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A SALA DE AULA INVERTIDA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA COM O USO DO GOOGLE SALA DE AULA Flipped Learning: Pedagogical Possibilities in Teaching Spanish Using Google Classroom Saulo Fernando Bernardo Resumo Este artigo apresenta um relato de experiência sobre a utilização da metodologia ativa de sala de aula invertida com o uso aplicativo Google Sala de Aula no ensino de língua espanhola. O objetivo do trabalho é apresentar as estratégias pedagógicas com o uso da ferramenta Google Sala de Aula para o ensino da língua estrangeira e suas possibilidades para a construção da aprendizagem enquanto recurso tecnológico pedagógico. A pesquisa é de natureza aplicada e apresenta abordagem qualitativa, pois teve como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática do uso de sala de aula invertida através dos aplicativos dos componentes do Google for Education, em especial o Google Sala de Aula. Os resultados indicam a eficácia do uso da ferramenta do Google Sala de Aula no processo de aplicação da sala de aula invertida como recurso metodológico no processo de ensino-aprendizagem do idioma espanhol, além de auxiliar no desenvolvimento de habilidades de comunicação, colaboração, pensamento crítico e criatividade, potencializando o uso de novas metodologias ativas através do uso de tecnologias em ambiente híbrido. Palavras-chave: Ensino de língua estrangeira. Google sala de aula. Língua espanhola. Sala de aula invertida. Abstract This article presents an experience report about the use of the active classroom inverted methodology with the use of Google Classroom application in the teaching of Spanish language. The objective of this work is to present pedagogical strategies with the use of the Google Classroom tool for the teaching of the foreign language and its possibilities for the construction of learning as a pedagogical technological resource. The research is of an applied nature and presents a qualitative approach, since it aimed to generate knowledge for practical application of the use of inverted classroom through the applications of components of Google for Education, in particular Google Classroom. The results indicate the effectiveness of the use of the Google Classroom tool in the process of applying the inverted classroom as a methodological resource in the teaching-learning process of the Spanish language, as well as assisting in the development of communication skills, collaboration, critical thinking and creativity, enhancing the use of new active methodologies through the use of technologies in a hybrid environment. Keywords: Flipped Learning, Foreign Language Teaching,Google Classroom, Spanish Language. Introdução

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A SALA DE AULA INVERTIDA: POSSIBILIDADES

PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA

COM O USO DO GOOGLE SALA DE AULA

Flipped Learning: Pedagogical Possibilities in Teaching Spanish Using Google Classroom

Saulo Fernando Bernardo

Resumo Este artigo apresenta um relato de experiência sobre a utilização da metodologia ativa de sala de aula invertida com o uso aplicativo Google Sala de Aula no ensino de língua espanhola. O objetivo do trabalho é apresentar as estratégias pedagógicas com o uso da ferramenta Google Sala de Aula para o ensino da língua estrangeira e suas possibilidades para a construção da aprendizagem enquanto recurso tecnológico pedagógico. A pesquisa é de natureza aplicada e apresenta abordagem qualitativa, pois teve como objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática do uso de sala de aula invertida através dos aplicativos dos componentes do Google for Education, em especial o Google Sala de Aula. Os resultados indicam a eficácia do uso da ferramenta do Google Sala de Aula no processo de aplicação da sala de aula invertida como recurso metodológico no processo de ensino-aprendizagem do idioma espanhol, além de auxiliar no desenvolvimento de habilidades de comunicação, colaboração, pensamento crítico e criatividade, potencializando o uso de novas metodologias ativas através do uso de tecnologias em ambiente híbrido. Palavras-chave: Ensino de língua estrangeira. Google sala de aula. Língua espanhola. Sala de aula invertida. Abstract This article presents an experience report about the use of the active classroom inverted methodology with the use of Google Classroom application in the teaching of Spanish language. The objective of this work is to present pedagogical strategies with the use of the Google Classroom tool for the teaching of the foreign language and its possibilities for the construction of learning as a pedagogical technological resource. The research is of an applied nature and presents a qualitative approach, since it aimed to generate knowledge for practical application of the use of inverted classroom through the applications of components of Google for Education, in particular Google Classroom. The results indicate the effectiveness of the use of the Google Classroom tool in the process of applying the inverted classroom as a methodological resource in the teaching-learning process of the Spanish language, as well as assisting in the development of communication skills, collaboration, critical thinking and creativity, enhancing the use of new active methodologies through the use of technologies in a hybrid environment. Keywords: Flipped Learning, Foreign Language Teaching,Google Classroom, Spanish Language. Introdução

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As metodologias de ensinos tradicionais nem sempre acompanham as inovações tecnológicas. O uso de novas tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDIC) está presente em nosso dia a dia através de telefonia móvel, redes sociais, plataformas, currículos, softwares e metodologias de ensino que nascem com o objetivo de construir modelos mais colaborativos, personalizados e alinhados com as competências e habilidades para um mundo mais complexo, onde as interações são constantes e a aprendizagem se apresenta de modo não linear dentro de ações colaborativas.

Conforme menciona Bacich e Moran (2018), a expansão do uso de tecnologias digitais da informação e da comunicação ganhou com a introdução da internet WIFI, uma dissolução de fronteiras entre espaço virtual e espaço físico, criando deste modo um espaço híbrido. Assim, o uso combinado de ferramentas online e o ensino presencial passa a ser uma contínua ação a fim de promover o trabalho colaborativo, bem como otimiza o uso do tempo em sala de aula para ampliar a dimensão do estudo.

Quando parte das atividades se realizam totalmente de forma não presencial e a outra parte se realiza em sala de aula, caracteriza o que se denomina de ensino híbrido ou blended learning. Esta categoria de ensino híbrido aborda, de modo intercambiável, com outra metodologia ativa de aprendizagem, a sala de aula invertida, ou, flipped learning. De acordo com os precursores desta metodologia, Bergmann e Sams (2018), nos esclarece que, previamente se acessa o conteúdo teórico e expositivo fora da sala de aula através de tablets, smartphones ou computadores, deixando que o debate e a ampliação de tópicos mais avançados, com atividades individuais ou em grupos, fazendo uso de metodologias baseadas em projetos de aprendizagem, sejam desenvolvidos e aperfeiçoados na sala de aula, de forma colaborativa na tentativa de solucionar problemas.

Para que essa contínua ação aconteça, é necessário organizar a comunicação entre estes dois universos, o presencial e o virtual. Para isso, faltava uma aplicação onde os professores pudessem criar tarefas, enviar avisos e iniciar debates simultâneos com o grupo. Um espaço virtual onde professores e alunos pudessem compartilhar recursos e interagir em um ambiente comum. Um ambiente onde os professores também pudessem ver rapidamente as conclusões de trabalhos, dar feedbacks em tempo real ou remoto, atribuir conceitos e notas, e que ao mesmo tempo, os alunos pudessem ver as tarefas em um mural e na agenda do grupo, bem como realizar as mesmas atividades através de um dispositivo móvel, de fácil acesso e seguro, sem custos aos usuários finais, alunos e professores.

Visto que um dos pontos fundamentais da aplicabilidade da sala de aula invertida é o planejamento das atividades a serem realizadas tanto na sala de aula virtual como na sala presencial é preciso rever pontos como flexibilidade, incluindo conceitos como espaços, acompanhamento individualizado e diversidade das atividades. Tudo isso com a finalidade de que os alunos possam acessar o modelo de sala de aula invertida da forma mais claro e natural possível, fazendo com que o aluno não sinta a dicotomia do ambiente virtual e do ambiente presencial, pois a sala de aula invertida, dentro do conceito híbrida, compõe um elemento único de aprendizagem.

Partindo destas necessidades de gestão de sala de aula é que me coloquei para averiguar a aplicabilidade do Google Sala de Aula no uso da metodologia ativa de sala de aula invertida. Este aplicativo do Google For Education traz recursos pedagógicos requeridos para uma escola presencial com a mesma proposta de um ambiente virtual, acomodando diversas ferramentas, visto que o Google Sala de Aula funciona com diversas outras soluções como o Google Documentos, Google Agenda, Gmail, Google Drive e Formulários Google. Além disso, interage com outros aplicativos Google, como o Youtube, Hangouts, Google Keep, entre tantos outros.

A pesquisa se fez presente por meio de uso prático de sala de aula, sendo imprescindível para comprovar o uso e os benefícios do aplicativo Google Sala de Aula como ferramenta auxiliar no uso de sala de aula invertida no curso de língua espanhola, a participação ativa dos alunos. Além do mais, serviu para averiguar o uso desta nova tecnologia de forma híbrida, mesclando-a com atividades presenciais fazendo-se uso de metodologias ditas como tradicionais, pois bem nos lembra Freire “a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido apenas porque é novo, bem como o critério de rejeitar o que é velho pelo fator

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cronológico. O velho que preserva sua validez ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo.” (Freire, 2009, pg.17).

Averiguar o uso e os benefícios de novas tecnologias para a educação através das metodologias ativas, de modelos mais flexíveis, híbridos, pode trazer contribuições importantes para o desenvolvimento de soluções atuais aos perfis dos alunos de hoje. Ajuda a construir modelos mais colaborativos, personalizados e alinhados com as competências e habilidades para um mundo cada vez mais complexo.

Referencial teórico Metodologias ativas O ensino baseada em metodologias ativas é um ensino centrado no aluno, em suas competências próprias na construção do saber da disciplina. Estas metodologias concebem a aprendizagem como um processo construtivo e não receptivo. Os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, faziam sentido quando o acesso à informação era difícil. Com a internet e a divulgação aberta de muitos cursos e materiais, podemos aprender em qualquer lugar, a qualquer hora e com pessoas distintas. Almeida (2010) esclarece que isso é complexo, necessário e algo assustador, porque não temos modelos prévios de sucessos para aprender de forma flexível em uma sociedade altamente conectada.

Para que haja uma maior interação entre a prática pedagógica do ensino da língua espanhola em um ambiente significativo e ao mesmo tempo se produza a construção do conhecimento dentro e fora da sala de aula, é fundamental que se faça uso de metodologias ativas para colocar o aluno no centro do processo da aprendizagem. Segundo Moran (2017, pg.9):

Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos alunos na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível. As metodologias ativas em um mundo conectado e digital se expressam através de modelos de ensino híbridas, com muitas possíveis combinações. A união de metodologias ativas com modelos flexíveis, híbridos traz contribuições importantes para o desenho de soluções atuais aos perfis de aprendizes de hoje.

E dentro dessa interação global, a língua espanhola ocupa no mundo de hoje uma

importância que, quem decidir ignorá-la poderá correr o risco de perder muitas oportunidades de cunho comercial, econômico, cultural, acadêmico ou pessoal. E visto que o idioma espanhol é a língua oficial de 21 países, como Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, República Dominicana, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Guiné Equatorial, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela, se faz necessário que se leve em consideração o uso da língua espanhola e suas variedades linguísticas. Neste cenário, o ensino da língua espanhola como língua estrangeira no nosso país cresce em função do aumento das trocas econômicas entre as nações que integram o mercado internacional. Foi preciso criar novas estratégias de fomentar o acesso do idioma espanhol, fazendo-se uso de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem em distintas plataformas e acesso desse idioma.

Stein (2011) menciona que o estímulo às produções em ambientes e linguagens virtuais em plataformas interativas desenvolve nos participantes uma linguagem mais colaborativa, refletindo o mundo vivencial. Portanto, a partir dos estímulos dos professores, através de exercícios online, debates com o aplicativo Hangouts, vídeos do Youtube, pesquisa sobre a língua e cultura espanhola, videoconferências com ex-alunos que vivem em países de fala hispânica, pudendo vivenciar o uso da linguagem em diversos ambientes, autênticos e significativos.

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São muitos os métodos associados às metodologias ativas com potencial de levar os alunos à aprendizagem por meio da experiência impulsora da aprendizagem, do protagonismo e da autonomia. Neste sentido, ao tratar de problematização, aula compartilhada, aprendizagem por projetos, design thinking, gamificação, ensino híbrido e sala de aula invertida, associamos os diferentes métodos e metodologias relacionados à construção do conhecimento de forma misturada, blended, híbrida.

Na prática pedagógica adotada neste trabalho, daremos ênfase ao uso intercambiável de ensino híbrido, com a metodologia de sala de aula invertida. Como afirmam Bergmann e Sams (2018), todos estes modelos apresentam atributos semelhantes e provavelmente seriam intercambiáveis, visto que um método não necessariamente exclui o outro. As diversas metodologias ativas acrescentam saberes para a construção do conhecimento, valorizando a participação dos alunos no desenvolvimento de competências, respeitando os distintos estilos, tempo e ritmo de cada aluno.

Estes princípios educativos comuns às metodologias ativas de ensino levam a apresentar uma série de componente nos quais o aluno enfrenta problemas que deve estruturar, e esforçar-se, com ajuda do professor, por encontrar soluções significativas. Estes componentes podem sintetizar da seguinte forma, conforme Johnson et al. (2000): a) O cenário. O cenário estabelece o contexto para o problema, no caso o projeto. Costuma-se informar aos alunos que função, papel ou perfil tem que assumir quando resolvem o problema, introduzindo os alunos no contexto do problema. Poderia ser a notícia de um jornal, uma imagem ou um vídeo. É mais um elemento contextualizador e motivador, que cria uma necessidade de aprendizagem; b) Trabalho em grupo. Os alunos trabalham associados em pequenos grupos. Os grupos proporcionam um marco de trabalho no qual os alunos podem provar e desenvolver seu nível de compreensão. A complexidade dos problemas pode chegar a tal ponto que os membros do grupo terão que repartir as tarefas para avançar na solução do problema; c) Solução de problemas. Os problemas planejados no ambiente de metodologias ativas costumam ser complexos por natureza e são indicadores, de diversas formas, dos tipos de problemas enfrentados pelos alunos; d) Descoberta de novos conhecimentos. Com o objetivo de encontrar uma solução significativa, os alunos acabam por procurar novos conhecimentos. f) Baseado no mundo real. A ênfase principal é incentivar os alunos a pensar, desde o início dos cursos, facilitando assim a transição dos cenários e problemas propostos, tanto teóricos como práticos, a descobrirem que não existe necessariamente apenas uma resposta correta, mas sim leis e modelos que formam o corpo teórico de uma disciplina.

Com o uso das metodologias ativas podemos transformar a aprendizagem em um autêntico e eficaz resultado, estabelecendo a mudança conceitual através do compromisso e da participação dos alunos, construindo de forma autônoma o seu conhecimento.

O ensino híbrido Hoje em dia, o professor precisa seguir comunicando-se diretamente com os alunos, porém de forma digital, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um. As metodologias precisam acompanhar os objetivos propostos. Se quisermos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias com as quais os alunos se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se quisermos que os alunos sejam criativos, nós os professores, precisamos experimentar inúmeras novas possibilidades de apresentar iniciativas.

A tecnologia digital proporciona hoje uma integração de todos os espaços e tempos. O ensino e a aprendizagem acontecem - concomitantemente - em uma interação profunda e constante entre mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou dois espaços, mas um espaço expandido, uma sala de aula ampliada, que se mistura, de forma híbrida, de forma contínua. Por essa razão, a educação formal é cada vez mais misturada, blended, híbrida, porque não acontece apenas no espaço físico, porém nos múltiplos espaços do dia a dia, onde também se encontra o mundo digital.

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O ensino híbrido é um programa de educação formal onde o aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do aluno sobre o tempo, lugar, modo ou ritmo de estudo, e pelo menos em parte, em um lugar físico supervisionado, fora de sua residência. (CHRISTENSEN, HORN & STAKER, 2013, p.7).

As escolas podem implementar o ensino híbrido. Tanto as que possuem uma infraestrutura

tecnológica sofisticada como as mais carentes de recursos. É um modelo facilmente replicável. Os professores também podem fazer uso do ensino híbrido dentro e fora da escola, através de desafios, atividades, projetos, jogos, grupais e individuais, colaborativos e personalizados.

Porém, é preciso refletir sobre tais mudanças de mentalidade e a forma de transmitir informações, e com isso, construir o conhecimento por meio das tecnologias digitais, colocando o aluno como coautor de sua própria construção cognitiva. Cabe fazer uma análise sobre os atores envolvidos nesse processo. Adultos, jovens e crianças recebem, transmitem e produzem informações em uma rede que se atualiza dia a dia. Segundo Prensky (2010), temos gerações distintas envolvidas nesse processo: a dos nativos e a dos imigrantes digitais. Os primeiros são aqueles que já nasceram inseridos em uma cultura digital e cujas relações com essas tecnologias foram absorvidas intuitivamente e marcam sua forma de relação com a construção do conhecimento. A maioria dos professores, imigrantes digitais que foram inseridos no mundo da tecnologia, tem uma forma de ensinar que nem sempre está em sintonia com o modo como os nativos aprendem melhor, ou, pelo menos, que lhes despertem maior interesse. As metodologias ativas ajudam a aproximar estes dois mundos, pois dá lugar a uma postura mediadora ao professor.

As metodologias ativas são pontos de partida para avançar a processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de re-elaboração de novas práticas. Teóricos como Freire (2009) e Novack (1999) enfatizam a importância de superar a educação bancária, tradicional e focar a aprendizagem no aluno, envolvendo-o, motivando-o e dialogando-o.

Segundo consta em Bacich, Tanzi e Trevisani (2015) é necessário inserir esses meios na educação de forma criativa e dinâmica, proporcionando ao aluno uma forma mais ampla de formação, visto que a convivência com as novas tecnologias seguem sendo trabalhada diariamente no meio em que vivem essas pessoas. Além do mais, os não usuários de tecnologias digitais têm a oportunidade da inclusão digital. Hoje em dia, percebe-se que essas tecnologias já estão sendo trabalhadas no ambiente escolar, e os professores já estão utilizando dessas ferramentas para deixar suas aulas mais dinâmicas e menos expositivas. Portanto haverá mais participações e interação dos alunos nas salas de aula de ambientes híbridos, já que o ambiente virtual traz novas competências, e proporciona uma relação do indivíduo com os meios digitais, sem que as interações presenciais sejam menos importantes. A sala de aula invertida: uso do tempo e do espaço A sala de aula invertida é uma metodologia ativa. Esta modalidade de e-learning onde o conteúdo e as instruções são online, antes mesmo de o aluno chegar à sala de aula, que agora passa a ser o espaço destinado ao trabalho dos conteúdos já estudados, realizando atividades práticas como resolução de problemas e projetos, discussão em grupo, laboratórios, entre outras estratégias pedagógicas. A inversão acontece uma vez que no ensino tradicional a sala de aula serve para que o professor transmita informações ao aluno que, após a aula, deve estudar o material que lhe foi transmitido e, em seguida, realizar alguma atividade de avaliação para demonstrar que esse tema foi assimilado. Na abordagem de sala de aula invertida, o aluno estuda antes da aula e na sala de aula se transforma em um espaço de aprendizagem ativo, onde há perguntas, discussões e atividades práticas. O professor trabalha as dificuldades dos alunos, ao contrário de apresentações passivas sobre o conteúdo da disciplina.

A sala de aula invertida é uma metodologia que foi divulgada por Bergmann e Sams (2012) a partir da experiência por eles realizada em escolas de nível médio nos Estados Unidos. Tais

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autores, a partir de estudos anteriores realizados em diversas universidades, trouxeram a metodologia ao ensino médio com o objetivo de atender a alunos atletas, que se ausentavam das aulas devido aos campeonatos que participavam.

O modelo pedagógico da sala de aula invertida faz referência a um enfoque integral que busca aumentar o compromisso e a implicação dos alunos com os conteúdos curriculares para o aperfeiçoamento de sua compreensão conceitual. Ao publicar uma aula online, o tempo presencial dedicado à explicação é revertido em tempo para a participação dos estudantes na aprendizagem, utilizando perguntas, gerando discussões e realizando atividades para explorar, articular e construir conhecimento.

Para inverter uma aula deve-se fazer um caminho pelas distintas ferramentas e aplicações que permitam ao docente suprir suas explicações, desde espaços virtuais, o uso das diferentes estratégias para expor os conteúdos e uma série de recursos que permita incorporar práticas colaborativas.

Entretanto, embora pareça como algo extremamente novo, a ideia de “inverter” a sala de aula vem desde a década de 1990, com o crescimento das possibilidades de uso e acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Bergmann e Sams (2018) pontuam que o uso de aula invertida traz benefícios como, intensificar uma maior interação entre alunos-professor e alunos-alunos; ajuda aos alunos mais ocupados, visto que há uma maior flexibilidade nas atividades; que se tornam mais transparentes as tarefas propostas e os conteúdos nas aulas invertidas; que a inversão muda a gestão da sala de aula e as aulas, entre outros benefícios.

Para exemplificar um dos benefícios do uso da sala de aula, Bergmann e Sams (2018) demonstram o uso do tempo na sala de aula, em atividade de sala de aula invertida, através do uso de vídeo, introduzindo um novo conteúdo e reestruturando o tempo do planejamento da aula da seguinte forma:

Sala de aula tradicional Sala de aula invertida Atividade Tempo Atividade Tempo

Atividade de aquecimento 5 minutos Atividade de aquecimento 5 minutos Repasse da tarefa de casa da noite anterior

20 minutos Perguntas e respostas sobre o vídeo

10 minutos

Explicação do novo conteúdo 30-45 minutos

Prática orientada e independente e/ou atividade de laboratório

75 minutos

Prática orientada e independente e/ou atividade de laboratório

20-35 minutos

Quadro 1 – O tempo nas salas de aula tradicional e invertida. Fonte: Bergmann e Sams (2018)

Observando o quadro 1, podemos ver a reestruturação do tempo nos modelos de salas de aula tradicionais e nos de salas de aula invertida. Há uma inversão bastante significativa baseada nas práticas orientadas e independentes, promovendo a autonomia e o trabalho em grupos para solução de problemas. Bergmann e Sams (2018) destacam que, nitidamente, o enfoque da aula é o aluno. O professor está presente estrategicamente para fornecer feedbacks especializados, bem como para orientar e ajudar a ampliar os conceitos avançados. É oferecida aos alunos uma guia de soluções, motivando-os a solucionar os problemas postos, tanto pelo professor como apontados durante o processo de estudo compartilhado entre os alunos. Observa-se também, que o trabalho do professor é o de amparar os alunos e não o de transmitir informações, otimizando deste modo o uso da sala de aula para o desenvolvimento de competências que antes era destinado ao uso do tempo em explicações, muitas vezes exaustivas.

Dentro desta perspectiva, Cintra (2012) aponta que a aula expositiva tradicional tem como enfoque o conteúdo. Esta abordagem é desmotivadora e, muitas vezes, autoritária. Antes, onde havia pouco acesso ao conhecimento e aos materiais, e não havia internet, esta metodologia funcionava. Ao aluno lhe restava apenas a alternativa de ficar atento ao monólogo do professor

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e copiar o assunto proposto para estudar em seguida. O papel do professor era centralizador e o objetivo do ensino era a quantidade de conteúdo transmitida ao aluno.

Para Valente (2018), os aspectos fundamentais da implantação da sala de aula invertida são a produção de material para que o aluno trabalhe online e o planejamento das atividades que se realizam na aula presencial.

Outro aspecto a se observar com o modelo de sala de aula invertida é que esta metodologia abarca todas as fases do ciclo de aprendizagem na dimensão cognitiva da taxonomia de Bloom (BLOOM et ali, 1972, pg. 24)

● Conhecimento: Ser capazes de recordar informação previamente aprendida; ● Compreensão: “Fazer nosso” aquilo que aprendemos e ser capazes de apresentar a

informação de outra maneira; ● Aplicação: Aplicar as destrezas adquiridas a novas situações que nos são

apresentadas; ● Análise: Decompor o todo em suas partes e poder solucionar problemas a partir do

conhecimento adquirido; ● Síntese: Ser capazes de criar, integrar, combinar ideias, planejar e propor novas

maneiras de fazer; ● Avaliação: Emitir juízo a respeito do valor de um produto segundo opiniões pessoais a

partir de objetivos dados.

Dentro desta reflexão é preciso ter em mente duas questões. A primeira é, em que momento do ciclo de aprendizagem os alunos precisam estar em frente ao professor durante a explicação? A segunda questão é, com o uso de tecnologia digital, que parte da instrução podemos enviar para o ambiente virtual o conteúdo da aula para aumentar o tempo em sala de aula? O professor deve avaliar os conteúdos da disciplina, o desempenho de seus alunos na sala de aula, as avaliações obtidas em cada assunto, entre outros elementos de sua aula que o ajudem a determinar como implementar a aprendizagem da sala de aula invertida.

As estratégias utilizadas pelo professor no processo de sala de aula invertida, dentro de um ambiente híbrido, devem ser pensadas nos dois ambientes, no virtual e no presencial. No virtual as atividades podem ser criadas pelo professor, como vídeo, quizzes, podcast, organizar um gráfico, solicitar a elaboração de um texto sobre tema proposto, formulários de exercícios, leitura de paradidático seguido de resumo, montagem de apresentações, perguntas elaboradas pelo professor e para o professor, tarefas de reflexão, interações aluno-aluno e professor-aluno. No ambiente presencial, após a introdução do âmbito virtual, o professor poderá direcionar as atividades em sala de aula com discussão em grupos, direcionar o trabalho a problemas concretos, fazer uso de atividades diferenciadas ou personalizadas, aplicar pedagogia baseada em projetos, a fim de consolidar, ampliar e comprovar o tema proposto pelo professor através de ferramentas avaliativas.

Contextualizando estas práticas no ensino da língua espanhola como língua estrangeira, farei uso dos aplicativos do Google For Education, em especial o Google Sala de Aula como ferramenta facilitadora do processo de ensino híbrido e práticas de sala de aula invertida como estratégias metodológicas ativas e, deste modo, juntando os dois mundos do ambiente híbrido: a sala de aula virtual e a sala de aula presencial. O Google Sala de Aula será a ferramenta em análise para viabilizar tanto a produção de material online para o aluno, através vídeos, infográficos, imagens, textos, sites, podcasts, formulários de verificação da aprendizagem, bem como servirá de ferramenta de gestão de sala de aula invertida, facilitando o planejamento das atividades a serem realizadas na sala de aula presencial, através de discussões em grupo, resolução de problemas, dramatizações, atividades de fixação, exercícios e projetos. O Google Sala de Aula O Google Sala de Aula é um ambiente virtual, onde o professor organiza as turmas e direciona as atividades, usando ou no, de acordo com as estratégias de trabalho, as demais ferramentas das soluções do Google For Education. Este aplicativo nos propõe soluções tecnológicas

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desenvolvidas para facilitar a vida de professores e alunos, dentro e fora das salas de aula, a qualquer hora e a partir de dispositivo móvel conectado à internet. Todas estas ferramentas são utilizadas como aplicações – inicialmente projetadas para o mundo do trabalho - de comunicação, trabalho colaborativo e ferramentas de produtividade, construindo com o aluno competências não apenas para a aprendizagem de um novo idioma, mas desenvolvendo paralelamente, competências essenciais para a entrada ao mundo do trabalho.

O Google Sala de Aula é um sistema de gestão de sala de aula para professores que gerencia múltiplas classes e níveis; envia mensagens anúncios, perguntas, avisos e tarefas para uma ou mais classes; também gerencia tarefas e compartilhamento de arquivos do tipo formulários, documentos, vídeos, entre outras aplicações.

De acordo com o Google (2018), o serviço da aplicação do Google Sala de Aula já conta com mais de 80 milhões de alunos e professores em todas as partes do mundo, facilitando a comunicação entre os processos de ensino e aprendizagem.

O Google Sala de Aula é gratuito e restrito aos estudantes e funcionários cadastrados pela escola. Este cadastro é vinculado a um domínio relacionado à instituição, promovendo assim mais autenticidade e organização dos assuntos relacionados à escola, além do mais, o Google Sala de Aula não exibe anúncios e nunca usa conteúdo ou dados dos alunos para fins publicitários.

Outra vantagem desse aplicativo é a redução do uso do papel em sala de aula, visto que as tarefas, avaliações, redações, feedbacks, relatórios de diagnósticos e desempenhos são realizadas através de ferramentais digitais. Dessa forma contribui e exemplifica o uso sustentável dos recursos ambientais.

O aplicativo da Google propõe facilitar as interações dessas atividades como ferramenta de gestão de sala de aula, tais como distribuições de tarefas, compartilhamento de informações, realização de feedbacks remotos e em tempo real, atribuições de conceitos, comunicação aos pais dos resultados de desempenhos. Outro ponto relevante é o conceito do que significa estar presente em sala de aula. Esse conceito é mais agravante quando se trata de um curso de língua estrangeira, onde a participação do aluno em atividades comunicativas, sejam orais ou escritas, são indicadores essenciais na construção das competências no acesso à aprendizagem de um novo idioma.

A ferramenta do Google Sala de Aula está composta de outras aplicações do Google For Education, como o Google Documentos, Google Apresentações e Google Formulários. Em especial destaque o uso do Google Documentos para o desenvolvimento de competências de expressões escritas, através de redações de textos individuais ou colaborativos, em textos online, diminuindo o uso de papel em sala de aula. Além do mais, o mecanismo de busca Google, interage diretamente dentro da aplicação do Google Documentos, facilitando as pesquisas de fontes de informações nas composições de expressões escritas. Outra aplicação que se destaca é o Google Apresentações, quando se trata de competências de expressões orais. A ferramenta facilita o mecanismo de apresentações na sala de aula, bem como de forma remota, as explanações em miniaulas, seminários sobre países, cultura hispânica, árvore genealógica, entre outras atividades. Esta aplicação também permite que se trabalhe de forma colaborativa, onde vários alunos trabalham na mesma apresentação. O professor pode acompanhar a construção da aprendizagem do grupo, como de cada aluno individualmente. Um outro ponto que merece uma atenção especial é o feito de anexar os Google Formulários dentro do aplicativo Google Sala de Aula. Esta ação facilita o uso de exercícios de fixação, simulados, exames de nivelamento, avaliações de unidades. O Google Formulário encurta o caminho entre a aplicação da avaliação e a entrega dos resultados obtidos pelo aluno, diminuindo a ansiedade em receber o resultado de seu desempenho. O aluno tem a autonomia, dentro e fora da sala de aula, de verificar o desenvolvimento de sua aprendizagem através de exercícios com feedbacks pré-formulados pelos professores, deixando as dúvidas e a ampliação do conhecimento para que sejam esclarecidas na sala de aula ou através da interação promovida no Google Sala de Aula.

Um exemplo prático de sala de aula invertida com o uso do Google Sala de Aula.

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Parece haver, no universo das palavras, uma hierarquia lexical quando se trata de construção da aprendizagem de um novo idioma. Nesse processo de aquisição linguística, é comum o acesso às palavras bases que compõem a construção de um vocabulário cotidiano. Palavras como casa, livro, maçã, porta, carro são alvos certos nos livros didáticos. Embora seja importante se basear na frequência das palavras mais comuns, aprender vocábulos como dobradiça, cais, orçamento, pegadas, alavanca, que não fazem parte do dia a dia de sala de aula, pode trazer um diferencial na qualidade de um falante de um idioma estrangeiro.

La Palabra del Día é um exemplo prático de uso de uma metodologia ativa. Trata-se de uma dinâmica de sala de aula realizada através de ensino híbrido, fruto de minhas práticas pedagógicas do curso de espanhol no Senac Pernambuco, com abordagem de sala de aula invertida com o aplicativo Google Sala de Aula.

Com o aplicativo do Google Sala de Aula, se lança com antecedência, uma palavra de léxico menos usual da língua espanhola na plataforma e solicita aos alunos que escrevam uma frase com dita palavra. Os alunos escrevem suas frases em casa, no trabalho ou em qualquer lugar através de computadores, tablets ou smartphones. Na sala de aula, de acordo com a estratégia do professor, os alunos lêem suas frases em voz alta. Pode-se aproveitar para realizarmos debates e ampliar o conhecimento ou habilidade dos alunos. A cada dia uma palavra distinta.

Dependendo do nível da turma A1, A2, B1, CI o C2, marcos referenciais para o domínio de um idioma, o professor pode contar com variações: a) Expressão idiomática do dia; b) Pergunta do dia; c) Pretérito indefinido do dia, entre outros. O aluno pode contribuir com a atividade anexando frases, vídeos, links de site que contenha o vocabulário do dia.

É uma atividade de sala de aula invertida para alunos de diversos níveis linguísticos ou distintas disciplinas. Esta prática pode ser replicável para os professores de diversas disciplinas.

A dinâmica intitulada La Pregunta del Día, possibilitou mais espaços de comunicação, criando grupos para debater os temas propostos, dentro e fora da sala de aula. É uma boa maneira de incorporar as inovações tecnológicas de sala de aula invertida, dentro do ensino híbrido. Metodologia A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa e de natureza aplicada. O uso do aplicativo Google Sala de Aula se realizou durante 05 meses do primeiro semestre de 2018 com os alunos do curso de espanhol básico e pós-intermédio da unidade de idiomas Senac do Estado de Pernambuco, compondo o aporte metodológico deste trabalho. A metodologia do trabalho buscou analisar os resultados sobre a aplicabilidade do Google Sala de Aula como estratégia no uso da metodologia de sala de aula invertida. A pesquisa se fez presente por meio de uso prático de sala de aula, sendo imprescindível para comprovar o uso e os benefícios do aplicativo Google Sala de Aula como ferramenta auxiliar no uso de sala de aula invertida, a participação ativa dos alunos. Resultados Após o encerramento do curso de espanhol básico e pós-intermediário foi aplicado um questionário de satisfação com o objetivo de coletar dados relevantes para a pesquisa e, também, para averiguar a opinião dos alunos a respeito da utilização do Google Sala de Aula no processo de sala de aula invertida, com uso de metodologia híbrida. A população do curso, e da pesquisa, é composta de 23 alunos de duas turmas, espanhol básico e pós-intermediário. O questionário aplicado está composto de perguntas fechadas com espaço para justificativas e algumas questões abertas. Analisemos estes elementos com as informações coletadas.

O primeiro tópico tem o objetivo de verificar se os alunos tinham acesso à internet em casa. Ter acesso à internet é uma das chaves propulsora para que possamos extrair elementos mais significados da metodologia de sala de aula invertida. Conforme o gráfico 1, o número de

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alunos acessando a internet desde a sua residência é de 100%, facilitando deste modo a aplicação da metodologia de sala de aula invertida.

Gráfico 1 - Acesso à internet em casa. Fonte: Autor

Por ter acesso à internet em casa, ficou mais evidente que 43,5% do desenvolvimento das atividades vinculada no Google Sala de Aula no processo de ensino híbrido foram realizados em casa, conforme gráfico 2. Por outro lado, o grupo de alunos que desenvolviam suas atividades apenas em sala de aula, 8,7%, mencionaram que, por sair muito cedo de casa e por desenvolver as atividades laborais durante todo o dia, reservavam o começa da sala de aula para escrever e enviar as suas atividades de sala de aula invertida.

Gráfico 2 - Momento de produção da sala de aula invertida. Fonte: Autor

Como vimos anteriormente, o uso combinado de ferramentas online e o ensino presencial passa a ser uma contínua ação a fim de promover o trabalho colaborativo, bem como otimizar o uso do tempo em sala de aula para ampliar o que vem sendo estudado. Dentro deste conceito de ensino híbrido, e conforme gráfico 3, no tocante ao uso do tempo em sala de aula e sua otimização, 73,9% demonstrou que a sala de aula invertida, com as atividades realizadas fora de sala de aula, aumenta o tempo de práticas de expressões orais e escritas.

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Gráfico 3 - Uso do tempo no processo de sala de aula invertida. Fonte; Autor

Considerações finais A utilização do Google Sala de Aula, durante o ciclo das aulas, configurou-se como um momento para confirmar as potencialidades da metodologia híbrida no processo de sala de aula invertida. A interação, na língua espanhola, entre os alunos e professor serviu para ampliar vocabulário, desenvolver expressões orais e escritas, além de promover o uso da tecnologia em atividades de aprendizagem, inovação e motivação, dentro e fora de sala de aula. É possível afirmar que este modelo pedagógico possa ser aplicado em 100% dos casos, evidenciando que o aluno precisa de mínimos recursos e conhecimentos tecnológicos. O que se nota é que a metodologia de sala de aula invertida, no processo híbrido, amplia o espaço na construção da aprendizagem de forma mais atrativa.

A atividade intitulada La Palabra del Día ampliou o léxico dos alunos, pois se trata de ensinar, através da plataforma Google Sala de Aula, um vocabulário não muito comum ao cotidiano do aluno. O feedback desta atividade se fez após a leitura das frases pelos alunos, deste modo, a correção dos erros se transforma em uma oportunidade de aprendizagem para todos, desenvolvendo as competências de expressão escrita e de compreensão de leitura.

Aproveitando esta preparação antecipada, o professor pode dedicar mais tempo a implementar estratégias de aprendizagem ativa com os alunos bem como realizar pesquisas ou trabalhar em projetos em equipe. Também foi possível utilizar o tempo de aula para comprovar a compreensão dos temas de cada aluno e, quando necessário, ajudá-los a desenvolver a fluidez de procedimentos através de apoio individualizado, permitindo realizar ao professor, durante a aula, outros tipos de atividades mais individualizadas com os alunos, pois permitiu uma distribuição não linear das mesas na sala de aula, e com esta mudança potencializou o ambiente de colaboração. E fomentando a colaboração do aluno, foi possível reforçar sua motivação.

O Google Sala de Aula mostrou ser uma ferramenta de gestão de sala de aula eficaz no processo da metodologia de sala de aula invertida, pois serviu como elo entre as atividades virtuais e as atividades presenciais, diminuindo o vínculo entre estes dois espaços, transformando em um único propósito: a construção do conhecimento.

Referências

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