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REVISTA DO SISTEMA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS ECONOMIA EXPERIMENTA UMA DAS MAIS LENTAS SAÍDAS DE UM PERÍODO RECESSIVO EM SUA HISTÓRIA RECENTE E AS PREVISÕES, SUJEITAS A ABALOS PELO LADO DA POLÍTICA, INDICAM ELEVAÇÃO AINDA MODESTA PARA 2018 ANO 65 / Nº 279 / DEZEMBRO 2017 ENTREVISTA A nova legislação trabalhista deverá fundar um “novo marco” para as relações entre empresas e seus empregados, na visão de Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações do Trabalho da CNI Mas a crise ainda não foi embora A RECESSÃO ACABOU. INDÚSTRIA OS DESAFIOS PARA QUE O SETOR CONTINUE A CRESCER INVESTIMENTO CRÉDITO DE LONGO PRAZO FICARÁ (MUITO) MAIS CARO CATALÃO PESQUISA MOSTRA QUE METADE DAS EMPRESAS PLANEJA INVESTIR

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REVISTA DO SISTEMA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS

ECONOMIA EXPERIMENTA UMA DAS MAIS LENTAS SAÍDAS DE UM PERÍODO RECESSIVO EM SUA HISTÓRIA RECENTE E AS PREVISÕES, SUJEITAS A ABALOS PELO LADO DA POLÍTICA, INDICAM ELEVAÇÃO AINDA MODESTA PARA 2018

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ENTREVISTA

A nova legislação trabalhista deverá fundar um “novo marco” para as relações entre empresas e seus empregados, na visão de Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações do Trabalho da CNI

Mas a crise ainda não foi embora

A RECESSÃO ACABOU.

INDÚSTRIA

OS DESAFIOS PARA QUE O SETOR CONTINUE A CRESCER

INVESTIMENTO

CRÉDITO DE LONGO PRAZO FICARÁ (MUITO) MAIS CARO

CATALÃO

PESQUISA MOSTRA QUE METADE DAS EMPRESAS PLANEJA INVESTIR

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Demais Localidades:

0800 642 1313Goiânia:

4002 6213

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Serviços:

Exames Laboratoriais

Consultas Ocupacionais com Emissão de ASO (Atestado de Saúde Ocupacional)

Programas Legais (PPRA, PCMSO, PCMAT)

Gestão do Absenteísmo/FAP/NTEAP

Avaliação de Agentes Físicos e Químicos

Cursos e Palestras sobre Saúde e Segurança do Trabalho

Laudos Técnicos

A saúde de sua equipe revela como vai seu negócio. Por isso, o SESI oferece soluções destinadasa proporcionar um ambiente de trabalho mais seguroe produtivo, promovendo qualidade de vidae cumprindo as exigências legais. A ação promovea redução dos afastamentos do trabalho e garantemais saúde e bem-estar aos trabalhadores.

O trabalho da equipe multidisciplinar do SESIconfere tranquilidade à sua empresa e confiançajunto aos órgãos fiscalizadores. É isso quesua empresa precisa para sair bem na foto.

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ÍNDICE

REVISTA DO SISTEMA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS

Nº 279 / DEZEMBRO 2017

ENTREVISTA / REFORMA TRABALHISTA

10 / Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações do Trabalho da CNI, fala à

Goiás Industrial sobre desafios e avanços da legislação, em vigor desde 11 de novembro, que mudou a CLT. Para ela, a reforma trará maior aproximação entre empresas e empregados, permitindo que as duas partes “possam ajustar condições de trabalho específicas”.

CAPA

20 / O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) concluiu que a recessão chegou ao fim no quarto

trimestre de 2016. Mas a economia ainda derrapa e apresenta uma das mais lentas saídas de crise em sua história recente. Turbulências, sobretudo na política, tornam ainda muito nebulosas as perspectivas para este e o próximo ano.

Foto: Colheita de cana-de-açúcar na Usina SJC Bionergia, em Quirinópolis (GO), por Weimer Carvalho, de O Popular, 1º lugar no 13º Prêmio Sistema Fieg de Comunicação, encerrado dia 25 de novembro, em confraternização com a imprensa no Sesi Clube Ferreira Pacheco. Além dele, foram vencedores trabalhos jornalísticos de José Eurípedes de Faria (jornal O Hoje), na categoria Fotojornalismo; Katherine Alexandria (O Popular) e Mayone Pires de Melo (O Hoje), em Jornalismo Impresso; Luiz Geraldo (CBN Goiânia) e Giovanna Lopes (730 AM), em Radiojornalismo; Fábio Castro (TV Anhanguera) e Camilla Teixeira e Silva Guimarães (TBC), em Telejornalismo.

OPINIÃO

5 / De olho em 2018, o presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira, sustenta, no artigo Otimismo sustentável, que “se não

alcançamos o melhor dos mundos, certamente temos bem mais motivos para otimismo em meio à severa crise econômica que atingiu o Brasil.”

INVESTIMENTOS

27 / A troca da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mais baixa, pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais alta e amarrada ao

título do Tesouro Nacional com prazo de cinco anos, vai encarecer o crédito para investimentos no País. Se estivesse em vigor entre 2006 e 2016, o financiamento de longo prazo teria sido 58,5% mais caro.

INDÚSTRIA

30 / Impulsionada pelo crescimento do mercado interno e pela urbanização acelerada, especialmente até os anos

1960 e 1970, e mais tarde pelas políticas de incentivo, a indústria goiana ganhou músculos, mas agora enfrenta outra sorte de desafios. É o que mostra o economista Marcos Arriel, em tese de doutorado.

REFORMA TRABALHISTA

16 / Sindicatos da indústria planejam estratégias para atrair novos associados,

gerar novas fontes de receita e adequar-se à nova lei trabalhista.

SEGURANÇA NO TRABALHO

40 / Senai Goiás sai na frente e cria consultoria para ajudar indústrias

a se ajustarem às mudanças na Norma Regulamentadora (NR-12).

Mas a crise ainda não foi embora

A RECESSÃO ACABOU.

COMÉRCIO EXTERIOR

9 / O 5º Encontro Internacional de Comércio Exterior (Eice) reuniu em Goiânia cerca de

duas centenas de empresas, 14 representações de embaixadas e cinco embaixadores da América Latina e da região do Caribe. Compradores em potencial das Américas Central e do Sul, da Europa e África e 40 empresas goianas dos setores de alimentos, bebidas e cosméticos realizaram 144 reuniões, com perspectiva de geração de negócios.

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35 / Pesquisa realizada pela Fieg e IEL Goiás mostra que metade das empresas do polo industrial tem planos de investimento

para o próximo ano.

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SISTEMA INDÚSTRIA

SISTEMA FIEGFederação das Indústrias do Estado de Goiás

Presidente: Pedro Alves de Oliveira

FIEG REGIONAL ANÁPOLISPresidente: Wilson de OliveiraAv. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Bairro Jundiaí, CEP 75113-630, Anápolis-GOFone/Fax (62) 3324-5768 / 3311-5565E-mail: [email protected]

SESIServiço Social da IndústriaDiretor Regional: Pedro Alves de OliveiraSuperintendente: Paulo Vargas

SENAIServiço Nacional de Aprendizagem IndustrialDiretor Regional: Paulo Vargas

IELInstituto Euvaldo LodiDiretor: Hélio NavesSuperintendente: Humberto Oliveira

ICQ BRASILInstituto de Certificação Qualidade BrasilDiretora: Sônia Rezende (interina)Superintendente: Almir Blesio (interino)

DIRETORIA DA FIEG (2015-2018)

Presidente: Pedro Alves de Oliveira

1º Vice-presidente: Wilson de Oliveira

2º Vice-presidente: Antônio de Sousa Almeida

3º Vice-presidente: Gilberto Martins da Costa

1º Diretor Secretário:Carlos Alberto de Paula Moura Júnior

2º Diretor Secretário: Heribaldo Egídio

1º Diretor Financeiro:André Luiz Baptista Lins Rocha

2º Diretor Financeiro: Hélio Naves

Diretores

Sandro Antônio Scodro MabelOtávio Lage de Siqueira FilhoJosé Nivaldo de OliveiraJaime CanedoPedro Silvério PereiraJoaquim Guilherme Barbosa de SouzaJoão EssadoElvis Roberson PintoSilvio Inácio da SilvaEliton Rodrigues FernandesOlympio José AbrãoCarlos Roberto VianaLuiz Gonzaga de AlmeidaLuiz LedraJosé Antônio VittiJosé Luiz Martin AbuliWelington Soares CarrijoÁlvaro Otávio Dantas MaiaJair RizziRobson Peixoto BragaEdilson Borges de SouzaJosé Divino ArrudaDomingos Sávio Gomes de OliveiraEduardo Cunha ZuppaniMário Renato Guimarães de AzeredoEmílio Carlos BittarAntônio Benedito dos SantosLeopoldo Moreira Neto

Conselho fiscal

Célio Eustáquio de MouraJerry Alexandre de Oliveira PaulaOrizomar Araújo Siqueira

Conselho de representantes junto à CNI

Pedro Alves de OliveiraPaulo Afonso Ferreira

Conselho de Representantes junto à Fieg

Abílio Pereira Soares JúniorAilton Aires MesquitaAlexandre Araújo MouraAlexandre Baldy de Sant’anna BragaÁlvaro Otávio Dantas MaiaAlyson José NogueiraAntônio Alves de DeusAntônio Benedito dos SantosAntônio Humberto Alves de SousaBruno Franco Beraldi CoelhoCarlos Alberto de Paula Moura Júnior

Carlos Alberto Vieira SoaresCarlos Roberto VianaCélio Eustáquio de MouraDaniel VianaDomingos Sávio G. de OliveiraEdilson Borges de SousaEliton Rodrigues FernandesElvis Roberson PintoEnoque Pimentel do NascimentoEmílio Carlos BittarEurípedes Felizardo NunesFábio RassiFlávio Santana RassiGilberto Martins da CostaHélio NavesHeitor de Oliveira Nato NetoHeribaldo EgídioIan Moreira SilvaJaime CanedoJair José de AlcântaraJair RizziJaques Jamil SilvérioJerônimo David de SousaJerry Alexandre de Oliveira PaulaJoana D'Arc da SilvaJoão EssadoJoaquim Cordeiro de LimaJoaquim Guilherme Barbosa de SouzaJosé Alves PereiraJosé Antônio VittiJosé Divino ArrudaJosé Luiz Martin AbuliJosé Magno PatoJosé Romualdo MaranhãoLaerte SimãoLeopoldo Moreira NetoLúcio Monteiro dos SantosLuiz Antônio Gonçalves Fidelis Luiz Antônio VessaniLuiz Gonzaga de AlmeidaLuiz RézioMarcelo de Freitas BarbosaMarley Antônio RochaOlavo Martins BarrosOtávio Lage de Siqueira FilhoPaulo Lobo de Araújo JúniorPaulo Sérgio de Carvalho CastroPedro Alves de OliveiraPedro de Souza Cunha JúniorPlínio Boechat LopesRoberto Elias de Lima FernandesRobson Peixoto Braga

Sandro Antônio Scodro MabelUbiratan da Silva LopesValdenício Rodrigues de AndradeWilson de Oliveira

CONSELHOS TEMÁTICOS

Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e InovaçãoPresidente: Heribaldo Egídio

Conselho Temático de Meio AmbientePresidente: Pedro Silvério Pereira

Conselho Temático de InfraestruturaPresidente: Célio Eustáquio de Moura

Conselho Temático de Relações do TrabalhoPresidente: Olympio José Abrão

Conselho Temático de Micro e Pequena EmpresaPresidente: Jaime Canedo

Conselho Temático de Responsabilidade SocialPresidente:Antônio de Sousa Almeida

Conselho Temático de AgronegóciosPresidente:Joaquim Guilherme Barbosa de Souza

Conselho Temático de Comércio Exterior e Negócios InternacionaisPresidente: Emílio Bittar

Conselho Temático Fieg JovemPresidente: Thais Aparecida Santos

Câmara Setorial de MineraçãoPresidente: Wilson Borges

Câmara Setorial da Indústria da ConstruçãoPresidente: Sarkis Nabi Curi

Câmara Setorial de Alimentos e Bebidas (Casa)Presidente: Sandro Antônio Scodro Mabel

Rede MetrológicaPresidente: Melquiades da Cunha Neto

R E V I S TA D O S I S T E M A F E D E R A Ç Ã O D A SI N D Ú S T R I A S D O E S T A D O D E G O I Á S

EXPEDIENTE DireçãoJosé Eduardo de Andrade Neto

Coordenação de jornalismoGeraldo Neto

EdiçãoLauro Veiga Filho e Dehovan Lima

ReportagemAndelaide Lima, Célia Oliveira, Daniela Ribeiro e Janaina Staciarini e Corrêa

ColaboraçãoWelington da Silva VieiraAdriana Moreno

FotografiaAlex Malheiros

Projeto gráficoJorge Del Bianco

Capa, ilustrações,diagramação e produçãoJorge Del BiancoDC Design Gráfico e Comunicação

ImpressãoGráfica Kelps

Departamento Comercial(62) 3219-1720

Redação e correspondênciaAv. Araguaia, nº 1.544,Ed. Albano Franco, Casa da Indústria - Vila Nova CEP 74645-070 - Goiânia-GOFone (62) 3219-1300 - Fax (62) 3229-2975

Home page: www.sistemafieg.org.brE-mail: [email protected]

As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista

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À s vésperas da virada de 2016/17, no artigo Para ter um Feliz Ano Novo, neste mesmo espaço, dizíamos o seguinte: “Se 2016 termina como ano

para se esquecer, 2017 amanhece com perspectivas de confirmar o provérbio de que, depois da tempestade, vem a bonança. Ou, pelo menos, há no horizonte sinais de que o mar estará, no ano vindouro, mais favorável à navegação, permitindo vislumbrar o início da sonhada retomada do crescimento econômico, freio à bancarrota de empresas País afora e ao desemprego. Afinal, estamos diante de números assustadores: 130 mil empresas fechadas e 12 milhões de empregos pulverizados.”

Agora, esperando 2018 chegar, se não alcançamos o melhor dos mundos, certamente temos bem mais mo-tivos para otimismo em meio à severa crise econômica que atingiu o Brasil, mas que tem seus malefícios aos poucos sendo debelados. A rigor, a economia parou de cair e já não estamos mais em recessão, como reconhece o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), na reportagem de capa desta edição da Goiás Industrial. Embora timidamente, o mercado de trabalho se recupera e enfrenta as estatísticas que chegaram ao patamar de 13 milhões de pessoas sem emprego, mesmo que com forte contribuição de atividades informais e por conta própria.

A queda da taxa básica de juros pela metade trará benefícios a médio prazo ao mercado, assim como a in-flação mais baixa, ao impulsionar a renda.

Em 2017, mesmo a trancos e barrancos, em razão dos reflexos da crise política no ambiente de negócios, houve avanços significativos – históricos até –, com a aprovação da reforma trabalhista que moderniza legislação de mais de 70 anos, a terceirização, que desengessa o mercado de trabalho, ambas trazendo a expectativa de crescimento econômico e aumento na geração de empregos e renda. Igualmente relevante foi a entrada em vigor da PEC do

teto dos gastos públicos, essencial para o reequilíbrio das contas do governo.

Afinal, são essas mudanças que faltavam no País, em meio ao avanço da tecnologia que ampliou o leque de profissões e atividades, entre as que surgiram ou se reinventaram, revolucionando a forma de se produzir, de trabalhar e de se comunicar. Ou seja, faltava a legislação se modernizar. Agora, porém, o trabalho contemporâneo terá lugar na legislação brasileira. Sem reduzir ou eliminar os direitos básicos do trabalhador, a nova lei prestigia o diálogo entre empresa e empregado para que, de comum acordo, definam condições e rotinas de trabalho que sejam mutuamente benéficas.

Há, por fim, a perspectiva de avanço da reforma da Previdência, inadiável e indispensável para sua adequação ao novo perfil da população brasileira, que envelhece muito rapidamente, para garantir o equilíbrio das contas do sistema e assegurar o pagamento das aposentadorias e pensões para todos os trabalhadores. Entre os vários pontos, é salutar a equiparação dos servidores públicos aos empregados da iniciativa privada. Em resumo, a reforma é outro fator decisivo para o crescimento da economia.

OPINIÃO

“Agora, esperando 2018 chegar, se não alcançamos o melhor dos mundos, certamente temos bem mais motivos para otimismo em meio à severa crise econômica que atingiu o Brasil, mas que tem seus malefícios aos poucos sendo debelados.”PEDRO ALVES DE OLIVEIRA, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e do Conselho Deliberativo do Sebrae Goiás

Otimismo sustentável

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D A I N D Ú S T R I ADENTROPOR

ACADEMIA NO TRABALHO / Parceira do Sesi em diversas ações voltadas à saúde e qualidade de vida de seus colaboradores, a Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos (Complem) inaugurou, no dia 27 de outubro, o Centro Sesi de Readaptação Profissional e Fortalecimento Muscular, completa estrutura em equipamentos e profissionais de educação física onde serão atendidos 540 trabalhadores. Além de atividades comuns a uma academia, como musculação, hidroginástica e natação, o novo espaço irá promover a reinserção do trabalhador afastado por motivos de saúde. A inauguração (foto) contou com presença do superintendente do Sesi, Paulo Vargas, do presidente Complem, Euclécio Dionízio de Mendonça, do presidente do Sindileite, Joaquim Guilherme Barbosa de Souza, entre outros.

SENAI E IEL, OS MAIS LEMBRADOS / Em festa no Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás (UFG), o Senai e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) receberam, no dia 26 de outubro, troféus como marcas mais lembradas, respectivamente, nos segmentos Curso Profissionalizante e Entidades de Encaminhamento de Estágio em Goiânia, segundo a pesquisa Pop List, do jornal O POPULAR. Na 25ª edição, a promoção premiou 56 empresas em 61 segmentos. Realizado anualmente pelo Instituto Verus, o estudo de mercado mede o grau de fixação na mente do consumidor das marcas de produtos e empresas de diversos segmentos econômicos. Com a conquista, as instituições do Sistema Fieg consolidam a liderança no ranking – o Senai, com 21,5% de share of mind, marca presença pelo 10º ano consecutivo na pesquisa e o IEL, com 14,0%, pela 5ª vez. O Senai já havia garantido, este ano, o 1º lugar no Pop List também em Rio Verde, pela 8ª vez.

Fotos: Alex Malheiros

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// Dehovan Lima

AÇÚCAR / O presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira, cumprimenta Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente do Grupo Jalles Machado, durante a inauguração, em Goianésia, dia 11 de outubro, da Fábrica de Açúcar Segundo Braoios Martinez. Um investimento de R$ 80 milhões, por meio de financiamento do BNDES, a nova planta industrial tem capacidade para produzir até 140 mil toneladas de açúcar por ano e deve gerar 100 empregos diretos, que se somarão aos 3,5 mil postos nas duas unidades em Goianésia. A outra é a unidade Jalles Machado, que produz etanol, açúcar, levedura, saneantes e energia elétrica.

PÓDIO VERDE E AMARELO / O Brasil se mantém na elite da educação profissional do mundo. Com um total de 34.901 pontos, o País ficou em 2º lugar geral na maior competição de profissões técnicas do planeta, a WorldSkills. Os russos foram os campeões, com 35.461 pontos. Entre os dias 15 e 18 de outubro, mais de 1.200 jovens de 68 países competiram em 52 ocupações do setor industrial e de serviços em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A delegação brasileira foi composta por 56 competidores, 51 alunos e ex-alunos do Senai e 5 do Senac, que disputaram em 50 ocupações. Na edição anterior da WorldSkills, em 2015, em São Paulo, o País ficou em primeiro lugar.

“Resultado em Abu Dhabi reforça a excelência do Senai e mantém o Brasil na elite da educação profissional.”

Pedro Alves de Oliveira, que acompanhou a delegação brasileira vice-campeã na WorldSkills (foto), copa do mundo das profissões técnicas, disputada em Abu Dhabi, onde também participou do 1º Encontro Brasil-Emirados Árabes Unidos.

NEGÓCIOS TECNOLÓGICOS / A Fieg realizou no dia 31 de outubro, na Casa da Indústria, a 2ª Mostra de Tecnologia para Negócios, que reuniu empresários e universidades de campos variados, como engenharia, cosméticos, alimentos e bebidas, medicamentos e outras áreas, para discutir vantagens e possibilidades de inovação do setor tecnológico. Os participantes assistiram a palestras, com temas como temas como Indústria 4.0, Estratégias e Instrumentos de Apoio à Inovação Ciclos Permanentes de Reinvenção do Negócio. Houve ainda balcões de negócios com oferta de soluções tecnológicas para as empresas e apresentações de pesquisas e experiências das universidades.

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PARCERIA FIEG-PUC POTENCIALIZA ESTÁGIO NA CONSTRUÇÃO / A Fieg e a PUC Goiás lançaram, dia 30 de outubro, na Casa da Indústria, o Projeto Aprimore, destinado a incentivar a criação de vagas de estágios regulares e estágios de férias para estudantes dos cursos de engenharia. A iniciativa envolve parceria entre a Câmara da Indústria da Construção (CIC) da Federação, a Escola de Engenharia da Universidade e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), firmada com presença do reitor da PUC Goiás, Wolmir Amado, e da pró-reitora Milca Severino Pereira.

PRÊMIO AOS MAIS PRODUTIVOS / Na Casa da Indústria, o diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Igor Montenegro, entrega ao empresário Nilo de Passos, da Nativa Alimentos, troféu conquistado pela indústria, uma das três vencedoras do 1º Prêmio Senai de Produtividade. Destinada a reconhecer os cases de sucesso de indústrias atendidas pelo Brasil Mais Produtivo, programa do governo executado desde o ano passado pela instituição, a iniciativa destacou ainda a indústria de calçados Goyazes e a Tecmarques, além de consultores dos Institutos Senai de Tecnologia em Automação Industrial e de Alimentos e Bebidas, em Goiânia. Na ocasião, Montenegro anunciou aporte de R$ 1,5 milhão na 2ª fase do Programa Brasil Mais Produtivo, que será focada nas áreas de tecnologia e inovação.

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LOJA CONCEITO DA M.POLLO MARCA ENTRADA DO GRUPO MPL NO VAREJO / Case de sucesso no segmento de confecções, a indústria M.Pollo começa por Goiânia incursão direta no varejo, ao inaugurar, em outubro, no Flamboyant Shopping Center, sua primeira loja conceito – espaço para sessões de autógrafos, pocket shows e até um bar. A marca de moda masculina do Grupo MPL, com três unidades em Aparecida e uma no Paraná, também investiu na ampliação do parque fabril, com foco no e-commerce, aberto em novembro, e prevê ainda o lançamento de mais duas lojas em 2018 e a adoção do franchising a partir de 2019. A ideia é chegar a 2025 com cem franquias. A matriz do Grupo MPL, em Aparecida, é responsável pela confecção de mais de 2 milhões de peças/ano, com o símbolo do Besouro, Paco e Paco Kids. A companhia, fundada em 1992 por Marco Aurélio Martins e Paulo Lobo Júnior, em um pequeno prédio de 70 m² em Goiânia, hoje conta com mais de 20 mil m² de área construída.

�� Paulo Lobo de Araújo Jr, André Ribeiro, gerente nacional de vendas, e Marco Aurélio Martins inauguram loja conceito da M.Pollo no Flamboyant Shopping Center

Fotos: Cristiano Borges

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Em balanço preliminar, em torno de duas centenas de empresas, 14 representações de embaixadas e

cinco embaixadores da América Latina e da região do Caribe participaram ativa-mente do 5º Encontro Internacional de Comércio Exterior (Eice), promovido no início de novembro pela Fieg, por meio de seu Conselho Temático de Comércio Exterior (CTComex) e Centro Interna-cional de Negócios (CIN), e pelo Sebrae Goiás. Rodada de negócios realizada no mesmo dia colocou frente a frente nove compradores em potencial das Américas Central e do Sul, da Europa e África e 40 empresas goianas dos setores de alimentos, bebidas e cosméticos, que protagonizaram 144 reuniões, com perspectiva de bater o martelo nos próximos meses.

Com apoio ainda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Apex Bra-sil, do governo do Estado e dos Correios, o encontro faz parte da estratégia desenhada pela Fieg para estimular e capacitar as em-presas goianas a literalmente abrir novas fronteiras, acumulando competência para internacionalizar seus negócios.

“A Fieg busca incentivar os empre-sários de Goiás a ir atrás de parcerias e oportunidades além de nossas fronteiras”, afirma Pedro Alves de Oliveira, presidente da federação. Para isso, a Fieg e o CIN ofe-recem serviços de assessoria e consultoria na área internacional, além de articular missões empresariais a outros mercados. Neste ano, destaca Pedro Alves, CIN e Fieg organizaram rodadas de negócios com

países das Américas do Sul, do Norte, da Europa e do Oriente Médio.

Emílio Bittar, presidente do CTCo-mex, igualmente destaca o esforço de-senvolvido para formar competências em comércio exterior e fomentar os negócios internacionais de forma a ampliar a base exportadora do Estado. “Nos últimos dois anos de crise, empresas com participação no comércio global conseguiram sustentar seus negócios”, diz ele. Mas para que esse processo seja ampliado, defende Bittar, a política cambial deve buscar um mínimo de estabilidade, desestimulando “variações absurdas” do câmbio que acabam torpede-ando qualquer tentativa de incrementar a internacionalização das empresas.

Oportunidade paraguaiaResultado da Missão Comercial ao

Cone Sul, realizada pelo governo de Goiás em setembro deste ano, a Fieg realizou, em outubro, o Seminário Paraguai Parceria Estratégica para a Competitividade da Indústria Goiana. O diretor de Promoção de Investimentos do país vizinho, Carlos

Paredes Astigarraga, falou das facilidades oferecidas para investimentos. “Temos uma plataforma fantástica para oferecer a outros mercados do mundo. O Paraguai é campeão em custos baixos e uma platafor-ma para empresas que desejem exportar”, ressaltou Astigarraga.

Para o presidente da Fieg, Pedro Alves, investir no Paraguai é uma forma de expandir os negócios goianos para o mundo. “Uma empresa pode colocar um pé lá e outro aqui, o que vai facilitar o inter-câmbio comercial com os Estados Unidos e com outros países. Não queremos que as indústrias daqui vão para lá, mas que haja o aproveitamento de oportunidades”, destacou.

Posteriormente, o embaixador do Pa-raguai no Brasil, Manuel María Cáceres, foi recebido, dia 16 de novembro, na Casa da Indústria, em encontro para tratar de possibilidades de intercâmbio comercial, principalmente nos setores têxtil, calçadis-ta e de alimentos, além do avanço do eixo rodoviário que liga o Centro-Oeste brasi-leiro ao Paraguai, Chile e à Argentina.

COMÉRCIO EXTERIOR

�� Rodada de negócios: 40 empresas goianas, entre elas a AlcaFoods, e nove compradores estrangeiros abrem negociações para futuras operações

Novos negócios a caminhoQuinta edição do Encontro Internacional de Comércio Exterior reúne 250 participantes, entre embaixadores, empresas estrangeiras e goianas

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ENTREVISTA | SYLVIA LORENA, GERENTE EXECUTIVA DE RELAÇÕES DO TRABALHO DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI)

O novoMARCO

Goiás Industrial – De que forma os sindicatos e a indústria em geral estão se preparando ou deveriam estar se pre-parando para a nova legislação trabalhista, que entra em vigor em novembro?

Sylvia Lorena – A lei que entra em vigor no dia 11 de no-vembro sem dúvida é de fato um novo marco para as relações do trabalho. Acho que os sindicatos estão se preparando e esse momento, entre a publicação da lei até sua data de entrada em vigor, foi importante exatamente para dar esse espaço para as empresas, para os sindicatos, para os trabalhadores conhecerem a nova legislação. Acredito que os sindicatos, especialmente os da indústria, estão fazendo isso, conhecendo (a lei) e passando informações corretas, especialmente para poder ajudar as em-presas em relação a esse novo marco.

Goiás Industrial – Na visão da CNI, além da preponderância do negociado sobre o legislado, quais as principais mudan-ças que a reforma trabalhista contempla?

Sylvia Lorena – Acho que o principal foco realmente é o da negociação coletiva, que é esse reconhecimento e valorização da negociação coletiva, trazendo aí a regra de que o negociado vale sobre o legislado pelo período que foi combinado e nos termos acertados entre as partes, observando as balizas da própria lei. Mas eu acho que também há outros pontos muito positivos, como o fato de que essa lei acaba regulamentando formas de contratos de trabalho que já existiam na prática, mas que não tinham uma regu-lamentação, a exemplo do teletrabalho, do trabalho intermitente, e deu uma nova regra ao trabalho em tempo parcial, que já estava na lei, mas a legislação atualizou, deu um novo regramento. Ela

A lei trabalhista que entrou em vigor no dia 11 de novembro define um “novo marco” para as relações entre empregados e empresas, segundo Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nesta entrevista à Goiás Industrial, ela destaca os principais pontos da legislação, mostra que os sindicatos da indústria já se preparam para ajudar as empresas a operar sob esse novo marco e considera que a lei deverá fortalecer a estrutura sindical no País. Além da prevalência do negociado sobre o legislado, Sylvia destaca a regulamentação de contratos que já existiam na prática, mas não tinham abrigo na legislação, a exemplo do teletrabalho e do trabalho intermitente, bem como o novo tratamento dado ao trabalho em tempo parcial.“Ela ampliou também o espaço para negociação individual, ou seja, para aqueles trabalhadores que percebam mais do que dois salários acima do teto e tenham nível superior. Ampliou o espaço para negociação direta com seu empregador”. A seu ver, “o grande mérito dessa lei é que, como ela tem como alicerce a aproximação do trabalhador e da empresa, vai permitir que, juntos, possam ajustar condições de trabalho específicas”.

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“O GRANDE MÉRITO DESSA LEI É QUE, COMO ELA TEM COMO ALICERCE A APROXIMAÇÃO DO TRABALHADOR E DA EMPRESA, ELA VAI PERMITIR QUE, JUNTOS, POSSAM AJUSTAR CONDIÇÕES DE TRABALHO ESPECÍFICAS”

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ampliou também o espaço para nego-ciação individual, ou seja, para aqueles trabalhadores que percebam mais do que dois salários acima do teto e tenham nível superior. Ampliou o espaço para negociação direta com seu empregador.

Goiás Industrial – Quais impactos isso vai trazer no dia-a-dia da empre-sa, seja em relação a custos, seja em relação à parte burocrática?

Sylvia Lorena – O grande méri-to dessa lei é que, como ela tem como alicerce a aproximação do trabalhador e da empresa, vai permitir que, juntos, possam ajustar condições de trabalho específicas. Isso vai ajudar a empresa a organizar melhor seu processo produtivo, para atender a determinada demanda. Ela é também uma lei mais clara, mais moderna, que traz regras mais objetivas e vai contribuir para maior segurança jurídica. E a segurança jurídica, por sua vez, contribui para um ambiente de negócios mais favorável e isso acaba contribuindo para maior competitividade e para a geração de mais empregos.

Goiás Industrial – Como a CNI avalia essa movimentação de procuradores e juízes do Trabalho que expressam a decisão de não aplicar os dispositivos da nova lei?

Sylvia Lorena – Veja, a lei está posta, a lei está aí e vai entrar em vigor no dia 11 de novembro. Esperamos que ela seja aplicada nos termos em que ela está posta, ou seja, exatamente como está descrito na lei. As divergências são naturais, mas é importante que todos da sociedade, trabalhadores, empresas, os aplicadores do direito, a Justiça do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho busquem aplicar a lei na forma em que ela está posta, na forma em que foi apresentada para que efetivamente seja alcançado o objetivo da lei, que é essa aproximação do trabalhador e da em-presa, trazendo maior segurança jurídica, prevenindo e reduzindo conflitos que hoje tramitam na Justiça do Trabalho.

Goiás Industrial – A visão do setor é de que deverá ocorrer redução nesses conflitos, no número de ações trabalhistas?

Sylvia Lorena – A lei tem pontos positivos e traz ferramentas que podem sim contribuir para diminuir os conflitos, quando ela valoriza o diálogo, reconhece que as partes podem negociar condições de trabalho específicas, quando traz a arbitragem, sendo possível, para utilizar no Direito do Trabalho, quando permite que a empresa e o trabalhador possam anualmente fazer

a quitação de parcelas perante o sindicato. Quanto mais diálogo, quanto mais se trabalha na pre-venção de conflitos e quanto mais você tem uma regra clara e objeti-va, maiores as chances de você ter menos conflitos. A CNI acredita, sim, que haverá diminuição dos conflitos na área trabalhista com essa nova lei.

Goiás Industrial – Há dispositi-vos da lei que podem dificultar o acesso à Justiça do Trabalho, como tem sido comentado, por

exemplo, em relação aos custos de sucumbência?Sylvia Lorena – Não, de jeito nenhum, porque o acesso à

Justiça está previsto em dispositivo constitucional. Então, todos têm livre acesso à Justiça. Se se sentiu prejudicado, pode ir à Justiça e pode questionar. Não há nenhum tipo de limitação e não há qualquer tipo de amarra na lei. O que a lei trouxe foram requisitos que já existem em outras justiças, a exemplo dos honorários de sucumbência, a previsão da litigância de má-fé. Ou seja, se eu peço alguma coisa por má-fé, vou ser responsável por isso e poderei pagar ali uma multa. Então, o que a lei fez foi trazer contornos para o processo do trabalho que já existem em outras justiças. Mas em nenhum momento isso significa limitação de acesso do trabalhador à justiça trabalhista.

Goiás Industrial – Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, o economista Marcos Lisboa questiona se há evidências, hoje, de que trabalhadores que negociam com mais liber-dade o contrato de trabalho enfrentam condições piores no emprego. Há estudos a esse respeito?

Sylvia Lorena – Na verdade, temos pesquisas que demons-tram que o trabalhador quer ter mais liberdade em suas regras, em suas rotinas de trabalho. A CNI fez uma pesquisa, juntamente com o Ibope, divulgada no início do ano, que mostra que mais de 70% dos trabalhadores querem trabalhar em casa. E mais de 70% dos trabalhadores querem poder facionar suas férias em até três vezes. Então, o que na verdade nós temos são pesquisas que mostram a vontade dos trabalhadores em participar da elaboração das regras que vão reger sua vida laboral.

Goiás Industrial – Apenas para deixar bem claro, há algu-mas normas que não poderão ser alteradas na negociação coletiva. Quais são esses direitos?

ENTREVISTA | SYLVIA LORENA

“ESSA LEI ACABA REGULAMENTANDO FORMAS DE CONTRATOS DE TRABALHO QUE JÁ EXISTIAM NA PRÁTICA, MAS QUE NÃO TINHAM UMA REGULAMENTAÇÃO, A EXEMPLO DO TELETRABALHO, DO TRABALHO INTERMITENTE, E DEU UMA NOVA REGRA PARA O TRABALHO EM TEMPO PARCIAL”

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Sylvia Lorena – A lei deixa muito claro que alguns direitos trabalhistas não podem ser objeto de negociação coletiva para reduzir ou suprimir direitos. Esses dispositivos repetem todos os direitos inscritos na Constituição Federal, ou seja, décimo terceiro salário, férias, INSS, licença-maternidade, licença-paternidade, aposentadoria, remuneração do trabalho noturno superior ao do diurno, o adicional das horas extras, entre tantos outros.

Goiás Industrial – Em relação à terceirização, que não está na nova lei trabalhista, mas numa legislação específica, ainda há uma crítica em relação à precarização das rela-ções de trabalho dentro das empresas, especialmente em relação a diferenças salariais entre contratados diretos e terceirizados. Qual a avaliação da CNI em relação a isso, já com esse dispositivo em vigor?

Sylvia Lorena – Acho que a primeira coisa a ser dita é que terceirização não é sinônimo de precarização. Precarização é você ter trabalhadores na informalidade, que não têm sua carteira de trabalho assinada, que não fazem jus aos direitos que estão

arrolados na Constituição, ou na legislação trabalhista, ou nas normas de segurança e saúde do trabalho. Na terceirização, os trabalhadores, terceirizados ou não, são iguais e todos têm direito ao que está previsto na legislação. Estão todos sob o manto da legislação. Então não há que se falar que trabalhador terceirizado é um trabalhador precarizado. A lei veio trazer mais proteção tanto para as empresas quanto para os trabalhadores. Primeiro quando acaba com a dicotomia entre atividade fim e atividade meio, porque aquilo que a empresa vai fazer por conta própria ou contratar de um terceiro faz parte de sua estratégia de negócios. E a lei foi muito prudente ao trazer a proteção dos trabalhadores para dizer assim: olha, trabalhador, se sua empresa, aquele que é seu real empregador, não arcar com suas obrigações trabalhistas, aquela empresa que, mesmo que indiretamente, usufruiu da sua força de trabalho, ela vai ser responsável pelo seu pagamento. Ou seja, se a empresa contratada não pagar seus trabalhadores, o contratante passa a ser responsável. Então, esses trabalhadores terceirizados pela lei passam a ter dupla proteção. Ele está mais protegido ainda do que aquele trabalhador que trabalha direta-

�� Sylvia Lorena fala a empresários goianos, na Casa da Indústria, durante workshop O que Muda com a Nova Lei Trabalhista

Alex Malheiros

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mente com o empregador e não presta serviço para nenhuma outra empresa.

Goiás Industrial – De volta à nova legislação trabalhista, como vai funcionar o trabalho intermitente e o temporário? As críticas têm procedência quando falam novamente em risco de precarização do emprego?

Sylvia Lorena – Em relação ao trabalho intermitente, não havia na legislação previsão específica para essa modalidade de contrato. Mas é uma modalidade que já existia, que são aqueles trabalhadores que trabalham com subordinação, ou seja, efeti-vamente deveriam ser empregados, ter sua carteira de trabalho assinada, mas como não havia previsão legal, acabavam ficando sob o manto da insegurança, desprotegido da legislação. São aquelas pessoas que trabalham numa feira aos finais de semana, os garçons que trabalham em restaurantes na sexta e no sábado. E o que é essa nova modalidade de contrato de trabalho? É aquela no qual a prestação de serviço é com subordinação, mas não é contínua, ou seja, ela ocorre com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade. É uma característica da

própria atividade. Então não há precarização. O trabalhador tem de ser convocado com três dias de antecedência e pode inclusive se recusar caso tenha outro compromisso e não possa atender à demanda. A recusa dele não vai descaracterizar a subordinação e nem uma violação ao contrato de trabalho, isto está previsto na lei. O que essa modalidade de contrato vai fazer é trazer quem está na informalidade para a formalidade.

Goiás Industrial – Os dados complementares da Pesquisa por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC) do IBGE, refe-rente a 2016, mostra queda na sindicalização no mercado de trabalho. Isso pode influenciar ou dificultar a negociação co-letiva sob o ponto de vista dos sindicatos de trabalhadores?

Sylvia Lorena – Essa nova legislação vai ser inclusive uma oportunidade para que os sindicatos se fortaleçam. Por quê? Porque na medida em que o negociado vai se sobrepor à lei, é natural que os trabalhadores, assim como as empresas – porque os sindicatos existem dos dois lados –, cobrem mais das entidades que os representam. Com essa nova lei, acredito que os sindica-tos de um modo geral têm oportunidade de se tornarem mais

“TRABALHADORES TERCEIRIZADOS PELA LEI PASSAM A TER DUPLA PROTEÇÃO. ELE ESTÁ MAIS PROTEGIDO AINDA DO QUE AQUELE TRABALHADOR QUE TRABALHA DIRETAMENTE COM O EMPREGADOR E NÃO PRESTA SERVIÇO PARA NENHUMA OUTRA EMPRESA”

ENTREVISTA | SYLVIA LORENAAlex Malheiros

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representativos e de aumentar seu número de associados, porque essas entidades, efetivamente, agora vão ter papel fundamental na vida dos trabalhadores e das empresas.

Goiás Industrial – A negociação coletiva vai se dar pre-ferencialmente entre sindicatos ou entre empresas e trabalhadores?

Sylvia Lorena – Ela pode se dar das duas formas. A lei prevê duas modalidades, que são o acordo coletivo e a convenção coletiva. Os sindicatos de trabalhadores sempre vão ter de estar presentes na negociação coletiva, é obrigatório. No acordo cole-tivo, quem negocia é o sindicato dos trabalhadores e a empresa ou empresas. Na convenção coletiva, negociam os sindicatos dos trabalhadores e os sindicatos das empresas de cada catego-ria econômica. Essa é a diferença. Mas as duas modalidades de negociação têm prevalência sobre a lei, e o acordo, como é mais específico, tem prevalência também sobre a convenção coletiva. Mas é fundamental, ainda na convenção coletiva, que as empresas procurem seus sindicatos para que eles possam ajudá-las nessa negociação e na elaboração do instrumento coletivo.

Goiás Industrial – Um tema que está na ordem dia, em fun-ção de uma portaria do Ministério do Trabalho, é a questão do trabalho escravo. Na visão da CNI, que divulgou nota de apoio à portaria, como deveria ser qualificado o trabalho escravo?

Sylvia Lorena – A CNI é radicalmente contra o traba-

lho escravo, atua pela erradicação do trabalho escravo. Agora, é importante que se tenha uma definição mais precisa do que é trabalho escravo para que se tenha segurança. Uma irregularidade administrativa, uma ausência de carteira de trabalho assinada, horas extras feitas além do limite legal, enfim, uma irregularidade administrativa não pode ser confundida com trabalho escravo. A CNI não defende o trabalho escravo, ao contrário. Ela defende a erradicação do trabalho escravo como pauta prioritária. Mas é importante que se tenha segurança jurídica nos conceitos a respeito desse tema.

“PRECARIZAÇÃO É VOCÊ TER TRABALHADORES NA INFORMALIDADE, QUE NÃO TÊM SUA CARTEIRA DE TRABALHO ASSINADA, QUE NÃO FAZEM JUS AOS DIREITOS QUE ESTÃO ARROLADOS NA CONSTITUIÇÃO, OU NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, OU NAS NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO”

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O s sindicatos da indústria têm seguido agenda intensa de preparação para a nova legislação trabalhista que entrou em vigor no dia 11 de novembro. Há dúvidas ainda, es-

pecialmente sobre os formatos de financiamento da atividade sindical daqui em diante. Mas lideranças do setor entendem que as mudanças nessa área deverão contribuir para gerar ambiente de negócios mais favorável às empresas.

Diretor executivo do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Goiás (Simelgo), Orizomar Araújo Siqueira ressalva que “não se trata de nova lei e sim de modernização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943”. A Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, alterou 117 artigos entre os 922 da CLT, incluindo “dispositivos que previam contribuições sindicais compulsoriamente pagas pelas empresas aos sindicatos a que pertencem”, comenta Siqueira. Sem fonte de receitas nitidamente estabelecidas em lei, continua ele, “o sindicato ficará de pés e mãos atados”.

Ele espera que a regulamentação da lei ou alguma medida provisória possa contemplar novos meios de contribuição para os sindicatos, “sob pena de inviabilizá-los, ao contrário do que se pretende, que é fortalecê-los”, até para que possa ser exercido em toda sua extensão o princípio inscrito na nova lei, segundo o qual vale o negociado sobre o legislado. Sem isso, a alternativa será convocar uma assembleia geral com todos os representantes legais das empresas para aprovação de nova contribuição, ainda que voluntária, “sob pena de sucumbência de seu sindicato, jogando por terra todo o avanço duramente conquistado ao longo de 70 anos”.

Os sindicatos das Indústrias de Alimentação de Anápolis (SindAlimentos) e da Construção e do Mo-biliário de Anápolis (Sicma) estão preocupados em buscar alternativas para o fim da contribuição sindical obrigatória, enquanto tentam se adequar à nova lei traba-lhista. Wilson de Oliveira, presidente do SindAlimentos, também acredita que as entidades sindicais terão de encontrar novos caminhos para se financiar, mas acha que a reforma tende a fortalecer o sindicalismo patronal.

“Teremos de construir uma unidade ainda maior dentro de nosso setor, para que possamos chegar fortes nas rodas de negociações das convenções coletivas de

trabalho. A união do empresariado, mais do que nunca, deverá ser fortalecida”, afirma Oliveira. Ele observa que o SindAlimentos, como os demais sindicatos que representam a indústria goiana, estão atentos e acompanhando o que vai acontecer no pós-reforma trabalhista. “Uma coisa é certa: temos de buscar um sindicalismo mais profissional e antenado com os anseios do empresariado”, resume.

Anastácios Apostolos Dagios, presidente do Sicma, afirma que para o sindicato sempre foi muito clara a necessidade de au-mentar seu portfólio de serviços às empre-sas e aos trabalhadores do setor, como forma de buscar alternativas de receita ao fim da contribuição sindical obrigatória, que agora passará a ser voluntá-ria. O sindicato vem trabalhando a im-plantação do Serviço Social da Construção Civil (Seconci-Aná-polis), que vai ser uma

REFORMA TRABALHISTA

Força aos sindicatosModernização trabalhista vai exigir que entidades sindicais ganhem musculatura para melhor representar os interesses do setor empresarial

�� Wilson de Oliveira: “Teremos de construir uma unidade ainda maior dentro do nosso setor, para que possamos chegar fortes nas rodas de negociações”

�� Orizomar Araújo Siqueira: sem fonte de receitas estabelecidas em lei, “o sindicato ficará de pés e mãos atados”

�� Anastácios Apostolos Dagios: instalação do Seconci em Anápolis será como um “cartão de visitas” para manter e atrair associados

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espécie de “cartão de visita” para manter e atrair novos filiados. A tendência, diz, é que a entidade tenha cada vez mais um perfil mais associativista, sem deixar de lado sua função principal de atuar nas convenções coletivas de trabalho com a representação laboral. Dagios avalia que a representação empresarial deve se fortalecer para defen-der seus interesses, uma vez que a regra do acordado sobre o legislado exigirá muito de ambas as partes nas negociações futuras.

O Sicma acompanhou de perto os de-bates que ocorreram em torno da reforma trabalhista em vários fóruns, incluindo o Conselho de Assuntos Legislativos da CNI, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a própria Fieg, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia) e, internamente, este foi também assunto recorrente nas reuniões de diretoria. Mas Dagios pondera que é preciso avaliar como as novas regras da reforma irão funcionar na prática.

ACERTOS PARA CONVENÇÕES COLETIVAS

O Sindicato das Indústrias de Alimen-tação no Estado de Goiás (Siaeg), presidido pelo empresário e ex-deputado Sandro Mabel, realiza desde maio eventos para debater o que ainda era uma proposta de alteração da CLT e continua acompanhan-do as mudanças incorporadas à legislação trabalhista pela reforma. “No final do mês de maio, o sindicato realizou a vídeocon-ferência Modernização Trabalhista – Cenários e Perspectivas, com a executiva de Relações do Trabalho na CNI, Sylvia Lorena Teixeira de Souza, que respondeu todas as dúvidas de nossos associados”, detalha Mabel.

“Os membros do sindicato estão fa-zendo cursos e conversando com advoga-dos para estarem preparados para ajudar a tirar todas as dúvidas e orientar a aplicação da nova legislação. O Siaeg ressalta que as mudanças representam segurança jurídica

para quem contrata e adequação legislativa à realidade do mercado de trabalho”, acres-centa o presidente do sindicato.

Os sindicatos da Indústria de Fabri-cação de Etanol (Sifaeg) e de Fabricação

do Açúcar do Estado de Goiás (Sifaçú-car) preparam-se para enfrentar a pró-xima negociação coletiva da categoria, que tem data-base em março de 2018, já sob a vigência da Lei 13.467. “O setor já iniciou a preparação para o processo de negociação, pois entende ser essencial avaliar a conveniência de aditamento das convenções coletivas e iniciar as negocia-ções o quanto antes, concluindo-as antes da nova data-base”, afirma André Rocha, presidente executivo do Sifaeg/Sifaçúcar. Por sua relevância, o tema continua como pauta permanente da diretoria daqueles sindicatos, que deverão realizar mais um workshop sobre a reforma.

Criado há dez anos, o Comitê Te-mático de Recursos Humanos do Sifaeg/Sifaçúcar, formado por representantes das usinas de açúcar e etanol, reúne-se periodicamente para discutir questões relacionadas à legislação trabalhista, fisca-lização e normas reguladoras, entre outras, além de conduzir tratativas no âmbito das convenções coletivas.

Em setembro, a reforma e seus efeitos foram debatidos em workshop com par-ticipação de 32 empresas associadas aos sindicatos do setor. Na sequência, foi su-gerido que cada empresa criasse um grupo multidisciplinar para avaliação mais deta-lhada dos principais temas abrangidos pela reforma e impactos sobre o setor, incluindo pontos relevantes, em especial aqueles que podem ser objeto de negociação coletiva.

O Sindicato das Indústrias de Pani-ficação e Confeitaria no Estado de Goiás (Sindipão), segundo seu presidente Luiz Gonzaga de Almeida, realizou em se-tembro reunião setorial com o gestor do Conselho Temático das Relações do Tra-balho da Fieg, Nelson Anibal Lesme Orué, depois de ter participado do workshop O que Muda com a Nova Lei Trabalhista, promovido pela Fieg, com presença dos especialistas Sylvia Lorena, gerente exe-cutiva de Relações do Trabalho da CNI, e Rafael Lara Martins, advogado trabalhista.

�� André Rocha: “O setor já iniciou a preparação para o processo de negociação para aditamento das convenções coletivas”

�� Sandro Mabel: “Mudanças representam segurança jurídica para quem contrata e adequação legislativa à realidade do mercado de trabalho”

�� Luiz Gonzaga de Almeida: “Na atual conjuntura econômica, capital e trabalho têm a responsabilidade de construir normas de sobrevivência”

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Em outubro, em nova rodada de dis-cussões, o sindicato coletou sugestões apre-sentadas ao sindicato dos trabalhadores no setor para um termo aditivo à convenção coletiva que entrou em vigor no mesmo dia 11 de novembro. “Com esse termo aditivo que estamos gestando, com certeza iremos pontuar junto à classe empresarial do setor em todo o País e também com outros sin-dicatos. Na atual conjuntura econômica, capital e trabalho têm a responsabilidade de construir normas de sobrevivência”, afirma Almeida.

Olavo Martins Barros, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Goiás (Sinpro-cimento), afirma que a entidade já está adequando a convenção coletiva do setor, negociada em novembro, aos novos mar-cos da lei trabalhista. “Como as convenções coletivas de trabalho passam a ter validade de lei, estamos adequando a nossa para que tanto os empresários quanto os tra-balhadores sejam contemplados de forma justa”, diz Barros.

REVOLUÇÃO NA ESTRUTURA SINDICAL

O presidente do Sindicato das Indús-trias Gráficas no Estado de Goiás (Sigego), Antônio de Sousa Almeida, antevê ampla reestruturação do movimento sindical, antecipando como consequências pos-síveis “o reagrupamento das entidades, demissões e corte de áreas que não sejam mais fundamentais”. A pauta de discussões do setor deverá contemplar, daqui para frente, diz ele, medidas para “reforçar o papel político dos sindicatos em meio ao sistema, como canal de comunicação entre empresas, trabalhadores e meio político”.

O Sigego tem trabalhado na busca de “autossustentabilidade, ampliando a arrecadação com a oferta de produtos e serviços aos empresários e a administração eficiente dos recursos”, acrescenta Almeida.

Ainda segundo ele, “considerando que os sindicatos poderão realizar acordos, em alguns pontos, que se sobrepõem à própria lei, necessário demonstrar aos filiados a

importância de um sindicato unido, forte e atuante”.

“Esperamos que essas mudanças se-jam positivas e tenhamos novo referencial para as convenções coletivas de trabalho, a partir do dispositivo que estabelece prioridade no acordado sobre o legisla-do, um dos pontos principais da reforma”, afirma Robson Peixoto Braga, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Aná-polis (Simmea). Ele avalia, no entanto, que levará algum tempo para que empresários e trabalhadores possam avaliar melhor o impacto de todas as mudanças.

O Simmea já havia iniciado, antes mesmo da reforma, o debate sobre estra-tégias para fortalecer sua representação. “A principal delas é ter boa gestão, desenvolver um trabalho transparente e estar próximo das demandas das empresas”, argumenta Braga. Ele observa que uma legislação tra-balhista mais flexível é importante. Mas defende medidas urgentes para reduzir o custo elevado do emprego, “que onera empresas e dá margem à informalidade no mercado de trabalho”.

Para a indústria do vestuário, a re-gulamentação da terceirização, sistema tradicionalmente adotado pelas empresas do setor, é um dos pontos principais da reforma trabalhista. Com regras mais cla-ras, entretanto, a expectativa é de que haja melhora no ambiente de negócios, com redução no impacto das ações trabalhistas, segundo avalia o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Anápolis (Siva), Jair Rizzi.

Para o presidente do Siva, a entidade precisa se fortalecer para fazer frente aos novos desafios, sobretudo quanto à ques-tão das convenções coletivas de trabalho. “Temos de caminhar mais unidos na defesa dos interesses de nosso setor e, para isso, é preciso que as empresas valorizem sua representação e tenham participação mais forte”, declara Rizzi.

�� Robson Braga: “Esperamos que essas mudanças sejam positivas e tenhamos novo referencial para as convenções coletivas de trabalho”

�� Antônio Almeida: Sigego busca autossustentabilidade, com oferta de produtos e serviços aos empresários e administração eficiente

�� Jair Rizzi: expectativa de que a reforma possa trazer também redução no impacto das ações trabalhistas para as empresas

REFORMA TRABALHISTA

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Imagine um segmento que consegue, em 15 anos, au-mentar sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) de um Estado, passando de 1% para 28,5%!

Agora, imagine que esse segmento incrementou o PIB sem tomar lugar de outras atividades.

Isso tudo agregando emprego, logística de ponta, sustentabilidade e exportação.

E se eu disser que isso tudo aconteceu no nosso Estado vizinho, Mato Grosso do Sul? E que temos oportunidade única de seguir por projeto semelhante, tornando Goiás um grande player da silvicultura no cenário global?

Essas são as provocações que precisamos levar adiante transformando projetos em ação! E essa ação surge dentro do Plano de Desenvolvimento Florestal do Estado de Goiás, gestado por membros da cadeia da silvicultura com foco em tornar nosso Estado referência nesse setor, que é gigante na economia do Brasil.

A situação da silvicultura em Goiás atualmente en-frenta grandes desafios para crescer e sair das últimas posições em produção nacional, mas o cenário de de-manda que observamos na economia nacional e mundial por derivados de base florestal cria grande oportunidade para impulso a esse futuro promissor.

Temos uma cadeia da base florestal ainda pouco organizada, com exceção da heveicultura, muito bem orquestrada pela Associação dos Produtores de Borracha Natural de Goiás e Tocantins, que realiza um belo trabalho com essa cultura de alta relevância na nossa economia. Já na cadeia do eucalipto e das madeiras nobres, temos um cenário que melhorou de alguns anos para cá, contudo, há muito a ser implementado nas questões de planejamento de plantio, atração de indústrias, logística da cadeia e outros pontos.

O trabalho de entidades como Fieg, Sebrae, Faeg e Embrapa Florestas começa a dar resultados após diagnós-tico do levantamento das florestas em Goiás que aponta para um apagão florestal, principalmente no eucalipto. Isso é grave, pois estamos falando de matriz energética

e uma boa opção para o produtor rural diversificar suas atividades.

Porém, partindo para a oportunidade que falamos anteriormente, temos cenários animadores e precisamos trabalhar nesse foco.

A grande jogada para Goiás seria apostar na geração de energia por usinas termoelétricas movidas à biomassa de eucalipto, fonte sustentável e estruturante na cadeia energética. Essas usinas, se posicionadas estrategicamente em nosso Estado, criarão todo o pacote necessário para o fomento à indústria de base florestal na região em que forem instaladas. O desenvolvimento de arranjos produ-tivos locais de base florestal contará com energia gerada pelas usinas, mão de obra, incentivos fiscais, logística para escoamento e todo apoio para que o produtor possa desenvolver bem sua atividade. Fora os aspectos climáticos e terras aptas para a silvicultura.

Não criaremos absolutamente nada de novo! Apenas usaremos o exemplo de Estados como Mato

Grosso do Sul, Bahia e Espírito Santo, para que Goiás entre forte nesse jogo que tem muito a incrementar em nossa economia.

O momento é de união e ação. E a Fieg apoia e age de forma efetiva e firme nesse caminho, contando assim, com o apoio do nosso presidente Pedro Alves, conselhos temáticos e sindicatos.

A hora é de oportunidades e vamos agarrar a nossa com toda força!

“A grande jogada para Goiás seria apostar na geração de energia por usinas termoelétricas movidas à biomassa de eucalipto, fonte sustentável e estruturante na cadeia energética”MARDUK DUARTE, representante da Fieg na cadeia das indústrias de base florestal e proprietário da Matha Florestal Usina de Tratamento de Madeira de Reflorestamento

Economia de base florestal

ARTIGO

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CAPA | PERSPECTIVAS 2018

Fim da recessão.

E AGORAEconomia parou de cair, assegura comitê. Mas as previsões para 2017 e 2018 mostram atividade “andando de lado” e ainda sob ameaça de turbulências na política, num ano de eleições

Lauro Veiga Filho

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�� Parada no “vale”: economia interrompe trajetória de queda, mas exibe números ainda bastante modestos se comparados a outros períodos

Em reunião ocorrida numa sexta-feira, já nos estertores do mês de outubro, o Comitê de Datação de Ciclos Eco-

nômicos (Codace) concluiu que a recessão que recentemente abateu a economia bra-sileira havia se encerrado no trimestre final de 2016. A entidade, que se autointitula como independente, criada em 2008 “com a finalidade de determinar uma cronologia de referência para os ciclos econômicos brasileiros”, identificou um “vale” no quarto trimestre do ano passado, colocando pon-to final na recessão iniciada no segundo trimestre de 2014, depois de sacrificar a economia ao longo de 11 trimestres e impor retração de 8,6% no Produto Interno Bruto (PIB) no período.

As previsões para o futuro, no entanto, trazem grau de complicação obviamente maior. O cenário político, em ano de elei-ções majoritárias, torna tudo ainda mais nebuloso. “A indefinição da trajetória esperada para a economia é tão robusta quanto a expectativa em relação às eleições.

Entendo que o calendário político vai en-curtar os horizontes do mercado financeiro e tornar mais fácil a compreensão do que está em jogo. As manifestações recentes do ministro Henrique Meirelles (que chegou a considerar publicamente a possibilidade de ser candidato à Presidência) são um indicativo. As pesquisas, outro”, afirma o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

As previsões para 2017 e 2018 embu-tem, sem exceções, dados mais lisonjeiros do que as estatísticas negativas coleciona-das nos últimos anos, mas há dúvidas em relação ao ritmo dessa recuperação, consi-derado desde já bastante tímido em relação aos períodos de saída de crises anteriores, e incertezas ainda maiores quanto à sua consistência ao longo do tempo. Conforme anota o próprio Codace, em seu boletim mais recente, “além de a recessão terminada no quarto trimestre de 2016 ter sido longa e intensa, o comitê avaliou que a recupe-ração tem se mostrado até aqui lenta em

comparação com o padrão observado nas saídas de recessões anteriores”.

As reações do mercado, especialmente quando se considera o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), na ver-são de alguns analistas, poderiam indicar suposto “descolamento” entre a economia e a crise política. Afinal, o Ibovespa acu-mulava alta ligeiramente acima de 15% até a segunda semana de novembro, na comparação com igual período de 2016, superando o abalo causado pela divulgação das gravações de Joesley Batista, do grupo JBS, em meados de maio.

Para Gonçalves, no entanto, “não há descolamento algum” e registra-se tão so-mente “a transição do mercado financeiro da frustração com o ajuste fiscal para a complacência atual em relação à equipe econômica”. Em sua avaliação, a “coinci-dência” entre os movimentos executados pelos mercados com a queda dos juros não é causal, “fazem parte um do outro”.

A queda da inflação, prossegue ele,

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“não se deve à presumida melhora da eco-nomia, foi apenas a diluição dos choques de preços de alimentos, de preços adminis-trados, da taxa de câmbio e da rigidez dos preços dos serviços. Com razoável contri-buição da recessão”. A atividade econômica “mudou de patamar em relação a 2016, mas agora está andando de lado”, sugere Gonçalves.

Ainda que tardia – acrescenta –, a redução operada pelo Banco Central (BC) na taxa de juros básicas, de 10,25% em outubro do ano passado para 7,50% no mesmo mês deste ano, deverá contribuir de forma relevante para a redução nas des-pesas financeiras do governo, influindo ainda na “trajetória do endividamento” (ao reduzir a pressão sobre a dívida pública). De outro lado, os juros mais baixos ajudam a promover o início de “uma leve redução dos juros pagos por empresas e famílias”. Adicionalmente, afirma, a diminuição dos juros “torna outros usos do dinheiro mais rentáveis, sejam imóveis ou ações, seja produzir ou ampliar a capacidade de produzir. Mas isso toma tempo. Como visto, a melhora da economia foi inter-romper a recessão, não entrar em ciclo de crescimento”.

O papel “coadjuvante” dos juros altos

A política monetária (leia-se juros altos e arrocho ao crédito) parece ter cumprido papel coadjuvante na queda da inflação, que saiu das alturas de 10,67% nos 12 meses de 2015, pico de alta dos preços, para apenas 2,70% em igual período de 12 meses terminado em outubro deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No mesmo intervalo, a taxa média de variação dos preços dos alimentos no domicílio, que havia experimentado salto de 12,92% em 2015, respondendo por quase um quinto da inflação anual (exatamente 19,76%), passou

a acumular variação negativa de 5,06% nos 12 meses terminados agora em outubro. A contribuição do setor para a queda da taxa inflacionária ficou em 33,95% naquele mesmo período, graças ao clima extrema-mente favorável, que permitiu a colheita da maior safra da história no País.

A escalada do dólar, com salto de 45% em 2015, e dos preços administrados, que subiram 18,08%, representaram pouco mais de 54% da inflação acumulada na-quele ano, segundo carta endereçada pelo BC ao Ministério da Fazenda para justificar o estouro da meta inflacionária em 2015. Desde janeiro de 2016 até a segunda sema-na de novembro deste ano, o dólar havia recuado 18%, esvaziando a pressão sobre os preços dos importados. Nos 12 meses até outubro deste ano, os preços administrados subiram 6,59% e a contribuição do grupo para o IPCA ficou em 1,6%. A menor varia-ção desses preços significou contribuição de 32,4% para a queda da inflação geral. Em conjunto, alimentos no domicílio e preços administrados foram responsáveis

por mais de dois terços (66,39%) da queda do IPCA a partir de dezembro de 2015.

NA DANÇA DAS PREVISÕES, NÚMEROS MODESTOS

Acompanhadas semanalmente pelo Banco Central (BC), as projeções do mercado para o PIB, capturadas no re-latório Focus, tornaram-se relativamente mais otimistas (ou menos pessimista, a depender do ponto de vista) a partir de setembro deste ano. Até o começo de agosto, as apostas do mercado indicavam variação de 0,34% para este ano e de 2,0% para 2018. Na medição do início de no-vembro, o setor financeiro passou a esperar elevação de 0,73% para 2017, confiando numa reação neste segundo semestre, já que o PIB fechou a primeira metade do ano estagnado na comparação com os mesmos seis meses de 2016. Para 2018, as apostas retomavam os níveis alardeados em abril e maio, voltando a indicar avanço de 2,50% no próximo ano.

CAPA | PERSPECTIVAS 2018

A cronologia das crises brasileiras

Período Duração em trimestres

Variação acumulada de pico a vale (%)

Variação trimestral média anualizada (%)

1º trimestre de 1981 ao 1º trimestre de 1983 9 -8,5 -3,9

3º trimestre de 1987 ao 4º trimestre de 1988 6 -4,2 -2,8

3º trimestre de 1989 ao 1º trimestre de 1992 11 -7,7 -2,9

2º trimestre de 1995 ao 3º trimestre de 1995 2 -2,8 -5,6

1º trimestre de 1998 ao 1º trimestre de 1999 5 -1,5 -1,2

2º trimestre de 2001 ao 4º trimestre de 2001 3 -0,9 -1,2

1º trimestre de 2003 ao 2º trimestre de 2003 2 -1,6 -3,1

4º trimestre de 2008 ao 1º trimestre de 2009 2 -5,5 -10,8

2º trimestre de 2014 ao 4º trimestre de 2016 11 -8,6 -3,2

Fonte: Codace/IBGE

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�� Além do curto prazo: Bradesco considera recuperação “um fato consumado”, a despeito da volatilidade atual na economia

No cenário básico construído pelo Diretor de Pesquisas e Estudos Econômi-cos do Bradesco (Depec), mais otimista que a média do mercado, o PIB tende a apresentar variação de 0,9% neste ano, e de 2,8% para o próximo, puxado por salto de 6% no investimento, quatro anos de baixas consecutivas, e pelo avanço de 2,0% no consumo privado, num ambiente de “retomada gradual” da atividade. O Depec considera a perspectiva de alguma acele-ração no crescimento da produção indus-trial, que tenderia a encerrar este ano com incremento de 2,4%, com alta de 3,5% em 2018. A taxa de desemprego ainda deverá manter-se acima dos 12% (12,8% na média deste ano e 12,5% em 2018), com juros bá-sicos ainda recuando de esperados 7,0% ao ano em 2017 para 6,75% no ano seguinte. A inflação, ainda na visão do Depec, seguirá bem “balanceada”, chegando a 3,1% nos 12 meses deste ano e a 3,9% em 2018.

O Depec pondera que, na fase de saída das recessões, é esperado que ocorra “bas-tante volatilidade” e recomenda “olhar além do ruído de curto prazo”, expresso pela divulgação de indicadores ainda frágeis ou abaixo das expectativas do mercado. Para o departamento, no entanto, “as sondagens do consumidor, indústria, construção e comércio continuam melhorando e os es-toques seguem abaixo do desejado”. Além

disso, “as dívidas das famílias seguem bem comportadas, o desemprego tem caído mais rápido do que o esperado e a queda de juros, juntamente com outros indica-dores de mercado, continua produzindo afrouxamento das condições financeiras. Todos esses indicadores nos levam a crer que a recuperação é um fato consumado apesar da volatilidade de curto prazo”, ar-remata o Depec.

As projeções do Itaú BBA não são muito diferentes. O banco espera crescimento de 0,8% em 2017 e de 3,0% para 2018, com inflação na faixa de 3,3% neste ano e de 3,8% no próximo. Os ju-ros básicos atingiriam os mesmos 7,0% esperados pelo Depec para este ano, mas tenderiam a recuar até 6,5% em 2018, com o desemprego variando de 12,8% para 12,1% (ligeiramente menor do que a taxa espe-rada pelo Bradesco).

O encolhimento do PIB e do mercado de trabalho nos anos de recessão ajudou a criar uma “capacidade ociosa expressiva” na economia, na leitura da Tendências Consultoria Integrada, que esperava reação mais acelerada da atividade eco-nômica, o que não tem se verificado até o momento especialmente em função do crescimento do endividamento privado e público (federal e estadual). “A situação mais emblemática é a do governo, cuja

dívida pública atingiu 69,9% no ano pas-sado, o que evidencia sua incapacidade de contribuir para a retomada mais acelerada da economia. Para 2017, a expectativa é de que a dívida atinja 75,6% (do PIB)”, aponta a consultoria.

Para este ano, a Tendências prevê va-riação de 0,70% para o PIB, com elevação de 3,1% para a massa de renda das famílias e de 3,9% para as vendas do comércio am-pliado. Os saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que somaram algo ao redor de R$ 44,0 bilhões entre março e julho, segundo a Tendências, devem adicionar qualquer coisa próxima a 0,3 pontos de porcentagem à taxa de crescimento esperada para o PIB

Previsões modestas(O que o mercado espera para o PIB em 2017 e 2018)

Fontes 2017 2018Bradesco 0,9% 2,8%Itaú Unibanco 0,8% 3,0%Tendências Consultoria 0,7% 2,8%

Focus – Relatório de Mercado*

0,73% 2,50%

(*) Em 10.11.17

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CAPA | PERSPECTIVAS 2018

neste ano, com a contribuição ainda da sa-fra recorde de grãos. Em 2018, a consultoria projeta crescimento de 2,8%.

INFLAÇÃO MAIS BAIXA IMPULSIONA RENDA

A queda da inflação ajudou ainda a impulsionar a renda real, “compensando” a desaceleração nominal dos rendimentos da população ocupada ocorrida a partir de meados de 2015, de acordo com a Pes-quisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), do IBGE. No tri-mestre encerrado em julho daquele ano, o rendimento nominal chegou a crescer 11,1% em relação aos mesmos três meses de 2014, mas o ganho real ficou limitado a 2% em função da inflação mais elevada. No terceiro trimestre do ano passado, para uma variação de 6,7% no rendimento no-minal, os trabalhadores registraram perda real de 2,1%. Em igual período deste ano, embora o avanço nominal tenha pratica-mente mantido o mesmo ritmo (mais 4,9% frente ao terceiro trimestre de 2016), houve aumento real de 2,4%.

A soma de todos os rendimentos rece-bidos pelos trabalhadores avançou de R$ 181,146 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para R$ 188,137 bilhões no mesmo período deste ano, numa variação de 3,9% em termos reais, significando acréscimo na renda total das famílias de R$ 6,991 bilhões no período, refletindo ainda aumento no emprego especialmente em ocupações informais e de baixa qualificação. Para comparação, no ano passado, ainda no período entre julho e setembro, a massa de rendimentos real havia encolhido 3,8%.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, aqueles dois vetores – nível de ocupação e rendimento real – ajudaram a dar alguma sustentação ao consumo, que terminou puxando o PIB no segundo trimestre deste ano. “O rendimento real cresceu porque a inflação caiu, o que teve o efeito inverso de

quando a inflação acelera. Mas tal processo já terminou. A inflação parou de cair e vai acelerar, ainda que apenas até pouco mais de 4% em 2018”, projeta o economista.

Gonçalves acentua ainda que o cres-cimento da ocupação, “talvez em ritmo maior do que o esperado”, num cenário de desemprego ainda elevado, somando quase 13,0 milhões de pessoas desocupadas, tem se dado em atividades informais e por con-ta própria. O total de pessoas com alguma ocupação aumentou de 89,835 milhões no trimestre terminado em setembro do ano passado para 91,297 milhões em igual período deste ano, num acréscimo de 1,462 milhão. Praticamente todas essas pessoas passaram a trabalhar por conta própria ou sem carteira assinada no setor privado, que somadas passaram a representar 37,1% do total de ocupados, ou 33,821 milhões de pessoas, frente a 32,123 milhões no terceiro trimestre de 2016 (35,8% do total de empregados).

“É claro que é preferível ter alguma

ocupação a nenhuma. Mas isso significa que a ocupação pode estar crescendo, em parte, sem demanda que absorva tal au-mento. E ocupações mais precárias não constituem base para expansão de crédi-to, o que limita a expansão do consumo. Por outro lado, a ocupação com carteira assinada, que associa salários mais altos com outros benefícios do emprego formal, continua caindo”, argumenta Gonçalves.

Entre o terceiro trimestre de 2016 e igual intervalo deste ano, refletindo a precarização do mercado de trabalho, o total de ocupados com carteira assinada no setor privado caiu de 34,110 milhões para 33,300 milhões de pessoas, num corte de 810 mil ocupações. “Pode-se supor”, prosse-gue Gonçalves, “que as empresas contratam de modo mais racional, com mais confian-ça e compromisso, de modo que a situação atual ainda é de horizonte muito incerto para as empresas. Assim, a recuperação é frágil e incerta. Principalmente, não vai alavancar a expansão do crédito tão cedo”.

“O rendimento real cresceu porque a inflação caiu, o que teve o efeito inverso de quando a inflação acelera. Mas tal processo já terminou”

JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES, economista-chefe do Banco Fator

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Nessa área, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec) trabalha com previsão de estabilidade para o saldo do crédito neste ano e variação nominal de 5% para 2018, o que represen-taria variação real de pouco mais de 1% levando-se em conta uma inflação de 3,9% projetada pelo departamento.

Avanços e obstáculos no caminho da demanda

Ao longo do ano, numa tentativa de reanimar a demanda, o governo veio adotando algumas medidas meramente pontuais, primeiro, ao autorizar o saque

das contas inativas do FGTS. No final de setembro, decidiu antecipar a liberação de R$ 15,9 bilhões do PIS/Pasep, anteriormen-te definida para março de 2018, além de reduzir a idade mínima para o saque desses recursos de 70 anos para 65 e 62 anos, res-pectivamente, para homens e mulheres. Os juros dos empréstimos consignados foram reduzidos de 2,2% para 2,05%.

Desligado de decisões da equipe eco-nômica, o pagamento do 13º salário neste final de ano, nos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-econômicos (Dieese), deverá representar a entrada em circulação de R$ 20,46 bilhões

neste ano, algo como 3,2% do PIB, num crescimento de 4,7% em relação ao ano passado, o que representaria incremento real, descontada uma inflação estimada em 3,25%, em torno de 1,4%.

Mas há obstáculos importantes à re-tomada da demanda. Conforme dados do Instituto de Estudos do Trabalho e Socie-dade (IETS), no segundo trimestre deste ano 21,8% dos lares no País não tinham uma única pessoa ocupada, porcentual que chegava a 20,6% no mesmo período do ano passado e a 17,8% em 2012. Além disso, 12,961 milhões de pessoas continu-avam sem emprego até setembro. Numa aproximação recente, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) esperava avanço de 2,3% para o consumo das famílias no próximo ano

A ajuda que vem de foraO crescimento mais espalhado por

toda a economia mundial, nas projeções do Itaú Unibanco, do Bradesco e do Fundo Monetário Internacional (FMI), com ace-leração também para o comércio global, e um avanço mais firme do comércio global tendem a ajudar a dar algum ânimo à ativi-dade doméstica no Brasil no próximo ano. As taxas previstas pelos departamentos econômicos de dois entre os maiores ban-cos brasileiros, na faixa de 3,8% em 2018, aproximam-se dos 3,7% esperados pelo FMI para o PIB global.

O volume do comércio em todo o mundo, de acordo com o FMI, deverá ex-perimentar avanço de 4,2% neste ano e de 4,0% em 2018, saindo de uma taxa bastante modesta de 2,4% no ano passado. Se o câm-bio não atrapalhar muito, pode-se esperar algum crescimento para as exportações brasileiras. Neste ano, no acumulado en-tre janeiro e outubro, as vendas externas brasileiras cresceram praticamente 20%, saindo de US$ 153,08 bilhões para US$ 183,48 bilhões, com elevação de 12,1% para as exportações de bens manufaturados, sob liderança dos automóveis de passageiros, num salto de 52,7% em valor.

�� Informalidade avança: número de empregados com carteira assinada no setor privado cai de 34,1 milhões para 33,3 milhões em um ano

Reação no mercado informal(Dados em milhões de pessoas e massa salarial em R$ bilhões)

Variável Jul-set 2016 Abr-jun 2017 Jul-set 2017População ocupada 89.835 90.236 91.207População desocupada 12.022 13.486 12.961Taxa de desemprego 11,8% 13,0% 12,4%Empregados com carteira no setor privado 34.110 33.331 33.300

Empregados sem carteira no setor privado 10.269 10.623 10.910

Empregados por conta própria 21.854 22.509 22.911Massa real de rendimentos 181,15 185,47 188.14

Fonte: IBGE/PNADC

Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

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Esse avanço ajudou a sustentar a produção de veículos automotores neste ano, segundo os números da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Nos dez meses iniciais deste ano, a indústria de veículos automotores exportou um volume 56,7% maior do que no mesmo período do ano passado, avançando de 400,62 mil para 627,82 mil unidades (227,20 mil a mais). O acréscimo contribuiu em 45,7% no aumen-to acumulado pela produção do setor, que evoluiu de 1,740 milhão para 2,237 milhões de unidades, crescendo 28,5% (mais 496,70 mil unidades)..

ESPAÇO REDUZIDO PARA NOVOS INVESTIMENTOS

O investimento, a outra perna da demanda doméstica, deverá enfrentar tempos ainda complicados, diante da ocio-sidade ainda muito elevada nas fábricas e no mercado de trabalho, retratada pela existência de 46,782 milhões de pessoas no desemprego ou subocupadas até setembro deste ano, o que correspondia a 44,87% da força de trabalho.

No setor privado, a baixa disposição para assumir riscos e iniciar novos projetos pode ser antevista nos dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No acumulado entre janeiro e setembro deste ano, em valores reais, ou seja, atualizados com base na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as consultas encaminhadas pelas empresas ao BNDES atingiram o menor valor em quase uma década e meia, à frente apenas dos números registrados em 2003 para aquele mesmo intervalo.

Nos primeiros nove meses deste ano, as consultas somaram R$ 75,365 bilhões, caindo 15,1% frente aos R$ 88,740 bilhões alcançados em igual período do ano pas-sado. As consultas da indústria desabaram 38,4%, encolhendo de R$ 28,023 bilhões

para R$ 17,268 bilhões, valor mais baixo para o período desde o início da série re-cente de estatísticas do banco, em 1995. No setor de infraestrutura, a retração chegou a 15,4%, com o valor das consultas, em ter-mos reais, baixando de R$ 33,750 bilhões para R$ 28,545 bilhões.

Tomando os desembolsos, agora em valores nominais, houve modestíssimo avanço de 1,03% em Goiás, com os em-préstimos liberados pelo banco variando de R$ 1,544 bilhão para R$ 1,560 bilhão naquela mesma comparação. Isso repre-sentou tombo de 60,3% em relação aos nove meses iniciais de 2013, quando os desembolsos haviam somado R$ 3,925 bilhões no Estado. Na indústria de trans-formação, o volume de recursos liberados entre janeiro e setembro deste ano caiu 12,4%, para R$ 246,77 milhões, frente a R$ 565,71 milhões em 2016. Considerando seu melhor momento, em 2011, os desembolsos para o setor desabaram 81,7%, saindo de R$ 1,345 bilhão nos mesmos nove meses.

O setor público dificilmente terá condições de contribuir para reverter esse cenário. “Como o plano de voo do governo é limitar suas despesas e isso tem sido feito cortando os investimentos, o efeito expansionista do gasto público vai caindo e contagiando negativamente o gasto privado. O governo gasta mais com pessoal e menos com investimento. O resultado vai ser o investimento andando de lado, o que inibe altas mais robustas do emprego”, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator.

Numa compilação das estatísticas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e ainda da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em valores nominais acumulados entre janeiro e agosto de cada ano, o inves-timento público, incluindo o governo cen-tral, estatais federais, Estados e municípios, sofreu baixa de 26,2% entre 2016 e 2017, encolhendo de R$ 98,091 bilhões (1,59% do PIB) para R$ 72,436 bilhões (1,12%).

CAPA | PERSPECTIVAS 2018

O nível mais baixo desde 2003(Consultas ao BNDES, em R$ bilhões constantes, a valores de setembro de 2017)

Setores Jan-set 2016 Jan-set 2017 Variação (%)Agropecuária 11,849 12,712 +7,3Indústria 28,023 17,268 -38,4Infraestrutura 33,750 28,545 -15,4Comércio e serviços 15,118 16,839 +11,4Total 88,740 75,365 -15,1

Fonte: BNDES

O investimento (capenga) no setor público(Valores nominais em R$ bilhões)

Setores Jan-ago 2016 Jan-ago 2017 Variação (%)Governo central 34,269 22,774 -33,5Estatais federais 32,406 27,287 -15,8%Estados 17,109 14,979 -12,4Municípios 14,307 7,396 -48,3Total 98,091 72,436 -26,2

Fontes: Secretaria do Tesouro Nacional e Ministério do Planejamento

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Em quatro anos, tomados a valores constantes, os investimentos perderam mais de um quarto de seu valor, desabando de R$ 279,9 bilhões em 2013

para R$ 207,4 bilhões no ano passado, num tombo de 25,9%. A conta é feita por José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da instituição (Decomtec). A perda total, portanto, somou R$ 72,5 bilhões, represen-tando quase 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

As possibilidades de uma retomada do investimento, afirma Roriz, com o reforço do economista Ernani Teixeira Torres Filho, professor aposentado do Instituto de Eco-nomia da UFRJ e ex-superintendente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), serão

drasticamente reduzidas com o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e sua substituição pela Taxa de Longo Prazo (TLP), que passará a corrigir os empréstimos do banco a partir de janeiro de 2018.

A TJLP surgiu não por coincidência no mesmo ano de lançamento do Plano Real, em 1994, com objetivo, re-lembra Torres, de evitar que “os investimentos produtivos fossem penalizados pela elevada taxa de juros do Banco Central”. A estratégia buscou ampliar a competitividade da indústria de bens de capital com elevado conteúdo nacional, assegurando ao setor alguma vantagem em relação à competição estrangeira. Adicionalmente, a ideia era evitar “maior dolarização do balanço das empresas brasileiras”, criando opções ao crédito externo mais barato.

Ao analisar a série histórica, afirma Roriz, “estima-se que se a TLP fosse válida no período de 2004 a 2017, sua taxa teria sido de 13,0% ao ano, em média, frente a 6,8% para a TJLP”. Numa simulação realizada pela Fiesp, prossegue ele, na hipótese de uma empesa que tenha tomado empréstimo de R$ 1,0 bilhão por dez anos em dezembro de 2006, o custo final da operação atingiria

O investimento sob riscoFim da TJLP a partir de janeiro vai encarecer o crédito de longo prazo e contribuir para encolhimento radical do BNDES em três anos

�� Custo mais alto: mudança nas taxas do BNDES deve afugentar investimentos em novas fábricas

TLP E O INVESTIMENTO

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Page 28: A RECESSÃO ACABOU....Foto: Colheita de cana-de-açúcar na Usina SJC Bionergia, em Quirinópolis (GO), por Weimer Carvalho, de O Popular, 1º lugar no 13º Prêmio Sistema Fieg de

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TLP E O INVESTIMENTO

R$ 1,93 bilhão em dezembro de 2016 com a cobrança da TJLP, numa variação de 92,6%. Caso a TLP já estivesse em vigor, no entanto, o total a ser pago pela empresa seria elevado para R$ 2,51 bilhões, numa alta de 151,1%, representando R$ 585,4 milhões a mais (ou 58,5% sobre o valor original do financiamento).

Considerando o total de recursos desembolsados pelo BNDES em 2006, no valor de R$ 51,318 bilhões em valores nominais, ao final de dez anos, com base na projeção realizada pela Fiesp, pode-se concluir que o custo total, com base na TJLP, sairia por R$ 98,84 bilhões. Mas subiria para R$ 128,86 bilhões caso a TJP já estivesse em vigor, acrescentando R$ 30,02 bilhões às despesas financeiras das empresas que tomaram o crédito, algo como 0,5% do PIB de 2016.

“A substituição da TJLP pela TLP deve reduzir o investimento em momento crítico da economia brasileira, em que a taxa de investimento tem caído e é a menor dos últimos 20 anos”, observa Roriz. No primeiro semestre deste ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa em relação ao PIB havia alcançado apenas 15,54%, saindo de 20,91% em 2013. “Estu-dos indicam que o Brasil precisa manter investimento em torno de 25% do PIB para a economia crescer a 5% ao ano”, acrescenta o vice-presidente da Fiesp.

Quase na rabeiraNuma amostra que inclui 41 países

mais o Brasil, apurada pelo Decomtec, o País apresenta o terceiro pior resultado na área, à frente apenas de Portugal (14,8%) e Grécia (11,4%), que tiveram suas eco-nomias virtualmente destroçadas pela crise financeira de 2008. A China lidera a relação, com investimentos de 43,3% do PIB, seguida por Indonésia (32,5%) e Índia (26,8%). Rússia e África do Sul, países que formam os Brics, juntamente com brasi-leiros, indianos e chineses, apresentam

taxas de 21,4% e 19,6%, respectivamente. Na média daqueles 41 países, o investi-mento corresponde a 23% do PIB, quase 50% acima do nível registrado no Brasil.

PAÍSES RICOS MANTÊM CRÉDITO DIRECIONADO

Principal financiador de longo prazo no País, responsável por 50,9% dos cré-ditos bancários com prazos superiores a cinco anos, afirma Ernani Teixeira Torres Filho, o BNDES tende a encolher de forma radical num prazo relativamente muito curto. “Quando falo muito curto são três anos”, diz ele. O País deverá perder, se nada for feito até lá, um instrumento de ajuste contracíclico importante, que mesmo países riquíssimos, como a Alemanha, preferiram preservar.

“Se tivermos uma outra crise pesada, como a de 2008, o governo não terá instru-mento algum nem para segurar o nível de atividade, nem para os empresários conse-guirem um financiamento para tocar seus projetos e sua vida”, continua Torres. Para José Ricardo Roriz Coelho, da Fiesp, “o BNDES é fundamental no financiamento do investimento no Brasil.

Entre 1996 e 2016, os desembolsos do banco representaram 2,5% do PIB e 13,1% da formação bruta de capital fixo (ou seja, do investimento)”.

O mais grave, retoma Torres, é que o ajuste ocorreria naturalmente, ao longo de uma década, o que daria tempo para que o setor privado desenvolvesse mecanismos para suprir a oferta de crédito de prazos mais longos. A expectativa, de acordo com o economista, é de que o ciclo mais recente de baixa inflação e taxas de juros igualmen-te reduzidas, na faixa de um dígito, tenha longa duração, o que forçaria o BNDES a uma acomodação natural.

O custo da TLP(Total pago no financiamento de R$ 1 bilhão, com prazo de dez anos, contratado em dezembro de 2006. Valores constantes R$ milhões – IPCA-dez/2016)

TLP* TJLP Diferença

R$ 2,51 bilhões R$ 1,93 bilhão R$ 585,4 milhões

151,1% 92,6% 58,5%Fonte: Tesouro Nacional. Banco Central. IBGE. Elaboração Decomtec/Fiesp*Prêmio de risco fixado na contratação, acrescido da inflação a cada prestação. Não inclui spread nem IOF

�� Torres: a TJLP foi criada para evitar que os investimentos no Brasil fossem penalizados pelos juros altos do Banco Central

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Com os juros básicos próximos ou levemente inferiores a 7,0% ao ano, a TJLP ficaria mais cara, eliminando qualquer sub-sídio implícito nas operações do BNDES, aponta Roriz. O Ministério da Fazenda estima que o Tesouro tenha gasto em torno de R$ 15,5 bilhões por ano em subsídios implícitos ao BNDES entre 2008 e 2016, “mas não considera que o banco gerou R$ 17,5 bilhões ao ano em pagamento de tri-butos e dividendos, gerando saldo positivo anual de R$ 2,0 bilhões”, pondera Roriz.

Ambos lembram que todos os países relevantes no cenário econômico global sustentam políticas de crédito direciona-do em favor de suas empresas. Mesmo os Estados Unidos, terra do liberalismo mal copiado no Brasil, adotam esse instrumen-to. “E qual o tamanho desse crédito? É de 20% em relação ao PIB”, relata Torres. Não há um banco para isso por lá, até porque o Tesouro norte-americano capta recursos a custos muito próximos de zero. Não há banco, mas o governo adota um sistema em

que o próprio Tesouro garante o crédito. “Se o Tesouro brasileiro captasse barato como o americano, precisaria de um ban-co? Provavelmente não”, destaca Torres.

Conforme Roriz, os países que têm bancos de desenvolvimento de fato cap-tam recursos com base na taxa básica de juros. “Isso só é possível porque nessas economias as taxas básicas estão em ní-veis razoáveis”, chegando a 4,7% ao ano, na média, como no caso de cinco países selecionados pela Fiesp (Alemanha, Chile, México, Colômbia e África do Sul).

Cortes no investimentoDois terços de 1.036 empresas pesqui-

sadas pela Fiesp entre abril e maio deste ano, quando a TJLP ainda estava em 7,5% ao ano (foi reduzida para 7,0% depois dis-so), diminuiriam seus investimentos nos próximos dois anos com a mudança da taxa e o consequente aumento do custo de crédito do BNDES. Entre as empresas ouvi-das, 403 haviam solicitado financiamentos ao BNDES nos últimos dois anos. Entre as 66% das empresas dispostas a investir me-nos, 37% fariam redução superior a 40%, outras 21% baixariam o montante entre 21% e 40% e outras 15% das entrevistadas fariam cortes entre 11% e 20%. Em torno de 65% das pequenas e médias empresas ouvidas reduziriam seus investimentos, porcentual que sobe para 70% entre as grandes.

Crédito barato, lá fora

País Banco de desenvolvimento

Taxa básica de juros (% ao ano)

Alemanha KfW 0,0Chile Corfo 2,75México Nafinsa 6,75Colômbia FDN 7,0África do Sul DBSA 7,0Média - 4,7

Fonte: FMI. Elaboração: Decomtec/Fiesp

Porcentual de empresas por porte que reduziria o investimento

Pequenas Médias Grandes

65% 65% 70%Fonte: Fiesp

�� Roriz: o BNDES é fundamental no financiamento do investimento no Brasil, respondendo por 13,1% da formação bruta de capital fixo

Helcio Nagamine

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NOVO PERFIL DA INDÚSTRIA

�� Setor básico: indústria de alimentos e bebidas ainda responde por pouco mais da metade do valor da transformação industrial

Os desafios na trilha da indústriaA força do mercado interno, a urbanização acelerada e incentivos ajudaram a construir o setor em Goiás, mas podem não ser suficientes para manter seu crescimento daqui em diante

Lauro Veiga Filho

A indústria goiana ganhou músculos ao longo de sua história, diversificou-se e chegou a expandir a fatia dos setores com alta intensidade tecnológica,

num processo determinado não apenas por eventual relação de subordinação frente às regiões mais dinâmicas da economia brasileira, mas igualmente por “dinâmica própria e até certo protagonismo na geração de renda no espaço local”. O retrato é feito por Marcos Arriel, econo-mista, gestor governamental no Instituto Mauro Borges (IMB), da Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado (Segplan-GO).

Os resultados de suas observações e de levantamento inédito de dados históricos sobre o setor em Goiás estão detalhados em tese de doutorado defendida em março deste ano perante o Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da UFG, como parte do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia. A tese, que ganhou o

título de A Dinâmica Produtiva e Espacial da Indústria Goiana, demonstra que “a indústria goiana não pode ser vista somente com o olhar da indústria brasileira, ela tem sua dinâmica própria, seu próprio período”, na descrição de Arriel, mestre em desenvolvimento e planejamento territorial pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e doutor em geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Estudos e trabalhos sobre o setor, acrescenta o econo-mista, em geral partem de pontos de vista que colocam a indústria goiana e seu desenvolvimento exclusivamente a reboque da indústria nacional, subordinados mais especi-ficamente “ao espaço de São Paulo”, deixando em segundo plano ou mesmo desconsiderando outros determinantes históricos que ajudaram na construção do setor em Goiás desde seus primórdios.

O trabalho define quatro períodos históricos ao longo

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do processo de industrialização no Estado, cobrindo os anos de 1910 a 1935, dali até 1960, de 1960 a 1985 e de meados dos anos 1980 até o momento atual. A partir dessa definição, o estudo tratou de investigar dados históricos sobre a evolução da indús-tria no Estado, relacionando-os a fatores específicos de cada período. Igualmente buscou identificar o perfil produtivo do setor e sua transformação ao longo do tempo e apresentar a dinâmica espacial da indústria em Goiás, destacando os muni-cípios “com maior capacidade” de assumir o papel de polo de atividades industriais.

A tese chega a avaliar, ainda, os efeitos iniciais da crise sobre o setor, que indu-ziram a um retrocesso mais evidente em segmentos de maior conteúdo tecnológico, a exemplo das montadoras de veículos. “O problema conjuntural recente é um convite à reflexão sobre o futuro do setor no Estado”, diz ele. “Se até 1960 a indústria foi impulsionada pelo mercado interno, pelo processo acelerado de urbanização e, mais tarde, a partir de 1985, também pelos

estímulos criados por políticas de atração de investimentos, com base em incenti-vos fiscais, as mudanças mais recentes na economia permitem questionar se esse padrão será suficiente para assegurar o crescimento do setor industrial em Goiás nos próximos anos”, propõe Arriel.

O economista lembra que, principal-mente no caso de Anápolis, a instalação de uma montadora não veio acompanhada da construção de um complexo de fornecedo-res e sistemistas que pudessem incrementar e consolidar um parque produtivo mais integrado. “Por outro lado, a demanda mundial por alimentos tende a continuar crescente. Portanto, produzir, processar, verticalizar e agregar valor à cadeia de produção de bens alimentícios pode fazer sentido”, sustenta. Além dos alimentos, o setor mineral, que hoje exporta seus pro-dutos praticamente in natura, poderia ser adensado, com maior agregação de valor, reforçando as exportações, assim como a geração de valor no Estado.

Nos trilhos da ferroviaA primeira fase da industrialização

do Estado, conforme identifica a tese do economista Marcos Arriel, foi marcada, entre 1910 e 1935, pela produção de charque e couro. O semiprocessamento da carne bovina ocorria ao longo do eixo da ferrovia entre Catalão e Ipameri e a produção era destinada principalmente para suprir a de-manda no complexo cafeeiro de São Paulo, inicialmente, e Minas Gerais, mais tarde.

A extensão da ferrovia a Anápolis, a partir de 1935, segundo Arriel, leva a uma ainda incipiente interiorização da indústria. “Além de charqueadas, o setor industrial naquela época passa a processar produtos agrícolas, atuando, sobretudo, no beneficiamento do arroz e na torrefação do café.” Inicia-se, nesta segunda etapa, a produção de minerais não-metálicos (areia, brita, cerâmica, tijolos e telhas, en-tre outros), setor que seria “fundamental para abastecer a construção de Goiânia e de Brasília, esta já no final dos anos 1950”, acrescenta ele.

POLÍTICAS DE APOIO AO SETOR

Na década de 1960 em diante, co-meçam a ser desenhadas e colocadas em prática as primeiras políticas expressas de apoio à indústria, avaliadas por Arriel como “divisor de águas” no processo de industrialização, gerando diferencial que permitiria os avanços verificados nas décadas seguintes. Entre 1960 e 1985, a indústria torna-se ligeiramente mais complexa, com avanços dos setores de minerais não-metálicos e também de ves-tuário, ao mesmo tempo em que o Estado amplia sua infraestrutura, com expansão das rodovias. A mudança de opção pelo modal rodoviário, com abandono virtual das ferrovias, correspondeu a uma opção de governo, conforme Arriel, com maior aproximação do setor automobilístico no cenário nacional.

�� Marcos Arriel, do IMB: “A urbanização rápida foi um incentivo para a indústria”

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NOVO PERFIL DA INDÚSTRIA

A industrialização foi impulsionada ainda, ao longo do período, pela urbani-zação crescente e pelo avanço do mercado interno. Até 1950, quando a população total no Estado somava 1,214 milhão de almas, em torno de 80% estavam no campo, num total de 969,0 mil pessoas. Duas décadas depois, com a população crescendo para 2,938 milhões, metade já havia se instalado nos centros urbanos, proporção que avan-çou para praticamente dois terços dos 3,8 milhões de habitantes nos anos 1980. “A urbanização rápida foi um incentivo para a indústria, que passou a se concentrar no eixo Anápolis/Goiânia, situação observada até por volta de 1980”, reforça Arriel.

Durante o governo de Mauro Borges, entre 1961 e 1965, recorda o economista, foram criadas a Secretaria de Indústria e Comércio e uma série de leis que ofere-ciam pela primeira vez apoio institucional à indústria, envolvendo instrumentos de crédito e outras formas de suporte direto e indireto ao setor, assim como fomento à infraestrutura e à agricultura.

Nessa terceira fase da industria-lização, desenvolvem-se ainda as indústrias química (fertilizantes, adubos e tintas), farmacêutica, extrativa mineral (princi-palmente fosfato, ouro, níquel, calcário e areia) e a metalurgia básica, com a produção de esquadrias metálicas para a construção civil.

Numa etapa mais recente, de 1985 a 2014, a industrialização passou a ser mol-dada pelas políticas de incentivos fiscais, mas não exclusivamente, observando-se adicionalmente crescente integração entre pecuária, agricultura e produção indus-trial, com verticalização relativa também no setor mineral. Goiás passa a abrigar o segundo maior parque produtor de etanol no País, novamente numa atividade estrei-tamente ligada à agricultura.

Ainda nessa fase, acrescenta Arriel, as cadeias produtivas locais passam a anotar maior integração com as cadeias nacionais,

Muda estrutura da indústria em Goiás(Participação por setor no valor da transformação industrial (VTI), em %)

Setores de atividade 1996 2000 2005 2010 2014

Indústrias extrativas 5,9 7,6 4,3 7,1 4,9

Indústrias de transformação 94,1 92,4 95,7 92,9 95,1 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 46,8 50,7 50,5 42,2 45,4

Fabricação de produtos do fumo - - - - -

Fabricação de produtos têxteis 1,4 0,8 0,3 0,4 0,4 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 6,4 3,2 2,9 3,4 4,1

Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos e calçados 1,2 1,4 1,5 0,4 0,9

Fabricação de produtos de madeira 0,5 0,7 0,4 0,4 0,2 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 0,6 0,6 1,8 1,9 1,4

Edição, impressão e reprodução de gravações 3,0 2,4 1,3 0,5 0,4

Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool

6,2 2,0 3,8 9,3 10,9

Fabricação de produtos químicos e farmacêuticos 11,7 11,3 11,2 8,4 10,0

Fabricação de artigos de borracha e plástico 2,2 1,3 1,4 1,5 1,6

Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 6,5 6,1 2,6 3,9 3,4

Metalurgia básica 4,0 7,4 6,9 3,6 3,1 Fabricação de produtos de metal - exceto máquinas e equipamentos 1,4 2,0 4,4 2,3 1,7

Fabricação de máquinas e equipamentos 0,4 0,5 0,7 3,4 2,5 Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática - - - 0,1 0,1

Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 0,2 0,2 0,1 0,1 0,9

Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias 0,3 0,4 4,5 9,1 4,9

Fabricação de outros equipamentos de transporte 0,1 0,2 0,1 - -

Fabricação de móveis e indústrias diversas 0,9 1,0 0,8 1,7 2,2

Outras 0,3 0,2 0,5 0,3 1,0

Fonte: IBGE/PIA– Elaboração Arriel, Marcos in A Dinâmica Produtiva e Espacial da Indústria Goiana

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com avanço dos setores mais intensivos em tecnologia. Isso inclui o parque de in-dústrias farmacêuticas e a consolidação de um polo de produção de medicamentos genéricos, a chegada das montadoras de veículos, de forma mais destacada em Catalão e, na sequência, em Anápolis, e de máquinas e equipamentos, sobretudo no setor agrícola. Verifica-se a “polariza-ção” da indústria, prossegue Arriel, com a consolidação de cinco polos conectados ao restante do País, formados pelo eixo Anápolis-Goiânia-Aparecida de Goiânia, Catalão, Itumbiara, Rio Verde e Jataí.

ALTOS E BAIXOS EM SETORES MAIS TECNOLÓGICOS

No quarto e último período da estrati-ficação construída por Marcos Arriel, com base em referências históricas, “a elevação na participação de segmentos industriais como as indústrias de montagem de veícu-

los e a química e farmacêutica, na geração da renda do setor industrial, e a redução de outros, como a de confecções de vestuário e fabricação de minerais não-metálico, produziram alterações no perfil produtivo industrial”.

Tomando a classificação definida pela Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Econômico (OCDE), Arriel aponta redução na participação do setor de baixa intensidade tecnológica (extração de minerais metálicos e não-metálicos, alimentos e bebidas, fumo, têxteis, confec-ções, couro e calçados, produtos de madei-ra e móveis, gráficas e processamento de minerais não-metálicos). A participação desse tipo de indústria no VTI (valor da transformação industrial), que se apro-ximava de 99% até os anos 1950, recuou para 96% na década seguinte, atingindo 84,3% em 1980.

Mas em 1985 aquela fatia desabou para 74,75% e continuou encolhendo até 2010,

quando passou a responder por 60% do VTI. Em 2014 e 2015, no entanto, com a crise castigando mais os setores de alta tecnologia, a exemplo das montadoras de veículos, a indústria de baixa intensidade tecnológica elevou sua fatia ligeiramente para algo em torno de 62% (61,9% em 2014 e 62,1% no ano seguinte, conforme dados do IMB).

As indústrias “classificadas como de alta intensidade tecnológica (etanol, máquinas e equipamentos, informática, produtos eletrônicos e ópticos, máquinas e aparelhos elétricos e veículos) aumentaram de 2,8%, no ano de 1985, para 19,3% em 2014”, registra Arriel, acrescentando que “as atividades classificadas com média-alta e média-baixa intensidade tecnológica pou-co tiveram alteração durante o período”.

O dado para 2014 já apontava leve per-da de espaço para o setor de alta tecnologia, já que sua fatia havia alcançado 22,0% em 2010. A pesquisa de 2015, de acordo com

�� Agregando valor à produção: setor de produção de etanol elevou sua participação na indústria de 2,0% em 2000 para 11,8% em 2015

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NOVO PERFIL DA INDÚSTRIA

estatísticas do IBGE trabalhadas pelo IMB, mostra que a participação se reduziu para 18,0%, mas bem acima dos níveis regis-trados até o final do século passado. A queda está associada, em grande parte, ao tombo verificado no setor de fabricação e montagem de veículos automotores, que despencou de 9,1% em 2010 para 4,9% em 2014, recuando para 3,7% no ano seguinte.

Arriel destaca, ainda, que os segmen-tos de confecção de vestuários e de fabri-cação de minerais não-metálicos, embora continuem “como grandes empregadores de mão de obra, perderam espaço no VTI. O primeiro participava com 6,4% do VTI estadual em 1996, reduzindo para 4,1% em 2014. O segundo apresentou queda ainda mais brusca, de 6,5% do VTI, em 1996, para 3,4% em 2014. Esse segmento chegou a representar 23% do VTI goiano em 1980.”

O peso do Estado no cenário nacional

Nas últimas três décadas, a participa-ção da indústria goiana no valor da trans-formação industrial (VTI) em todo o País saiu de apenas 0,73% em 1985 para 2,76% em 2015, dado da mais recente Pesquisa Industrial Anual (PIA), do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trabalhado pelo Instituto Mauro Borges (IMB). Os períodos de maior avanço relativo, no entanto, foram observados entre 2000 e 2005 e na segunda metade da década passada, quando a fatia goiana evoluiu de 1,09% para 1,58%, numa pri-meira fase, e dali para 2,20% em 2010, com altas respectivamente de 45% e de 39%.

Em ritmo de desaceleração, ditada provavelmente pela crise do período, a participação goiana no VTI da indústria brasileira cresceu 25,5% entre 2010 e 2015. Ainda que o movimento tenha perdido intensidade, os indicadores demonstram que o conjunto da indústria no Estado con-seguiu manter taxas de crescimento mais acentuadas do que a média brasileira.

Mais tecnologia agregada(Estrutura da indústria goiana segundo a intensidade tecnológica*, em %)

Intensidade tecnológica 1985 1996 2000 2005 2010 2014

Baixa 74,75 72,60 73,90 64,60 60,0 61,90

Alta 2,80 7,10 3,10 9,10 22,0 19,30

Média-alta 11,01 11,80 11,50 11,30 8,40 10,0

Média-baixa 10,64 8,20 11,30 14,50 9,30 7,80

Diversas 0,80 0,30 0,20 0,50 0,30 1,00(*) Classificação com base em OCDE (2003)Fonte: IBGE – Elaboração Arriel, Marcos in A Dinâmica Produtiva e Espacial da Indústria Goiana

Participação da indústria goiana no cenário brasileiro

Período Número de estabelecimentos

Pessoal empregado

Valor da transformação industrial

1985 2,87% 0,92% 0,73%

1996 2,12% 1,58% 1,12%

2000 2,66% 1,92% 1,09%

2005 2,75% 2,24% 1,58%

2010 3,21% 2,70% 2,20%

2014 3,41% 3,02% 2,56%

2015* 3,37% 3,12% 2,76%(*) IMBFonte: IBGE/PIA– Elaboração Arriel, Marcos in A Dinâmica Produtiva e Espacial da Indústria Goiana

�� Montadora de veículos em Catalão: setor chegou a responder por 9,1% do valor da transformação industrial em 2010, antes da crise, e teve sua participação reduzida para 3,7% em 2015

Murilo Mattos / Green Pixel

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M uito embora a economia do município represente algo próximo a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás no dado mais recente divulgado, referente a 2014, se-

gundo o Instituto Mauro Borges (IMB), Catalão atraiu 6,3% dos investimentos anunciados para todo o Estado entre 2004 e 2014. Conforme a relação apurada pela Rede Nacional de Informações sobre Investimento (Renai), criada a partir de uma parceria en-

tre o governo federal, Estados, por meio de suas secretarias de desenvolvimento, e entidades empresariais, os investimentos anunciados para o município somaram, no período, US$ 1,237 bilhão, concentrados no final da primeira metade da década. Em todo o Estado, os anúncios chegaram a US$ 19,8 bilhões.

Executados até 2015, os investimentos do Grupo Souza Ra-mos/Mitsubishi e da Anglo American, que em 2016 vendeu seus ativos de nióbio e fosfato para a China Molybdenum Company (CMOC), responderam por 74,6% do total destinado a Catalão. A planta de montagem de veículos da Mitsubishi recebeu US$ 597,83 milhões para dobrar sua produção para 100 mil unidades por ano e para a instalação de uma fábrica de motores. A Anglo injetou US$ 325,0 milhões em sua unidade de nióbio, elevando a capacidade instalada para 6,5 mil toneladas.

POLOS INDUSTRIAIS | CATALÃO

Empresas preparam-se para voltar a investirDepois de dois anos sem registrar anúncios de investimento, pesquisa do IEL Goiás e Fieg mostra que 50% das empresas têm planos para investir em 2018

�� Mercado de trabalho: 47% das empresas pesquisadas esperam contratar mais pessoal e metade delas não vai demitir

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Nos últimos dois anos, no entanto, a Renai não conseguiu mapear nenhum anúncio de investimentos para a região, também atingida pela crise, cenário que poderá se alterar daqui para frente, conforme identifica a quarta etapa do projeto Polos Industriais do Estado de Goiás, desenvolvido pela Fieg no âmbito do Mapa Estratégico da Indústria Goia-na – Projeto Goiás 2020. Nesta edição, a federação pesquisa e avalia o polo in-dustrial de Catalão, depois de estudar e diagnosticar vantagens e carências dos polos de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Rio Verde, encaminhando soluções para superar gargalos e destravar os investimen-tos naquelas regiões.

“O objetivo é fazer um diagnóstico desses concentrados industriais, identifi-cando vocações regionais, oportunidades de expansão dos negócios e gargalos para o desenvolvimento, no sentido de contri-buir para uma política industrial estadual eficiente. O diagnóstico busca mapear as principais características e identificar

as necessidades”, explica Pedro Alves de Oliveira, presidente da Fieg. As próximas etapas incluirão Itumbiara, a região do Norte Goiano, o Entorno do Distrito Fe-deral e Goiânia.

Em Catalão, o estudo foi realizado em três etapas, iniciando-se com a caracteriza-ção geral do polo a partir do levantamento de informações secundárias disponíveis em fontes oficiais, e seguindo com a rea-lização de duas pesquisas primárias, uma delas qualitativa, envolvendo entrevistas individuais e workshops com presidentes de sindicatos e empresários. Essa fase do trabalho subsidiou a realização de uma segunda pesquisa, agora quantitativa, du-rante a qual foram explorados o perfil das empresas da região, sua área de atuação, expectativas e projetos, recursos humanos, plano de vendas, questões ambientais, en-tre outros temas.

O estudo contempla 58 empresas, das quais 45 instaladas no Distrito Mineroin-dustrial de Catalão (Dimic) e em 13 outros pontos da cidade, incluindo três minera-

doras e dez empresas de setores diversos consideradas relevantes para a região. Da amostragem total, 62% são empresas goia-nas, 84% são de micro e pequeno porte e a maioria (66%) está no mercado há mais de uma década, conforme levantamento realizado sob encomenda pelo IEL Goiás.

Entre outros números, a pesquisa mostra que metade das empresas entre-vistadas tem planos de investimento para 2018 e, dentre estas, 90% planejam investir na ampliação de suas unidades, enquanto outras 14% desejam construir novas plantas na cidade. Um porcentual não desprezível de 43% da amostra informa não ter plane-jado novos investimentos para o próximo ano e 7% possuem planos, mas decidiram adiar sua execução por conta da crise.

A distribuição das respostas segue itinerário semelhante quando pergunta-das sobre sua expectativa em relação ao quadro de pessoal. A expectativa de 47% das empresas entrevistadas é de expansão do total de contratados, mas 50% preten-dem manter o quadro atual, o que pode

�� Mineração e mercado internacional: metade das mineradoras de Catalão exporta sua produção

POLOS INDUSTRIAIS | CATALÃO

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ser visto como uma notícia positiva diante do desempenho do mercado de trabalho nos últimos anos, e apenas 3% esperam redução de pessoal. Entre as empresas que alimentam a perspectiva de contratações, 92% delas afirmaram que o aumento no número de empregados deverá ocorrer na área operacional.

Impactos da criseA indústria de transformação havia

fechado 1.826 empregos formais entre 2014 e 2016 no município, segundo da-dos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), um corte ex-pressivo, correspondente a pouco mais de um terço (33,7%) do total de empregados no setor em 2016. A indústria de material de transportes chegou a dispensar 1.186 (65% dos afastamentos realizados pelo setor de transformação). Incluindo todos os setores de atividade, foram desligados do emprego 1.963 trabalhadores naquele mesmo período

FALTA PESSOAL CAPACITADO

Embora indiquem o desejo de no-vas contratações, a maioria das empresas pesquisadas, num porcentual de 85% da amostra, aponta a falta de pessoal capaci-tado como principal problema enfrentado no recrutamento e na seleção de novos trabalhadores. Esse porcentual varia de 57%, entre as grandes, a 100% no caso das médias empresas. A mesma dificuldade é anotada por 88% das microempresas e por 94% das pequenas.

Analisando perfil dos candidatos à contratação, 54% e 49% das empresas do município apontam, respectivamente, falta de conhecimento específico da ocupação e dificuldade para encontrar soluções e resolver problemas, o que denota falta de iniciativa e de criatividade, conforme a pesquisa.

Ainda no setor de pessoal, entre as 58 empresas que participaram do trabalho, 64% trabalham com plano de capacitação ou capacitam seus empregados de forma regular, mas 77% informam enfrentar di-

ficuldades para investir em qualificação de mão de obra e 60% apontam a falta de ofertas de cursos adequados como a principal razão. Como as questões com-portam múltiplas respostas, 43% dos en-trevistados consideram elevados os custos de capacitação e 30% relacionam a elevada rotatividade dos funcionários.

Apenas 1% exporta produçãoA pesquisa ainda identificou que 47%

das empresas ouvidas dispõem de um plano estruturado para expansão de suas vendas, que se concentram basicamente no mercado local e regional. Apenas 1% dos entrevistados do Dimic exporta seus produtos, mas metade das mineradoras, instaladas fora do distrito, atua no mercado internacional como exportadoras. Entre as empresas de grande porte, considerando a amostra total investigada, 71% delas têm planos estruturados para expandir as ven-das, porcentual que sobe para 100% entre as de porte médio, baixando para 48% e para 39% entre as pequenas e microempresas,

�� Oportunidade de negócios: 93% das empresas pesquisadas gostariam de comprar matérias-primas de fornecedores locais

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pela ordem. Dentro do distrito, todas as grandes e médias empresas mantêm panos estruturados na área de vendas.

A carência de mão de obra qualificada foi apontada por 30% das empresas como a maior dificuldade para concretização de planos estruturados de vendas, seguido pela falta de capacidade de gestão (com 15% das respostas), falta de capacidade pro-dutiva e custo competitivo para atender ao mercado de exportação (ambas as opções com 11% das respostas). Pouco mais de um quinto das empresas do distrito, mais precisamente 22% delas, vendem sua pro-dução para outros Estados, especialmente para São Paulo e Minas Gerais.

Obstáculos à compra localEm torno de 49% das matérias-primas

consumidas por 45 empresas do Dimic ouvidas pela pesquisa são importadas e somente 4% delas são compradas em Cata-lão e na região de influência do município. Outros 15% vêm de outras regiões goianas e 32% de outros Estados. No caso das mine-radoras, a aquisição em outros Estados do País chega a 88%, restando 12% a Catalão e região. As demais empresas importam 30% e adquirem 35% fora de Goiás, reservando 35% das compras para o Estado (19% em Catalão e 16% em outras cidades).

Num indicativo das oportunidades de mercado para fornecedores regionais, 93% das empresas entrevistadas gostariam, se pudessem, de suprir suas necessidades de matérias-primas no mercado local e 17% prefeririam consumir serviços de manu-tenção igualmente oferecidos por empre-sas da região. Isso não ocorre porque, de acordo com 78% das entrevistadas, há in-suficiência de oferta local e para 40% delas, o preço do produto local é mais elevado. De outro lado, apenas 9% indicaram baixa qualidade da matéria-prima oferecida.

Na área de transporte, o alto custo lo-gístico e as condições deficientes das estra-das foram apontados como obstáculos por

79% e 58% das empresas participantes da pesquisa, seguidos pela falta de um porto seco em Catalão, com 14% das indicações.

Energia e meio ambienteAinda de acordo com o trabalho, no

que diz respeito à qualidade e ao forne-cimento de energia elétrica, 41% das em-presas acreditam que o uso de energias alternativas (bioenergia, solar e eólica) pode ser uma solução ótima para atender à demanda industrial futura. Mas muitas empresas ponderam que aquelas fontes são ainda uma promessa que não deverá se realizar num futuro próximo. Apenas

38% das empresas informaram possuir instalações que garantem o fornecimento de energia independentemente de proble-mas que possam surgir.

Na área ambiental, um porcentual ele-vado – nada menos do que 93% – dos ges-tores ouvidos informou ter conhecimento da legislação e que suas empresas dispõem de licenciamento ambiental. A demora na análise dos pedidos de licença ambiental, de toda forma, foi indicada como um obs-táculo à legalização ambiental por 73% deles. Praticamente metade das empresas (47%) destina seus resíduos a empresas de reciclagem para tratamento.

Ações para o desenvolvimento futuro das empresas de Catalão (Dez principais itens por grau de importância e prioridade, com pontuação de 1 a 4, onde 1 representa o mais importante e 4 o grau de menor importância)

Descrição Importância Prioridade

Fornecimento de água e esgoto 1,71 1º

Segurança no distrito 1,57 2º

Fornecimento de energia 1,63 3º

Iluminação pública 1,48 4º

Conservação e limpeza 1,64 5º

Transporte coletivo 1,91 6º

Capacitação 1,75 7º

Acesso e entrada no Dimic 1,65 8º

Licença ambiental 1,81 9º

Telefonia móvel 1,89 10ºFonte: IEL Pesquisas/2017Base: 58 empresas

POLOS INDUSTRIAIS | CATALÃO

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Problemas que prejudicam o desenvolvimento das empresas do polo industrial

Itens mencionados Gravidade (1 a 4) Impacto (1 a 4)

Falta de segurança na área interna do distrito 3,3 3,2

Lotes vagos no distrito 3,1 2,6

Falta de sinalização de trânsito interna 3,1 2,8

Insuficiência de suprimento de energia 3,0 3,1

Falta de placas com nome das empresas do distrito 3,0 2,7Realização de pesquisa para identificar a real necessidade das empresas instaladas no distrito quanto à melhoria da infraestrutura 3,0 2,9Carência de eventos e palestras para os trabalhadores do distrito, que propiciem integração e qualificação 2,9 2,9

Insuficiência de transporte coletivo de acesso ao distrito 2,8 2,5

Deficiência no tratamento de esgoto do distrito 2,8 2,8Deficiência na qualidade dos serviços de abastecimento e tratamento de água no distrito 2,8 2,3

Desorganização do tráfego interno de veículos e estacionamento no distrito 2,8 2,4

Congestionamento de veículos no acesso ao distrito 2,8 2,4Inexistência de um Centro de Informações Econômicas do distrito (nº de indústrias, nº de empregados, aquisição de insumos, importação e exportação, etc.) 2,7 2,4

Inexistência de espaços no distrito para realização de cursos, palestras e seminários 2,7 2,4

Ausência do aeroporto 2,5 2,4Fonte: IEL Pesquisas/2017Base: 58 empresas

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SEGURANÇA DO TRABALHO

O bê-á-bá da NR-12Consultoria do Senai Goiás, 1º da rede no Brasil a ter um especialista em segurança de máquinas e equipamentos com certificação mundial, ajuda indústrias na adequação à norma e a prevenir acidentes

Andelaide LimaFotos: Alex Malheiros

D ados do Ministério do Trabalho mostram que em apenas dois anos, de 2011 a 2013, mais de 13 mil trabalhadores sofreram acidentes em máquinas e

equipamentos, dos quais 601 morreram e que, diariamente, 12 foram amputados, em média, no Brasil. Os números são alarmantes e mostram que há ainda muito a ser feito em ações de capacitação, conscientização e prevenção, além de investimentos em melhorias nos processos produtivos.

Voltada para garantir a saúde e integridade física de trabalhadores em atividades com uso de máquinas e equipamentos, a Norma Regulamentadora (NR-12), alterada recentemente, vem desafiando as indústrias no processo de adequação e cumprimento da lei.

“Ao melhorar o clima e reduzir consideravelmente a incidência de acidentes, a produtividade tende a crescer em médio e longo prazo.”

RENATO CORREA NETTO, diretor industrial da Ontex, sobre atendimento em NR-12 à Active Indústria de Cosméticos, empresa do grupo

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Nesse contexto de alto índice de aci-dentes e para ajudar as empresas a atender à norma técnica, o Senai Goiás oferece às indústrias consultoria com metodologia específica para adequação. O atendimento abrange a realização de diagnóstico técni-co, análise de riscos, projetos de adequação (mecânico e elétricos), apreciação dos ris-cos e capacitação, além de outras ações.

As atividades são desenvolvidas pelo Núcleo de Legislações, Normas e Regu-lamentos Técnicos do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, de Goiânia. O núcleo é coordenado pelo en-genheiro eletricista Joel Mário de Souza, que obteve recentemente a certificação CMSE® - Certified Machinery Safety Ex-pert (certificado de especialista em segu-rança de máquinas), concedida pela TÜV

Nord, órgão internacional com sede na Alemanha. Com a conquista, o IST em Alimentos e Bebidas passa a ser a primeira unidade da rede Senai no Brasil a ter um especialista em segurança de máquinas e equipamentos com certificação mun-dial. Além disso, consolida-se como ins-tituição referência em certificação NR-12 (veja box).

CAPACIDADE TÉCNICA RECONHECIDA

A NR-12 dispõe de uma série de requi-sitos que devem ser adotados pelas indús-trias, incluindo utilização de dispositivos de segurança, sinalizações, equipamentos de proteção, entre outras exigências. “A consultoria é realizada por uma equipe

multidisciplinar e engloba todas as ações necessárias para que a empresa possa aten-der aos requisitos da norma e alcançar a conformidade legal, contribuindo para redução do número de acidentes com má-quinas e equipamentos”, diz Joel Mário de Souza.

Estruturado em 2014, o Núcleo de Legislações, Normas e Regulamentos Técnicos já realizou 172 atendimentos destinados à implantação da NR-12 em mais de 50 empresas. Uma delas é a Active Indústria de Cosméticos, do Grupo Ontex – multinacional do setor de soluções de higiene pessoal.

Diretor industrial da Ontex, Renato Correa Netto explica que as adequações nas máquinas das diversas linhas de produção da fábrica visam aumentar a

�� Joel Mário de Souza, engenheiro eletricista do Senai Goiás, primeiro no País a ter um especialista em segurança de máquinas e equipamentos com certificação mundial

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MERCADO GLOBAL

Para obter a certificação CMSE®, o coor-

denador do Núcleo de Legislações, Normas e

Regulamentos Técnicos, Joel Mário de Souza,

participou de treinamento e avaliação reali-

zados em agosto, na Pilz do Brasil, parceira

da TÜV Nord, em São Bernardo do Campo

(SP). Na prova teórica, ele acertou 37 das 40

questões relacionadas aos temas específicos

para segurança de máquinas, avaliação de

risco, dispositivos de proteção mecânicos,

componentes e tecnologias de segurança,

exigências de segurança elétrica e segurança

funcional de sistemas de comando. Os 92,5%

de acertos garantiram a maior nota da turma,

formada por profissionais de grandes empre-

sas, como Johnson & Johnson e Kraft Heinz.

“Como se trata de um certificado reco-

nhecido internacionalmente, podemos im-

pulsionar nossas ações em segurança de

máquinas e equipamentos, fortalecendo

nossa posição no setor. Além disso, entre

outras atividades, a partir de agora temos

total condições de definir os critérios de

segurança que a máquina deve possuir ao

ser importada/exportada da Europa para o

Brasil e vice-versa, auxiliando nossos clientes

de forma global, uma vez que o âmbito da

certificação vai além da NR-12, pois alcança o

mercado mundial”, destaca Souza.

Além das ações para adequação à legis-

lação, o Senai realiza diversas atividades de

qualificação profissional na área de saúde e

segurança do trabalho, coordenadas pela Es-

cola Senai Vila Canaã, em Goiânia – referência

na formação de mão de obra para o setor.

segurança dos operadores e são feitas em três etapas. A primeira é a identificação dos pontos que precisam ser trabalhados, feita em parceria com o Senai. A segunda fase é a construção das guardas e módulos que impedem o acesso às máquinas que estão em funcionamento. A última etapa inclui a verificação e validação dos projetos implementados, além do treinamento dos operadores, realizados pelo Senai.

“Iniciamos as adequações em nossa planta há dois anos. Atualmente, a primeira etapa já foi concluída em 100% das linhas e entre 40% e 50% já passaram pelas fases dois e três. Ao aprimorar a segurança, per-

cebemos que houve melhora no clima da fábrica, com operadores mais seguros e carga menor de estresse. Ao melhorar o clima e reduzir consideravelmente a inci-dência de acidentes, a produtividade tende a crescer em médio e longo prazo”, observa.

O diretor destaca que o trabalho rea-lizado em parceria com o Senai possibilita a implantação de uma solução já testada e desenvolvida, com conteúdo técnico de-finido. “A instituição é reconhecida por sua seriedade e alta capacidade técnica, com isso o projeto ganha credibilidade, principalmente junto ao público interno e externo”, avalia.

�� Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas: complexo recém inaugurado consolida como referência em certificação NR-12

SEGURANÇA DO TRABALHO

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FORNECEDORES

Mais valor e engajamento localPrograma de Desenvolvimento de Fornecedores tem impacto positivo em atividades e negócios de pequenas empresas em Crixás. AngloGold Ashanti dá maior amplitude ao inserir associações com seus empreendimentos sociais

Célia OliveiraFotos: Mizael Messias

M otivada com o impacto do Programa de Desen-volvimento de Fornecedores (PDF) no Norte Goiano, deflagrado em 2013 em parceria com

outras mineradoras, a AngloGold Ashanti iniciou, em agosto, o 3º ciclo de atividades, em Crixás, região onde mantém unidade de negócio de extração de ouro, a Mine-ração Serra Grande. Com outras duas unidades, em Minas Gerais, a mineradora tem posição de destaque no Brasil, onde completou em 2017 trajetória de 183 anos de atuação.

Com o programa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL),

“Adotamos metas e uma delas é aumentar nossa participação

com as compras que fazemos localmente, contando

com fornecedores desenvolvidos em

termos de qualidade de gestão, preço

e prazo.”ROGÉRIO COSTA, gerente

de Sustentabilidade da AngloGold Ashanti

�� Exploração de ouro pela AngloGold, em Crixás, no Norte Goiano: mineradora aposta no fortalecimento de pequenos negócios da região como fornecedores para suas atividades

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retomado de forma autônoma no ano passado, a mineradora envolveu 15 pequenas empresas fornecedoras de diferentes segmentos. “Conseguimos aumentar o volume de compras locais, tatear a melhoria na gestão da qualidade, de produtos e serviços nos apresentados pelos fornecedores”, analisa o gerente de Sustentabilidade, Rogério Costa.

De acordo com ele, esses e outros ga-nhos com o programa beneficiaram toda a cadeia de valor da mineradora, o que levou ao lançamento do 3º ciclo do PDF. “Com esse novo ciclo, seguimos com o programa para gerar e ampliar as oportunidades no município e região”, observa Costa, que aponta ainda maior engajamento com as empresas locais e valores em toda a cadeia.

NOVOS CAMINHOS

Focada em adquirir serviços locais por meio do desenvolvimento de fornecedores, a mineradora aposta na sustentabilida-de das pequenas empresas, dando-lhes alternativas para atividades que possam conduzí-las a um mercado maior.

Além do PDF Goiás, a AngloGold Ashanti colabora para o estabelecimento de novos caminhos para a integração do fornecedor ao mercado, ao criar o Parceria Sustentável, programa voltado à autos-sustentabilidade dos empreendimentos sociais para incentivar o desenvolvimento local das comunidades onde a mineradora opera. A estratégia é fomentar novos ne-gócios para as famílias capazes de gerar renda e emprego, uma das preocupações manifestadas por diretores dessas peque-nas empresas.

Algumas das associações selecionadas no Parceria Sustentável foram inseridas no PDF, a partir do 3º ciclo. “O Parceria Sus-tentável e o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores somam para a habilidade da gestão, estimulando as pequenas a se tornarem estruturadas de forma a serem

mais independentes e permanentes”, diz o gerente Rogério Costa, acrescentando que a expectativa é tornar as associações gran-des fornecedoras no futuro. “Ao inseri-los no programa, almejamos pela liberdade e pelo caminhar seguro desses empreen-dimentos sociais”, afirma Rogério Costa.

UM NOVO TEMPO

Contemplada no programa Parceria Sustentável e inserida no PDF Goiás, a Associação Mãos que Criam vislumbra um horizonte promissor. Criado em 2009,

o pequeno negócio na área de confecção de uniformes foi consolidado em 2017. Sete costureiras atendem a nove clientes e, com aporte financeiro da mineradora, compraram 13 máquinas, investiram em tecidos e aviamentos.

A próxima etapa é a preparação da associação para caminhar com as pró-prias pernas, aprendendo sobre gestão e mercado. “Os aportes recebidos foram um presente especial porque conseguimos ins-trumentos”, diz a presidente da associação, Eguivone Alves e Silva.

Mulher de negócios, ela já confia que o

FORNECEDORES

“Eu vi neste programa um futuro melhor, de mais negócios. Tenho

expectativas com as rodadas de negócios para

aumentar os clientes”.EGUIVONE ALVES E SILVA, presidente da

Associação Mãos que Criam, de Crixás

“O IEL sempre nos visita e nos traz boas ideias.”VANDA SILVA, presidente da Associação Sabão Aquarela, de Crixás

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Um serviço pensado para aumentar a rentabilidade do seu negócio

www.safras.com.br (51) 3290-9200

programa será a ferramenta de que precisa para crescer e transformar a associação em cooperativa. “Queremos no futuro conquistar clientes, ampliar a produção de uniformes e gerar mais emprego.”

Igualmente beneficiada com aporte fi-nanceiro da AngloGold Ashanti e indica-da para o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF Goiás), a Associa-ção do Sabão Aquarela aposta em melho-rar a produção.

Vanda Silva, presidente do negócio desde a fundação, há quatro anos, sem-pre contou com a ajuda da mineradora, que doava, também, parte significativa do óleo empregado na fabricação de sabão em barra, ralado e líquido.

Integrante do Parceria Sustentável, agora, a associação ganha novos ares para prosseguir com o negócio, que conta com oito funcionários na produção de 120 quilos de sabão por semana, do tipo em barra e ralado.

“Os aportes nos ajudaram com a compra do maquinário indispensável”, reconhece Vanda Silva, ao acrescentar que a ajuda também colaborou com o aumento das vendas e da renda das famílias. “Com o PDF quero melhorar a produção e colocar a associação na linha de ordem.”

De acordo com a coordenadora do PDF e gerente de Desenvolvimento Em-presarial do IEL Goiás, Sandra Márcia Silva, a parceria com a AngloGold Ashanti fomenta e incentiva a gestão sustentável na cadeia de fornecimento da minerado-ra, criando e elevando as condições e a competitividade das pequenas empresas e empreendimentos. “Nossa pretensão é de que, ao final de cada ciclo, essas empresas estejam mais qualificadas para atender não somente às demandas da mineradora, mas de outros segmentos produtivos em diver-sos mercados.”

Participante desde o 1º ciclo do PDF Goiás,

a empresária Susete Lessa reconhece que o

programa tem ajudado sua empresa, Casa

Lessa Materiais de Construção, a ser forte,

além de fazer o município crescer. “Crixás está

em desenvolvimento e isso tem a participação

das pessoas locais, da mineradora e do IEL

nos trazendo oportunidades.”

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GENTE D A I N D Ú S T R I A

�� MÚSICA NO CANTEIRO DE OBRAS / Mario Valois (direita), da Dinâmica Engenharia,

faz sucesso com o projeto itinerante Sala de Música, instalado no canteiro de obras do Detail

Vaca Brava, novo empreendimento da construtora, no Setor Bueno. No espaço, inaugurado

dia 19 de outubro, violão, caixa de som, teclado, contrabaixo e bateria eletrônica fazem a

alegria dos trabalhadores durante os intervalos de trabalho.

�� MOLHOS E GELEIAS / O casal Roberta Soares e Daniel Beiro Bendjouya, da fábrica de

molhos e geleias Lambuze, expõe portfólio em feira de produtos orgânicos que movimenta

manhãs de sábado de point da Alameda Ricardo Paranhos, no Setor Marista, em Goiânia. O

negócio surgiu há dois anos, no Jardim América, na capital, e já está presente em 26 pontos

de venda. “Nossos temperos têm como diferencial a redução de 30% a 50% de sódio e açúcar

em relação às geleias premium”, explica Roberta Soares.

Julia

na C

orde

iro

�� MECHAS / Desenvolvida pela Escola

Sesi Sama, a campanha Princesa Solidária

mobilizou a população de Minaçu, no Norte

de Goiás, a arrecadar cabelos e acessórios

para doentes de câncer em tratamento. Sete

cabeleireiras revezaram-se para fazer os cor-

tes gratuitamente. O material arrecadado

– 178 mechas de cabelos, além de lenços

e acessórios – foi entregue pela diretora da

escola, Raqueline Dias, à coordenadora dos

Voluntários do Hospital Araújo Jorge, em

Goiânia, Ângela Machado de Sá Ferreira (foto

abaixo). Outra parte foi enviada à instituição

Amigas da Mama, em Curitiba, que confec-

ciona e doa perucas.

Joice Chagas

Ale

x M

alhe

iros

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// Renata dos Santos

�� VINÍCOLA / O recém-lançado licor dourado, mix de vinho branco e licor tradicional, é a novidade da produção de vinhos na Fazenda

e Vinícola Jabuticabal, em Hidrolândia. No local, além de 42 mil pés carregados da fruta, as atrações para os visitantes este ano são os barris

enormes da vinícola da família, que é aberta à visitação, junto a restaurante anexo. Paulo Antônio Silva (foto), que aprendeu tudo com o pai,

Antônio Batista, de 91 anos e fundador da fazenda em 1947, quando plantou os primeiros pés de jabuticaba, agora repassa o conhecimento

ao herdeiro, Paulo Filho.

Fotos: Paulo Filho

�� DESIGN / Desenvolvida em parceria entre o empresário Manoel Paulino (Foto), diretor do

Sindmóveis, e o arquiteto Leo Romano, a coleção de móveis Para Ser Feliz foi lançada dia 19 de

outubro, em Goiânia. São 14 peças inéditas, que unem madeira a resina transparente e estofamento.

“O cenário moveleiro goiano deixa de ser apenas consumidor para ser produtor e conquistar o

mundo, com as peças de sucesso como as que expomos em Milão”, destaca o empresário, também

parceiro de Leo Romano em duas coleções anteriores, Chuva e Bailarina.

Mar

cus

Cam

argo

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GENTE D A I N D Ú S T R I A

�� CABEÇA OCA / Parceiro na montagem

do figurino do espetáculo Cabeça Oca em

Goiânia – O Tesouro Escondido, de Christie

Queiroz, o empresário Jeony Abdalla Obeid,

da Petrucci Uniformes, levou a filha Maria

Fernanda, de 4 anos, à apresentação, uma

das atrações do aniversário da capital, em

outubro. Desde 2007, a empresa abastece o

mercado goiano e também de Brasília.

�� AOS MESTRES, COM CARINHO! / Ex-professores das turmas de 1973 a 1976 da Faculdade Senai Roberto Mange, de Anápolis,

receberam placas e certificados de honra ao mérito, concedidos pela Câmara de Vereadores do município, em sessão solene dia 19 de

outubro, no auditório da unidade. A homenagem foi proposta pelo vereador Valdete Fernandes, ex-aluno dos cursos de ajustador e de

torneiro mecânico do Senai Anápolis.

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�� EM FORMA / O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, cruza linha de chegada do Circuito

Corrida nos Parques – Etapa Sesi, disputado dia 12 de novembro, sob chuva, com cerca de

mil participantes, dos quais 340 trabalhadores da indústria. Aos 83 anos, ele corre 10 km

todos os dias.Silvio Simões

Page 49: A RECESSÃO ACABOU....Foto: Colheita de cana-de-açúcar na Usina SJC Bionergia, em Quirinópolis (GO), por Weimer Carvalho, de O Popular, 1º lugar no 13º Prêmio Sistema Fieg de

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�� PIMENTA / Comemorando 12 anos de criação de sua Pimenta Mendez, de Anápolis,

o empresário Rafael Mendes retorna de Miami (EUA), onde participou da inauguração de

unidade da rede de restaurantes Coco Bambu, um de seus clientes. O aniversário da indústria

foi marcado com o lançamento de novo produto: creme de alho.

�� HOMENAGEM / A engenheira

de alimentos Christiane Starling, ge-

rente do Instituto Senai de Tecnologia

em Alimentos e Bebidas, a presidente

da Fieg, Jovem, Thais Santos, e Cláudio

Cardoso, coordenador da Engenharia

de Alimentos da Universidade Federal

de Goiás (UFG), foram homenageados

pela Assembleia Legislativa, em sessão

especial, alusiva ao Dia do Engenheiro

de Alimentos, comemorado no dia 16

de outubro. Proposta do deputado

Lívio Luciano.

�� ENEM / Antônio Almeida (Kelps) exibe

publicação de sua editora, o livro História da

Música Popular Brasileira para Vestibulares

e Enem, dos professores Rainer Sousa e Vic-

tor Creti, lançado no Evoé Café com Livros,

dia 15 de outubro. A obra reúne grandes

manifestações da canção popular no Brasil

durante o século 20. “A ideia é arrebanhar

leitores de todas as idades estudantes da

música popular e curiosos sobre o assunto”,

diz Antônio Almeida.

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Sergio Ricardo Sandes Rocha

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PELOS SINDICATOS

GIR

O E CONSELHOS TEMÁTICOS

SINDTRIGOCONGRESSO INTERNACIONAL / O presidente do Sindtrigo, Sérgio Scodro, e os diretores Murilo Rodrigues da Cunha e André Lavor, acompanhados pela diretora executiva do Sindicato das Indústrias de Alimentação, Denise Resende, participaram do Congresso Internacional da Indústria do Trigo, em Campinas (SP), entre os dias 22 e 24 de outubro (foto). Com o tema A Força dos Moinhos, mais de 500 pessoas, entre empresários, técnicos, analistas de mercado, estiveram no evento.

SIMELGOCELEBRAÇÃO / Em noite de homenagens, o Simelgo realizou a 11ª edição da Medalha de Honra ao Mérito Ministro Aquino Porto, no auditório Daniel Viana, na Casa da Indústria. Na foto, o vice e o presidente do sindicato, respectivamente, André Luiz da Silva e Hélio Naves, e os condecorados Marize de Carvalho Almeida (Hidráulica Brasil), Orisvaldir Pires de Oliveira (Aliança Alumínio), Rafael Vitor Amicucci (Metafer) e Robson Peixoto Braga (Dobraço).

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SIAEG

ALIMENTO CONFIÁVEL / Lançado oficialmente em evento no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, do governo de Goiás, o Programa Alimento Confiável, criado pelo Sindicato da Indústria da Alimentação no Estado de Goiás (Siaeg), contemplará, inicialmente 40 empresas goianas com subsídios para os custos com auditorias dentro da iniciativa. A meta é alcançar 500 empresas em dois anos, para adoção de boas práticas de fabricação e controle de riscos de contaminação, visando à excelência na produção, melhoria contínua de processos e segurança dos produtos que chegam ao consumidor. Na foto, o presidente do Siaeg, Sandro Mabel, recebe do governador Marconi Perillo, certificado de reconhecimento pela implantação do programa, em parceria com Sebrae, Federação das Indústrias (Fieg) e governo do Estado.

Silvio Simões

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SINDUSCON-GO

CONSTRUIR MAIS / O Sinduscon-GO realizou, dia 13 de novembro, no Teatro Sesi, em Goiânia, a entrega do Construir Mais – 2º Prêmio Sinduscon-GO de Boas Práticas (foto). Conenge Construções e Engenharia, Toctao Engenharia, Agência Goiana de Habitação e Newinc Construtora subiram ao pódio nas categorias Inovação, Saúde e Segurança no Trabalho, Meio Ambiente e Responsabilidade Social, respectivamente. O sindicato ainda conferiu Menção Honrosa ao presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins, e à secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves.

ALIMENTAÇÃO

MISSÃO PROSPECTIVA / Um grupo de empresários goianos participou da missão prospectiva à Anuga 2017, entre 7 e 11 de outubro, em Colônia, na Alemanha (foto). A feira é considerada uma das maiores e mais conceituadas do mundo no segmento de alimentos e bebidas, este ano com público de cerca de 160 mil visitantes de diversos países. A missão foi coordenada pela Fieg, por meio da Rede Brasileira dos Centros Internacionais de Negócios, com apoio da Apex-Brasil.

SINDIFARGO

SUÉCIA E ANÁPOLIS / O presidente executivo do Sindifargo, Marçal Henrique Soares, participou, em outubro, de encontro (foto) com o embaixador da Suécia no Brasil, Per-ArneHjelmborn. A reunião, na Prefeitura de Anápolis, contou com presença de representantes do Executivo, lideranças do setor produtivo e do meio acadêmico. Em apresentação sobre o setor, ele ressaltou que a cooperação internacional é importante para transferência de conhecimento, tecnologia e inovação.

SINCAFÉ

EM BUSCA DE NOVOS NEGÓCIOS O presidente do Sincafé, Jaques Jamil Silvério, também marcou presença na edição deste ano da Anuga. “Nosso objetivo principal foi conhecer e prospectar, in loco, tendências do mercado de café industrializado, prospectar novos negócios, analisar as certificações de produtos orgânicos e Halal e ampliar o networking”, disse. Durante a feira, Silvério conversou com o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (foto), sobre o mercado de cafés especiais.

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PELOS SINDICATOSGIRO E CONSELHOS TEMÁTICOS

FIEG REGIONAL

POLO DE DEFESA / A candidatura de Anápolis para sediar um polo de empresas do setor de defesa foi apresentada em setembro ao então presidente em exercício, Rodrigo Maia, durante encontro (foto) no Palácio do Planalto, com participação do presidente da Fieg Regional Anápolis, Wilson de Oliveira (foto), e comitiva liderada pela Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia). Em seguida, a comitiva esteve com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, com o mesmo objetivo. Em março do ano que vem, haverá uma feira em Anápolis, com presença de empresas do setor que podem ser atraídas para o polo.

INTEGRAÇÃO / A Fieg Regional Anápolis, representada por Darlan Siqueira, e o Sindifargo, pelo presidente executivo, Marçal Henrique Soares, participaram do programa UniEvangélica Mais Empresários. O objetivo da iniciativa foi promover maior interação entre os setores acadêmico e produtivo, visando parcerias para a busca de inovação e qualidade. O encontro foi capitaneado pelo presidente da AEE e chanceler do Centro Universitário de Anápolis, Ernei de Oliveira Pina, e pelo reitor da UniEvangélica, Carlos Hassel Mendes.

LAMPARINA DE DIÓGENES / Símbolo da campanha Eu Sou do Bem, Eu Sou de Deus!, a Lamparina de Diógenes chegou à Fieg Regional Anápolis em setembro, permanecendo na entidade pelo período de uma semana. A campanha é desenvolvida pela sociedade organizada, por meio da ONG Cruzada pela Dignidade, com o objetivo de fortalecer a instituição da família e incentivar as pessoas a praticarem o bem.

SIFAEG

RENOVABIO / A 17ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, encerrada no dia 7 de novembro, em São Paulo (SP), entre outros temas, discutiu o RenovaBio, programa que trata da expansão da produção de biocombustíveis no País, com foco no abastecimento doméstico, geração de excedentes para exportação e redução das emissões de gases de efeito estufa na matriz de transportes. André Rocha, presidente-executivo do Sifaeg e presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, participou do evento e ressalta que o programa, ainda em negociação no governo federal, precisa ser ganhar status de política de Estado, para que o Brasil possa avançar em sua trajetória de liderança no cenário mundial de biocombustíveis.

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ASSEMBLEIA/ O empresário Antônio Almeida, presidente do Sigego e da Abigraf-GO, participou em outubro, em Curitiba, da 26ª Assembleia da Abigraf Nacional. Em sua apresentação, Almeida abordou o tema Perspectivas para a Indústria Gráfica da Região Centro-Oeste.

SIGEGO

CONSULTORIAS / Numa inciativa do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de Goiás (Sigego), o consultor da Organização das Nações Unidas para a indústria gráfica na América Latina, Sylvio Araújo Netto (foto), um dos maiores especialistas em sua área, realizou em Goiânia série de visitas técnicas e de treinamentos a indústrias do setor durante o mês de outubro.

SICMA

SECONCI ANÁPOLIS AVANÇA / A diretoria do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Anápolis deu mais um importante passo rumo à implantação, no município,do Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci). Em reunião ocorrida em setembro, foi debatido e deliberado sobre o estatuto da entidade, bem como a estruturação da diretoria, do conselho consultivo e do conselho fiscal. Para o presidente do Sicma, Anastácios Apostolos Dagios, o Seconci Anápolis será uma grande conquista para empresas e trabalhadores do setor. Em princípio, a proposta é oferecer atendimento médico e odontológico e, ao longo do tempo, aumentar o portfólio de serviços e benefícios.

PROJETO INOVADOR / O Sicma e a Terceira Regional da Polícia Civil desenvolvem parceria para a construção de uma moderna sede destinada a abrigar as delegacias especializadas com perfil de atendimento regional (ilustração). O projeto é executado pela empresa Tijoleko - Tijolos e Revestimentos Ecológicos, juntamente com o curso de Tecnologia da Construção Social da Faculdade Metropolitana de Anápolis (Fama). O delegado regional Fábio Vilela e o arquiteto Luiz Antônio Oliveira Rosa, diretor da Tijoleko e do Sicma, apresentaram o projeto em reunião com empresários na Associação Comercial e Industrial de Anápolis. O lançamento oficial ocorreu no dia 19 de outubro, no auditório do Senac.

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Senhor empresário: A FIEG é integrada por 36 sindicatos da indústria, com sede em Goiânia, Anápolis e Rio Verde. Conheça a entidade representativa de seu setor produtivo. Participe. Você só tem a ganhar.

SINDICATOS/ANÁPOLISAv. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Jundiaí, Anápolis/GO - CEP 75113-630 Fone/Fax: (62) 3324-5768 e [email protected]

SINDALIMENTOSSindicato das Indústrias da Alimentação de AnápolisPresidente: Wilson de [email protected]

SICMASindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de AnápolisPresidente: Anastácios Apostolos [email protected]

SINDICER-GOSindicato das Indústrias de Cerâmica no Estado de GoiásPresidente: Laerte Simã[email protected]

SIVASindicato das Indústrias do Vestuário de AnápolisPresidente: Jair [email protected]

SINDIFARGOSindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de GoiásPresidente: Heribaldo EgídioPresidente-Executivo: Marçal Henrique [email protected]

SIMMEASindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de AnápolisPresidente: Robson Peixoto [email protected]

SINPROCIMENTOSindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de GoiásPresidente: Olavo Martins BarrosFone: (62) 3224-0456/Fax [email protected]

SINDIREPASindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de GoiásPresidente: Alyson Jose Nogueira Telefone (62) 3224-0121/ [email protected]

SINDIAREIASindicato das Empresas de Extração de Areia do Estado de GoiásPresidente: Gilberto Martins da CostaFone/Fax: (62) [email protected]

SINDCELSindicato das Indústrias da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia no Estado de GoiásPresidente: Célio Eustáquio de MouraFone: (62) 3218-5686 / [email protected]

SINDIALFSindicato das Indústrias de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens no Estado de GoiásPresidente: Daniel Viana

SIAEGSindicato das Indústrias de Alimentação no Estado de GoiásPresidente: Sandro Antônio Scodro MabelFone/Fax: (62) [email protected]

SINDICALCESindicato das Indústrias de Calçados no Estado de GoiásPresidente: Elvis Roberson PintoFone/Fax: (62) [email protected]

SINCALSindicato das Indústrias de Calcário, Cal e Derivados no Estado de Goiás, Tocantins e DFPresidente: José Antônio VittiFone/Fax (62) [email protected]

SINDICARNESindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás e TocantinsPresidente: José Magno PatoFone/Fax (62) 3229-1187 e [email protected]

SINDCURTUMESindicato das Indústrias de Curtumes e Correlatos do Estado de GoiásPresidente: Emílio Carlos Bittar Fone/Fax: (62) [email protected]

OUTROS ENDEREÇOSSIFAÇÚCARSindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de GoiásPresidente: Marcelo de Freitas BarbosaPresidente-Executivo: André Luiz Baptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim AméricaCEP 74290-130 - Goiânia - GOFone: (62) 3274-3133 / Fax (62) 3251-1045

SIMESGOSindicato da Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico do Sudoeste GoianoPresidente: Heitor de Oliveira Nato NetoRua Costa Gomes, nº 143 Jardim MarconalCEP 75901-550 - Rio Verde - GOFone/Fax: (64) [email protected]

SINDUSCON-GOSindicato das Indústrias da Construção no Estado de GoiásPresidente: Carlos Alberto de Paula Moura JúniorRua João de Abreu, 427 - St. OesteCEP 74120-110 - Goiânia- GOFone: (62) [email protected]

SINROUPASSindicato das Indústrias de Confecções de Roupas em Geral de GoiâniaPresidente: Edilson Borges de SousaRua 1.137, nº 87 - Setor MaristaCEP 74180-160 - Goiânia - GOFone/Fax: (62) [email protected]

SINDICATOS COM SEDE NO EDIFÍCIO PEDRO ALVES DE OLIVEIRA

SINDIGESSOSindicato das Indústrias de Gesso, Decorações, Estuques e Ornatos do Estado de GoiásPresidente: José Luiz Martin AbuliFone: (62) [email protected]

SINDILEITESindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de GoiásPresidente: Joaquim Guilherme Barbosa de SouzaFone (62) 3212-1135 / Fax [email protected]

SIMPLAGOSindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado de GoiásPresidente: Bruno Franco Beraldi CoelhoFone (62) [email protected]

SINDIPÃOSindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado de GoiásPresidente: Luiz Gonzaga de AlmeidaFone: (62) [email protected]

SIMAGRANSindicato das Indústrias de Rochas Ornamentais do Estado de GoiásPresidente: Eliton Rodrigues FernandesTelefone: (62) [email protected]

SINCAFÉSindicato das Indústrias de Torrefação e Moagem de Café no Estado de GoiásPresidente: Jaques Jamil SilvérioFone (62) 3212-7473 - Fax [email protected]

SINVESTSindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de GoiásPresidente: José Divino ArrudaFone/Fax: (62) [email protected]

SINDIBRITASindicato das Indústrias Extrativas de Pedreiras e Derivados do Estado de GO, TO e DFPresidente: Flávio Santana RassiFone/Fax: (62) [email protected]

SIEEG-DFSindicato das Indústrias Extrativas do Estado de Goiás e do Distrito FederalPresidente: Domingos Sávio G. OliveiraFone: (62) 3212-6092 - Fax [email protected]

SIGEGOSindicato das Indústrias Gráficas no Estado de GoiásPresidente: Antônio de Sousa AlmeidaFone (62) 3223-6515 - Fax [email protected]

SIMELGOSindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de GoiásPresidente: Hélio [email protected]/Fax: (62) 3224-4462 [email protected]

SINDQUÍMICA-GOSindicato das Indústrias Químicas no Estado de GoiásPresidente: Jair José de AlcântaraFone (62) 3212-3794/Fax [email protected]

SINDMÓVEISSindicato das Indústrias de Móveis e Artefatos de Madeira no Estado de GoiásPresidente: Enoque Pimentel do NascimentoFone/Fax: (62) [email protected]

SINDTRIGOSindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-OestePresidente: Sérgio ScodroPresidente-Executivo: André Lavor P. BarbosaFone: (62) 3223-9703 [email protected]

SIFAEGSindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol no Estado de GoiásPresidente: Marcelo de Freitas BarbosaPresidente-Executivo: André Luiz Baptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim AméricaCEP 74290-130 - Goiânia- GOFone (62) 3274-3133 e (62) [email protected]

SIAGOSindicato das Indústrias do Arroz no Estado de GoiásPresidente: Jerry Alexandre de Oliveira PaulaRua T-45, nº 60 - Setor BuenoCEP 74210-160 - Goiânia - GOFone/Fax (62) [email protected]

SINDICATOS

Rua 200, Quadra 67-C, Lote 1/5, nº 1.121 – Setor Vila Nova, em frente à Casa da Indústria – Goiânia-GO, CEP: 74645-230

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