A revolta da Maria da Fonte

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O desenrolar dos acontecimentos e as consequências do movimento (continuação) A revolta da Maria da Fonte 1 2012 / 02 / 01

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A revolta da Maria da Fonte . O desenrolar dos acontecimentos e as consequências do movimento (continuação). Uma revolução diferente …. 2. - PowerPoint PPT Presentation

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O desenrolar dos acontecimentos e as consequências do movimento (continuação)

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Uma revolução diferente …

Esta é …”uma revolução diferente das outras (…)

feita por gente de saco ao ombro e de foice

roçadora nas mãos, para destruir fazendas,

assassinar, incendiar a propriedade, lançar fogo

aos cartórios, reduzindo a cinzas os arquivos. (…)

Onde já se viu revolução com este carácter?” António Bernardo da Costa Cabral – Discurso na Câmara dos Deputados – 20 de Abril de 1846

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Questões a responder

A Maria da Fonte integrar-se-á na tipologia das revoluções

europeias de 1848 ou terá um carácter diferenciado e uma

problemática distinta?O modo como se distribuíram os encargos fiscais

cabralistas terá condicionado o tipo de população e as

zonas onde deflagrou a Maria da Fonte?

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A Igreja de Fonte Arcada

Protesto contra as “Leis da Saúde”

Enterro de

Custódia Teresa – 22 de

Março de 1846

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Área se distribuição dos motins da Maria

da Fonte(Março – Maio de 1846)

Região dos motins populares

V.C B

Br

V.R

V

P

A

C. B

G

L

C

St

Lx

P

E

B

S

F

A

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Reflexão sobre a Maria da Fonte – in Portugal Contemporâneo / Oliveira Martins

No Minho, como em todas as regiões de estirpe céltica, a

mulher governa a casa e o marido; (…) ara o campo e

jornadeia com a carrada de milho à frente dos boizinhos

loiros. (…) Quando se casam as moças conhecem o valor do

dote que levam e os casamentos são negócios que elas em

pessoa debatem e combinam. Não é uma esposa, quase

uma serva, que entra em poder do marido, à moda semita,

que se infiltrou nos costumes do sul do Reino: é uma

companheira e associada em que o espírito prático domina.

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A vida cruel ensinou-a: é prática, positiva, dura. Odeia

tudo o que não soa e tine e tem um culto único – o seu

chão. Vai à igreja e venera o senhor abade (…) mas a

sua religião perdeu poesia: ficou apenas um rosário

seco de superstições fundas, tenazmente arraigadas. Ai

de quem lhe bulir ou nos seus interesses ou no seu

culto! Na igreja ou no chãozinho! Ai daquele que para

tanto lhe investir com os filhos, com o marido, que são

os seus operários.

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O Governo atacou as superstições, mandando que os mortos

se não enterrassem nas igrejas. (…) O Governo queria ainda

que a décima rendesse o que devia, mas o povo, que já

esquecera o tempo dos dízimos, via no imposto, lançado por

uma autoridade para ele estranha, desconhecida, a extorsão,

a ladroeira dos homens de Lisboa, o ataque ao seu ídolo

adorado: o chão lavrado de milho ou de linho, a carvalheira

toucada de pâmpanos, com os acres bagos de uma uva

ingrata pendentes em cachos negros.

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E estes homens que tanto exigiam não falavam de Deus, nem

de coisa alguma que os lavradores entendessem. Vinham

sobraçando pastas cheias de papéis, com fraseados

singulares, caras desconhecidas. (…) Estes homens já

tinham vindo pedir-lhes o “boto” e eles, coçando a nuca,

hesitavam; mas as mulheres, práticas, (…) atendendo a que

o caso era sem consequências, tinham levado os campónios

arregimentados, com o papelinho entre os dedos, até à Urna.

Que lhes importava isso? Coisas dos fidalgos! E voltavam ao

seu trabalho. Agora o caso era outro.

Reflexão sobre a Maria da Fonte – in Portugal Contemporâneo / Oliveira Martins (continuação)

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Enterrarem os pobrezinhos dos mortos como cães, num

quintal! Levarem o nosso vinho e o nosso milho, colhidos

com tanto suor; isso não! E em apoio desta rebeldia vinha o

fidalgo, vinha o padre, com sermões e falas doces,

incitando-as a resistir a quem lhes queria tanto mal, tão

duramente os tratava. O administrador era mais cruel que o

capitão-mor, por ser de fora e seco bacharel. O senhor

capitão-mor às vezes fazia cada coisa às raparigas! Mas o

minhoto, naturalista, não é susceptível nos pecados da

carne; fraquezas humanas!

Reflexão sobre a Maria da Fonte – in Portugal Contemporâneo / Oliveira Martins (continuação)

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Uma revolução diferente …

in Suplemento Burlesco de “O Patriota” (jornal setembrista) Agosto de 1847

Morram os

Cabrais;Viva a Rainha