A Revista Corrente Continua no. 238

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tecnologiaIII Seci: uma turnê científica e culturalPágina 4

Nesta edição da revista Corrente Contínua vamos falar de inovação. De pes-quisa e desenvolvimento. De tecnologia e sustentabilidade. Vamos falar da Ele-trobras Eletronorte, pois esses temas resumem a nossa história.

Nas páginas seguintes, apresentamos a Semana Eletrobras Eletronorte do Conhecimento e Inovação, a Seci. Em sua terceira edição esse é o maior evento de compartilhamento de boas práticas de gestão do conhecimento da Empre-sa. Certamente ele está entre os maiores eventos do gênero no País e no Setor Elétrico brasileiro, um dos que mais investem em inovação.

A Seci é um processo de incentivo à produção e ao compartilhamento de conhecimento. Realizada no Centro de Tecnologia da Empresa, na cidade de Belém (PA), sob o macrotema “Criatividade para a Sustentabilidade Empre-sarial”, a III Seci congregou quatro eventos: V Prêmio Muiraquitã de Inovação Tecnológica; XV Painel Integrado da Qualidade – PIQ; V Feira de Inovação Tec-nológica; e II Seminário Eletronorte de Tecnologia da Informação.

A posição estratégica de única Empresa do Setor Elétrico brasileiro entre as vinte mais inovadoras no Brasil também pode ser observada nas matérias que tratam das novas tecnologias aplicadas à segurança de barragens e às linhas de transmissão em ultra-alta tensão.

Enfim, tecnologia faz parte da história da Eletrobras Eletronorte desde a sua fundação, em 1973. São 38 anos buscando fomentar o surgimento de pes-quisadores internos, gerentes de projetos de P&D, inventores, inovadores e especialistas em melhorias contínuas, de forma a alavancar os resultados cor-porativos.

Ao longo dos anos a Empresa tem incorporado conceitos de pesquisa, tec-nologia e inovação em muitos dos seus processos e, mais do que isso, tem contribuído para que cada empregado desenvolva “seu lado cientista”. O certo é que a marca da inovação está impregnada na cultura empresarial da Eletro-bras Eletronorte.

Nestas páginas contamos um pouco dessa história. Confira.

SCN - Quadra 6 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146 / 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

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correio contínuoPágina 45

fotolegendaPágina 47

geraÇÃoTecnologias modernas e tradicionais se unem para uma melhor segurança das barragensPágina 27

históriaPioneirismo em sistemas especiais e torres de transmissão de energiaPágina 34

amazônia e nósDiário de Joaquim Neto de Rezende JuniorPágina 38

transmissÃoNas linhas do Madeira, tecnologia vai resultar em economia de R$ 50 milhõesPágina 20

Construindo e consolidando a cultura da inovação

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Diretoria Executiva: Diretor-Presidente - Josias Matos de Araujo - Diretor de Planejamento e Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação Empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - Equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298 - RS) - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Estagiário: Higor Sousa Silva - Fotografia: Alexandre Mourão Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Revisão: Dimensão Comunicação e Marketing - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Arte da capa: Cláudia Maria Pereira Carvalho sobre foto de Rony Ramos, de um eletrodo de uniformização de potencial da fonte de alta tensão CA do divisor de tensão de mil kV. - Impressão: Brasília Arte Gráficas - Tiragem: oito mil exemplares - Periodicidade: bimestral

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Josias Matos abrindo o evento, acima. A direita, ao lado de Wady Charone (primeiro à direita), e Roberto França (primeiro à esquerda)

Byron de Quevedo e César Fechine

A III Semana Eletrobras Eletronorte do Co-nhecimento e Inovação - Seci, realizada entre os dias 15 a 17 de junho de 2011, no audi-tório do Centro de Tecnologia da Empresa, em Belém (PA) foi uma viagem pelos caminhos da criatividade de um mundo cultural refinado. As-sim como um turista coloca a bermuda, tênis e chapeuzinho típico para uma temporada feliz; os estudiosos e curiosos que queiram vestir-se de humildade e aprender se divertindo poderão incluir este evento em sua rota de turismo científico. Nesta III SECI, além da Feira de Inova-

ções e das 47 demonstrações do Prêmio Mui-raquitã, foram apresentadas 45 teses científi-cas, com suas aplicabilidades mostradas no XV Painel Interno da Qualidade - PIQ, e mais 15 palestras no II Seminário Eletronorte de Tecno-logia da Informação, neste que já está sendo considerado um dos mais importantes fóruns de antevisão do País. Não só para a indústria da eletricidade, mas também para a informática, a biodiversidade, a ecologia, o preservacionismo

ambiental, as energias reno-váveis, a nanotecnologia etc. Vamos embarcar nessa turnê e conhecer um pouco do que aconteceu por lá.

A abertura do evento con-tou com as presenças do di-retor- presidente da Eletrobras

Eletronorte, Josias Matos de Araujo; do diretor de Produção e Comercialização, Wady Charone Júnior; do coordenador regional da Presidência, Yvonaldo Nascimento Bento; da representante do diretor de Gestão Corporativa, Tito Cardoso de Oliveira Neto, a superintendente de Edu-cação e Desenvolvimento, Eden Damasceno; do representante do diretor de Planejamento e Engenharia, Adhemar Palocci, Paulo Maurí-cio Peixoto Vasconcelos; do gerente da Regio-nal de Transmissão do Pará, Airton Leopoldo; e do anfitrião, o superintendente do Centro de Tecnologia, Francisco Roberto Reis França. No total participaram da III Seci aproximadamente 350 pessoas, entre colaboradores da Empresa, representantes de empresas públicas e priva-das, universidades e centros de pesquisa, entre outras instituições. Desses, 92 apre-sentaram trabalhos.

Roberto França destacou ser grande a satisfação de promo-ver o megaencontro e ressal-tou que é por meio de fóruns como a Seci que os cola-boradores deixam o seu marco, extraído ao longo de anos de dedicação à tarefas específicas, um legado para mui-

tas gerações e para cultura de instituição. “É gratificante verificar a quantidade de trabalhos apresentados pela nova geração, que já supera a quantidade dos trazidos pela geração mais experiente, o que demonstra o interesse dos jo-vens no evento. A semente lançada lá no I PIQ germinou, cresceu, floresceu e dá ótimos frutos para a Empresa e para o País”.

Wady Charone (ao centro) afirmou que aque-le era o momento de reconhecer as pessoas que saem de seu quadrado, que não se limitam pelo mundo do “falta disto ou daquilo” e par-tem em busca de novas soluções. “São pessoas que estão vivendo o mundo novo da expansão: aproveitam a oportunidade para crescer, im-plementando reduções de custos e melhorias na produção. Esse evento é um exemplo claro disto. Estava orçado em R$ 250 mil e o reali-zamos com menos de 80% desse valor. Outra meta importante é o que está sendo apresen-tado nesta Seci, que seja algo sistematizado na Empresa, que haja replicação, para que as boas ideias sejam promotoras de melhoramentos e de inovação para o bem de todos”.

Afinal, o que é a Seci? – Quem nos expli-ca é o gerente de Gestão do Conhecimento da Eletrobras Eletronorte e coordenador do evento,

Francisco Fernandes Neto: “É a realiza-ção simultânea de vários eventos que já aconteciam ou em sendo criados e renovados. Em 2006 nasceu o Prê-mio Muiraquitã, para os inovadores,

os inventores e os gerentes de projetos de P&D. Há duas

modalidades no Muiraquitã: o Prêmio Inovação de P&D e

o de Inovação de Colaborador, sobre alvos inéditos. O primei-ro se atém ao conhecimento desenvolvido em universida-des ou institutos de pesqui-sa. O segundo envolve o Pai-

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Roberto França Francisco Neto

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menos, dois anos, ou terem participado de ver-sões anteriores do PIQ. Os trabalhos inéditos devem apresentar uma solução já implemen-tada, com resultados evidenciados, mesmo em estágios iniciais.

Os processos de apoio são aqueles que dão suporte às atividades meio da Empresa, tais como gestão, finanças, sustentabilidade, co-municação, responsabilidade social, contabili-dade, treinamento, suprimento, serviços gerais e tecnologia da informação. E a categoria de processo finalístico engloba a atividade fim, os trabalhos implementados em equipamentos, sistemas ligados aos macroprocessos de gera-ção e transmissão de energia, estruturação de negócios, planejamento da expansão, estudos e projetos, operação do sistema e engenharia de operação e manutenção.

Neste ano, a III Seci trouxe como novidades alguns processos que foram apresentados pela primeira vez, como um trabalho da área jurídi-ca e outro da área financeira. Onze inovações foram classificadas como segredo de indústria. “Na categoria P&D, nós premiamos o esforço que o gerente do projeto tem em conduzir a pesquisa. E como inovadores, são selecionados os projetos que têm potencial de proteção da propriedade intelectual”, explica Álvaro Raineri, gerente dos Programas de Pesquisa e Desen-volvimento.

Outra novidade da III Seci é o prêmio para a unidade com a maior cultura de inovação. Foi utilizada uma variável de volume, com a quanti-dade de participações nos painéis internos, pro-jetos de P&D e inovações, proporcionalmente à quantidade de empregados. A outra variável foi a qualidade dos trabalhos, com os prêmios efe-tivamente distribuídos em outras edições.

Mas vamos aos resultados! E o Prêmio de Unidade com Maior Cultura de Inovação ficou com a... Superintendência de Produção Hidráu-lica. Em segundo lugar ficou o Centro de Tec-nologia da Eletrobras Eletronorte e, em terceiro, a Regional de Produção do Amapá. A partir de agora, as áreas mais inovadoras da Empresa compõem um ranking com 22 unidades.

Em tempo: o V Prêmio Muiraquitã distribuiu R$ 234 mil em prêmios, nas categorias Ouro, Prata e Bronze. Somados aos R$ 60 mil em prêmios do XV PIQ, foram distribuídos R$ 294 mil aos empregados mais criativos da Empresa. Na Faixa Ouro do V Prêmio Muiraquitã foram premiados cinco trabalhos, nas categorias de Pesquisa e Desenvolvimento e de Inovações. Na Faixa Prata, foram premiados 16 trabalhos, e, na Faixa Bronze, 31 trabalhos. O XV PIQ pre-miou 12 trabalhos nas modalidades de proces-sos consolidados e inéditos.

Os trabalhos apresentados tiveram como foco a gestão de processos, tecnologia da in-formação, operação de sistemas elétricos, ma-nutenção de equipamentos e linhas de trans-missão, preservação e mitigação de impactos socioambientais, telecomunicações, além da melhoria de produtos e serviços.

Segundo Francisco Neto, “as premiações va-riam de acordo com as classificações por faixas: Ouro, R$ 6 mil; Prata, R$ 5 mil; e Bronze, R$ 4 mil, para trabalhos inéditos ou consolidados. Esta edição da Seci foi pródiga em trabalhos inéditos: somaram 30. Os consolidados, 15. A maioria dos apresentadores tem até quatro anos de casa. Isso mostra o interesse da nova geração em propor novas soluções. No Prêmio

Muiraquitã foram oito trabalhos de P&D, e 48 de inovação. O evento tem surpreendido pes-soas da Empresa e de fora, que se dizem mara-vilhadas. O resultado extraído é intangível, pois seus efeitos se projetam no tempo. O grande ganho é o elevado moral das equipes. É a de-monstração de uma Empresa que se respeita, num cenário em que os atores são os próprios empregados. Aqui eles são recebidos com gló-rias, pois vêm apresentar seus melhores pen-samentos, como um presente: ‘aí está o que eu penso, aproveitem’!”.

O homem-aranha e as curicacas - Comece-mos com as ideias menos complexas. Os tra-balhadores das linhas de transmissão, subesta-ções, usinas e até as lavadeiras da beira dos rios têm problemas com aves migratórias, no caso as curicacas, que vêm aos bandos e deixam, em várias regiões do País, resíduos ricos em potássio e cálcio, bons para a agricultura, mas terríveis para sistemas elétricos e lençóis nos va-rais. Matá-las, nem pensar! Criou-se, inclusive, um belo gavião de papelão, em forma de inimi-go natural, que as espantou por alguns anos, mas elas foram tomando intimidade com aquele espantalho alado e algumas, de acordo com re-latos de observadores, chegaram a darem-se ao desfrute de defecarem na cabeça do boneco. E voltaram a sujar os antigos locais de pouso.

Aí então, o Jaider da Silva Esbell (abaixo), um artista plástico e escritor meticuloso das lendas indígenas amazônicas, colaborador da Regional de Transmissão de Roraima, saiu-se com uma solução meio tribal, mas que está evi-tando que milhões de reais sejam gastos com limpeza, sem prejudicar as aves. O invento foi apresentado no XV PIQ sob o título “Eliminação das perdas por desligamento com o controle da ação de aves no sistema de isolação da linha de transmissão BVSELI6-01”. Ele construiu uma malha de três níveis de linhas finas, como se fossem teias de aranha, de maneira que quan-do as aves pousam sobre ela, não conseguem

nel Integrado da Qualidade – PIQ, surgido em 1996, que é a melhoria de processos e de boas práticas, abrigando as teses que não requeiram proteção industrial. Aquelas suscetíveis a paten-tes são apresentadas no Prêmio Muiraquitã. No PIQ o trabalho é avaliado no ato da apresentação e no Muiraquitã ele é estudado e pontuado por uma banca, antes de ir a público”.

Antes da Seci acontecem os painéis internos de melhorias (PIM), que este ano selecionou 56 trabalhos em toda a Empresa. Ao final, os PIMs selecionaram 47 trabalhos que concorreram no XV PIQ. O PIM está estruturado nas modalida-des de trabalhos consolidados e inéditos, e nas categorias de processos de apoio e processos finalísticos. Os trabalhos consolidados devem estar com a solução (melhoria) implementada, apresentando uma série de resultados de, pelo

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O diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte, Josias Matos de Araujo (foto), fez a abertura da III Seci com a palestra magna “Os Novos Rumos da Eletrobras Eletronorte”, destacando a importância do evento para ajudar a superar os desafios em-presariais: “Nós percebemos neste auditório uma integração de inteligências de diferentes áreas de atuação da Empresa. Isso é importante para que possamos continuar buscando a inovação para crescer, superar os desafios para que o País tenha uma matriz energética cada vez mais limpa, renovável e sustentável, e para fazer dessa Empresa uma referência no cenário nacional e internacional. Isso aqui é um conjunto e só funcionará se todos nós estivermos alinhados com a nossa missão e com aquilo que estabelecemos em nosso plane-jamento estratégico. Estamos vivendo uma nova revolução industrial com a nanotecnologia. Grandes passos tecnológicos deverão acontecer nas próximas décadas. Cada vez mais a medicina se aproxima da engenharia. Cada vez mais a en-genharia passa a ser um elo de ligação entre todas as áreas de pesquisa e desenvolvimento do mundo. Quem sabe logo teremos a longevidade, com qualidade de vida bem maior do que temos atualmente”.

Josias destacou a presença de Luis Cláudio da Silva Frade, um dos pioneiros de P&D no Setor Elétrico brasileiro, e dos idealizadores do PIQ e do Prêmio Muiraquitã, e hoje chefe do Departamento de Gestão da Tecnologia da Eletrobras. “Frade deixou para nós esse legado que estamos levando em frente. Vejo aqui outros pioneiros das nossas primeiras investidas em pesquisa e desenvolvimento. Eles estão agora com os cabelos brancos ou carecas, mas ainda são importantes para fazer com que esta Empresa tenha a merecida ressonância. No entanto, todos precisamos fazer a nossa parte nesse projeto. Isso aqui só funcionará se estivermos alinhados com o que estabelece-mos como meta”.

O Diretor-Presidente fez ainda um paralelo entre a visão e missão das empresas Eletrobras com a área de atuação mais direta da Eletrobras Eletronorte, a Amazônia, a região com o maior potencial de energia renovável do mundo: “Chegaremos em 2020 sendo a maior Empresa de energia renovável, com rentabilidade, competitividade, responsabi-lidade e sustentabilidade. Temos esse potencial nas mãos e por isso podemos ajudar a construir um mundo ideal. Somos parceiros na construção de Belo Monte, empreendimento no qual temos 20% de participação acionária. Este é um projeto em que acreditamos. Primeiro, porque foi iniciado por nós; segundo, porque temos a certeza de que ele trará grandes benefícios para a Região Norte e será importante ao Brasil e ao mundo. Temos como exemplo Tucuruí, a maior usina genuinamente nacional. Lá está a amostragem da nossa força quando queremos construir algo bom para o País. As populações que vivem no entorno de Tucuruí conhecem os benefícios gerados pelo empreendimento e Belo Monte trará outros idênticos e até melhores, pois, se a forma de se fazer negócio mudou, também temos que repensar quais são os novos caminhos e seguir em frente”.

“Inovação para crescer”

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manter o equilíbrio e giram ficando de cabeça para baixo. Ora, quem descansa de cabeça para baixo é morcego, então elas vão embora. A tese de Jader é simples: não é necessário espantá-las das suas milenares rotas migratórias, temos que, como manda a regra da boa vizinhança, conviver com elas. A teia de Jader isola ape-nas o local específico que se quer manter lim-po. “Numa torre de transmissão, por exemplo, pode-se isolar a parte superior em que estão os cabos e permitir que as aves façam seus ninhos na parte inferior sem problemas. O custo evita-do, por desligamento da rede por 20 minutos para limpezas das linhas, é de R$ 800 mil”.

Ouvido eletrônico - Agora vamos a um inven-to mais complexo: o “Localizador de faltas em linhas de transmissão de energia elétrica por meio de ondas viajantes: aplicação no sistema Tramo-Oeste do Pará”, de autoria de Joaquim Américo Pinto Moutinho (abaixo), do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte. As linhas de transmissão são tagarelas: contam tudo que se passa com elas. O cientista percebeu que as linhas de transmissão repercutem até os meno-res distúrbios (pedradas, quebras de isolado-res, rompimentos de fios do cabo, vandalismos etc), por meio de ondas características, que aguçam esse equipamento especializado em ouvir até os mais íntimos murmúrios e fuxicos eletrônicos. O benefício imediato: evitar blecau-tes. O método dele é importante, pois quando se resolvem rapidamente os problemas numa linha de transmissão, reduzem-se custos e se evitam as penalidades da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel. Para se ter uma ideia, a multa por uma hora programada para conser-to de linha é de R$ 17.200,00; para as paradas intempestivas sobe para R$ 158.208,00.

Veja como é ‘fácil’ o tal método, é quase um papo de boteco! “Provo-camos alguns curtos-circuitos na linha para coletar dados e fazer os cálculos. Foram momentos emocio-nantes. Até o povo lá de casa que

estava dormindo acordou. Eu disse ‘calma gente’: isso

foi necessário para ter-mos informações para o chamado ‘fator K’, pois quanto mais previsão nesse fator, mais pre-cisas serão as infor-mações sobre onde

está o ponto de falta na linha. Essas informações

chegam com diferenças de tempo. Usando a fórmula chegamos ao erro de 0,2%, ou seja, para uma linha de 200 km, esse erro estará no espaço de quatrocentos metros. Analisando as emissões dos fechos de ondas, na mesma situ-ação, o erro foi de 0,067%. Então, comparando os algoritmos de ondas com os algoritmos atu-ais existentes na Empresa para a localização de faltas, podemos dizer que numa linha com 305 km de extensão, teríamos entre 19 km e 32 km a vasculhar”, explica Moutinho.

E continua: “Isso significa que teríamos que varrer de 75 ou até 109 torres para encontrar a falta. Usando o método de ondas viajantes o erro cai entre um e três km, uma distância bem mais fácil de ser percorrida para eliminar o problema. Então procuraremos o local da fal-ta entre quatro torres. Por exemplo, no trecho entre Altamira a Rurópolis (PA), com 302 km de extensão, o erro apontado pelo método de ondas viajantes foi de 0,063%, ou seja 422 me-tros ou a procura de uma falta entre duas torres apenas. Conclusão: chego mais rápido ao local do problema e o resolvo, com resultados posi-tivos no cálculo da chamada Parcela Variável e melhores ganhos na Remuneração Anual Per-mitida - RAP”, finaliza.

Uma cadeira no céu – Os eletricistas repara-dores de linhas energizadas gostam de ser cha-mados de ‘ponta da flecha’. Orgulham-se em fazer um tipo de serviço que poucos se aventu-ram sequer chegar perto: a dezenas de metros de altura e em contato com correntes elétricas de até 500 mil Volts. Mas, infelizmente, após alguns anos de trabalho, muitos já não podem mais ser levados às alturas, pois, conforme a idade chega, os riscos com acidentes elétricos aumentam. Pois bem, Márcio Ro-bert da Silva Ribeiro (ao lado) e seu colega Ozias Xavier Neves, ambos da Regional de Trans-missão do Pará, com o traba-lho “Redução do esforço físico e aumento da segurança do eletricista, no serviço de troca de espaçadores em linha viva”, estão revolucionando essa área profissional com o uso de uma grua montada so-bre a carroceria de um caminhão, que iça o eletricista con-fortavelmente sentado

numa cadeira até o local com danos na linha. Pelo antigo método, muitos eletricistas idosos eram forçados a trabalhar só em terra. Agora es-tão felizes de voltar às alturas e convivendo com aquele perigo todo que eles amam. A Empresa tem 12 mil espaçadores em 751 torres. Daí dá para se ter uma ideia da economia que a nova técnica está gerando. Eles já estão pensando em usá-la para outros serviços penosos, como a troca de sinalizadores nos vãos das linhas al-tíssimas próximas a aeroportos e rodovias.

“Antes, a troca dos espaçadores era feita com uma escada pesada. Os mais hábeis per-corriam os cabos andando. Em seguida, veio o uso de uma grade com roldanas, a bicicleta, que era puxada com uma corda pela equipe de solo. Uma solução ainda penosa. A bicicleta melhorou a lida, mas os equipamentos de tro-ca dos espaçadores, as vestimentas isolantes, aquilo tudo era uma pesada parafernália, e com as altas temperaturas locais, logo o eletricista estava molhado de suor. Sem falar que a velha

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Boa parte da tecnologia da informa-ção da Empresa foi posta em revisão nas palestras do Seminário de Tecnologia da Informação, que aconteceu em paralelo à III Seci. O superintendente de Tecnologia da Informação, Eduardo de Oliveira Lima (ao lado), abriu o encontro discorrendo sobre o tema “Governança de Tecnologia da Informação”. Segundo Eduardo, a go-vernança é uma base estrutural para se abraçar os processos de forma eficiente, eficaz e transparente, tornando as áreas capazes de responder agilmente às de-mandas. “A TI é uma área prestadora de serviços e deve ser aprimorada para aten-der melhor aos usuários. Sem a gover-nança de TI, a inovação não consegue ter uma base estruturada para prosperar e dar sequência aos trabalhos, evidenciando o que está sendo feito. Portanto, esse evento é uma oportunidade para as áreas de inovação das unidades regionais avaliarem, entenderem e verifica-rem o que a TI corporativa está fazendo atualmente”.

Eduardo observou ainda que governança corporativa não se restringe a projetos técnicos, mas atua também na gestão da TI, com base nas melhores práticas mundiais, seja na parte de produção, processamento, armazena-mento e gerenciamento. “Para que um projeto de gover-nança de TI tenha sucesso não se deve ter medo de errar. É fazer coisas fáceis de serem entendidas, coerentes e não tentar reinventar a roda. Se der errado, deve-se tentar novamente. Utilizar primeiro aquilo que se tem dentro de casa, pois é mais barato e nos leva a ganhar apoio, dando tranquilidade na execução”, afirma Eduardo.

A governança de TI vem ganhando status e está se tornando parte da estratégia empresarial. A prova disso é que a diretoria tem chamado a área para agregar valor, aumentar as receitas e ajudar a alcançar os objetivos tan-

Seminário de Tecnologia da Informaçãodestaca a governança corporativa

gíveis e intangíveis da Empresa. “Podemos auxiliar a reduzir custos mediante melhorias processuais e evitar perdas. Nos aspectos intangíveis, podemos instruir as pessoas a usar as ferramentas de TI, ajudando-as a ob-ter os objetivos específicos e a conseguirem a chamada horizontalidade, com as áreas falando a mesma linguagem”, complementa Eduardo.

Gestão de Contratos - A palestra “Sucesso na gestão de contratos” apresentou a ferra-menta Share Point, um portal de colaboração em que se pode extrair, compartilhar infor-mações e reelaborá-las com novos dados, promovendo a disseminação. A palestrante, a administradora de empresas Mariana Bar-

ros Fernandes de Oliveira (abaixo), afirmou que com o Share Point foi possível padronizar a gestão de contratos tornando-a muito mais ágil, categorizando o que é custeio e investimento, e com acesso democrático. Ela lembra que o programa SAP-R3 tem todas as informações financeiras do contrato, mas é uma interface um pouco mais complicada que o Share Point. O fato é que o processo de gestão de contrato envolve mais que apenas o pagamento e a execução financeira. Há outros marcos contratuais a gerenciar, como data de entrega do material, de pagamento e de encerramen-to. “São estas lacunas que o SAP não prevê e o Share Point supre, desde o recebimento das propos-tas, passando pela execução, as penalidades, garantias técnicas, extensões e termos aditivos. Ele envia alerta por e-mail avisando que o contrato precisa ser reno-vado, por exemplo.

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guarda dos eletricistas tem problemas de colu-na. A grua com cadeira melhorou a postura e a forma de se trabalhar é tranquila, pois o ele-tricista faz a aproximação do potencial elétrico, equaliza com a fita, chega onde está o proble-ma e faz a troca dos espaçadores, com a linha ligada. Caso ele passe mal, pode-se recolher a grua de forma rápida e prestar o socorro rapida-mente. Antes, outro eletricista tinha que subir na torre para salvar o colega. Com a escada se levava até 30 dias para trocar 50 espaçadores; com a corda e a bicicleta, caiu para seis dias de trabalho, e agora com a grua, são 25 minutos para trocar um espaçador. O custo médio para se trabalhar com seis eletricistas era de R$ 28 mil; para se trabalhar com a corda e a gaiola, o custo caiu para R$ 15 mil; e com o uso da grua, caiu para R$ 12 mil. E a grua já se pagou”, afirma Márcio Robert.

Medidores unidos - Dimitri Ramos Rodrigues (acima, o segundo da direita para a esquerda, com a equipe de TI) é formado em tecnologia da informação e trabalha na Superintendência de Tecnologia da Informação. Ele apresentou o “Sis-tema de medição para faturamento na Eletrobras Eletronorte”. O método de sua equipe é seme-lhante ao feito pelos medidores residenciais, só que medem a quantidade, a qualidade e outras informações sobre a energia transmitida nas li-nhas. De 2008 para cá, os medidores passaram a ser integrados a uma rede de comunicação de dados. Em cada medidor foi instalada uma placa de rede IP para que a coleta das informações pu-desse ser feita por meio da rede de dados. A tec-nologia possibilita o repasse de dados, pela área de comercialização, à Câmara de Comercializa-ção de Energia Elétrica - CCEE, em São Paulo.

“As premissas para ajudar a CCEE no pro-cesso eram inserir os medidores na rede de dados; criar o gerenciamento dos medidores; e mapear a estrutura de rede com acesso à CCEE, passando por Brasília, e de lá até os me-didores das unidades regionais, usando a rede de dados. A Eletrobras Eletronorte é obrigada por lei a enviar os dados. Para se ter uma ideia, apenas um medidor fora de ação por quatro dias gera uma multa e de R$ 312 mil. Com o mapeamento da estrutura de rede, quando surgem interferências, informamos ao pesso-al onde o problema está. Antes não tínhamos um software que permitisse esse acompanha-mento. Hoje, a Empresa tem tudo mapeado e as áreas afins, das regionais e da Sede, con-seguem visualizar o problema. No passado só sabíamos que um medidor tinha caído quando a CCEE nos avisava. Agora, a coisa está mais transparente, temos medidores interligados até em Santa Elena, na Venezuela. De 2008 para cá nunca mais fomos multados. Quando le-vantamos da cadeira para conhecer a Empresa vemos que podemos melhorá-la e percebemos como ela é grandiosa”, enfatiza Dimitri.

Transformadores, reatores e perplexidade – Já em relação aos trabalhos inéditos do PIQ, durante a apresentação do tema “Melhoria no controle da condição operacional dos transfor-madores e reatores de potência da Eletrobras Eletronorte”, por Fernando de Souza Brasil, da Divisão de Tecnologia de Ensaios; o membro da Banca Examinadora, o engenheiro eletricista e gerente do laboratório de metrologia da Chesf, e professor especializado em engenharia de pro-dução da Universidade Federal de Pernambuco, Joel de Jesus Lima Souza (abaixo), emocionou-se, pediu a palavra e fez uma observação im-portante sobre manutenção das buchas dos transformadores.

“O colega disse que houve o estouro de quatro transfor-madores em 2002 e 2005, e, então, em 2008, foi solici-tada uma solução para o problema, mas ficou faltando uma verba pequena. Parece-me um valor muito baixo em relação ao que já havia acontecido, pois tanto os transfor-madores, quanto os ensaios sempre

são caros. Achei interessante que essa equipe tenha conseguido convencer o pessoal de que eles poderiam fazer aquele ensaio ali no local. Estou admirado. São coisas assim que trazem uma grande economia para a Empresa. O cus-to evitado, a economia de dinheiro público, o tempo ganho revitalizando e testando as peças no seu local de uso e ainda a regionalização da tecnologia são fatores relevantes nessa ques-tão. A iniciativa trouxe uma tecnologia de pon-ta e pioneira para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esse trabalho tem méritos sob vários aspectos”.

Softwares - É da Usina Hidrelétrica Tucuruí, única planta de energia no mundo a receber o Prêmio Especial de Execução de TPM, e que faz parte da unidade mais inovadora, que vem um dos trabalhos premiados na Faixa Ouro do Prêmio Muiraquitã. O engenheiro eletricista Davi Carvalho Moreira apresentou o trabalho “Desenvolvimento de um sistema computacio-nal para análise dos efeitos da expansão e mo-dernização da UHE Tucuruí”, feito em parceria com a Universidade Federal do Pará - UFPA.

O que motivou o trabalho foi o fato de o Sis-tema Interligado Nacional - SIN estar em cons-tante expansão, tanto em unidades geradoras, como na parte de transmissão, com novas li-nhas, transformadores, reatores, uma vez que os parâmetros elétricos do sistema mudam a cada expansão, causando alterações nos regu-ladores de velocidade de tensão e nos estabili-zadores de potência.

Essa necessidade de atualização dos parâ-metros elétricos tornou-se premente a partir de 2003, com a entrada em operação comercial das 11 unidades geradoras da segunda casa de força de Tucuruí. “Os parâmetros regulado-res dessas unidades precisavam ser atualiza-dos. Nós verificamos que não havia um estudo desses parâmetros e por isso foi proposto esse projeto”, explica Davi.

O objetivo do trabalho foi desenvolver um sistema computacional para a realização de es-tudos dinâmicos e a proposição dos ajustes nos parâmetros dos reguladores de velocidade e tensão de Tucuruí. A primeira etapa do trabalho foi a criação do software DynaPower, que está registrado no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual - Inpi.

Depois de feita toda a modelagem dos sis-temas elétricos, os ajustes e os diversos en-saios em campo, foi confirmada a aplicação do software. “O resultado foi a confirmação da proposição dos ajustes dos reguladores, o que

vai aumentar a capacidade operacional, evitar desligamentos indevidos e aumentar a confiabi-lidade da nossa Usina”, acrescenta Davi.

Outro software, desenvolvido na Regional de Transmissão do Maranhão, o “Sistema de in-formação da operação em tempo real - SioTr”, possibilitou a criação de um banco de dados e a análise do histórico de desligamentos, alarmes emitidos, número de manobras em disjuntores e carregamento de equipamentos, entre outros. “As informações agora estão concentradas em um único sistema, que permite adicionar ou-tros relatórios importantes para a operação e manutenção.”, informa o analista de sistemas Newton Teixeira.

Óleo e névoa - Da Regional de Produção do Amapá vêm mais dois vencedores do Muira-quitã: Raimundo Barros e Fernando Jansen. Raimundo representou a equipe que criou o “Simulador de teste do módulo eletrônico do detector de névoa (água ou óleo)”, criado de-pois da identificação de falhas entre 2008 e 2010 nas unidades Wärtsilä que integram o sis-tema térmico de Macapá. Numa determinada ocasião, houve a queima de todos os aparelhos de detecção de névoa do motor, ocasionando um blecaute temporário na região.

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Newton Teixeira

Davi Carvalho

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O motor da unidade ge-radora contém um detector de névoa (ao lado), que re-aliza a análise da presença de vapor ou de água no óleo lubrificante. O vapor de óleo é formado se a temperatura no interior for muito alta, sig-nificando anormalidade no funcionamento do motor. “O óleo lubrificante com tempe-ratura muito alta passa a ser combustível. Se houver né-voa, qualquer centelha pode transformar o equipamento numa verdadeira bomba”, diz o técnico instrumentista Raimundo Barros (acima), lotado na Divisão de Geração Térmica do Amapá.

O projeto constitui-se de uma placa e de um módulo eletrônico, com a utilização

de um recipiente para simulação de névoa em laboratório. O simulador possibilitou a recupe-

ração de três módulos eletrônicos com defeito, gerando uma economia para

a Empresa de aproximadamente R$ 120 mil. Mas os resultados mais importantes foram a diminuição da indisponibilidade de unidades geradoras e a redução de 25% no

consumo de combustível, além do aumento da segurança

do colaborador.O técnico de manu-

tenção de equipamentos eletrotécnicos Fernando Jansen (ao lado), da Divisão de Trans-missão do Ama-

pá, participou do projeto da “Plataforma virtual de simulação do funcionamento operacional e gerenciamento de subestações e processos industriais”. Um dos principais problemas en-frentados na proteção e controle da Subestação Santa Rita era a impossibilidade de realização de testes de funcionamento da planta em re-gime de operação. Para realizar esses testes seria necessário solicitar uma ordem especial de serviço.

Com o objetivo de simular as funcionalidades da subestação, padronizar os procedimentos de manutenção e auxiliar na análise preventiva de falhas, o projeto foi iniciado por meio da conver-são das lógicas existentes nos projetos originais em lógicas do programa Microsoft Excel. “Esse projeto possibilitou a integração da gestão da manutenção, operação e funcionalidades da planta e a redução do homem-hora com manu-tenção”, declara Jansen.

Redes inteligentes - Para inserir a Empresa no contexto em que todo o Setor Elétrico bra-sileiro busca definir as novas tecnologias para a distribuição e medição de energia elétrica, e formar as chamadas redes inteligentes de ener-gia, ou smart grids, foi desenvolvido o “Software para o centro de medição fasorial síncrona da Eletrobras Eletronorte”.

Os centros de operação recebem milhares de informações todos os dias sobre os sistemas elétricos, enviadas por instrumentos que estão no campo. “Todo o sistema da Eletrobras Ele-tronorte recebe em torno de 128 mil variáveis como tensão, corrente, potência, estado dos disjuntores, relé de proteção, posição de vál-vula, entre outros. O problema é que essas in-formações precisam ser sincronizadas”, afirma o engenheiro de manutenção eletrônica Daniel Augusto Martins (abaixo).

Com o sistema de medição fasorial síncrona é possível fornecer o estado do sistema elétrico como uma fotografia real e instantânea. Hoje, isso é possível por meio de um instrumento de medição digital denominado PMU, juntamente com a tecnologia do GPS, que permite sincro-

nizar a informação.“O nosso objetivo foi oferecer

essas informações sincroniza-das para a Empresa. Como o GPS tem a hora padrão com a

precisão de um milésimo de segundo, ele sin-

croniza as unida-des de medição e

toma a mostra

precisa das grandezas elétricas. Esse é o estado da arte e permitirá a reavaliação de parâmetros e a precisão do monitoramento dos sistemas”, acrescenta Daniel.

Baterias e medidores - O superintendente do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, Francisco Roberto Reis França, participou do projeto de “Desenvolvimento de sistema inte-grado e automatizado de equipamentos para medição de impedâncias, para monitoramento de banco de baterias”, também chamado de WebAcumuladores. O objetivo é fazer o monito-ramento das baterias utilizadas nas instalações da Eletrobras Eletronorte, utilizando a internet para a transmissão de dados.

O projeto surgiu há dois anos, quando um blecaute atingiu Belém e outros municípios do Pará após um problema no banco de baterias da Subestação Vila do Conde. Agora, o sistema é capaz de monitorar e diagnosticar o estado de cada elemento dos bancos de baterias das instalações da Empresa. Os dados são enviados para a intranet da Empresa.

E nós podemos pensar no futuro sem ba-terias? Segundo França (abaixo à esquerda), não. “Sem bateria não adianta nem pensar em energia eólica, nem solar, porque esse tipo de energia precisa, necessariamente, ser armaze-nada. Ainda é preciso fazer muita pesquisa em bateria. A tendência é instalar esse sistema de monitoramento em todos os bancos de baterias utilizados em nossos sistemas.”

É, também, do Centro de Tecnologia que vem o projeto do “Medidor de campo elétrico”, criado para atender a resolução normativa da Aneel nº 398/2010, que define os limites à ex-posição humana a campos elétricos e magné-ticos nas subestações. A Empresa não possuía instrumentos para esse tipo de medição. Com

prazos apertados para atender à lei de licitação, decidiu-se por construir um equipamento.

“Nós construímos um medidor experimental, depois fizemos uma segunda versão e, finalmen-te, chegamos à versão atual, menor e mais leve. Nós utilizamos uma vara de manobras, acopla-mos o medidor na extremidade e desenvolvemos também uma bobina e duas placas paralelas para fazer a medição”, explica o engenheiro de manutenção elétrica Júlio Salheb (acima).

Depois que o medidor foi construído, foi pre-ciso calibrar o instrumento, o que só foi possí-vel após o desenvolvimento de um sistema de campo elétrico e magnético no Laboratório de Calibração de Grandezas Elétricas. Detalhe: o custo do projeto foi de apenas R$ 700,00 e o preço de um instrumento desses no mercado é de aproximadamente R$ 50 mil.

Fadiga de materiais - Em parceria com a Uni-versidade de Brasília - UnB, foi desenvolvido o projeto de “Identificação das condições de falhas por fadigas em materiais usados na fabricação de pás de turbinas hidráulicas”. Apresentado pelo gerente do projeto, o engenheiro mecânico Menezes Ferreira de Lima (abaixo, à direita), o

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Heitor Lindholm e

o dispositivo inovador

José Lima, primeiro à esquerda, demonstra seu invento

trabalho foi iniciado após o surgimento de trincas com dez mil horas de funcionamento das unida-des geradoras de Tucuruí.

Durante a manutenção preditiva, foram re-alizadas análises utilizando-se a metalografia e a fractografia, que constataram um perfil tí-pico de falha por fadiga, podendo ocasionar a propagação de trincas e de uma fratura, com a consequente perda de funcionalidade da uni-dade e enormes prejuízos financeiros. O projeto foi iniciado para melhorar os procedimentos e eliminar o problema nas novas máquinas, além de aumentar a confiabilidade do sistema de geração, por meio da identificação de modelos mecânicos para a previsão da vida útil e da re-sistência à fadiga de pás de hidrogeradores.

Com os dados obtidos foram levantadas hi-póteses sobre as causas das falhas, bem como possíveis medidas que minimizassem o apare-cimento de trincas. “Os reparos foram feitos, tiramos os corpos de prova e as máquinas vol-taram a funcionar normalmente. Isso também nos possibilitou discutir melhor os problemas com os fabricantes”, declara Menezes.

O trabalho contribuiu para a consolidação da pesquisa na área de materiais, fadiga e fratura e já possibilitou a capacitação de seis teses de doutorado, além da publicação de ar-tigos técnicos em diversas publicações e con-gressos. O projeto resultou na adequação de um amplo laboratório e na modernização das máquinas de ensaio, que estão à disposição da Eletrobras Eletronorte na UnB. A tecnologia de projeto contra fadiga em determinados tipos de aço também está disponível para utilização em novos projetos, bem como a tecnologia de re-paros de rotores hidráulicos utilizando materiais inoxidáveis.

Feira de ideias - Realizada em paralelo às apresentações da III Seci, a V Feira de Inova-ção Tecnológica expôs várias inovações desen-volvidas por colaboradores, com potencial para serem comercializadas ou utilizadas em outras empresas.

São tecnologias como o “Dispositivo de aber-tura mecânica de emergência em disjuntores a gás SF6 Siemens”, desenvolvido pelos técnicos de manutenção elétrica Heitor Lindholm de Oli-veira e Ivaldo Muniz, da Regional de Produção do Amapá. A motivação do trabalho foi um cur-to-circuito num dos estatores de uma unidade geradora da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes. Apesar da atuação das proteções, o disjuntor principal estava bloqueado, causando o desliga-mento das outras duas unidades da Usina e das unidades da Usina Térmica Santana, ocasionan-do blecaute no sistema elétrico do Amapá.

Com o projeto, o desligamento do disjuntor, que era feito somente por comando elétrico, agora pode ser feito também com o aciona-mento manual de emergência. “Essa é mais uma opção de abertura do disjuntor, garan-tindo a confiabilidade do sistema. No entanto, quando a abertura remota falhar, o dispositivo de emergência poderá ser acionado imediata-mente com toda a segurança, evitando perdas, como já ocorreu, do estator e do enrolamento do amortecedor do rotor”, explica Heitor.

Ferramentas “simples” - Às vezes, as inova-ções são simples, porém com um imenso poten-cial de utilização, como o “Dispositivo de troca de válvulas (registro) de dreno enchimento ou coleta de óleo de reatores e transformadores”. O técnico de operação e instalação Adolfo Alves dos Santos, lotado na Regional de Transmissão do Tocantins, diz que o principal problema en-frentado era a indisponibilidade dos equipamen-tos por vários dias, podendo ocorrer a incidência

da Parcela Variável, se houvesse a indicação da necessidade da drenagem do óleo.

A introdução do dispositivo (abaixo, ao cen-tro) pelo interior da válvula permite estancar e realizar a drenagem do óleo, reduzindo, consi-deravelmente, o tempo de manutenção. “O dis-positivo permite a substituição da válvula tipo gaveta ou esférica em menos de 30 minutos, sem a necessidade de drenagem do compar-timento e reduz o custo de eventuais obras”, afirma Adolfo (abaixo à esquerda).

O indefectível Jessé Lima de Assunção, atu-almente lotado na Divisão de Transmissão do Maranhão, possui vários prêmios do PIQ e do Muiraquitã. Técnico de manutenção mecânica, ele trouxe para a III Seci o “Kit limpador interno de cilindros acumuladores de diversos tipos de equipamen-tos” e participou do projeto do “Dispositivo para montagem e desmontagem de êmbolo de cilindro acumulador de equi-pamentos”.

O kit limpador é constituído por um manípu-lo ligado a um motor elétrico com uma manta de feltro que executa a limpeza dos cilindros. O segundo dispositivo evita o emperramento do êmbolo dentro do cilindro, quando é necessário fazer a limpeza e a montagem ou desmonta-gem da peça. “Essas ferramentas promovem a melhoria e a garantia da limpeza do equipa-mento, a redução do esforço físico e do tempo de reparo, e a precisão da manutenção”, afirma Jessé.

Na Regional de Transmissão de Mato Gros-so, o especialista de manutenção João Leandro Sobrinho (abaixo à direita), participou da “Con-fecção de suporte metálico para retirada de chave seccionadora em serviço de potencial e

com desligamento em subes-tações”. A falta de segurança para a execução do serviço nas chaves seccionadoras, feita com cordas, era o prin-cipal problema enfrentado. O desenvolvimento de um su-

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porte metálico com três pontos de travamento na chave seccionadora resolveu o problema. “Com esse equipamento nós conseguimos achar o centro de peso da chave e descer o equipamento com eficiência na posição hori-zontal, o que garante a qualidade do serviço e a segurança da equipe.”

Patentes - Este é um tema que tem tirado o sono da superintendente de Pesquisa e Desen-volvimento Tecnológico e Eficiência Energética, Neusa Maria Lobato Rodrigues. Quem inventa alguma coisa têm que ser recompensado pelo seu esforço, mas nem sempre é assim. Muitos inventores queixam-se de que criaram melho-rias que os fabricantes introduziram nos seus equipamentos e máquinas, gratuitamente. Além disso, várias vezes a própria Eletrobras Eletro-norte comprou esses itens já com as moder-nizações inseridas sem obter nenhum tipo de compensação nem para si, nem para os inven-

tores. Ademais, perante o mercado, os fabricantes ainda eram reconhecidos como inovadores.

Neusa, (ao lado), acre-dita poder destravar a questão: “Estamos bus-cando os caminhos para viabilizar a divisão dos ga-nhos com os inventores. Há melhorias que não são passíveis de pedido de patente. Mas, há situações em que se pode pedir o reconhecimento da autoria da melhoria por meio do modelo de utilidade, ou seja, são inovações dentro de um equipamento, de inte-resse do próprio fabricante. Estamos tratando a questão como segredo de indústria. Vamos cha-mar as indústrias e colocar a questão na mesa: nós sabemos como melhorar a sua máquina, vai querer saber como é? E vai pagar quanto?”.

Na maioria dos casos, as melhorias interes-sam à Empresa como compradora. Nestes ca-sos não se pode buscar a patente e nem auferir royalties. Entretanto, poderão ser negociadas vantagens e abatimentos nas próximas aquisi-ções, ou mesmo um pagamento em dinheiro. O indicado é que o fornecedor peça a patente para si e a Empresa ganhe pelas inovações in-troduzidas por meio de um contrato de trans-ferência de tecnologia. “E o inventor vai levar 20% do que for levantado. Assim, todo mundo ganha. Essa será, em breve, a nova revolução em matéria de incentivos à iniciativa pessoal na Eletrobras Eletronorte. Nós já temos um contra-to de transferência de tecnologia averbado pelo Inpi, portanto é possível”, reforça Neusa.

Examinadores. A Banca Examinadora foi composta por avaliadores externos e internos com experiência no Prêmio Nacional da Qua-lidade - PNQ e na certificação ISO. O nível profissional dos examinadores mostrou o res-peito da Empresa pelos colaboradores. A pro-fessora Terezinha Pereira de Oliveira disse que veio para avaliar, mas que também aprendeu: “Agradeço as sugestões e ideias. Foi difícil che-gar ao término com tantos trabalhos excelentes. A experiência contribuiu para eu dar um passo a frente na minha forma de ver as coisas. Tenho a tendência em ser acadêmica. Aqui pude ver como que, com a multidisciplinaridade, e até com as diferenças, se consegue obter grandes resultados. Estou estarrecida com a criativida-de, com o nível de informação, a inovação, a inteligência e o espírito de cooperação entre as pessoas”.

Não seria possível realizar os projetos da Em-presa sem a parceria de diversas instituições como a Universidade Federal do Pará – UFPA, Universidade de Brasília – UnB, Instituto Alber-to Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesqui-

sa de Engenharia – Coppe, Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – Lactec e Centro de Pesquisa e Desen-volvimento em Telecomunica-ções – CPqD.

O doutor em engenharia elétrica José Rossi (ao lado), pesquisador do CPqD-Cam-pinas (SP), explica que a ins-tituição está começando um projeto com a Eletrobras Ele-

tronorte de pesquisa de borrachas de vedação utilizadas em transformadores e geradores. O CPqD também está iniciando outro projeto de sensor ótico de proximidade de eixo e gerado-

res, e já finalizou três projetos, em parceria com a Empresa, de sensores óticos de hidrogerado-res, monitoramento de linhas de transmissão e degradação de materiais de isoladores.

“Nós temos uma parceria longa e bem frutí-fera, sempre com parcerias locais. Eu já parti-cipei de outros eventos da Empresa, desde os primeiros PIQs e acho muito interessante essa lógica de premiar a pesquisa e as soluções ino-vadoras, o que só incentiva a criatividade dos colaboradores e pesquisadores.”

Esses moços! - Eden Damasceno ressalta que o PIQ tem 15 anos e, portanto, é um ado-lescente inquieto, mas que a cada ano inova. E que não poderia deixar de falar com emoção das outras ‘crianças’: o Prêmio Muiraquitã, com cinco anos; e os outros com dois, o Seminá-rio de Tecnologia da Informação e a Feira de Inovação. “Estão presentes aqui todos os ino-vadores, criativos, inquietos e competidores da nossa Empresa. Esse é um encontro de mentes criativas, demonstrando processos de inovação com resultados efetivos, ajudando nas ques-tões estratégicas, que permite a sobrevivência da Empresa. Aqui entendemos a essência da Empresa. Quando se entra nos espaços dos trabalhos e nota-se a melhoria, a eficiência dos processos empresariais, da produtividade. Essas conexões vão atender aos objetivos em-presariais estabelecidos no Plano Estratégico 2011-2020. O que está se mostrando aqui é o resultado de várias iniciativas de vanguarda em que a Eletrobras Eletronorte é referência”.

Eden fez ainda uma breve síntese das três edições da Seci: “A primeira veio com as opor-tunidades do PIQ e do Prêmio Muiraquitã, num momento no qual nasceram vários trabalhos inéditos de inovação e de criatividade, e foi realizada tendo como apresentadores os traba-

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divulgou, em abril de 2011, os resultados da Pesquisa de Inovação nas Empresas Estatais Fede-rais 2008 – Pintec 2008. A Pesquisa de Inovação nas Estatais, realizada com o apoio do Ministério da Ciência e Tecno-logia, é a primeira iniciativa do IBGE no que se refere à mensuração do investi-mento em P&D pelas empresas do setor de energia elétrica.

Ela envolveu uma lista de 118 em-presas estatais federais acompanhadas pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais – Dest. Depois de excluí-das 47 empresas as quais não se enquadravam nos requisi-tos, o âmbito final contou com 71 empresas.

A gerente da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE, Fernanda Vilhena (foto), explica que “o Dest teve importân-cia na mobilização das empresas e na seleção do informante; o Ministério de Ciência e Tecnologia auxiliou na delimitação conceitual e treinamento dos informantes; e o IBGE se res-ponsabilizou pelo planejamento, treinamento, coleta de da-dos, crítica dos dados e divulgação dos resultados”.

A pesquisa revelou que entre 2006 e 2008, 68,1% das empresas estatais federais foram inovadoras contra 38,6% de empresas privadas. “A análise da taxa de inovação segundo o referencial de mercado mostra que 27,8% das empresas estatais federais realizaram inovação de produto para o mer-cado nacional e 29,2% implementaram processo novo para

o setor no Brasil. Esses percentuais são bem superiores aos verificados na Pintec 2006 (4,4% e 2,4%, res-pectivamente), o que pode ser expli-cado pelo fato de que grande parte das empresas estatais federais tem a característica de serem as únicas produtoras de determinado bem ou única ofertante daquele serviço”, es-clarece Fernanda.

Em relação às dificuldades en-contradas pelas empresas públicas e privadas nos processos de inovação, Fernanda afirma que as empresas

inovadoras, excluídas as estatais federais, listaram como principais entraves para a inovação os elevados custos, riscos econômicos excessivos, falta de pessoal qualificado e escassez de fontes apropriadas de financiamento. Já as empresas estatais federais inovadoras destacaram que os principais obstáculos enfrentados foram a rigidez organiza-cional e a dificuldade de se adaptar a padrões, normas e re-gulamentações, bem como a falta de pessoal qualificado.

Para Fernanda Vilhena, “as empresas estatais federais foram, em sua maioria, inovadoras entre 2006 e 2008, sendo essa inovação baseada, sobretudo, no investimento em P&D realizado dentro ou fora das empresas. Essas ino-vações ocorreram principalmente por meio de cooperação com universidades, em que o objeto da cooperação foi a realização de P&D; e fornecedores, no qual o objeto foi treinamento e assistência técnica”.

Empresas estatais superam privadas em inovações

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Banca Examinadora

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lhadores mais antigos. A II Seci foi o momento rico do encontro de duas gerações. A III Seci foi a consolidação dessa integração: o entrelace do pensamento científico extraído das equipes mescladas de pensadores novos e outros mais vividos”.

Ao final da III Seci, Álvaro Raineri descobriu uma feliz coincidência: “Analisem e concluam se é uma coincidência ou predestinação. No-naka e Takeuchi revolucionaram e se tornaram os papas da gestão do conhecimento ao lançar o livro “Criação de Conhecimento na Empresa: Como as empresas Japonesas Geram a Dinâ-

mica da Inovação”. O modelo inovador japo-nês de Gestão do Conhecimento de Nonaka e Takeuchi é composto por quatro estágios de conversão entre o conhecimento tácito e o ex-plícito, denominado SECI, a saber: Socialização, Externalização, Combinação e Internalização. Acredito que juntos conseguimos, durante a III SECI, promover os quatro estágios de Nonaka e Takeuchi, tanto na dimensão profissional quan-to na pessoal: socializamos, externalizamos, combinamos e internalizamos”.

É isso aí, fomos de Seci a saci, de Peri ao hi-tech.

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Eden e Álvaro; e o grande

público da III Seci

Resultado XV PIQ

Modalidade Trabalho Consolidado - Categoria Apoio - 1º LugarSuperintendência de Finanças – Retenção de Tributos na fonte: procedimentos adotados na Superintendência de Finanças da Eletrobras Eletronorte.Henrique Moreira Campos

Modalidade Trabalho Consolidado - Categoria Finalístico - 1º LugarRegional de Transmissão de Rondônia / Acre – Sistema de ventilação eólica para galeria de cubículos de disjuntores de 13,8 kV na subestação Alfaville.Salomão David de Araújo Alves Pereira, Moacir Ferreira Rios Jr, José Francisco Rabelo, Manoel de Jesus Privado, Francisco Chagas Silva, Décio Cavallieri, Salustiano Ribeiro Duarte, Grigório Pacheco, Laércio Souza Vieira, Lúcio Caetano da Silva, Walmy Carvalho José Luiz Sampaio, Raimundo Nonato Lemos da Silva, Manoel Melo

Modalidade Trabalho Inédito - Categoria Apoio - 1º LugarCentro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte Medição de campo elétrico visando atender a resolução Aneel nº 398/2010.Júlio Antônio Salheb do Nascimento, Manuel Joaquim da Silva Oliveira, Fernando Wilson Sousa Conceição, Ipojucan Lopes de Carvalho, Oswaldo Gonçalves dos Santos Filho, Gecivan de Sousa França, Olavo Pedro Pereira

Modalidade Trabalho Inédito - Categoria Finalístico - 1º LugarRegional de Transmissão do Pará – Redução do esforço físico e aumento da segurança do eletricista, no serviço de troca de espaçadores em linha viva.Marcio Robert da Silva Ribeiro e Ozias Xavier Neves

Resultado Final V Prêmio Muiraquitã - Colaboradores

Regional de Produção do Amapá

Plataforma virtual de simulação do funcionamento operacional de subestação e processos industriais

Softwarede Apoio a Engenharia

Fernando da Silva Jansem Faixa Ouro

Regional de Produção do Amapá

Simulador de teste do modulo eletrônico do detector de névoa (Água ou óleo)

Geração Térmica

Raimundo da Merces Oliveira de Barros João Bosco Pureza da Silva Afonso Celso Viana Abreu José Carlos da Silva Theles

Faixa Ouro

Regional de Transmissão do Maranhão

Sistema de informação da operação em tempo real - SIO@TR

Software de Apoio a Engenharia

Newton Teixeira do Nascimento Júnior

Faixa Ouro

Regional de Transmissão do Pará

Software desenvolvido para o centro de medição fasorial síncrona da Eletronorte

Software de Apoio a Engenharia

Daniel Augusto Martins Joaquim Américo Pinto Moutinho

Faixa Ouro

Resultado Final V Prêmio Muiraquita - P&D

Davi CarvalhoSuperintendência de Produção Hidráulica

Desenvolvimento de um sistema computacional para análise dos efeitos da expansão e modernização da UHE Tucuruí

Faixa Ouro

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Michele Silveira

Excêntrico. Louco. Mágico. O búlgaro Nikola Tesla ficou conhecido como o “homem que queria levar energia gra-tuita a todos”. Acreditava que poderia levar energia para todos e sem custos. O sobrenome faz companhia nas aulas de física na escola, mas há quem considere ainda uma injustiça o abandono de seu legado. Tesla inventou a corrente que sai da tomada, a alternada. Sua excentricidade rendeu a inovação que tornou a vida muito melhor. Suas patentes e seu tra-balho teórico formam as bases dos modernos sistemas de potência elétrica em corrente al-ternada, incluindo os sistemas polifásicos de distribuição de energia.

Tesla viveu entre 10 de julho de 1856 e 7 de janeiro de 1943. Aos 35 anos, em 1891, desen-

nas linhas do madeira, tecnologia vai resultar em economia de r$ 50 milhões

volveu a sua invenção de refe-rência: a bobina Tesla, a base para o rádio, televisão e meios modernos de comunicação sem fio. O cientista ficou fa-moso por suas apresentações teatrais nas quais os leigos pouco compreendiam os as-suntos, mas maravilhavam-se com os raios elétricos que saíam de bobinas brilhantes e lâmpadas sem fio que se acendiam ao entrarem em contato com a mão.

Não é à toa que o rótulo de “cientista ma-luco” lhe caía bem. Mas são os próprios cien-tistas que afirmam: “Criatividade e loucura são primas próximas”. A afirmação é do especia-lista em robótica Daniel Wilson. Ele pesquisou a biografia de alguns dos mais famosos cien-tistas da história – fictícios ou reais - e identifi-cou depressão, bipolaridade e outros distúrbios psicológicos como alguns dos problemas mais comuns enfrentados por mentes brilhantes que figuram tanto nos livros de história como em romances, filmes e histórias em quadrinhos. A pesquisa foi publicada no livro ‘A galeria da fama dos cientistas malucos’ que, com bom humor, mostra que sanidade e genialidade nem sempre andam juntas.

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É aquela velha história: de médico e louco... E há quem garanta: é esse pouco que faz a di-ferença. Na Eletrobras Eletronorte, esse pouco é muito. A Empresa leva a sério seus cientistas e investe em invenções que já foram levadas a diversos agentes do setor. O cenário é desa-fiador.

Até 2014 o Brasil terá um excedente de cin-co mil a seis mil MW de energia. A declaração do presidente da Empresa de Pesquisa Ener-gética - EPE, Maurício Tolmasquim, foi dada no início do mês de junho de 2011 e, segundo ele, há muito tempo o País não convivia com uma situação hidrológica tão favorável. A previ-são é promissora. Mas a pergunta do momento é: nossas linhas de transmissão estarão pron-tas para o crescimento da oferta de energia? Licenças ambientais, reduzir perdas e vencer grandes distâncias, algumas delas em áreas de difícil acesso, são alguns dos desafios dos siste-mas de transmissão.

Para Marcos César de Araújo, gerente de Projeto e Linhas de Transmissão da Eletrobras Eletronorte, a inovação é o diferencial no fu-turo da tecnologia de transmissão. “Temos aí os grandes desafios da transmissão em longas distâncias e precisamos ser também cada vez mais competitivos”. César é um dos autores

da tecnologia que vai resultar na economia de aproximadamente R$ 50 milhões nas linhas do Complexo do Madeira. “Trabalhando a forma de tracionamento mecânico, poderemos usar cabos de alumínio nessa linha”.

Um dos dois circuitos do linhão do Madei-ra será construído pela sociedade de propósi-to específico (SPE), Norte Brasil Transmissora de Energia, formada por Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Eletrosul e Abengoa. Os 2.375 quilô-metros a serem percorridos de Porto Velho, em Rondônia, até a cidade paulista de Araraquara, fazem das linhas do Madeira o maior sistema de transmissão do mundo.

Segundo Marcos César (abaixo), por sua grande extensão, assim como por suas demais características técnicas, os vultosos custos de implantação e manutenção da linha de corren-te contínua demandaram estudos e avaliações especializadas na busca da solução técnico-eco-nômica mais adequada, vislumbrando-se a opção de utilização de cabos condutores de alumínio (CA) como tecnicamente viável e economicamente vantajosa.

“O emprego desses condutores de alumínio no Brasil, até então se restringiu a aplicações em linhas de distribuição e subtransmissão de energia. A pré-definição, na fase de projeto básico, de um cabo de alumínio com elevada bitola e tracionamento mecânico correspon-dente ao EDS de 26% de sua carga de ruptura requereu o aprofundamento das avaliações téc-nicas relativas à viabilidade da solução preten-dida. O valor de tensão EDS - Extreme Ductile Strength é o valor da tensão de ruptura. Foram

comparadas quatro alternativas de cabos con-dutores: a primeira delas a solução de referên-cia indicada no edital da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel: cabo de alumínio com alma de aço (CAA); cabo de liga de alumínio (CAL); cabo de alumínio com alma de liga de alumínio (ACAR); e cabo de alumínio (CA)”, explica Marcos César, citando o trabalho rea-lizado em parceria com as outras integrantes do consórcio.

Vibração eólica - Na primeira fase dos es-tudos, os cabos CAA e CAL foram descartados em face da grande desvantagem econômica imediatamente constatada em relação às outras duas opções. A partir daí, foram aprofundados os estudos e comparações técnicas entre os cabos, com ênfase nos condutores CA e ACAR, concluindo-se pela vantagem técnico-econômi-ca do cabo CA associada à viabilidade de sua utilização com tracionamento mecânico dife-renciado. “Essa possibilidade está sendo utili-zada tanto no bipolo I como no bipolo II. Tive-mos muita atenção com a vibração eólica, com estudos específicos para o amortecimento dos

cabos para evitar a fadiga e um possível rom-pimento. A diferença no tratamento mecânico do cabo resultou num processo que poderá ser reproduzido em outras situações”, explica.

A vibração eólica é mais um desafio das tec-nologias de transmissão. Numa parceria com pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Londrina, a Eletrobras Eletrosul desenvolveu o protótipo de um vibrógrafo (abaixo) – equipamento que mede as vibrações eólicas e o esforço que elas

Tecnologias como

amortecedores e contrapesos

têm sido usadas nos

cabos de alumínio

A transmissão a longas distâncias é o desafio das novas tecnologias

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exercem sobre as linhas de alta tensão. O apa-relho foi instalado no cabo para-raios da linha de transmissão de 525 kV Londrina-Ivaiporã, associada a Itaipu, para testes. As informações obtidas a partir do uso desse tipo de medidor podem ajudar a estimar o tempo de vida útil dos cabos de energia e indicar medidas pre-ventivas ou corretivas em locais onde as linhas estejam mais vulneráveis à ação dos ventos.

O coordenador geral do projeto, professor José Alexandre de França (abaixo), explica que o objetivo é desenvolver um sistema de aquisi-ção de dados que monitore o estresse nos ca-bos das linhas de transmissão. “Conhecendo-se esse estresse, é possível prever quando há grandes chances de ruptura nos cabos e, para evitar problemas maiores, agendar uma manu-tenção preditiva”. Segundo ele, o protótipo foi desenvolvido para superar as limitações dos vi-brógrafos atuais. “Um dos diferenciais é o uso de baterias recarregáveis via indução magnéti-ca, isto é, capazes de retirar energia do cabo no qual o aparelho está instalado, garantido maior autonomia de funcionamento. Outra vantagem é a transmissão on line de dados, que permite enviar informações diariamente ao servidor lo-calizado no campus da Universidade, pela rede GPRS (Serviço de Rádio de Pacote Geral) do celular”, explica. A expectativa é que o projeto esteja pronto até dezembro de 2011.

Segundo Marcos César, a tecnologia de cor-rente contínua foi usada em Itaipu, mas lá, as-sim como em vários outros lugares do mundo, o cabo mais usado é o de alumínio com alma de aço. “Nas linhas de transmissão do Madei-ra serão utilizados cabos com fios de alumínio, sem a alma de aço. Isso significa mais econo-mia num processo competitivo em que a inova-ção é fundamental”, explica.

Corrente contínua, alternada, meia-onda ou ultra-alta tensão são alguns dos termos ouvidos por quem se debruça sobre o tema. De acordo com o engenheiro eletricista Fernando Chaves Dart, pesquisador do Departamento de Linhas e Estações do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica- Cepel, e gerente do projeto de implan-tação do Laboratório de Ultra-Alta Tensão do Cepel. Linhas de transmissão em corrente al-ternada com níveis de tensão acima de 800 kV e linhas de transmissão em corrente contínua com tensões iguais ou superiores a 800 kV são consideradas linhas de ultra-alta tensão.

Segundo ele, a taxa de utilização de linhas de transmissão é avaliada em função de de-sempenho do sistema elétrico como um todo. Para a transmissão de um bloco de energia a uma determinada distância, quanto maior a tensão da linha de transmissão, menor a cor-rente que circula por ela e, consequentemente, menores serão as perdas na transmissão.

Dart (ao lado) explica ainda que a redução do custo de um empreendimento, garantindo a sua confiabilidade, leva em conta, também, o impacto ambiental, que está incluído no custo do empreendimento, e a integração regional pro-piciada por um empreendi-mento que atravesse regiões distantes uma da outra cerca de 2.500 km, seja qual for o nível de tensão da linha de transmissão. “A tecnologia é funda-mental para a definição da melhor alternativa de transmissão a ser adotada. O Cepel dispõe de ferramentas que permitem avaliar o custo e o desempenho de linhas de transmissão tanto em corrente alternada quanto em corrente con-tínua”, afirma.

Modelo - Ao longo dos últimos anos o Cepel vem desenvolvendo programas digitais capazes de otimizar arranjos de linhas de transmissão, calcular os parâmetros e as interferências no meio ambiente, tanto no que se refere aos as-pectos elétricos, quanto aos mecânicos. Os modelos desenvolvidos permitem que os pes-quisadores desenvolvam configurações de linhas de transmissão com essas característi-cas. Agora o Cepel se prepara para inaugurar o Laboratório de Ultra-Alta Tensão (UAT). “Até o presente momento todas as fontes de tensão que farão parte da nova infraestrutura laborato-rial para UAT foram entregues pelo fabricante

e estão aguardando a montagem para serem comissionadas, dependendo ainda de obras ci-vis que estão em fase de contratação”, explica Fernando Dart.

Já são R$ 62 milhões investidos pela Ele-trobras, Finep e Cepel e, até a conclusão do projeto, serão necessários recursos da ordem de R$ 30 milhões. O Laboratório de Ultra-alta Tensão - LabUAT (acima, na maquete) está sendo construído em duas fases. A previsão ini-cial de conclusão da primeira fase é para o final de 2011. Essa fase inclui a construção de um pórtico, a casa de controle, a base do gerador de impulso de 6,4 MV e a respectiva canaleta, além de uma área de armazenamento.

A segunda fase deverá estar concluída em meados de 2012. Essa contempla o restante do Laboratório: dois pórticos, demais bases e canaletas, estruturas de tração, arruamen-to, iluminação e drenagem, além de todos os equipamentos necessários para a realização de ensaios disruptivos em equipamentos elétricos de UAT.

A iniciativa é pioneira no continente america-no e terá papel essencial no apoio às atividades de pesquisa aplicada do Cepel, para vencer os desafios tecnológicos do desenvolvimento de novas concepções de linhas de transmissão de alta capacidade, tanto em corrente alternada quanto em corrente contínua, a serem utilizadas na transmissão de grandes blocos de energia,

como aquelas envolvidas nos aproveitamentos hidrelétricos da região amazônica, notadamen-te os futuros empreendimentos de Belo Monte e Teles Pires, por exemplo.

Segundo Fernando Dart, futuras interliga-ções com outros países que fazem fronteira com o Brasil também podem adotar linhas de transmissão com características inovadoras. “Cabe ressaltar que qualquer inovação tecno-lógica deve ser testada em todos os aspectos antes de ser adotada comercialmente. É nesse nicho que o Laboratório do Cepel se enquadra”, afirma.

Para Marcos César, o desafio dos especialis-tas em transmissão é desenvolver tecnologias capazes de reduzir custos e mitigar os impactos ambientais para agilizar a liberação das licenças ambientais, ainda um entrave aos processos de construção das linhas. “A Eletrobras Eletronorte vive de ganhar um empreendimento e investir nele por pelo menos 30 anos, e esse é o diferen-cial maior das estatais. Investimos aqui e apos-tamos em tecnologias para ficar cada vez mais competitivos. Nesse contexto, toda inovação é um diferencial na hora de ganhar um leilão”.

Com uma demanda que não pretende redu-zir intensidade, a inovação é a alternativa não convencional que fará a diferença na história da transmissão a longas distâncias. É o cami-nho da energia para todos. Sob as bênçãos de Nikola Tesla.

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Em abril de 2011 a Eletrobras e a estatal chi-nesa State Grid assinaram memorando de en-tendimento para compartilhar experiências ge-renciais, técnicas e comerciais em transmissão e geração de energia. A ideia é que a Eletrobras ganhe acesso à tecnologia de transmissão de ul-tra-alta tensão, dominada pela chinesa, e prevê a possibilidade de atrair investimentos externos para seus projetos. Para o assessor da Presidên-cia da Eletrobras, Paulo César Fernandez (foto), o seminário “Alternativas Não-Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica em Lon-gas Distâncias”, realizado em fevereiro de 2011, na Universidade de Brasília, como parte de um projeto de P&D institucional da Aneel coordenado pela Eletrobras Eletro-norte, mostrou que, atualmente, a potência instalada em todo o sistema elétrico chinês é nove vezes a potência instalada no Brasil: cerca de 980 GW, contra os 115 GW brasileiros. Tal número precisaria dobrar até 2020. Isso significa colocar em funcionamento, a cada ano, uma capacidade instalada praticamente igual à capacidade total de geração existente no Sistema Interligado Nacional - SIN.

O grande potencial hidrelétrico a ser explorado na China está na região sudoeste, onde ficam as cadeias de montanhas da cordilheira do Himalaia. “Em função dessas característi-cas territoriais e da necessidade de grande crescimento da capacidade instalada a taxas anuais muito elevadas, não há alternativa para a expansão do sistema de transmissão chinês a não ser a utilização das novas tecnologias de UAT em cor-rente alternada – acima de 1.000 kV – ou em corrente contí-nua – igual ou acima de 800 kV. Isso porque essas tecnologias têm uma capacidade significativamente maior para transmitir grandes blocos de potência a longas distâncias do que as al-ternativas convencionais de transmissão”, explica Fernandez, em artigo publicado logo após o seminário.

Para Fernando Chaves Dart, pesquisador do Cepel, (ver matéria principal), a troca de experiência entre equipes é, sem dúvida, uma boa alternativa para encurtar etapas de desen-volvimento. “Hoje os nossos desafios são únicos, mas pode-se trabalhar em conjunto”.

Segundo ele, a China possui quatro laboratórios de UAT em operação: um de corrente alternada, um de corrente con-tínua, um de ensaios mecânicos e um para avaliar o efeito de grandes altitudes no Tibet. Possuem ainda uma linha de transmissão de 1.000 kV, duas linhas de ± 800 kV em opera-ção e planejam ainda desenvolver linhas de corrente contínua em ± 1.000 kV.

No Brasil, desde a década de 1980, a maior tensão em cor-rente alternada em operação é 765 kV e em corrente contínua

é ± 600 kV. “No entanto, as características da China e do Brasil são muito diferentes. Podemos trabalhar em conjunto, mas de-vemos ter nossas próprias soluções no to-cante tanto a linhas de transmissão quan-to a equipamentos para geração e para subestações”, afirma.

Para Fernandez, a Amazônia poderá ensejar alternativas muito atrativas de ex-pansão da transmissão com o emprego da tecnologia de UAT, seja em corrente alternada ou em corrente contínua. “O emprego da tecnologia de UAT é interes-

sante sob os pontos de vista técnico, econômico e ambien-tal, já que a supressão da vegetação é significativamente menor que nas tecnologias de transmissão convencionais, quando considerado o transporte de uma mesma quanti-dade elevada de potência”, afirma.

Ele avalia ainda que o Brasil pode se beneficiar de uma cooperação técnica nesse campo de conhecimento. “A Chi-na está interessada em uma cooperação técnica com o Bra-sil na tecnologia de transmissão não convencional chamada de “meia onda +”, uma linha de transmissão em corrente alternada com cerca de 2,5 mil km ponto a ponto, o que é impossível de se conseguir com a tecnologia convencional de transmissão em corrente alternada em extra alta tensão – até 800 kV, ou mesmo em UAT acima de 1.000 kV.

No Seminário foram discutidos ainda os chamados sis-temas hexafásicos, constituídos de seis fases derivadas do sistema trifásico existente, para ensejar maior possibilida-de de compactação e consequente redução de custos; a aplicação de supercondutividade na transmissão de ener-gia elétrica (não aplicável a grandes distâncias, mas para zonas de alta urbanização e de alto custo do terreno); e a transmissão em corrente contínua utilizando a tecnologia não convencional VSC (Voltage Source Converter). Embo-ra essa última tecnologia já esteja disponível no mercado mundial, apresenta ainda custos mais elevados e maiores perdas por efeito Joule.

Mas as “Alternativas Não-Convencionais para a Trans-missão de Energia Elétrica em Longas Distâncias” não pa-ram por aí. Durante o Seminário também foram apresen-tados estudos sobre o armazenamento de energia elétrica sob a forma de gás hidrogênio, a partir de utilização de energia de vertimento do SIN em plantas de eletrólise para produção, armazenamento e transporte de gás hidrogênio, para posterior utilização em células combustíveis, produ-zindo novamente eletricidade. Apesar de tecnicamente vi-ável, a tecnologia ainda tem um custo muito elevado.

Transmissão a longas distâncias:os desafios da parceria Brasil - China

Érica Neiva

“As barragens são monitoradas por uma espécie de pronto-socorro, semelhante ao que estamos acostumados nos hospitais. Mas os profissionais que entram em ação, ao contrário de médicos e enfermeiros, são especialistas em solo, concreto e sismos”, explica o engenheiro civil da área de instrumentação de auscultação e segurança de barragens, Ruben José Ramos Cardia. Assim como a medicina passa por in-tensas descobertas com a evolução tecnológi-ca, o mesmo acontece na área de segurança de barragens. No Brasil, o uso de inovações tecnológicas nessa área encontra obstáculos, sobretudo devido aos altos custos. “Tomamos conhecimento de inovações, mas nem sempre conseguimos implementá-lo devido ao custo e dificuldade de importação de equipamentos”, afirma Cardia.

Entre as inovações, Cardia (abaixo), cita o uso da fibra ótica nas barragens do Rio Igua-çu para medida de temperatura e controle da segurança. As barragens fazem parte do Com-plexo Energético Fundão Santa Clara, consórcio

da Companhia Paranaense de Energia - Copel. Um exemplo de tecnologia ainda pouco en-contrada no País são os usos de dispositivos sem fios, tec-nologia wi-fire, para substituir o trabalho com o piezômetro, equipamento selado no inte-rior do subsolo para respon-der à variação da pressão. Em vez de carregar um cabo de 50 metros é usado um equi-pamento mais leve e portátil.

Na fase de projeto de uma barragem há o de-senvolvimento de várias tecnologias na área de metodologia de cálculos por meio da evolução de softwares e de equipamentos de hardware capazes de prever comportamentos futuros como deslocamentos, tensões e temperatu-ras, facilitando a construção e possibilitando

Ger

ação tecnologias modernas e

tradicionais se unem para uma melhor segurança das barragens

economia sem prejuízo da segurança. Outro segmento de segurança de barragens no qual acontecem inovações periódicas é a área de concreto. As melhorias envolvem, sobretudo, a composição química, a exemplo de aditivos nos cimentos que vêm melhorando a qualidade da área construtiva.

Para o engenheiro civil da área de concre-to, Selmo Chapira (ao lado), “nesse âmbito es-tão ocorrendo muitas inovações graças ao su-porte dos programas de P&D que as empresas têm adotado. Infelizmente, isso só ocorre com as empresas de geração e distribuição de energia elé-trica. Seria bom que o mesmo ocor-resse com as empresas de abasteci-mento de água e irrigação, que estão sob responsabilidade da Agência Na-cional de Águas – ANA”.

Algumas técnicas usadas no exte-rior e que ficam caras quando chegam ao Brasil, são passíveis de serem re-produzidas no País, graças aos investimentos em P&D. “As técnicas são ‘tropicalizadas’, ou seja, são desenvolvidos produtos nacionais similares aos estrangeiros, mas com preços menores, além do diferencial da facilidade de técnicas de reparos por se tratar de produtos nacionais”, diz Chapira.

O consultor considera importante que a Aneel fiscalize a execução dos projetos de P&D e exija o investimento em P&D não só das grandes empresas, mas dos investidores e proprietários de pequenas centrais hidrelé-tricas (PCHs). “As empresas maiores têm um orçamento que possibilita o investimento em pesquisa. Os proprietários de PCHs muitas ve-zes não possuem um faturamento capaz de re-alizar projetos, mas podem formar consórcios que invistam em pesquisa e desenvolvimento e beneficiem a sociedade”.

Em relação à sua experiência de consulto-ria na Eletrobras Eletronorte e sobre a evolução dos usos das tecnologias na Empresa, Chapira declara: “Participei do projeto de construção e

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operação da barragem da Usina Tucuruí, na década de 1970. Na época foram usadas as melhores tecnologias existentes. Também nas eclusas de Tucuruí foram usadas umas das pri-meiras versões de concreto compactado com rolo no Brasil, sinônimo de uma experiência pioneira (ver box). A Eletrobras Eletronorte, no momento de construção das suas obras, sem-pre procura estar à frente do desenvolvimento tecnológico. Isso gera mais confiabilidade no processo, seja na construção ou na operação, uma vez que as pesquisas possibilitam uma melhoria no processo de reparos e recupera-ções de obras”.

Abalos sísmicos - O monitoramento de aba-

los sísmicos começou a ser feito pela Eletro-bras Eletronorte em 1979. Atualmente encon-tram-se monitoradas as usinas hidrelétricas Tucuruí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM). Com a chegada dos recentes equipamentos adquiridos pela Empresa, será iniciado o mo-nitoramento nas usinas Coaracy Nunes (AP) e Curuá-Una (PA), e também nas estações de áreas de futuros aproveitamentos hidrelétri-cos, como Belo Monte.

O monitoramento sismológico em usinas hi-drelétricas tem como objetivo avaliar a atividade sísmica na área circunvizinha ao reservatório,

bem como verificar as eventuais mudanças no nível da sismicidade devido à influência do lago, isto é, validar e analisar quando for o caso, a ocorrência de sismos induzidos por reserva-tórios. O processo de instalação das estações sismográficas inicia-se antes da fase de cons-trução das usinas, pois visa a verificar se existe atividade sísmica antes do início do enchimento do reservatório.

Após um tremor de terra de significativa im-portância em Tucuruí, em 2007, iniciou-se a modernização e a expansão da rede sismográ-fica da Eletrobras Eletronorte. Os equipamentos de última geração na técnica de processamento digital de sinais foram encomendados de uma fornecedora inglesa. Em agosto de 2009 foram importados 22 conjuntos de aparelhos constitu-ídos por sismógrafo, sismômetro, acelerômetro, cabos e instrumentos auxiliares, com investi-mentos que chegaram a quase R$ 800 mil.

As grandes empresas do Setor Elétrico come-çaram a monitorar a Sismicidade Induzida por Reservatório – SIR principalmente após o sis-mo na barragem de Koyna, na Índia, em 1967, com magnitude 6.3, que causou 200 mortes e severos danos na sua estrutura. A Sismicidade Induzida por Reservatório ocorreu pela primei-ra vez no Brasil em 1972, no reservatório de Carmo do Cajuru, em Minas Gerais “Somos um

dos países com o menor índice proporcional de sismicidade em toda a América Latina. O Ja-pão, equivalente em área ao Maranhão, muitas vezes, em apenas um ano, sofre maior núme-ro de terremotos dos que os já catalogados no Brasil desde o início da colonização”, explica o gerente de Segurança de Barragens da Eletro-bras Eletronorte, Gilson Machado da Luz.

A instalação de equipamentos sismográficos, de acordo com Gilson (ao lado), não irá preve-nir nem evitar a ocorrência de sismos, mas o monitoramento é fundamental para registrar e acompanhar o histórico dessas ocorrências e

Tucuruí, Samuel, à direita, e Curuá-Una, acima na

página ao lado: usinas com monitoramento sismológico

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orientar a adoção de procedimentos futuros, no que diz respeito à redução dos impactos ambientais, sociais e econômicos. Também é necessário obter dados que possam contribuir para o conhecimento técnico sistêmico dos fe-nômenos sísmicos naturais ou induzidos por reservatórios.

Estações sismográficas - O reservatório da Usina Hidrelétrica Tucuruí é monitorado por uma rede composta por quatro estações sismo-gráficas e quatro acelerográficas. As estações

sismográficas localizam-se nas proximidades do reservatório e possuem tecnologia moderna, contando com digitalizador e sismômetro tria-xial de banda larga, ambos do fabricante inglês Guralp Systems.

As estações acelerográficas realizam a medi-da das acelerações em três pontos da estrutura da barragem e em um ponto de referência dis-tante da estrutura. Contam com equipamentos de tecnologia digital e são compostas de digi-talizador e de acelerômetro triaxial do mesmo fabricante inglês. Os dados são adquiridos em cada estação remota a uma taxa de 100 amos-tras por segundo e enviados, inicialmente, via rádios digitais para uma central de registro no escritório da Usina e depois para a Sede da Em-presa em Brasília.

Para tanto, utiliza-se o sistema de transmis-são por fibras óticas instalado na linha de trans-missão de energia em alta tensão. Em Brasília, após a recepção dos dados no computador servidor, é realizada a tradução do endereço IP (protocolo de internet) local para o endere-ço IP público, permitindo o acesso aos dados pelo computador do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília - UnB, no qual os dados são recebidos em tempo real.

O coordenador técnico do Observatório da UnB, Darlan Portela Fontenele (abaixo), diz que Tucuruí é a primeira Usina no Brasil a ter uma rede de acelerógrafos instalada e enviando dados em tempo real para a Universidade. “O monitoramento permite saber imediatamente qual a aceleração máxima que um possível evento causou na estrutura da barra-gem. Isto dá suporte ao pessoal de segurança de barragem para empreender ações de miti-gação dos possíveis efeitos provocados por tais eventos. Os dados que chegam ao Observatório

são analisados para que se saiba se houve a ocorrência de eventos sísmicos de qualquer natureza. Uma vez catalogados e classificados, são determinados parâmetros acerca da fonte que os originou: localização (coordenadas geo-gráficas); profundidade (eventos tectônicos); e magnitude”, esclarece Darlan.

A utilização de equipamentos digitais e mo-dernos, instalados nas estações sismográficas e acelerográficas, permite obter respostas mais precisas, empregando-se técnicas computacio-nais modernas. A diferença entre estações sis-mográficas e acelerográficas está relacionada à quantidade de dados produzidos. “As estações sismográficas, devido à natureza de suas apli-cações, produzem uma quantidade de dados maior que estações acelerográficas. Isto se ex-plica pelo fato delas serem capazes de perce-ber desde os pequenos até os grandes eventos. Estações acelerográficas são desenhadas para perceber apenas os eventos que geram acele-rações maiores na estrutura em que estão ins-taladas”, explica Darlan.

Equipamentos digitais - O Observatório Sismológico da UnB mantém parceria com di-versas empresas energéticas, principalmente com as empresas do Sistema Eletrobras, como Eletronorte e Furnas, e também Cemig e Itai-pu, desde o final da década de 1970. “De lá para cá, o Observatório desenvolveu-se muito, graças aos recursos financeiros obtidos com as parcerias e, principalmente, devido aos dados produzidos pelas estações sismográficas des-sas empresas. Isso permitiu conhecer melhor a realidade sísmica do País. No caso da Ele-trobras Eletronorte, por exemplo, foi possível conhecer a sismicidade da Amazônia”, afirma Darlan.

Os equipamentos digitais produzem dados mais exatos e permitem o uso de técnicas de análise mais modernas, diferentemente dos equipamentos de tecnologia analógica, que

geravam dados nem sempre de boa qualidade, o que induzia a possíveis erros de interpretação. Uma característica da tecnologia analógica era não poder utilizar ferramentas computacionais modernas. Tudo era feito ‘no braço’.

Segundo Darlan, “a própria coleta dos dados requeria a ida de um operador a cada dois dias para trocar o sismograma. De forma prévia, o operador precisava preparar o papel que iria gerar o sismograma. Isto era feito a partir de um processo de esfumaçamento. Precisava-se impregnar o papel com a fumaça oriunda de uma lamparina, criando uma fina camada de fuligem sobre o papel para poder, então, ser ris-cado pela pena do sismógrafo. Depois, no pro-cesso de retirada do sismograma, era necessá-rio banhar o papel em uma solução de álcool e goma laca, o que fazia com que a fumaça impregnada não se soltasse do papel. Tinha-se um sismograma pronto para poder ser manu-seado pelo analista”.

Sobre os recursos dispostos nos equipamen-tos digitais, o coordenador do Observatório ex-plica que eles permitem desde a obtenção do tempo, com precisão de milésimos de segun-dos, a partir de receptor GPS, até a gravação

Acelerômetro Sismômetro

Sismógrafo

Estações de dados estão ligadas à sala de registro da UnB

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A construção das eclusas de Tucuruí tem como obje-tivo dar continuidade à navegação no trecho da hidrovia interrompido com a construção da barragem, vencendo um desnível de 69 metros. A tecnologia empregada na sua operação, conforme explica o gerente da Coordena-ção da Obra das Eclusas de Tucuruí, Waldo Ferraz, além de ser eficiente, conta com uma situação operacional não só no que diz respeito à segurança de pessoas e embarcações, mas também em relação ao reservatório da Usina.

O sistema de transposição de Tucuruí inclui duas eclusas: uma inserida no corpo da barragem e outra a jusante, de retorno à calha do Rio Tocantins. Entre elas, um canal intermediário com 5.580 km de extensão, per-mitirá a navegação de embarcações com calado máximo de 4,5 metros. As eclusas de Tucuruí têm capacidade para dar passagem a 40 milhões de toneladas de cargas por ano em cada sentido da navegação. Cada eclusa constitui um degrau na “escada” que os barcos têm que vencer. Ela atua como um verdadeiro elevador aquático, ajudando as embarcações a transpor o desnível, visto que a eclusa nada mais é que uma grande câmara de concreto com duas enormes portas de aço. Depois que a embarcação entra, as comportas são fechadas e o tempo de transposição dos comboios de jusante a montante ou vice e versa é de 1h30.

dos dados em mídia de grande autonomia. Hoje não mais é preciso ir à estação a cada dois dias. “Uma grande vantagem é poder utilizar siste-mas de telefonia celular, satélite, rádio, ou mes-mo a internet, para transmitir os dados de uma estação. A Eletrobras Eletronorte saiu na frente, ao adquirir para todas as suas estações equi-pamentos digitais modernos e hipersensíveis, que permitem a obtenção de resultados mais rápidos e acurados, acerca de eventos que pos-sam ocorrer nas áreas das suas barragens. A sismologia ganha com essa visão da Empresa em modernizar as estações sismográficas, pois permite conhecer melhor a dinâmica interna da Terra que gera os terremotos, sobretudo na re-gião amazônica, onde existe um número muito reduzido de estações”, elogia Darlan.

Belo Monte - A Eletrobras Eletronorte tem o interesse de expandir a rede de estações sis-mográficas na sua área de atuação, dispondo de equipamentos para instalação de novas es-tações na região amazônica. Com o objetivo de estabelecer um acordo de cooperação técnica no qual haja o empréstimo desses equipamen-tos para operação, e em troca obtenha os dados que possam contribuir para o conhecimento dos fenômenos sísmicos naturais ou induzidos por reservatórios na região amazônica, a Em-presa firmou um acordo com a Norte Energia S/A, empresa responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

Conforme o acordo de cooperação, a Norte Energia vai instalar e operar uma rede de três estações sismográficas em Belo Monte, arcan-do com os custos de construção, instalação, operação e transmissão de dados dessa rede, cujos dados obtidos serão compartilhados com a Eletrobras Eletronorte no domínio do conheci-mento sísmico natural ou induzido por reserva-tório, nas condições geológicas da região ama-zônica. O acordo não possui valor monetário devido à sua natureza técnica cooperativa, sem ônus financeiro entre as partes.

É assim, investindo, cuidando, planejando, que a Eletrobras Eletronorte está na vanguarda tecnológica também quando se trata de segu-rança de barragens.

Tecnologia empregada nas eclusas de Tucuruí garante segurança e confiabilidade

As eclusas funcionam segundo o princípio dos vasos co-municantes, ou seja, quando dois recipientes são ligados pelo fundo, o nível da água dentro deles tende a ser o mesmo. “Assim, quando a comporta de enchimento estiver aberta e a de esvaziamento fechada, o nível da água no interior da eclusa se iguala ao mais alto. E quando a comporta de enchimento estiver fechada e a de esvaziamento aberta, o nível da água no interior da eclusa se iguala ao mais baixo. A eclusa funciona sem necessidade de bombas. A energia gasta para erguer ou descer a embarcação é a da gravidade, ou seja, tudo é feito aproveitando o peso da própria água”, explica Waldo.

As eclusas possuem um monitoramento digitalizado para o controle das atividades, um Sistema de Controle e Supervição - SCS, que juntamente com os sistemas de circuito fechado de TV - CFTV, central de rádio VHF, sistema de telefonia e sistema de alta voz e gravação, possibilitam o controle e mo-nitoramento de todas as atividades desenvolvidas. De acordo com Waldo, “esse sistema atua por meio de uma rede digital que interliga todos os equipamentos de cada uma das eclusas e também interliga a eclusa 1 com a eclusa 2. Dessa forma, é possível monitorar e operar qualquer equipamento das duas eclusas estando o operador na eclusa 1 ou na eclusa 2. A tec-nologia empregada na construção das eclusas de Tucuruí é moderna e conta com as inovações atualmente existentes no mercado, principalmente nas áreas de supervisão, controle, proteção, sinalização e telecomunicações”.

Exterior e interior de

uma estação sismográfica,

com seus equipamentos

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Durante as últimas três décadas, a Eletro-bras Eletronorte foi responsável pela produção e transmissão de energia elétrica na Região Norte do Brasil. Portanto, não é de hoje que a Empre-sa tem estudado e implementado várias tecno-

logias destinadas a melhorar a relação custo/benefício do sistema elétrico que opera.

Atualmente, esses sistemas são ca-pazes de levar maior quantida-

de de energia elétrica com o menor custo possível. Nesse contexto, relem-

bramos nesta edição especial duas tecnologias pioneiras de-

senvolvidas pela Empresa: os ca-bos para-raios energizados e a torre

raquete. Hoje, a Eletrobras Eletronorte tem ao todo 8.489 estruturas tipo raquete

em 3.702 km de linhas de transmissão no Maranhão, Tocantins, Pará, Acre, Rondônia e Mato Grosso. Os cabos para-raios energizados não operam mais, mas chegaram a abastecer municípios em Mato Grosso e Rondônia.

His

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a Pioneirismo em sistemas especiais e torres de transmissão de energia

Cabo energizado - Desde meados dos anos 1940 já havia literatura sobre o assunto, mas a aplicação só se deu em meados da déca-da de 1980. No entanto, somente por volta de 1990 o cabo para-raio energizado chegou ao Brasil, com a ajuda do engenheiro elétrico Ary D´ajuz, ex-empregado da Eletrobras Ele-tronorte e atualmente no Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS. Ele foi um dos co-ordenadores do grupo responsável por imple-mentar essa tecnologia no País, com a cria-ção da Comissão do Projeto da Transmissão da Amazônia.

Segundo Ary D´Ajuz, “os cabos para-raios energizados são os sistemas de transmissão e distribuição compartilhando a mesma infraes-trutura, e aproveitando, assim, as mesmas tor-res e demais equipamentos. Eles funcionam da seguinte maneira: os cabos mais elevados das torres têm a função principal de blindar os con-dutores principais de uma linha de transmissão quando de uma descarga atmosférica direta. A partir de uma subestação, energizam-se os

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dois cabos para-raios, conectando-se a terceira fase a terra por meio de uma impedância para o balanceamento das três fases e, próximo às comunidades, por uma ligação adequada dos transformadores, energizam-se as subestações de distribuição para a alimentação da rede elé-trica dessas comunidades”.

A primeira cidade a adotar esse sistema foi Jaru, em Rondônia, no trecho entre Ariquemes e Ji-Paraná, em 1995. Na época, Jaru tinha apenas quatro MVA de demanda máxima e foi suprida por um cabo para-raio energizado a partir de Ariquemes. Como o sistema poderia suprir no máximo 6,2 MVA e a carga da cidade cresceu rapidamente, no ano 2000 foi implan-tada uma subestação convencional e o cabo para-raios foi desativado. Ressalta-se que os cabos para-raios de Jaru postergaram o investi-mento da Eletrobras Eletronorte naquela subes-tação por cinco anos, o que se traduziu numa economia de alguns milhões de reais, devido ao custo financeiro do adiamento de um empreen-dimento de maior porte e o retorno financeiro bem mais rápido.

Vale ressaltar que, em 1997, essa tecno-logia foi implementada em Itapuã do Oeste, Rondônia, comunidade próxima à Usina Hi-

des áreas verdes e transporta muito mais ener-gia por circuito por metro quadrado. Em vez de construir cinco linhas convencionais, podem-se construir quatro linhas com torres raquetes”.

As técnicas de compactação de um único mastro de estruturas estaiadas tornaram possí-vel implementar linhas aéreas com uma capa-cidade de transmissão de 20% e 25% menos dispendiosa do que os valores correspondentes obtidos com os projetos convencionais.

Para vencer o desafio, a Eletrobras Eletro-norte tem ao longo dos anos melhorado e im-plementado novas torres para linhas de trans-missão. Além disso, está desenvolvendo novas tecnologias que serão capazes de transmitir mais potência, mais energia, com o menor cus-to por circuito e melhorando a vida dos con-sumidores brasileiros. Como se vê, não é tão simples quanto o clique que acende a luz, mas é lá aonde chega a nossa tecnologia.

Colaborou Higor Sousa Silva

drelétrica Samuel, com aproximadamente 25 mil habitantes e operou até recentemente. A demanda máxima de Itapuã do Oeste em 1997 era de 1,2 MVA e atualmente chega pró-ximo a 4 MVA.

Ary D’Ajuz (abaixo), explica que essa tec-nologia trouxe economia e luz para algumas comunidades brasileiras. “O grande atrativo para essa tecnologia é o cus-to da sua implantação. Na época do empreendimento, mostrou ser bastante atraente para uma linha de transmis-são em 230 kV compartilhada com um sistema para-raios de 34,5 kV. O custo médio foi cer-ca de US$ 4 mil por quilôme-tro. Destaca-se que uma linha de distribuição convencional, nessa mesma época, na mes-ma região e com capacidade de transmissão similar, custava na faixa de US$ 20 mil a US$ 25 mil por quilômetro. Outro ponto de desta-que é que o desempenho igual ou superior a uma linha convencional de 34,5 kV na mesma região, além de o custo da manutenção ser o mesmo”, comenta.

Torres raquetes - Cerca de 50% do potencial hidrelétrico disponível no Brasil estão situados na Amazônia, a uma distância de milhares de quilômetros dos grandes centros de consu-mo. Para aproveitar ao máximo a transmissão em longas distâncias, a Eletrobras Eletronorte criou, em 1984, as chamadas torres raquetes, o que, na época, resultou numa economia de U$$ 300 milhões, propiciando grandes interco-nexões do sistema elétrico brasileiro com extra-ordinário ganho energético.

Nas torres tradicionais, há três fases elétri-cas separadas por estruturas de posição plana e de grande afastamento. Nas torres raquetes, as fases têm a configuração delta, em forma de triângulo, são muito mais próximas e mais com-pactas. Essa compactação, associada a outros fatores e equipamentos técnicos, aumenta em mais de 25% a capacidade de transpor-te elétrico do circuito. O conceito aplica-se em

linhas de 500 kV em longas distâncias, como previsto no sistema de expansão da Ele-trobras Eletronorte.

José Henrique Machado Fernandes (ao lado), assessor de Coordenação de Implanta-ção de Empreendimentos da Eletrobras Eletronorte, um dos coordenadores da equipe que idealizou o projeto, explica que “essa energia não poderia ser

usada na Região Norte, mas deveria ser expor-tada, ou seja, nós tínhamos uma grande capa-cidade de geração de energia em um determi-nado local, mas com pouca infraestrutura. As futuras usinas sempre serão localizadas muito longe dos centros de consumo, como Madeira, Belo Monte, entre outros. Devido a essa neces-sidade, a energia elétrica deveria ser distribuí-da na Região Norte, e também levada para as regiões Sul e Sudeste, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília” explica.

A Eletrobras Eletronorte foi pioneira no con-ceito de compactação e pelas grandes econo-mias que tal tecnologia proporcionou, não só para o Brasil, mas para o mundo. As novas tor-res foram fabricadas a partir de uma tecnologia genuinamente brasileira. O espaçamento médio das torres é de 450 metros e elas devem ser su-ficientemente altas, para que fiquem longe do chão, a uma altura de 38 metros, suportando 20% a mais do que as torres convencionais.

Segundo José Henrique, “além de ocupar menos espaço, menos faixa de passagem, a nova tecnologia evitou desmatamento de gran-

Derivação do cabo

para-raios da rede de alta tensão para a de baixa

tensãoA Eletrobras Eletronorte tem ao todo 8.489 estruturas tipo raquete em 3.702 km de linhas de transmissão

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“Para quem não me conhece, sou Joaquim Neto de Rezende Junior, enge-nheiro eletricista, natural da cidade de Araguari (MG). Em 1989, graduei-me em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia. Ingressei na Eletro-bras Eletronorte em 1989, como engenheiro de operação, trabalhando por seis anos no Centro de Operação de Sistemas, na Sede, em Brasília, nas áreas de pré e pós operação. Em 1995 comecei a trabalhar na Divisão de Estudos Elé-tricos e Proteção e iniciei um mestrado, em 1996, na Universidade de Brasília, tendo como produto final a dissertação “Ações Corretivas de Controle de Tensão no Sistema Mato Grosso Baseadas em Estudo de Estabilidade de Tensão”. Em meados de 1998 foi criada a Divisão de Estudos de Automação e Proteção, área na qual trabalho até hoje. Durante esses quase 22 dois anos de Empresa tive a oportunidade de trabalhar em diversos projetos de proteção na área de transmis-são. Nos últimos dois anos estou trabalhando, também, no projeto do chamado linhão do Madeira, na parte que se refere à proteção e controle da transmissão em corrente contínua (ver matéria na página 26). Nesse projeto, a nossa equipe técnica é responsável pela engenharia do proprietário, sendo responsável pelo acompanhamento e aprovação do projeto executivo,verificação do hardware pon-to a ponto e simulação da transmissão de potência. Esses e demais testes estão sendo efetuados no RTDS – Real Time Digital Simulator, relativo ao Sistema de Controle e Proteção das Estações Conversoras. É um grande desafio, porque é o primeiro projeto em HVDC que a Empresa tem participação e é a maior linha em corrente contínua do mundo.

Em projetos desafiadores como esse, como a segunda etapa de Tucuruí, a modernização da primeira etapa, a interligação do Acre e Rondônia ao SIN, por exemplo, não podemos mensurar em dias e sim meses e anos. Para o linhão do Madeira, iniciei os trabalhos em março de 2010, na cidade de Ludvika, na Suécia. É das viagens que fizemos à Suécia que falo neste diário. Acompanhe-me.”

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Março de 2010

O projeto tem a particularidade de ser em corrente contínua, área em que até então nunca havia tra-balhado. A parte que a Eletrobras Eletronorte está acompanhando no projeto executivo é referente ao bipolo 1, com uma capacidade de transmissão de 3.150 MW. No que se refere a números de painéis do sistema de controle e proteção para as subestações coletoras Por-to Velho e Araraquara 2, perfazem um total de aproximadamente 114 painéis de controle.

No dia 1º de março de 2010 ini-ciamos nossa viagem para Estocol-mo, saindo de Brasília com escalas em São Paulo e Frankfurt. Chega-mos a Estocolmo às 22h do dia 2 de março. Ao sair do aeroporto rumo ao hotel nas proximidades, já foi possível ver o que nos aguarda-va em Ludvika, que se localiza mais ao norte e muito mais fria.

Na primeira quinzena foram-nos apresentados os primeiros relatórios referentes ao projeto executivo do sistema de supervi-são, proteção e controle para que pudessem ser comentados em atendimento ao edital e procedi-mento de rede (ONS). O dia a dia em Ludvika era flat (backgarden) - fábrica - flat, não tendo muito o que se fazer numa cidade de 15 mil habitantes e num período de inverno, com a temperatura va-riando entre 27 e 20 graus nega-tivos!

Na segunda quinzena de mar-ço, foi possível fazer o primeiro con-tato com o software utilizado pela ABB, empresa responsável por todo o projeto de comando, con-trole e proteção, parametrização das funções de proteção, registro de eventos e oscilografia, sendo a mais importante ferramenta de trabalho para as equipes de proje-to, estudos e manutenção.

Diário de Joaquim Neto de Rezende Junior

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Setembro de 2010

Em setembro, tiveram início os primeiros testes no sistema de supervisão, bem como dos painéis do bipolo 1, com a partici-pação da equipe da Eletrobras Eletronorte, composta por enge-nheiros das unidades regionais do Acre, Rondônia e Sede. Nessa fase, foram testadas todas as interfaces com o campo, entradas e saídas binárias, canais analógicos, ativação das estações de trabalho etc. Vale ressaltar que, nessa época, a temperatura já estava ótima em torno de 20 graus positivos. Uma maneira que encontramos de passar o tempo foi realizando encontros movi-dos a feijoada e pão de queijo.

Agosto de 2010

Na segunda quinzena de agosto nos foi apresentado o projeto já contemplando um maior número de funções a serem utilizadas, bem como o layout da distribui-ção dos painéis, da sala de controle, da casa de válvulas etc. Houve uma partici-pação dos técnicos da Empresa, com sugestões de melhorias no layout apresen-tado. Nesse período, também foram analisadas a filosofia de implementação das lógicas de controle, a proteção e o paralelismo dos bipolo 1 e 2.

Abril de 2010

No mês de abril, além da análise dos relatórios do pro-jeto executivo, ocorreram diversas reuniões por video-conferência com a equipe da Themag/ETE, empresa res-ponsável por conduzir o proje-to no Brasil. Houve, também, a formação, por parte da Di-retoria de Produção e Comer-cialização, de um grupo de engenheiros de manutenção, responsáveis por compor o quadro de Porto Velho e Ara-raquara, que iniciaria os pri-meiros ensaios dos painéis de comando, controle e proteção do HVDC em maio.

Outubro de 2010

Na primeira quinzena de outubro, participamos dos en-saios com a equipe de manu-tenção das regionais, com o objetivo de familiarizarmo-nos com o hardware, a disposição de painéis, as estações de trabalho e o acompanhamen-to de ensaios. Foi o primeiro contato com o sistema já ope-racional em nível de supervi-são e acompanhamento do desenvolvimento e testes das lógicas de controle e proteção por parte da ABB.

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Janeiro e fevereiro de 2011

Na segunda quinzena de janeiro de 2011, foram analisados os ajustes a se-rem implantados no circuito em corrente contínua, ou seja, proteção dos conver-sores, polos e bipolos. Em seguida, iniciaram-se os primeiros testes da fase 1B, (sem registro de oscilografia), dessas proteções, em malha fechada. Para tanto foi necessária a utilização do simulador em tempo real, no qual está modelado todo o sistema elétrico, repre-sentado por meio de um equi-valente. Nesses dois meses, basicamente foram realiza-das as correções necessárias na modelagem do sistema e iniciados os primeiros en-saios nas proteções, sendo necessária a modificação de lógicas de proteção e controle e desenvolvimento de novas lógicas em função dos testes iniciais. E, novamente, um inverno rigoroso, com noites muito longas, pois o sol dava sua graça apenas no período de 9h30 às 15h30.

Março 2011

A nossa quarta participa-ção no projeto executivo ini-ciou-se em 28 de março de 2011, com os testes da fase 1B e 2B (sem e com registro oscilográfico) das proteções do conversor, bem como as correções necessárias na modelagem do sistema para que se pudesse dar conti-nuidade aos ensaios e à im-plantação dos ajustes iniciais. Nesse período foi necessária a utilização de caixa de teste ‘Omicron’, para testar as pro-teções do transformador. Em função desses ensaios, foram necessárias alterações de ló-gicas de algumas funções de proteção para atender à filo-sofia adotada pela ABB. Pudemos observar durante todas as fases de desenvolvimento do pro-jeto, que ele é muito dinâmico e sujeito a várias alterações durante todo o processo, e cabe aos técnicos da Eletrobras Eletronorte aproveitar ao máximo a possibilidade de poder acompanhar as fases de desenvolvimento e, com isso, adquirir parte do conhecimento necessário de um projeto em corrente contínua.

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o “Recebemos e agradecemos os exemplares da revista corrente contí-nua, da Eletrobras Eletronorte”.

Universidade Federal Rural do Semiárido - Mossoró - RN

“Prezada equipe, mais uma vez parabéns por este excelente veículo de co-municação chamado corrente contínua. Obrigado por terem escolhido o nosso glorioso São José de Ribamar como capa da edição 237, março/abril 2011, ficou dez, o Santo é forte. Só uma correção: o nome é São José de Ribamar e não São José do Ribamar, mas pela capa creio que São José de Ribamar irá perdoar-lhes. Obrigado também pela máquina e pela lamparina da nossa colega Maria de Nazaré Paixão Ma-chado ter dado uma ‘luz’, inspiração para a Fotolegenda”.

Arthur Quirino da Silva Neto - Regional de Transmissão do Maranhão - São Luís – MAN.R.: Que São José de Ribamar nos perdoe e os leitores também.

“Estamos sentindo falta das receitas nas revistas, o que houve? Acabaram as receitas do li-vro? É sério, as receitas que vinham nas revistas eram excelentes, por que não as vejo mais?”.

Raquel Brito Gonçalves Barros - Superintendência de Engenharia de Operação de Sistema - Brasília - DFN.R.: Prezada Raquel, vamos reabrir nosso velho livro de receitas. Aguarde.

“Prezada Isabel, parabéns pela belíssima reportagem da edição 237 - março/abril da revista corrente contínua, sobre a gestão da eficiência energética nos municípios. Ao ler a reportagem, muito bem escrita por César Fechine, envaideci-me por perceber o ‘recado’ dado aos gestores municipais que, com muito pouco se consegue ajudar uma população. Isso é possível com a re-versão dos custos com desperdício de energia ou com má gestão de contratos de energia com as concessionárias distribuidoras. Com certeza, todos agradecemos as ações ao combate de desper-dício de energia: o meio ambiente, com a postergação das construções de linhas de transmissão e geração, e a população por ter a oportunidade de ver melhorar as condições de saúde e educação com os recursos advindos das reduções dos custos nas prefeituras com a implantação da Gestão Energética Municipal – GEM”.

Neusa Maria Lobato Rodrigues - Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética - Brasília - DF

“Alexandre, ficou ótima a edição da coluna Amazônia e Nós. Vocês conseguiram fazer um bom aproveitamento das fotos. Parabéns pelo trabalho e sempre que precisarem podem contar com a Assessoria de Comunicação da Regional de Transmissão do Tocantins”.

Vania Machado Lima Almeida - Coordenação Regional de Representação no Estado do Tocantins - Palmas - TO

“Parabéns. A revista está fantástica e cada vez mais interes-sante”.

Helio Cesar Monti - Gerência de Obras de Mato Grosso - Cuiabá - MT

“A Fundação Casa de Cultura de Marabá agradece e acusa recebimento da publica-ção Corrente Contínua, a revista da Ele-trobras Eletronorte, edição 235”.

Noé Von Atzingen - Marabá - PA

Maio de 2011

Todo esse trabalho tem-me obrigado a passar longo tempo fora do Brasil. Foram quatro viagens totalizando quase sete meses. Tenho estado muito tempo longe da família e por mais que nos falemos pelo ‘skype’, sente-se muita saudade, nada pode compensar o convívio diário. Aproveitamos a oportunidade para conhecer a Suécia. Nos finais de semana fazemos viagens ao redor, aprimoramos o inglês, pois falar em sueco, nem em pensamento. Também é uma oportunidade de co-nhecermos novos costumes e pessoas. Percebemos que o mundo está realmente globalizado, já que nesse projeto há a participação de pessoas de várias naciona-lidades, uma vez que além de brasileiros e suecos, há indianos, iranianos, portu-gueses e ingleses. Não sentimos falta apenas da família e dos amigos, mas tam-bém de pequenas coisas como da comida, da MPB, do futebol no fim de semana. Sempre que podemos nos reunimos para confraternizar e improvisamos feijoada, churrasco e até pão de queijo. Só assim mesmo para amenizar a saudade.

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“Que sinal eu enviaria para o meu pensamento?Qual o tamanho da liberdade do meu sonho?Que ferramenta nivela o contorno do meu conhecimento?Certo é o infinito?O movimento contínuo?A alma posta nas palmas das mãos?Errado é pensar certo...Por distração ou acuidadeNasce o que é melhorAquilo que se tece com inteligênciaGanha corpo nas ideiasO que se constrói pesquisandoVence a altura do desenvolvimentoUm olhar mais apuradoDescobre cócegas no espaçoAvaliaremos o que nos instigaResolveremos como interligarO âmago da percepçãoCom o amálgama da razãoQue venha o próximo sonho!É só nisso que penso”

Texto: Alexandre AcciolyFoto: Rony Ramos

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o “Senhor Josias Matos de Araujo, cumprimentando-o cordialmente, dirijo-me a Vossa Senhoria para agradecer a gentileza de disponibilizar um exemplar da revista corrente contínua, enviado ao meu gabinete em decorrência de minha posse como senador pelo Estado do Amazonas, em fevereiro do corrente ano. Oportunamente apresento meus votos de estima e consideração”.

Senador Eduardo Braga - PMBD-AM - Brasília - DF

“Prezada Érica, excelente a matéria sobre o atraso na entrega das linhas de trans-missão da revista corrente contínua, edição 237. A visão de diferentes instituições sobre o assunto permite compreender melhor o problema e auxilia na busca de soluções. Parabéns!”

newton Jordão zerbini - Gerência de Estudos e Projetos Ambientais de Transmissão - Brasília - DF

“Agradecemos o envio da revista da Eletrobras Eletronorte, corrente contínua, edição 235, de 2010, e 236, de 2011”.

Biblioteca central zila mamede - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Natal - RN

“Prezada Érica, a matéria sobre o atraso na entrega das linhas de transmissão publicada na edição 237da revista corrente contínua ficou muito boa. A despeito da complexidade e da abrangência do tema, você foi muito feliz nas entrevistas e no desenvolvimento do texto, que ficou bastante claro e objetivo. Parabéns!”.

José henrique machado fernandes - Assessoria de Coordenação e Implantação de Empreendimentos - Brasília - DF

“Recebemos e agradecemos o envio da revista corrente contínua 237”.Josemara Brito - Biblioteca Central da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - Cruz das Almas - BA

“Recebemos como doação da Coordenação do Mestrado em Geografia de nossa insti-tuição um exemplar do periódico Corrente Contínua, Ano XXXIII, nº 236, jan./fev. 2011. Gostaríamos de verificar a possibilidade de realização de permuta ou doação contí-nua deste periódico, bem como das demais publicações de sua instituição, pois eles serão de grande importância para o enriquecimento do acervo bibliográ-fico de nossa Universidade. Agradecemos antecipadamente pela atenção dispensada e aguardamos retorno”.

Adriana de Mello - Seção de Intercâmbio da Biblioteca da Univer-sidade Estadual do Oeste do Paraná - Francisco Beltrão - PR

“Meu nome é Hermano, sou portador de deficiência física e simples cidadão. Gostaria que os senhores me cadastras-sem para receber a revista corrente contínua, da Eletro-norte. Tive o conhecimento da revista através de um senador da República. Eu já fui cadastrado nesta conceituada entidade do governo. Por favor, esperando merecer a sua generosa com-preensão despeço-me com um gran-de abraço de solidariedade”.

Hermano Lopes Volpi Si-mões –-Ibitinga - SP

* Na foto, o engenheiro eletricista José Maria Tavares Teixeira Junior, do processo de ensaios elétricos com alta tensão, da Divisão de Tecnologia de Ensaios do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, realizando uma inspeção com detetor ultrasônico em buchas de transformadores de 500 kV, por ocasião de um ensaio elétrico com alta tensão aplicada de 650 kV à freqüência industrial (60 Hz) no tempo de um minuto.

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