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A REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE HÚNGARA DE 1956

Após a Segunda Guerra Mundial, a Hungria acabou por ser ocupada pelos soviéticos. Depois de um breve e transitório intervalo, quando havia esperanças de um desenvolvimento democrático, o partido comunista, apoiado por Moscovo, afastou os seus adversários da vida pública do país e estabeleceu um regime ditatorial estalinista (1949), assumindo completamente o controlo político.

Na vida económica, isso resultou na nacionalização das empresas, do comércio, dos imóveis e das pequenas fábricas, assim como na introdução da economia centralmente planificada. Entretanto, com o desmantelamento da diversidade da vida cultural, tornou-se quase obrigatório seguir os modelos soviéticos à risca. As diferentes organizações sociais fo- ram proibidas e alargou-se a perseguição às igrejas, a qual se manifestou mais nitidamente nas farsas judiciais aplicadas contra os prelados húngaros. O terror da Polícia Política, chamada ÁVH (Állam Védelmi Hatóság, ou seja, Autoridade de Proteção de Estado), caiu desapiedadamente sobre os verdadeiros ou pressupostos inimigos do regime. Dezenas de milhares de pessoas foram mandadas para campos de trabalho forçado ou campos de internamento.

A vontade de reeducar ideologicamente a sociedade impregnou o quotidiano, o que estimulou o desencadeamento de campanhas de fomento socialista e eventos festivos sobre a construção do socialismo. No contexto da corrida ao arma- mento da Guerra Fria, o padrão de vida decaiu e foram aparecendo dificuldades no abastecimento de bens primários.

Depois da morte de Stalin (1953), o relativo desanuviamento do clima político exerceu uma influência notável até na Hungria, conduzindo à demissão do primeiro-ministro Mátyás Rákosi, que, ao longo dos anos 1950, implementara uma liderança ditatorial rígida. Em seu lugar foi nomeado Imre Nagy para a presidência do conselho de ministros. Nagy

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era um comunista reformista que falava a língua do povo. Ele eliminou os campos de trabalho forçado e os campos de internamento, assim como o sistema de entrega obrigatória dos produtos, o que prejudicava diretamente os camponeses mais abastados. Desta forma, o seu nome acabou por associar-se à memoria de uma vida pública mais livre.

Regressando ao poder, a direção estalinista apoiada por Moscovo, que ainda contava com Mátyás Rákosi como secretá- rio geral do partido e se sentia insatisfeita com as mudanças, depôs o popular primeiro-ministro. Contudo, em torno de Imre Nagy, formou-se uma rede de oposição reformista. Este movimento em prol das reformas foi ganhando influência na vida pública húngara, depois de Khrushchov ter denunciado os crimes cometidos por Stalin, no seu discurso no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética realizado em fevereiro de 1956. O Círculo Petőfi (Petőfi Kör), batizado segundo Sándor Petőfi, poeta-herói da revolução e guerra pela independência húngara em 1848 e 1849, foi um círculo de discussão que debateu assuntos políticos e deu o impulso intelectual para a mudança política na Hungria. Evoluindo de forma rápida, tornou-se o centro mais importante da articulação das opiniões críticas contra o regime.

Em 16 de outubro de 1956, numa cidade universitária no sul da Hungria, Szeged, os estudantes conceberam a primeira organização independente da União de Jovens Comunistas. Logo depois, em 22 de outubro, foi a vez dos estudantes das universidades politécnicas de Budapeste, reunidos até altas horas da noite, redigirem pela primeira vez a reivindicação sobre a retirada das tropas soviéticas.

Também foi marcado um comício para o dia seguinte, 23 de outubro, que foi primeiramente proibido, permitindo-se depois a sua realização com a intenção de aliviar as tensões acumuladas. Porém, ao marchar pela capital, a multidão de cerca de 200 mil pessoas, além das palavras de ordem predeterminadas, foi formulando reivindicações cada vez mais radicais. À noite, os cidadãos de Budapeste, descontentes, derrubaram a estátua de Stalin e cercaram o edifício da Rádio Nacional, pelo facto de os seus dirigentes se terem oposto à transmissão das reivindicações e os membros da Polícia Política (a ÁVH) terem ali aberto fogo contra o povo.

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Nessa mesma noite, tropas blindadas soviéticas apareceram em Budapeste, mas foram confrontadas por vários grupos armados de resistência. A tática de guerrilha destes jovens, os “rapazes de Pest”, como ficaram conhecidos, revelou-se eficaz. Nem os soviéticos nem as formações do Exército Popular da Hungria conseguiam submeter a cidade ao seu domínio.

Alguns dias depois, em 25 de outubro, quando, após constantes conflitos armados, a polícia política abriu fogo contra a multidão manifestante desde os telhados dos edifícios diante do Parlamento, a organização de terror do regime viu contra si definitivamente incitada a fúria do povo. Durante aqueles dias, realizaram-se manifestações semelhantes nas cidades do interior, aumentado assim o clima de guerra. Nos confrontos com as forças da ordem para aí mandadas, foram mortas centenas de pessoas.

Os apelos reiterados do governo para a rendição das armas mostraram-se ineficazes. A direção do partido, reunida in- cessantemente devido aos eventos, decidiu-se pela substituição de alguns funcionários. Em 28 de outubro, Imre Nagy, que já fora renomeado primeiro-ministro a 24 do mesmo mês, deixando-se levar pela pressão de várias organizações, reavaliou os acontecimentos e classificou-os de revolução. Nagy aceitou as reivindicações redigidas nas diferentes fábri- cas, postos de trabalho e universidades. Logo após o ocorrido, abandonou o edifício central do partido e formou um governo nacional no Parlamento.

No dia 30 de outubro, a massa enfurecida e os revolucionários em busca de insurgentes detidos e supostas prisões subterrâneas, sitiaram a sede do partido em Budapeste. Em sequência da tomada do edifício, como consequência das crueldades dos anos da ditatura, ocorreram diversos linchamentos, que foram retratados por fotojornalistas dos países ocidentais. Futuramente, após a repressão da revolução, estas fotos seriam usadas com o intuito de denegrir a revolução.

A partir das comissões revolucionárias e nacionais criadas nos gabinetes, bem como dos conselhos operários estabeleci- dos nas fábricas e das associações públicas reorganizadas, iniciou-se a democratização da vida pública húngara.

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O partido-estado comunista dissolveu-se e começou a formar-se um sistema multipartidário.

Ao mesmo tempo que as tropas da União Soviética atravessavam a fronteira húngara em número cada vez maior, o go- verno de Imre Nagy, confiando no apoio internacional e no papel intermediário da ONU, renunciou ao Pacto de Varsó- via, aliança militar formada pelos países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, e declarou a independência da Hungria. Começaram as negociações sobre a retirada das tropas soviéticas do país, o que, por parte dos soviéticos, revelou ser uma mera manobra para ganhar tempo.

No Kremlin, em Moscovo, já no dia 31 de outubro se tinha decidido uma nova intervenção armada. Depois de uma série de consultas com os países do bloco socialista, as unidades do Exército Soviético puseram-se em movimento. Dentro de poucos dias, no âmbito de uma operação de grande envergadura denominada “Turbilhão”, os soviéticos acabaram com a resistência militar húngara e instauraram uma plena ditadura militar.

Imre Nagy e os seus parceiros foram executados em 1958, enquanto nos processos de represália, até 1961, cerca de 22 mil pessoas foram condenadas à prisão. Durante os dias da revolução, 200 mil pessoas, sobretudo jovens, emigraram do país.

A reminiscência da revolução de 1956 contribuiu para a formação da oposição interna ao novo regime, chamado de regime de Kádár, devido ao nome do novo chefe do partido, János Kádár. Essa reminiscência teria futuramente um papel proeminente na transição política da Hungria em 1990. Em 16 de junho de 1989, o reenterro de Imre Nagy e dos seus companheiros tornou-se o momento catártico do processo de transformação democrática.

Texto original/conceito: Dr. Gábor Tabajdi Tradução/interpretação: Zsombor Szabolcs Pál Revisão/correção: Dr. João Henriques

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LÍDERES POLÍTICOS DOS ANOS 1950

Dois líderes determinantes dos anos 1950: Mátyás Rákosi (à direita), secretário-geral

do partido comunista que estabeleceu um regime ditatorial de terror, e Imre Nagy (ao

meio) primeiro-ministro que tentou implementar reformas populares, mas logo foi

deposto do cargo. O ano precedente à revolução foi marcado pelo conflito entre seus

seguidores.

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A REPRESSÃO COMUNISTA DOS ANOS 1950

O instrumento mais efetivo da ditadura comunista era a Polícia Política que impregnava,

controlava e aterrorizava toda a sociedade. Por isso, uma das reivindicações mais importantes

da revolução foi a sua eliminação.

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Durante o regime comunista, remodelou-se toda a economia: as empresas, imobiliários e fábricas estatizaram-se e os camponeses foram obrigados a entregar todos

os produtos que produziam. Ao ponto de a qualidade de vida despencar drasticamente generalizando a pobreza.

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OS ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO DE 1956

Em fevereiro de 1956, o secretário-geral do Partido Comunista soviético Nikita Khrushchov de-

nunciou os crimes cometidos por Stalin com o seu discurso no XX Congresso de Partido Comunis-

ta da União Soviética. Isto teve um grande efeito em todos os países comunistas de Leste Europeu.

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No início de 1956, Hungria já estava em plena efervescência: toda a soci-

edade queria mudanças. Nas reuniões do Circulo Petőfi (Petőfi Kör), jo-

vens comunistas discutiam as vias possíveis para reformar o comunismo.

Os universitários tiveram um papel importante na preparação do ânimo revolucio-

nário: depois de terem criado as suas organizações independentes, redigiram as

reivindicações da revolução e marcaram um comício para 23 de outubro.

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23 DE OUTUBRO, O PRIMEIRO DIA DA REVOLUÇÃO

Em 23 de outubro, cerca de 50 000 pessoas juntaram-se ao comício estudantil. Depois do comício, marcharam pela capital. O número de participantes aumentava

mais e mais, enquanto as suas reivindicações tornavam-se mais radicais.

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Grande parte da massa foi ao Parlamento exigindo a reorganização do governo e a resti-

tuição de Imre Nagy como primeiro-ministro.

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A outra parte dos manifestantes dirigiu-se à estatua de oito metros de Stalin, símbolo do regime opressor e ditatorial, e derrubou-a.

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Finalmente, muitos foram ao edifício da Rádio na tentativa de transmitirem suas reivindi-

cações. Como os encarregados da Rádio se opuseram à transmissão, e as forças de ordem po-

sicionadas ali abriram fogo contra o povo, os manifestantes cercaram o edifício. Dando assim

início à revolução.

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OS DIAS DA REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE – A LUTA ARMADA • OS DIAS DA REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE – A LUTA ARMADA

OS DIAS DA REVOLUÇÃO

E A GUERRA PELA LIBERDADE – A LUTA ARMADA

Já na primeira noite da revolução, apareceram as forças blindadas do Exército Soviético para restituir a paz na capital. Elas foram confrontadas por vários grupos

armados de resistência, os “rapazes de Pest”. Estes, usando táticas de guerrilha, conseguiram triunfar sobre as tropas e alcançar a vitória.

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OS DIAS DA REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE – O PODER E O POVO • OS DIAS DA REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE – O PODER E O POVO

OS DIAS DA REVOLUÇÃO E A GUERRA PELA LIBERDADE – O PODER E O POVO

Enquanto as lutas pela cidade prosseguiam, o governo tentava manipular o povo

contra os revolucionários. Porém, o povo acudia os insurgentes armados, parti-

cularmente depois que a Polícia Política abriu fogo contra a multidão manifes-

tante em frente ao Parlamento.

Em todo o país, as pessoas removiam os símbolos da ditatura e da ocu-

pação soviética, e manifestavam com unanimidade o desejo de se tornar

um povo livre e soberano.

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Por fim, Imre Nagy foi nomeado novamente primeiro-mi-

nistro; em 28 de outubro, ele rendeu-se à revolução e confor-

mou-se às suas reivindicações. Isto significava o triunfo defi-

nitivo dos revolucionários.

Mesmo que a revolução tenha sido bastante moderada e os seus líderes

procurassem legalidade, ocorreram alguns linchamentos. O mais conhe-

cido deles ocorreu depois do cerco à sede do partido comunista em Buda-

peste, quando a massa enfurecida, como se quisesse vingar-se das cruel-

dades dos anos da ditatura, executou alguns membros da Polícia Política.

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A SUPRESSÃO DA REVOLUÇÃO

Ao mesmo tempo, os soviéticos, apoiados por outros países do campo socialista, acabaram decidindo suprimir a revolução húngara. Depois de ações de forças

concentradas na Hungria, em 4 de novembro, acabaram com a revolução e retomaram o poder.

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NA SEQUÊNCIA DA REVOLUÇÃO

Embora o Exército Soviético tivesse suprimido a resistência armada, não conse-

guiu acabar com o espirito revolucionário do país. Já nos últimos dias de outubro

estabeleceram comissões revolucionárias e sindicatos operários. Estes, ao longo

dos meses seguintes, lutaram com meios pacífi pelas reivindicações da revo-

lução e o novo governo, afi al, tomou represálias violentas contra eles.

O primeiro-ministro da revolução, Imre Nagy, foi levado a tribunal. Como não

se mostrou disposto a recusar a revolução e denegar o que tinha feito como

primerio-ministro, foi condenado à morte na forca em 1958.

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Nos processos de represália cerca de 22 mil pessoas foram condenadas à prisão e mais de 200 foram

executadas. Durante e depois da revolução, cerca de 200 mil pessoas, sobretudo jovens, emigraram

do país.

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A TRANSIÇÃO POLÍTICA DE 1990

A reminiscência da revolução de 1956 contribuiu à formação de uma oposição interna ao novo regi-

me. Essa teve um papel proeminente na transição política da Hungria em 1990. Em 16 de junho de

1989 houve uma cerimônia de reenterro de Imre Nagy e dos seus companheiros, esse foi o momento

catártico definitivo do processo da transformação democrática

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Seleção das fotos/conceito: Dr.a Réka Sárközi

Texto: Dr. Gábor Tabajdi, Zsombor Szabolcs Pál

Composição do folheto: Zsombor Szabolcs Pál

Revisão/correção: Priscilla Lopes d’ El Rei

Agradecemos ao Instituto de 1956 e ao Museu Nacional Húngaro a gentileza de nos cederem as seguintes fotos: 1, 3c, 4f,

4g, 5a, 5c, 6b, 6c, 6d, 7a, 8c e 2a, 2b, 2c, 3a, 5b, 5d, 6a respetivamente

Agradecemos ao MTVA as fotos 3b, 4a, 4c, 4d, 4e, 6a, 6c, 7b, 8a, 8b.

A foto nr.o 9 na página 14 é obra de László Lugosi Lugo, agradecemos a gentileza de no-la oferecer.

A edição desta publicação foi apoiada pelo Ministério dos Recursos Humanos e pelo Centro Científico Brasileiro da ELTE

Felelős kiadó: az ELTE Bölcsészettudományi Kar dékánja.

ISBN 978-963-284-802-0

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