A racionalidade contextualizada em Feyerabend e suas implicações éticas: um paralelo com Alasdair...

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Halina Macedo Leal A racionalidade contextualizada em Feyerabend e suas implicações éticas: um paralelo com Alasdair McIntyre Cadernos IHUideias Ano 13 • nº 219 • vol. 13 • 2015 • ISSN 1679-0316

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Palavras-chave: Paul Feyerabend, Alasdair MacIntyre, Racionalidade, Epistemologia, Ética.

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  • Halina Macedo Leal

    A racionalidade contextualizada em Feyerabend e suas implicaes ticas:

    um paralelo com Alasdair McIntyre

    Cadernos

    IHUideiasAno 13 n 219 vol. 13 2015 ISSN 1679-0316

  • A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e suas Implicaes ticas:

    Um Paralelo com Alasdair MacIntyre

    The Rationality Contextualized in Feyerabend:a parallel with Alasdair MacIntyre

    Halina Macedo Leal UNIOESTE

    Resumo

    A crtica de Karl Paul Feyerabend ao racionalismo universalista e a apresentao de seu anarquismo epistemolgico conduz a uma reflexo acerca das possibilidades racionais da cincia dentro do contnuo razo-prtica, no qual identificado o papel do sujeito cognoscente em condies epistemolgicas contextuais. Isto pressupe no-es como liberdade, vontade e responsabilidade individuais, as quais permitem refletir acerca das implicaes ticas desta racionalidade cientfica contextualizada. A tica das virtudes proposta por Alasdair MacIntyre salienta a tradio de pesquisa racional, apre-sentando um sistema de justificao moral que defende a existncia de princpios dentro de tradies, nas quais a histria desempenha papel importante na compreenso da construo de valores de ao. Tendo em vista caractersticas especficas da concepo epistemolgica de Feyerabend e da concepo tica de MacIntyre, o presente artigo tem por objetivo analisar as possveis aproximaes entre os pensamentos dos dois autores referidos, considerando o conceito de racionalidade expresso na abordagem de cada um.

    Palavras-chave: Paul Feyerabend, Alasdair MacIntyre, Racionalidade, Epistemo-logia, tica.

    Abstract

    Paul Karl Feyerabends criticism to universalist rationalism and the presentation of his epistemological anarchism leads to a reflection about the possibilities of science in the continuous reason-practical, where is identified in the role of the scientist in contextual epistemological conditions. This presupposes notions as freedom, will and individual responsibility, which allow reflecting on the ethical implications of this contextualized scientific rationality. The ethics of virtue proposed by Alasdair MacIntyre emphasizes the tradition of rational inquiry, presenting a system of moral justification that argues for principles within traditions, in which the story plays an important role in understanding the construction of action values. Having in view the specific characteristics of Feyerabends epistemological conception and the ethics project of MacIntyre, this article aims to analyze the possible similarities between the thoughts of these two authors, considering the concept of rationality expressed in each approach.

    Key-words: Paul Feyerabend, Alasdair MacIntyre, Rationality, Epistemology, Ethics.

  • A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e suas Implicaes ticas:

    Um Paralelo com Alasdair MacIntyre

    Halina Macedo Leal UNIOESTE

    ano 13 n 219 vol. 13 2015 ISSN 1679-0316

  • Cadernos IHU ideias uma publicao quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, alm de artigos inditos de pesquisadores em diversas universidades e instituies de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dos temas, abrangendo as mais diferentes reas do conhecimento, a caracterstica essencial desta publicao.

    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: Jos Ivo Follmann, SJ

    Instituto Humanitas Unisinos

    Diretor: Incio Neutzling, SJGerente administrativo: Jacinto Schneider

    www.ihu.unisinos.br

    Cadernos IHU ideiasAno XIII N 219 V. 13 2015ISSN 1679-0316 (impresso)

    Editor: Prof. Dr. Incio Neutzling Unisinos

    Conselho editorial: MS Caio Fernando Flores Coelho; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antnio Faggion; Prof. MS Lucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Profa. Dra. Susana Rocca.

    Conselho cientfico: Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti, Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora em Educao; Prof. Dr. Celso Cndido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. Csar Sanson, UFRN, doutor em Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora em Comunicao.

    Responsvel tcnico: MS Caio Fernando Flores Coelho

    Arte da capa: Tomasinhache

    Reviso: Carla Bigliardi

    Editorao eletrnica: Rafael Tarcsio Forneck

    Impresso: Impressos Porto

    Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. Ano 1, n. 1 (2003)- . So Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

    v.

    Quinzenal (durante o ano letivo).

    Publicado tambm on-line: .

    Descrio baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); ltima edio consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

    ISSN 1679-0316

    1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Poltica. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.

    CDU 316 1

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    Bibliotecria responsvel: Carla Maria Goulart de Moraes CRB 10/1252

    ISSN 1679-0316 (impresso)

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  • A RACIONALIDADE CONTEXTUALIZADA EM FEYERABEND E SUAS IMPLICAES TICAS:

    UM PARALELO COM ALASDAIR MACINTYRE

    Halina Macedo Leal UNIOESTE

    Introduo

    Paul Karl Feyerabend (1924-1994) ocupa uma posio peculiar nas discusses filosficas acerca da cincia. Suas ideias sobre a conduta ra-zovel dos cientistas operam na direo de elucidar e resolver a dificulda-de de compatibilizao de critrios ou padres cientficos permanentes e circunstncias de aplicao variadas e variveis. Suas anlises no so expressas de forma positiva, por meio da apresentao direta de uma teoria do mtodo ou teoria da racionalidade cientfica, mas so apresen-tadas por meio da negao de caractersticas atribudas ao racional em sentido clssico como, por exemplo, as caractersticas de neutralidade, universalidade e formalidade.

    A crtica do filsofo se direciona principalmente s metodologias (traduzidas em termos de padres racionais ou racionalismo) do Positi-vismo Lgico1 e de Karl Popper (1902-1994). Feyerabend procura mos-trar que, embora distintas, as concepes propostas por tais abordagens, ao defenderem um certo grau de universalidade na conduo de pesqui-sas, inibem a liberdade e a criatividade humanas, necessrias, segundo ele, cincia.

    Com sua crtica, Feyerabend procura demonstrar no somente as falhas dos critrios do racionalismo vigente, mas tambm o que efetiva-mente foi alcanado no mbito cientfico, seja pela aplicao de regras do prprio racionalismo ou de procedimentos considerados irracionais na

    1 O termo Positivismo Lgico designa um conjunto de filsofos e cientistas europeus agru-pados no autodenominado Crculo de Viena, surgido no incio da dcada de 1920. Es-te grupo de pensadores, embora com diferenas importantes de abordagens entre seus membros, defendia, em geral, uma forma estrita de empirismo, com valorizao da lgica simblica como guia e critrio de avaliao da significatividade dos enunciados cientficos.

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    perspectiva racionalista. Nesses termos, a epistemologia feyerabendiana no implica simplesmente uma crtica negativa aos padres racionais. Sua postura crtica e sua proposta anarquista atualizam a possibilidade de considerao de uma racionalidade em termos diversos aos da univer-salizao de critrios e padres de investigao cientfica, defendida pelo racionalismo criticado pelo autor.

    O anarquismo epistemolgico feyerabendiano, alicerado na prolife-rao, expresso como um pluralismo terico e metodolgico. Isto rea-firmado pela proposta da contrainduo, que estimula a multiplicidade por meio da defesa da inveno de teorias inconsistentes com teorias bem estabelecidas, e pela sua tese da incomensurabilidade, que procura afastar a possibilidade de apreenso uniforme da realidade.2

    Considerando como pressupostos a crtica de Feyerabend ao racio-nalismo e suas propostas de anlise da cincia, emerge o que pode ser apreendido como a racionalidade cientfica segundo o autor. Esta raciona-lidade molda-se no decorrer de sua obra e torna-se mais explcita e ela-borada nos escritos tardios de Feyerabend. Nesses escritos, o autor ana-lisa as relaes entre princpios universais e contextualizao de forma mais detalhada, permitindo que se depreenda de seu exame a defesa de uma contextualizao do racional ou, em outras palavras, uma racionali-dade cientfica contextualizada.

    A racionalidade cientfica contextualizada em Paul Feyerabend

    As relaes entre universalidade e contextualizao esto expres-sas nas reflexes do autor acerca das interaes entre cincia (ou prti-ca) e razo (ou racionalidade)3:

    [...] a razo, pelo menos sob a forma em que defendida pelos l-gicos, filsofos e alguns cientistas, no corresponde cincia e po-deria no ter contribudo para o seu crescimento. Esse um bom argumento contra aqueles que admitem a cincia e tambm so es-cravos da razo. Eles devem agora fazer uma escolha. Eles podem ficar com a cincia; podem ficar com a razo; no podem ficar com ambas. (FEYERABEND, 1993: p. 241 traduo da autora)

    2 A rigor, Feyerabend no apresenta nenhuma proposta nem defende nenhuma tese, em sentido convencional. Seu estilo argumentativo notoriamente sui generis, sobretudo nas primeiras edies de Contra o Mtodo. Caracterizar sua forma de apresentar propostas ou defender suas teses parte deste artigo.

    3 Nesse momento, Feyerabend identifica cincia com prtica e razo com racionalidade, para salientar a existncia efetiva de uma multiplicidade de empreendimentos cientficos e a pre-tenso, de algumas filosofias da cincia, de estabelecer padres universais de orientao desses empreendimentos. Com isto, Feyerabend objetiva examinar as possibilidades de relaes dessa multiplicidade com esses padres.

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    Feyerabend inicia suas reflexes afirmando a possibilidade de apre-enso de trs pontos de vista. So eles: idealismo, naturalismo e anar-quismo ingnuo.

    Na perspectiva do idealismo, a razo guia a prtica, ou seja, a razo orienta a prtica de acordo com suas prprias exigncias. Para Feyera-bend, as dificuldades desta proposta residem no fato de que o idealista deseja agir racionalmente e pretende que suas aes racionais condu-zam a resultados que no apenas tornam-se efetivos no mbito das idea-lizaes que utiliza, mas tambm no contexto real do mundo onde habita. Isto geralmente no possvel (FEYERABEND, 1993: cap. XVII).

    Nestes termos, o conflito entre a racionalidade e as expectativas foi, segundo Feyerabend, um dos principais motivos da constante reformula-o dos cnones da racionalidade, encorajando, assim, o surgimento do naturalismo.

    Do ponto de vista do naturalismo, a razo recebe contedo e autori-dade da prtica, descrevendo o modo como a prtica funciona e formulan-do seus princpios subjacentes. Para Feyerabend, o naturalismo tambm no satisfatrio, na medida em que seus critrios de orientao so extremamente limitados e no apresentam critrios de escolha entre pr-ticas. Com respeito s dificuldades do idealismo e naturalismo, Feyera-bend afirma:

    As dificuldades do naturalismo e do idealismo tm certos elementos em comum. Frequentemente, a inadequao de padres torna cla-ra a insuficincia da prtica que engendram, e, frequentemente, as limitaes das prticas so muito bvias quando se desenvolvem prticas baseadas em diferentes padres. (FEYERABEND, 1993: p. 223 grifo no original; traduo da autora)

    O anarquismo ingnuo, por sua vez, afirma a limitao e inutilidade de todas as regras e critrios no mbito cientfico. Feyerabend critica esta posio, na medida em que, na sua perspectiva, as pesquisas so orien-tadas por regras e princpios. O que o autor rejeita so regras e princpios universais independentes de contextualizao, no todo e qualquer tipo de padro de orientao de pesquisas.

    Da anlise e crtica desses pontos de vista acerca das intera-es entre razo e prtica, Feyerabend prope o que denomina de interacionismo.

    [...] eu sugiro uma nova relao entre regras e prticas. esta rela-o e no qualquer contedo de regras particular que caracteriza a posio que eu desejo defender. Essa posio adota alguns elemen-tos do naturalismo, mas rejeita a filosofia naturalista. (FEYERABEND, 1993: p. 230 grifo no original; traduo da autora)

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    O naturalismo diz que a razo completamente determinada pela pesquisa. Disto conservamos a ideia segundo a qual a pesquisa po-de mudar a razo.

    O idealismo diz que a razo governa completamente a pesquisa. Disto conservamos a ideia segundo a qual a razo pode mudar a pesquisa. Combinando os dois elementos, chegamos ideia de um guia que parte da atividade guiada e transformado por ela. Isto corresponde viso interacionista da razo e da prtica [...]. (FEYERABEND, 1993: p. 232 grifo no original; traduo da autora)

    A posio interacionista de Feyerabend afirma que a razo constitui-se num guia para a prtica, ao mesmo tempo que, pela sua aplicabilidade a uma situao prtica especfica, ela modificada, corrigida e aperfeio-ada. No h, neste contexto, privilgio da razo sobre a prtica nem da prtica sobre a razo, ambas so necessrias e no podem existir inde-pendentemente uma da outra. Como o prprio autor afirma: [...] razo e prtica no so dois tipos diferentes de entidades, mas partes de um s processo dialtico. (FEYERABEND, 1993: p. 223 grifo no original; tradu-o da autora)

    Assim, os padres racionais no so considerados fixos, universais, com autoridade independente do contexto especfico ao qual se aplicam, nem so totalmente vazios, preenchendo-se nica e exclusivamente atra-vs do contedo fornecido pela prtica. Esses padres so flexveis e contm idealizaes que podem ser transformadas ou substitudas, de-pendendo do material histrico e contextual com o qual venham a intera-gir. A prtica, por sua vez, no simplesmente o material bruto que re-gulado pela razo, nem simplesmente o que permite razo mover-se num mbito concreto. A razo depende da prtica, para que seus princ-pios sejam compreendidos e efetivados, e a prtica depende da razo, para que seus contedos sejam organizados. Essa dependncia traduz-se em termos de interao, na qual a prpria prtica s apreendida co-mo tal na sua relao com a razo e vice-versa.

    Em sntese, Feyerabend pretende salientar a igualdade de condi-es tanto da prtica quanto da razo. Elas intervm de igual modo entre si, no interagindo somente uma com a outra, mas com todo o contexto mais amplo do qual fazem parte:

    O interacionismo sustenta que a Razo e a Prtica intervm na his-tria igualmente. A Razo j no um agente que dirige as outras tradies, mas uma tradio por direito prprio, com tanto (ou to pouco) direito a ocupar o centro de cena como qualquer outra tradi-o. (FEYERABEND, 1982: p. 3 traduo da autora)

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    Esse modo de apreenso das relaes entre razo e prtica conduz Feyerabend a afirmar que ambas (razo e prtica) so prtica:

    O que chamado razo e prtica so dois tipos diferentes de prtica, estando a diferena em que um exibe claramente alguns aspectos formais simples e facilmente documentveis, fazendo-nos, assim, esquecer as propriedades complexas e dificilmente entendi-das que garantem a simplicidade e a documentabilidade, enquanto o outro esconde os aspectos formais sob uma grande variedade de propriedades acidentais. (FEYERABEND, 1993: p. 224 grifo no ori-ginal; traduo da autora)

    O autor, ao afirmar que prtica e razo so diferentes tipos de prti-ca, amplia suas reflexes e procura tambm analisar como procedem as relaes entre a prtica cientfica, a prtica racional e outras prticas ou, do modo como o autor alude, a tradio cientfica, a tradio racional e outras tradies.

    O interacionismo permite a compreenso da posio de Feyerabend acerca das relaes entre os princpios racionais e a prtica efetiva da cincia. O autor descarta a existncia de uma razo universal, indepen-dente da prtica, e contextualiza a racionalidade (ou razo).

    Deste modo, torna-se possvel falar no da racionalidade, compre-endida nos termos de um padro universal, mas de racionalidades.

    A racionalidade feyerabendiana permitiria trabalhar com diferentes modos de apreenso da realidade; numa argumentao, permitiria a rea-lizao de um processo comparativo de vises, de teorias e ideias, pois exercitar-se-ia no contexto do pluralismo terico e metodolgico.

    Tal racionalidade no conduziria, contudo, a um mbito racional frag-mentado, mas seria uma racionalidade que vincularia, atravs de procedi-mentos interativos, os diversos contextos cientficos, na medida em que se desenvolveria vislumbrando as interaes entre diferentes prticas. Ela trabalharia com um modelo lgico-conceitual refletido num determina-do enfoque contextual e conduziria aquisio do conhecimento no no sentido de um conhecimento cientfico acumulado por sua obteno atra-vs de um mtodo nico para vrios contextos cognitivos, mas no sentido de um conhecimento que variaria e se modificaria de acordo com o con-texto de teorizao, de anlise e de pesquisa em que fosse inserido.

    O racional expressar-se-ia numa atividade com adequao terico-fatual, no no sentido simples de comparao de uma teoria com uma experincia, mas no sentido de permitir procedimentos cognitivos que comparariam as teorias entre si, experincias entre si e, tambm, teorias e experincias entre si. Isto se daria sem a imposio de prticas e vises umas sobre as outras, mas atravs da convivncia mtua de diferentes

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    pontos de vista e da possibilidade de apreenso de diferenas e seme-lhanas desses modos de apresentao e compreenso do mundo. No haveria, assim, a total separao entre terico e observacional, contexto de justificao e descoberta e prescries metodolgicas e descries histricas.

    A lgica, por sua vez, seria considerada dentro da multiplicidade de sistemas formais e vises de mundo:

    Para comear, temos que recordar que no existe uma lgica, mas muitos sistemas diferentes de lgica, uns mais familiares, outros quase desconhecidos. [...] as leis de todo sistema lgico aplicam-se somente na medida em que os conceitos mantm-se estveis atra-vs de uma argumentao: condio raramente cumprida no debate cientfico de interesse. (FEYERABEND, 1984: p. 166 traduo da autora)

    [...] no existe um aspecto nico LGICA subjacente a todos os domnios considerados. Existe Hegel, existe Brouwer, existem os numerosos sistemas lgicos considerados pelos construtivistas mo-dernos. E estes no se limitam a oferecer interpretaes diferentes de um mesmo e s montante de fatos lgicos, como referem-se tambm a fatos diferentes. (FEYERABEND, 1993: p. 195 traduo da autora)

    As razes, tanto lgicas quanto empricas, seriam consideradas no mbito prprio das diferentes situaes cientficas, no sendo as nicas relevantes para o progresso cientfico, sugerindo uma nova interpretao do que sejam boas razes, numa interao direta com a subjetividade e valores do indivduo. Diz ele:

    [...] claro que a adeso s novas ideias ter de ser conseguida por meios irracionais, como a propaganda, a emoo, as hipteses ad hoc e os preconceitos de toda espcie. Tornam-se necessrios esses meios irracionais para dar apoio quilo que no passa de f cega, at que disponhamos das cincias auxiliares, de fatos, de argumentos que transformem a f em conhecimento bem fundado. (FEYERABEND, 1993: p. 114 grifo no original; traduo da autora)

    A racionalidade cientfica feyerabendiana faria crescer a humanida-de, as aptides e a conscincia individuais, bem como a qualidade das instituies, na medida em que no imporia de antemo princpios deter-minantes e demarcadores de ideias a serem exploradas e consideradas relevantes cincia. A determinao da relevncia de regras, ideias e procedimentos depreender-se-ia de condies prticas especficas, per-mitindo um espao subjetividade na cincia:

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    [...] o desenvolvimento da cincia, sua relao com as condies externas, sejam ideias ou circunstncias materiais, tais como as exigncias de guerra, s podem ser determinadas de uma forma prtica. [...] todo intento de generalizar essa descrio e convert-la numa teoria da mudana cientfica deve fracassar. Por qu? Porque o resultado de condies que so em parte objetivas (por exemplo, propriedades dos materiais) tambm contm um amplo componente subjetivo. [...] Ambas condies podem permanecer estveis du-rante grandes perodos de tempo, mas a estabilidade das relaes abstratas causadas por isto no mostra que encontramos por fim a natureza da Razo Cientfica: s mostra que o esprito do mundo s vezes dorme. (FEYERABEND, 1984: pp. 71-72 grifo no original; traduo da autora)

    Feyerabend se apresenta como contrrio ao racionalismo que inibe a imaginao, criatividade, emotividade e individualidade humanas; inibi-o que, segundo ele, restringe a liberdade do indivduo, na medida em que este tende a deixar de lado suas ideias individuais, suas escolhas alternativas e valores que guiam tais escolhas, para seguir o padro im-posto por um nico e atemporal mtodo, por um conjunto uniforme e pre-determinado de regras e princpios.

    Esta racionalidade cientfica, ao salientar o papel do sujeito cognos-cente e de sua interao com a multiplicidade contextual da prtica da cincia, abre espao para que se pense o racional em termos de forma-o de juzos individuais e desenvolvimento contnuo de estratgias de pesquisa. Esta possibilidade de apreenso da racionalidade feyeraben-diana pode ser compreendida levando-se em considerao, por exemplo, a proposta de Harold Brown4 para a racionalidade da cincia.

    Segundo Brown, necessrio adotar um modelo de racionalidade que, no lugar de considerar a concluso algortmica a partir de bases se-guras como fundamental e a ideia de sujeito racional como derivada, faa, da habilidade de julgar do sujeito, a base da racionalidade das crenas. Nestes termos, a racionalidade no consistiria somente em seguir regras, mas em ter a capacidade de decidir (de escolher) em que momento segui-las e como utilizar-se delas.

    O julgamento cientfico considerado por Brown uma habilidade comparvel sabedoria prtica aristotlica, na qual a pessoa racional pode exercer um bom julgamento em casos de dificuldade, particularmen-te nos casos em que no h um conjunto claro de regras que guiem as aes em contextos especficos (BROWN, 1990: p. 183).

    4 Vide BROWN, Harold. Rationality. London and New York: Routledge, 1990.

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    Apesar de esse julgamento ser uma habilidade de indivduos, ele possui um elemento social. Isto implica que as crenas racionais ficam submetidas apreciao, avaliao e criticismo da comunidade envolvi-da, assim como ocorre com qualquer afirmao cientfica (at mesmo as obtidas por algoritmo). Deste modo, Brown apresenta seu modelo alterna-tivo ao que ele denomina modelo tradicional5 de racionalidade, em trs passos:

    O primeiro passo considerar a noo de agente racional como fun-damental. [...] Como um segundo passo considerarei a habilidade em fazer julgamentos, naquelas situaes em que no h regras suficientes para determinar nossa deciso, como um trao caracte-rstico do agente racional. [...] O terceiro passo requerido pelo nosso novo modelo de racionalidade a introduo de um elemento social: para uma crena baseada no julgamento ser racional, ela deve se submeter comunidade daqueles que compartilham o conhecimento relevante para avaliao contra seus prprios julgamentos. (BROWN, 1990: pp. 185-187 - traduo da autora)

    luz de Brown, possvel afirmar que Feyerabend, ao apresentar a importncia da determinao do sujeito na escolha dos princpios nortea-dores de suas escolhas e aes, abre espao para que surja, na sua proposta epistemolgica, noes como liberdade, vontade e responsabili-dade, dentro de um contexto no qual a razo prtica e a prtica racional.

    neste sentido que as questes epistemolgicas presentes na an-lise do autor implicam questes ticas. A prtica cientfica pressupe sis-temas de valores que vo alm dos puramente cognitivos tanto na esco-lha de elementos da pesquisa (os valores ticos do prprio cientista) quanto nas consequncias e responsabilidades ticas do empreendimen-to cientfico no mbito de circunstncias sociais mais amplas.

    Na proposta de Feyerabend, h a valorizao do papel do indivduo no processo de aquisio de conhecimento, considerando as condies objetivas de operacionalizao de princpios. Em outras palavras, as es-colhas do sujeito cognoscente, dentro das condies contextuais espec-ficas, so importantes noes que pressupem a historicidade e a multi-plicidade como critrios de julgamento cientfico. Isto sugere uma reflexo a respeito de como o contnuo razo-prtica implica valores ticos de ao e nesta medida que surge a possibilidade de um paralelo com a abordagem tica de Alasdair MacIntyre (1929-).

    5 Modelo este cujas principais caractersticas so, segundo Brown, a universalidade, a ne-cessidade, a existncia de um conjunto de regras que garantem a soluo de um problema atravs de um nmero finito de passos (algoritmo).

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    A racionalidade tica segundo Aladair Macintyre

    MacIntyre, preocupado em devolver as bases racionais s teorias prticas e morais da atualidade, prope revisitar a tica das virtudes de Aristteles, sem desconsiderar as particularidades histricas das tradi-es nas quais os indivduos se encontram.

    A racionalidade prtica, na perspectiva de Alasdair MacIntyre, toma como base a tica aristotlica das virtudes assumida como uma tradio de pesquisa racional.

    A noo de tradio macIntyriana torna-se elemento essencial do entendimento racional no mbito prtico, ou seja, afirma a tese de que no existe racionalidade prtica fora das tradies, mas s internamente s mesmas; que no h um grau zero da racionalidade a partir do qual pensar e agir racionalmente passem a fazer sentido originariamente, mas sim que o espao da racionalidade tica o espao aberto das tradies (CARVALHO, 1999: p. 79).

    na tradio que emerge a racionalidade, no existindo racionalida-de prtica fora destas. As tradies, por sua vez, so histricas, contin-gentes e responsveis pela formao do carter do sujeito tico-moral. O sujeito tico-moral adquire sua maturidade atravs da reflexo sobre v-cios e virtudes, por meio de juzos construdos no interior de uma comuni-dade. Existe, assim, dentro da estrutura das tradies, uma concepo de pesquisa que responsvel pela elaborao de um modo de vida social e moral. essa concepo de pesquisa racional que MacIntyre acredita ser capaz de devolver a racionalidade aos conceitos e prticas morais contemporneos. A tradio , portanto, compreendida como:

    [...] uma argumentao desenvolvida ao longo do tempo, na qual cer-tos acordos fundamentais so definidos e redefinidos em termos de dois tipos de conflitos com crticos e inimigos externos tradio que rejeitam todos ou pelo menos partes essenciais dos acordos fun-damentais, e os debates internos, interpretativos, atravs dos quais o significado e a razo dos acordos fundamentais so expressos e por cujo progresso uma tradio constituda. (MACINTYRE, 2007: p. 23)

    O problema central que perpassa toda obra de MacIntyre a preocu-pao em reabilitar um paradigma de racionalidade tica que encarne a contingncia e natureza histrica das teorias e prticas morais em uma ordem social, portanto, que se estruture e se reconhea como uma tradi-o moral de pesquisa racional. Com isto, ele busca resgatar o valor epis-temolgico das tradies para a compreenso do ser humano.

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    Segundo ele, no h condies de existir uma reflexo moral e, con-sequentemente, uma fundamentao racional independente do contexto das tradies. Portanto, no h um universalismo tico nos padres ilumi-nistas, mas uma pluralidade de posies que em si mantm uma unidade conceitual. na defesa desta unidade que a tica aristotlica das virtudes desempenha seu papel na argumentao do filsofo.

    Para MacIntyre, somente o restabelecimento do paradigma da tradi-o das virtudes vai devolver a qualidade racional ao agir e ao pensar moral. Ele fundamenta sua abordagem numa viso teleolgica de ser hu-mano constitudo na narrativa histrica que situa as aes morais no qua-dro de um conjunto de princpios e padres racionais que resultam de debates externos e internos. Ele considera as virtudes como disposies que, alm de manterem prticas, alcanando os bens internos a estas prticas, conduzem para a busca do bem. Esta conceituao de virtudes complexa porque encerra em si partes constitudas em diferentes est-gios de desenvolvimento lgico. Estes estgios so: as prticas, a unida-de narrativa da vida humana e as tradies. Cada um dos estgios modificado e reinterpretado pelo que lhe posterior, ao mesmo tempo que parte essencial dele (deste estgio posterior).

    O primeiro dos estgios o que MacIntyre denomina de prtica. Cito:

    [prtica] qualquer forma complexa e coerente de atividade coopera-tiva humana, socialmente estabelecida, por meio da qual bens inter-nos so realizados na busca de alcanar aqueles padres de exce-lncia que so apropriados e parcialmente definidores dessa forma de atividade, resultando que os poderes humanos para alcanar a excelncia, e as concepes dos fins e bens envolvidos, so siste-maticamente ampliados. (MACINTYRE, 2007: p. 137)

    A prtica constitui o exerccio das virtudes na esfera individual, na qual dois tipos de bens podem ser alcanados. Os bens externos, contin-gentes s prticas por fora das circunstncias sociais, e os bens inter-nos. Estes ltimos podem ser alcanados exclusivamente no engajamen-to em alguma prtica particular, envolvendo padres de excelncia compreendidos historicamente. Eles so internos, pois s podem ser es-pecificados nos termos de uma prtica e por meio de exemplos dela. Eles s podem ser identificados e reconhecidos na experincia de participar dessa prtica.

    Neste momento, entende-se por virtude:

    (...) uma qualidade humana adquirida, cuja posse e exerccio costu-ma nos capacitar a alcanar aqueles bens internos s prticas e cuja

  • cadernos iHU ideias13

    ausncia nos impede, para todos os efeitos, de alcanar tais bens. (MACINTYRE, 2007: p. 321)

    De acordo com MacIntyre, algumas virtudes so necessrias como componentes de qualquer prtica, so elas: a justia, a coragem e a ho-nestidade. Segundo ele, estas virtudes servem como referncia na defini-o do convvio com as pessoas com quem se compartilham propsitos, visto que toda prtica leva a um tipo de relacionamento entre os que dela participam.

    Mas o escopo das virtudes na vida humana no se reduz prtica, na qual inicialmente as virtudes so definidas. MacIntyre afirma que se a definio do conceito de virtude for reduzida ao contexto da prtica, se chegar a uma situao em que as pretenses de uma prtica podem ser incompatveis com as de outras e a se instaure um contexto puramente emotivista, sem justificao racional.

    a que, da prtica, se avana para o segundo estgio de desenvol-vimento das virtudes o da unidade narrativa da vida humana. A unidade narrativa da vida humana exige que o exerccio de diversas virtudes tenha coerncia entre si. Cada vida humana, ao possuir uma unidade narrativa, pode ser justificada como tendo seu bem, e as virtudes podem ser com-preendidas como tendo a funo de habilitar cada indivduo a fazer de sua vida um tipo de unidade e no outro. Neste estgio das virtudes, o eu no se reduz a episdios fragmentados e isolados na ordem temporal. A unidade narrativa articula intenes, crenas e ambientao social do agente de forma histrica, tornando a ao deste agente inteligvel. Tais narrativas so histricas e no so, a rigor, isoladas, pois uma narrativa pode estar mergulhada em outra. Em outras palavras, cada indivduo personagem de uma variedade de narrativas ao mesmo tempo, vrias delas inseridas umas nas outras, pois os indivduos no so mais do que coautores de suas prprias narrativas.

    Eis que surge, aqui, uma segunda concepo de virtude agora com-preendida como:

    [...] disposies que, alm de nos sustentar e capacitar para alcanar os bens internos s prticas, tambm nos sustentam no devido tipo de busca pelo bem, capacitando-nos a superar os males, os riscos, as tentaes e as tenses com que nos deparamos, e que nos forne-cero um autoconhecimento cada vez maior, bem como um conhe-cimento do bem cada vez maior. (MACINTYRE, 2007: pp. 368-369)

    Em sntese, a unidade narrativa da vida humana, na forma de atos e palavras, tenta responder sistematicamente s questes acerca do que bom para cada indivduo e o que bom para o indivduo enquanto ser

  • 14Halina Macedo leal

    humano. Ela constitui o tecido histrico dos significados formados pelas respostas a essas duas questes.

    O terceiro estgio, que o da tradio, introduz a relao do indiv-duo com a sua comunidade. Ela o local no qual o agente tico-moral desenvolve seus raciocnios, o espao da racionalidade. A tradio uma narrativa dos debates que conduziram a sua formulao ao estgio atual; o local no qual todo raciocnio tem lugar, transcendendo por meio da crtica e da inveno as limitaes do que foi at ento pensado. A busca de um indivduo pelo seu bem est, de um modo geral, inserida no contexto definido das tradies das quais a vida do indivduo faz parte; assim tambm ocorre com os bens internos s prticas e os bens de uma vida particular. Segundo MacIntyre:

    [tradio] uma discusso historicamente estendida, socialmente en-carnada, e uma discusso precisamente em parte acerca dos bens que constituem essa tradio. Dentro de uma tradio, a busca dos bens estende-se atravs das geraes, algumas vezes por muitas geraes. Da que a busca individual pelo bem de cada um , de um modo geral e caracterstico, conduzida dentro de um contexto definido por essas tradies, das quais a vida dos indivduos uma parte, e isto verdade tanto desses bens que so internos s prti-cas quanto dos bens de uma vida nica. (MACINTYRE, 2007: p. 222)

    Em ltima anlise, a justificao racional , deste ponto de vista, essencialmente histrica e se realiza no interior de uma tradio particular como uma narrativa que d conta de como os primeiros princpios das teorias se constituram e chegaram ao seu estado atual. A pesquisa racio-nal resolve o problema de posies rivais em disputa no abolindo a di-versidade, mas considerando-a e transformando-a de modo a viabilizar uma soluo. No h um padro argumentativo universal, e o modo como cada tradio constri suas histrias que pode dar uma resposta tica aos conflitos dos seres humanos. Os debates ticos so formulados ao se enfrentar crises e questes que surgem no interior das prticas constituti-vas da tradio de pesquisa e ao ticas.

    O autor desenvolve a tica das virtudes dentro de um pensamento contemporneo, conciliando uma viso de dinamismo das tradies com concepes racionais incorporadas a estas mesmas tradies. A justifica-o tica encarna, assim, a contingncia e a historicidade, mantendo a racionalidade.

    Esta contingncia e esta historicidade no conduzem necessaria-mente a um relativismo, na medida em que mesmo que no haja alguma maneira definitiva de uma tradio tica-moral de vencer e afastar a pos-sibilidade de outra tradio, vises opostas podem dialogar umas com as

  • cadernos iHU ideias15

    outras por meios tais como a anlise de questes de coerncia interna e de reconstruo de dilemas que levam a crises epistemolgicas.

    Em ltima anlise, no embate entre tradies rivais, cada tradio ter sua prpria problemtica interna, suas incoerncias, seus problemas julgados segundo seus prprios pressupostos, definindo a soluo satis-fatria a partir de padres explicitados na narrativa histrica que a consti-tui. Portanto, o que capacita a fazer uma avaliao e uma escolha racional e objetiva entre teorias competidoras morais a aplicao de padres histricos e no padres absolutos. a perspectiva histrica que fornece as bases racionais para a escolha entre tradies.

    Consideraes finais

    Paul Feyerabend, com Contra o Mtodo (1975), sua principal obra no campo epistemolgico, e Alasdair MacIntyre, com After Virtue (1981), sua principal obra no campo da tica, embora histrica e teoricamente distantes em suas abordagens, fornecem elementos que permitem uma aproximao de pontos especficos de suas propostas acerca da racionalidade.

    Isto possvel, na medida em que consideramos Paul Feyerabend no unicamente como aquele que desconstri ou critica negativamente a perspectiva racionalista, mas como quem direciona sua crtica ao raciona-lismo cientfico universalista. O autor, com seu estilo polmico e vibrante, prope que se encare a cincia dentro da multiplicidade de sua prtica real. Ele recusa a ideia tradicional de cincia submetida a padres fixos e impessoais de orientao de pesquisas e que permitem a demarcao do conhecimento cientfico. Feyerabend recusa a pretenso de se isolar a cincia como a nica e legtima maneira de os seres humanos compreen-derem o mundo que os rodeia.

    A postura feyerabendiana sugere o abandono de critrios de demar-cao entre filosofia, cincia e outros tipos de sistemas, estimulando a reflexo acerca de como se estabelecem as interaes entre o sujeito cognoscente e o ambiente do qual faz parte, alm das interaes entre pensamento cientfico e outras formas de pensamento. Desse modo, a proposta do autor pode ser compreendida como uma contribuio para uma filosofia da cultura, na qual elementos tico-morais desempenham papel relevante. Ele procura salientar a utilizao da cincia, no seu intui-to universalizante, como instrumento de poder e dominao cultural, tanto no interior das tradies como nas relaes mais amplas entre as tradies. Nesse contexto, o autor sugere que a cincia interaja com ou-tras formas de apreenso da natureza e passe a ser encarada como um

  • 16Halina Macedo leal

    espao de dilogo entre culturas e civilizaes. E isto s possvel pela conscincia do cientista de que muitas de suas escolhas cognitivas so resultado de processos contextuais interativos e de valores expressos que envolvem consideraes tico-morais o que bom ou ruim em de-terminadas situaes de pesquisa e as consequncias tico-morais de seus resultados.

    Alasdair MacIntyre, por sua vez, no deve ser visto simplesmente como um conservador defensor da tradio. Embora ele defenda um re-torno tradio da tica aristotlica das virtudes, o faz num contexto contemporneo em que a considerao da origem histrica dos princpios e valores tico-morais desempenha papel relevante.

    MacIntyre, em sua abordagem, parte de um minucioso exame da histria da filosofia moral. Ele busca identificar os problemas das refle-xes e prticas ticas contemporneas e culmina com uma proposta de soluo ao que denomina de emotivismo tico contemporneo que, se-gundo ele, o gerador da desordem e dos desacordos ticos atuais. Para MacIntyre, necessrio um resgate da racionalidade s teorias e aos julgamentos ticos e isto s possvel identificando-se o enraizamento histrico de abordagens e prticas ticas. Assim, influenciado pela Filoso-fia da Histria de Hegel e Collingwood e afastando-se das abordagens analtica e fenomenolgica, ele lana um olhar histrico-filosfico para o debate tico.A partir desse olhar, MacIntyre se coloca, por um lado, o compromisso de identificar e descrever os pressupostos ticos do passado, avaliando os argumentos acerca da objetividade e da autoridade. Por outro lado, ele se coloca o compromisso de construir um bom argumento acerca da tica da modernidade, na medida em que, segundo ele, pela adoo no consciente de padres da tica iluminista que se instaura a situao favorvel ao emotivismo contemporneo.

    Os principais problemas da tica iluminista identificados por MacIn-tyre so a retirada do carter teleolgico dos juzos morais e a insero da noo de autonomia individual fundamentada numa viso a-histrica de princpios e normas ticos.

    Segundo o pensador, a tica teleolgica apresenta o contraste fun-damental entre a natureza humana tal como existe (homem no instrudo) e a natureza humana tal-como-seria-se-realizasse-seu-telos (se realizas-se sua natureza essencial).

    Neste esquema, a prpria tica (enquanto atividade reflexiva) capa-citaria os seres humanos a passarem do estado no instrudo para o es-tado que realiza sua essncia racional, o seu telos. Os preceitos morais forneceriam o caminho certo para sair da potencialidade ao ato, permitin-

  • cadernos iHU ideias17

    do aos seres humanos entenderem sua verdadeira natureza e realizarem seu fim, alcanando o bem reconhecido dentro e entre as tradies.

    Assim, ambos partem da anlise minuciosa e crtica dos contextos vigentes e, no se resumindo crtica negativa, apresentam argumentos que sugerem alternativas ao que pode ser considerado racional, quer no nvel epistemolgico, quer no nvel tico. Um racional cujas principais ca-ractersticas residem na contextualidade, historicidade, multiplicidade e em seu carter interativo.

    Nesse sentido, tanto Feyerabend, no mbito epistemolgico que pressupe valores ticos, quanto MacIntyre, no mbito tico que pressu-pe tradies de pesquisa racional, orientam suas propostas racionais alicerados na historicidade e multiplicidade contextuais.

    Finalizo este artigo no com respostas fechadas, mas partindo do que Feyerabend e MacIntyre nos instigam a pensar. Por um lado, com uma indicao da necessidade de se olhar para os procedimentos cient-ficos sob uma nova tica para alm da simplesmente cognitiva ou, de uma forma um pouco mais aprofundada, analisar o que constitui este cognitivo e como ele se constri. Enquanto indivduos submetidos a nor-mas prticas de ao, os cientistas, assim como quaisquer seres huma-nos, so orientados por normas tico-morais. Defender uma impessoali-dade na cincia ou pressupor um criticismo cientfico que no considere a conscincia do cientista no que se refere a por que determinados proce-dimentos so corretos (ou no), no sentido de correo tico-moral, afirmar uma cincia que desconsidera o cientista, e mais, afirmar a exis-tncia de um cientista sem crtica. Pois a cincia, assim como qualquer outra atividade humana, situada, influenciada por valores histrico-contextuais e tico-morais. A racionalidade se constri dialeticamente, portanto, no h uma separao clara entre o que fornecido pela dita racionalidade terica do que fornecido pela racionalidade prtica. O ser humano no fragmentado, nem seu pensamento de sua ao. Por-tanto, as questes tico-morais devem fazer parte das questes episte-molgicas, no de forma pontual, mas como aquilo que constitui o pensa-mento cientfico. Por outro lado, quando pensamos em valores ticos, estes, como o prprio MacIntyre sugere, no esto desprovidos de inves-tigao e reflexo terica. Nossos valores tico-morais tm uma origem e no conhecimento dos princpios que regem nossas condutas (e de seu surgimento scio-histrico) que conseguimos identificar o bem de nos-sas aes.

  • 18Halina Macedo leal

    Referncias bibliogrficas

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    ROBINSON, Dave & GARRATT, Chris. Entendendo tica: Um Guia Ilustrado. So Paulo: LeYa, 2013.

  • Publicaes do Instituto Humanitas Unisinos

    N 47 Alimento e nutri-o: no contexto dos obje-tivos de desenvolvimento do milnio

    Cadernos IHU em formao uma publicao do Instituto Humanitas Unisinos IHU que rene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema, j divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias. Desse modo, queremos facili-tar a discusso na academia e fora dela, sobre temas considerados de fronteira, relacionados com a tica, o trabalho, a teologia pblica, a filosofia, a poltica, a economia, a literatura, os movimentos sociais etc., que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos IHU.

    A publicao dos Cadernos Teologia Pblica, sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos IHU, quer ser uma contribuio para a relevncia pblica da teologia na universidade e na sociedade. A Teologia Pblica busca articular a reflexo teolgica em dilogo com as cincias, as culturas e as religies, de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar. Procura-se, assim, a participao ativa nos debates que se desdobram na esfera pblica da sociedade. Os desafios da vida social, poltica, econmica e cultural da sociedade hoje, especialmente a excluso socioeconmica de imensas camadas da populao, constituem o horizonte da teologia pblica. Os Cadernos Teologia Pblica se inscrevem nesta perspectiva.

    N 91 Religies brasileiras no exterior e misso reversa Vol. 1

  • N 50 Ilustrao e me-tatica em Dogville de Lars von Trier Pedro Marques Harres

    Os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-res/pesquisadores e por alunos dos cursos de Ps-Graduao, bem como trabalhos de concluso de acadmicos dos cursos de Graduao. Os artigos publicados abordam os temas tica, tra-balho e teologia pblica, que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos IHU.

    N 218 O Ser Humano na Idade da Tcnica Umberto Galimberti

    Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes reas do conhecimento, um dado a ser destacado nesta publicao, alm de seu carter cientfico e de agradvel leitura.

  • CADERNOS IHU IDEIAS

    N. 01 A teoria da justia de John Rawls Jos NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ-

    es tericas Edla Eggert O Servio Social junto ao Frum de Mulheres em So

    Leopoldo Clair Ribeiro Ziebell e Acadmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

    N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo Sonia Montao

    N. 04 Ernani M. Fiori Uma Filosofia da Educao Popular Luiz Gilberto Kronbauer

    N. 05 O rudo de guerra e o silncio de Deus Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construo do No-

    vo Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identirios na TV Suza-

    na KilppN. 08 Simes Lopes Neto e a Inveno do Gacho Mrcia

    Lopes DuarteN. 09 Oligoplios miditicos: a televiso contempornea e as

    barreiras entrada Valrio Cruz BrittosN. 10 Futebol, mdia e sociedade no Brasil: reflexes a partir

    de um jogo dison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

    Auschwitz Mrcia TiburiN. 12 A domesticao do extico Paula CaleffiN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roa: um jeito de

    fazer Igreja, Teologia e Educao Popular Edla EggertN. 14 Jlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prtica polti-

    ca no RS Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denncia Stela

    Nazareth MeneghelN. 16 Mudanas de significado da tatuagem contempornea

    Dbora Krischke LeitoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: fico, histria

    e trivialidade Mrio MaestriN. 18 Um itinenrio do pensamento de Edgar Morin Maria da

    Conceio de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro Helga Irace-

    ma Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre tcnica e humanismo Oswaldo Giacia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a interveno socie-

    tria Lucilda SelliN. 22 Fsica Quntica: da sua pr-histria discusso sobre o

    seu contedo essencial Paulo Henrique DionsioN. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a pers-

    pectiva de sua crtica a um solipsismo prtico Valrio Rohden

    N. 24 Imagens da excluso no cinema nacional Miriam Rossini

    N. 25 A esttica discursiva da tev e a (des)configurao da informao Nsia Martins do Rosrio

    N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS Rosa Maria Serra Bavaresco

    N. 27 O modo de objetivao jornalstica Beatriz Alcaraz Marocco

    N. 28 A cidade afetada pela cultura digital Paulo Edison Belo Reyes

    N. 29 Prevalncia de violncia de gnero perpetrada por com-panheiro: Estudo em um servio de ateno primria sade Porto Alegre, RS Jos Fernando Dresch Kronbauer

    N. 30 Getlio, romance ou biografia? Juremir Machado da Silva

    N. 31 A crise e o xodo da sociedade salarial Andr Gorz

    N. 32 meia luz: a emergncia de uma Teologia Gay Seus dilemas e possibilidades Andr Sidnei Musskopf

    N. 33 O vampirismo no mundo contemporneo: algumas con-sideraes Marcelo Pizarro Noronha

    N. 34 O mundo do trabalho em mutao: As reconfiguraes e seus impactos Marco Aurlio Santana

    N. 35 Adam Smith: filsofo e economista Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Arajo dos Santos

    N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro: uma anlise antropo-lgica Airton Luiz Jungblut

    N. 37 As concepes terico-analticas e as proposies de poltica econmica de Keynes Fernando Ferrari Filho

    N. 38 Rosa Egipcaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial Luiz Mott

    N. 39 Malthus e Ricardo: duas vises de economia poltica e de capitalismo Gentil Corazza

    N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina Adriana BragaN. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliao

    aps um sculo de A Teoria da Classe Ociosa Leonardo Monteiro Monasterio

    N. 43 Futebol, Mdia e Sociabilidade. Uma experincia etno-grfica dison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leist-ner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

    N. 44 Genealogia da religio. Ensaio de leitura sistmica de Marcel Gauchet. Aplicao situao atual do mundo Grard Donnadieu

    N. 45 A realidade quntica como base da viso de Teilhard de Chardin e uma nova concepo da evoluo biolgica Lothar Schfer

    N. 46 Esta terra tem dono. Disputas de representao sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sep Tiaraju Ceres Karam Brum

    N. 47 O desenvolvimento econmico na viso de Joseph Schumpeter Achyles Barcelos da Costa

    N. 48 Religio e elo social. O caso do cristianismo Grard Donnadieu

    N. 49 Coprnico e Kepler: como a terra saiu do centro do uni-verso Geraldo Monteiro Sigaud

    N. 50 Modernidade e ps-modernidade luzes e sombras Evilzio Teixeira

    N. 51 Violncias: O olhar da sade coletiva lida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

    N. 52 tica e emoes morais Thomas Kesselring Juzos ou emoes: de quem a primazia na moral?

    Adriano Naves de BritoN. 53 Computao Quntica. Desafios para o Sculo XXI

    Fernando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento

    na Europa e no Brasil An VranckxN. 55 Terra habitvel: o grande desafio para a humanidade

    Gilberto DupasN. 56 O decrescimento como condio de uma sociedade

    convivial Serge LatoucheN. 57 A natureza da natureza: auto-organizao e caos

    Gnter KppersN. 58 Sociedade sustentvel e desenvolvimento sustentvel:

    limites e possibilidades Hazel HendersonN. 59 Globalizao mas como? Karen GloyN. 60 A emergncia da nova subjetividade operria: a sociabi-

    lidade invertida Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetria de Fico de Erico

    Verssimo Regina Zilberman

  • N. 62 Trs episdios de descoberta cientfica: da caricatura empirista a uma outra histria Fernando Lang da Sil-veira e Luiz O. Q. Peduzzi

    N. 63 Negaes e Silenciamentos no discurso acerca da Ju-ventude Ctia Andressa da Silva

    N. 64 Getlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado No-vo Artur Cesar Isaia

    N. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-nista tropical La Freitas Perez

    N. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexes sobre a cura e a no cura nas redues jesutico-guaranis (1609-1675) Eliane Cristina Deckmann Fleck

    N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pe-reira dos Santos na obra de Guimares Rosa Joo Guilherme Barone

    N. 68 Contingncia nas cincias fsicas Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton Ney LemkeN. 70 Fsica Moderna e o paradoxo de Zenon Fernando

    HaasN. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joa-

    quim Pedro de Andrade Miriam de Souza RossiniN. 72 Da religio e de juventude: modulaes e articulaes

    La Freitas PerezN. 73 Tradio e ruptura na obra de Guimares Rosa Eduar-

    do F. CoutinhoN. 74 Raa, nao e classe na historiografia de Moyss Vellinho

    Mrio MaestriN. 75 A Geologia Arqueolgica na Unisinos Carlos Henrique

    NowatzkiN. 76 Campesinato negro no perodo ps-abolio: repensan-

    do Coronelismo, enxada e voto Ana Maria Lugo RiosN. 77 Progresso: como mito ou ideologia Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulao Violncia da

    Moeda Octavio A. C. ConceioN. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul

    Moacyr FloresN. 80 Do pr-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e

    seu territrio Arno Alvarez KernN. 81 Entre Canes e versos: alguns caminhos para a leitura

    e a produo de poemas na sala de aula Glucia de Souza

    N. 82 Trabalhadores e poltica nos anos 1950: a ideia de sindicalismo populista em questo Marco Aurlio Santana

    N. 83 Dimenses normativas da Biotica Alfredo Culleton e Vicente de Paulo Barretto

    N. 84 A Cincia como instrumento de leitura para explicar as transformaes da natureza Attico Chassot

    N. 85 Demanda por empresas responsveis e tica Concor-rencial: desafios e uma proposta para a gesto da ao organizada do varejo Patrcia Almeida Ashley

    N. 86 Autonomia na ps-modernidade: um delrio? Mario Fleig

    N. 87 Gauchismo, tradio e Tradicionalismo Maria Eunice Maciel

    N. 88 A tica e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz Marcelo Perine

    N. 89 Limites, possibilidades e contradies da formao hu-mana na Universidade Laurcio Neumann

    N. 90 Os ndios e a Histria Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida Maria Cristina Bohn Martins

    N. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo Franklin Leopoldo e Silva

    N. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comuni-dade de catadores: um estudo na perspectiva da Etno-matemtica Daiane Martins Bocasanta

    N. 93 A religio na sociedade dos indivduos: transformaes no campo religioso brasileiro Carlos Alberto Steil

    N. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os prximos anos Cesar Sanson

    N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecno-cincia Peter A. Schulz

    N. 96 Vianna Moog como intrprete do Brasil Enildo de Mou-ra Carvalho

    N. 97 A paixo de Jacobina: uma leitura cinematogrfica Ma-rins Andrea Kunz

    N. 98 Resilincia: um novo paradigma que desafia as religies Susana Mara Rocca Larrosa

    N. 99 Sociabilidades contemporneas: os jovens na lan house Vanessa Andrade Pereira

    N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant Valerio RohdenN. 101 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria

    Monetria: parte 1 Roberto Camps MoraesN. 102 Uma leitura das inovaes bio(nano)tecnolgicas a par-

    tir da sociologia da cincia Adriano PremebidaN. 103 ECODI A criao de espaos de convivncia digital

    virtual no contexto dos processos de ensino e aprendi-zagem em metaverso Eliane Schlemmer

    N. 104 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria Monetria: parte 2 Roberto Camps Moraes

    N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnogrfico sobre o ncleo de mulheres gremistas Marcelo Pizarro Noronha

    N. 106 Justificao e prescrio produzidas pelas Cincias Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educa-cionais contemporneos Paula Corra Henning

    N. 107 Da civilizao do segredo civilizao da exibio: a famlia na vitrine Maria Isabel Barros Bellini

    N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidrio, terno e democrtico? Telmo Adams

    N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular Celso Candido de Azambuja

    N. 110 Formao e trabalho em narrativas Leandro R. Pinheiro

    N. 111 Autonomia e submisso: o sentido histrico da adminis-trao Yeda Crusius no Rio Grande do Sul Mrio Maestri

    N. 112 A comunicao paulina e as prticas publicitrias: So Paulo e o contexto da publicidade e propaganda Denis Gerson Simes

    N. 113 Isto no uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra Esp. Yentl Delanhesi

    N. 114 SBT: jogo, televiso e imaginrio de azar brasileiro So-nia Montao

    N. 115 Educao cooperativa solidria: perspectivas e limites Carlos Daniel Baioto

    N. 116 Humanizar o humano Roberto Carlos FveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a cincia, religio

    Rber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes Marcelo

    DascalN. 119 A espiritualidade como fator de proteo na adolescn-

    cia Luciana F. Marques e Dbora D. DellAglioN. 120 A dimenso coletiva da liderana Patrcia Martins Fa-

    gundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos ticos e teolgicos

    Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito diferenciao Jos

    Rogrio LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de

    marcos regulatrios Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violncia Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino Solange Binotto FaganN. 126 Cmara Cascudo: um historiador catlico Bruna Rafaela

    de LimaN. 127 O que o cncer faz com as pessoas? Reflexos na litera-

    tura universal: Leo Tolstoi Thomas Mann Alexander Soljentsin Philip Roth Karl-Josef Kuschel

    N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental identidade gentica Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Rodrigues Petterle

    N. 129 Aplicaes de caos e complexidade em cincias da vida Ivan Amaral Guerrini

    N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentvel Paulo Roberto Martins

  • N. 131 A phila como critrio de inteligibilidade da mediao comunitria Rosa Maria Zaia Borges Abro

    N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho Mar-lene Teixeira e derson de Oliveira Cabral

    N. 133 A busca pela segurana jurdica na jurisdio e no processo sob a tica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann Leonardo Grison

    N. 134 Motores Biomoleculares Ney Lemke e Luciano Hennemann

    N. 135 As redes e a construo de espaos sociais na digitali-zao Ana Maria Oliveira Rosa

    N. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriaes tericas para o estudo das religies afro-brasileiras Rodrigo Marques Leistner

    N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psquico: sobre como as pessoas reconstroem suas vidas Breno Augusto Souto Maior Fontes

    N. 138 As sociedades indgenas e a economia do dom: O caso dos guaranis Maria Cristina Bohn Martins

    N. 139 Nanotecnologia e a criao de novos espaos e novas identidades Marise Borba da Silva

    N. 140 Plato e os Guarani Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mdia brasileira Diego Airoso da

    MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriaes e Aprendizagens de

    Crianas na Recepo da Revista Recreio Greyce Vargas

    N. 143 Derrida e o pensamento da desconstruo: o redimen-sionamento do sujeito Paulo Cesar Duque-Estrada

    N. 144 Incluso e Biopoltica Maura Corcini Lopes, Kamila Lockmann, Morgana Domnica Hattge e Viviane Klaus

    N. 145 Os povos indgenas e a poltica de sade mental no Bra-sil: composio simtrica de saberes para a construo do presente Bianca Sordi Stock

    N. 146 Reflexes estruturais sobre o mecanismo de REDD Ca-mila Moreno

    N. 147 O animal como prximo: por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais Caetano Sordi

    N. 148 Avaliao econmica de impactos ambientais: o caso do aterro sanitrio em Canoas-RS Fernanda Schutz

    N. 149 Cidadania, autonomia e renda bsica Josu Pereira da Silva

    N. 150 Imagtica e formaes religiosas contemporneas: en-tre a performance e a tica Jos Rogrio Lopes

    N. 151 As reformas poltico-econmicas pombalinas para a Amaznia: e a expulso dos jesutas do Gro-Par e Maranho Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

    N. 152 Entre a Revoluo Mexicana e o Movimento de Chia-pas: a tese da hegemonia burguesa no Mxico ou por que voltar ao Mxico 100 anos depois Claudia Wasserman

    N. 153 Globalizao e o pensamento econmico franciscano: Orientao do pensamento econmico franciscano e Caritas in Veritate Stefano Zamagni

    N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experincia de inclu-so digital indgena na aldeia kaiow e guarani Teikue no municpio de Caarap-MS Neimar Machado de Sousa, Antonio Brand e Jos Francisco Sarmento

    N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro aps a crise eco-nmica Stefano Zamagni

    N. 156 Intermitncias no cotidiano: a clnica como resistncia inventiva Mrio Francis Petry Londero e Simone Mai-nieri Paulon

    N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento Stefano Zamagni

    N. 158 Passemos para a outra margem: da homofobia ao respeito diversidade Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

    N. 159 A tica catlica e o esprito do capitalismo Stefano Zamagni

    N. 160 O Slow Food e novos princpios para o mercado Eri-berto Nascente Silveira

    N. 161 O pensamento tico de Henri Bergson: sobre As duas fontes da moral e da religio Andr Brayner de Farias

    N. 162 O modus operandi das polticas econmicas keynesia-nas Fernando Ferrari Filho e Fbio Henrique Bittes Terra

    N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediaes e legitima-es culturais de mestres populares paulistas Andr Luiz da Silva

    N. 164 Ser o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? Serge Latouche

    N. 165 Agostos! A Crise da Legalidade: vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre Carla Simone Rodeghero

    N. 166 Convivialidade e decrescimento Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantao extensiva de eucalipto nas

    culturas tradicionais: Estudo de caso de So Luis do Paraitinga Marcelo Henrique Santos Toledo

    N. 168 O decrescimento e o sagrado Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetrio Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionaliza-

    o do ser: um convite ao abolicionismo Marco Anto-nio de Abreu Scapini

    N. 171 Sub specie aeternitatis O uso do conceito de tempo como estratgia pedaggica de religao dos saberes Gerson Egas Severo

    N. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tec-nologias digitais Bruno Pucci

    N. 173 Tcnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influncia do poder pastoral Joo Roberto Barros II

    N. 174 Da mnada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas Marcelo Fabri

    N. 175 Um caminho de educao para a paz segundo Hobbes Lucas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

    N. 176 Da magnitude e ambivalncia necessria humani-zao da tecnocincia segundo Hans Jonas Jelson Roberto de Oliveira

    N. 177 Um caminho de educao para a paz segundo Locke Odair Camati e Paulo Csar Nodari

    N. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es como la serpiente; solo pica a los descalzos Lenio Luiz Streck

    N. 179 Um caminho de educao para a paz segundo Rousseau Mateus Boldori e Paulo Csar Nodari

    N. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil: entre o reconhecimento e a concretizao Afonso Ma-ria das Chagas

    N. 181 Aptridas e refugiados: direitos humanos a partir da ti-ca da alteridade Gustavo Oliveira de Lima Pereira

    N. 182 Censo 2010 e religies:reflexes a partir do novo mapa religioso brasileiro Jos Rogrio Lopes

    N. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil Stefano Zamagni

    N. 184 Para um discurso jurdico-penal libertrio: a pena como dispositivo poltico (ou o direito penal como discurso-li-mite) Augusto Jobim do Amaral

    N. 185 A identidade e a misso de uma universidade catlica na atualidade Stefano Zamagni

    N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento solidrio aos refugiados Joseane Marile Schuck Pinto

    N. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino, pesquisa e extenso na educao superior brasileira e sua contribuio para um projeto de sociedade susten-tvel no Brasil Marcelo F. de Aquino

    N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razo no cam-po da preveno Luis David Castiel

    N. 189 Produes tecnolgicas e biomdicas e seus efeitos produtivos e prescritivos nas prticas sociais e de gne-ro Marlene Tamanini

    N. 190 Cincia e justia: Consideraes em torno da apropria-o da tecnologia de DNA pelo direito Claudia Fonseca

    N. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras Bruno Lima Rocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves, Giuseppe Cocco, Luiz Werneck Vianna e Rud Ricci

  • N. 192 A cincia em ao de Bruno Latour Leticia de Luna Freire

    N. 193 Laboratrios e Extraes: quando um problema tcnico se torna uma 0questo sociotcnica Rodrigo Ciconet Dornelles

    N. 194 A pessoa na era da biopoltica: autonomia, corpo e sub-jetividade Heloisa Helena Barboza

    N. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histrica Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

    N. 196 A colaborao de Jesutas, Leigos e Leigas nas Univer-sidades confiadas Companhia de Jesus: o dilogo en-tre humanismo evanglico e humanismo tecnocientfico Adolfo Nicols

    N. 197 Brasil: verso e reverso constitucional Fbio Konder Comparato

    N. 198 Sem-religio no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-chuva Jorge Claudio Ribeiro

    N. 199 Uma ideia de educao segundo Kant: uma possvel contribuio para o sculo XXI Felipe Bragagnolo e Paulo Csar Nodari

    N. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana: a experincia da ocupao Razes da Praia Natalia Martinuzzi Castilho

    N. 201 Desafios ticos, filosficos e polticos da biologia sintti-ca Jordi Maiso

    N. 202 Fim da Poltica, do Estado e da cidadania? Roberto Romano

    N. 203 Constituio Federal e Direitos Sociais: avanos e recuos da cidadania Maria da Glria Gohn

    N. 204 As origens histricas do racionalismo, segundo Feyera-bend Miguel ngelo Flach

    N. 205 Compreenso histrica do regime empresarial-militar brasileiro Fbio Konder Comparato

    N. 206 Sociedade tecnolgica e a defesa do sujeito: Techno-logical society and the defense of the individual Karla Saraiva

    N. 207 Territrios da Paz: Territrios Produtivos? Giuseppe Cocco

    N. 208 Justia de Transio como Reconhecimento: limites e possibilidades do processo brasileiro Roberta Cami-neiro Baggio

    N. 209 As possibilidades da Revoluo em Ellul Jorge Barrientos-Parra

    N. 210 A grande poltica em Nietzsche e a poltica que vem em Agamben Mrcia Rosane Junges

    N. 211 Foucault e a Universidade: Entre o governo dos outros e o governo de si mesmo Sandra Caponi

    N. 212 Verdade e Histria: arqueologia de uma relao Jos DAssuno Barros

    N. 213 A Relevante Herana Social do Pe. Amstad SJ Jos Odelso Schneider

    N. 214 Sobre o dispositivo. Foucault, Agamben, Deleuze San-dro Chignola

    N. 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-o Alejandro Rosillo Martnez

    N. 216 A realidade complexa da tecnologia Alberto CupaniN. 217 A Arte da Cincia e a Cincia da Arte: Uma abordagem

    a partir de Paul Feyerabend Hans Georg FlickingerN. 218 O ser humano na idade da tcnica Humberto Galimberti

  • Halina Macedo Leal bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998), mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001) e doutora em Filo-sofia pela Universidade de So Paulo (2005). Como parte de sua pesquisa de doutorado intitulada A Desunificao Metodolgica da Cincia e o Relativismo Epistemolgico, desenvolveu estgio na Universidade de Stanford, Califrnia, no perodo de julho a ou-tubro de 2004, sob a superviso de Timothy Lenoir. Atualmente desenvolve pesquisa de ps-doutorado na Universidade do Oeste do Paran, desenvolvendo a pesquisa intitulada: A racionalidade

    cientfica contextualizada segundo Paul Feyerabend e suas possveis implicaes ti-cas: um paralelo com Alasdair MacIntyre, na qual analisa as possveis conexes entre a racionalidade epistemolgica feyerabendiana e a racionalidade tica macintyriana. Pos-sui experincia na rea de Filosofia, com nfase em Teoria do Conhecimento, Filosofia da Cincia e tica, atuando principalmente nos temas relacionados construo da rea-lidade, racionalidade e mtodo cientficos, relaes entre histria, cincia e tecnologia e implicaes ticas de posturas epistemolgicas no universalistas.

    Algumas obras da autora

    LEAL, H. M. Paul Feyerabend e as Possibilidades Racionais da Cincia. 1. ed. Curitiba: Editora CRV, 2011. v. 1000. 107p.

    LEAL, H. M. Racionalidade Cientfica Contextual: uma proposta. Filosofia Unisinos, v. 8, p. 191-201, 2007.

    LEAL, H. M. Paul Feyerabend e a racionalidade cientfica. In: LORENZANO, Pablo; MO-LINA, Fernando Tula. (Org.). Filosofia e Historia de la Ciencia en el Cono Sur. Quilmes: Universidad Nacional de Quilmes, 2002, p. 85-93.

    LEAL, H. M.; Regner, Anna Carolina K. P. A racionalidade na explicao darwiniana da Origem das Espcies. Principia (UFSC), Florianpolis, v. 3, n.2, p. 213-256, 1999.

    LEAL, H. M.; Regner, Anna Carolina K. P. Racionalidade: Uma discusso lateral com Timothy Lenoir. Episteme (Porto Alegre), Porto Alegre, v. 2, n.4, p. 127-134, 1997.

    Outras contribuies

    LEAL, Halina. FLACH, Miguel. O paradoxo tecnocientfico Avanos tecnolgi-cos e estagnao tica [20/10/2014]. Revista IHU On-Line, n 456. So Leopol-do: Instituto Humanitas Unisinos IHU. Entrevista concedida Mrcia Junges e Ricardo Machado.

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