A repetição em Manoel de Barros

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    * Doutor em Linguagem e Educao, FE-USP, So Paulo (SP), Brasil. .

    Trab. Ling. Aplic., Campinas, 49(1):39-51, Jan./Jun. 2010

    A REPETIO NA POESIA DE MANOEL DE BARROS: AS DISTNCIAS DO NADA

    REPETITION IN MANOEL BARROS POETRY: THE NOTHING DISTANCES

    JOS LUS LANDEIRA

    RESUMO: A repetio, na lngua, manifesta-se em todos os nveis da produo do texto como umprocedimento bsico que participa na construo do sentido. Este artigo procura surpreender a repetiona poesia de Manoel de Barros, em especial, naquilo que ela contribui para compreender o valor dopequeno e do insignificante resgatando ou ampliando a dimenso potica da lngua. Ao mesmo tempo,procura-se compreender como o jogo de reiteraes promove uma re-significao no que o modoracional na linguagem e na viso de mundo sem despir-se da magia presente no encontro do indivduoconsigo mesmo, na sua interioridade e na construo de sua identidade social. O artigo est dividido emtrs partes: a primeira procura analisar a repetio como elemento da elaborao do sentido no textopotico; a segunda preocupa-se com a linguagem na poesia de Manoel de Barros, com particular relevnciapara o jogo de recorrncias; finalmente, a terceira, afunila ainda mais nosso objeto de estudo, concentrando-se em analisar como as recorrncias de negao contribuem para a construo do sentido no poema Oque eu no sei fazer desmancho em frases.Palavras-chave: repetio; poesia; Manoel de Barros.

    RESUMN: La repeticin, en la lengua, se manifiesta en todos los niveles de la produccin del textocomo un procedimiento bsico que participa en la construccin del sentido. Este artculo procura sorprenderla repeticin en la poesa de Manoel de Barros, en especial, en lo que ella contribuye para comprehenderel valor de lo pequeo y de lo insignificante, rescatando o ampliando la dimensin potica de la lengua. Almismo tiempo, deseamos comprehender como el juego de reiteraciones promueve la alteridad en lamanera de ver el mundo a partir de una resignificacin de lo que es racionalidad en el lenguaje sindesnudarse de la magia existente en el encuentro del individuo consigo mismo, en su interioridad e en laconstruccin de su identidad social. Este artculo est dividido en tres partes: en la primera, procuramosanalizar la repeticin como elemento de la elaboracin del sentido en el texto potico, la segunda, se

    preocupa con el lenguaje en la poesa de Manoel de Barros, con foco particular en el juego de recurrencias;finalmente, la tercera se concentra an ms en nuestro objeto de estudio, al proponer el anlisis del poemaO que no sei fazer desmancho em frases a partir del estudio de las recurrencias de negacin.Palabras-llave: repeticin; poesa; Manoel de Barros.

    Eu fiz o nada aparecer

    Manoel de Barros

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    Este artigo surge de uma crena: creio ser importante revisitar os estudos de lingusticosquando aplicados teorizao literria, livrando essa relao do peso delimitador presentena tradio estruturalista.

    Neste artigo propomonho-me a estudar a repetio na poesia de Manoel de Barros.

    Aceitar que o poema muito mais do que aquilo que os limites dos estudos lingusticosconseguem emoldurar no nos obriga a rechaar as contribuies da Lingstica para acompreenso do fenmeno potico. Isso por tambm ser verdade que (1) os prpriosestudos lingsticos, hoje, se apresentam como um avano aos estudos estruturalistas delinguagem (ainda que avanar no signifique, necessariamente, renunciar ao que j seconquistou), com novos enfoques e formulaes que valorizam, sob outro prisma, ainteratividade e a dimenso social da linguagem e (2) os estudos linguisticos, readequandoa sua relao com as teorias literrias, pode ter muito a oferecer para compreendermos demodo frtil e problematizador o texto potico.

    Alm disso, em uma atitude aberta ao dilogo, a compreenso elaborada pela

    Lingustica Aplicada ao fenmeno potico pode ser til em outros estudos linguisticosaplicados, como, por exemplo, nas relaes entre o texto literrio e a aula de LnguaPortuguesa, na educao formal.

    A repetio ou reiterao, na lngua, manifesta-se em todos os nveis da produo dotexto: fonolgico, morfossinttico e semntico-discursivo. Trata-se de um procedimentobsico que, promovendo a progresso textual (KOCH, 2004, p. 81), participa na construodo sentido tanto em textos orais como escritos; tanto na prosa como na poesia. Micheletti(1997, p. 158) nos explica: Como efeito de sentido, a repetio em geral apontada comointensificadora de determinado trao criando expectativa e tenso. Mais que expectativa e

    tenso, Ela gera o prprio significado. no texto potico que incide o foco de minhas preocupaes neste artigo.Parece-me no haver mritos em escorregar para as relaes, nem sempre pacficas,

    entre os estudos lingsticos e literrios. As consideraes aqui propostas no visam aelucidar o fenmeno potico em sua complexidade dinmica, mas apresentam-se como umestudo da construo do sentido do texto que o poema e, desse modo, tambm podemcontribuir para a valorao esttica da obra literria, embora no necessariamente adeterminem. Em especial, o que desejo surpreender o modo como, na poesia de Manoel deBarros, as reiteraes ajudam a polemizar os conceitos de pequeno e insignificante,resgatando ou produzindo a dimenso potica da lngua. Nosso estudo incide em algunspoemas encontrados em trs livros desse poeta (Tratado geral das grandezas do nfimo,de 2001; Retrato do artista quando coisa, de 1998 e Livro sobre nada, de 1996) queprocuram dar conta do todo de sua obra.

    Este artigo, alm desta introduo, apresenta trs partes, cada uma correspondendo aum tpico: a primeira visa a compreender os processos de repetio como elementoimportante da construo do sentido no texto potico; a segunda preocupa-seespecificamente com a linguagem na poesia de Manoel de Barros, com particular relevnciapara o jogo de recorrncias e, finalmente, a terceira parte, afunila ainda mais nosso tema dareiterao, estudando como as recorrncias de negao contribuem para a construo do

    sentido no poema de Manoel de Barros O que eu no sei fazer desmancho em frases.

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    1. A REPETIO COMO ELEMENTO DA CONSTRUO DO SENTIDO NO TEXTOPOTICO

    Muito comum na conversao cotidiana, a repetio , usualmente, considerada como

    algo negativo. Contudo, interessante notar, como explica Koch (1997, p. 93), que alm deser um das estratgias mais freqentes na estruturao do discurso, reiterar um modo deconstruir a progresso textual e o prazer.

    A autora aponta trs motivos que explicam isso: as recorrncias

    (1) criam familiaridade entre o indivduo e o enunciado;(2) associam a emoo ao que se repete;(3) sacralizam frmulas estereotpicas rituais exigidas socialmente.

    A familiaridade ao encontrar no fio do discurso aquilo que j se conhece, facilita a

    assimilao do novo e a interatividade entre os enunciadores, o que, em outras palavras,significa que reiterar fundamental para que o texto avance. A informao nova assentadaa partir da conhecida diversas vezes repetida. A pr-estruturao presente no que se reiterapromove uma maior segurana na comunicao entre os indivduos, possibilitando que sedesenvolvam relaes de simpatia em relao ao que se considera.

    Mainguenau (2005 [2006, p. 155]) denomina ritos genticos quelas atividades maisou menos rotineiras atravs das quais se elabora um texto, o que engloba aes externase internas prpria produo textual. Dessa perspectiva, chegamos ao conceito de gneroque relaciona a produo textual a recorrncias rituais, as quais restringem a elaborao

    e a difuso do texto a determinadas esferas ou campos da atividade humana (BAKHTIN1979 [2003, p. 261]). Desse modo, o que um determinado texto revela sobre a relao do seuenunciador com o mundo, abre caminhos para que se conheam alguns dos ritos e dosvalores associados produo de um determinado gnero do discurso.

    A reiterao tambm cumpre um importante papel argumentativo: pe em evidncia oque se deseja destacar, reajustando o que se diz, precisando melhor as informaes, tornandoa informao mais presente na memria do co-enunciador e, desse modo, persuadindo.

    J dissemos que a poesia, como texto, faz uso de diversas recorrncias. Essas colaboramem realizar tanto a progresso textual, como o prazer da leitura. Jenaro Talens (1995) sugereque a repetio, no poema, promove relaes entre o que semelhante e aquilo que no o. Em linhas gerais, defende que os diferentes nveis de semelhanas e recorrnciaspresentes no poema organizam os elementos no-semelhantes, estabelecendo com elesrelaes de semelhana. Dentro dessas relaes, ocorre, simultaneamente, o desvelar-sedas diferenas existentes entre os elementos semelhantes a partir dos no-semelhantes.

    Cabe lembrar tambm que, na poesia, alm das repeties mais freqentes usuais emtodos os textos, encontramos, como possibilidades de reiterao, o ritmo, o metro e a rima.

    Vejamos, por exemplo, os seguintes versos de Manoel de Barros (2001, p. 9) do poemaA disfuno:

    (1) Se diz que h na cabea dos poetas um parafuso de(2) a menos

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    (3) Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso(4) trocado do que a menos.

    Os termos repetidos so parafuso e a menos, contudo, outros nveis de repetio

    estabelecem relaes complexas de sentido.Da perspectiva da mtrica, um rpido olhar, nos mostra que ela no fixa. Desalinha-se de certa tradio clssica do que poesia, sobre a qual nos fala Jean Cohen (1966 [1978,p.74]): O metro o nmero de slabas que o verso possui. No entanto, o importante no o nmero em si, mas o fato de ele se repetir, idntico, de um verso para outro. Contudo, tambm fcil perceber que os versos 1 e 3 se aproximam na quantidade de slabas poticas,o mesmo ocorrendo com versos 2 e 4, sendo este ltimo um pouco maior do que o verso 2.Isso promove aproximaes de sentido entre os versos alternados ao mesmo tempo em quepolemizam o conceito clssico do que importante na poesia.

    Essa aproximao tambm reforada pelo jogo de rimas. Novamente, desafiam o

    conceito clssico do que so boas rimas, sobre as quais o mesmo Cohen (1966 [1978, p.69])nos explica: Se, ao proibir a rima fcil, a poesia resolveu dificultar seu prprio trabalho, foidevido a motivos mais slidos, ligados funo profunda da rima. As rimas, em Manoel deBarros, usualmente so poucas e fceis, como serve de exemplo o trecho que estamosanalisando. Neste caso, ocorrem justamente entre os termos que se repetem (parafuso (de)

    / a menos). Ainda assim, convm lembrar que reiterar ou repetir sempre altera o sentido noenunciado de um modo diferente daquele que teria se o item fosse empregado apenas umavez (KOCH, 2002, p. 121). Isso se mostra particularmente verdadeiro ao encontrarmos omesmo termo repetido na construo da rima do poema que, mais uma vez, subvertem a

    tradio potica em busca de compreender o prprio fazer potico, o parafuso trocado.Foneticamente, alm da rima, o nosso olhar (at mais do que a audio) tambmatrado para o incio do primeiro e terceiro versos, para a aproximao fnica entre Se dizque e Sendo que. Essa aproximao tambm sinttica. Mais uma vez se reiteram asrelaes de equivalncia entre os versos que se alternam.

    O mesmo podemos dizer do ritmo. Ele tambm se distancia do que a tradio poticase acostumou a valorizar. E aproxima os versos 1 e 3. Mas, aqui, a distribuio mtricaquebra o ritmo entre os versos 2 e 4. Como vimos, eles so facilmente identificados, j aoolhar como desiguais. O termo que cria a diferena o adjetivo trocado (verso 4). Esseadjetivo central para a construo do sentido no poema, em especial ao retornarmos aottulo do poema, A disfuno.

    A diferena a partir das semelhanas aparece nos versos seguintes:

    (6) A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa(7) disfuno lrica.(BARROS, 2001, p. 9)

    Aqui, o adjetivo trocado (verso 4) que anteriormente quebrou a impresso deparalelismo mtrico e rtmico substantivado (a troca verso 6). O termo central repetido

    e convertido em rima, parafuso (de) (versos 1 e 3) surge como locuo adjetiva, tendoinvertido a preposio (de parafusos verso 6). Essa mudana de classe gramatical,

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    acompanhada do desaparecimento do outro termo reiterado, a menos (versos 2 e 4),participa em gerar no leitor as suspeitas do que seja disfuno lrica (verso 7): mais queuma ausncia, uma troca, uma atitude de alteridade frente ao mundo.

    A alteridade no modo de ver o outro na construo social da identidade do poeta ,

    como teremos oportunidade de constatar, um tema recorrente na potica de Manoel deBarros. Assumir esse fato, torna mais fcil compreender que a linguagem articula e, at, se(re)constri na sua poesia.

    2. A LINGUAGEM NA POESIA DE MANOEL DE BARROS

    Considerando que todo texto no se destina contemplao, sendo em vez dissouma enunciao ativamente dirigida a um co-enunciador que preciso mobilizar a fim defazer aderir fisicamente a certo universo de sentido (MAINGUENAU, 2005 [2006, p.

    266]), o poema tambm se vale da repetio. Nele tambm a palavra recorrente procuraconstruir familiaridade entre o leitor e o enunciado, associando a emoo ao que se reitera.Ali tambm repetir cumpre uma funo argumentativa. No entanto, a funo social artsticado poema, prpria dos rituais genticos e das esferas de atividade onde circular, altera omodo mais usual do argumentar, prprio de outros gneros publicitrios, seja aqueles quese prendem a valores mais racionais, tais como monografias e teses, por exemplo, sejaaqueles que procuram uma maior empatia com o co-enunciador, como a publicidade. Apoesia argumenta procurando emergir no cotidiano como uma disfuno lrica (BARROS,2001, p. 9).

    Tomemos, como exemplo, um poema de Manoel de Barros (1998, p. 14, 15):

    (1) Bom corromper o silncio das palavras.(2) Como seja:(3) 1. Uma r mepedra. (A r me corrompeu para(4) pedra. Retirou meus limites de ser humano(5) e me ampliou para coisa. A r se tornou(6) o sujeito pessoal da frase e me largou no(7) cho a criar musgos para tapete de insetos(8) e de frades.)(...)(9) 4. Folhas me outonam. (Folhas secas que(10) forram o cho das tardes me transmudaram(11) para outono? Eu sou meu outono.)

    A primeira frase/verso do poema ( v.1) cumpre a funo de tese. A universalizao doque se afirma favorece o tom de verdade absoluta que se deseja dar ao enunciado.

    A seguir, o eu-lrico retoma essa sua tese por meio de exemplos. Exemplificar reitera nodiscurso a tese, tornando-a mais concreta e, por isso, mais visvel e persuasiva. Essa

    transposio feita pelo verso 2 Como seja:. A escolha dessa expresso lingstica d ao

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    exemplo o estatuto de parfrase, em que um mesmo contedo semntico apresentadosob formas estruturais diferentes (KOCH, 2004, p. 82).

    A parfrase instaura-se por meio de quatro exemplos (dos quais consideramossuficiente citar apenas dois) que repetem a estrutura morfossinttica: sujeito (constitudo

    de artigo e substantivo, no singular, ou apenas substantivo, no plural) + objeto direto(pronome) + verbo transitivo direto. Importante destacar que o verbo sempre formado apartir de um substantivo, a cujo radical se acrescentam as terminaes verbais emconcordncia com o sujeito, no presente do Indicativo. Essa estrutura repetida surpreendeo leitor e assumida como possibilidades concretas de corrupo do silncio das palavras.

    A repetio entre parntesis procura tambm romper esse silencio explicando aquiloque se acabou de dizer. Desse modo, se as frases-exemplo funcionaram como recorrnciasprticas de uma idia abstrata, as explicaes entre parntesis retomam o sentido anterioralargando-o e deixando em relevo, ao leitor, a fora da natureza diante do eu-lrico, o qual pedrado por uma r e outonado por folhas secas (versos 3 e 9). Funcionam como

    explicao do que j foi explicado, ressaltando assim a distncia entre o que se diz e ocotidiano do leitor.

    A obra potica

    s pode surgir se, de uma ou de outra maneira, conseguir tomar forma numa existncia que ela mesma moldada para que essa obra nela advenha. Mediante seu modo de insero (aindaque por auto-excluso) no espao literrio e na sociedade, o escritor atesta seu posicionamento,a convergncia entre uma maneira de viver e de escrever e uma obra. (MAINGUENAU,2005 [2006, p. 159, 160])

    Ao construir uma lngua em sua poesia que deliberadamente o afasta do uso cotidianopresente na sociedade e o aproxima da natureza, o enunciador legitima a sua identidadesocial como poeta e assume o desajuste existente entre uma realidade que no d contacompletamente de quem ele e as possibilidades oferecidas pela palavra. Defende, dessemodo, a idia de que a lngua muito maior do que a sociedade que, em um determinadomomento histrico, nela se constitui. Ao corromper o silncio das palavras (verso 1), opoeta rompe com o tempo presente e redimensiona o poder e o alcance da lngua,reconstruindo-a.

    A explicao dada pelo jogo de reiteraes presente no poema, se no chega a esclarecero leitor no domnio do conhecimento emprico, serve, pelo menos, para construir um primeirosentimento de desconfiana da relao entre poeta e sociedade, representada, no momentoda leitura, pelo prprio leitor. Esse encontra a razo de ser do poema na necessidade deconvencimento diante da tese inaudita apresentada e reiterada pela aproximao que essemesmo poeta faz com a natureza.

    Ao elaborar o texto potico, Manoel de Barros se insere entre aqueles escritores queprocuram aprofundar as possibilidades da linguagem cotidiana e, desse modo, surpreendero inusitado, ir ao encontro de outra realidade tecida na memria da linguagem para alielaborar o que ainda no . Por isso, o tempo presente, em especial, o tempo presente dalngua, se torna, no poema, uma experincia diferenciada de realidade. Bosi (1997: 112) nos

    lembra:

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    Mesmo quando o poeta fala do seu tempo, da sua experincia de homem de hoje entrehomens de hoje, ele o faz, quando poeta, de um modo que no o do senso comum (...); masde outro, que ficou na memria infinitamente rica da linguagem.

    Sabemos que cada momento histrico elabora conceitos prprios do que so poesia

    e arte, mas isso de modo algum deprecia o que acabamos de afirmar, particularmente sepensarmos na poesia de Manoel de Barros. Esse poeta, com freqncia, nos lembra que suapotica procura aquilo que no dia-a-dia considerado insignificante. Tomemos outroexemplo dessa poesia, um trecho de poema:

    (1) Para mim poderoso aquele que descobre as(2) insignificncias (do mundo e as nossas).(3) Por essa pequena sentena me elogiaram de imbecil.(BARROS, 2001: 19)

    Aqui, a presena do para mim associado ao ttulo, poema, sugere uma rupturaentre o poeta e uma parcela da sociedade, caracterizando uma discrepncia que se resolvecom a presena dos parnteses (do mundo e as nossas) completando o sentido deinsignificncias. A coordenao entre mundo e nossas constri distncias entre umeu que descobre suas insignificncias no mundo, de que uma parte constitutiva, e um euque apenas possui insignificncias em relao a si mesmo. Esse desdobramento reforaainda mais a identidade do poeta como parte do mundo em que a discusso entre os limitesdo social e do individual est presente na maioria dos discursos. A seqncia sintticatambm encaminha o leitor para outras direes surgidas dessa ciso entre o euno mundo

    em do mundo e o euconsigo mesmo para mim, as nossas desvelando oestranhamento e a incompreenso do outro.

    Lemos, no verso seguinte: por essa pequena sentena me elogiaram de imbecil, ouseja, o eu no mundo deslocado, pela incompreenso do que seja efetivamenteinsignificante para um campo de marginalizao social, mas o eu consigo mesmo retomanesse deslocamento a oportunidade de fazer poesia e dessa forma sente-se elogiado. Aoespecificar a sentena motriz do rtulo de imbecil como pequena, o poeta determina-acomo uma das insignificncias que ele descobriu e que, portanto, o faz poderoso.

    Esse jogo de poder aponta para duas direes. De um lado, um mundo que apenas

    aceita um modo de valorizao das coisas e que no compreende o lugar do que considerainsignificante na sociedade. De outro, o poder de valorizar o aparentemente insignificante,(re)descobrindo-o. So duas atitudes que refletem espaos sociais diferentes frente poesiae que permitem compreender melhor o modo como o poeta procura falar de seu tempo,como nos diz Bosi.

    Advogado, poeta, fazendeiro, Manoel de Barros (1916 - ) agrega em si diferentespapis que dialogam constantemente na produo do seu fazer potico. Consider-lo,como faz uma grande maioria, ecolgico ou minimalista, deixar de lado a importante

    1 a leitura de um s poema nos revelar com mais certeza do que qualquer investigao histrica oufilolgica o que a poesia (traduo minha)

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    reflexo sobre a linguagem e o fazer potico presente em sua obra e que recentes estudosacadmicos tm procurado fazer emergir.

    Considerando que La lectura de um solo poema nos revelar com mayor certeza quecualquier investigacin histrica o filolgica qu es la poesa1 (PAZ, 1956 [2003, p. 24]),

    propomo-nos a analisar a rede de reforos e reiteraes presente em um poema de Manoelde Barros: O que eu no sei fazer desmancho em frases e, desse modo, procurar melhorcompreender como a reiterao constri o sentido na potica barroseana.

    3. O QUE EU NO SEI FAZER DESMANCHO EM FRASES

    O nosso interesse neste texto especfico, que faz parte doLivro sobre Nada (1996),procura explicar como a reiterao nos diversos nveis lingsticos e, em especial, aquelestraos prprios da negao, participam ativamente no processo de composio significativa

    do poema. Leiamos, primeiro, o poema:

    (1) O que eu no sei fazer desmancho em frases.(2) Eu fiz o nada aparecer.(3) (Represente que o homem um poo escuro.(4) Aqui de cima no se v nada.(5) Mas quando se chega ao fundo do poo j se pode ver(6) o nada.)(7) Perder o nada um empobrecimento

    (BARROS, 1996, p. 63)

    O poema se compe de sete versos distribudos em quatro estrofes: a primeira, asegunda e a quarta estrofes com um verso e a terceira com quatro. So seis perodoscompostos de dez oraes. A terceira estrofe tambm se destaca por estar entre parnteses.

    O trao de negao aparece logo no primeiro verso e reiterado no decorrer de todoo poema atravs da repetio integral do vocbulo nada que aparece quatro vezes: uma nasegunda estrofe; duas, na terceira e uma, na quarta. O prprio nome do livro inclui essetermo, o que permite uma relao direta entre autor/obra e eu-lrico/poema.

    De uma perspectiva morfossemntica, vale referir a distino entre o nada (que constituio verdadeiro item repetido) e nada, que usado apenas uma vez (verso 4). A palavra nada,no seu sentido mais comum de nenhuma coisa e a funo morfolgica de pronomeindefinido, surge apenas uma vez. J o nada, que aparece trs vezes, constitui-se comoverdadeiro neologismo. O nada substantivo formado por derivao imprpria. Entre onada, substantivo, e nada, pronome indefinido, constroem-se diferentes significados naurdidura do texto.

    A gramtica nos lembra que o substantivo a palavra com que designamos ounomeamos os seres, em geral (CUNHA & CINTRA, 1992, p. 177). Ao antepor o artigo, o eu-lrico afirma que o nada , tornando-o, desse modo, uma realidade mais concreta imaginao

    do leitor, o que coerente com o verso 2 (primeira meno do poema ao termo nada): eu fizo nada aparecer.

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    A substantivao por meio do artigo definido acrescenta ao significado bsico detotalidade exclusiva, um trao de inusitado, de quebra do corriqueiro devido alterao daclasse gramatical e em que se verifica um intuito que desloca o sentido geral do termo(CNDIDO, 1996, p. 70) e lhe confere maior expressividade.

    O eu-lrico assume uma postura paradoxal: por um lado manifesta a conscincia deque h coisas que no sabe; por outro; assume-se capaz de transform-las em frases. Asegunda estrofe, tambm de um verso, resolve, no nada, o jogo antittico. A presena doverbofazerno verso 2 retoma o verso anterior. H uma oposio entre no saber fazere

    fazer aparecer. As frases so o produto do que no se sabe fazer, surgem do desmanchare tornam-se o nada que o eu-lrico faz aparecer. Visvel, o nada se torna mais concreto, o que

    justifica a sua classe gramatical como substantivo. A sua densidade aumenta conforme oeu-lrico revela que o nada s visto desde o fundo do poo, o que, sem dvidas, remete oleitor a um espao de interioridade e introspeo. Essa remisso constitui-se na possibilidadede realizar um percurso de transcendncia por meio da palavra.

    Poetar enunciar o seu assombro diante do que desconhece ou no conseguecompreender. Do inusitado daquilo que se afirma com tanta veemncia do eu prprio queo leitor pergunte: Quem o eu que faz com que nadas apaream desmanchando em frasesaquilo que no sabe fazer?.

    A reiterao do morfema eu nestes dois versos refora este sentido conduzindo-nospara a investigao da identidade. Taun Van Dijk (1998 [1999, p. 154]) define dois conceitosdiferentes e associados de identidade:

    1) una representacin mental de s mismo (personal) como un ser humano nico con susexperiencias y biografa propias, personales, como se lo representa en modelos mentalesacumulados, y el autoconcepto abstracto derivado de esta representacin, a menudo en la enla interaccin con otros, y 2) una representacin mental de s mismo (social) como unacoleccin de pertenencias a grupos, y los procesos que estn relacionados con talesrepresentaciones de pertenencia2

    A identidade, em qualquer um dos casos, surge na interao com o outro o que, deimediato, estabelece relaes sociais. O eu, que com tanta fora se apresenta no incio dopoema, parece ter conscincia da necessidade do outro para poder, ele mesmo, ser, pois aseguir, o poema afirma que alcanar o nada exige a ao do homem, com a conscincia deque representa um exerccio de introspeco. De nada basta fazer o nada aparecer se no se

    pode ir ao fundo do poo escuro v-lo. Mesmo tornando o nada uma realidade visvel,ainda assim ou melhor, principalmente por isso sente-se a falta do outro.

    O nada poderia, ento, retratar bem a prpria materializao do vazio de existir queresidiria para alm do homem, o que retomaria, sob outra perspectiva, o conceito bsicopresente no termo, mas tambm pode significar aquilo a partir do qual o homem vem aexistir, o que ele possui de mais profundo, a sua essncia.

    2 1) uma representao mental de si mesmo (pessoal) como um ser humano nico com suasexperincias e biografia prprias, pessoais, como representado em modelos mentais acumulados, e o auto-

    conceito abstrato oriundo dessa representao, amide na interao com outros, e 2) uma representaomental de si mesmo (social) como uma coleo de pertenas a diversos grupos e os processos querelacionados a tais representaes de pertena (traduo minha)

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    Comaparecer(verso 2), o tema da essncia entra em relao direta com o da aparncia,o que retomado pelo uso de represente (verso 3). o poeta, que faz aparecer o nada, queconvida ao representar, ao uso da analogia, reflexo sobre a linguagem, abrindo umdilogo entre a filosofia e a linguagem potica. A incapacidade de ver alm est no domnio

    da superfcie humana, onde todos os homens no se distinguem entre si e onde ahumanidade perde, no s a sua essncia, mas a prpria identidade.A falta, que encontra ressonncias na negao, sugere o vazio. Produzindo a partir do

    que no tem, o poeta procura ser uma resoluo dialtica de opostos. Isso justifica o eu serretirado da terceira e quarta estrofes, permitindo que o discurso possa centrar-se no referente,o nada. Abre um parntese, na terceira estrofe, e passa do particular para o universal.

    Nestes versos, a repetio fontica da vogal fechada /u/ (/u posu iskuru/ e /aw fundudu posu /) refora os traos de profundidade e escurido do substantivopoo. Para alidirige a ateno do leitor, ao assegurar categoricamente que perder o nada umempobrecimento.

    Sendo o nada aquilo que se vai buscar ao poo escuro, torna-se, no poema, a justificativa da existncia de seu continente, embora no fique claro qual seja: o pooescuro ou algo para alm do fundo do poo. Aqui tambm talvez resida mais uma ironia dopoeta, dividindo os seus leitores entre aqueles que se perdem no poo escuro de suaprpria identidade, os quais se sentem seguros para alm do aqui de cima (verso 4) eaqueles que a transcendem por meio da palavra tornada poesia, construindo conexes quepermitem a significao potica.

    Essa oposio instaura-se tambm no plano sonoro do poema. H uma oposiofontica com a vogal /i/ no verso 4 (/aki dji sima nw si v nada/) que torna mais dinmica

    a oposio entre o aqui de cima (explcito) e o l (implcito), o fundo do poo, o lugar ondese encontra o nada construo do poeta.O eu-lrico deixa claro ser necessrio um exerccio de introspeco para se atingir o

    nada, realidade concreta, tornada visvel na sua ausncia por meio da linguagem, mas nocompletamente explicada. O nada no nada, mas aquilo que de mais ntimo habita ohomem, visto aqui como um poo escuro.

    A dupla negao do verso 4 uma caracterstica da lngua portuguesa. Contudo, emum estilo mais formal, no haveria necessidade de repetir (aqui de cima nada se v). Aescolha de um registro mais informal ao falar de algo que nos remete a introspeco e aoprprio fazer artstico dinamiza o poema, reiterando a idia de que no a linguagem em sique elabora o nada, mas o fazer-potico. o poeta que, ao refletir por meio da linguagem,transforma o poema num espao para o prazer e para questionamento. Entende-se aquiprazer como um sentimento que se desenvolve at comunicar uma iluso de compreensontima do objeto que o causa; um prazer que excita a inteligncia, a desafia e a faz amar suaderrota (VALRY, 1937 [1987, p. 11]). Diante do poo escuro a sensao do fracasso, masa representao incentiva o leitor a aprofundar-se, a mergulhar em si mesmo, para poderencontrar a si mesmo, ao passo que encontra o nada.

    O ltimo verso sugere uma relao de causa/efeito. A terminao de infinitivo -er retomada. Tem a matriz emfazer e repete-se em aparecer, ver e perder. Esta repetio fono-

    morfolgica no apenas colabora na coeso do poema como permite relaes entre o quese faz e por isso aparece e visto e o que se perde e, por isso mesmo, no se v.

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    Pelo risco contnuo de que se haja perdido que chegar ao fundo do poo no garantia de se ver o nada. A escolha verbal pode (verso 5) deixa claro que estamos nodomnio frgil das possibilidades. A incapacidade de ver o nada a prpria capacidade dever alm e traduz a posio do poeta sobre um tempo presente saturado de uma mentalidade

    superficial e imediatista, que sente dificuldades de mergulhar na profundidade dopoo.Tempo no qual os homens no se distinguem entre si e arriscam-se constantemente aperder, no s a nossa essncia, mas a prpria identidade.

    A imagem do homem como um poo escuro remete-nos ao interior do homem comoespao privilegiado de resgate de sua existncia. Por isso o constante mergulhar semprecisar dirigir-se a nenhum lugar especfico, por isso o incmodo de procurarconstantemente enxergar o nada. O que notamos como trao estilstico definidor de umaatitude errante frente ao poetar que o considerado socialmente negativo, mesmo nalinguagem, em termos como nada, mitigado no contexto para dar lugar a uma compreensomais ampla do fazer potico.

    O homem, como personagem de sua histria e fruto de seus prprios opostos eidiossincrasias, encontra-se consigo mesmo e com a afirmao de sua existncia atravs datranscendncia que a palavra lhe permite. Esse recurso confirma a todo o momento a idiade o poeta ser, a seu modo, um filsofo da sociedade em que vive, mas que ou por issomesmo a pensa de forma diferente da maioria, valorizando uma essncia que essa sociedadese nega a enxergar. Assim, o pensamento, em Manoel de Barros constitui-se em outraforam de razo, forma que subverte a da sociedade, mas que, de uma certa maneira, estmuito mais prxima do continuum humano que se busca desde a formao das primeiraspalavras (LANDEIRA, 2001, p.70).

    o poeta que, ao refletir, em seu andar interior atravs da linguagem, transforma opoema num espao para o prazer da compreenso e para questionamento, tanto individual,como social. Assume, assim, a necessidade do outro para constituir-se eu, que faz poesiadesmanchando o que no sabe fazer em frases. Diante do poo escuro, a primeira reao doleitor talvez seja sentir-se fracassado, at perdido, mas a conscincia da interao necessriaao jogo potico presente na prpria poesia que se l, incentiva esse mesmo leitor aaprofundar-se, a mergulhar em si mesmo, para poder encontrar o nada e at aprender a amara sua derrota inicial.

    A conscincia da necessidade do outro na construo da identidade do eu tornaimportante convencer o leitor a caminhar, a destruir paradigmas bem assentados do que ser racional, apresentando outras maneiras de pensar a realidade que so construdas apartir de um outro conceito de racional, em que nada est completamente definido e aemoo no preterida.

    No a falta de raciocnio lgico, de uma mentalidade racional que falta ao poeta queconstri o nada. O poeta v o mundo de outro modo, em uma viso racional da linguagemque no a despe da magia do encontro do indivduo consigo mesmo na sua interioridade.

    Nesse sentido, o esteretipo cerceia as potencialidades do poeta porque lhe retira odireito de pensar, como se a poesia fosse apenas sentimento. Por isso, o olhar errante dopoeta, construdo nas proximidades, assenta-se no pequeno, na fragmentao, no recurso

    constante metonmia e repetio. Esse olhar nfimo reinventa a grandeza de ser e assume

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    a impossibilidade humana de olhar tudo sem, com isso, distanciar-se do outro, ao mesmotempo em que funde em si mesmo a racionalidade e a magia da palavra.

    Octvio Paz (1956 [2003, 54,55]), ao aproximar as imagens do feiticeiro e do poeta,conclui que o metafsico tem, no culto ao poder, o trao em comum com aqueles que

    defendem o avano tecnolgico. Os sacerdotes e os magos so figuras solitrias quedominam a si prprios para dominar os outros. O poeta misto de filsofo com sacerdote,atravs da filosofia e da tcnica racional, que desenvolve em suas poesia, desenvolve opoder de imergir na solitria busca pela transcendncia que nos leva, a ns, leitores, aoprofundo de nossa essncia humana.

    O pequeno e insignificante, o inadequado, aquilo que nada em um certo momentosocial e histrico , contudo, resgatado na poesia de Manoel de Barros, como parte essencialda lngua.

    Manoel de Barros nos explica:

    Se diz que h na cabea dos poetas um parafuso dea menosSendo que o mais justo seria o de ter um parafusotrocado do que a menos.A troca de parafusos provoca nos poetas uma certadisfuno lrica.(BARROS, 2001: 9)

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    Recebido: 30/04/2009Aceito: 14/04/2010