A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER ----- (Maérlio Machado)

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    FGF FACULDADE INTEGRADA GRANDE FORTALEZACURSO: DIREITO NOITE

    DISCIPLINA: INTRODUO SOCIOLOGIAPROF. ALEXANDRE CARNEIRO

    A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER

    MARLIO MACHADO

    Fortaleza, Outubro 2003

    SUMRIO

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    INTRODUO

    DESENVOLVIMENTO

    MAX WEBER

    1. Aspectos controversos da tcnica do autor

    2. Contribuies e Limites

    3. Mtodo

    4. Viso da realidade

    5. Objeto

    OPINIO DE AUTORES QUE CRITICAM WEBER

    1. Georg Lukcs

    2. Paul Sweezy

    CONCLUSO

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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    INTRODUO

    Este trabalho pretende apresentar as consideraes sobre o metdico Max Weber e suas

    contribuies para a sociologia moderna, onde dada relevncia s teorias de dominao e da

    burocratizao e institucionalizao tpicas da sociedade capitalista.

    Max Weber privilegiava a pesquisa histrica, que, segundo ele, era fundamental para a

    compreenso da sociedade. Os dados histricos, no entanto, so incompletos sem uma

    compreenso qualitativa do fenmeno, afirmava o socilogo. Weber tambm ressaltava que as

    particularidades e as especificidades de cada sociedade so to importantes quanto os aspectos e

    leis mais gerais.

    Como para Max Weber o papel dos indivduos era relevante nas relaes estabelecidas

    na sociedade, ele procura compreender qual o sentido que o ator ou os atores sociais atribuem

    s suas condutas. Afirmava, ainda, que a realidade algo extremamente complexo. Somente

    seria possvel conhecer fragmentos dessa realidade e, por isso, cada cientista vai dar um

    enfoque diferenciado a partir do recorte feito (Figueir, 2001:57) dessa realidade. Chama-se a

    corrente de pensamento de Weber de Sociologia Compreensiva.

    O objetivo de Max Weber foi estudar a sociedade capitalista. Ressaltou dois aspectos

    fundamentais no capitalismo: a racionalidade e a burocratizao extremas. Sua crtica foiferrenha burocratizao. O fato de uma elite se perpetuar no poder e deter o controle do

    Estado estaria ligado a uma institucionalizao da sociedade, que radicalizava a burocracia e a

    hierarquizao. Ou seja, sua preocupao era com a burocracia enquanto estratgia de

    dominao (Canella, 2001:89).

    A finalidade conhecer como esta questo foi tratada pelo autor e ver como as idias, os

    conceitos e as noes foram por ele prprio operacionalizados nas anlises de processos sociais

    concretos.

    DESENVOLVIMENTO

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    1 Max Weber

    Max Weber nasceu em Erfurt, na Turngia, no ano de 1864. Seu pai era um jurista, de

    famlia de industriais e comerciantes de txteis da Vestflia. Em 1869 foi com a famlia paraBerlim, onde foi membro da Dieta municipal; foi deputado na Dieta prussiana e no reichstag,

    pertencia ao grupo dos liberais de direita. Sua me Helena era uma mulher de grande cultura

    sempre preocupada com os problemas religiosos e sociais.

    Em 1882, Max inscreve-se na faculdade de direito, mas continua estudando economia,

    filosofia, teologia e histria. Em 1889, doutorando-se em Direito, com tese sobre as empresas

    comerciais na Idade Mdia. Em 1891, atravs de um dilogo com Mommsen defende a tese da

    Histria agrria de Roma e sua significao para o direito pblico e privado o que lhe valeu umcargo na Faculdade de Direito de Berlim, iniciando assim, uma carreira de professor

    universitrio.

    Nos vinte anos seguintes a esta trajetria, viaja pelos Estados Unidos e Europa, poca

    em que seus interesses voltaram-se para a Sociologia. Durante a Primeira Guerra Mundial,

    Weber trabalhou em administrao hospitalar e adotou uma posio contrria ao regime

    monrquico. Essa conduta lhe deu um posto na comisso que redigiu a Constituio de Weimar,

    aps a guerra. Em 1918, voltou ao cargo de professor universitrio.

    Em 1920, Weber falece aps ter contrado a gripe que se alastrou na Europa nessa

    poca, matando mais gente do que a guerra. Sendo assim, Weber desaparece no pice de suas

    capacidades intelectuais, deixando grande obra incompleta. Na poca de sua morte, seus

    escritos encontravam-se em estado catico. Nada havia sido traduzido para o ingls. Em 1930, o

    socilogo americano Talcott Parsons traduziu A tica protestante e o esprito do capitalismo,

    projetando-o no cenrio internacional. Em meados dos anos 40, seus escritos sobre a burocracia

    foram tambm traduzidos para o ingls.

    Em sua obra, o desafio mais marcante que enfrentou foi alimentado por Marx, fonte do

    mais conseqente debate terico e metodolgico nas cincias sociais contemporneas. A

    oposio principal de Weber (1864 1930) ao marxismo consiste em negar ao mtodo de Marx

    a funo de fonte de explicaes monocausais para fenmenos sociais universais.

    Embora sem negar a existncia dos conflitos de classes, no os considerou como

    elemento nico que leva transformao social; afirmou que, quando tal conflito se verifica,

    acompanhado por outros fatores, favorveis ao rompimento das ordenaes existentes na vida

    das sociedades.

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    Refletindo sobre a aplicao do materialismo de Marx s estruturas econmicas, Weber

    encontrou um padro para tratar outras estruturas, principalmente as burocracias polticas e

    militares. A nfase de Marx na separao do trabalhador assalariado dos meios de produo

    econmica aparece, na perspectiva weberiana, como tendncia universal do capitalismo.

    2 A atividade social como objeto de estudo

    O objeto de estudo de Weber foi a ao social ou atividade social. O prprio Weber

    traduz atividade social como:

    (...) um comportamento humano (pouco importa que se trate de umato exterior ou interior, de uma omisso ou de uma tolerncia), sempre

    que o agente ou os agentes lhe comunicam um sentido subjetivo(WeberapudFreund, 1987:78).

    Ou ainda:

    Por atividade social entendemos a que, segundo o sentido visado, oagente ou os agentes relacionam com o comportamento de outrem paraorientar, em conseqncia, seu desenvolvimento (WeberapudFreund,1987:78).

    Portanto, as aes ou atividades sociais so dotadas de intenes por parte de seus

    autores. E a ao vai se tornar social quando o ator ou os atores sociais levam em considerao

    a reao de outros indivduos. Weber classifica como relao social o fato do sentido de uma

    ao social ser compartilhado por outras pessoas que no seus autores.

    Tenta fugir, Weber, da irresistvel tendncia a aplicar juzos de valores quando se

    analisa um fato social. Props uma objetividade de anlise, como explica Julien Freund:

    Encontramos no centro de sua sociologia a noo de atividadesocial, no para avaliar ou apreciar as estruturas no sentido em que

    podem ser boas ou ms, oportunas ou inoportunas, porm, paracompreender o mais objetivamente possvel como os homens avaliam,a apreciam, utilizam, criam e destroem as diversas relaes sociais(Freund, 1987:68).

    Weber d, tambm, importncia fundamental pesquisa histrica porque para ele a

    vontade e o sentido dado s atividades e s relaes sociais so construdos histrica e

    socialmente. somente a partir da anlise do contexto histrico-social de cada indivduo que

    se pode compreender a realidade social (Figueir, 2001:58).

    3 A sociologia da ao

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    Seu ponto de partida definir o carter daquelas aes humanas que so objeto da

    sociologia compreensiva e o modo pelo qual elas devem ser apreendidas, no plano conceitual.

    O decurso do comportamento humano, diz Weber, revela conexes e regularidades. Esse

    decurso pode ser interpretado pela compreenso. A compreenso, obtida pela interpretao,

    acarreta uma evidncia. O grau mximo de evidncia, por sua vez, encontrado no que ele

    chama de "interpretao racional com relao a fins".

    Comportamento racional com relao a fins aquele que se orienta, exclusivamente, por

    meios tidos como adequados para obter fins determinados, tidos como indiscutveis. Por

    apresentar uma evidncia especfica, no significa que o comportamento racional com relao a

    fins seja a meta da sociologia compreensiva. Este comportamento o tipo ideal, pois, tanto a

    sociologia como a Histria fazem interpretaes sobretudo de carter pragmtico a partir dasconexes racionalmente compreensveis de uma ao.

    O interesse da sociologia a ao. Por ao, entendemos sempre um comportamento

    compreensvel com relao a objetos, isto , um comportamento especificado ou caracterizado

    por um sentido (subjetivo) real ou mental mesmo que ele no seja quase percebido. A ao que

    especificamente tem importncia para a sociologia compreensiva , em particular, um

    comportamento que: 1) est relacionado ao sentido subjetivo pensado daquele que age com

    referncia ao comportamento de outros; 2) est co-determinado no seu decurso por estareferncia significativa e, portanto, 3) pode ser explicado pela compreenso a partir deste

    sentido mental.

    Weber estabelece, ento, diferenas entre os tipos de ao, a partir de referncias tpicas,

    providas de sentido. Desse modo, a ao social racional com relao a fins serve de tipo ideal

    precisamente para poder avaliar o alcance do irracional com relao a fins.

    A ao est referenciada tambm no mundo exterior, isto , processos da natureza, que

    no possuem relao provida de sentido. Mas tais processos so importantes comocondicionamentos e conseqncias nos quais se orientam as aes providas de sentido. Assim,

    por exemplo, se fosse possvel estabelecer uma correlao objetiva entre certas caractersticas

    hereditrias e a aspirao de certos indivduos pelo poder (relao no provida de sentido), ela

    deveria ser levada em considerao pela sociologia compreensiva na medida em que ela

    procurasse explicar de modo interpretativo: 1) mediante que ao, provida de sentido,

    procuraram os homens dotados com aquelas qualidades herdadas e especficas realizar o

    contedo de sua aspirao, de tal modo co-determinada e favorecida e por que e em que medida

    conseguiu-se aquilo. 2) que conseqncias compreensveis teve esta aspirao (condicionada

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    hereditariamente) no seu comportamento, com referncia ao comportamento de outros homens,

    o qual tambm era provido de sentido.

    Weber diz que processos exclusivamente psquicos, so incompreensveis para a

    sociologia. Conforme j foi dito, a forma mais imediatamente compreensvel da estrutura

    provida de sentido de uma ao para ele a ao orientada subjetivamente de maneira

    estritamente racional, conforme meios que so considerados (subjetivamente) como

    univocamente adequados para alcanar os fins propostos, os quais tambm, por sua vez, so

    claros e unvocos. Por contraste, processos irracionais so aqueles nos quais: a) no foram

    devidamente consideradas e observadas as condies objetivamente regulares da ao racional

    com relao a fins; b) os que eliminaram em parte relativamente grande as consideraes

    subjetivamente racionais com relao a fins do ator. Para explicar processos irracionais preciso antes interpretar como seria o comportamento no caso limite ideal tpico racional com

    relao a fins e racionalidade regular.

    De acordo com Weber (1992:25)

    Entre a ao que est orientada (subjetivamente) de modoabsolutamente racional com relao a fins e os dados psquicosabsolutamente incompreensveis, encontram-se, mediante mltiplastransaes, as conexes compreensveis (...) que se chamam

    comumente de `psicolgicas'".

    A estas, Weber (1992:25) chama de "irracionais com relao a fins".

    Deve-se distinguir tambm entre: a) ao social racional com relao a fins; e b) ao

    orientada de modo correto conforme aquilo que objetivamente vlido: ao racional de acordo

    com o regular.

    Segundo Weber (1982:45), a orientao subjetiva de um comportamento com referncia

    ao comportamento regular (de acordo com ele, contra ele, prximo dele, etc) pode constituir um

    "sentido" para a ao. "A coincidncia com o tipo regular a conexo causal mais

    compreensvel porque a mais adequada provida de sentido". Mas o fato de uma ao real

    coincidir com o "tipo regular" (com as regularidades observveis de comportamento) est longe

    de significar que coincida com um tipo de ao orientada (subjetivamente) de modo racional

    com relao a fins. Assim, a sociologia compreensiva tambm procura interpretar aquelas

    conexes de sentido das aes sociais que no so "orientadas subjetivamente e racionais, mas

    que, mesmo assim, de fato, se processam segundo uma conexo que compreensvel

    objetivamente de uma maneira racional". bvio para a sociologia compreensiva, afirmaWeber, que as conexes "psicolgicas" no so "discernveis de maneira lgica racional". Mas

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    possvel deduzir suas conseqncias nos comportamentos. Assim, por exemplo, a crena na

    predestinao pode desenvolver no crente uma atitude tica ativa e, assim, as aes deste modo

    orientadas passam a ser "inteiramente compreensveis providas de sentido". "A racionalidade

    regular serve sociologia como tipo ideal no que diz respeito ao emprica (...). Atravs da

    comparao com o tipo ideal se estabelecem, pensando na imputao causal, os elementos

    irracionais causalmente relevantes".

    2. Max Weber e a sociologia compreensiva

    A essa altura, possvel apontar uma distino metodolgica importante entre a

    determinao causal tal como aparece na sociologia anterior a Weber, especialmente em

    Durkheim, e a noo de causalidade utilizada por nosso autor.

    As interpretaes providas de sentido de um comportamento concreto, para a sociologia,

    afirma Weber (1982:46),

    "no so, naturalmente, mesmo quando apresentam uma 'evidncia'muito grande, mais do que meras hipteses para uma imputaocausal. Faz-se necessrio, portanto, uma verificao na qual seemprega os mesmos meios como em qualquer outra hiptese. Elasvalem para ns como hipteses utilizveis enquanto vemos uma

    'possibilidade', que muito diferente de caso para caso, de poder suporque existam cadeias de motivaes 'providas de sentido'".

    Para a sociologia compreensiva, tudo o que no se refira a comportamentos cujo sentido

    (passvel de interpretao) est relacionado a objetos (interiores ou exteriores) visto como

    processo da natureza, que no tem sentido. Da conclui Weber (1982:46) exatamente por esta

    razo, nesta maneira de ver, o indivduo constitui o limite e o nico portador de um

    comportamento provido de sentido". Em conseqncia, conceitos como Estado, feudalismo,

    corporao e outros semelhantes, designam para a sociologia, de maneira geral, categorias quese referem a determinados modos de o homem agir em sociedade, portanto, a sua tarefa consiste

    em reduzi-lo a um agir que compreensvel e isto significa, sem exceo, um agir de homens

    que se relacionam entre si.

    nesse sentido que Weber aponta, por exemplo, uma importante diferena de enfoque

    entre a sociologia e o direito. Ao contrrio do direito,

    "a sociologia no se preocupa com a elaborao do contedo do

    sentido objetivo e logicamente correto dos preceitos jurdicos,mas com um agir, para cujos determinantes e resultantesdesempenham um papel importante, assim como as representaes dos

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    homens sobre o sentido e o valor de determinados preceitosjurdicos". No se trata aqui de pressupor uma coletividade quedetermina o rumo dos comportamentos individuais, mas de tomar aselaboraes coletivas (como os preceitos jurdicos) como referncias,

    como um dos dados da realidade frente aos quais os comportamentosindividuais, vistos como dotados de intencionalidade, se orientam.Metodologicamente, "a sociologia deve proceder continuamente damaneira seguinte: usar conexes 'usuais' da vida cotidiana, cujo

    sentido bem conhecido, tendo em mente a definio de outrasconexes que, em seguida, sero usadas para definir as primeiras".(Weber, 1982:47)

    No pensamento de Weber (apud Freund, 1987), o indivduo no baliza seu

    comportamento simplesmente pelo comportamento dos demais indivduos, mas tambm em

    construtos coletivos, institucionalizados, que jogam igualmente um papel decisivo naconformao das aes e relaes sociais. No , e nem poderia ser, exclusividade da sociologia

    durkheimiana a considerao dos constrangimentos institucionais liberdade de ao

    individual, ou as preocupaes de Marx com as condies objetivas que permitem as aes

    subjetivas. O ator weberiano por certo se depara com regras, normas de conduta, padres

    estabelecidos. Ocorre, porm, que no universo da sociologia compreensiva as regras, normas e

    padres so referenciais intersubjetivos, parmetros para diferentes modos de agir e, ao mesmo

    tempo, produto de interaes intersubjetivas.Weber esclarece em seu paradigma que a Cincia Social na qual pretende por em prtica

    uma Cincia da Realidade, voltada para a compreenso da significao cultural atual dos

    fenmenos e para o entendimento de sua origem histrica.

    Cincia da Realidade, tal como utilizado por Weber, nos conduz a uma concepo

    especfica do objeto e do mtodo das Cincias Sociais.

    3 O conhecimento cientfico weberiano

    Pode ser compreendido como resultando da articulao de dois fatos: 1) o

    conhecimento s possvel a partir da referncia a valores e interesses; 2) valores e interesses

    no podem ser validados ou hierarquizados segundo critrios objetivos.

    Deduz-se, portanto que: possvel alcanar um conhecimento objetivo, universalmente

    vlido, cientfico, no sentido mais forte da palavra.

    No entanto necessrio entender como possvel para Weber, partindo das duas

    premissas indicadas, chegar a essa ltima afirmao. Talvez a melhor estratgia seja considerar,inicialmente, as prprias premissas.

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    O que chamamos aqui de premissas da epistemologia weberiana , na verdade, a forma

    das duas perspectivas bsicas definirem a concepo de Weber no que cerne relao entre

    conhecimento, realidade e valores. Seguindo uma orientao claramente neokantiana, Weber

    assume, de forma radical e com todas as implicaes da decorrentes, o postulado da existncia

    de uma separao clara entre os planos do conhecimento e da realidade, cuja transposio

    sempre parcial, provisria e, sobretudo, mediada por uma srie de categorias e construes

    conceituais definidas conforme os valores e interesses de quem busca o conhecimento.

    A realidade entendida como algo infinito, que pode ser adquirida a partir de vrios

    ngulos de viso, mas jamais absoluta, na sua totalidade ou essncia. O conhecimento ser

    sempre o resultado de uma amostra especfica retirado tambm de um conjunto de problemas

    relativos.Essa amostra especfica seria, necessariamente, feita a partir das referncias pessoais dos

    sujeitos j conhecidos. Weber nega, assim, a possibilidade de um conhecimento absoluto, livre

    de quaisquer pressupostos, capaz de definir de modo completamente neutro qual a verdade

    absoluta das coisas. No existiria, segundo ele, um ponto privilegiado a partir do qual o

    investigador pudesse atingir uma viso isenta e global da realidade. Ao contrrio, todo e

    qualquer conhecimento estaria referido a valores e interesses pr-existentes, subjetivos.

    Seriam a partir dessas referncias que os sujeitos atribuiriam relevncia e selecionariam,dentro da realidade infinita, os problemas e objetos que, do seu ponto de vista, mereceriam ser

    investigados.

    A primeira premissa do modelo epistemolgico weberiano , portanto, a do

    conhecimento a valores e interesses. No existiriam problemas ou objetos que seriam

    intrinsecamente relevantes para o conhecimento humano. De uma forma ou de outra, o sujeito

    cognoscente sempre partiria de um conjunto especfico de referncias e pressupostos

    culturalmente definidos. uma questo secundria, o fato de que se trate de um sistema tico,de um conjunto de postulados metafsicos, de um modelo terico ou de um conjunto de crenas

    e interesses religiosos ou econmicos.

    Em todos esses casos, a situao seria, basicamente, a mesma. Tratar-se-ia de conjuntos

    de perspectivas ou referenciais subjetivos que orientariam os investigadores nas atividades do

    conhecimento.

    A segunda premissa fundamental seria a de que essas referncias no poderiam jamais

    ser validada e nem mesmo hierarquizadas segundo critrios que pudessem ser chamados de

    objetivos. A adeso a determinados valores ou a uma viso de mundo especfica seria, em

    ltima instncia, uma questo de f. No existiriam parmetros objetivos a partir dos quais se

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    pudesse decidir sobre o melhor valor ou a viso de mundo mais verdadeira. A adeso a qualquer

    desses pontos de vista seria sempre dependente de uma convico pessoal, portanto, subjetiva.

    Todos os valores, as vises de mundo, os sistemas metafsicos, as normas e princpios

    ticos que conduzem os homens em seus assuntos prticos e que so referncias do

    conhecimento seriam imensurveis e teriam, em princpio, que ser tomados como equivalentes.

    Partindo dessas premissas, a concluso aparentemente mais lgica seria a que afirmasse

    que no possvel um conhecimento objetivamente vlido da realidade, sobretudo, no que se

    refere aos fenmenos culturais. A concluso de Weber, no entanto, exatamente a contrria. A

    objetividade do conhecimento possvel, inclusive, nas Cincias da Cultura.

    importante lembrar que dentro do contexto intelectual alemo do final do sculo

    passado, no qual Weber se inseria, existiam pelo menos duas respostas disponveis questo davalidao do conhecimento das Cincias culturais. Ambas, no entanto, foram rejeitadas por

    Weber.

    Como sujeito humano o observador poderia compreender de modo relativamente fcil

    outros universos humanos. Weber rejeita a soluo de Dilthey, fundamentalmente,

    argumentando que o acesso a esse universo subjetivo no nem direto, nem completo e nem

    imparcial. Tratar-se-ia, ainda, de um mtodo de difcil controle intersubjetivo, que como tal no

    poderia ser posto como garantia de objetividade.A observao desses valores universais seria a garantia da relevncia e pertinncia do

    conhecimento produzido. Como observa Saint-Pierre a relao com os valores seria,

    particularmente para Rickert, no apenas um princpio de seleo do material de estudo, mas, e

    principalmente, constitua o fundamento da validade do conhecimento histrico-social

    (1994:24). Weber rechaa essa alternativa acentuando, sobretudo, o fato de que os valores no

    so universais, mas, ao contrrio, mltiplos e contraditrios. No existiria um sistema de

    valores privilegiado, fundado numa base transcendental, com relao ao qual as Cincias daCultura pudessem se orientar, mas, apenas, o eterno confronto histrico entre diversos valores

    inconciliveis.

    Em contraposio a essas duas alternativas, Weber busca uma soluo para o problema

    da objetividade do conhecimento que, se situa no plano metodolgico.

    O conhecimento objetivo possvel desde que os sujeitos cognoscentes se

    comprometam a observar certas regras prprias atividade cientfica. A objetividade no seria

    alcanada pela extirpao de toda e qualquer referncia a valores e pela busca de um olhar

    imparcial, como talvez sonhassem os positivistas. Weber se mantm fiel a sua primeira

    premissa. Tambm no seria obtida por meio da hierarquizao das vrias referncias e da

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    escolha, entre essas, talvez, algum sistema terico ou metafsico ou, ainda, um conjunto de

    valores superiores, como queria Rickert a partir do qual, se pudesse proceder a uma abordagem

    unvoca da realidade. Weber, tambm, no abandona a sua segunda premissa; no possvel

    selecionar segundo critrios cientificamente vlidos qual a referncia melhor ou mais

    verdadeira.

    A objetividade do conhecimento possvel, no entanto, desde que, em primeiro lugar,

    sejam claramente separadas as esferas do conhecimento emprico e da ao prtica,

    particularmente, a de natureza poltica ou religiosa. Weber se dedica exaustivamente ao

    estabelecimento de uma delimitao clara entre essas duas esferas.

    4 A concepo de sociologia de Max Weber

    As caractersticas do paradigma sociolgico weberiano s se definem luz da viso de

    mundo mais ampla de Weber, dentro da qual se articulam uma concepo especfica sobre o

    que a realidade scio-histrica e uma reflexo profunda sobre a natureza do empreendimento

    cientfico.

    Talvez o ponto central da perspectiva weberiana seja o reconhecimento de que a

    realidade humana no possui um sentido intrnseco, dado de modo natural e definitivo,

    independentemente das aes humanas concretas. Weber pressupe que a realidade infinita esem qualquer sentido cognoscvel imanente. Seriam os sujeitos humanos que estabeleceriam

    recortes na realidade e se posicionariam diante deles conferindo-lhes sentido.

    Weber assume essa perspectiva de modo radical. Orientado por ela, procura excluir das

    Cincias Sociais qualquer proposio que busque definir de modo geral e substantivo qual a

    lgica da histria, qual a dimenso estrutural determinante da sociedade ou qual o sentido

    ltimo subjacente s aes individuais. Todas essas definies suporiam a existncia de uma

    realidade atemporal, naturalmente dada, subjacente e determinante dos fenmenos empricos.Weber no apenas no acredita na existncia desses determinantes anistricos do

    comportamento humano, como defende que no seria possvel defini-los de um modo objetivo,

    verificvel segundo as regras da cincia.

    Os nicos objetos legtimos das Cincias Sociais seriam, ento, em si mesmas, as aes

    sociais. O agente individual seria o nico portador real de sentido. A nica coisa que realmente

    existiria seriam sujeitos humanos agindo de uma forma e com um sentido especfico e

    produzindo, de modo intencional ou no, uma srie de conseqncias.

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    Cada fenmeno cultural s poderia ser compreendido na sua significao e ter sua

    origem explicada a partir da referncia a agentes sociais que ao organizarem significativamente

    suas aes contribuiriam, de forma mais ou menos intencional, para determinar essa

    significao e essa origem.

    Quando Weber afirma enfaticamente que a Cincia Social que ele pretende praticar

    uma cincia da realidade o que ele esta querendo acentuar , em grande medida, esse

    compromisso com a anlise de realidades empricas concretas, tornadas significativas por

    agentes historicamente situados. No existiria um mundo cognoscvel acima, abaixo ou alm do

    mundo das aes significativas e das conexes entre aes.

    Todas as categorias conceituais, incluindo as de natureza coletiva, como Estado, nao

    ou famlia, teriam que ser formuladas de um modo que explicitasse sua relao com as aessociais concretas. Nenhum fenmeno seria definido por sua essncia ou substncia fixa. Seriam

    os agentes concretos, historicamente localizados, agindo segundo os valores mais diversificados

    e contraditrios, que construiriam, de modo mais ou menos consciente, tudo o que seria

    culturalmente significativo.

    O compromisso enftico de Weber com a interpretao de fenmenos concretos,

    historicamente localizados, no permitem, no entanto, que esse seja confundido com um

    simples colecionador de fatos histricos (Jaspers, 1977:126). Esse, certamente, no seu perfil.O interesse de Weber no se restringe ao acmulo de dados ou mesmo a uma descrio

    detalhada de singularidades histrico-sociais.

    Weber est interessado em compreender causalmente a realidade emprica, em analisar a

    importncia relativa de cada elemento presente numa situao para a definio do curso

    subseqente dos acontecimentos. Esse tipo de trabalho no pode basear-se, apenas, no

    conhecimento, por mais amplo que seja, das caractersticas da situao que se deseja

    compreender. A imputao causal s pode ser bem sucedida quando feita a partir doconhecimento de regularidades empricas. Somente a partir do conhecimento do que o

    comportamento provvel em cada tipo de situao que possvel ao cientista analisar o caso

    concreto e definir as causas provveis.

    A solidariedade entre Sociologia e Histria, de que nos fala Aron (1990:482), estaria

    baseada nessa dependncia mtua entre o conhecimento do geral e do particular nas Cincias

    Sociais. A sociologia estaria voltada para a formulao das regras gerais dos acontecimentos.

    A histria interessar-se-ia pela anlise e imputao causal de aes, formaes e

    personalidades individuais culturalmente importantes. Uma, no entanto, dependeria

    imensamente da outra. A compreenso dos eventos historicamente circunscritos s poderia ser

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    feita por meio do conhecimento das regularidades sociologicamente definidas e essas s

    poderiam ser sustentadas atravs da demonstrao de sua validade em situaes historicamente

    definidas.

    fundamental perceber que o projeto weberiano para as Cincias Sociais supe muito

    mais do que a simples coleta e descrio de dados definidos em sua singularidade emprica.

    Sem dvida, na medida mesmo em que se afasta das definies fixas dos fenmenos sociais,

    Weber se aproxima das manifestaes sociais concretas, marcadas por um contexto histrico e

    cultural singular. Essa aproximao, no entanto, mediada por todo um instrumental analtico

    que transforma os fenmenos concretos em objetos cientficos. Os fenmenos empricos so

    recortados conceitualmente. Seus elementos e conexes internas so comparados com formas

    tpicas construdas artificialmente pelo observador. So avaliadas as vrias causas possveis queexplicariam sua configurao atual e atribudo um peso relativo a cada uma delas.

    Uma das preocupaes de Weber foi, justamente, com a formulao de certos

    instrumentos metodolgicos que permitissem que o cientista investigasse os fenmenos

    particulares sem se perder na infinidade disforme dos seus aspectos concretos. O principal

    desses instrumentos o tipo ideal. Os tipos ideais cumpririam duas funes principais:

    selecionar explicitamente a dimenso do objeto que ser analisada e apresentar essa dimenso

    de uma forma pura, despida de suas nuanas concretas.Nas palavras de Weber, a construo de tipos permitiria operar uma espcie de

    abstrao que converteria a realidade em objeto categorialmente construdo (1993-b: 203). Os

    tipos seriam elaborados mediante acentuao mental de determinados elementos da realidade"

    (1993:137), considerados, do ponto de vista do investigador, relevantes para a pesquisa. O

    cientista social criaria definies exageradas, unilaterais, das dimenses da realidade que

    pretendesse conhecer. Essas definies poderiam ento ser utilizadas, num segundo momento,

    para uma espcie de comparao com o mundo real. Elas auxiliariam no trabalho decompreenso e de imputao causal realizado pela Sociologia e pela Histria. Cada aspecto

    concreto da realidade emprica poderia ser compreendido em funo da sua maior ou menor

    distncia em relao definio tpica ideal.

    O tipo ideal mais importante da Sociologia weberiana o de ao racional com

    referencia a fins . Este tipo de ao se caracterizaria pelo fato do ator escolher de modo

    ponderado seus fins, considerando as conseqncias previsveis, e por adequar do modo que lhe

    parece mais eficaz, dadas as condies, os meios aos fins. Seria um tipo de ao social no qual

    o sujeito agiria desapegado de vnculos afetivos ou tradicionais. O que prevaleceria seria a

    anlise objetiva da eficincia e da eficcia, dos custos e benefcios de cada alternativa. A ao

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    racional com referncia a valores possuiria, basicamente, as mesmas caractersticas. A diferena

    que os fins da ao, neste caso, seriam perseguidos de modo absoluto, independentemente das

    conseqncias previsveis que possam estar associadas a eles. A idia de Weber de que a ao

    racional, nas suas duas modalidades, seria a forma mais previsvel, compreensvel, de

    comportamento humano.

    Quando desapegados de suas tradies e afetos, os homens agiriam diante das situaes

    de modo muito regular. Suas ponderaes sobre os custos e benefcios de cada alternativa de

    ao so feitas segundo regras que seriam mais ou menos universais de raciocnio. Suas

    decises, ou seja, os cursos efetivos da ao seriam, portanto, muito regulares.

    Essa concepo faria com que o tipo ideal de ao racional desempenhasse o papel de

    um recurso metodolgico to central na Sociologia weberiana . Os fenmenos poderiam, numprimeiro momento, ser interpretados como baseados em aes racionais. Essa interpretao

    seria, num segundo momento, comparada com a realidade concreta. Os comportamentos

    divergentes seriam compreendidos como desvios, afetivos ou tradicionais, em relao s aes

    racionais previstas.

    Servindo-se de tipos que recriam, de modo acentuado, vrios aspectos da realidade

    emprica e valendo-se do conhecimento de certas regularidades da ao humana - associadas,

    principalmente, ao seu carter racional - Weber pode construir, para cada situao socialanalisada, um quadro das possibilidades objetivas de ao .

    Este quadro funciona como um recurso metodolgico complementar que permite avaliar

    a influncia de modificaes mais ou menos abrangentes dos componentes de uma situao

    social sobre a escolha por parte do sujeito do seu curso de ao. Torna-se possvel simular

    vrios cenrios, atravs da modificao virtual de determinado componente da situao,

    imaginar, segundo as regras da experincia, como o ator reagiria s modificaes, e, assim,

    avaliar o peso causal que cada componente da situao desempenharia ou efetivamentedesempenhou, no caso histrico - na definio do curso de ao.

    A avaliao do significado causal de um fato para o curso subseqente dos

    acontecimentos seria, assim, realizada considerando-se a probabilidade maior ou menor, de

    acordo com as regras da experincia, de que, na ausncia desse fato, o comportamento dos

    agentes seja modificado. Seria possvel simular a ausncia do fato e avaliar, com algum grau de

    segurana, quais as possibilidades objetivas de que isso se traduza numa mudana do

    comportamento dos agentes e, indiretamente, numa alterao do curso dos acontecimentos.

    A reconstruo analtica de elementos da realidade em termos tpico ideais e a

    simulao das possibilidades objetivas envolvidas num acontecimento ou situao simulao

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    baseada, principalmente, na previso de como seria o curso dos eventos no caso de aes

    puramente racionais seriam os elementos principais que permitiriam a compreenso causal

    dos fenmenos sociais. O cientista reconstruiria, em termos tpicos, dimenses especficas da

    realidade, avaliariam, segundo as regras da experincia, como os agentes provavelmente

    agiriam diante dessas dimenses e compararia os cursos de ao concretos com as previses

    realizadas. Essa comparao permitiria definir o grau de proximidade entre a construo tpica e

    a realidade concreta.

    A compreenso causal, no sentido weberiano, ou seja, a explicao dos fenmenos a

    partir da interpretao do sentido visado pelas aes dos sujeitos e da anlise das implicaes,

    intencionais ou no, dessas aes supe a utilizao dos trs recursos metodolgicos acima

    discutidos: os tipos ideais, que permitem isolar artificialmente dimenses da realidade empricae avaliar a presena dessas, em maior ou menor grau, em diversas configuraes concretas; o

    tipo ideal de ao racional, que forneceria uma espcie de padro previsvel de comportamento

    a partir do qual se poderiam identificar desvios; a noo de possibilidade objetiva, que permite

    avaliar o peso relativo de vrias causas possveis na determinao de um acontecimento.

    A sociologia weberiana no lida com indivduos socialmente isolados, mas com agentes

    localizados em situaes sociais determinadas, nas quais est aberto um campo definido de

    possibilidades de ao (Cohn, 1979).A primeira condio que torna possvel a compreenso sociolgica seria, justamente, o

    fato dos sujeitos agirem dentro desse universo estreito de possibilidades. Os atores lidam com

    essas possibilidades de um modo que pode ser compreendido quanto ao sentido na medida em

    que adequado aos hbitos mdios de pensar e sentir (Weber, 1992:8), e previsvel de acordo

    com regras de probabilidade construdas a partir da experincia histrica.

    O trabalho do socilogo seria, basicamente, o de reconstruir de modo tpico os

    elementos considerados significativos em cada situao. A partir dessa reconstruo o socilogopoderia compreender as possibilidades de ao abertas para o sujeito (as conexes de sentido

    possveis) e avaliar, a partir da experincia, quais as mais provveis.

    A Sociologia poderia, finalmente, afirmar que diante de situaes prximas ao caso

    tpico, os sujeitos provavelmente agiriam de uma determinada forma e de acordo com um

    sentido que poderia ser compreendido .

    Num certo sentido, pode-se dizer que a Sociologia weberiana tem como projeto a

    reconstruo conceitual do mundo scio-histrico. Certamente, no se trata de uma

    reconstruo exata, completa, definitiva ou imparcial. Weber enfatizou suficientemente a

    separao existente entre conhecimento e realidade. O mundo social seria recriado em termos

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    tpicos ideais, ou seja, selecionando-se e exagerando-se algumas de suas dimenses. Seriam

    explicitadas, ainda, as relaes regulares observadas entre dimenses da realidade.

    Como a realidade emprica definida em termos de agentes com um objetivo, agindo

    em relao a outros agentes, servindo-se dos meios disponveis e das condies dadas pela

    situao, os elementos tipificados seriam, justamente, os objetivos ou motivos, os meios, as

    condies e as prprias situaes.

    Mesmo as categorias sociolgicas mais gerais utilizadas pela Sociologia, como

    capitalismo, burocracia ou patrimonialismo, seriam definidas em funo da probabilidade de

    que se repitam certas aes tpicas, do ponto de vista do seu sentido, que, supostamente, esto

    envolvidas e, inclusive, so as responsveis pela existncia desses fenmenos macro-sociais.

    Weber no pretende e no acha possvel ir alm dessa reconstruo tipificada doselementos do real e do estabelecimento de certas relaes, mais ou menos regular e

    compreensvel, entre esses elementos. Apenas essas seriam tarefas de uma Cincia Social da

    realidade, no sentido weberiano. a isso que ele chama de ordenao conceitual da realidade.

    Qualquer objetivo alm desse seria visto como inadequado a uma cincia emprica e prpria

    metafsica ou filosofia social.

    5 Os limites da sociologia weberiana

    Uma das maiores preocupaes de Weber seria, exatamente, a de afastar certas

    categorias da anlise sociolgica, normalmente de natureza coletiva ou macroestrutural, que no

    seriam diretamente acessveis empiricamente.

    A ao social definida como o objeto elementar das Cincias Sociais, justamente, pelo

    seu carter, num certo sentido, real. Como j foi dito, a nica coisa que realmente existiria no

    mundo social seriam homens agindo segundo um sentido visado e tendo como referncia os

    outros agentes. Esse, portanto, seria o nico objeto passvel de ser analisado por uma Cincia da

    Realidade.

    Com isso, vai estar diretamente relacionada definio das aes sociais como o objeto

    elementar dessas Cincias, qualquer categoria que no seja passvel de reduo ao plano das

    aes passa a ser rotulada de metafsica.

    Em A objetividade do conhecimento nas Cincias Sociais e na Cincia Poltica,

    Weber (1973) defende a tese segundo a qual impossvel estabelecer um referencial terico

    nico a partir do qual se pudesse abordar cientificamente toda a realidade histrico-social.

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    Weber parece utilizar trs argumentos principais na sustentao dessa tese. Primeiro, o

    de que no existiria um, mas vrios referenciais tericos, normalmente associados a diferentes

    sistemas filosficos. Cada um deles significaria, na verdade, apenas mais uma perspectiva, mais

    um ngulo a partir do qual possvel recortar e analisar o real. A seleo de um entre esses

    ngulos como referencial privilegiado seria, num certo sentido, sempre arbitrrio. Nos termos

    de Weber, o nmero e a natureza das causas que determinaram qualquer acontecimento

    individual so sempre infinitos, e no existe nas prprias coisas critrio algum que permita

    escolher dentre elas uma frao que possa entrar isoladamente em linha de conta (1993:129 ).

    Weber insiste em afirmar que no compartilha do preconceito, segundo o qual "as

    reflexes sobre a vida cultural que pretendem interpretar metafisicamente o mundo, indo

    portanto, alm da ordenao conceitual dos dados empricos, no poderiam, por causa desta suacaracterstica, contribuir, de alguma forma, para o conhecimento (1993:114). Sua crtica seria

    dirigida, assim, apenas, pretenso, comum a essas interpretaes metafsicas, de se

    firmarem como mtodo universal, como denominador comum da explicao causal da

    realidade (1993:121).

    Essa pretenso seria inaceitvel, no campo cientfico, pelo simples fato de que no se

    teria como se decidir objetivamente entre as vrias alternativas disponveis. O argumento seria,

    basicamente, o mesmo utilizado com relao aos valores da vida prtica em geral, como apoltica e a religio. As interpretaes metafsicas so mltiplas, inconciliveis e no podem ser

    validadas ou hierarquizadas segundo critrios objetivos . Devem permanecer, portanto, no

    contexto no controlado da descoberta.

    O segundo argumento desenvolvido por Weber para rejeitar o estabelecimento de um

    referencial terico abrangente e unificado nas cincias da cultura aponta para o fato de que os

    objetos dessas cincias so individualidades histricas concretas que no podem ser deduzidas

    de um sistema de leis.Weber se ope a autores que, segundo ele, concebem o ideal do conhecimento cientfico

    como sendo o estabelecimento de um sistema de proposies das quais seria possvel deduzir a

    realidade (1993: 125). Argumenta que isso no vlido nem para o caso, por exemplo,

    da Astronomia. Mesmo uma Cincia Natural como essa se interessaria por entender o efeito

    individual produzido pela ao das leis sobre uma constelao individual e por saber a origem

    desta como conseqncia de outra constelao, igualmente individual que a precede

    (1993:125). No caso das Cincias da Cultura, o interesse pela dimenso individual do

    fenmeno, incluindo sua significao histrica, seria ainda mais central.

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    Assim, Weber afirma que mesmo que fosse estabelecida uma imensa casustica de

    conceitos e regras com a validade rigorosa de leis (1993:126), isso constituiria apenas um

    primeiro passo do conhecimento. O passo seguinte e, talvez, mais importante, seria a anlise da

    vigncia dessas leis em casos concretos e historicamente individualizados.

    Este segundo argumento, na verdade, no implica uma rejeio do estabelecimento de

    referenciais tericos abrangentes e mesmo unificados nas Cincias Sociais. Ele apenas delimita

    o papel que poderia ser desempenhado por esses referenciais. Eles poderiam ser instrumentos

    utilizados na interpretao dos fenmenos concretos. No seriam capazes, no entanto, de

    substituir ou de tornar dispensvel a anlise emprica dos prprios fenmenos .

    O terceiro argumento utilizado por Weber para restringir a importncia dos pressupostos

    tericos mais gerais nas Cincias da Cultura na verdade um complemento do argumentoanterior. Os objetos das Cincias Sociais seriam definidos pelo atributo de possurem uma

    significao cultural, de estarem relacionados com idias de valor de sujeitos concretos. Como

    tais, esses objetos teriam, logicamente, que ser tomados como construes histricas

    individualizadas. A compreenso dessas construes particulares e a explicao de suas

    causas no poderiam ser feitas a despeito ou em contradio com o seu carter individual. A

    proeminncia teria que ser dada ao objeto concreto, com sua significao cultural e origem

    histrica especfica.Nos termos de Weber,

    quando se trata da individualidade de um fenmeno, o problema dacausalidade no incide sobre as leis, mas sobre conexes causaisconcretas; no se trata de saber a que frmula se deve subordinar o

    fenmeno a ttulo de exemplar, mas sim, a que constelao deve serimputado como resultado". (1993: 129).

    Os referenciais tericos gerais ou o conhecimento das leis da causalidade seriam,

    assim, apenas um instrumento a ser utilizado no trabalho de imputao causal.

    Weber observa ainda que quanto mais gerais, isto , abstratas so as leis, menos

    contribuem para as necessidades da imputao causal dos fenmenos ( 1993:129), justamente,

    por se afastarem demasiadamente de sua realidade concreta.

    Esses trs argumentos juntos compem o essencial da concepo weberiana relativa ao

    lugar que deve ser reservado aos pressupostos tericos ou metafsicos nas Cincias Sociais. Na

    verdade, esse lugar seria bastante restrito. Esses pressupostos poderiam, no mximo mesmo

    assim, na medida em que no fosse abstrato demais auxiliar o socilogo ou o historiador notrabalho prvio de formulao dos problemas e desenvolvimento inicial das hipteses. De certa

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    forma, essas filosofias sociais so vistas como sendo apenas um componente a mais do

    conjunto de vises de mundo, valores e convices pessoais que constituem as referncias do

    investigador .

    Essas ponderaes de Weber (1993) no implicam, no entanto, uma renncia

    possibilidade do conhecimento geral nas Cincias Sociais. Como j foi dito nas sees

    anteriores, Weber acredita na possibilidade e na relevncia do estabelecimento de regularidades

    nessas cincias. O conhecimento nomolgico, no sentido weberiano, , no entanto, algo

    completamente distinto do que aqui se est chamando de pressupostos tericos e filosficos

    gerais.

    Quando Weber (1993) fala da importncia do conhecimento das leis que presidem aos

    conhecimentos naturais nas Cincias Sociais, refere-se especificamente a conexes regularesentre elementos tpicos da realidade emprica, nada a mais do que isso. Essas conexes podem

    ter um carter mais ou menos abstrato conforme o pesquisador que as formule se oriente numa

    perspectiva mais sociolgica ou histrica. De qualquer forma, seriam reconstrues tipificadas

    puras e exageradas - de aspectos presentes na realidade concreta

    O que Weber (1993) exclui do campo das Cincias Sociais, ou pelo menos relega a uma

    posio bastante marginal, todo tipo de teorizao que se refira a dimenses, processos ou

    mecanismos sociais puramente abstratos, que no possam ser traduzidos em termos deconjuntos tpicos ou concretos de aes. No existiria espao na Sociologia weberiana para o

    desenvolvimento de conceitos ou sistemas de teorias que tenham como objeto dimenses no

    diretamente empricas dos fenmenos sociais.

    Weber (1993), certamente, desestimularia qualquer esforo no sentido de estabelecer um

    conhecimento geral e abstrato, vlido para qualquer configurao histrico-social, sobre a

    natureza dos sistemas sociais e de seus mecanismos internos de equilbrio ou mudana. Ao

    contrrio, ele est interessado em compreender como em diferentes situaes histricas,passveis de serem tipificadas, os homens orientaram suas aes de um modo que tornou

    possvel o estabelecimento de relaes sociais mais ou menos estveis. Da mesma forma, no

    plano microssociolgico,

    Weber (1993), sem dvida, no apoiaria iniciativas no sentido de estabelecer os

    mecanismos gerais subjacentes aos processos de interao social. No lhe interessariam teorias

    abstratas sobre o universo subjetivo ou sobre os processos inconscientes envolvidos nas

    interaes. Restringiria-se a compreender, no caso real ou em termos tpicos, o sentido visado

    pelos atores e as conseqncias intencionais ou no de suas aes.

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    O ponto fundamental o compromisso de Weber (1993) com o plano da ao social:

    tudo o que se encontra num plano analtico subjacente ou transcendente em relao ao da ao

    seria excludo do campo especfico das Cincias Sociais e reservado ao mbito filosfico. A

    nica dimenso dos fenmenos sociais que Weber reconhece como efetivamente real a das

    aes. Qualquer dimenso desses fenmenos que no possa ser traduzida em termos de aes

    afastada do campo cientfico.

    Definir a cincia social como uma cincia da realidade significa, portanto, para Weber, o

    mesmo que defini-la como uma cincia da ao social. claro que Weber no est pensando em

    aes isoladas. Partindo da ao social como unidade elementar, Weber reconstri

    conceitualmente todo o emaranhado de relaes sociais em que cada ao encontra-se,

    possivelmente, envolvida. Parsons (1968:653) observa que Weber produz um esquema geraldos tipos objetivamente possveis de estrutura social. So tipificadas as vrias formas, mais

    ou menos estveis, de relao social e definidos os modos tpicos de orientao das aes nessas

    relaes.

    O conceito fundamental, de qualquer forma, o de ao social. Esse conceito marca a

    especificidade, a fora, mas, tambm, os limites da perspectiva weberiana. Weber (1982) se

    limita a perguntar como, com que sentido e com quais conseqncias os sujeitos agem nas

    situaes histricas concretas, em mdia e no caso tpico. Essas seriam as nicas questespertinentes no mbito de uma Cincia Social da realidade.

    Ficam excludas questes centrais da teoria social. A maior delas talvez seja a da

    determinao do sentido da ao individual. O que faz com que um agente imprima

    determinada direo a sua ao? Como so selecionados os fins das aes? Como os agentes

    decidem entre cursos alternativos de ao? O que faz com que diante de uma mesma situao

    alguns ajam do modo racionalmente mais previsvel, enquanto outros se desviam e se orientam

    segundo os mais diversos princpios normativos? Qual o espao de autonomia do sujeito, frentes situaes sociais, na definio do sentido de sua ao?

    Weber (1982) se recusa a responder questes formuladas nesse nvel de abstrao. Os

    problemas levantados por elas s so tratados na medida em que puderem ser traduzidos para o

    plano da anlise concreta das aes sociais. Weber (1993) no pretende formular uma teoria

    abstrata da relao entre agentes e situaes, sujeitos e estruturas. A questo do grau em que a

    orientao da ao determinada pelas caractersticas objetivas da situao no colocada.

    Weber parte de agentes concretos, perseguindo fins estabelecidos em situaes historicamente

    dadas. No est disposto a produzir uma teoria geral sobre os fundamentos da ordem social.

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    CONCLUSOA Sociologia de Max Weber (1864 1920) a base da Sociologia no sentido da

    tipologia e compreenso objetiva. Weber estabeleceu a Sociologia compreensiva do significado

    subjetivo dos atos sociais. Para tornar este conhecimento objetivo, fundou a metodologia dos

    tipos-ideais e a afinidade eletiva das relaes causais.

    Weber elaborou um conjunto de categorias, como tipos de profecia, a noo de carisma

    (poder Sociologia e Economia Histricas espiritual), e outras categorias, que se tornaram

    ferramentas para lidar com material comparativo; tornando-se verdadeiro fundador da

    Sociologia comparativa. Como dissemos anteriormente, Weber sustenta que no existe

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    nenhuma lei universal da sociedade como existe para as cincias da natureza, nem uma lei da

    histria que determine o desenrolar das dinmicas mecanicamente.

    O objetivo da Sociologia weberiana o de entender os atos sociais a partir dos

    significados subjetivos dos atores racionais, no pretendendo estabelecer leis da sociedade ou

    da religio nem extrair a essncia dos atos sociais. Nem sequer pretende formular ou avaliar a

    funo social da religio no sentido marxista em que a religio o pio do povo e muito menos

    no sentido durkheimiano em que era a religio que mantinha a sociedade moral unida.

    A tipologia e a compreenso comparativa dos atos sociais dependem da construo

    terica do tipo-ideal atravs do pensamento. A compreenso objetiva dos atos religiosos, por

    outro lado, depende da anlise do juzo de valor acerca do significado subjetivo da ao social a

    partir do ponto de vista das idias assim como dos interesses materiais e mentais.Para evitar os juzos de valor, temos que distinguir aquilo que de aquilo que devia ser.

    A validade de uma pretenso tica no do foro da anlise social mas sim de conscincia e de

    crena. O critrio do juzo de valor imperativo e no depende de uma realidade emprica. A

    compreenso de aquilo que , por outro lado, envolve no s fatos empricos da ao social,

    mas tambm o significado subjetivo da ao social. A ao social no uma reao mecnica

    da lei dos interesses materiais mas a dinmica das idias e interesses que fornecem ao ator o

    significado consciente ou inconsciente da vida e do mundo. Por forma a compreender arealidade sociolgica, Weber afirma a importncia da idia que no pode ser reduzida sua

    componente de interesse material (Marx) nem sua funo social (Durkheim). Assim, para

    Weber no so as idias mas os interesses materiais e ideolgicos que governam diretamente as

    condutas dos homens embora freqentemente as imagens do mundo que foram criadas por

    idias determinaram as linhas ao longo das quais as aes foram orientadas por dinmicas de

    interesse.

    Dessa forma, a preocupao central do autor se concentra na estrutura de poder na

    sociedade. Weber sugere aspectos interessantes da relao entre a luta poltica das classes

    dominantes e a burocracia estatal. No entanto, poucas so as contribuies para a compreenso

    do fenmeno da burocracia privada, empresarial, na sua relao com a ao e a organizao

    poltica das classes dominantes. Weber parece concordar com que a repblica parlamentar o

    melhor arranjo poltico institucional para acomodar os interesses da burguesia e suas fraes, e

    das classes subalternas, apontando para as vantagens do sistema parlamentar na resoluo dos

    conflitos polticos e no controle do aparelho de Estado.

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    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    ARON, Raymond, As etapas do pensamento sociolgico. 3 ed. So Paulo: Martins Fontes,1990.

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