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A sugestopedia de Lozanov aplicada a Aprendizagem Acelerada Aprendizagem Acelerada Cientistas já comprovaram, através de pesquisas, que há um “estado ótimo para a aprendizagem” e que este estado pode ser obtido através do relaxamento bioenergético associado à música adequada. A técnica de sugestopedia desenvolvida na década de 60 pelo psiquiatra educador Giorgi Lozanov baseia-se na idéia de que as informações percebidas pelos sentidos, quando a mente se encontra em estado de vigília relaxada (ondas alfa cerebrais) são registradas na memória profunda de longo prazo. Lozanov constatou também que algumas músicas têm a propriedade de facilitar a memorização de informações a longo prazo. É como se o cérebro “abrisse seus filtros” mais facilmente para a música do que para qualquer outro tipo de informação. Segundo ele, a música barroca é a mais indicada para isso, com suas 60/70 batidas por minuto. Utilizava a música em três etapas: primeiro para relaxar, levando o aluno a um estado de vigília relaxada (diferente do sono). Depois de forma dinâmica, usando músicas bem expressivas para passar as informações. E, finalmente, para fixar a informação usando, preferencialmente música barroca. As técnicas do relaxamento já eram utilizadas há mais de dois mil anos pelos antigos iogues. Utilizavam como “cura” extremamente eficaz para tranqüilizar a mente e o corpo. Através de exercícios respiratórios se reduz o ritmo dos batimentos cardíacos trazendo a tranqüilidade e a serenidade importantes para

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A sugestopedia de Lozanov aplicada a Aprendizagem Acelerada

Aprendizagem Acelerada

 

Cientistas já comprovaram, através de pesquisas, que há um “estado ótimo para a aprendizagem” e que este estado pode ser obtido através do relaxamento bioenergético associado à música adequada.A técnica de sugestopedia desenvolvida na década de 60 pelo psiquiatra educador Giorgi Lozanov baseia-se na idéia de que as informações percebidas pelos sentidos, quando a mente se encontra em estado de vigília relaxada (ondas alfa cerebrais) são registradas na memória profunda de longo prazo.Lozanov constatou também que algumas músicas têm a propriedade de facilitar a memorização de informações a longo prazo. É como se o cérebro “abrisse seus filtros” mais facilmente para a música do que para qualquer outro tipo de informação. Segundo ele, a música barroca é a mais indicada para isso, com suas 60/70 batidas por minuto.

Utilizava a música em três etapas: primeiro para relaxar, levando o aluno a um estado de vigília relaxada (diferente do sono). Depois de forma dinâmica, usando músicas bem expressivas para passar as informações. E, finalmente, para fixar a informação usando, preferencialmente música barroca.As técnicas do relaxamento já eram utilizadas há mais de dois mil anos pelos antigos iogues. Utilizavam como “cura” extremamente eficaz para tranqüilizar a mente e o corpo. Através de exercícios respiratórios se reduz o ritmo dos batimentos cardíacos trazendo a tranqüilidade e a serenidade importantes para o bom funcionamento do corpo. Para os iogues, sentimentos como angústia, ressentimento, intolerância e impaciência eram capazes de produzir tanto mal à saúde quanto os piores venenos. Por isso, recomendavam técnicas de relaxamento

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(associado à meditação ou como componente desta) para “reduzir o poder dos sentimentos negativos e assim reestabelecer a estabilidade da pessoa”. Hoje reconhecida pelos cientistas e até mesmo recomendada por muitos médicos como terapia coadjuvante no tratamento de males como depressão, ansiedade, insônia, esgotamento físico e mental, hipertensão, a prática do relaxamento tornou-se um poderoso auxiliar nos programas educacionais em diversos países.Lozavov estava focado em descobrir por que algumas pessoas têm uma memória prodigiosa enquanto outras têm dificuldades para memorizar até mesmo informações básicas. Constatou diferenças acentuadas entre alunos de uma escola secundária, da mesma faixa etária, classe social, com o mesmo histórico escolar. Nada explicaria tanta disparidade salvo uma possível diferença genética, ou estrutural, responsável pela “maior ou menor qualidade” do cérebro de cada aluno. Sendo uma possibilidade improvável, visto que todos os resultados laboratoriais atestavam a indistinção da natureza na distribuição de formas e conteúdos cerebrais.

Lozanov decidiu recorrer à tese de Jung sobre as conseqüências da meditação praticada pelos iogues e experimentar mudanças ambientais nas suas aulas. Compreendeu o valor terapêutico dessa prática e foi o primeiro a utilizá-la em sala de aula, com resultados animadores. Dentre os benefícios observados, constatou:

1. O aproveitamento escolar dos alunos submetidos somente à sessões de relaxamento antes das aulas pode melhorar em até 70%.

2. Uma mente tensa é sempre dispersiva. Livre das tensões, os alunos conseguem ter um maior poder de concentração.

3. A primeira hora que se segue após uma sessão de relaxamento é altamente favorável a toda e qualquer atividade que dependa de imaginação e criatividade.

4. Nos exercícios de relaxamento, os canais que unem o consciente ao inconsciente se tornam intransitáveis, possibilitando um envolvimento mais completo da mente no processo intelectual.

5. Há relatos de melhora sensível em casos de gagueira e outros problemas fonoaudiológicos. A prática sistemática de relaxamento pode corrigir problemas que vão desde a timidez até crises de euforia.

6. Os alunos submetidos a uma sessão de relaxamento antes da aula, apresentavam uma expressão facial suave, tornam-se mais receptivos e se envolvem mais facilmente com o assunto a ser estudado.

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O excesso de tensão, impróprio para qualquer atividade de introspecção a aprendizagem, faz com que o cérebro opere em alta freqüência, com até 30 ciclos por segundo.Há determinados estados mentais que exercem um papel bloqueador na aprendizagem. O medo é um dos maiores entraves para o aprendizado da matemática. A tensão provocada pelo medo acelera os batimentos cardíacos e aumenta a pressão sanguínea nos vasos cerebrais, bloqueando, dessa forma, a concentração indispensável para o acompanhamento intelectual de qualquer processo lógico. Uma sessão de relaxamento antes das aulas de matemática pode aliviar esta tensão e reestabelecer a tranqüilidade necessária para que o aluno enfrente o desafio de aprender.

O experimento

ozanov propôs aos alunos que a partir daquela data todas as aulas começariam com uma sessão de relaxamento bioenergético.Os primeiros resultados foram altamente satisfatórios; avaliações regulares apontavam para uma melhoria substancial no nível de aprendizagem da matéria ensinada. Lozanov resolveu incorporar a música clássica às sessões de relaxamento e escolheu, a princípio, algumas peças de Vivaldi e Handel; os resultados foram ainda melhores.Os resultados dos testes regulares de avaliação melhoravam acentuadamente e a diferença entre as melhores notas e as piores já não era mais tão expressiva. Concluiu-se que cada um de nós tem um “estado ótimo de aprendizagem”. Isso ocorre quando o batimento cardíaco, a respiração e as ondas cerebrais são suavemente sincronizadas e o corpo está relaxado, porém a mente continua concentrada e pronta para receber novas informações. A esse “estado ótimo” para aprendizagem, Lozanov chamou de estado de vigília relaxada.Quando estamos acordados, envolvidos pelos afazeres do cotidiano, nosso cérebro está transmitindo e recebendo na faixa de 13 a 25 ciclos por segundo (ondas Beta), esse estado não é o melhor estado para estimular nossa memória a longo prazo.

A maior parte das informações que recebemos são armazenadas no subconsciente. A onda mental que liga melhor o mundo exterior com a mente subconsciente encontra-se na faixa de 8 a 12 ciclos por segundo, ou seja, ondas alfa, que caracteriza o estado de relaxamento ou de meditação, durante o qual a pessoa devaneia

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e deixa sua imaginação correr, e que também facilita a inspiração, a assimilação rápida dos fatos e a memória é intensificada.“As ondas beta, bem mais rápidas, impedem o acesso a níveis mais profundos da mente. Níveis mais profundos são atingidos nos padrões de ondas cerebrais alfa e teta, caracterizados por sensações subjetivas de relaxamento, vigília concentrada, bem-estar, aumento de concentração e criatividade, onde são atingidos os estados de supermemória”.Terry Wyler Webb – Pioneira Aprendizagem Acelerada nos EUA.

A música

As primeiras experiências com a música clássica associada ao relaxamento bioenergético, trouxeram alguns resultados surpreendentes, principalmente em aprendizagem de língua estrangeira.Nos anos 60, a Berlitz, era a maior escola de idiomas do mundo, garantia que os alunos podiam aprender 200 palavras após um treinamento de trinta horas. Lozanov relatou em seu livro Suggestology and Outlines of Suggestopedt que os alunos búlgaros aprendiam 1200 palavras por dia e se lembravam de 96,1% delas. Um resultado muito superior.Segundo Lozanov, estes resultados deviam, em grande parte, ao estado de vigilância relaxada que toda pessoa pode alcançar com razoável facilidade e rapidez, a partir de uma técnica bastante simples: relaxamento, através de exercícios de respiração profunda, associada a uma música suave como plano de fundo.O cérebro tem um tempo ideal para processar as informações percebidas pela audição e o “ritmo” mais lento ou mais acelerado da mensagem é capaz de provocar reações diferentes nas pessoas.Ele constatou que músicas, com suas 60/70 batidas por minuto, que são iguais as ondas cerebrais alfa, são capazes de harmonizar o corpo e a mente que, especialmente, tem o poder de abrir o canal emocional para a supermemória: o sistema límbico do cérebro (que além de processar as informações, permite o acesso do cérebro consciente ao subconsciente). Diminuindo as tensões, a música barroca cria a base para melhorar a capacidade de memorização e ativa de forma bastante eficiente o hemisfério direito do cérebro.“A música, em geral, pode fazer em minutos o que semanas de aula são capazes de fazer. Certos ritmos musicais ajudam a relaxar o corpo, acalmar a respiração, tranqüilizar as vibrações e evocar um estado comedido de vigília relaxada que é o estado melhor receptivo à aprendizagem de novas informações. Mas há uma música especial que se qualifica como muito boa para o aprendizado: a música barroca.”Colin Rose – Psicólogo e escritor

Abrindo os filtros da aprendizagem

Os elementos centrais que afetam a qualidade da aprendizagem são: o ambiente, a estratégia e o conteúdo.O ambiente cria a atmosfera correta para a aprendizagem; a estratégia aponta o método da apresentação, enquanto conteúdo é o assunto abordado. Todo bom programa de ensino deve considerar os três elementos. Hoje a maioria dos sistemas escolares tradicionais ignoram que o ambiente é o mais crítico destes elementos.

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A “porta” deve estar aberta para a aprendizagem antes da ocorrência da verdadeira aprendizagem. E esta “porta” é essencialmente emocional.

Eric Jensen

Um dos passos principais para se conseguir essa “abertura” é fazer todos os alunos trabalharem no “comprimento de onda do cérebro direito”. Então, para aprender mais

depressa devemos reduzir o ritmo cerebral.

A inteligência e a memória

Podemos pressupor que memória e inteligência são, em síntese, a mesma coisa. Muitos entendem memória e inteligência como propriedades distintas da mente, é a idéia errônea de que a capacidade de raciocinar independe do conteúdo da memória. Na realidade, o raciocínio só é possível porque se utiliza dos registros de dados e procedimentos anteriormente aprendidos. Não podemos raciocinar sobre o que não sabemos, o que quer dizer: só podemos raciocinar sobre o que está na memória. Assim, a capacidade de memorização é determinante para a qualidade do raciocínio. A eficácia do processo de memorização (e de raciocínio, por extensão) dependia basicamente de como a pessoa armazena e recupera as informações de forma minunciosa e eficiente.Nossos cinco sentidos são capazes de perceber milhões de informações diariamente, de forma simultânea, continuada. Todavia, só algumas poucas dessas informações realmente são registradas eficientemente na nossa memória acessível, ou seja, tornam-se possíveis de serem recuperadas de acordo com a nossa vontade.Um dos fatores que determina se a informação será fácil de se recuperar é a carga emocional nela contida. Nos lembramos com muito mais facilidade das experiências ligadas a uma emoção muito forte do que de fatos corriqueiros e que não tiveram representação emocional.Lozanov descobriu, entretanto, que tais fatos carregados de emoção só são memorizados eficientemente porque ficam na mente consciente durante várias horas, permitindo assim que sejam processados e encaminhados ao subconsciente à noite, quando o cérebro opera em níveis mais baixos de freqüência (ondas alfa).Ele se propôs recriar esse estado “noturno” durante o dia, ou seja, deixar seus alunos em estado alfa para receberem determinadas informações. Acreditava que assim as informações seriam encaminhadas para a memória profunda. A prática comprovou a sua teoria: a quantidade de informações retidas na memória dos alunos submetidos a essa técnica aumentou consideravelmente.

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A aplicação

Os alunos de Lozanov agiam de maneira diferente ao ouvirem determinadas músicas – ativos, ouvindo Beethoven, ou relaxados, ouvindo Bach. Concluiu, então, que essa modificação do estado receptivo poderia muito bem ajudar na aplicação de novas técnicas para levar informações até a memória profunda, desde que a mesma informação fosse transmitida duas vezes, usando esses dois estados receptivos.Assim, Lozanov passou a dividir as aulas em três etapas diferentes, cada qual com uma proposta bem definida:1º etapa: Utilização de uma música introdutória, juntamente com os exercícios de respiração profunda, com o propósito de relaxar os alunos e permitir que eles atingissem o estado ótimo para a facilitação da aprendizagem, estado de vigília relaxada. Sugestão de músicas: The Loneny Theperd de Sanphir, Watermark de Enya ou algumas trilhas de No Blue Thing de Ray Linch são recomendadas para criar uma atmosfera tranqüila, propícia para o aprendizado. É nessa atmosfera que as informações chegam com mais facilidade à mente inconsciente.2º etapa: Utilização de um concerto ativo onde a informação a ser apresentada deveria ser lida em compasso com a música expressiva selecionada para tal fim. Sugestões: Hadyn – Sinfonia nº 67 em Fá maior, ou, Sinfonia nº 69 em Si maior. Mozart – concerto nº7 em Ré maior para violino e orquestra. Beethoven – concerto para violino e orquestra em Ré maior Op. 61, ou concerto nº 5 em Mi bemol maior para piano e orquestra, Op. 73.3º etapa: Utilização de um concerto passivo, onde os alunos ouviriam a mesma informação lida suavemente, com música de fundo barroca, para ajudar a “encaminhar” essa informação aos bancos de memória a longo prazo. Sugestões: Handel – Música aquática; Corelli – Concertti Grossi, Op. Nº 2, 5, 8, 9; Concertti Grossi, Op.nº 10, 11, 12; Vivaldi – Cinco concertos para flauta e orquestra de Câmara.A terceira etapa ocorre imediatamente após a segunda. E nela utiliza-se a música barroca, específica e lenta. Embora a primeira leitura (2º etapa) tenha sido dramática, a segunda (3º etapa) ocorre numa entonação mais natural. Os alunos são convidados a fechar os olhos, colocam o texto de lado e deixam a imaginação flutuar.Durante a noite, o subconsciente entra em ação, e se inicia de forma aparentemente automática a transferência das informações para o armazenamento na memória de longo prazo.

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Os adeptos da sugestopedia de Lozanov afirmam que a utilização desses concertos permitem aprender 60% mais do

conteúdo em 5% do tempo.

Não é recomendável a utilização desses concertos em todas as aulas, o ideal, apontado pelos especialistas, é em torno de três sessões desse tipo por semana.Infelizmente, as avaliações de aprendizagem na escola tradicional são realizadas por exames escritos ou questões de múltipla escolha, onde se buscam reproduções exatas do que foi aprendido. Condição inadequada e ultrapassada.O saber tem valor quando se torna prático, ou seja, se incorpora à personalidade e se manifesta no nosso dia-a-dia. Isto é chamado sabedoria.Isso só é possível, quando o professor deixa de lado seu papel de instrutor e assume o de facilitador.

“O facilitador deve se empenhar não somente em levar a informação à memória profunda do aluno; ele precisa ativar esta memória para dar consistência ao que

foi aprendido.”

Georgi Lozanov