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1 A REALIDADE SOCIAL DOS TRABALHADORES DO CORTE DE CANA E O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Mirlaine Morais Da Silva RESUMO O presente trabalho tem o intuito de propor uma análise do trabalho rural, principalmente aquele que se origina da cultura canavieira, e de como o profissional do Serviço Social pode interagir proporcionando novas perspectivas de atuação profissional nesse setor da agroindústria. Este campo requer uma visão da totalidade para que se possa ter um posicionamento crítico acerca das formas administrativas de controle do capital e de exploração de força de trabalho migrante e barata para movimentar a economia rural local. Promove-se, assim, a mediação, propondo articulações entre políticas e lutas sociais que estrategicamente darão legitimidade na forma de reivindicação e de gestão sobre o assunto. Para o trabalho profissional do Serviço Social e para o Assistente Social torna-se relevante este trabalho no sentido da disponibilização de um novo material de pesquisa, já que, como este é um campo pouco explorado, o presente estudo pode contribuir para a formação acadêmica e profissional do Assistente Social, possibilitando uma maior compreensão e conhecimento específico da realidade social e das contradições estruturais geradas pelo capitalismo no campo. Esse trabalho caracteriza-se pela natureza exploratória, utilizando-se a Revisão de Literatura como procedimento de coleta de dados. As reflexões em torno das contradições entre capital e trabalho, exploração, mais valia e lucro oportuniza o crescimento de estratégias para o combate e enfrentamento das desigualdades sociais e da condição de opressão do trabalhador rural em relação ao agronegócio, auxiliando a classe trabalhadora e seus movimentos sociais com informações necessárias para a luta contra as injustiças sociais e pela ampliação da sua cidadania e dignidade por meio de políticas públicas. O reconhecimento dos direitos dos trabalhadores rurais se situa em um espaço de colisão de interesses opostos, causados pelo conflito capital e trabalho. Envolvem lutas por redistribuição de terras e o duelo por poder dos grandes latifundiários contra os pequenos produtores que se tornaram assalariados. As reivindicações dos trabalhadores buscam estratégias de enfrentamento das diversas expressões da questão social que marcam a vida no campo e a luta pela reconquista da terra perdida, desde o início da colonização do Brasil. Nesse contexto, o Serviço Social se insere como profissão extremamente necessária, voltada à defesa e medição destes interesses e dos direitos humanos e a consolidação das leis trabalhistas. Este trabalho propôs uma discussão sobre o trabalho rural e o capital, já que há uma nova configuração para as várias formas de exploração, exclusão social e novas

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A REALIDADE SOCIAL DOS TRABALHADORES DO CORTE DE CANA E O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

Mirlaine Morais Da Silva

RESUMO

O presente trabalho tem o intuito de propor uma análise do trabalho rural, principalmente aquele que se origina da cultura canavieira, e de como o profissional do Serviço Social pode interagir proporcionando novas perspectivas de atuação profissional nesse setor da agroindústria. Este campo requer uma visão da totalidade para que se possa ter um posicionamento crítico acerca das formas administrativas de controle do capital e de exploração de força de trabalho migrante e barata para movimentar a economia rural local. Promove-se, assim, a mediação, propondo articulações entre políticas e lutas sociais que estrategicamente darão legitimidade na forma de reivindicação e de gestão sobre o assunto. Para o trabalho profissional do Serviço Social e para o Assistente Social torna-se relevante este trabalho no sentido da disponibilização de um novo material de pesquisa, já que, como este é um campo pouco explorado, o presente estudo pode contribuir para a formação acadêmica e profissional do Assistente Social, possibilitando uma maior compreensão e conhecimento específico da realidade social e das contradições estruturais geradas pelo capitalismo no campo. Esse trabalho caracteriza-se pela natureza exploratória, utilizando-se a Revisão de Literatura como procedimento de coleta de dados. As reflexões em torno das contradições entre capital e trabalho, exploração, mais valia e lucro oportuniza o crescimento de estratégias para o combate e enfrentamento das desigualdades sociais e da condição de opressão do trabalhador rural em relação ao agronegócio, auxiliando a classe trabalhadora e seus movimentos sociais com informações necessárias para a luta contra as injustiças sociais e pela ampliação da sua cidadania e dignidade por meio de políticas públicas. O reconhecimento dos direitos dos trabalhadores rurais se situa em um espaço de colisão de interesses opostos, causados pelo conflito capital e trabalho. Envolvem lutas por redistribuição de terras e o duelo por poder dos grandes latifundiários contra os pequenos produtores que se tornaram assalariados. As reivindicações dos trabalhadores buscam estratégias de enfrentamento das diversas expressões da questão social que marcam a vida no campo e a luta pela reconquista da terra perdida, desde o início da colonização do Brasil. Nesse contexto, o Serviço Social se insere como profissão extremamente necessária, voltada à defesa e medição destes interesses e dos direitos humanos e a consolidação das leis trabalhistas. Este trabalho propôs uma discussão sobre o trabalho rural e o capital, já que há uma nova configuração para as várias formas de exploração, exclusão social e novas

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propostas de ampliação da cidadania dos migrantes trabalhadores rurais. Além disso, permitiu a reflexão do assistente sobre a sua maneira de agir com o empregador e o empregado, percebendo o jogo de forças políticas que atravessam a vida social do trabalhador rural no Brasil. Sendo esta pesquisa baseado materialismo dialético, utilizando como metodologia a pesquisa exploratória e a revisão de literatura. Palavras-chave: Estado capitalista brasileiro. Questão agrária. Trabalhadores rurais. Cana-de-açúcar. Condomínio rural. Serviço Social.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa verificar e conhecer a realidade social daqueles que

trabalham no corte da cana-de-açúcar, empregados por condomínios rurais, suscitando

reflexões acerca das suas demandas em relação ao trabalho, moradia, relações familiares e

comunitárias, acesso a serviços e políticas públicas, dentre outras. O trabalho rural abrange

os serviços braçais e a lida com as inovações tecnológicas que vem sendo introduzidas no

meio agrário. O que de fato ocorre é que não se pode, entretanto, abrir mão da mão de obra

humana, que é bastante empregada para produção de certos gêneros alimentícios e

monoculturas.

Dessa forma, surgem novas necessidades básicas de consumo, conforme o

desenvolvimento intelectual e material do homem, que traz consigo as várias formas de agir

e pensar dos sujeitos, as mudanças de comportamento diante da divisão da sociedade e suas

riquezas. Assim, no capitalismo, há interesses antagônicos entre as duas principais classes –

burguesia e o proletariado. O trabalhador torna-se alienado, visto que prevalece o valor dos

produtos criados pela força de trabalho do homem desvalorizando a humanidade. Em

consequência ocorre a concentração das propriedades rurais, fazendo com que haja

exploração e expropriação do trabalho humano.

Desde a antiguidade o trabalho rural faz parte da economia e das relações sociais. A

produção de cana de açúcar, por exemplo, no Brasil, gera centenas de empregos diretos e

indiretos. Nos lugares em que ocorre essa monocultura são oferecidas oportunidades de

emprego, incentivando a migração de trabalhadores que buscam melhores condições de

vida para si e suas famílias.

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Atualmente uma das formas utilizadas para empregar os cortadores de cana-de-

açúcar são os condomínios rurais. Essa atividade é um meio de que se utilizam os

empresários do agronegócio para que possam contar com mais mão-de-obra, por um custo

menor, em períodos curtos de tempo. O que justifica esse empreendimento é a alegação de

que a contratação permanente e direta de trabalhadores tem maior custo tributário e que o

setor da agricultura está em um processo dinâmico e, diante disso, para que se alcancem

novos padrões de qualidade, sendo que há períodos de safra e entressafra durante todo o

ano, é preciso que seja adotada uma modalidade mais versátil de contratação de

trabalhadores.

Os condomínios são mais presentes nos casos dos pequenos produtores, que se

unem formando grupos agrícolas e que passam a prestar serviços às usinas de cana-de-

açúcar ou para o próprio condomínio.

Esta forma de contratação poder ocasionar, entretanto, situações em que o

trabalhador não permanece por muito tempo no grupo rural, desvincula-se e perde seus

benefícios trabalhistas, tendo que migrar para outra região para que possa procurar outros

condomínios rurais para se instalar e conseguir meios para sobreviver. Isso ocorre porque tal

tipo de contratação é caracterizado por trabalhos temporários de curta duração, já que são

para períodos de safra ou até quando o empregador achar necessário. É, pois, uma

estratégia do capital para reduzir o valor investido na força de trabalho rural, ampliar a sua

exploração e aumentar o lucro do empregador rural sobre a produção final. (BARRETO,

2009).

Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a precarização do valor

da força de trabalho do cortador de cana-de-açúcar empregado por condomínios. Para

amadurecer tal discussão tem como objetivos específicos levantar a história de formação da

estrutura fundiária brasileira, enfocando na questão agrária no Estado capitalista; descrever

as atuais condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar, apontando os reflexos de

tal atividade na vida social dos mesmos para, somente assim entender o seu processo legal

de contratação e tentar obter a identificação dos reflexos legais dessa atividade na

exploração da sua força de trabalho e poder refletir sobre as possibilidades de trabalho do

Serviço Social na questão agrária.

Tornou-se interessante a abordagem sobre este tema devido à três experiências

dessa pesquisadora: primeiro como estagiária em uma usina de cana de açúcar que provoca

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um forte fluxo migratório para os municípios que a circunscreve; segundo, quando

funcionária de um escritório que prestava serviços aos condomínios rurais no município de

Pirajuba, cuja principal atividade econômica é o corte de cana; e, por fim, o fato de ter em

minha família um certo vínculo com a luta pela Reforma Agrária, em que familiares fazem

parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.

OS SENTIDOS DO TRABALHO: ONTOLOGIA, PRÁXIS E ALIENAÇÃO

Sabe-se que a sociedade passou e passa por transformações históricas na sua forma

de organização. O presente estudo é estruturado e sistematizado tendo como base as

particularidades da organização societária capitalista contemporânea. Nesse sentido, inicia-

se a discussão sobre a categoria trabalho na sociedade do capital, pois, como afirma Marx

(2006), para entender essa forma de sociedade é preciso conhecer a relação entre o homem

e a natureza na mediação do trabalho para produção e distribuição de bens socialmente

necessários à vida humana.

É importante, portanto, destacar a análise de Marx (2006) sobre a sociedade

capitalista que situa a mercadoria como a célula da sociedade, concretizando toda sua

riqueza. A mercadoria é entendida como:

[...] um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia. Não importa a maneira como a coisa satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência, objeto de consumo, ou indiretamente, como meio de produção. (MARX, 2006, p.57).

Assim, para se entender essa essência da mercadoria no capitalismo, é preciso

apontar a discussão marxiana sobre o duplo caráter do trabalho. O trabalho pode ter duplo

sentido, trabalho concreto, aquele útil e específico na produção do valor de uso e o trabalho

abstrato, trabalho humano alienado que cria o valor que a mercadoria recebe na sociedade

capitalista.

O trabalho concreto é aquele que pode satisfazer as necessidades humanas de

várias formas, pois aponta como resultado um valor de uso que pode ser aproveitado para

melhor servir as pessoas, isto é, para ser útil à existência concreta e “espiritual” do homem.

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Além disso, o objeto ou bem produzido pelo trabalho concreto pode ser usado de diversas

maneiras, já que é um bem útil para a sociedade, possuindo assim suas próprias

características que determinam seu valor de uso na divisão social do trabalho no sistema

capitalista.

Esse processo se dá com a humanização da natureza e do próprio homem, pois

este, por meio do trabalho, intervém na natureza para produzir os bens necessários à sua

sobrevivência. Isso só é possível pela capacidade ontológica do homem de criar e recriar sua

própria história, isto é, o homem é um ser teleológico, diferentemente dos outros animais,

e, portanto, tem a capacidade de previamente projetar suas ações antes de concretizá-las,

analisando inclusive as condições concretas de materialização do trabalho humano.

O homem como um ser social visa o trabalho como sua maior ligação com toda a

natureza, pois é com ele que as matérias naturais se transformam em instrumentos para

suas necessidades, e transformam assim a realidade vivida. O homem é capaz de inovar

sempre que idealiza algum objeto, suas idéias e a forma como as coloca em pratica é sua

maior característica e sua maior diferença entre os outros animais, sendo a evolução da

mente humana algo sem fronteiras para a ciência e para o convívio social em qualquer época

que esteja à sociedade.

Contudo, essa forma de trabalho útil ou trabalho concreto é subsumido na

sociedade capitalista pelo trabalho abstrato, considerado aquele que objetiva a produção de

mercadorias ou a criação de valor, independentemente da especificidade da sua utilidade

para existência humana.

Assim, entende-se por trabalho abstrato todo o trabalho exercido pelo homem nas

formas e condições determinadas pela lógica da sociedade capitalista, ou seja, o que antes

era útil, agora desaparece, e todas as formas de trabalho se tornam uma só, sem distinção e

sem valor nenhum para a sociedade.

E isso só foi possível com a redução do trabalho criativo à apenas ao dispêndio da

força de trabalho em um determinado tempo socialmente necessário para produção de

mercadorias. (MARX, 2006). Dessa forma, o sentido do trabalho na sociedade capitalista

torna-se abstrato, pois se engendram esforços para anular a capacidade criativa do homem

na sua relação com a natureza.

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Nesse sentido, tanto homem, quanto a natureza são transformados em

mercadorias primárias e essenciais à produção e reprodução do capital, o que demonstra o

interesse da classe dominante em mudanças que geram acumulação de riquezas para a

burguesia, sendo assim a classe proletária que possui apenas sua força de trabalho fica

esperando por um “milagre”, mas é preciso combater a opressão com planejando projetos

de uma sociedade revolucionária e com a união da classe trabalhadora.

É também a partir do trabalho que estruturam-se as classes sociais na sociedade

capitalista. Na teoria marxiana, a posição do homem no processo de produção é fator

determinante para estruturação das principais classes na sociedade capitalista. Dessa forma,

no sentido abstrato do trabalho, a sociedade foi organizada em duas principais classes:

burguesia e proletariado, sendo que aquela detém os meios de produção, o capital e a

mercadoria e esse, o trabalhador, possui apenas sua força de trabalho, cuja realização

somente ocorre com sua venda, como mercadoria, à burguesia. (MARX, 2006).

Mesmo que se entenda que o trabalho seja de fundamental importância para a vida

em sociedade, seja ele o ponto central de toda articulação entre as duas classes sociais,

burguesia e proletariado, o capital direciona todas as relações sociais de produção e

reprodução social a seu favor para conter os trabalhadores que buscam consolidar seus

direitos.

E para se viver em sociedade, a forma mais comum e civilizada de adquirir

convivência, é pelo trabalho, no entanto há uma divisão neste que provoca mais

desigualdades, já que essa divisão é injusta e desigual seja em capital quanto em

conhecimentos na sociedade do capital.

A burguesia, com todo seu aparato político-ideológico, tenta minimizar as

desigualdades sociais inerentes ao capitalismo. Pois é preciso ter em mente que a classe

burguesa pensa em suas ações antes de por em prática, sabendo os possíveis resultados, e

formas de como alterá-las caso precise mudar seus planos caso a classe trabalhadora saia de

seu controle.

A burguesia estabelece os meios materiais para impor seus interesses e riquezas em

exclusividade, para que haja concentração de bens e serviços prestados aos donos dos meios

de produção. Ela também cria condições para que se possam integrar na sociedade,

condições de classe, que a caracterizam como burguesa, seja em qualquer época. E a classe

trabalhadora, a classe dos despossuídos de riquezas, fica subordinada ao domínio da

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burguesia, o que faz com que suas condições de vida já estejam predeterminadas: servir e

obedecer à ordem burguesa.

Dessa maneira pode-se dizer que a sociedade capitalista nada mais é do que a

gestora da economia que engloba os operários da classe trabalhadora, assumindo um papel

de destaque em diferentes contextos da realidade social, desvalorizando o homem como ser

social e coisificando-o nada mais em uma mercadoria. Para tanto, a burguesia usa de várias

estratégias de manipulação para obter um controle social, fazendo com que este

trabalhador apenas reproduza as ações, sem que tome consciência do que realmente esteja

fazendo, que seja um ser alienado, não criticando e nem questionando nenhuma ordem

imposta pela burguesia.

Na sociedade burguesa, então, tudo vira uma mercadoria, até mesmo o próprio

homem, havendo assim a mercantilização da sociedade. O homem vale o quanto produz

para o capital por meio da exploração da sua força de trabalho. A mais-valia, que é o

trabalho excedente, aquele não pago ao trabalhador e apropriado pelo burguês, que tira

proveito do único meio de sobrevivência do operário, sua força de trabalho para lucrar cada

dia mais. Assim o homem se torna uma coisa sem sentido algum, sem subjetividade, apenas

um objeto, que sendo bem manuseado, dará ao seu patrão a riqueza desejada, isto é um ser

alienado.

A força de trabalho do homem é seu maior e único bem, pois é dela que irá tirar

seus meios para sobreviver na sociedade capitalista, e esta é a mercadoria que o capital mais

procura para conseguir suas riquezas. A força de trabalho ou capacidade do trabalho

corresponde às idéias e atitudes que o corpo e a forma de pensar do homem o faz

concretizar no sentido de buscar os materiais úteis às suas necessidades básicas. O trabalho

deveria ser algo que faz crescer e emancipar o homem, entretanto, não é isso que se

percebe. A mecanização do trabalho, automático das práticas deixa o homem alienado; o

deixa escravo, e este passa a não reconhecer seu papel de ser social e sua própria identidade

como ser coletivo.

A força de trabalho do homem corresponde ao quanto ele produz e à qualidade

com que produz um bem material. Entretanto, os baixos salários impedem que o trabalho

proporcione uma vida digna a ele e sua família, já que o dinheiro que lhe é pago não

equivale ao preço que seria justo por exercer tanto esforço e perder sua identidade como

ser social.

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A alienação do homem moderno está muito mais explicita devido aos valores da

sociedade atual, condições político-econômicas enfrentadas e à posição social que o

individuo ocupa no capitalismo. Com isso, o homem perde a inspiração, o entusiasmo de

participar das relações sociais, o que acaba gerando um ser isolado, mecanizado e objetivo,

sem essência de vida.

A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO NO CAMPO E NA CULTURA CANAVIEIRA 2.2.1 As origens da exploração do trabalho no campo e a questão agrária

A questão agrária no Brasil está intrinsecamente vinculada ao modelo de

distribuição, ou melhor, de concentração de terras que foi iniciado com a colonização

brasileira – o latifúndio.

O início da colonização do território brasileiro se fez com a doação de grandes extensões de terras a particulares, denominadas sesmarias. Daí surgiram os latifundiários escravistas: a necessidade de exportar em grande escala e a escassez de mão de obra na colônia uniram se a existência de um rentável mercado de trafico de escravo. (SILVA, 1990, p.22-23).

Na sociedade capitalista, a preservação da concentração de terras deve ser

entendida como uma das formas de proteção à propriedade privada, o que

consequentemente reproduz a dominação e o poder da classe dominante. Isso porque,

nesse tipo de organização social, toda ação política e ideológica da burguesia está

direcionada para manter intocável a propriedade privada, característica essencial para

garantir a reprodução ampliada do capital. (LESSA, 2007).

Há, portanto, a concentração da propriedade de terras no domínio de poucos e , em

contrapartida, a grande parte das pessoas que vivem e sobrevivem do trabalho no campo

não detêm qualquer meio de subsistência própria.

Dessa forma, mesmo que sejam terras improdutivas, os latifundiários,

representantes do capital agrário, não abrem mão dela àqueles que vivem ou ate morrem

por ela. Para Minc (1985), a proposta de Reforma Agrária vincula-se à necessidade de

transformação da agricultura e da sociedade brasileira e, por isso, muitos acreditam que

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essa proposta de mudança para o desenvolvimento agrário seja inalcançável devido ao

conservadorismo da classe dominante, detentora do poder econômico e político da

sociedade brasileira.

A questão agrária torna-se, então, uma polêmica discussão quando é debatida com

a questão do avanço industrial, pois, para o processo de instituição e consolidação do modo

de produção capitalista, o campo era considerado um obstáculo para o progresso urbano. A

cidade ou o espaço urbano foi, portanto, um elemento fundamental para o arranque da

industrialização capitalista. (FERREIRA, 1970).

Assim começa a luta pela terra, pela própria sobrevivência, é um despertar de

conhecimento e de consciência que estimula a inclusão de movimentos que buscam os seus

direitos sociais para obter trabalho e uma vida digna, gerando resistência aos grandes

empresários do campo e pressionando o Estado para a implantação e execução de políticas

públicas que efetivem a reforma agrária. Somente desta maneira poderá estes trabalhadores

adquirirem recursos que garantam o seu poder social e o acesso aos serviços que lhe são de

direito.

Entretanto, a questão agrária não foi esquecida por aqueles que da terra tiram sua

vida, sua sobrevivência, mas foi deixada de lado pela burguesa. Assim, percebe-se que a

questão agrária nada mais é do que uma questão política direcionada para atender aos

interesses de uma classe dominante que reproduz uma relação de produção organizada de

forma desigual e se apropria da renda familiar, emprego e produtividade, sem qualquer

preocupação com a vida humana digna no campo, com os direitos dos trabalhadores rurais.

Os representantes agrários dessa classe dominante apenas preocupam com o que e

o quanto se produz. Mesmo atualmente, vemos que não se pode tratar abertamente da

questão agrária devido às forças políticas e as relações de poder entre sociedade rural e

Estado, pois as relações capitalistas são as que comandam todo o campo. (SILVA, 1990).

Desta maneira, em se tratando do processo de industrialização e urbanização e da

visão que o Estado e a sociedade capitalista concebiam o campo como um atraso, muitos

trabalhadores foram expulsos de suas terras e obrigados a partir para os subempregos do

nascente espaço urbano através das migrações, o que, consequentemente, produziu e

reproduziu situações de misérias por várias cidades.(SILVA, 1990).

Os novos trabalhadores, por não terem para onde ir e a quem recorrer, foram

perdendo sua cidadania, sua dignidade, seus direitos, suas esperanças por uma vida melhor,

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e suas vidas passaram ser comandadas pelos donos dos meios de produção, pois houve uma

vasta expansão da empresa capitalista sobre toda a sociedade (meio urbano e rural),

destruindo diversas propriedades de pequeno e médio porte que faziam deste trabalhador

um homem digno e de posses, hoje um bóia fria sem perspectivas de vida. (SILVA, 1990).

Até mesmo na forma de plantar e colher uma lavoura, com o desenvolvimento do

capital na produção agrícola há transformações intensas. Sendo assim, os pequenos e

médios produtores não conseguem custear os produtos utilizados, o que acarretara perdas e

prejuízos na produção. Consequentemente, os que vivem em agricultura familiar se

submetem à venda de sua força de trabalho para suprir suas necessidades básicas, e aos

poucos as relações sociais de produção no campo vão se industrializando e homem se

distancia do trabalho criativo.

A agricultura familiar tem como base o trabalho entre os membros da família, que

participam da gestão e do investimento. Assim, cada indivíduo contribui para a

sobrevivência de todos, entretanto, nem sempre a terra, o principal instrumento de

trabalho, não pertence à família, que, consequentemente, precisa procurar outras atividades

como a pesca, artesanato, a pecuária para complementar a renda mensal.

Nesse tipo de agricultura, a organização das atividades econômicas é administrada

de acordo com os recursos ambientais, culturais, financeiro, humanos e sociais que cada

família possui disponíveis para sua sobrevivência. Além do mais para que haja um bom

desempenho da agricultura familiar é preciso ter apoio dos governantes, movimentos sociais

e de toda a sociedade que pensa em um país mais justo.

O desenvolvimento do capital no campo tem suas particularidades e a fonte de toda

sua riqueza e discórdia é a terra, bem natural insubstituível, que é a verdadeira fonte de

riquezas e produção industrial agrária. Logo o setor industrial vai se instalando e assumindo

o controle sob a economia, resultando no aumento do capital da burguesia, fazendo assim,

que o interesse pela agricultura esteja em segundo plano, e que seus trabalhadores fiquem

na escuridão da pobreza.(SILVA, 1990).

As configurações da exploração do trabalho no campo e as particularidades do desgaste do trabalho assalariado no canavial

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Foi no período da colonização que se iniciou o cultivo da cana de açúcar no Brasil,

uma planta que logo se adaptou ao clima e ao solo brasileiro, fazendo nascer daí, alguns

anos depois, uma das principais fontes de combustível (etanol) e de alimento (açúcar), além

de gerar renda para empresários e a exploração da força de trabalho dos trabalhadores

rurais.

O cultivo da cana-de-açúcar, dos antigos engenhos até as grandes usinas, passou

por muitas mudanças do plantio a colheita dos produtos finais, observando na atualidade a

industrialização da produção canavieira. É com certeza um processo de revolução industrial

da agricultura e de incentivo à monocultura, à preservação do latifúndio e de reprodução e

acirramento das explorações da força de trabalho.

Acrescenta-se, também, que, nesse processo, verifica-se a reprodução da miséria

entre um e outro canavial e as condições precárias que se encontram não só os

trabalhadores, mas também suas famílias. Essa situação se agrava diante do fetiche das

formas legais e jurídicas de regulamentação do trabalho, pois as ações de enfrentamento a

essas condições precárias de trabalho são tratadas superficialmente sendo apenas

maquiadas. Porém, a raiz da questão é muito mais grave do que se percebe nos canaviais e

nos alojamentos, pois o trabalho no capital é concebido como valor de troca, mantendo-se

como mercadoria enquanto serve como força de trabalho, isto é, somente enquanto

conseguir cortar a cana-de-açúcar.

O exaustivo esforço que os trabalhadores precisam fazer e a precariedade nas

condições de trabalho, moradia, salários e principalmente de saúde, transformam-nos em

“objetos” de exploração de seus patrões, que ignoram suas condições de seres humanos,

sujeitos de direitos e de dignidade. Dessa forma, os serviços canavieiros são tão degradantes

que são até comparados a situações análogas à escravidão. (BARRETO, 2009).

O setor da atividade canavieira, uma das mais antigas plantações da economia

brasileira, atualmente expandiu-se por todo território nacional expressando a contradição

entre os avanços tecnológicos e a exploração do homem. Sabe-se que as desigualdades

sociais são inerentes ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e, apesar das

riquezas produzidas ficarem concentradas nas mãos de poucos, os empregadores ainda

precisam de trabalhadores que saibam como cortar a cana-de-açúcar, pois é uma atividade

rústica e pesada que, porém exige técnica e preparo físico.

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Os rurícolas trazem pouca bagagem, apenas o necessário para o período

determinado, entretanto carregam dentro de si uma vasta experiência cultural, as mais

diversas e dos mais diferentes locais do país. Fazem parte de um grupo dos trabalhadores

mais explorados pela sociedade capitalista e marginalizados do cotidiano da vida social, pois

aonde vão sempre serão criticados, tachados por sua baixa escolaridade, suas vestes, seu

modo de falar. Enfim, são indivíduos sociais que parecem ocupar uma outra dimensão do

espaço para que possam sobreviver.

Mesmo com a modernização da economia canavieira, percebe-se que esse mercado

de trabalho remonta traços dos períodos coloniais como o trabalho escravo e as condições

subumanas a que estes trabalhadores são submetidos, tais como a informalidade nos

contratos de trabalho que favorecem a supervalorização do capital, defendendo os grandes

grupos empresariais e coisificando o trabalhador em uma mera mercadoria a domínio dos

grandes senhores. A partir daí, o homem coisificado vale o que e o quanto produz para seu

patrão e tem que sobreviver do resto que lhe é dado como se fosse um favor, tendo que ser

grato pelo pouco que é lhe oferecido.

Este trabalhador falido de direitos e de qualificações profissionais tem somente sua

força de trabalho para vender por inteiro ao capitalista e conseguir o mínimo para

sobreviver em meio a tantas contradições nas relações sociais de trabalho.

O processo capitalista de produção supõe a existência do trabalhador inteiramente despossuído dos meios de vida necessários à sua reprodução e de sua família. Liberto, ainda, de outros laços de dependência pessoal, que não a mera dependência econômica. O trabalhador, livre proprietário de si mesmo, e portanto, de sua força de trabalho, vê-se constrangido, para sobreviver, a vender por um determinado período de tempo aos proprietários dos meios e condições de trabalho, a sua própria energia vital, sua capacidade de trabalho inscrita em sua corporalidade física e mental. A venda desta mercadoria é contrapartida necessária para a obtenção do equivalente em dinheiro à sua subsistência e educação, além da reprodução da família, fonte de oferta permanente de força de trabalho necessária à continuidade do movimento de produção capitalista. (IAMAMOTO, 2001, p.67).

O trabalho é uma forma de lutar para sobreviver por melhores condições de vida e

acesso aos bens e serviços essenciais a vida humana que lhe são de direito, entretanto

pouco executados, já que são desrespeitados a todo momento em razão das relações de

força e poder que permeiam toda a sociedade. Assim, o homem vai perdendo sua essência,

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sua subjetividade, alienado ao mundo do trabalho, se dando por inteiro ao capitalismo e aos

seus meios de exploração, que o deixam refém das várias expressões da questão social.

A dominação do capitalista sobre o trabalhador é, portanto, o domínio da coisa sobre o homem, do trabalho morto sobre o trabalho vivo. E o processo de produção e reprodução do capital é o processo de produção e reprodução dessa alienação. (IAMAMOTO, 2001, p.77).

O trabalhador do corte de cana precisa migrar para conseguir sobreviver, já que fica

temporariamente em cada região, até o termino da safra. São trabalhadores que se encontra

em processo de proletarização com o desenvolvimento e o progresso de uma pequena parte

da sociedade que consegue, por meio da mais-valia, apropriar-se da riqueza socialmente

produzida por grande parte da sociedade que é desprovida de riquezas.

O processo de proletarização supõe, pois, um processo contraditório de transformação cultural, pois o capital, ao revolucionar o universo do trabalho, produz mudanças políticas e culturais no conjunto da vida social dos trabalhadores. Entretanto, as mudanças materiais e subjetivas transcorrem numa temporalidade que não é idêntica nem linear, verificando-se um desenvolvimento desigual entre as transformações das forças produtivas, as relações sociais e as expressões culturais dessas mesmas transformações presentes na vida dos indivíduos sociais. (IAMAMOTO, 2001, p.193).

Verifica-se que com a migração estes trabalhadores vão aos poucos perdendo sua

cultura de origem, buscando se adequar à cultura local da comunidade que estão por uma

temporada e, cansados de tanto ir e vir sem parada, ficam mais presos a estranhos do que a

sua família.

Os migrantes sazonais vivem o contínuo trânsito entre tempos, relações e contradições sociais diferentes, apoiadas em específicas formas de propriedade e de alienação coexistentes e integradas na experiência de vida dos mesmos indivíduos sociais, ingressados na formação da materialidade e subjetividade de suas vidas. Forjam também o terreno cultural no qual elaboram sua pratica social – suas experiências, representações, sentimentos e lutas sociais. (IAMAMOTO, 2001, p.189).

Em um ritmo de trabalho acelerado entre os canaviais, estes trabalhadores ficam

diariamente expostos a céu aberto, sob sol ou chuva, frio ou calor, a longas jornadas de

trabalho, ferimentos das ferramentas e a insetos peçonhentos, buscando sempre se

superarem no corte de cana-de-açúcar para terem maior produtividade no salário, já que

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ganham por produção e precisam garantir a sobrevivência. Assim, tem que produzir para seu

patrão e para si próprio já que vivem disso para suprir suas necessidades.

O TRABALHO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E AS DEMANDAS ADVINDAS DA QUESTÃO AGRÁRIA E DA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO CANAVIEIRO

As demandas apresentadas ao Serviço Social dos municípios recebem estes trabalhadores,

em geral, são oriundas do conflito gerado entre o capital e o trabalho, revelados na

exploração da força de trabalho, no não acesso a direitos, no desemprego, na falta de

moradia, alimentação, saúde, dentre outros problemas vinculados, como a exclusão social, a

baixa qualidade de vida, a exploração da força de trabalho e as diversas formas de violência

que sofre essa classe.

Para que os profissionais do Serviço Social possam intervir na questão agrária em

sua prática cotidiana e institucional, é necessário aproximar, dessa realidade, a questão

social e suas varias expressões, sendo assim, possível e pertinente a construir novas

estratégias de influência profissional, com outros profissionais, sem perder o conhecimento

característico da profissão. Possivelmente, nestes momentos de transformações constantes,

havendo movimentos antagônicos é que o Serviço Social vai intervir, apropriando-se de

alguns instrumentos, entre eles a mediação.(PONTES, 1997). O Assistente Social irá agir

fazendo que os deveres dos empregadores e os direitos dos trabalhadores sejam executados

conforme a lei trabalhista e o contrato de trabalho.

A questão agrária é, portanto, uma questão social que se torna um campo de

mercado aberto para o exercício profissional do assistente social, seja na área da assessoria

a movimentos sociais ou nos próprios condomínios rurais como uma equipe interdisciplinar.

Para, entendermos esta questão, devemos entender que a questão agrária está

entre as relações de poder econômico e político entre duas classes antagônicas com

interesses opostos, por isso que a propriedade da terra no sistema capitalista mesmo

passando por vários períodos históricos ainda apresenta situações de tensões que envolvem

trabalhadores rurais e proprietários de terras fazendo que haja manifestações no campo por

redistribuição da terra, por renda por direitos iguais. (IAMAMOTO, 2001).

15

Essa luta desigual pela terra que existe entre as duas classes sociais: de um lado os

latifundiários e o Estado e, de outro, trabalhadores rurais e pequenos produtores que ficam

expostos a diversos tipos de violências físicas e psicológicas, gerando pobreza e miséria e

bloqueando as oportunidades de desenvolvimento eqüitativo e justo da agricultura em

âmbito nacional. Nesse contexto, a questão social e suas várias expressões são matéria

prima do trabalho do assistente social, no entanto temos que fazer o campo mais um espaço

de trabalho pensando em trazer oportunidades para a classe trabalhadora, e até mesmo

para a própria categoria.

Existe uma certa resistência do Serviço Social à questão agrária devido às raízes da

historia da profissão e da maneira como foi institucionalizada e legitimada. Suas fontes de

legitimação têm apoio dos grandes senhores, da igreja católica e do Estado, o conjunto que

dominavam os trabalhadores antigamente, implantando suas formas de controle social.

(MARTINELII, 2006).

A tendência, entretanto, é que seja superado o conservadorismo e seja iniciada

uma nova etapa visando a construção de novos conhecimentos, estratégias e instrumentos

técnico-operativos de trabalho nessa área, que precisa sem duvida nenhuma, de apoio das

lutas e conquistas da classe trabalhadora para que possa ser revertida toda a historia de

domínio e fracassos diante da burguesia. Isto é, propõe-se o fortalecimento da aproximação

do Serviço Social à questão agrária, o que sem duvida, conforme os princípios ético-politico

da profissão, depende da aproximação do Assistente Social ás lutas e projetos da classe

trabalhadora.

O Serviço Social, sendo uma profissão que busca a emancipação social do homem,

deve mudar sua postura em relação à questão agrária nos assentamentos rurais, nas usinas

de cana de açúcar ou nos condomínios rurais, para que possa trabalhar unidos aqueles que

constroem princípios como justiça social no cotidiano profissional (IAMAMOTO, 2000).

O profissional do Serviço Social inserido na Questão Agrária deve tentar propor

medidas cautelosas, porém assecuratórias do processo de reivindicações dos direitos e

deveres de todos no campo, e contribuir para o fortalecimento dos sindicatos rurais,

mobilizar e debater com os diferentes grupos existentes frente às relações sociais de

trabalho que englobam diversas categorias de trabalhadores (posseiros, pequenos

proprietários, assalariados, etc.) e seus vários opositores.

16

A atividade do assistente social é a de desvelar a trama das relações que perpassam

e definem a questão agrária brasileira, mediando os processos de “negociações” cabíveis

para ambas as partes, pois com um trabalho conjunto é possível chegar a avançar as

mudanças e novas conquistas na qualidade de vida e trabalho de todos.(IAMAMOTO, 2000).

É preciso respeitar a cultura dos trabalhadores para conseguir sua confiança e

deixar as informações mais transparentes, uma vez que eles são os principais agentes da

atividade no campo. Por isso, as usinas e os condomínios rurais devem reorganizar sua

estrutura e gestão para que possam redesenhar a forma de execução de suas atividades e

focar mais esforços e recursos em atividades que valorizem o trabalhador rural.

O Assistente Social deverá também trabalhar em prol de que seja cumprida a

legislação trabalhista, por exemplo, em articulação com os sindicatos dos trabalhadores

rurais, já que ainda existe o trabalho escravo no campo, principalmente no cultivo da cana

de açúcar. Assim, é preciso que se possa garantir um emprego digno a estes trabalhadores

(as), pois é da terra que retiram sua renda, e a sua vida tem que ser preservada com os

direitos básicos que estão definidos na Constituição Federal.(IAMAMOTO, 2001).

É necessário, ainda, desvelar os impactos dos fluxos migratórios no planejamento e

desenvolvimento dos recursos e serviços sociais prestados nos municípios do entorno do

condomínio rural, pois a população fica completamente exposta à escassez de recursos da

política de educação, saúde, habitação e assistência social, principalmente, já que se tornam

insuficientes para atender a todos que precisam dela.

E os condomínios e as usinas não se preocupam em garantir os direitos dos

trabalhadores, apenas exploram sua força de trabalho, e eles não têm como custear seus

gastos pelo pouco que ganham e sabendo que os municípios ficam com pouco recurso para

prestar assistência a todos os moradores migrantes ou não.

Já se sabe que a agricultura é o ponto forte do país, e que o cultivo da cana de

açúcar também está a cada dia se intensificando devido ao etanol. O aumento do

agronegócio brasileiro para abastecer o mercado estrangeiro e o aumento da lucratividade

do sistema capitalista vêm acompanhados por modernização de técnicas e pela mecanização

das lavouras em substituição do emprego da força de trabalho. Dessa maneira, o

desemprego chega para aqueles que sobrevivem com o trabalho rural manual e que na

maioria das vezes tem um baixo nível de escolaridade, o que aumenta suas chances de não

17

conseguir outro trabalho levando sua vida a um clico sem volta para a miséria e o abandono

de direitos por parte da sociedade capitalista. (IAMAMOTO, 2001).

A situação, entretanto, convive com grandes problemas burocráticos. O Assistente

Social passa a ter uma série de dificuldades em relacionar o seu trabalho com o setor da

agricultura. Uma das possibilidades de melhora imediata na qualidade de vida destes é a

viabilizada pelos programas governamentais como o Bolsa Família, PETI e PROJOVEM, estes

programas complementam a renda familiar e proporciona a inclusão social dos membros da

família do trabalhador rural na sociedade capitalista, tem por objetivo fazer com exista

socialização entre as pessoas que sofrem com toda a exploração do capitalismo na

sociedade. Esses projetos têm como pré-requisito a inscrição no (Cadastro Único para

Programas do Governo Federal) CadÚnico, somente a partir do cadastramento é possível o

trabalhador ou um membro da família ser beneficiário de algum programa governamental,

sendo este cadastro feito junto à Assistência Social dos municípios. Pode haver auxílio direto

na renda familiar e o trabalhador poderá conseguir suprir suas necessidades básicas diárias,

e temos que considerar que muitas famílias, logo depois que acaba a safra de cana de

açúcar, sobrevivem apenas da renda dos programas sociais. Essas medidas, entretanto, são

assistenciais e não resolvem o básico dos problemas na questão agrária (BRASIL, on-line).

É possível, entretanto, através desses programas, conhecer a família do

trabalhador, suas maiores necessidades e como podem ser auxiliadas. O Assistente Social

acompanha as realidades familiares por meio de visitas domiciliares e relatórios atualizando

sempre os dados durante o período em que se encontram no município a trabalho, pois os

trabalhadores rurais geralmente representam o pilar de sustentação do núcleo familiar,

provedor das despesas.

Mesmo com um vasto conhecimento na lavoura, de uma vida inteira dedicada ao

trabalho penoso, esses trabalhadores rurais não têm valor algum para o capital; coisificam-

se no valor de sua mão de obra, materializada durante o processo de aumento da riqueza

dos grandes latifundiários. Os cortadores de cana-de-açúcar desconhecem os direitos que

possuem, as responsabilidades do poder público e os meios adequados para buscar suas

garantias frente ao Estado. O Assistente Social deve tratar o trabalhador rural como

qualquer outro usuário de uma política social, buscando assegurar o mínimo necessário e

suficiente para sua segurança e melhores condições de trabalho nos condomínios rurais e

usinas.

18

É notável que, a cada ano, há maior evasão do campo e que as famílias vão para as

cidades em busca de melhorias, mas sem nenhuma especialização dificilmente conseguem

um bom emprego. Com isso, existe um aumento das famílias pobres urbanas.

Profissionalmente, o Assistente Social deve superar os limites burocráticos impostos ao seu

trabalho e acreditar em sua capacidade de superação, de forma a oferecer também a

oportunidade de melhorar sua vida através da esperança de condições objetivas e subjetivas

que não o façam desistir de sonhar, que pensam que há um futuro melhor sempre (SILVA,

1979).

A luta por políticas públicas para fazer valer melhorias nas condições de vida desses

trabalhadores e de suas famílias evidencia a extrema importância da mediação entre

trabalhador e direitos nos programas sociais para a sobrevivência dos mesmos diante das

dificuldades enfrentadas.

O assistente social deve implantar e desenvolver políticas, atentando-se aos prazos

para se obter respostas as mais rápidas possíveis para o usuário que necessita dos serviços,

garantido a participação de todos em prol de justiça, e que todos sejam aceitos como são, se

socializando em meio às diferenças que há na sociedade, porém sabendo refletir

criticamente sobre a realidade dada.(IAMAMOTO, 2001).

É preciso trabalhar as políticas sociais tanto no meio urbano quanto no meio rural,

pois o mau atendimento de alguma das partes afeta o desenvolvimento da outra, já que

vemos atualmente uma superpopulação urbana que sofreu perdas no campo e que sofre

com o descaso urbano, o que gera as várias expressões da questão social, afetando toda a

sociedade e principalmente as relações sociais de produção, que ficam expostas a todo tipo

de exploração e decompondo o homem trabalhador, onde este fica fraco e oprimido por

humilhações e ofensas.

Desse modo é preciso buscar a promoção da interação homem, natureza, trabalho

e sociedade para que haja no campo a tão almejada reforma agrária, confiando que é

possível tornar realidade a redistribuição de terras em um país tomado pelas desigualdades

sociais, tentar romper com as divisões dos grupos sociais, somente assim seremos capazes

de alcançar este objetivo que perpassa por gerações na historia da luta pela terra.

Pensando desta forma é que se pode chegar à frente e direcionar os trabalhadores

rurais em um movimento capaz e suficiente para debater com os proprietários das grandes

19

propriedades de terra e mudar o cenário onde há o aumento do desemprego, as relações

sociais de trabalho estão precárias e falta dignidade.

É preciso traçar metas para se chegar ao objetivo tão esperado: a reforma agrária.

Para tanto, é necessário reorganizar a sociedade de um modo geral, ampliando a visão do

Estado e da sociedade do meio rural brasileiro, de como se dá e de como estão as condições

de trabalho do homem do campo. Só, assim, um importante passo será dado na direção do

desenvolvimento socioeconômico e das políticas sociais que constituem a democracia da

sociedade brasileira no processo de produção e no qual estes trabalhadores sobrevivem,

sendo dominados e dependentes dos instrumentos usados pelos capitalistas. Entretanto, o

Assistente Social deve analisar e propor melhorias na estrutura social de produção destes

trabalhadores, compreendendo as condições de vida, saúde, moradia, entre outros e

viabilizar o acesso às políticas publicas sociais.(IAMAMOTO, 1998).

A questão da reforma agrária deve fazer parte do trabalho profissional do assistente

social, já que se trata de uma questão clara sobre os diferentes interesses entre duas classes

sociais (burguesia e proletariado), onde ambas possuem vínculos com o capital e com o

trabalho, lógico que com motivos diferentes, porem que não deixam de serem interligados,

portanto não deixa de haver um envolvimento com o trabalho do Serviço Social na

sociedade contemporânea.

Mas para que se consiga trabalhar com estes trabalhadores rurais e com a questão

agrária, é preciso que a categoria de profissionais do Serviço Social assuma que esta é uma

das expressões da questão social, somente assim pode-se envolver e iniciar as

transformações no campo. É preciso dar incentivo e estar mais presente nas lutas com os

movimentos sociais a que estes trabalhadores pertencem; é preciso fazer desta discussão

uma das questões de trabalho no cotidiano profissional.

Deve-se levar a idéia para os condomínios rurais e para as usinas da importância de

se envolverem na fiscalização na qualidade das condições de trabalho e de vida dos

trabalhadores, não só a geração de emprego importa, mas também como está o

desenvolvimento desse processo. Esta na hora das usinas e dos condomínios rurais

assumirem algumas responsabilidades sob estes trabalhadores que migram sem garantias de

um emprego certo e de uma moradia digna, além de outros diretos fundamentais como

saúde e educação, pois são jogados nos cantos como ratos de esgoto, vivendo nas piores

condições de trabalho.

20

Certamente é preciso analisar as particularidades da realidade do trabalho rural na

perspectiva da ampliação da qualidade e das condições de trabalho. O Assistente Social pode

consolidar novos conhecimentos para sua atuação na sociedade que é envolvida pelas

contradições originadas pelas lutas das classes sociais antagônicas movidas pelo capital.

Além do mais, é preciso atuar para que os próprios trabalhadores se unam, que sejam fortes

para formar uma organização política e construir argumentos capazes de permitir uma

redistribuição de terra justa para todos.

O Assistente social deve ter compromisso com estes trabalhadores de acordo com

seu projeto ético- político, além de promover discussões sobre as situações desumanas de

vida e trabalho, da situação de extrema pobreza que passam estes trabalhadores rurais. Isto

significa um envolvimento maior dos profissionais com as forças políticas de forma que se

possa chegar a resultados concretos e determinantes desta expressão da questão social.

A cidadania e a dignidade dos trabalhadores rurais não podem ser atropeladas no

processo de acumulação de capital, ninguém é obrigado a se submeter à indignidade em

virtude da ausência de infraestrutura trabalhista para o setor.

O assistente social deve ser capaz de concretizar suas propostas e objetivos através

da instrumentalidade do trabalho do Serviço Social. Ele deve ter competência para

transformar as relações sociais existentes no cotidiano da burguesia e do proletariado, tendo

toda sua visão critica da totalidade da realidade social que abrange trabalhadores e

empregadores.

Neste aspecto é necessário refletir e compreender a estrutura social, as formas de

exploração, o conjunto de todas as atividades que submetem o trabalhador a

constrangimentos, domínio e manipulação em beneficio do próprio patrão no processo de

trabalho. Assim, é possível construir a consciência de que todos os homens são capazes de

construir uma opinião própria em relação ao processo de valorização do capital e da

utilização mão de obra humana. E para que isso aconteça, porem, deve-se implantar

projetos tanto na administração dos condomínios rurais e usinas, quanto no próprio campo,

e trabalhar numa perspectiva de mudanças com as famílias que migram à procura de

trabalho por diversas partes do país.

5 CONSIDERAÇÕES

21

Sabe-se que a luta pela redistribuição de terras e melhores condições de trabalho

no Brasil atravessa gerações, principalmente quando caracterizada pela luta das relações de

força entre Estado, burguesia e trabalhadores rurais. O latifúndio e as condições materiais

retidas pelos donos dos meios de produção fazem com que grande parte da sociedade fique

excluída do direito de viver e trabalhar com mais qualidade, já que é da terra que tiram o seu

sustento.

Um grande obstáculo encontrado no processo de lutas pela redistribuição de terras

para se chegar à reforma agrária, diz respeito às políticas efetivadas pelo Estado, que age em

beneficio da elite agrária e despreza o fato das origens das desigualdades sociais. O processo

de redistribuição de terras trata também da efetivação dos direitos básicos, valorizando a

condição de que todo trabalhador tem direito a terra para sua sobrevivência para conseguir

instalar sua família na sociedade com mais dignidade, pois se trata de um processo de apoio

ao crescimento econômico, político, social e cultural do país, para que se construa uma

identidade nova aqueles perderam o significado de viver.

Os condomínios rurais tentam formalizar o trabalho do corte de cana, porém

deixam a desejar na questão das condições de serviço, já que o trabalho temporário faz com

que os empregados fiquem desgastados devidos a migração, com as jornadas exaustivas de

corte, com a falta de implementação de direitos sociais básicos.

Assim, o surgimento dos Condomínios Rurais vem com o propósito de formalizar a

contratação de trabalhadores rurais, são grupos formados por produtores/fornecedores de

cana de açúcar para as usinas que se unem afim de dividirem as despesas de contratação,

portanto o lucro também é dividido. No entanto, ainda deixam a desejar nas condições de

trabalho que não tem uma boa qualidade, pois o trabalho nos canaviais já é bem

desgastante e sem os devidos cuidados torna-se um trabalho torturante, ainda mais para os

trabalhadores que migram em busca de condições dignas de sobrevivência.

Os conflitos entre empregado e empregador tendem a aumentar, tendo em vista as

contradições existentes quando se trata de materiais ou riquezas para a produção de

mercadorias e de trabalho, levando em consideração a grande concentração de

propriedades privadas que existem no Brasil. De um lado ficam os trabalhadores

desprovidos de riquezas e de outro os latifundiários com todo o seu poder econômico e

político, mantendo-os reféns em busca de melhores condições de vida.

22

É preciso a união dos trabalhadores rurais para fazer movimentos sociais em busca

da efetivação da política de reforma agrária, com o propósito de redistribuir a terra e, com

isso, a renda. Conseqüentemente, busca-se a ampliação dos direitos sociais e da qualidade

de condições de trabalho, promovendo-se a emancipação desses trabalhadores rurais,

especialmente quanto à concretização de seus direitos. Apesar das constantes

transformações na realidade social deve haver uma mobilização organizada pela classe

trabalhadora para que os direitos fundamentais sejam, de fato, respeitados.

Inserido em uma sociedade capitalista em que duas classes com interesses

antagônicos atuam, o Assistente Social deve trabalhar atuando de acordo com os principio

do Código de Ética da profissão e seu projeto ético-politico, para atender com seu devido

compromisso com a classe trabalhadora. A atuação profissional do Assistente Social na

sociedade capitalista media-se entre os interesses daqueles seus verdadeiros usuários, que

são os trabalhadores rurais explorados pelos donos dos bens de produção, e os capitalistas

que mantém este profissional no mercado e que lhe oportuniza o espaço e recursos de

trabalho.

Deve o profissional buscar a realização de uma sociedade com justiça social, que

proteja os direitos sociais. Em vários setores do mercado de trabalho o Assistente Social

pode se inserir como um mediador, tendo uma formação generalista, sendo assim, pode agir

como mediador no processo de contratação dos cortadores de cana, já que o setor de

agronegócio e a produção de cana de açúcar estão crescendo a cada dia no país, fazendo

este profissional destacar suas qualidades nas relações sociais de produção.

As relações sociais geradas no meio rural desperta a atenção do Assistente Social

para que se obtenha a construção de novos horizontes de conhecimento profissional e a

superação das precárias condições de trabalho enfrentadas pela classe trabalhadora que

sofre com as explorações da burguesia são alguns dos objetivos a serem alcançados para que

se possa ter qualidade nas condições de trabalhos dos mesmos.

O contexto de dissonância entre o texto da Constituição Federal de 1988, e a

vulnerabilidade da classe trabalhadora, que tem dificuldade no acesso aos serviços públicos

e não têm os seus direitos sociais efetivamente assegurados no plano prático, contrastam

com a tentativa de amenização da situação que se encontram estes trabalhadores através de

políticas sociais e a criação de projetos sociais nos condomínios rurais e nas usinas e o

23

acompanhamento dos contratos de trabalho para combater ou amenizar as precárias

condições de trabalho e vida que os cortadores de cana convivem.

Ao Assistente Social cabe lutar por seus princípios, conhecer a realidade social e

suas demandas e acompanhar as transformações sócio-históricas do homem e do trabalho

profissional. É preciso tentar eliminar qualquer forma de discriminação e exclusão social.

Para tanto, se faz necessário repensar sobre a redistribuição de renda, e refletir sobre as

formas de forcejar a luta pela erradicação da desigualdade social, sempre tendo em mente

seu compromisso com a classe trabalhadora.

Conclui-se, portanto que a superação dessas inquietações oriundas das

contradições entre o capital e o trabalho somente será possível através da interação e

trabalho conjunto da classe trabalhadora e de outros profissionais, a fim de mudar essa

realidade e defender os direitos de todos. A valorização do sujeito enquanto pessoa, de sua

subjetividade e da qualidade de vida é essencial para que seja garantida a dignidade que é

própria da pessoa humana.

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