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A sombria história da “peste-gay”: a autoficção de Caio Fernando Abreu e o retrato do
estigma da AIDS no Brasil
Letícia Gonçalves Ozório Silva (UFGD)
Paulo Bungart Neto (UFGD)
Resumo: Na década de 1980, o mundo se viu abalado diante da nova epidemia que ameaçava
a humanidade: a AIDS. A maior ameaça, no entanto, consistia em lidar com o desconhecido,
uma vez que a doença se diferia de outras epidemias históricas por envolver mais que o corpo
físico e atingir também o gênero, a sexualidade, enfim, a subjetividade. Isso fez com que sua
repercussão na sociedade fosse extremamente conturbada, instaurando-se discursos de
intolerância que acabaram por oprimir os doentes, que eram encarados como merecedores de
uma espécie de castigo devido às práticas sexuais consideradas imorais. Nesse problemático
contexto, a maioria dos literatos brasileiros se esquivou do assunto, principalmente no que
tange a textos de caráter pessoal. Sobretudo, o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu não abriu
mão de incluir a AIDS em sua produção literária autoficcional, mesmo após ser diagnosticado
portador do vírus HIV. Sendo assim, analisando a epidemia para além da área biomédica e a
reconhecendo como fato histórico, e utilizando como corpus crônicas e contos publicados em
Pequenas epifanias (2012) e Ovelhas negras (2009), objetiva-se neste trabalho traçar a relação
entre esse contexto e a autoficção produzida por Abreu nas décadas de 1980 e 1990, no papel
de retratista do momento e desconstrutor de estigmas que envolviam as pessoas soropositivas.
O apoio teórico das reflexões se baseará na obra Ensaios sobre a autoficção (2014), organizado
por Jovita Noronha. Palavras-chave: Literatura; História; AIDS; Caio Fernando Abreu; Literatura Brasileira.
Abstract: In the 1980s, the world has been shaken by a new epidemic that began to threaten
the humanity: AIDS. The greatest threat, however, consisted in dealing with the unknown
aspects, because the disease differed from other historical epidemics by involving more than
the physical body, because it is related to gender, sexuality and, consequently, subjectivity.
These facts contributed to an extremely troubled repercussion of AIDS in the society, bringing
and exposing discourses of intolerance that eventually oppressed the patients, as if they shall
deserve it, in a kind of punishment due to sexual practices considered immoral. In this
problematic context, the majority of Brazilian writers avoided the subject, especially in texts
with a personal approach. Above all, the writer Caio Fernando Abreu did not hesitate to include
the theme of AIDS in his autofictional literary production, even after being diagnosed with
HIV. Thus, analyzing the epidemic beyond the biomedical area and recognizing it as a
historical fact, and using chronicles and short stories published in Pequenas epifanias (2012)
and Ovelhas negras (2009), the purpose of this work is to trace the relationship between this
context and the autofiction produced by Abreu in the 1980s and 1990s, as a portraitist of that
moment and a writer who helped to break prejudice involving seropositive people. The
theoretical support of the reflections will be based on the work Ensaios sobre a autoficção
(2014), organized by Jovita Noronha.
Key-words: Literature; History; AIDS; Caio Fernando Abreu; Brazilian Literature.
Introdução
As pesquisas no campo da medicina e da biologia remontam a origem da AIDS a uma
espécie de chipanzés africanos que portavam o vírus SIV (vírus da imunodeficiência símia).
Quando estes eram capturados por caçadores, iniciavam uma luta corporal na tentativa de
resistência, e assim que abatidos, eram jogados sobre as costas destes homens, o que fazia com
que o sangue dos ferimentos de ambos se misturasse e o vírus SIV sofresse mutações no corpo
humano, transformando-se no mortal HIV. Entretanto, os casos de AIDS nesta época não foram
estudados. Na década de 1970 quando se iniciaram as guerras de independência de diversos
países africanos, estima-se que o vírus da AIDS tenha chegado até à Europa e à América.
No final da década, a doença começa a entrar para o imaginário público, pois foram
detectados alguns casos de uma “doença misteriosa” em jovens homossexuais nos Estados
Unidos. Apenas em 1982 as pesquisas evoluíram ao ponto de cunharem a sigla AIDS (acquired
immuno deficiency syndrome, em português: síndrome da imunodeficiência adquirida) e
finalmente substituir o nome pelo qual a doença vinha sendo chamada: GRID, sigla de gay-
related immune deficiency (em português: deficiência imunológica relacionada aos gays).
Desde então percebia-se uma grande onda discriminatória contra os homossexuais e a criação
de um estigma que ligava a sexualidade à doença, com um tom moralista e preconceituoso.
Quando a doença chegou ao Brasil, a falta de conhecimento da população e o discurso
preconceituoso vinculado pela mídia consolidou um clima de segregação das vítimas. Diante
dessa situação, várias pessoas públicas como artistas, intelectuais, jornalistas e escritores
optaram por não se manifestar a respeito do tema. Os próprios homossexuais e os soropositivos
mantiveram o silêncio. Contudo, o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu encarou essa barreira
e tornou-se o primeiro literato a abordar o tema em seus romances, contos e crônicas, além de
registrar em um arquivo de cartas sua própria vivência com o vírus HIV.
Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo reconhecer, primeiramente, a AIDS
como um momento histórico de grandes consequências para os indivíduos e também para a
sociedade, e assim, mostrar como Caio Fernando Abreu produziu um retrato deste momento
no Brasil, analisando tanto em nível de obra literária como de trajetória pessoal, além de
destacar a importância do discurso desconstrutor de estigmas do qual o escritor nunca abriu
mão.
A AIDS na história: o coletivo e o individual
Quando foram registrados os primeiros casos de AIDS em meados de 1980, a falta de
literatura médica que amparasse as explicações sobre a doença e, consequentemente, orientasse
ao melhor modo para lidar com ela, fez com que se recorresse à história das grandes epidemias
que assolaram a humanidade. Porém, um dos grandes problemas ao se criar analogias com
epidemias do passado é que, segundo Bessa (1997), estabelece-se uma espécie de roteiro a ser
seguido, um repertório de ações, reações e corretivos que geram diversos tipos de preconceito,
além de priorizarem o coletivo em detrimento ao individual, desconsiderando as peculiaridades
da nova doença:
A AIDS é um fenômeno preeminentemente moderno, a “doença” do final do
século XX. Mas também é um fenômeno notavelmente historicizado, seguido
por histórias que criam e moldam as respostas a ele, e sobrecarregam as
pessoas com HIV e AIDS com um peso do passado que elas não deveriam ter
de sustentar. (WEEKS apud BESSA, 1997, p.133).
Outro problema desse retorno ao passado e a inclusão da AIDS no grupo das grandes
epidemias históricas é que estas sempre foram encaradas como “pestes”, o que ultrapassa o
nível físico e recai em uma questão ideológica perigosa: as pestes são vistas como uma espécie
de castigo imposto a um determinado grupo. A metáfora da peste se agrava no caso da AIDS,
uma vez que a principal forma de contração do vírus é através da relação sexual e, até o
momento em questão, o grupo de maior incidência da doença eram os homossexuais, ou seja,
grupo que era visto como infrator dos códigos de conduta e moral religiosa estabelecidos pela
sociedade.
Além disso, por ser uma enfermidade que parte do individual para o coletivo, os
indivíduos castigados representam uma ameaça aos demais, tanto por não corresponderem às
mesmas leis morais quanto por simbolizarem o desconhecido, o estrangeiro capaz de espalhar
suas mazelas entre os “inocentes”. Assim, a resposta social ao HIV caminhou no sentido de
eleger culpados.
Pode-se dizer que a consolidação e a difusão destes estigmas se deram principalmente
pela mídia (em especial as revistas veiculadas semanalmente), visto que ela foi a responsável
por repassar a informação de fora para a maioria da população brasileira, que já não tinha base
científica sólida sobre a doença para se apoiar e que raramente havia conhecido, naquela
ocasião, alguém soropositivo. Segundo Bessa, em Histórias Positivas: A literatura
(des)construindo a AIDS (1997):
(...) a mídia teve um papel de grande importância, pois, em uma época em que
não existiam uma literatura médica disponível, iniciativas governamentais e
não-governamentais e, muito menos casos de doentes no país, ela foi o único
meio de informação... (BESSA, 1997, p. 20).
No entanto, as notícias e informações veiculadas tinham caráter ideológico, moralista e
eram demasiadamente minuciosas, com um tom dramático e romanesco, com personagens bem
marcados e a velha história de “vilões” e “mocinhos” que acabou conquistando o público e,
consequentemente, influenciando na construção do imaginário popular sobre a epidemia. Eis o
ponto em que a AIDS se diferiu das demais epidemias da humanidade: ela vai além do caráter
biomédico, é uma “epidemia discursiva” (BESSA, 1997 p. 55), uma vez que não atingiu os
doentes apenas no nível físico, mas também psicológico e sentimental, devido ao discurso
discriminatório que se espalhou.
Levando em consideração justamente essas características peculiares da AIDS,
Nascimento procura analisar suas particularidades em As pestes do século XX: tuberculose e
AIDS no Brasil, uma história comparada (2006), compreendendo-a muito além do conceito
patológico, e sim como elemento histórico socialmente construído que extrapola os limites do
discurso biomédico e se caracteriza como evento social que impactou seu contexto histórico e
cultural.
Nascimento inicia a revisão histórica da AIDS elencando o aparato metodológico que
os historiadores vinham utilizando para tratar das questões sobre as doenças. As abordagens
mais antigas se davam através da história da medicina, que ficava restrita à produção de teorias
meramente descritivas das enfermidades, e da epidemiologia histórica que encarava as doenças
como entidades naturais e espontâneas às quais a humanidade está sujeita, ignorando o corpo
como individualidade e tratando-o apenas como objeto de estudo e contabilização
epidemiológica. No entanto, ambas as abordagens traziam prejuízos ao estudo das doenças,
pois não levavam em consideração a história pessoal, desvinculando-a da história geral e, dessa
forma, negligenciando as importantes e complexas relações da enfermidade e do enfermo com
seu contexto histórico, social e cultural.
Na verdade, essas metodologias apresentadas até então pela autora se enquadram em
visões tradicionalistas da historiografia. Adriana Clímaco, em História e Ficção em Santa
Evita, já rebate esse tipo de abordagem que reduz a história a uma “ciência do passado”,
argumentando que o objeto da história não é o passado propriamente dito, mas sim a existência
dos homens no tempo, o que também pode estender-se à história da AIDS, uma vez que não é
a doença o foco da história, mas sim o modo como ela afetou a sociedade:
Embora este (o passado) tenha grande importância para a história, esta se
volta para a existência humana no tempo, dado que os seres humanos são
históricos justamente por estarem inseridos no ponto de intersecção entre
tempo e espaço (CLÍMACO, 2014, p.22).
Para Clímaco, a função da história seria, portanto, levar os indivíduos à compreensão
da sociedade na qual eles têm de viver e lhes mostrar um grande número de fatos sociais
(CLÍMACO, 2014, p. 24). Nascimento também corrobora dessa visão da história, tanto que,
após as abordagens tradicionalistas, apresenta o conceito da Nova História, que refuta a noção
de fato histórico como algo acabado e completo, e passa a englobar em seus estudos o uso de
depoimentos, fotografias e outros documentos não-convencionais a fim de construir uma
história mais voltada às relações sociais. Essa nova perspectiva abriu espaço para se repensar,
entre outras coisas, o corpo e a sexualidade, e é a partir dela que Nascimento propõe,
definitivamente, a abordagem da AIDS como objeto de estudo da história (NASCIMENTO,
2006, p. 47).
Partindo dessa nova perspectiva sobre a história, Lindinalva Laurindo
Teodorescu e Paulo Roberto Teixeira se dedicaram à produção da obra intitulada Histórias da
AIDS no Brasil (2015), que reúne o primeiro estudo completo da história da epidemia no Brasil
e abarca desde o surgimento e seu impacto social até as políticas públicas de saúde em relação
à doença. Sobretudo, o que se destaca nessa obra desde o título (“Histórias”, no plural) é a
preocupação com a pesquisa sociológica e o recolhimento de dados a partir de entrevistas com
doentes, familiares, médicos, etc., valorizando assim as narrativas pessoais, a memória
individual e as experiências particulares, o que fez os autores chegarem à seguinte conclusão,
expressada logo no prefácio: “Percebemos, então, que, na verdade, não se tratava da história
da AIDS, mas de histórias dessa epidemia no Brasil” (TEODORESCU E TEIXEIRA, 2015,
p.16).
Uma vez que a epidemia teve impactos no âmbito social e cultural, ela repercutiu na
produção artística da época que, por diversas vezes, também foi perpassada pela temática da
AIDS e, assim, abriram-se as portas para analisar a relação da história com essas fontes. No
presente artigo, serão eleitas como fontes a literatura ficcional e a memória construída através
do arquivo. No entanto, é preciso delimitar algumas fronteiras.
Sabe-se que não é da natureza da literatura estabelecer compromisso com o real. Aliás,
quando se fala em literatura, surge a associação imediata com o ficcional, ou seja, o inventado.
Sendo assim, como pode a literatura se relacionar com um momento histórico, considerando
que a história necessita de fontes reais, de fatos comprovados? Clímaco levanta essa discussão,
ponderando que a ficção cria mundos possíveis, porém, que partem sempre do mundo real,
sendo assim uma representação dele:
Em suma, a ficção é uma criação que se realiza a partir dos atos de fingir de
seleção, de combinação e de autodesnudamento. Assim, o mundo é
representado no texto como se fosse real. O discurso ficcional difere do
histórico, entretanto história e ficção têm grande produtividade na literatura
(CLÍMACO, 2014, p. 44).
Ou seja, história e ficção não devem ser tratadas de igual para igual, pois possuem
naturezas diferentes, porém, a narrativa ficcional pode servir como representação da história.
Por outro lado, aqui também será analisada a relação do arquivo com a história. Então,
se faz necessário ressaltar que, segundo Derrida, em Mal de arquivo: uma impressão freudiana
(2001), o arquivo é o locus da memória, é espaço de armazenamento de registros marcados
pela temporalidade, carrega e conserva o passado até o porvir, e após a consolidação da
psicanálise a memória não pode mais ser encarada de forma incauta, uma vez que os arquivos,
os registros guardam o passado, ela está totalmente vinculada à história.
Um exemplo do vínculo da memória com a história é o que Seligmann-Silva aborda em
História, memória e literatura: o testemunho na era das catástrofes (2003), em que mostra
como o holocausto desafiou a historiografia tradicional devido ao fato de que a memória,
através do testemunho dos que sobreviveram, exerceu papel decisivo na compreensão desses
fatos históricos. Segundo o autor, a historiografia tradicional se pautava em verdades que
caíram por terra durante o século XX, uma vez que este se viu marcado por grandes catástrofes,
guerras e genocídios. A desconfiança em torno de discursos universais resultou na valorização
das experiências individuais e comunitárias ligadas ao mesmo locus afetivo, deixando de lado
a tradução integral do passado para dar lugar à ascensão da memória. Em outras palavras,
passou-se a questionar as “grandes narrativas” que acabavam por ser generalizantes e
excludentes, dando espaço para outras narrativas mais voltadas para o eu, colocando a
experiência particular em detrimento à universal (SELIGMANN-SILVA, 2003, p. 65).
Considerando a epidemia da AIDS como uma das catástrofes do século XX, depara-
se, portanto, com um duplo impasse: primeiro, é necessário abrir mão da visão tradicional da
história que limitaria a doença a uma história biomédica e encará-la como um fato histórico
com consequências sociais e culturais. Em segundo lugar, concordando com a ideia de
Seligmann-Silva, se faz necessário também dar abertura para narrativas pessoais que forneçam
material suficiente para compreender o impacto da epidemia na vida cotidiana, nas vivências
particulares, etc.
No entanto, no caso específico da AIDS no Brasil, onde se verificou toda a situação de
preconceito e exploração midiática supracitada, as narrativa literárias, sobretudo pessoais, se
tornaram material raro, já que o clima de desconhecimento e intolerância fez com que a maioria
dos literatos da época se abstivesse do tema. Todavia, Caio Fernando Abreu, escritor gaúcho
diagnosticado soropositivo nos anos 1990, nadou contra essa corrente e não abriu mão de
manter o tom confessional e intimista pelo qual suas obras se caracterizavam e foi além: se
tornou o primeiro escritor brasileiro a incorporar o tema da AIDS em suas narrativas e a deixar
um arquivo literário repleto de cartas que retratam a sua experiência com a doença no fatídico
momento histórico de epidemia.
A AIDS na vida e na obra de Caio Fernando Abreu
No prefácio do livro Caio Fernando Abreu: Cartas (2002), o organizador Ítalo Moriconi
compara Caio Fernando a Cazuza e Renato Russo, apontando a intersecção no fato de que eles
ultrapassaram a barreira de sua produção artística e tiveram a própria a trajetória de vida como
símbolo de luta contra o preconceito, a homofobia e a AIDS, o que foi bastante influente na
evolução da mentalidade crítica do brasileiro em relação a essas questões. É justamente essa
assertiva que serve de justificativa para eleger Caio Fernando Abreu como objeto de estudo do
reflexo da epidemia de AIDS no Brasil, uma vez que é possível visualizá-lo tanto na sua
trajetória de vida, através de seus registros pessoais (arquivo), quanto na sua obra literária, o
que já foi reconhecido por Hohlfeldt, em O conto brasileiro contemporâneo (1988): “Caio
Fernando Abreu oferece importante contribuição às letras brasileiras justamente por enfocar,
com perspectiva própria, o drama que então se vivia no momento mesmo de sua ocorrência”
(1988, p.145).
Uma vez que Caio sempre priorizou uma escrita intimista, suas experiências pessoais
repercutiam diretamente na sua escrita ficcional. Em 2002, foi lançada uma edição póstuma
onde está reunida a maioria das cartas enviadas por Caio Fernando Abreu. O volume conta com
cartas que vão de 1965, quando o escritor ainda adolescente deixou a vida rural na pequena
Santiago do Boqueirão, no interior do Rio Grande do Sul, e foi estudar em Porto Alegre, até o
começo de 1996, ano de sua morte. Essas cartas têm uma grande importância no estudo da obra
do escritor gaúcho, principalmente no que tange à experiência com a AIDS, pois são a
correspondência real do que o autor ficcionalizou no literário, ou seja, elas constituem um
arquivo literário de Caio Fernando.
Através das cartas, é possível constatar que o escritor gaúcho não foi apenas mais uma
vítima da doença: como resultado de integrar a geração que inaugurou a epidemia da doença
no Brasil e de toda a falta de informações sérias, mídia compromissada com a ética, amparo
científico, governamental e até mesmo psicológico para lidar com o vírus HIV na época, Caio
vivenciou a AIDS de diversas formas ao longo de sua vida e isso teve reflexo direto na sua
produção literária.
A primeira fase da vivência de Caio Fernando com a AIDS inicia-se logo com o contato
incipiente com a doença. Desde o início dos anos 1990, rumores, especulações e relatos de
alguns casos sobre a AIDS vindos do exterior chegavam ao Brasil. Em 1982 registra-se o
primeiro caso de infecção pelo vírus HIV no país, e em 1983 a primeira morte que veio a
público: Marcos Vinícius Resende, conhecido como Markito, um dos estilistas mais influentes
no Brasil na década de 1970, morreu em Nova Iorque, onde estava tentando se tratar. O caso
chocou o Brasil, e nos dias que se seguiram à morte do estilista, os jornais já exploravam a
ideia da AIDS, em manchetes como a da Folha de São Paulo de 8 de junho de 1983, que dizia
“Doença dos Homossexuais atinge o país”, artigo no qual se relatava outros dois casos de AIDS
no Brasil. Caio Fernando começa a representar o impacto desse assunto em uma carta destinada
à Jacqueline Cantore, de junho de 1983:
Avelina, argentina, liiiiiiinda, só veste branco, uns 40 anos, desenhista de
moda (chorou muito ontem quando vimos a morte de Markito – ao que se
sabe por AIDS, a peste gay, depressão) (ABREU, 2002, p. 44).
E, mais tarde, retoma esse evento na introdução de sua marcante crônica intitulada “A
mais justa das saias”, publicada em sua coluna no Jornal O Estado de S. Paulo, no ano de 1987:
A primeira vez que ouvi falar em aids foi quando Markito morreu. Eu estava
na salinha de TV do velho Hotel Santa Teresa, no Rio, assistindo ao Jornal
Nacional. “Não é possível” — pensei — “Uma espécie de vírus de direita, e
moralista, que só ataca aos homossexuais?” (ABREU, 2006, p. 44).
Caio reproduz, desde a primeira carta, o nome pelo qual a doença ficou conhecida na
época, mesmo que ainda não houvesse informações satisfatórias sobre ela. A ideia de “peste
gay” foi abraçada pela sociedade conservadora como uma espécie de castigo aos homossexuais
e difundida graças a notícias com teor discriminatório que imperaram na imprensa, como no
título em destaque no Jornal Notícias Populares, de 12 de junho de 1983: “Peste-Gay já
apavora São Paulo”. Teodorescu e Teixeira também discorrem sobre essa situação em Histórias
da Aids no Brasil (2015):
A imprensa marrom não hesitava em produzir manchetes jocosas contra os
homossexuais, e foi logo denunciada pelos militantes gays. Um caso chocante
na época foi a edição de uma capa da revista “Isto É”, que estampava a
fotografia de um paciente de aids. O fundo da capa, todo em cor-de-rosa,
servindo de moldura à fotografia do doente, causou grande escândalo
(TEODORESCU E TEIXEIRA, 2015, p. 40).
Instaurou-se um clima de “caça às bruxas”, agravando os níveis de preconceito e
discriminação, o que simbolizou um grande retrocesso na luta pelos direitos dos homossexuais,
que havia progredido nos últimos anos. A perseguição não foi metafórica. Em 20 de novembro
de 1984, o Jornal O Dia traz a seguinte manchete: “Povo de Sidnei caça os gays por temor a
AIDS”, o que representou apenas mais um caso em meio à onda de violência contra gays e
travestis registrada nos anos 1980. Caio Fernando aborda essa situação pela primeira vez em
uma crônica publicada no Jornal do Brasil em 1985:
Pouco importa não saber ao certo de onde veio o vírus maldito. As hipóteses
não atenuam o fato: a coisa existe. E mata. Pior ainda: estimula a níveis
dementes o preconceito contra a mais castigada das minorias. Há qualquer
coisa de nazismo no ar. Qualquer coisa de fogueiras medievais para queimar
os feiticeiros. Talvez consigam, lenha é o que não falta (ABREU, 1985, p.
30).
O pânico do contato físico e do relacionamento afetivo, bem como a abstenção sexual
dos homossexuais, representaram a consolidação do discurso da AIDS. Pânico este do qual o
próprio Caio foi vítima, como se pode observar através do que ele relata em carta destinada à
Maria Lídia Magliani, já no início dos anos 90: “(...) bom que você tem um namorado. Eu não,
há tanto tempo. Essa coisa de Aids realmente...” (ABREU, 2002, p.180). Objetivamente, Caio
declarou seu medo em carta a Luciano Alabarse, ao saber da contaminação de um amigo em
1985:
Diagnóstico: AIDS. É então, quando essa peste começaa sair das páginas dos
jornais para atingir pessoas conhecidas, que você pára e pensa “meu Deus, a
tal doença parece que existe mesmo”. E dá medo. Porque te ameaça no que
você tem de mais precioso: a sexualidade. Medo, medo, medo. Eu ando
inteiramente casto. Na verdade, já há algum tempo, desde que conheci o
Pedrinho [...], em julho. O último contato sexual foi com ele mesmo,
comecinho de dezembro passado (ABREU, 2002, p. 90).
Em 18 de julho de 1983, a Folha de São Paulo já noticiava o pânico causado pela
doença. Em texto de alto de página, lê-se “A AIDS torna-se psicose coletiva” e a matéria dá
atenção ao estado de alerta e tormento em que, principalmente, os norte-americanos se
encontravam com o agravamento da epidemia, além de designar os grupos de risco:
homossexuais masculinos, drogados por picadas intravenosas, pessoas sujeitas à hemorragia
por atraso da coagulação sanguínea, e até mesmo haitianos.
No entanto, é preciso destacar que, enquanto muitos homossexuais permaneceram
silenciados diante dessa situação, outros, como o próprio Caio Fernando, partiram em defesa
da ideia da desvinculação da doença de sua orientação sexual. Segundo Teodorescu e Teixeira
(2015): “Diante das notícias originárias dos Estados Unidos afirmando que a nova doença
atingia principalmente homossexuais masculinos, o ativismo homossexual tomou a frente na
luta contra a aids, cobrando respostas rápidas das autoridades da saúde” (TEODORESCU e
TEIXEIRA, p. 41).
Sentindo o peso de seu papel como figura pública e cronista de um jornal de grande
circulação, no ano em que Caio começou a escrever para o jornal O Estado de S. Paulo,
publicou a crônica intitulada “A mais justa das saias”, aqui já citada, em que buscava
desconstruir a ideia da relação entre AIDS e (homo)sexualidade, e manifestar a sua
preocupação com a repressão sexual que ela causou:
Você gostaria de viver num mundo de zumbis? Eu, decididamente não. Então
pela nossa própria sobrevivência afetiva — com carinho, com cuidado, com
um sentimento de dignidade — ô gente, vamos continuar namorando. Era tão
bom, não era? (ABREU, 2006, p. 45).
Foi nesta atmosfera que Caio Fernando Abreu escreveu a novela “Pela Noite”, parte
integrante do livro Triângulo das Águas (2010), originalmente publicado em 1983. Segundo
Bessa, a novela se destaca como o primeiro texto da literatura brasileira a falar de AIDS (2002,
p.111). O enredo se passa em uma noite paulistana de sábado, onde os personagens Pérsio e
Santiago se envolvem em um jogo de sedução. Embora atraídos um pelo outro, durante a noite
em que se desenrola a história, eles resistem à relação física, apenas compartilham experiências
e impressões de mundo. Santiago advém de uma relação homoafetiva que durou dez anos,
sendo interrompida apenas pela morte do companheiro (subentendido como soropositivo) e é
bem resolvido com sua sexualidade. Pérsio, por outro lado, é extremamente rendido aos
estereótipos gays ditados pela mídia da época: reprime sua sexualidade devido ao preconceito
que sofria desde a infância, quando ainda nem a havia consolidado. Além disso, internalizou
muitos paradigmas, como o nojo do próprio corpo e do ato sexual, além da ligação da relação
homossexual com a “peste gay”: “Tenho milhões de medos. Alguns até mais graves. Medo de
ficar só, medo de não encontrar, medo de AIDS. Medo de que tudo esteja no fim, de que não
exista mais tempo para nada. E da grande peste” (ABREU 2010, p.180). O personagem segue
o raciocínio: “a AIDS é doença de gays/ a relação homossexual é suja”. Apenas quando
Santiago ajuda Pérsio a desconstruir esses estigmas é que eles finalmente se entregam à paixão
quando a manhã chega.
No conto, a noite simboliza uma fase atribulada e perturbada que se encerra apenas com
o amor que traz a calmaria e a redenção da manhã. Assim como em outros contos de Caio
Fernando, o amor representa o agente capaz de curar os males causados pela repressão e pela
peste. Este desfecho, comum a alguns de seus contos, reflete a visão romântica na qual o
próprio Caio baseou sua vida, como ele relata em carta a Sérgio Keuchgerian:
E toda essa peste, meu amigo. O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou
a esperança dessa coisa, “esse lugar confuso”, o Amor um dia. E de repente
te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de
amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos 36 anos, tão pouco. Nem vivi
nada ainda. E não sou, sequer promíscuo. Dum romantismo não pós, mas pré
todas as coisas — um romantismo que exige sexualidade e amor juntos
(ABREU, 2002, p.122).
Em 1988, é lançado Os Dragões Não Conhecem o Paraíso, livro que reúne treze contos
carregados de um tom de desilusão e que retratam o ser humano em sua crua falência, trazendo
personagens e histórias que se passam no que Caio chamou de “mundo de zumbis”, no qual a
AIDS aparece nas entrelinhas. O conto que inicia o livro, intitulado “Linda, uma história
horrível”, mostra o silêncio e a solidão que encobrem a temática da AIDS. Nele, um homem
visita sua velha mãe depois de uma longa temporada, depara-se com a decadência e a solidão
da velhice e acaba por se identificar com a situação devido ao seu estado de saúde. Os sintomas
descritos no conto (perda de cabelo, fraqueza, emagrecimento, manchas na pele) indicam a
condição soropositiva do personagem, que não tem coragem de assumir a doença para a mãe.
O conto “Dama da noite” é o ponto mais alto da representação do medo do toque, do
pânico do contato, dos reflexos da AIDS na sociedade, que tanto preocuparam Caio Fernando
Abreu. Nele, a figura de uma mulher adulta, conhecida como dama da noite, derrama, em um
adolescente que acabara de conhecer em uma boate, todas as angústias e frustrações de sua
geração, além de acusar a geração dele de ser superficial e não ter realmente vivido, de ter sido
fruto dos estereótipos estipulados pela sociedade:
A gente teve a ilusão, mas vocês chegaram depois que mataram a ilusão da
gente. Tava tudo morto quando você nasceu, boy, e eu já era puta velha. Então
eu tenho pena. Acho que sou melhor, só porque peguei a coisa viva [...] Você
não viu nada, você nem viu o amor. Que idade você tem, vinte? Tem cara de
12. Já nasceu de camisinha em punho, morrendo de medo de pegar aids. Vírus
que mata, neguinho, vírus do amor. Deu a bundinha, comeu cuzinho, pronto:
paranoia total. Semana seguinte, nasce uma espinha na cara e salve-se quem
puder: baixou Emílio Ribas. Caganeira, tosse seca, gânglios generalizados. Ô
boy, que grande merda fizeram com a tua cabecinha, hein? Você nem beija
na boca sem morrer de cagaço. Transmite pela saliva, você leu em algum
lugar. Você nem passa a mão em peito molhado sem ficar de cu na mão.
Transmite pelo suor, você leu em algum lugar. Supondo que você lê, claro.
Conta pra tia: você lê, meu bem? Nada, você não lê nada. Você vê pela tevê,
eu sei. Mas na tevê também dá, o tempo todo: amor mata amor mata amor
mata. Pega até de ficar do lado, beber do mesmo copo. Já pensou se eu
tivesse? (ABREU, 2014, p. 68).
Sobretudo, a aura de desilusão que reinava novamente se abala diante da possibilidade
do amor: “Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio
desse lixo todo procuro O Verdadeiro Amor. Cuidado comigo: um dia encontro” (ABREU,
2014, p.70).
A produção literária de Caio Fernando Abreu nos anos 80 é então marcada por suas
impressões, frutos de experiências pessoais, ainda que indiretas, com a doença que acabara de
surgir, mas que já deixava rastros devastadores nas configurações identitárias dos jovens da
época. Os anos 1990 chegam, e trazem a AIDS cada vez mais para perto do escritor, que via
amigos e conhecidos terem suas vidas ceifadas por ela, além de ter sua própria saúde bastante
fragilizada nos últimos anos, fato que o fazia desconfiar de também ser portador do vírus,
mesmo sem nunca ter superado o medo de fazer o que ele chamava de “O Teste”, como conta
em carta à Maria Lídia Magliani:
Tenho achado viver tão bonito. Talvez porque ande, como nunca, perto da
idéia da morte. Continuo naquela ciranda de antibióticos (o terceiro) e as
orelhas, embora melhores, purgando coisas. Acho que sim, que como você
diz são as nojeiras que ouvi durante toda a vida. Está limpando. Mas,
objetivamente, a Sandra-médica está começando a considerar a idéia,
também, de fazer O Teste. E eu não sei se quero. Seria como querer um papel
timbrado, firma reconhecida, dizendo que vou ser atropelado (“por esse trem
da morte”, como dizia Cazuza) daqui a algum tempo. Sei lá (ABREU, 2002,
p.197).
Pouco tempo depois, o quadro de saúde de Caio se agrava e ele decide realizar o teste.
A primeira pessoa a quem o escritor escreveu para contar a infeliz novidade de descobrir-se
soropositivo foi a mesma amiga, Maria Lídia, em 16 de agosto de 1994. Nesta carta, relata seu
surto psicótico quando soube da notícia, porém, afirmou que já estava “melhor e sereno”,
recebendo muitas visitas no hospital. Caio conta que, segundo exames, ele já era portador do
vírus há dez anos, o que explicava vários quadros de infecções e saúde constantemente
fragilizada durante esse período. A fim de tranquilizar a amiga e finalizar a carta, faz uma
nota bastante peculiar: “Não se preocupe. Não fique triste. Tudo me parece muito lógico: Que
outra morte eu poderia ter? É a minha cara!” (ABREU, 2002, p. 281).
A partir deste ponto, a produção literária de Caio diminui consideravelmente. Nos dois
anos que se passaram entre a primeira crônica a respeito do tema e sua morte, o autor dedica-
se à traduções de seus livros que foram publicadas no exterior, às crônicas dos jornais e à
organização de seu último livro, Ovelhas Negras (2011), composto por contos nunca
publicados, escritos no decorrer de sua vida. O livro, ao contrário do que se esperava pela
mídia, não aborda a AIDS, exceto em seu último conto, intitulado “Depois de Agosto”, que
narra a história de um homem recém-saído do hospital, ainda doente e com baixas expectativas
a respeito do que a vida ainda podia lhe reservar, acaba por se surpreender ao encontrar um
novo amor, alguém que também estava à beira da morte.
Em “Depois de Agosto”, o personagem encontra alívio para seus últimos dias no amor.
Novamente, Caio Fernando expressa sua fé incansável no poder do afeto para combater os
males da vida. Embora nunca tenha registrado em carta qualquer relacionamento amoroso
durante seu combate contra o HIV, o papel de curativo das relações pessoais foi diversas vezes
exaltado nas cartas, tomando aqui como exemplo uma das últimas, destinada a Mario Prata,
em 1995:
Ando bem, mas um pouco aos trancos. Como costumo dizer, um dia de salto
sete, outro de sandália havaiana. E preciso ter muita paciência com esse vírus
do cão. E fé em Deus. E falanges de anjos-da-guarda fazendo hora extra. E
principalmente amigos como você e muitos outros, graças a Deus, que são
melhores que AZT (ABREU, 2002, p. 302).
Paralelamente, Caio Fernando aproveitou sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo
para publicar uma série de quatro crônicas, que ele chamou de “cartas” devido ao tom de
confessionalidade e cumplicidade estabelecida com o leitor, em que relata seu cotidiano com a
AIDS. A primeira, “Carta para além dos muros”, mostra-se bastante enigmática, descrevendo
um acontecimento estranho em sua vida que vinha lhe causando angústia, dor e sofrimento,
mas não revela do que se trata. Em “Segunda carta para além dos muros”, o assunto torna-se
um pouco mais claro, relatando o cotidiano no hospital, impressões sobre o ambiente, mas é
apenas em “Última carta para além dos muros” que Caio Fernando Abreu assume
publicamente sua doença. Por fim, “Mais uma carta para além dos muros” foi publicada um
dia antes da sua morte, em um tom mórbido de despedida, no qual o escritor propõe reflexões
a respeito da morte, uma vez que já caminhava para ela.
Considerações Finais
A epidemia da AIDS foi, sem dúvidas, uma epidemia de números biomédicos
alarmantes, mas para compreender efetivamente suas proporções é necessário reconhecê-la
como um momento histórico de grande impacto social, que afetou as pessoas de diversas
formas, abalou a configuração da sociedade no que se diz respeito à sexualidade e deu margem
para a manifestação de preconceitos e construção de estigmas baseados em padrões ideológicos
impostos.
Caio Fernando Abreu exemplifica muito bem esse contexto histórico. O escritor teve
sua vida pessoal e sua produção literária marcadas pela epidemia, uma vez que, em sua obra
ficcional, é possível observar uma representação da AIDS na sociedade brasileira e, em seu
arquivo de cartas, perceber o impacto causado nos indivíduos que a viveram.
Tanto nas cartas quanto em sua ficção, Caio construiu um retrato da epidemia e de seu
impacto social, assumindo a responsabilidade de ser o primeiro literato a abordar o assunto, o
que significou, logo depois, expor a própria vida em função de romper o silenciamento de toda
uma camada marginalizada da sociedade, pois representou a AIDS do ponto de vista do olhar
dos homossexuais e dos soropositivos.
O medo, o preconceito, a culpa e a desilusão foram temas recorrentes na escrita de Caio
Fernando Abreu e que motivaram a identificação pessoal por parte de inúmeros leitores. No
final de sua vida, porém, o escritor foi além, e escreveu sobre esperança e resistência,
transmitindo a ideia de que nunca é tarde demais para um soropositivo.
Referências
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2002.
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