A teologia de Gênesis

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A teologia de Gênesis  A PESSOA E O CARÁTER DE DEUS Deus é poderoso  O poder e a majestade de Deus manifestam-se primeiramente em Seu trabalho de criar, ordenar o universo e torná-lo habitável para o homem (caps. 1 e 2). Seu poder também se evidencia nas forças cataclísmicas que Ele reúne e desencadeia para julgar a humanidade pecadora (caps. 6   8), na maneira simples, mas engenhosa, pela qual Ele dispersa a geração pós-diluviana devido à desobediência à ordem divina para que se espalhassem e enchessem a terra (cap. 11). O poder de Deus é mais sutilmente demonstrado na capacitação a Abraão e Sara para que, mediante a fé, gerassem a semente prometida depois de ambos haver passado o estágio reprodutivo (caps. 18, 21). Em contraste com isso, vê-se o poder devastador da ira de Deus no juízo contra Sodoma e Gomorra (cap. 19). As palavras de José para seus irmãos em Gênesis 50.19-21 demonstram o ponto de vista mosaico sobre o poder de Deus à luz da história da nação. O que o homem pecador tenciona para o mal, Yahweh é mais do que capaz de suplantar  para Seus p ropósitos de bênç ão e bem-estar p ara o povo de Sua aliança. Deus é justo A justiça de Yahweh reflete-se não tanto em declarações sobre Seu caráter quanto nos meios simples e diretos pelos quais Ele julga a falta de conformidade do homem com o  padrão de c onduta prescrito pe lo Criador. Tal é o c aso com Seu padrão de av aliar o relacionamento do homem com Ele no jardim (2.16), no julgamento imediato contra a rebelião do homem (3.8-19), em seu trato severo (mas paciente) com o crime de Caim e as justificativas pessoais apresentadas por este (4.1-16), no juízo do Dilúvio contra um mundo cuja inclinação e ações estavam em flagrante violação de Seu caráter (6.1-7), na destruição de Sodoma e Gomorra por sua depravação e seu estilo de vida egoísta (19.1- 29), assim como em juízos individuais contra homens como Er e Onã (38.6-10). Deus é gracioso  A graça de Deus lança uma luz brilhante sobre algumas das páginas mais sombrias da história humana. Quando Sua bondade original foi desprezada no jardim do Éden em troca da independência que as criaturas queriam Dele, foi Deus quem tomou a iniciativa de buscar o homem (3.8, 9), de prometer a vitória definitiva sobre a serpente pela semente da mulher (3.15) e de remediar a nudez e a vergonha do primeiro casal (3.21). Quando a corrupção engolfou a humanidade, Noé [..] achou graça aos olhos do Senhor  (6.8), e quando as águas do Dil úvio ameaçavam destruir os sobreviventes,  Deus lembrou-se de Noé (8.1). A graça intensifica-se quando o pacto de Yahweh com a humanidade se focaliza em Abraão e sua linhagem. Ló é p reservado pela graça (19.1-31), Isaque é poupado pela graça (cap. 22), Jacó é escolhido por graça (25.19-23; cf. Rm 9.11, 12), assim como toda a família patriarcal é libertada da corrupção e mi scigenaç ão em Canaã pela  provisão grac iosa que Yahweh lhes faz de Jo sé como vice-rege nte do Egito (cap s. 37- 50).

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7/22/2019 A teologia de Gênesis

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A teologia de Gênesis 

A PESSOA E O CARÁTER DE DEUS 

Deus é poderoso 

O poder e a majestade de Deus manifestam-se primeiramente em Seu trabalho de criar,ordenar o universo e torná-lo habitável para o homem (caps. 1 e 2). Seu poder tambémse evidencia nas forças cataclísmicas que Ele reúne e desencadeia para julgar ahumanidade pecadora (caps. 6 – 8), na maneira simples, mas engenhosa, pela qual Eledispersa a geração pós-diluviana devido à desobediência à ordem divina para que seespalhassem e enchessem a terra (cap. 11).

O poder de Deus é mais sutilmente demonstrado na capacitação a Abraão e Sara paraque, mediante a fé, gerassem a semente prometida depois de ambos haver passado oestágio reprodutivo (caps. 18, 21).

Em contraste com isso, vê-se o poder devastador da ira de Deus no juízo contra Sodomae Gomorra (cap. 19). As palavras de José para seus irmãos em Gênesis 50.19-21demonstram o ponto de vista mosaico sobre o poder de Deus à luz da história da nação.O que o homem pecador tenciona para o mal, Yahweh é mais do que capaz de suplantar

 para Seus propósitos de bênção e bem-estar para o povo de Sua aliança.

Deus é justo A justiça de Yahweh reflete-se não tanto em declarações sobre Seu caráter quanto nosmeios simples e diretos pelos quais Ele julga a falta de conformidade do homem com o

 padrão de conduta prescrito pelo Criador. Tal é o caso com Seu padrão de avaliar orelacionamento do homem com Ele no jardim (2.16), no julgamento imediato contra arebelião do homem (3.8-19), em seu trato severo (mas paciente) com o crime de Caim eas justificativas pessoais apresentadas por este (4.1-16), no juízo do Dilúvio contra ummundo cuja inclinação e ações estavam em flagrante violação de Seu caráter (6.1-7), nadestruição de Sodoma e Gomorra por sua depravação e seu estilo de vida egoísta (19.1-29), assim como em juízos individuais contra homens como Er e Onã (38.6-10).

Deus é gracioso A graça de Deus lança uma luz brilhante sobre algumas das páginas mais sombrias dahistória humana. Quando Sua bondade original foi desprezada no jardim do Éden emtroca da independência que as criaturas queriam Dele, foi Deus quem tomou a iniciativa

de buscar o homem (3.8, 9), de prometer a vitória definitiva sobre a serpente pelasemente da mulher (3.15) e de remediar a nudez e a vergonha do primeiro casal (3.21).

Quando a corrupção engolfou a humanidade, Noé [..] achou graça aos olhos do Senhor  (6.8), e quando as águas do Dilúvio ameaçavam destruir os sobreviventes, Deus

lembrou-se de Noé (8.1).

A graça intensifica-se quando o pacto de Yahweh com a humanidade se focaliza emAbraão e sua linhagem. Ló é preservado pela graça (19.1-31), Isaque é poupado pelagraça (cap. 22), Jacó é escolhido por graça (25.19-23; cf. Rm 9.11, 12), assim comotoda a família patriarcal é libertada da corrupção e miscigenação em Canaã pela

 provisão graciosa que Yahweh lhes faz de José como vice-regente do Egito (caps. 37-50).

7/22/2019 A teologia de Gênesis

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Deus é singular 

Há muito que se reconhece em Gênesis uma forte veia polêmica. Israel, depois de 430anos no Egito, com seu politeísmo grosseiro, e a caminho para Canaã, com suacosmogonia perversa e religião imoral, precisava entender seu Deus corretamente para

não cair presa do animismo e da idolatria.

Assim, Gênesis 1 e 2 apresentam Yahweh como o Deus transcendente que existia antesdo universo e dele não dependia para coisa alguma. Ele é senhor absoluto das forças douniverso como o sol e a lua, as águas caóticas do oceano primevo, sobre as fontes ecursos de água, e mesmo sobre os grandes animais marinhos. Todos esses elementostinham alguma conotação mitológica entre os povos do Oriente Médio antigo,

 particularmente entre os sumérios e os cananeus.

A narrativa do Dilúvio, que tem paralelos nos épicos sumérios de Gilgamés e Atrahasis,estende o tom polêmico ao descrever não um deus caprichoso e vingativo, que destrói a

humanidade devido ao desconforto e à falta de sono causados pelo barulho dos homens,mas Yahweh, um Deus cujo caráter santo e propósitos benevolentes para com o homemeram menosprezados e violados pela conduta pecaminosa da humanidade.

Além disso, revela um Deus cuja sabedoria permite ao homem escapar ao juízo pormeio de uma embarcação realmente capaz de suportar as intempéries do Dilúvio, emcontraste com outras versões antigas do evento, que descrevem embarcações totalmenteincapazes de navegar e preservar a vida.

A singularidade de Yahweh aparece em cores ainda mais brilhantes no fato de que Ele éum Deus que, apesar de transcendente e todo-poderoso, busca um relacionamento comSuas criaturas e a elas Se revela. Ele estabelece alianças (cf. 9.8-17; 15.9-21; 17.1-27) egarante seu cumprimento ao prover e proteger milagrosamente a semente que havia

 prometido (18.13-15; 22.15-18; 25.21).