psicoloqos humanistas iraQ definir a saude mentalotlrna como 0 desenvolvimento e aqutsicao de certas caracteristicasespecificamente humanas tais como aceitacao de si mesmo, espontaneidade,empatia, capacidade de resistir a lnfluenclas provenientes do meio social,capacidade de manter relacoes interpessoais significativas, criatividade, etc. Porisso, alem da Psicologia Humanista se aproximar do Espiritismo pela via dos finsmorais e eticos construtivos, observa-se uma concordancia com a no

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    se referem ao sentido e significado de sua propria vida, bem como das metasexistenciais que se propoe atingir. Estas perguntas essenciais saofundamentalmente tres: (1) "Quem sou eu?"; (2) "De onde vim?"; (3) "Para quedlrecao estou me encaminhando?". Temos assim, um terceiro ponto de contatoentre a Psicologia Humanista e uma Psicologia de ortentacao Espirita, qual seja, apreocupacao com 0 questionamento e a reflexao dos temas existenciaissignificativos da vida humana. Nao a toa, podemos afirmar que a DoutrinaEsp'rita e em essencia uma Doutrina Humanista e Existencialista.Na Psicologia Humanista, considera-se que 0 desenvolvimento dos propriospotenciais pode fazer com que as pessoas venham a reconhecer a possibilidade dese atingir a transcendencla, ou seja, de se ultrapassar certos limites ja conhecidosda condlcao humana, permitindo um contato com "algo" que e sentido como seencontrando alern da experiencla humana ou pessoal comum. E a partir destapossibilidade de transcendencla, ligada a uma busca de crescimento quepoderiamos denominar de "espiritual", que surge a Psicologia Transpessoal, a qual,pode ser considerada uma evolucao natural da Psicologia Humanista (Nagelshmidt,1996).

    A Quinta Forca (parte 7) - A quarta Grande Forca: aPsicologia TranspessoalFiled under: Espiritualidade,Filosofia,Psicologia - arquivosdeadalberto @ 0:46

    As Contrlbulcoes da Quarta Grande For~a:

    A Psicologia Transpessoal.

    "Devo tarnbem dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira For

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    Finalmente chegamos a abordagem teorica que toma como objeto de estudo daPsicologia os aspectos da experiencla humana relacionados a espiritualidade e aarnpllacao da consclencla (Junior, 1993).

    A Psicologia Transpessoal ira preocupar-se com temas como (1) estados alteradosda consclencla, (2) experiencla culminante, (3) arnpllacao e transcendencla dosestados ordinaries da consclencla, (4) experiencla mistica, etc (Nagelshmidt, 1996).

    Segundo Junior (1993), 0 interesse e 0 reconhecimento da lrnportancla dessestemas e imemorial nas culturas e sociedades humanas. Embora esse interesse,assim como a vlsao de homem e universo a ele associada, sejam com justicehabitualmente relacionados ao campo da Rellqlao e da Filosofia, e igualmente justoe apropriado, sob uma otlca mais atual, considerar grande parte da producaocultural desenvolvida nessa area como pertencente ao campo do que hojechamamos Psicologia.

    Ainda segundo 0 autor, abstraida uma leitura mais lnqenua dos aspectosmitoloqlcos, doutrinarios e ritualisticos especificos, a maioria das reuqloes etradicoes espirituais acabam propondo um modelo teorico-operativo da psiquehumana (ou seja, uma teoria da personalidade) e tecnologias de rnudanca dapersonalidade direcionadas ao parametro considerado mais saudavel pelo modeloadotado (ou seja, algo como um tipo de "psicoterapia").

    Este ponto de vista de aceitar as tradlcoes espirituais como psicologias, e maisainda, psicologias transpessoais, e ponto pacifico dentro do MovimentoTranspessoal e, mesmo, fora deste, encontra larga aceltacao, em grande parteqracas ao trabalho de Jung, que em suas pesquisas sobre a Alquimia e as reltqioesorientais e ocldentals, revolucionou a concepcao cientificista com que tais tradlcoeseram encaradas. Assim vemos, hoje, populares manuais acadernlcos de teorias dapersonalidade, largamente utilizados fora do circulo transpessoal (como 0 deFadiman e Frager, 1979), e mesmo de autores nao identificados com a perspectivatranspessoal (como Lindsay e Hall, 1984), dedicarem capitulos as chamadasTeorias Orienta is.

    Essas observacoes sao confirmadas por Nagelshmidt (1996), ao acentuar que"abstraidas certas dlferencas quanto a conteudos especificos, os modelos da psique

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    humana proposto pelas grandes religi5es e tradlcoes espirituais como 0 Judaismo, 0Budismo, 0 Cristianismo, etc., apresentam grandes sernelhancas quanto a formaatraves da qual encaram 0 desenvolvimento do psiquismo, merecendo portantouma constderacao mais cuidadosa por parte dos psicoloqos",Como veremos, entao, a principal contribuicao da Quarta Forca para aformacao de uma Psicoloqia Esp'rita, e a valorizacao dos aspectos liqadosao objeto de estudo do Espiritismo, como a alma humana e a experienciada espiritualidade. Como 0Espiritismo, a Psicoloqia Transpessoal enfatizaos aspectos que unificam as diferentes reliqioes e filosofias espiritualistas.

    Os principais nomes da Psicologia Transpessoal sao (1) 0 psiquiatra canadenseRichard Maurice Bucke, (2) 0 maior dos psicoloqos americanos, Willian James - quemuito contribuiu com seus estudos sobre "As Variedades da Experiencia Religiosa"(titulo de seu livro de 1902) e (3) 0 genial e extraordlnario Carl Gustav Jung,fundador da Psicologia Analitica e realmente 0 primeiro psicoloqoTranspessoal,stricto sensu.

    Jung foi um psicoloqo adiante de seu tempo; em muitas de suas revoluclonariasconcepcoes antecipou em decades diversas tendencies assumidas hoje peloMovimento Transpessoal, sendo um desafio, neste curto estudo, querer tracer aindaque um resumo de suas contrtbutcoes ao estudo das dimens5es transcendentes daconsclencla - ou do inconsciente, como ele preferia dizer. Apenas para citar, nocoescomo arquetlpo, inconsciente coletivo, psique objetiva, Self, sincronicidade, entreoutras, assim como seus ja referidos estudos sobre Rellqlao e Alquimia - e mais,Parapsicologia, Astrologia, I-Ching e conhecimento Oriental - encontram-se, e porcerto se rnanterao por muito tempo, na ordem do dia para os psicoloqostranspessoais deste e do futuro seculo, A sua flllacao p6stuma como membrohonorario e fundador e disputada tanto pelo Movimento Humanista como peloTranspessoal (Junior, 1993).

    Segundo minha vlsao pessoal, Jung e 0 pesquisador que lancou as mais s61idasbases estruturais para a elaboracao te6rica e pratlca de uma PsicologiaTranspessoal que considere a alma humana um importante aspecto do ser, a sercompreendido.

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    A Psicologia Transpessoal, como um todo, e portanto a que mais se aproxima deum modelo de Psicologia de orientacao Espirita, e e portanto, a que mais temcontributcoes a Ihe oferecer, segundo a minha hip6tese pessoal.

    Entretanto, quando tomamos propria mente todos os desenvolvimentos atuais daclencla Espirita, observamos que uma Psicologia assentada nas bases dessa clencla,ainda avanca diversos degraus em relacao as outras abordagens te6ricas, e mesmoem relacao a Psicologia Transpessoal.

    o Behaviorismo, ou a Psicologia Comportamental, como vimos, define 0 seu objetode estudo como sendo 0 comportamento do organismo como um todo. Numprimeiro momenta (Behaviorismo Metodol6gico de Watson) seu conceito de clenciae baseado num paradigma filos6fico mecanicista, positivista e praqrnatlco. Numsegundo momenta (Behaviorismo Radical de Skinner) 0 paradigma mecanicista epositivista, da lugar a um funcionalismo operacionalista e, ainda, praqrnatlco. Aprimeira (Watson) e uma Psicologia Materialista em sua essencla, enquanto asegunda (Skinner) e materialista em suas lrnpllcacoes, ja que aceita a exlstencla deum ente abstrato (a mente), mas nao a sua acao sobre a realidade concreta.Mesmo assim, essa Primeira Grande For

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    especie de lnterrnedlaria para 0 que veio depois, a Quarta Grande Forca - aPsicologia Transpessoal - que entao assume, de maneira expressa 0 estudo dadlrnensao espiritual do ser humano. Transpessoal, aqui, significa transcender 0meramente pessoal, para ir atras "do que esta mais alern",Na Quarta Grande Forca, a Psicologia esta muito pr6xima de definir como seuobjeto de estudo a alma humana. Porern, acredito que isso 56 sera realmenterealizado de forma consistente e sistematica com a contrtbulcao do Espiritismo. Enesse sentido que 0 Espiritismo tem a sua maior contrtbulcao a oferecer aPsicologia. Com 0 Espiritismo, a Psicologia retoma 0 seu objeto de estudo original,como era definido pelos gregos antigos, ou seja, a alma humana, porern agoracontextualizada as mais recentes descobertas da clencla moderna.

    A Quinta Forca (Parte 8) - Resumo sobre Psicologiae EspiritismoFiled under: Espiritualidade,Filosofia,Psicologia - arquivosdeadalberto @ 18: 14

    A Psicologia EspiritaA Psicologia Espirita se define como a clencia que estuda a alma humana. Enquantotal fundamenta-se nas contributcoes conjuntas das principais pesquisas no campoda Psicologia Conternporanea e na Clencla Espirita Moderna.

    Algumas notacoes oferecidas por Facure (1999) podem ser utels aqui. Para esseautor, a Medicina lida muito de perto com 0 sofrimento e com 0 ser humano na suamais profunda intimidade, e por isso tem no seu pr6prio conteudo a necessidade demais esclarecimentos para justificar a causa de tanto desajuste e 0 porque de tantacomplexidade na alma humana. Tomando isso como valldo tarnbem para aPsicologia, e retomando os argumentos do autor, observamos que" ... A existenciade Deus e a identificadio da Alma. reconhecida pela sua imortalidade esuas experiencias em vidas sucessivas. sao paradigmas indispensaveis"sempre que a Medicina e a Psicologia, pretenderem se esclarecer sobre 0 porque dador, sobre a desigualdade aparente dos sofrimentos, sobre quem somos e "porque

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    as nossas acoes de hoje trazem repercussoes no nosso arnanha, assim como 0nosso ontem nos trouxe a paz ou a intranqOilidade de hoje".

    E nesse sentido, que a Psicologia Espirita avanca, ainda, alguns passos a mais quea Psicologia Transpessoal, apesar dessa ser a abordagem - entre as "QuatroGrandes For

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    conteudo doutrinario extraordlnario que vislumbramos ao abrirmos de vez as portaspara as realidades do mundo espiritual. Por enquanto, nos parece que estespesquisadores estao conseguindo apenas pequenas sondagens que Ihesproporcionam amostras rnludas de um universo de conhecimentos bem maisamplo".

    o Espiritismo segundo 0 autor, no seu corpo doutrinario, contern todo 0 texto destenovo Paradigma de Deus, da Alma e da Espiritualidade, que a Medicina e aPsicologia, deverao ler por extenso com 0 decorrer do tempo.

    Conceitos Basicos do Espiritismo

    Tentar definir 0 Espiritismo e debater os seus conceitos, sem discorrer, mesmo queresumidamente sobre 0 seu desenvolvimento hist6rico, pode ser um redutivismoque lrnpeca a adequada apreclacao do alcance global da Doutrina. 0 Espiritismosurgiu oficialmente em 18 de abril de 1857, com a primeira edicao de "0 Livro dosEspiritos", que viria a alterar muitos dos conceitos entao vigentes, com relacao aDeus, a imortalidade da alma, a reencarnacao, a comuntcacao com os mortos e,principalmente, ao mundo dos Espiritos.

    "Escrito na forma dialogada da Filosofia Classlca, em linguagem clara e simples,para dlvulqacao popular" - segundo 0 professor e fil6sofo Jose Herculano Pires - 0Livro dos Espiritos e um "verdadeiro tratado filos6fico que corneca pela Metafisica,desenvolvendo em novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, aEtica e, estabelecendo as llqacoes hist6ricas de todas as fases da evolucao humanaem seus aspectos biol6gico, psiquico, social e espiritual".

    Em principio, 0 Espiritismo e filosofia, com raizes profundas na pr6pria tradlcaofilos6fica, a partir das escolas gregas. Por esta razao, S6crates e Platao figuram naCodlficacao como precursores do Cristianismo e, por conseguinte, do Espiritismo. 0"Livro dos Espiritos" fora ate mesmo escrito na forma dos dialoqos de Platao:perguntas e respostas. Nesse momento, Kardec propce que a forca da DoutrinaEspirita repousa sobre a sua filosofia, e no "apelo que faz a razao e ao bom senso".Ao publicar posteriormente, "0 que e 0 Espiritismo", Kardec afirma: "0 Espiritismoe, ao mesmo tempo, uma clencla de observacao e uma doutrina filos6fica. Comoclencla pratlca, ele consiste nas relacoes que se estabelecem entre n6s e os

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    espiritos; como filosofia, compreende todas as consequencias morais que emanamdessas mesmas relacoes". E conclui definindo com preclsao: "0 Espiritismo e umaclencla que trata da natureza, origem e destino dos Espiritos, bem como de suasrelacoes com 0 mundo corporal".Amplia-se, portanto, nessa ocaslao 0 conceito de Espiritismo, incluindo a suanatureza cientifica, composta por duas partes: uma experimental, sobre asrnanlfestacoes em geral e outra filos6fica, sobre as rnanlfestacoes inteligentes.Ambos os casas apresentam como base do conhecimento a fenomenologiarnedlunlca, coroada pelo ensinamento dado pelos Espiritos, em sua enfase daanalise das Leis Naturais que regem a relacao dos Espiritos com 0 mundo ditomaterial.Finalmente, como terceiro aspecto da Doutrina Espirita, surge 0 aspecto religioso,que Kardec deixou para 0 final de sua rnlssao. Neste aspecto, porern, 0 Espiritismoe muito diferente das reltqloes tradicionais, institucionalizadas e com um sistema deadrnlnlstracao centralizador e hierarquizado. Na verdade, quando se falade Religiao Espirita, 0 que se quer dizer ou referir e 0sentimento religioso, dellqacao com a natureza transcendental de Deus, sentimento esse, correlacionado aoexercicio da razao - dai a ldela de fe raciocinada, reflexiva "que se ap6ia nos fatose na 16gica e nee deixa nenhuma obscuridade: cre-se porque se tem certeza, e 56esta certo quando se compreendeu". E incentivado um ceticismo saudave/, relativo,flexivel e tolerante, que nee exclui a assimtlacao de novas fatos, e egradativamente superado, por uma f e que e construida, pouco a pouco, com 0exercicio da razao e 0 cultivo da sensibilidade - por isso mesmo, e uma fe cujaconvrccao e obtida com 0 seu pr6prio amadurecimento e pratlca, e nao atraves delmpostcoes levianas ou uma aceitacao cega por qualquer postulado que seimponha. 0 individuo nee se fecha sobre sistemas doqrnaticos. Nao se trata,portanto de uma rellqlao caracterizada essencialmente por cultos exteriores,sacramentos, idolatrias, e mesmo rituais, mas de "Religiao. propriamenteconsiderada como sistema de crescimento da alma para celeste comunhaocom0Espirito Divino", nas sabras palavras do Espirito Emmanuel.

    De forma geral, 0 Espiritismo e muito mal compreendido pelo publico em geral, e asvezes, ate pelos pr6prios Espiritas. A razao disso envolve desde amplodesconhecimento dos fundamentos da doutrina dos Espiritos, ate 0 preconceito, ou

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    simplesmente, 0 orgulho mesmo. Seja como for, 0 Espiritismo possui uma filosofiaque Ihe oferece rigor e fundamento, uma fenomenologia empirica e experimentalque Ihe confere 0 status de clencia, e uma serie de lrnpllcacoes morais e s6cio-espirituais, que a legitimam como uma rellqlao, A complexidade da doutrina Espiritarevela-se por varies indicadores; como costuma afirmar Allan Kardec, para seconseguir uma adequada cornpreensao da doutrina Espirita, sao necessartos muitosanos de estudo, reflexao e dedlcacao. Nlnquern consegue compreender 0 alcancedas lrnpllcacoes espiritas, em apenas algumas horas, ou mesmo, alguns meses.

    Allan Kardec foi 0 codificador da Doutrina Espirita. 0 verdadeiro nome deAllan Kardec eraHyppolyte Leon Denizard Rivail. Allan Kardec, segundo supunhaRivail, teria sido seu nome em uma de suas encarnacoes anteriores na Terra, comosacerdote druida. Denizard Rivail, nasceu em Lyon, Franca, as 19 horas do dia 3 deoutubro de 1804. De familia cat6lica, sua mae era prendada e afavel e seu pai juiz.

    Rivail foi uma pessoa que deu muito valor para quest5es como racionalidade, 16gicae intelectualidade. Foi, por exemplo, um escritor eximio. Muito disso, se deve aoseu percurso escolar. Ele realizou seus primeiros estudos em Lyon, e aos dez anosfoi enviado a Yverdun, Suica, para a escola modelo da Europa: 0 Instituto deEduca

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    Em 1822, retornando da Suica para Paris, em 1823, Denizard inicia-se nosconhecimentos das teorias de Mesmer, Doutor da Universidade de Viena. Aos 50anos de idade, como foi dito, Rivail era um talentoso escritor. Com 22 livrosescritos, era membro de Instltulcoes Cientificas, da Academia de clencla de Arras,professor de cursos tecnlcos, e discipulo de Pestalozzi. Poliglota, conhecia bem 0alernao, lnqles, holandes, tinha solldos conhecimentos do latim, grego, qaules ealgumas linguas neolatinas. Considera-se, porern, que 0 Espiritismo nee e obrarealmente de Allan Kardec (ou Denizard Rivail). Segundo os Espiritas, ele foiapenas 0 codificador da Doutrina Espirita, ou seja, ele apenas cuidou de organizar,traduzir e tornar compreensivel e acessivel 0 conhecimento que Ihe foi transmitidopelas entidades denominadas Espiritos.

    Como sintese de conhecimento humano, a Doutrina vem estruturada sob a formade clencla, filosofia e rellqlao, Podemos, entao, definir 0 Espiritismo como umacomplexa doutrina cientffica, filos6fica e religiosa, proposta por Allan Kardec, na 2ametade do seculo XIX, como uma compila~ao de informa~oes reveladas porespfritos, atraves de comunicacao mediunica, e que tratam de assuntos profundosrelacionados ao homem, ao Universo e a Deus.

    Entre os conceitos e ldelas principais da doutrina, ensinam os Espiritos que somosseres imortais, criados por Deus, sujeitos , como todos os seres da natureza, a umprocesso evolutivo que visa 0 progresso incessante de todas as criaturas, semexcecao e sem retrocesso, que se fundamenta nas leis de reencarnacao(Facure, 1999).

    A reencarnacao, no estaqlo evolutivo em que nos encontramos, ocorre sempre naespecie humana, em qualquer sexo ou etnia. 0 nascimento nao representa 0 inicioda vida, nem a morte 0 seu fim. Tanto 0 nascimento como a morte fisica obedecemdesignios de objetivos superiores visando 0 aprimoramento continuo, segundocriterios da mais absoluta justlca, Prevalece para todos, de modo infalivel, a leiuniversal de acao e reacso.

    A natureza fisica do corpo e para 0 ser humano apenas uma de suas expressoes, 0corpo fisico nos permite interagir no ambiente material onde estamos inseridos.Cada um de nos, no entanto, e uma entidade espiritual organizada e independente,que sobrevive a morte e que se aperfeicoa nos diversos corpos fisicos que vai tendo

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    oportunidade de utilizar com as reencarnacoes (Facure, 1999). Trocando emrnludos, pode-se dizer que nee somos seres carnais que vivem expertenciasespirituais esporadicas, mas sim que somos seres espirituais imortais, com milharesde anos, que vivem em relacao ao infinito, algumas experiencias carnais,representadas pelos finitos periodos de encarnacao, ate 0 estaqio evolutivo em quenao precisemos mais reencarnar.

    A unlao do corpo fisico carnal com 0 espirito, que e sempre 0 senhor de nossasacces, se processa atraves de um organismo lnterrnedlario de constttutcao"semimaterial" chamado perispirito ou corpo espiritual.

    Nas propriedades deste corpo lnterrnedlario (perispirito) justifica-se toda uma seriede fenornenos de lntercarnb!o entre nos e 0 mundo espiritual enos apontapara uma linha de pesquisa fundamental para 0 esclarecimento das doen~ashumanas.

    Sao chamados de fenornenos medlunlcos certas rnanlfestacoes de efeitos fisicos ouintelectuais que os espiritos desencarnados provocam atraves de pessoas dotadasde condicoes especiais, por isso denominadas de rnedluns. 0 corpo espiritualdesses rnedluns amplia sensibilidades especificas para possibilitar este tipo dernanlfestacao. Uma grande parte desta fenomenologia Espirita e estudada pelaParapsicologia.

    Os espiritos desencarnados habitam 0 mundo espiritual que, de certa forma nosenvolve, expandido porern, em dlrnensoes inacessiveis as nossas llrnltacoesmateria is. No mundo espiritual, conservamos 0 perispirito que, na dependencia danossa convenlencla, repete a aparencla do corpo fisico que possuimos quandoencarnados.Os espiritos convivem constantemente conosco, atuando sobre nossosprocedimentos, tanto fisica como moralmente, atraves de suqestoes, Eles manternuma atuacao ou lnfluenclacao direta sobre nos, na dependencia da nossa aceltacaoe assimtlacao, conforme principios dlaletlcos de sintonia e afinidade.

    No mundo espiritual prevalecem tarnbern, para a afinidade e convlvencla entre osespiritos, os mesmos principios segundo os quais 0 que aproxima ou afasta osespiritos entre si e 0 padrao vlbratorio (mental) que depende do grau de evolucao

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    espiritual de cada um. Para cada estaqlo evolutivo corresponde determinado padraode vlbracao mental que, por sintonia, aproxima espiritos de padrao vlbratoriosemelhante.

    H a em todo 0 Universo um elemento fundamental, que 0 Espiritismo denomina"Fluido Cosrnlco Universal", de onde se originam todos os elementos tanto domundo material como do mundo espiritual.

    Uma vez criadas as condicoes fisicas adequadas, a materia orqanlca preparada naTerra recebeu 0 Principio Vital que possibilitou 0 desenvolvimento da vida noplaneta. 0 Principio Vital foi se expandindo em cada ser vivo, a medida que osorganismos iam se aprimorando sob os efeitos de selecao que a evolucao exigia.

    Ao mesmo tempo, 0 elemento espiritual primordial foi adquirindo complexidade ateo desabrochar da consclencla e da lntellqencla que permitiriam a incursao daespecie humana na Terra.

    A energia emanante do espirito e 0 pensamento. Como fonte plasmadora de ldelaso pensamento e capaz de agregar elementos do Fluido Cosrnlco, construindo ummaterial "idealizado" que constroi 0 ambiente espiritual em torno de nos. Asimagens mentais produzidas pelo pensamento de toda a humanidade criam, emtorno do planeta, uma atmosfera espiritual condizente com 0 teor destespensamentos (Facure, 1999).

    Aspectos da Constltulcao Fisica e Espiritual do Homem

    A literatura Espirita registra tres elementos fundamentais na constttutcao do serhumano, segundo Facure (1999):

    1) 0 Espirito, nosso eu inteligente, dotado de competencia para criar as ldelas emanter a unidade do organismo;

    2) 0 corpo fisico, estruturado a partir do aglomerado celular que 0 comp5e eque sustenta seu estado de vitalidade as custas do Principio Vital que emana doCriador;

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    3) 0 perispirito, um organismo lnterrnedlario que possibilita a atuacao no corpofisico, da energia que emana do espirito.

    Kardec (1859), expce esses mesmos tres conceitos da seguinte maneira:

    1) "A Alma ou 0 Espirito, principio inteligente onde residem 0 pensamento, avontade e 0 senso moral";

    2) "0 corpo, envolt6rio material que poe 0 Espirito em relacao com 0 mundoexterior".

    3) "0 perispirito, envolt6rio leve, lrnponderavel, que serve de laco lnterrnedlarioentre 0 Espirito e 0 corpo".Kardec faz uma dlstlncao, porern, afirmando que e mais "exato reservar apalavra alma para designar 0 principio inteligente" e a palavra Espirito para 0 ser"semi-material" (na verdade, 0 que chamamos de "Espfrito desencarnado")constituido pela Alma e 0 corpo fluidico (ou perispirito).

    Teriamos, entao, 0 seguinte modelo esquematlco:

    Espirito = Alma (principio psiquico consciente e inconsciente)+ Perispirito (corpo fluidico ou conflquracao enerqetica complexa do homem).o autor explica que como " . .. nee se pode conceber 0 principio inteligente (Alma)destituido completamente de materia (perispirito), nem 0 perispirito sem estaranimado pelo principio inteligente, as palavras Alma e Espirito sao, no uso comum,indistintamente empregadas, originando a figura que consiste em tomar a partepelo todo ..."; Kardec, entao, conclui que "filosoficamente, entretanto, e precisoestabelecer essa dlstlncao",

    Essa dlstlncao filos6fica, inclusive e fundamental para distinguirmos a PsicologiaEspirita doEspiritismo propriamente dito, e tarnbern para realizarmos algumasrevisoes conceituais: vimos que a unlao da alma (principio inteligente, na acepcaode Kardec), do perispirito e do corpo material, constitui 0 homem. Ap6s a morte docorpo orqanico, 0 Espirito se liberta, e assim temos que separado do corpo, a almaeo perispirito (ou corpo fluidico) constituem 0 ser denominado Espirito.

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    Assim, concluimos que:

    1. 0 objeto de estudo da Psicologia Espirita e a alma humana, que Kardec(1859) e Facure (1999) definem como um "principio inteligente".

    2. 0 corpo fisico, e objeto de estudo das ciencias biol6gicas, de um modo geral.

    3. 0 Espirito (=Alma + Perispirito), por sua vez, eo objeto de estudo doEspiritismo. Essa dernarcacao geral, porern, nee deve ser considerada "ao pe daletra", ja que cada ramo de conhecimento, nas suas particularidades, estudam 0homem integral, relacionando-se entre si, e assim, cada area de pesquisa precisase interar do objeto de estudo do outro, em contexto interdisciplinar.

    Ha ainda uma observacao a realizar. A concettuacso da Alma como um principiointeligente, nao e mais apropriada para 0 nivel de conhecimento que a pesquisa emPsicologia Moderna ja fez avancar, ja que seja qual for 0 conceito de lntellqenclaque se adote, esse e apenas um dos atributos cognitivos da Alma, e que neeexpressam a totalidade de sua essencia. Alias, isso ja era considerado peloEspiritismo, como podemos observar em 0 livro dos Espiritos (quest5es nO23 e24). A Alma seria melhor conceituada como 0 principio psiquico do ser humano.Sendo a psique, objeto de estudo da Psicologia, fica ria a cargo dessa clencla a suadescrtcao e caractenzacao. ConseqOentemente, teriamos nas teorias dePersonalidade da Psicologia, 0 efetivo estudo da Alma Humana, pois 0 conceito dePersonalidade identifica aquilo que existe de mais relativamente estavel nasubjetividade, demarcando a individualidade. Esses elementos estavels dasubjetividade, portanto, permitem a assoclacao entre os conceitos depersonalidade, psique e Alma; mas nee esclarece ainda, a natureza intima (divina)da Alma, sendo necessario para tanto, a asstrnilacao das descobertas Espiritas queforem ocorrendo com 0 tempo. No mais, a complexidade do conceito de psique(alma), e providencial 0 suficiente para assimilar 0 objeto de estudo de todas asoutras abordagens te6ricas em Psicologia. Com 0 conceito de Alma, enquantoprincipio psiquico do ser, a Psicologia Espirita pode eng lobar 0 estudo docomportamento humano (Behaviorismo), do inconsciente (Psicanalise), dasubjetividade (Psicologia Humanista) e da Espiritualidade (Psicologia Transpessoal).

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    Voltando a questao da constttutcao fisica e espiritual do homem, vamos analisaruma serie de aspectos, tomando um trecho de Allan Kardec (1868) em sua obra "AGenese". Afirmou, 0 autor que:

    "0 Espirito ..." (ou melhor, a Alma) " ...pela sua essencia espiritual, e um 'ser'indefinido, abstrato, que nao pode ter uma acao direta sobre a materia, sendo-Ihenecessario um lnterrnedlarlo: esse lnterrnedlario esta no envolt6rio fluidico que faz,de alguma sorte, parte integrante do Espirito, envolt6rio 'semi-material', quer dizer,tendo da materia por sua origem e da espiritualidade por sua natureza eterea:como toda materia, ela e haurida no Fluido C6smico Universal, que sofre nessaclrcunstancla, uma rnodlflcacao especial. Esseenvolt6rio, designado sob 0 nome deperispirito, de um 'ser abstrato', faz um ser concreto, definido, perceptivel pelopensamento; ele 0 torna apto para agir sobre a materia tangivel, do mesmo modoque todos os fluidos irnponderavels, que sao, como se sabe, os mais poderososmotores".

    Por isso, em outra ocaslao (Kardec, 1857), ja havia afirmado: "Os Espiritos naosao, pois, seres abstratos, vagos e indefinidos, mas concretos e circunscritos".

    o fluido perispiritual - continua 0 autor - e 0 trace de unlao entre 0 Espirito e amateria. Durante a sua unlao com 0 corpo, eo veiculo de seu pensamento, paratransmitir 0 movimento as diferentes partes do organismo que agem sob 0 impulsode sua vontade, e para repercutir no Espirito as sensacoes produzidas pelosagentes exteriores. Ele tern por fio condutor os nervos, como no teleqrafo 0fluido eletrico tem por condutor 0 fio rnetallco,

    Quando 0 Espirito deve se encarnar num corpo humano em vias de formacao, umlaco fluidico, que nao e outra coisa senao uma expansao do perispirito liga-o aogerme para 0 qual se acha atraido, por uma forca irresistivel, desde 0 momenta daconcepcao, A medida que 0 germe se desenvolve, 0 laco se aperta; sob a lnfluenclado "principio vital material do germe", 0 perispirito, que possui certas propriedadesda materia, se une, rnoh~cula a rnoh~cula, com 0 corpo que se forma: de onde sepode dizer que 0 Espirito, por intermedin de seu perispirito, toma, de alguma sorte,raiz nesse germe, como uma planta na terra. Quando 0 germe esta inteiramentedesenvolvido, a unlao e completa, e entao, ele nasce para a vida exterior.

  • 8/3/2019 A Quinta Fora (Adalberto Pessoa)

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    Por um efeito contra rio, essa unlao do perispirito e da materia carnal que secumprira sob a lnfluencla do principio vital do germe, quando esse principio deixade agir, em consequencia da desorqanlzacao do corpo, a unlao, que era mantidapor uma forca atuante, cessa quando essa forca