A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação...

68

Transcript of A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação...

Page 1: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

1

Page 2: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

2

Page 3: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

3

A todos aqueles que ajudaram a construir um espaço fraterno, solidário, respeitoso,

voltado para o atendimento da pessoa com deficiência mental, mas também

para o desenvolvimento do conhecimento e da prevenção à saúde de todos os baianos.

Em especial a Sra. Ilka Carvalho,

nossa superintendente, fonte de inspiração para todos nós, que pela sua dedicação

e visão futurista, construiu os alicerces sobre os quais se sustentam os princípios

que norteiam o trabalho realizado pela Apae Salvador, transformando-a em uma das

principais instituições de referência do país.

A todos vocês o nosso muito obrigado, Colaboradores da Apae Salvador

Dezembro/2008

Page 4: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

4

Esta publicação simboliza os 40 anos de atividades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Salvador. Nela,

buscamos contemplar a história da Instituição, vista sob a ótica da evolução do atendimento à pessoa com deficiência mental. Nas últimas quatro décadas, os avanços das tecnologias e das ciências possibilitaram o desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento. Nada mais natural, portanto, que os estudos científicos sobre a condição da pessoa com deficiência seguissem o mesmo caminho.

Percebeu-se que este tipo de atendimento não deveria limitar-se apenas ao âmbito dos consultórios médicos

e das escolas especiais. Era preciso avançar e oferecer muito mais que apoio especializado. Era preciso incluir, efetivamente, a pessoa com deficiência na esfera da cidadania. O conceito de inclusão passou,

então, a nortear o processo de construção de uma nova consciência de cidadania para a pessoa com

deficiência e, ao mesmo tempo, designar uma nova escala de valores para a sociedade contemporânea.

Nesse novo paradigma, o processo de aprendizagem é recíproco, porque a pessoa

com deficiência também tem muito a contribuir para a formação da sociedade. Ele impõe a universalização do processo educativo, por reconhecer os dotes únicos que cada indivíduo

traz para uma situação ou para a comunidade. É também abrangente, porque implica na troca mútua de experiências e enfatiza o respeito à diversidade.

Nesse sentido, este Almanaque tenta historiar as diversas etapas pelas quais o movimento civil organizado passou até consolidar a

idéia de que os direitos da pessoa com deficiência não pode ser fruto da caridade governamental ou individual. No primeiro capítulo, que aborda o estágio do atendimento à pessoa com deficiência mental no final da década de 1960, oferecemos um panorama histórico do atendimento e apontamos os avanços conquistados naquele período.

No Capítulo 2, enfatizamos as conseqüências diretas para a pessoa com deficiência dos movimentos pelos direitos civis, iniciados na

década anterior. O Capítulo seguinte, que trata da década de 1980, prioriza os fatos marcantes que possibilitaram as grandes conquistas alcançadas nos Anos 90 e 2000. Os principais marcos do movimento social são revistos no Capítulo 4, principalmente os debates internacionais que provocaram a ruptura com a antiga cultura e fizeram surgir os novos paradigmas. No quinto e último Capítulo apresentamos os grandes desafios postos para o futuro.

Apresentação

Espetáculo da Cia de Dança Opaxorô, Do Sarau ao Happy Hour

Page 5: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

5

Como pano de fundo, apresentamos em todos os capítulos, um panorama das atividades desenvolvidas pela Apae Salvador, uma das unidades de referência do movimento

apaeano, enfatizando, principalmente, a ampliação da sua missão institucional.

Nascida sob o signo da transformação, a Apae Salvador iniciou, timidamente, suas atividades, em 1968, com o objetivo de oferecer atendimento escolar especializado

à pessoa com deficiência mental. Na década seguinte, não só alcançou a meta inicial, inaugurando a sua Escola Especializada, como avançou nos propósitos, introduzindo também a formação profissional.

Nos anos 80, com sede própria e vislumbrando um atendimento multidisciplinar, implantou a primeira célula do atendimento médico especializado e introduziu a semente

embrionária da sua atuação na área de diagnóstico e pesquisa. Na década seguinte a Apae Salvador passou por uma verdadeira revolução. Implantou um novo sistema de gestão administrativo-financeira, assumiu, sem parceria, o controle dos serviços médicos e laboratoriais, consolidou-se como referência de serviço de prevenção no estado e passou a atuar também na difusão do conhecimento.

Com toda essa abrangência, a Instituição chegou aos anos 2000 com a marca da modernidade. Atendendo hoje a cerca de

700 alunos e aprendizes, a Apae Salvador é o serviço de referência da Bahia credenciado pelo Ministério da Saúde para o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), responsável pelo Teste do Pezinho nos 417 municípios baianos. O grande arsenal de dados obtidos através dos exames do PNTN a credenciaram para atuar no âmbito da pesquisa científica, junto às principais instituições de pesquisa de ensino superior.

A experiência adquirida ao longo de tantos anos na área educacional, fez da Apae Salvador uma referência também para

as escolas regulares das redes pública e privada de ensino que hoje participam do seu Programa de Apoio à Inclusão Escolar. A mesma condição é encontrada na área do trabalho, onde a Instituição atua como parceira de órgãos públicos, empresas e entidades na aplicação da chamada Lei de Cotas e na colocação de aprendizes com deficiência no mercado de trabalho.

Por tudo isso, é que, ao completar 40 anos, a Apae Salvador tem muito a comemorar, mas também a agradecer. Primeiro a Deus, por ter possibilitado

tantas conquistas. Aos colaboradores, pelos bons serviços e solidariedade nos bons e nos maus momentos. Mas, principalmente a sociedade baiana pelo apoio e confiança que sempre depositaram na Instituição.

A todos, a nossa gratidão.Boa leitura.

Aluna em apresentação de Ginástica Rítmica

Page 6: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

Capítulo 1

O nascimento

Page 7: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 8: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

8

Aausência de políticas públicas do Estado para a pessoa com deficiência mental levou as próprias famílias a criar al-ternativas capazes de atender às necessidades desse seg-mento da população. E foi exatamente com essa intenção que o movimento apaeano foi criado ainda na década de 50, no Rio de Janeiro. Na Bahia, a primeira Apae foi a de Salvador. Fundada em 4 de abril de 1968, iniciou suas ati-vidades seis meses depois, precisamente, em 3 de outubro, quando passou a atender os primeiros alunos. O mundo inteiro explodia em 1968, o ano da transformação, da con-

Sob o signo da transformação

A Apae Salvador nasceu em 3 de

abril de 1968. O ano da contestação generalizada e da transformação da era moderna. O mundo inteiro explodiu em 68. A emergência de uma nova cultura já indicava a ruptura dos segmentos jovens com os modos e as modas bem comportadas das sociedades de então. Agitações e passeatas se sucediam em todos os cantos e continentes.

Os jovens lutavam em todas as frentes

para destruir o velho e impor o novo. Passaram a destruidores radicais de tudo o que estava estabelecido e consagrado: valores, instituições, idéias e tabus. A palavra de ordem era contestação, traduzida na aparência de cabelos compridos para ambos os sexos, jeans desbotados, pés descalços e anéis, muitos anéis em todos os dedos.

Nos Estados Unidos, Timothy Leary, o papa

do movimento hippie, já decretava: “Façam o que têm que fazer. Sejam o que são e, se não sabem o que são, descubram”. As palavras de Leary ecoaram e foram adotadas por milhares de jovens que procuraram formas alternativas de vida em comunidades, sob o signo da pílula anticoncepcional, do LSD, da maconha, em suma: do sexo, drogas e rock and roll.

1968: o ano que não acabou

Primeira sede da Apae, na Ribeira

Page 9: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

9

testação e da derrubada de velhos tabus. Nada mais na-tural, portanto, que a Apae Salvador tenha vindo ao mundo numa data tão em-blemática, sobretudo, para os movimentos sociais.

Calcados na experiência que já acontecia em outros estados, um grupo de pais, preocupados com o atendi-mento dos seus filhos e das crianças com deficiência mental, decidiu juntar-se e formar uma associação, na verdade, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcio-nais, a Apae Salvador. Ten-do à frente o engenheiro Genes de Almeida Barbosa, esse grupo fundou a Insti-tuição, cuja sede provisória funcionava no antigo Insti-tuto Pedagógico da Bahia, na Praça Almeida Couto, no bairro de Nazaré.

Para iniciar suas ativida-des, contou com a valiosa colaboração do médico Luiz Fernando Pinto, que tam-bém integrava a primeira diretoria.

Após a legalização do es-tatuto, a diretoria iniciou as primeiras providências para a criação e funcionamen-

to da escola especializada. Àquela altura, com poucos recursos financeiros e sem local adequado para a insta-lação da unidade de ensino, as tarefas foram divididas entre os trâmites burocrá-ticos e a busca de parceiros que pudessem patrocinar o aluguel de imóvel e a aqui-sição de mobiliário e outros equipamentos necessários a operacionalização dos serviços. O pequeno núcleo formado pela boa-vontade de pais e amigos dos excep-cionais passou, então, a mo-bilizar a sociedade.

Até chegar ao seu nível de organização atual, a Ins-tituição foi pouco a pouco avançando em estrutura, logística e, principalmen-te, em conhecimento. Os primeiros passos foram em direção a aquisição de um local próprio, onde fosse possível crescer e atender a mais crianças carentes com deficiência mental. Mas, so-mente em 1971, é que o so-nho se tornou realidade e a Apae Salvador pode efeti-vamente desenvolver suas atividades, como veremos nas próximas páginas.

Educação especial é fruto da iniciativa privadaA atuação privada ou particular na educação especial tem início no Brasil a partir da chamada Reforma Francisco Campos, no

início da década de 30. A reforma, que leva o nome do ministro da Justiça de Getúlio Vargas, possibilitou a equiparação dos estabelecimentos escolares privados com os públicos, através da prescrição de um currículo mínimo de âmbito nacional, e regulamentou a distribuição de verbas

públicas para as organizações escolares comunitárias, confessionais e filantrópicas.

Segundo a professora da Unicamp, Gilberta Jannuzzi, além de verbas, o apoio do Estado se concretizava também através do repasse de material didático-pedagógico, merenda escolar e cessão de docentes e técnicos. A regulamentação do ensino privado permitiu o surgimento de instituições particulares dedicadas à educação especializada.

A primeira referência oficial explícita à educação especial, entretanto, só aparece na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei 4.024, de 1961, que, nos artigos 88 e 89, garante apoio dos poderes públicos à iniciativa privada, por meio de bolsas de estudos, empréstimos e subvenções. Para Jannuzzi, se por um lado, a lei significou conquista para a educação especial, uma vez que o ensino regular de crianças com menos de 7 anos só aparece na LDB de 1971, por outro representou a

garantia do poder público não assumir integralmente este nível de ensino.

Por outro lado, os movimentos de esquerda se

disseminavam pela juventude do mundo inteiro. Na França, a insurreição estudantil de maio demarcou o corte na história contemporânea mundial, influenciando, inclusive o movimento inverso, como na Tchecoslováquia, cuja ruptura foi de outra ordem. Os estudantes coloriram a primavera de Praga, queimando bandeiras da União Soviética stalinista e espantando os invasores.

Nas ondas dessa nova esquerda, Che

Guevara tornou-se mito e o movimento Black Power ascende a luta contra o racismo, cujo líder maior, Martin Luther King. A semente plantada por King extrapolou a questão racial e deu início a formação de movimentos diversos de defesa dos direitos civis das mulheres, dos homossexuais, e da pessoa com deficiência, entre outras minorias.

Page 10: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

10

No Brasil, o ano de 1968 é marcado pelo recrudescimento da ditadura

militar, regime que se instalara no país desde 1964. O assassinato do estudante Edson Luís, em 28 de março, pelo pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos de protesto a começar pela grande manifestação que reuniu mais de 50 mil pessoas, na Assembléia Legislativa fluminense. O clima emocional contagiou todo o país e as manifestações estudantis se sucederam em São Paulo, Goiás e no Distrito Federal.

Apesar dos avanços ocorridos a partir do final século XIX,

em 1968 a pessoa com deficiên-cia mental ainda era considerado um aleijado, defeituoso, incapaci-tado ou inválido. Tratados como “excepcional”, eram vistos tam-bém como incapazes, apáticos, doentes, loucos e, até mesmo, se-xualmente perigosos. Segundo a educadora Edna Mattos, este tipo de discriminação ocorre, porque

as pessoas elegem um padrão de normalidade e esquecem que a sociedade se compõe de seres humanos diversos.

Nesse contexto, de acordo com a educadora, os grupos so-ciais passam a rejeitar aqueles que fogem deste padrão. “Por expressar desvantagem e des-crédito diante do estágio mais avançado das criações humanas, essas pessoas são estigmatizadas

pela sociedade”, explica. Para a psicanalista Maria Flávia Ferreira, o preconceito da sociedade pode ser observado pelas atitudes so-ciais em relação as pessoas com deficiência mental.

Ao longo da história, segun-do ela, é facilmente verificável que tudo que fugia à compreen-são do homem era considerado demoníaco, do mau e, junto com essa denominação, caminhava

Preconceito e discriminação

O poder jovem no Brasil do AI-5

Grupo de Capoeira Inclusiva da Instituição

Page 11: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

ao seu lado a desqualificação. “Aquilo que é diferente e desco-nhecido é ameaçador, por isso, esses indivíduos provocavam aversão e afastamento do meio social, como se fossem porta-dores de uma doença conta-giosa”, explica a psicanalista.

Na antiguidade, conforme pesquisa dos psicopedagogos Inez Salvi e Silvio Weiss, as pes-soas com deficiência mental eram consideradas como de-generação da raça humana. Já na Idade Média, segundo estes mesmos pesquisadores, pre-valeceram as idéias reforçadas pela Igreja Católica, que tratava a pessoa com deficiência men-tal como bobos da corte, crian-ças de Deus ou portadoras de possessões, de acordo com a conveniência.

A era moderna inaugurou uma nova etapa do conjun-to de terminologias aplicadas à designação do deficiente mental. Termos como idiota, imbecil, demente, cretino e anormal passaram a demarcar o movimento da sociedade em relação a este segmento da população. As mudanças sociais, decorrentes da Revo-lução Industrial, ocorridas no final do século XIX e início do século XX, analisa Edna Mattos, influenciaram o interesse na

pesquisa sobre a área de edu-cação. Esse interesse, segundo a educadora, provocou dois movimentos distintos. Por um lado, iniciou-se o atendimen-to educacional aos deficien-tes mentais. Mas, por outro, institucionalizou-se o modelo educacional que privilegiou a exclusão educacional e social dessas pessoas.

A linha que demarca essa fase da educação chamada es-pecial, de acordo com a pes-quisadora, pode ser atribuída a conclusão dos estudos de Binet e Simon, em 1905, deno-minado de Escala Métrica de Inteligência, um instrumento que até hoje marca as diferen-tes concepções da intervenção educacional, mas que, em con-trapartida, vem trazendo para milhares de alunos com dificul-dade de aprendizagem o rótu-lo de deficiente mental. “Uma marca que tem excluído essas pessoas da ciranda escolar e social”, complementa.

Apesar dos avanços, os portadores de deficiência ainda viviam enclausurados em insti-tuições, segregados. Na déca-da de 60, a deficiência mental passou a ser objeto de estudos interdisciplinares das áreas mé-dica, social, psicológica, peda-gógica.

Os professores se juntaram aos estudantes e realizaram a legendária

passeata dos 100 mil, reunindo também intelectuais, artistas e padres e um grande número de mães. De 1964 a 1968, as manifestações estudantis foram a vanguarda do protesto social, uma vez que toda a sociedade civil tinha seus principais órgãos representativos sob intervenção dos militares. O movimento estudantil foi, portanto, a vitrine da insatisfação, diante do autoritarismo vigente no país e acabou por contagiar outros setores, como o operariado e a ala progressista da Igreja Católica.

Em julho, o Conselho de Segurança Nacional proíbiu passeatas e

determina que o Exército reprima qualquer tipo de manifestação pública. Estudantes são presos em todo o país. Apesar da proibição, os estudantes realizaram o 300 Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), mas o Exército invadiu o local e prendeu quase 700 participantes. No dia 13 de dezembro, o presidente Costa e Silva edita o Ato Institucional no 5, o AI-5, que confere poderes quase que absolutos ao governo.

Educação especialA inclusão da educação especial na nova legislação, segundo a pesquisadora, foi uma conseqüência direta da Campanha Nacional de Educação e Reabilitação do Deficiente Mental, organizada em 1960, por influência das Apaes e Pestalozzis, na tentativa de resolver os problemas da educação especial. De concreto, porém, tanto a campanha quanto a nova lei geraram apenas verbas governamentais esporádicas e o envolvimento de voluntários, muitas vezes desprovidos da escolarização necessária, no trabalho das instituições.

Para se ter idéia do descompasso do ensino regular para o especializado naquela época, Jannuzzi lembra que, na década de 60, existiam no país 228 estabelecimentos públicos e 10 privados de ensino regular, enquanto na educação especial o total de estabelecimentos públicos somava apenas 25 contra 97 instituições especializadas da iniciativa privada.

Aluno do Ceduc11

Page 12: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

12

A inteligência humana é en-tendida e abordada como

um conceito plural, que marca o comportamento adaptativo. Na linguagem comum, a palavra in-teligência refere uma qualidade dos indivíduos. Na linguagem científica, refere uma qualidade do comportamento. A concep-ção mais clássica de inteligência é a de William Stern (psicólogo alemão que viveu entre o final do século XVIII e o início do século XIV), que dizia ser a capacidade pessoal para resolver problemas novos, fazendo uso adequado do pensamento.

Para outros autores, seria a utilização de todos os equipa-mentos mentais que dessem conta da adequação às tarefas da vida. Mesmo com essas defi-nições vagas, havia e há o enten-

dimento de que a inteligência é uma capacidade mental que pode ser medida e quantificada por meio dos famosos testes de QI. No início do século XX, dois psicólogos e pedagogos, Binet e Simon, receberam a solicitação do governo francês de elabora-rem um método capaz de identi-ficar as crianças com deficiência intelectual, ou seja, que tinham dificuldade para aprender e apresentavam baixo rendimen-to escolar.

Eles estruturaram uma escala métrica para a inteligência. Par-tiam da concepção de que seria possível prever o desempenho escolar de uma criança, inde-pendentemente de sua condição social ou econômica e, com isso, criaram o primeiro teste de QI, conceituando inteligência como

um conjunto de processos de pensamento que constituem a adaptação mental, isto é, os pro-cessos cognitivos racionais como promotores da adaptação.

Os trabalhos de Binet e Si-mon logo foram bastante ques-tionados, principalmente porque os testes pareciam não dar conta de avaliar a capacidade do indi-víduo adulto, e também porque partiam do estudo de crianças com deficiências. Na realidade, os autores elaboraram uma “es-cala métrica da inteligência” para detectar na escola os retardados “perfectíveis”. Nos últimos 50 anos, o termo inteligência vem assumindo concepções distintas e variadas. Cada vez mais ganha força uma concepção de que a inteligência tem aspectos múlti-plos e variados na sua avaliação.

Inteligência mensurada

1968 foi também o ano da explosão cultural. Enquanto

os Beatles e os Rolling Stone agitavam os palcos do mundo inteiro, no Brasil a arte engajada de Chico Buarque e Geraldo Vandré disputava o gosto da juventude com a Jovem Guarda, de Roberto Carlos, e o Tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil. No teatro, a peça Roda Viva, de Chico Buarque, provocou reação do Comando de Caça aos Comunistas, o CCC, em São Paulo. O choque entre o público e os integrantes da facção direitista, que destruiu os cenários da peça e espancou os atores, entre eles, a atriz Marília Pêra.

Na seara musical, o III Festival Internacional da

Canção consagra Sabiá, de Chico e Tom Jobim, e Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, enquanto Caetano e Os Mutantes eram ruidosamente vaiados no IV Festival da MPB,

da TV Record, de São Paulo, pela performance da música É proibido proibir. Reverenciado pela juventude tida como alienada, Roberto Carlos e a sua turma brilhavam nas Jovens Tardes de Domingo. Falando das angústias e das alegrias dos jovens de classe média, o programa chegou a alcançar 3 milhões de espectadores só em São Paulo.

Contestação também explode nos palcos

Page 13: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

13

FEmInISmO RADICAlA feminista Valerie Solanas publicou em 1968 o SCUM Manifesto – Society for cutting up men, apresentando uma postura radical e contundente, sem disposição para o diálogo, propondo a aniquilação dos homens. Solanas, atriz e escritora, foi uma figura incomum, que debateu o capitalismo, mendigou nas ruas e foi bissexual assumida.

Porém, a feminista que ficou na memória das brasileiras foi Beth Friedman, que tinha um discurso mais apaziguador, que falava

diretamente à dona de casa e à juventude de classe média.

Beleza universalA baiana Marta Vasconcelos foi eleita Miss Universo em 1968. Depois do sucesso internacional de Ieda Vargas e Marta Rocha, a beleza brasileira efetivamente se impôs ao mundo com a baiana que derrotou duas dezenas de concorrentes.

O cinema brasileiro ainda tinha como

pano de fundo a questão do subdesenvolvimento tanto explicitamente no Cinema Novo de Glauber Rocha quanto nas situações

existencialistas dos filmes de Walter Hugo Khoury. No rastro da beatlemania, Roberto Farias lançou o seu Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. Zé do Caixão cria o seu “terror primitivo” e Rogério Sganzerla e Júlio Bressane optam pela vanguarda anárquica como resposta a censura governamental.

A literatura entra na era das alegorias e do aprimoramento técnico para tentar

enfrentar o impacto renovador dos Anos 50. A TV não era mais um veículo restrito. Graças ao vídeo tape, o país todo já era coberto por redes de televisão. As novelas fazem parte da vida da nação e o estilo brasileiro se consolida com Beto Rockfeller. Os programas de auditório comandado por Chacrinha, Sílvio Santos, Hebe Camargo, Blota Júnior e Flávio Cavalcante garantem altos índices de audiência, enquanto os humorísticos de Chico Anísio e Manuel da Nóbrega passam a contribuir para a integração cultural do país.

Desde que Beth Friedman inaugurou, em 1963, o movimento de libertação feminina, queimando milhões de sutiãs em praça pública, as mulheres brasileiras não haviam experimentado tanta liberdade como as que passaram a dispor em 68, graças à invenção da revolucionária minissaia, criada pela inglesa Mary Quant. O modelito da moda conferiu às mulheres do mundo inteiro um ar juvenil e esportivo e ajudou a mudar os padrões de beleza da nova mulher que emergia a partir de então.

As novas medidas privilegiavam as pernas em detrimento do busto, parte do corpo feminino tão valorizada na década anterior. As magras e de quadris pequenos, como a francesa Claudine Anger é que passaram a ser o ideal de beleza das mulheres brasileiras, como registrava a Revista Veja, na edição de 27 de novembro de 1968.A pílula anticoncepcional era ainda uma novidade rara no país, mas as mulheres já começavam a discutir abertamente temas como o orgasmo feminino, o aborto e o

divórcio. Na seara política, as jovens secundaristas e universitárias deixavam a casa dos pais para aderir às diversas organizações políticas em pé de igualdade com os militantes do sexo oposto. No campo das artes, o espírito libertário da atriz Leila Diniz escandalizava o país com a exposição “devassa” da sua gravidez.

Anticoncepcional, minissaia e emancipação

Deus e o diabo na Terra do SolGovernada por Luís Viana Filho, a Bahia de 1968 vivia o mesmo clima de tensão política dos outros estados brasileiros. O ciclo de crescimento econômico que o estado vinha experimentando desde a década de 50, porém, o distinguia dos demais. O panorama econômico da Bahia começa a mudar a partir da criação do setor petroleiro. Viana aposta na educação. Para isso, nomeou como secretário de Educação o professor Luiz Augusto Navarro de Brito, que organizou o ensino em todo o estado. Com a edição do AI-5, o governador baiano passou a ser intimidado pelos militares da chamada linha dura. Apesar de ser mantido, o seu governo sofreu cortes, entre eles, Navarro de Brito, que deixou a Secretaria para exercer um cargo na Unesco.

Transplante de coraçãoNo dia 26 de maio de 1968 uma outra revolução acontece na área médica brasileira. O cardiologista Euclides Zerbini realiza o primeiro transplante brasileiro de coração, no Hospital das Clínicas de São Paulo. O beneficiado foi o boiadeiro João Ferreira da Cunha, de 23 anos. Este foi o 17o transplante feito em todo o mundo.

Homem na luaEm julho de 1969, o homem pisou pela primeira vez na Lua. A bordo da nave Apolo 11, os astronautas americanos Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins foram os primeiros a concluir o percurso e deixar as marcas da presença humana no nosso principal satélite. Além das pegadas e de instrumentos científicos, Armstrong fincou a bandeira americana no solo lunar.

ANOS 60

Page 14: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

14

A infância

Capítulo 2

A infância

Page 15: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

15

A infânciaA infância

Page 16: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

16

Se os Anos 60 foram marcados por revoluções de toda ordem no pensamento dominante do mundo inteiro, os 70 são os anos da aco-modação e incorporação desses novos valores, ou seja, da experi-mentação do rescaldo cultural deixado pela década da contestação. Para a pessoa com deficiência mental, no entanto, os Anos 70 marcam o início de uma revolução silenciosa, firme e contínua, que se prolon-gou nas décadas seguintes.

Na verdade, a década de 70 são duas. A primeira metade é marcada pelo rescaldo

da de 60, pela experimentação de tudo que foi conquistado na década anterior, mas também pela dicotomia e radicalização entre sentidos opostos: era tudo oito ou oitenta. É uma era psicodélica, de prospecção interior. Na segunda metade da década, a palavra de ordem é diversão. As drogas calmas dos primeiros anos são substituídas pela

cocaína e tudo muda, como observa a pesquisadora Ana Maria Bahiana: “a percepção do tempo, a estrutura do

crime, a intensidade e o ritmo da música, as deformações do afeto, a distribuição do poder nas cidades. É uma década do ruído”, analisa..

Revolução silenciosa

No âmbito político, os anos Nixon chegam ao fim, depois do

escândalo que passou para a história como o Watergate. O desgaste do então presidente americano o levou a decretar, em 1973, o fim da guerra no Vietnã. A crise do petróleo modifica o mapa das forças política no mundo. Em 1973, no Chile, o presidente socialista Salvador Allende é assassinado e o general Pinochet assume o governo. A revolução islâmica do Aiatolá Komeini ganha corpo e, em 1979, ele instala a ditadura xiita no Irã.

Os anos do rescaldo cultural

Caruru de São Cosme, na antiga sede do CTP

Page 17: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

17

Progressivamente, a le-gislação brasileira foi incorpo-rando vários mecanismos que asseguraram direitos à pessoa com deficiência e garantiram o seu acesso ao espaço so-cial e educacional. Embora a maioria dessas leis ainda de-pendesse de regulamentação, não se pode negar o avanço que elas representaram para esta parcela da população.

Depois da LDB de 1961, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, trouxe outras conquistas, prevendo explicitamente no Artigo 9º, o tratamento especializado aos alunos que apresentassem deficiências físicas ou mentais, os que estivessem atrasados consideravelmente quanto à idade regular de matrícula e os superdotados, deixando

que as normas de funciona-mento do tratamento fossem fixadas pelos respectivos Con-selhos de Educação, federal, estaduais e municipais.

Apenas dos ventos favorá-veis advindos da Assembléia Geral da ONU, que aprovou a Declaração dos Direitos do De-ficiente Mental, em 1971, e dos Direitos das Pessoas Portado-ras de Deficiências, em 1975, no Brasil, segundo os pesquisa-dores Inez Salvi e Sílvio Weiss, a educação especial continuava completamente dependente das organizações filantrópicas da sociedade civil, mantida no âmbito da caridade pública. Com isso, as necessidades da pessoa com deficiência conti-nuaram fora do rol dos direitos de cidadania e, portanto, des-vinculadas da responsabilida-de do Estado.

O Beatles se dissolvem em 31 de dezembro de 1970. Nos Jogos

Olímpicos de Montreal, em 1976, a romena Nadia Comaneci se consagra como a ginasta mais perfeita de todos os tempos. Nessa mesma olimpíada, o brasileiro João do Pulo, traz a medalha de bronze para o Brasil, que fica no 360 lugar no ranking de medalhas em olimpíadas. Em 77, a ONU instaura oficialmente o dia 8 de março, como o Dia Internacional da Mulher. Uma nova geração de cineastas e atores consolida Hollywood como principal pólo de cinema do mundo.

A tecnologia miniaturizada começa crescer. Em 1972, é inventada a

primeira calculadora de bolso. Cinco anos mais tarde, é lançado o primeiro computador pessoal, o PC, enquanto no final da década são desenvolvidas as tecnologias do Compact Disc, o CD, e da telefonia celular. Os avanços científicos registrados na área biomédica levam ao desenvolvimento da técnica de fertilização in vitro. Em 1978, nasce, na Inglaterra, o primeiro bebê de proveta do mundo, Louise Brown.

X Encontro das Apaes da Região leste, em Salvador

17

Page 18: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

18

O Brasil da primeira metade década de 70 também não é o mesmo da segunda.

No início temos o ufanismo alimentado pela vitória da Copa do Mundo, o Brasil do “Ame-o ou deixe-o”, e do consumismo e euforia, do milagre econômico, patrocinado pelo governo Médici. Os últimos cinco anos, porém, são marcados pela expectativa da abertura política, iniciada por Geisel e concluída por Figueiredo. A tortura e as perseguições políticas, que

ceifaram vidas, como a do jornalista Wladimir Herzog, começa a ceder lugar às

negociações que possibilitam o fim da censura aos meios de comunicação e a Lei da Anistia, com o retorno dos últimos exilados, em 1979.

Os avanços sociais das organizações não-governamentais entram

na seara política, com a eleição de importantes líderes desses movimentos para a Câmara dos Deputados e Senado. Mulheres, homossexuais, crianças, deficientes são temas que começam a entrar na pauta do Congresso Nacional, a exemplo da Lei do Divórcio, de autoria do senador Nelson Carneiro, sancionada em 1977. O movimento de mulheres começa a mostrar a sua força no julgamento de Doca Street, que assassinou a sua companheira, a socialite mineira Ângela Diniz.

O Brasil do ufanismo

e da abertura

Paralelamente ao crescimen-to das organizações não go-

vernamentais especializadas em todo o país, a professora da Facul-dade de Educação da Unicamp, Gilberta Jannuzzi, analisa um mo-vimento de outra ordem. Trata-se, na verdade, das agremiações formadas por profissionais que se especializaram no atendimen-to dessa parcela da população. A pesquisadora cita, entre outras agremiações, a Associação Nacio-nal de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), o Congres-so Estadual Paulista sobre Forma-ção de Educadores e a Associação Nacional de Pesquisadores em Educação Especial.

Os eventos científicos realiza-dos pela Federação Nacional das Apaes desde a década anterior, começam a ganhar corpo, mere-cendo a atenção tanto das enti-dades de classe como dos órgãos governamentais. Em 1971, por exemplo, o V Congresso Nacio-nal das Apaes, realizado no Rio de Janeiro, contou com a presen-ça do presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. A força

das instituições especializadas e das entidades de classe movi-mentando o setor público ficou evidenciada em 1972, quando o ministro da Educação e Cultura, Jarbas Passarinho, anexou uma carta do presidente da Federação Nacional das Apaes, José Cândi-do Maes Borba, à determinação de que o Conselho Nacional de Educação fornecesse subsídios para o equacionamento da Edu-cação Especial.

O resultado concreto do

pleito foi a criação do Centro Na-cional de Educação Especial (Ce-nesp), em 1973, com a finalidade de recolher, reunir e disponibili-zar informações sobre deficiên-cia mental e educação especial para a implantação de um Plano Nacional de Educação Especial. O plano teve a sua primeira versão no biênio 1975 – 1977 e destina-va recursos específicos tanto para o atendimento da pessoa com deficiência, através das institui-ções especializadas, como para

Movimento ganha força

Entidades se mobilizam para reivindicar direitos

Page 19: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

Com os avanços registrados a partir da década de 60, a palavra de ordem nos anos 70 passou a ser inte-

gração. A idéia, segundo a professora da Faculdade de Educação da USP, Edna Mattos, é que o termo fosse uti-lizado para demarcar as novas práticas em contraparti-da ao modelo de segregação, adotado no passado.

A terminologia excepcional também começa a deixar de ser a mais apropriada para designar a pessoa que possui déficit intelectual. A mudança acontece a partir de 1976, quando a Organização Mundial de Saú-de (OMS) passa a denominar o retardo mental como deficiência mental. Além disso, a OMS classificou os diferentes graus de comprometimento, com base em critérios quantitativos, aferidos em testes de QI.

Por essa classificação, os deficientes passaram a ser categorizados como portadores de deficiência mental: Leve (QI entre 50 e 70); Moderado (QI en-tre 33 e 49); Severo (QI entre 20 e 32) e Profundo (QI abaixo de 19). Apesar de hoje esta classificação rece-ber muitas críticas em função dos critérios utilizados, na época representou um avanço por dois motivos: Primeiro, a OMS diferenciou a deficiência mental da doença mental (que abrange um vasto rol de trans-tornos mentais). Segundo, porque estabeleceu um conceito, o de portador de deficiência, àquela altura, mais apropriado para o estágio de valorização do de-ficiente mental.

A Globo se consolida como a principal rede de televisão do Brasil. Àquela altura, 40% das casas do país já tinham televisão. As

novelas começam a ditar todas as modas. A grade de programação contempla todos os gostos, desde novelas até programas como o do Chacrinha. A novela Dancing Days virou uma febre no país e

incrementou o ritmo de discoteca. A música popular brasileira ganha contornos diversos. Desde o samba até o forró e o brega de Paulo Sérgio, Waldik Soriano e Oldair José. Caetano e Gil partem do experimentalismo aos Doces Bárbaros. O punk e o reggae se consolidam junto com o novo rock and roll de Raul Seixas e Rita Lee. As Frenéticas enlouquecem a mulherada. No cinema, apesar da vinculação à pornochanchada, a produção nacional já inclui incursões intimistas.

INTEGRAçãOé a palavra de ordem

As butiques se firmam e são as novas opções de

compra para as mulheres das classes média e alta.

Leila Diniz escandaliza o país ao aparecer grávida e de biquíni na

praia. O orelhão chega ao Brasil junto com as câmaras Kodak, a rádio FM, e

o primeiro metrô. A comida macrobiótica se dissemina entre os jovens alternativos. A Loteria Esportiva se transforma no sonho de ascensão social para milhões de brasileiros. À bessa, Boco Moco, barra pesada, papo furado, prafrentex, fossa, pão e gamado são algumas das gírias incorporadas ao modo de falar dos brasileiros.

a capacitação de profissionais do setor público e privado.

A partir de 1977, a Exposição Nacional de Artes, promovida anualmente pela Federação das Apaes, passou a ser realizada em parceria com o Congresso Na-cional. A Instituição tornou-se também uma referência para os órgãos públicos, participando de reuniões e audiências no Minis-tério da Educação e Cultura, da Saúde, do Trabalho, da Previdên-cia Social e da Justiça.

Inauguração da sede do CTP, com a presença de Irmã Dulce

19

Page 20: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

20

Na década de 70, a Bahia foi governada duas vezes por

Antonio Carlos Magalhães, com o interregno de Roberto Santos. A construção do Centro Administrativo possibilita a transferência da sede dos órgãos públicos do centro da cidade para a Avenida Paralela. A cidade se amplia em

direção ao Aeroporto, onde novas construções começam a modificar o perfil da capital. As

avenidas de vale, iniciadas no final de década de 60, imprimem uma nova cara a Salvador.

A produção musical baiana ganha destaque no início da

década com os Novos Baianos, que, no verão, transferem a sede da comunidade alternativa onde vivem, de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, para o bairro da Pituba, em Salvador. A Bahia é uma festa

só, do início de dezembro, quando começa o calendário de festas populares, como a da Boa Viagem e do Bonfim, até fevereiro, com o Carnaval. A envolvente mistura de ritmos musicais aliada aos elementos da cultura afrodescendente, como a capoeira, samba de roda, e o comércio de bebidas e comidas tradicionais em barracas de lona, constituem-se em matéria-prima para o turismo e a Bahia passa a figurar entre os principais pontos turísticos do Brasil.

Os ventos favoráveis à causa da pessoa com deficiência

também sopraram em plagas baianas. Em maio de 1970, a Apae Salvador conseguiu alugar a sua primeira sede, um imóvel localizado na Rua Visconde de Caravelas, 168, Itapagipe. Na-quela época, pouco ainda se

podia fazer, já que a Instituição estava dando apenas os seus primeiros passos. Em outubro do ano seguinte, a Apae iniciou seus trabalhos na área pedagó-gica. Com o auxílio da assisten-te social Maria Joaquina Neves e da professora Gildália Passos, 20 alunos começaram a receber

orientação especializada. “Nesta época as informações

eram escassas, os preconceitos grandes, e os alunos eram conhe-cidos como malucos, retardados, sem perspectivas de vida e rejei-tados por toda a sociedade, sem nenhum direito. Descobri que tudo que sabia era muito pouco

Sede nova para atender a crianças e adolescentes

A Bahia cresce e se moderniza

Alunos realizam a 1a Comunhão

Page 21: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

21

O desenvolvimento industrial do estado, iniciado na década de 60, consolidou-se

nos anos seguintes, através do Centro Industrial de Aratu (CIA) e do Pólo Petroquímico de Camaçari, inaugurado em 30 de junho de 1978. Concebido pelo economista baiano Rômulo Almeida, idealizador também da Sudene, o Pólo Petroquímico completou 30 anos de atividades com investimentos totais da ordem de R$ 11 bilhões, 35 mil empregos diretos e indiretos gerados, faturamento anual de R$ 15 bilhões, R$ 2,3 bilhões ao ano em exportações, representando 35% das exportações do Estado da Bahia. O Pólo significou para a Bahia um importante marco na sua história política e, principalmente, econômica.

Como em todo o Brasil, a Bahia também foi marcada pelo signo da experimentação que prevaleceu na década de 70. A moda, ditada pela mídia

e pelos ícones da alta costura, permeou o universo de todas as tribos. Para os desbundados e alternativos, o estilo hippie se manteve inalterado, com as calças jeans desbotadas, adereços de lantejoulas e bordados, principalmente, depois que a roqueira americana Janis Joplin teve uma passagem relâmpago pela Aldeia

Hippie de Arembepe. As largas pantalonas tiveram seu lugar registrado no início da década, junto com os sapatos cavalo de aço. Os carinhas e as cocotas trocaram o jeans desbotado pelas calças abaixo da cintura; as velhas havaianas pelos tênis; e as camisetas hering pelas da marca Hang Ten. Depois vieram as meias de lurex usadas com sandálias altas. Boates, como o Regine’s e a Hipopotamus, reuniam a galera do High Society.

neste complexo atendimento de alunos tão diferentes”, recorda a primeira professora da Apae Sal-vador, Gildália Passos.

A partir daí, a Apae iniciou o seu ciclo de desenvolvimen-to, sem perder de vista a sua proposta de despertar na cons-ciência da comunidade a im-

portância do atendimento ao deficiente. Em 1977, apesar da falta de recursos, conseguiu inaugurar o primeiro centro de profissionalização, com a ajuda da Secretaria Estadual do Traba-lho. Dirigido aos adolescentes, o centro começou a funcionar na Rua Lélis Piedade, 58, na Ribeira,

com trabalhos voltados para a área de marcenaria.

Nesta caminhada, a Apae Salvador contou com valiosas colaborações como a do Lions e do Rotary, que promoveram fes-tivais, desfiles, chás e feiras para arrecadar recursos para a amplia-ção do atendimento.

Encontro técnico e científico Encontro de apaeanos

Inauguração do COAP, na Ribeira

Page 22: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

22

Capítulo 3

Page 23: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

23

Capítulo 3

A adolescênciaA adolescência

Page 24: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

24

Os experimentais anos 70 cedem lugar para os apáticos anos 80. O mundo todo sofre

uma aparente crise introspectiva, que reforça o sentimento de uma busca pelo que não se sabe o quê. Se os anos 60 foram marcados pela contestação e os 70 pela experimentação, os 80 talvez sejam o da contemplação e da interrogação. Ícone de um movimento pela paz mundial, o ex-beatles John Lennon é assassinado, em Nova York, em 1980. No oriente médio, o Irã e o Iraque entram em guerra. Na Polônia, o primeiro sindicato de trabalhadores, o Solidariedade, de Lech Walesa, é organizado e se torna exemplo para os trabalhadores do mundo inteiro.

A década de ouro

A reestruturação da ideologia

Alunos em atividades na quadra de esportes Aconfluência de interesses das instituições não-governamentais e dos profis-

sionais e as pressões que este movimento organizado manteve sob os órgãos públicos nos anos 70, acabaram por gerar bons frutos na década de 80, que pode ser considerada a década de ouro das pessoas com deficiência. Depois de apro-var a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a ONU adotou o Pro-grama de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência. Foi o ínicio da Década Mundial de Apoio a Pessoa Portadora de Deficiência, destinada a estimular o cumprimento dos direitos dessas pessoas à educação, à saúde e ao trabalho.

Se, até a década de 70, os portadores de deficiência foram submersos pela histó-ria, permanecendo inertes, alienados e marginalizados das políticas públicas relativas

Page 25: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

25

Guerras eclodem em lugares impensáveis, como nas

Ilhas Malvinas, disputada pela Argentina e Inglaterra. Gorbachev assume o poder na União Soviética, proclama a Glasnost, a abertura política, e propõe a Perestroika, as reformas econômicas. Retira as tropas soviéticas dos países do Leste

Europeu, o que impulsiona a queda do Muro de Berlin, o fim do comunismo e, consequentemente, da guerra fria. Os governos comunistas da cortina de ferro se desintegram. Na China, protesto de estudantes invade a Praça da Paz Celestial e deixa milhares de mortos.

ao seu próprio processo de desen-volvimento, a partir de 1980, a si-tuação começa a apresentar sinais de mudança. Uma parcela dessa população compreende a neces-sidade de lutar pela conquista de direitos e percebe as responsabi-lidades do Estado para com este segmento, apesar de se encontrar, como todas as instituições do país, confusa frente ao contexto sócio-econômico e político do país, que vivia a fase de reestruturação de-mocrática, com a abertura política.

O primeiro resultado concre-to da mudança de pensamento na esfera do poder público é a criação da Coordenadoria Na-cional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a Cor-

de. Baseada no Plano Governa-mental de Ação Conjunta para a Integração da Pessoa com De-ficiência, do qual participaram representantes da sociedade ci-vil organizada, a Corde foi criada pelo Decreto 96.481, de 29 de outubro de 1986, assinado pelo presidente José Sarney, com o objetivo de assegurar o pleno exercício dos direitos básicos e a integração dessas pessoas. Mas, a sua regulamentação só foi efetivada na Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989. Vale des-tacar que, diferentemente do Cenesp, vinculado ao Ministério da Educação, a Corde nasceu su-bordinada ao Gabinete da Casa Civil da Presidência da República,

acompanhando uma tendência que se verificava naquela época nos países mais desenvolvidos, e que representava a importância da função que o órgão exerceria na administração pública.

Do ponto de vista legal, po-rém, a conquista mais impor-tante foi, sem dúvida, a nova Constituição, promulgada em outubro de 1988. O trabalho de-senvolvido pelo movimento so-cial organizado foi decisivo para que a Carta refletisse a mudan-ça de paradigmas em relação aos portadores de deficiência e o paternalismo cedesse lugar à equiparação de oportunidades e a tutela fosse substituída pela plena cidadania.

Nelson Mandela sai da prisão, depois de 27 anos

e o apartheid, o regime racista da África do Sul, começa a indicar sinais de exaustão. Em 1987, explode a Intifada, a rebelião popular na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e Palestina. Um ano depois, Yasser Arafat proclama o Estado da Palestina. Em 1988, Benazir Bhuto é eleita presidente do Paquistão. A filósofa e escritora Simone de Beauvoir morre na França.

Em 1981 são noticiados os primeiros casos de Aids. O vírus

é isolado e identificado dois anos mais tarde. O mundo pára para assistir ao casamento do príncipe Charles com a bela Diana. O desastre da usina nuclear de Chernobyl, contamina cinco milhões de pessoas. O ônibus espacial americano Challenger explode logo após levantar de Cabo Canaveral. Em 1983, a Internet é criada e usada apenas para fins acadêmicos. Começam as negociações para a formação do Mercosul. É produzido o primeiro plástico biodegradável.

lançamento da pedra fundamental da sede da Pituba

Page 26: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

26

na era da redemocratização A visita do papa João Paulo II é, sem

dúvida, um dos acontecimentos mais marcantes da década de 80 no Brasil. O país inteiro se mobilizou para celebrar

o Papa, que no seu papamóvel, percorreu algumas

capitais brasileiras, entre elas, Salvador.

O país mais católico do mundo rezou, cantou e glorificou o sumo pontífice, reunindo milhares de pessoas em praças públicas, avenidas e igrejas.

A integração da pessoa com deficiência passou a ser am-

parada por vários organismos na-cionais e internacionais. No Brasil, porém, a base legal relativa aos direitos desse segmento da po-pulação só se consolidou com a promulgação da Constituição de 1988 e a legislação que posterior-mente a regulamentou. Tida como uma das mais avançadas do mun-do nas questões relacionadas aos portadores de deficiência, a nova Constituição definiu, em todos os capítulos que tratam do direito do cidadão e do dever do Estado, artigos específicos vinculados a este segmento.

Além de inserir efetivamente o direito das pessoas com defi-

ciência no marco legal federal brasileiro, a nova Carta ampliou o campo dos direitos e garantias fundamentais. Nos artigos 1° e 3°, o texto constitucional esta-belece o respeito à dignidade da pessoa humana e a promoção do bem comum, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer forma de discrimi-nação. No capítulo que trata da saúde e da assistência social, foi assegurado pelo poder público a assistência à criança, ao adoles-cente, à mulher, ao trabalhador, ao idoso, à prevenção de incapa-cidades e o Programa de Estimu-lação do Desenvolvimento Neu-ropsicomotor. As secundárias referem-se ao acompanhamento

e controle dos grupos de risco; grupos de ressocialização e pro-moção de autonomia; grupos de orientação e acompanhamento para aqueles com incapacidade instalada; grupos de estímulo global de desenvolvimento de crianças deficientes, entre outras ações.

No Capítulo sobre educação, a Constituição estabeleceu, como dever do poder público, o aten-dimento educacional especiali-zado às pessoas com deficiência na rede pública, de preferência, ou em instituições especializadas públicas ou privadas. Da mesma forma o deficiente foi beneficia-do nos capítulos do Trabalho e Cultura.

Constituição muda paradigma

Inauguração do Centro de Treinamento e Produção (CTP) Olimpíadas em Brasília: aluno da Apae Salvador em destaque

Page 27: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

27

Ano da viradaAo declarar o ano de 1981 como o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, a Assembléia Geral da ONU reconheceu publicamente que muitos países vinham ignorando o artigo 7o da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que estabelece a igualdade de todos os seres humanos perante a lei.

O Ano Internacional das Pessoas Deficientes contribuiu como estímulo para a união de forças das pessoas com deficiência e de seus familiares em todo o mundo e, consequentemente, para a expansão do movimento organizado. Foi, na verdade, um divisor de águas que apontou o caminho da cidadania para essas pessoas. O novo desafio consistia na mudança de foco das políticas públicas, a serem formuladas com a participação das pessoas deficientes, que compartilhassem suas experiências e expectativas de soluções para a remoção de barreiras sociais e a sua plena integração na sociedade. A efetiva participação da pessoa com deficiência neste processo tinha também o caráter estratégico de chamar a atenção para a mudança da percepção de que as reivindicações deste segmento eram direitos e não caridade.

Para isso, o movimento passou a enfatizar que a deficiência é uma questão de direitos humanos e que estas violações estão institucionalizadas nos sistemas administrativos de cada país. Caberia, portanto, às organizações identificar as violações específicas e fazer com que a comunidade inteira passasse a conhecê-las.

O processo de redemocratização do país ganha corpo em todo o país.

Em 1982, os brasileiros foram às urnas eleger os governadores dos estados. Em 1984, manifestações em todo o país reivindicavam Diretas Já, mas o Congresso elege Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse. O vice, José Sarney, é empossado sob o manto protetor do deputado Ulysses Guimarães.Em 1988, o Brasil tem uma nova Constituição que garante eleições diretas para presidência da República. Um ano depois, Fernando Collor é eleito presidente do Brasil.

A técnica da fertilização in vitro chega ao Brasil em 1984, com o nascimento do primeiro bebê de proveta do país,

a menina Anna Paula Caldeira. Em contrapartida, as questões ambientais ainda eram preocupações restritas a grupos isolados.

O acidente nuclear com o Césio 137, em Goiânia, em 1987, foi um dos primeiros assuntos sobre o tema a ocupar o noticiário e chamar a atenção da sociedade. Um ano depois, outro fato expõe a questão ambiental contrapostas aos interesses econômicos. Em 2 de dezembro de 1988, o seringueiro.e líder ambientalista Chico Mendes é assassinado em Xapuri, no Acre, e atrai a atenção da imprensa mundial para os conflitos ambientais na Amazônia.

Inaugurado em outubro de 1977, o Centro Ocupacional de Aprendizagem (Coap) da Apae Sal-vador foi a primeira unidade voltada para a profissionalização de pessoas com deficiência mental na Bahia. A época, o Coap era fruto de uma par-ceria com a Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado e funcionava na Ribeira, com apenas 15 aprendi-zes. As perspectivas de inclusão eram inexistentes, reflexo de uma socieda-de completamente desacreditada das potencialidades dos deficientes.

Com a inauguração do prédio na Pituba, o Coap pode ocupar so-zinho, a sede da Avenida Jequitaia. Ganhou mais autonomia em rela-ção ao antigo parceiro e passou a chamar-se Centro de Treinamento e Produção (CTP). O tímido trabalho

desenvolvido até então cresceu e incorporou novos valores, amplian-do assim a concepção de formação profissionalizante. Um salto quanti-tativo e qualitativo no trabalho de qualificação e colocação no merca-do de trabalho.

Nesse contexto, o CTP passou a preparar, qualificar e colocar o por-tador de deficiência no mercado de trabalho e na sociedade, como cida-dão produtivo, através de parcerias com empresas públicas e privadas. Para o encaminhamento dos apren-dizes ao mercado de trabalho, o CTP oferecia àquela altura três níveis de programas: Preparação para o traba-lho, com atividades voltadas para a autonomia dos aprendizes e Cursos de Qualificação Profissional, além da colocação no mercado de trabalho.

No mundo do trabalhoAlunos já incluídos no mercado de trabalho

Page 28: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

28

A Bahia no ritmo de Axé

Grandes transformações na Apae Salvador

Na década de 80, a Apae Sal-vador viveu momentos de

grandes transformações. Com a ajuda do general Gustavo Reis, na época comandante da 6ª Região Militar, em um trabalho conjunto com o então governador Antonio Carlos Magalhães, conseguiu a doação de uma casa, localizada na Avenida Jequitaia, em São Jo-aquim, para a instalação da sede da Instituição.

A mudança possibilitou a melhoria da qualidade do atendi-mento aos alunos da Instituição e também a ampliação do número de vagas na escola. Nesse perío-do, cerca de 90 crianças e adoles-centes passaram a ser assistidas

pela Apae Salvador. Àquela altura, as atividades desenvolvidas pela Instituição já abrangiam a área de educação, atendimento médico e os primeiros passos para a capaci-tação profissional.

Em janeiro de 1987, a Apae Salvador recebeu do então pre-feito Fernando Wilson Magalhães, a doação de um terreno no bairro da Pituba para a construção de uma nova sede. Graças a signifi-cativa contribuição da presidente das Voluntárias Sociais e primeira-dama do Estado, Yeda Barradas Carneiro, a Apae Salvador pode iniciar a construção do prédio. Formou-se, então, um grande mu-tirão, do qual participaram órgãos

públicos, empresas e a comunida-de, para que, em 20 de outubro de 1989, a nova sede fosse inaugura-da. O presidente da Apae, Raimun-do Magaldi, recebeu mais de um mil convidados na solenidade de inauguração. Todos, grandes cola-boradores da obra.

Com duas sedes, a Apae pode dividir melhor suas atividades. Nas instalações da Pituba, ficaram os serviços de ambulatório e labora-tório, e escola, que atende a crian-ças na faixa etária de três a 14 anos. No prédio da Jequitaia passou a funcionar o Centro de Treinamen-to e Produção, o CTP, destinado à profissionalização de adolescentes e jovens, a partir dos 14 anos.

Fachada da sede da Pituba, em 1990 A mesma fachada, em 1999

Os baianos vão às urnas e elegem João Durval Carneiro governador da Bahia. Os ventos da abertura

política começam a refletir na Bahia. Com a eleição de Tancredo Neves e a posterior posse de Sarney, o estado é representado no novo governo com três ministros: Antonio Carlos Magalhães, no Ministério das Comunicações; Waldir Pires, na Previdência Social, e Roberto Santos, na Saúde. Em 1986, a Bahia dá adeus a sua mais famosa Ialorixá, Mãe Meninha do Gantois. Neste mesmo ano, Waldir Pires é eleito governador da Bahia, num pleito histórico, que envolveu a quase totalidade do eleitorado baiano. Dois anos depois, Waldir Pires renunciou ao governo para disputar a corrida presidencial como vice-presidente na chapa do PMDB, liderada por Ulysses Guimarães. Em seu lugar, assumiu o seu vice, Nilo Coelho.

Page 29: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

29

Corde é reestruturadaCriada em 1986 por decreto presidencial, a Coordenadoria Nacional para Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência (Corde) foi reestruturada pelo Congresso Nacional três anos depois, em 24 de outubro de 1989, quando foi sancionada a Lei 7.853, que regulamentou os direitos da pessoa com deficiência, previstos na Constituição Federal.

A nova legislação estabeleceu as normas gerais de apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, assegurando o pleno exercício de cidadania dos direitos individuais e sociais. A lei responsabilizou o Ministério Público pelas ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos dos deficientes e criminalizou o preconceito contra essas pessoas, que passou a ser punível de multa e reclusão de um a quatro anos.

A Corde foi reestruturada como órgão autônomo, subordinado à Presidência da República e dotado de autonomia administrativa e financeira. Passou também a ser responsável pela coordenação de todas as medidas e ações governamentais referentes à pessoa com deficiência, além de propor as providências necessárias para a completa efetivação da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

A nova legislação também reformulou a Secretaria de Educação Especial do MEC e instituiu a criação de órgãos encarregados da coordenação setorial de assuntos relacionados a esta parcela da população nos Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência e Assistência Social.

A Praia dos Artistas, na Boca do Rio, onde fica a famosa Barraca

do Aluísio, vira point de artistas, celebridades e da moçada esperta, que introduz a prática do topless na capital baiana. Outro ponto da moda é o Circo Troca de Segredos, armado na Praia de Ondina, palco de grandes festas, shows e celebrações dos mais diversos estilos, incluindo o som nostálgico da orquestra do maestro Reginaldo da Conceição. Para os mais jovens, a grande pedida eram as festas de 15 anos na Cabana da Barra e as festas do Maria Fumaça.

O legendário Carnaval da Bahia muda de cara nos anos 80. O som do fricote de Luiz Caldas e

das bandas Reflexo e Mel inauguram o Axé Music, que lança novos nomes no cenário nacional, como Daniela Mercury. Os blocos Afros Olodum, Ilê Ayê e o afoxé Filhos de Gandhi mudam a configuração do desfile. As mortalhas e macacões cedem lugar aos abadás, enquanto um novo circuito é criado entre a Barra e Ondina.Três novos canais de TV se instalam na Bahia. Ao lado da Itapoan e Aratu, as TVs Bandeirantes, Bahia e Educativa passam a entreter os baianos e a oferecer um cardápio variado de programas locais e em rede. O programa Parquinho, de Tia Arilma, revela jovens talentos locais, como Miss Mara, Geisa e Deusete.

Desfile da Primavera

Alunos em atividade

Festa de aniversário, no CTP

Page 30: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

30

Capítulo 4

A maioridade

Page 31: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

31

A maioridadeA maioridade

Page 32: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

32

Inclusão com nova identidade

O mundo voltou a ficar polarizado nos anos 90. A tranqüilidade pós

guerra fria durou pouco. Em 1990, o Iraque invadiu Kuwait, mas o conflito assumiu grandes proporções, com o envolvimento dos Estados Unidos. Os americanos ficaram desesperados, porque perderam seus fornecedores de petróleo. George Bush, o pai, decide intervir e ataca Sandan Hussein, que se rendeu em abril de 1991. A Guerra do Golfo foi a primeira a contar com cobertura total da mídia. A TV, especialmente o canal a cabo CNN, transmitia, ao vivo, bombardeios, mortes e destruições.

A supremacia americana sobre o resto do mundo se consolida

em 1991, quando Gorbachev, renuncia ao cargo. A desintegração da União Soviética provocou um efeito cascata nos países do Leste Europeu. A Iugoslávia entra em guerra étnica. Em 1992, Bill Clinton é eleito presidente dos Estados Unidos. Um ano depois, o governo de Israel reconheceu a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1994, Mandela assume o governo da África do Sul.

Sob a égide das guerras étnicas

AInstalação do XVII Congresso nacional das Apae´s em Salvador/BA

s conquistas alcançadas na luta pelos direitos de cidadania da pessoa com deficiência se consolidam no Brasil a partir dos anos 90. A palavra de ordem agora é inclusão. Diferente do conceito de inte-gração, que sugeria a aceitação da pessoa com deficiência pela socie-dade, o termo inclusão representa um processo de aprendizagem re-cíproco, uma nova escala de valores, onde a pessoa com deficiência também contribui no processo de formação da sociedade.

Trata-se, na verdade, de uma nova visão pedagógica que propõe a universalização do processo educativo e reconhece os dotes únicos que cada indivíduo traz para uma situação ou para a comunidade. Em-bora as duas perspectivas terminológicas, a da integração e da inclu-são, apresentem como tese principal a incorporação da pessoa com

Page 33: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

33

A revolução tecnológica iniciada nos anos 70 começa a se difundir e se popularizar

pelo mundo na década de 90. O computador pessoal passa a fazer parte do universo dos eletrodomésticos das casas, a Internet deixa a academia e dissemina-se em redes virtuais pelos quatro cantos do planeta, trazendo consigo uma nova cultura, na qual a noção de tempo e espaço é totalmente reformulada. Na área médica, a pesquisa genética proporciona avanços de toda ordem. Em 1990, cientistas anunciam o projeto Genoma Humano e sete anos mais tarde, o embriologista escocês Ian Wilment apresenta ao mundo a ovelha Dolly, o primeiro clone de um mamífero.

Em agosto de 1997, o mundo parou para chorar a morte de Lady Di, a princesa do povo, a mulher

mais famosa do planeta, perseguida e fotografada à exaustão pela imprensa, desde que foi apresentada ao mundo como futura mulher do príncipe Charles. Admirada em proporções espantosas, Diana Spencer despertava um sentimento intenso nas pessoas comuns do mundo inteiro, que acompanharam ao longo dos anos cada capítulo da sua vida. Do conto de fadas expresso no Casamento do século ao martírio de esposa rejeitada e infeliz. A mãe do futuro rei da Inglaterra morreu num acidente de carro, em Paris, encerrando tragicamente o romance com o namorado egípcio Dodi Al Fayed, morto no mesmo acidente.

deficiência ao ensino regular, o termo inclusão é mais abrangen-te, porque implica na troca mútua de experiências, com ênfase no respeito à diversidade.

A proposta de educação in-clusiva surgiu pela primeira vez na Conferência Mundial sobre Edu-cação para Todos, realizada em 1990, em Jomtien, na Tailândia, mas só ganhou corpo com a De-claração de Salamanca sobre Prin-cípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Es-peciais, documento assinado por 88 governos e 25 organizações in-ternacionais, durante a Conferên-cia Mundial de Educação Especial,

promovida pela ONU, entre 7 e 10 de junho de 1994, em Salamanca, na Espanha.

Reconvocando as várias de-clarações da ONU que culminaram no documento Regras Padrões sobre Equalização de Oportuni-dades para Pessoas com Deficiên-cias, a Declaração reivindica aos países que assegurem a educa-ção das pessoas com deficiências como parte integrante do sistema educacional, reafirma o compro-misso com a manutenção de clas-ses inclusivas no sistema regular de ensino e orienta os Estados e entidades governamentais e não-governamentais na adoção da

educação inclusiva.Outra novidade introduzida

pela Declaração de Salamanca diz respeito ao conceito de portador de necessidades educativas es-peciais, referindo-se a crianças e jovens cujas necessidades decor-rem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem. É nesse contexto que o documento defende a idéia de que todas as escolas devem acolher todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, so-ciais, econômicas e lingüísticas e prega a necessidade de transfor-mações sócio-educacionais no sistema regular de ensino.

Inauguração da Quadra de Esportes do CTP atual CEFAP

Page 34: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

34

O Brasil volta às ruas

Os anos 90 começam com novos desafios para o país. Fernando

Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura militar, toma posse, muda as regras da economia e decreta o seqüestro da poupança. A crise política, desencadeada por denúncias de corrupção, provoca manifestações em todo país. Os jovens vão às ruas de caras-pintadas. O Congresso Nacional inicia o processo de impeachment, sustado pela renúncia do presidente, em 1992. No plano externo, o Brasil e outros países latino-americanos fundam o Mercosul.

Apesar dos avanços registra-dos ao longo dos anos, o

conceito de deficiência mental na área médica manteve-se inal-terado até 1992, quando a Asso-ciação Americana de Deficiência Mental (AAMR) adotou uma nova definição para esta condição e parâmetros mais amplos para o diagnóstico e o prognóstico da pessoa com deficiência.

A partir do novo conceito, a deficiência mental deixou de ser considerada um traço absoluto da pessoa que a tem, passando a ser um atributo que interage com o seu meio físico e humano. O meio e as pessoas é que devem se adaptar às necessidades espe-ciais dessa pessoa, provendo-lhe o apoio intermitente, limitado, extensivo ou permanente de que ela necessita para funcionar em 10 áreas de habilidades adaptati-vas: comunicação, autocuidado, habilidades sociais, vida familiar, uso comunitário, autonomia, saú-de e segurança, funcionalidade acadêmica, lazer e trabalho.

Os novos paradigmas pro-põem um enfoque multifatorial na compreensão e medida de in-

Deficiência mental tem nova definição

teligência e colocam em xeque a definição adotada pela OMS, em 1976, cujo diagnóstico era feito com base no comprometimento de três critérios: a idade de ins-talação; habilidades intelectuais significativamente inferiores à média; e a limitação em duas ou mais das 10 áreas de habilidades adaptativas estabelecidas.

A classificação da AAMR se consolidou dois anos mais tarde, com a edição do Manual Diag-nóstico e Estatístico de Transtor-nos Mentais (DSM-IV), um dos sistemas de apoio da AAMR, que muda os parâmetros da antiga classificação de Leve, Moderado, Profundo e Severo, se baseava

apenas em testes psicométricos, ou de QI. A principal mudança se verifica na interpretação das habi-lidades adaptativas. Para a AAMR, as limitações nas habilidades adaptativas normalmente coexis-tem com pontos fortes em outras áreas de competência pessoal. Nesse sentido, a deficiência men-tal passa a ser definida a partir de um contexto social, que, com apoios apropriados durante um período controlado, o funciona-mento da pessoa com deficiência experimentará melhoras. As prá-ticas dos serviços de reabilitação passam, então, a se basear nas capacidades, limitações e necessi-dades de apoio da pessoa.

Curso para formação de professores

Page 35: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

35

O governo agora é do vice-presidente, Itamar Franco, que convida o ex-senador Fernando

Henrique Cardoso para comandar o Ministério da Fazenda e assumir o caos na economia. A inflação estratosférica é contida pela decretação do Plano Real. Com nova moeda, o Real, e economia estabilizada, os brasileiros elegem FHC para a Presidência da República, em 1994. O governo recém-eleito imprime novos valores na economia e na administração pública, com reformas em vários níveis. A primeira-dama, Ruth Cardoso muda as regras da assistência social com o Programa Comunidade Solidária. Os índices de aprovação do governo disparam e o pai do Plano Real é reeleito, em 1998.

Em 1994, o Brasil conquistou o tetracampeonato mundial de futebol.

Mas, o esporte brasileiro perde Ayrton Senna. O piloto brasileiro mais premiado da

Fórmula 1 foi enterrado como herói. No âmbito da cultura, os brasileiros puderam assistir

pela primeira vez a um show dos Rolling Stones e festejar a indicação de Fernanda

Montenegro ao Oscar de Melhor Atriz, pelo seu trabalho em Central do

Brasil. Mas perdeu, em 1994, o cantor, compositor e maestro Tom Jobim. Em 1996, um acidente de avião mata os integrantes do irreverente Mamonas Assassinas.

Alunos participam de coral

Tania Brandão com alunos

Aula no laboratório de Informática

Terminologias se ajustam à nova realidade

Ao tempo em que o movimento pelos direitos da pessoa com deficiência se fortaleceu, palavras e conceituações mais apropriadas ao seu patamar de valorização começam a ser incorporadas ao discurso dos ativistas desse movimento. As palavras trazem consigo diversos significados. Revelam formas de interpretar o mundo e têm o poder de reproduzir idéias e também preconceitos. Estes significados e interpretações, porém, são dinâmicos e mudam de acordo com o momento sócio-histórico e com o contexto.

Segundo o assistente social e consultor na área de inclusão social, Romeu Sassaki, excepcionais e posteriormente deficientes, foram os termos utilizados nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas com deficiência mental. Com o surgimento dos estudos e práticas educacionais na área de altas habilidades ou talentos extraordinários nas décadas de 80 e 90, este termo passou a se referir apenas a pessoas com inteligência lógico-matemática abaixo da média e a pessoas com inteligências múltiplas acima da média, as superdotadas.

A partir de 1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, começa-se a escrever e a falar em pessoa deficiente. O acréscimo da palavra pessoa, passando o vocábulo deficiente para a função de adjetivo, foi uma grande novidade na época. Aos poucos, entrou em uso a expressão pessoa portadora de deficiência, frequentemente reduzida para portadores de deficiência.

No início da década de 90, em função da nomenclatura adotada na Declaração de Salamanca, a terminologia mais correta passou a ser a de pessoas portadoras de necessidades especiais. No final dessa década, porém, as pessoas com deficiência ponderaram que eles não portam deficiência, que a deficiência que eles têm não é como coisas que às vezes se porta e às vezes não se porta, como um documento ou um guarda-chuva. Para eles, o termo que melhor de aplicaria à sua condição seria pessoa com deficiência.

Page 36: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

36

A Internet e o celular são os desejos de consumo de 10

entre 10 brasileiros. Em tempos de globalização da economia, as novas tecnologias de informação e comunicação passam a fazer parte do dia-a-dia dos brasileiros. Verbos como navegar, acessar, salvar, enviar e deletar são incorporados ao vocabulário de crianças, jovens e adultos. Quem resistia à nova linguagem eletrônica não teve muita opção e o jeito foi embarcar na onda virtual.

O Brasil na cibercultura

A Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, a chamada Lei de Co-

tas para a pessoa com deficiência trouxe uma nova perspectiva para o problema da exclusão do defi-ciente no mercado de trabalho. No seu artigo 93, a lei estabelece cotas para pessoas com deficiência em empresas com mais de 100 empre-gados, obrigando-as a destinar de 2 a 5% do seu quadro de pessoal para pessoas com deficiência.

Segundo Tânia Brandão, geren-te do Centro de Formação e Acom-panhamento Profissional (Cefap), da Apae Salvador, a partir desta legislação, houve uma mudança significativa na formação profis-sionalizante, porque impulsionou a demanda das empresas por pessoas com deficiência, que po-dem atuar no mundo do trabalho. “Desde então, procuramos garantir não só a inserção do deficiente em

postos de trabalho, mas também o respeito aos direitos trabalhistas dessas pessoas. Temos a preocupa-ção de formar uma sociedade mais responsável e cidadã”, explica.

As novas tendências mundiais apontam para um novo caminho, onde não basta apenas contratar, mas é necessário criar ações con-tra a discriminação e incentivar a conscientização por parte da co-munidade. A partir dessa legisla-ção, várias experiências vem sendo adotadas, a exemplo do chamado Emprego Apoiado. O método con-siste na capacitação profissional da pessoa com deficiência especifica-mente para as vagas colocadas à disposição pelas empresas. Além disso, o conceito envolve mecanis-mos e recursos de adaptação do deficiente no local de trabalho até que ele seja plenamente incorpo-rado à comunidade.

A institucionalização da educação inclusiva desencadeou uma verdadeira avalanche de estudos e pesquisas sobre educação especial no âmbito acadêmico. Tendo como foco principal a inclusão, a maioria desses trabalhos recorria a uma linha de pensamento que privilegiava a articulação entre os conceitos de desen-volvimento e aprendizagem. Nesse sen-tido, dois teóricos passaram a influenciar o campo pedagógico: Piaget e Vigotsky, ambos construtivistas, interacionistas e preocupados com o protagonismo do sujeito na construção do conhecimento.

Especificamente no Brasil, a matriz de pensamento construtivista se des-tacou como a mais adequada à revisão crítica do ato de aprender/ensinar, fir-memente marcado, até a década de 80, pela influência da corrente elementaris-ta behaviorista, responsável pela grande ênfase dada aos suportes pedagógicos. Embora o construtivismo não seja consi-derado uma teoria de ensino, seus con-ceitos se constituem em matriz específi-ca de pensamento científico, na qual se sustenta a tese de que a teoria do conhe-

Lei de Cotas garante inclusão no me

ESTuDOS E PESQuI

Page 37: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

37

A Bahia ganha destaque na

música Pop mundial. Depois de Paul Simon, é o pop star Michael Jackson que grava clipe com o Olodum, tendo como cenário o conjunto arquitetônico do Pelourinho, que começou a ser restaurado e revitalizado no início do governo ACM.

Em 1999, Salvador

comemorou seus 450 anos de fundação com muitas festas em toda a cidade. No esporte, os baianos comemoram a conquista do primeiro título mundial de boxe de Acelino Freitas, o Popó.

rcado de trabalho

SA FORmAm BASE TEóRICAcimento deve lidar com o que é essencial no conhecimento para que o sujeito adquira uma real experiência e não com a oposição entre a reali-dade e o conhecimento.

Para os construtivistas, o conhecimento é ativamente construído pelo sujeito cog-noscente e não passivamente recebido por ele do meio am-biente. Entre os autores que adotaram essa concepção, tanto Piaget como Vigotsky são considerados fundamen-tais em suas colocações, para a compreensão das relações entre aprendizagem e de-senvolvimento. Para Piaget, o aluno deve ser o autor do seu conhecimento e ninguém poderá fazer isto por ele. En-tretanto, a sua aprendizagem depende do nível de desen-volvimento em que ele se encontra. A atividade do ser humano, os exercícios que lhe

são oferecidos, a problemati-zação de situações, enfim, to-dos esses fatores são conside-rados por Piaget de extrema importância para quem está aprendendo e contribuem para o desenvolvimento das estruturas mentais.

Vigotsky defende um conceito múltiplo de desen-volvimento humano. Enfatiza a diferença entre o desenvol-vimento que está sujeito às leis biológicas da maturação, resultado de certos ciclos de desenvolvimento já comple-tados, e o desenvolvimento mental, que tem como base a aprendizagem que a crian-ça realiza no cotidiano de sua vida, portanto, construído a partir do contexto social no qual está inserida. Para ele, o que move o sujeito a se cons-tituir e a constituir subjetiva-mente o mundo real são os elementos da cultura.

Educação inclusiva vira realidade

A educação inclusiva foi estabelecida no Brasil pela Constituição Federal de 1988, mas a sua regulamentação só ocorreu com a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que entrou em vigor no ano seguinte. Além de estabelecer que a educação é direito social de todo cidadão brasileiro, o artigo 208 da Constituição prevê como dever do Estado o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 esse dispositivo legal aparece revisto. No artigo 4º, a LDB reafirma o dever do estado de promover o atendimento educacional especializado gratuito aos alunos portadores de necessidades educativas especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. Prevê a prestação de serviços de apoio especializado e abre possibilidades ao atendimento em classes, escolas ou serviços especializados, quando não houver possibilidade de integração na classe comum.

A nova legislação representa um grande avanço para a educação especial, que passa a ser vista como modalidade de ensino, concedendo um capítulo específico para suas determinações. Para a sua implantação definitiva, é concedido o prazo de 10 anos, período previsto para que estados, municípios e entidades se organizem para a formação de classes inclusivas. Na prática, porém, esse dispositivo legal requer a participação coletiva, visando, primeiramente, a mudanças de atitude do professor a um novo processo de formação desse profissional que atuará com essa clientela, as novas propostas de gestão educacional, à suspensão de barreiras arquitetônicas, além de visar à criação de suporte técnico especializado para atender as especificidades desses alunos.

Page 38: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

38

Depois de um jejum político de quatro anos, ACM volta ao governo da Bahia nos

braços do povo. Dois anos depois, Salvador elege Lídice da Mata, então no PSDB, para a Prefeitura da cidade. Em 1994, ACM e seu vice, Paulo Souto, se desimcompatibilizam dos cargos para disputar às eleições para o Senado e governo do Estado, respectivamente. O presidente da Assembléia Legislativa, Antonio Imbassahy assume o governo, em regime de mandato-tampão. O PFL vence o pleito. ACM assume uma vaga no Senado, Paulo Souto é o novo governador da Bahia e Imbassahy é o candidato do grupo e vence as eleições de 1996 para a Prefeitura de Salvador.

nas ondas da baianidade pop-nagô

Sexualidade começa

a ser discutida

A sexualidade das pessoas é inegável e com quem tem deficiência não é diferente. Como

atributo humano, a sexualidade é inerente a qual-quer pessoa a despeito de limitações de cunho biológico, psicológico ou social. Ainda que a defi-ciência mental possa influenciar a capacidade de manifestar e vivenciar vínculos afetivo-sexuais, o maior problema enfrentado pelo deficiente men-tal não está na sua condição biológica ou no dé-ficit intelectual, mas na dificuldade da sociedade em lidar com a manifestação e com a educação sexual da pessoa deficiente mental.

A partir dos anos 90, o assunto passou a ser discutido pelos órgãos e entidades. Mas ainda hoje, a sexualidade da pessoa com deficiência é tema controverso, principalmente nas famí-lias. Segundo alguns autores, as barreiras que podem limitar a vivência da sexualidade do deficiente mental encontram nos níveis físico, psicológico e social. Entre as barreiras físicas, Cena do espetáculo Do Sarau ao happy hour

Page 39: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

39

Candidato de ACM ao governo do estado, em 1998, o

deputado Luís Eduardo Magalhães morre de infarto, em abril daquele. O vice-governador César Borges, que havia assumido o governo com a desimcompatibilização de Souto para disputar o Senado, ocupa o lugar do filho de ACM na chapa do PFL e assume definitivamente o governo em 1998. O ciclo carlista no governo baiano perdura ainda por mais oito anos, com a volta de Paulo Souto, nas eleições de 2002.

Em 1992, a Bahia inteira chorou a morte de Irmã Dulce, o Anjo bom da Bahia. Nascida em

1914, decidiu aos 13 anos seguir a vida religioso para ajudar mendigos, enfermos e desvalidos. Aos 18 anos ordenou-se e começou a cuidar de pessoas doentes, transformando o galinheiro do convento num albergue para pobres. Construiu farmácia, posto de saúde e uma cooperativa de consumo. Fundou o Círculo Operário da Bahia, que além de escola de ofícios e, mais tarde, o Hospital Santo Antonio, embrião do que mais tarde se chamaria Obras Sociais Irmã Dulce. Quase não comia e não dormia e, por isso, sofria de insuficiência pulmonar. Desde a sua morte, corre no Vaticano, o processo para a sua beatificação.

estes teóricos citam a falta de aptidão verbal, de locomoção e de higiene pessoal, entre outros. As barreiras psicológicas dizem respeito ao tédio, isolamento, depressão e baixa auto-estima enquanto as sociais estariam no isolamento, falta de conví-vio entre amigos, discriminação e preconceitos sociais.

Já outros autores reforçam que os aspectos sociais que re-fletem no desenvolvimento psi-cossexual da pessoa com defici-ência mental estariam limitados à imagem corporal, a auto-esti-ma, a manifestação da identi-dade e do papel sexual, além da sua vulnerabilidade à explo-ração sexual por terceiros. Para resgatar os aspectos sexuais, muitas vezes comprometidos pela sociedade, estes autores defendem que é preciso obser-var como o processo de educa-ção sexual tem permitido à pes-soa com deficiência mental dar e receber afeto e exteriorizar as pulsões libidinais comuns a to-dos desde o nascimento.

Neste contexto, a educação sexual passa a ser considera-da como um processo amplo que permeia toda a vida da pessoa ao longo de seu de-senvolvimento, incluindo a

aprendizagem de regras sociais em relação à sexualidade. Já a questão da identidade sexual, vista como o sentimento e a auto percepção que as pesso-as têm em relação ao gênero e se expressam como ‘sentir-se homem’ ou ‘sentir-se mulher’, no desenvolvimento sexual da pessoa com deficiência mental este processo pode estar com-prometido, pois, na maioria das vezes, a criança cresce segrega-da de um convívio social mais amplo e as poucas informações que recebe acabam sendo vei-culadas genericamente e assi-miladas de forma deturpada.

A partir da focalização do tema em congressos e outros eventos técnico-científico, a discussão da sexualidade de uma pessoa deficiente mental vêm sendo marcada por dois grandes mitos. Primeiro de que a pessoa com deficiência seja assexuada. O segundo mito é o de que ela seja hipersexuada. Estes mitos desconsideram que as necessidades, desejos e capa-cidades sexuais dos deficientes mentais são iguais aos das pes-soas não deficientes, embora no trato social esta manifesta-ção possa ser, simbolicamente, registrada como diferente.

ANOS 90

O Dia Internacional das Pessoas com

Deficiência foi proclamado pela 37ª Sessão Plenária Especial sobre Deficiência da Assembléia Geral da ONU, em 14 de outubro de 1992. Naquele momento, as Nações Unidas comemoravam o término e as conquistas alcançadas pela Década Mundial de Apoio a Pessoa Portadora de Deficiência, destinada a estimular o cumprimento dos direitos dessas pessoas à educação, à saúde e ao trabalho.

A data escolhida, 3 de dezembro, coincide com o dia em que a ONU adotou o Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência, em 1982. O destaque desta data a cada ano tem o objetivo de promover a compreensão das questões relacionadas à deficiência e mobilizar a população para o respeito a dignidade, aos direitos e o bem-estar das pessoas com deficiência.

A idéia foi projetada para dar apoio ao trabalho das organizações das pessoas deficientes que podem utilizá-lo para promover as organizações e os direitos das pessoas com deficiência no mundo inteiro – nos níveis local, nacional, regional e internacional. Trata-se também de uma oportunidade para estimular o debate sobre os assuntos de deficiência em geral e tornar públicos os programas, as políticas e as leis boas e más.

Dia Internacional é instituído

Page 40: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

40

A profusão de novos debates sobre deficiência mental, o

interesse demonstrado pelos estudantes universitários sobre o tema e o sucesso de público do XVII Congresso Nacional das Apaes, realizado em Salvador foram algumas das razões que levaram a Apae Salvador a de-senvolver o projeto do Centro de Estudos e Difusão de Tecno-logia (Cedit)

Lançado em 11 de junho de 1999, o Cedit tem o objeti-vo de promover o desenvolvi-mento cultural, educacional e científico de profissionais que atuam nas áreas de educação, saúde e trabalho. Além disso, o Cedit tem a atribuição de cap-tar recursos para a manutenção da Apae, através do aluguel do novo auditório que começou a ser disponibilizado a outras ins-tituições para a realização de eventos.

Na área de desenvolvimen-to profissional, o Cedit produ-ziu diversos cursos, seminários e workshops nas áreas de edu-cação, saúde e trabalho. Anu-almente são promovidos pelo

Difusão do conhecimento passa a área de atuaçãoCedit pelo menos dois grandes eventos técnico-científicos, a exemplo do I Simpósio Inter-nacional sobre a Eficiência na Aprendizagem, que contou com a presença do poeta amazonen-se Tiago de Melo. Durante todo o ano, o Cedit mantém uma programação de cursos, como o Curso Básico Neuroevolutivo Conceito Bobath, uma aborda-

gem fisioterapêutica para pa-cientes com paralisia cerebral.

Os cursos de extensão nas áreas de educação e de saúde: Aquisição da linguagem e a sua relação com o desenvolvimen-to infantil, Desenvolvimento da lógica da criança, Síndrome de Down: o que o professor precisa saber e Ludicidade como estra-tégia de inclusão escolar.

A extinção da Legião Bra-sileira de Assistência (LBA), no início do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1994, provocou um momento de grande instabilidade para as entidades não-governamen-tais, uma vez que os recursos federais destinados à assis-tência social eram repassados através deste órgão. Se por um lado o fim da LBA deixou órfã boa parte das entidades filantrópicas, por outro se constituiu numa espécie de mola propulsora no processo

de profissionalização dessas enti-dades, que passaram a buscar for-mas autônomas de sobrevivência.

Nesse contexto, a solução encontrada pela Apae Salvador foi investir, sistematicamente, na profissionalização e moderniza-ção da sua gestão administrativa e financeira e na implantação de serviços que passaram a ser ofe-recidos à comunidade, como for-ma de gerar recursos para viabili-zar o atendimento a pessoa com deficiência.

Naquela época, as atividades desenvolvidas pela Apae Salva-

Para homenagear as entidades e clubes de serviços que, ao longo das últimas décadas, se dedicaram

a ajudar as instituições filantrópicas, a Apae de Salvador, preparou uma grande festa, em novembro de 1999, no auditório da Casa do Comércio. Além da entrega de troféus aos representantes das Voluntárias Sociais, Instituto de Ação Comunitária (IAC), International Womens Club, Internacional Lions Clube, Rotary Clube e o Grupo Conviver, foram entregues os prêmios Reconhecimento e Destaque, conferidos, respectivamente, aos jornalistas que durante aquele ano ajudaram a divulgar as atividades desenvolvidas pela instituição e também a pessoas da comunidade que contribuíram para melhoria da assistência prestada ao deficiente em Salvador.

nas ondas da profissionalização

Instituição investe na

Page 41: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

41

profissionalização

Instalações do laboratório de Análises Clínicas

dor foram distribuídas em atividade fim e atividade meio. A primeira envolvia as atividades destinadas ao cumprimento da sua missão, o atendimento a pessoa com deficiência. A segunda, referia-se a todos os serviços presta-dos pela Instituição com o objetivo de arrecadar recursos para a sua manu-tenção e o atendimento de sua missão.

Paralelamente, foi im-plantado um serviço de

telemarketing que visava a cooperação da comuni-dade, através de doações. Na área de comunicação, as ações se voltaram para o nível mercadológico com a finalidade de divul-gar os serviços oferecidos à comunidade, desta-cando o seu caráter dife-rencial, uma vez que ao utilizá-los as pessoas tam-bém estariam ajudando o atendimento a pessoa com deficiência carente de Salvador.

O ponto alto do evento foi a apresentação do espetáculo Do Sarau ao Happy Hour – Uma

Revista do Século, encenado pelos aprendizes do Cefap, que fizeram uma primorosa retrospectiva dos principais acontecimentos do Século XX. Integrando elementos de teatro, música, dança e cinema, o trabalho abordou momentos significativos de cada década do século e englobou um elenco eclético, formado pelos aprendizes da Apae, incluindo os alunos da Companhia de Dança Opaxorô, do Grupo III Milênio e do curso A Bahia e Suas Caras, que atuaram ao lado de artistas profissionais. Após o encerramento, foi realizada uma exposição de artes plásticas, também produzida pelos alunos da instituição. .

41

Page 42: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

42

Serviços são oferecidos à comunidade

Inicialmente, a Apae Salvador co-meçou a atuar na área de saúde

para atender aos alunos da Insti-tuição. A construção da nova sede, na Pituba, inaugurada em 1989, possibilitou a extensão dos servi-ços médicos à comunidade. Desde então, os serviços de saúde ofere-cidos pela Apae Salvador têm dois grandes objetivos: constituir-se em fonte de receita para a Instituição e contribuir para a prevenção de doenças, sobretudo as que podem levar à deficiência mental.

O Centro Médico, que come-çou a funcionar de forma tímida no início dos anos 90, avançou tanto que no final da década já era uma referência no estado. Em 1992, a Apae Salvador inaugurou o Centro de Diagnóstico e Pesquisa (hoje

Cedip), onde passou a funcionar o Laboratório de Triagem Neonatal com o Teste do Pezinho. Num pri-meiro momento, a Apae fez uma parceria com o Laboratório DLE, do Rio de Janeiro, do patologis-ta clínico Armando Fonseca. Pelo convênio firmado entre as duas instituições, a Apae fazia a coleta dos exames e o laboratório carioca realizava a análise do material que era enviado pelo correio.

Com o crescimento do número de exames, a parceria foi ampliada e o DLE montou um laboratório na sede da Apae e capacitou recursos humanos locais para atender a de-manda. No final da década, porém, o DLE preferiu manter seu trabalho apenas no Rio de Janeiro e a Apae Salvador montou uma estrutura

própria e, com o know how adqui-rido, passou a oferecer o serviço de forma independente para Salvador e outros municípios do Estado.

A gestão bem-sucedida do Laboratório de Rastreamento Ne-onatal deu segurança para que a Apae alçasse vôos mais altos e es-tendesse a sua atuação laborato-rial para as Análises Clínicas. Sur-giu, então o Labac, o Laboratório de Análises Clínicas, gerenciado pelo Centro Médico da Instituição. O projeto, aliás, já nasceu gerando bons frutos. Em 1998, com pouco tempo de funcionamento, o Labac se associou ao Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ), da Sociedade Brasileira de Análi-ses Clínicas, obtendo o conceito de “Excelência”.

Instalações do Centro de Diagnóstico e Pesquisa, o Cedip, da Apae Salvador

Na festa que marcou a passagem do século XX, a Apae concedeu o Prêmio Reconhecimento

os jornalistas Cristina Apulto e Maria Luíza Brígido (Correio da Bahia), Suza Machado e Gilka Maria Lisboa (A Tarde), Mara Campos (Tribuna da Bahia) e Pedro Formigli (Gazeta Mercantil). O Prêmio Destaque foi entregue ao prefeito de Salvador Antônio Imbassahy, ao engenheiro René Octávio Dantas e à empresária Margarida Luz. Desde então, a Instituição concede, anualmente, estes dois prêmios às personalidades que apóiam as atividades desenvolvidas em prol da pessoa com deficiência mental e aos jornalistas que ajudam a divulgar as potencialidades que podem ser desenvolvidas por este segmento da população.

na era da gestão participativa

Page 43: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

Legislação avança e garante cidadania

O processo de consolidação dos direitos da pessoa com deficiência tem o seu ápice nos anos 90, com a adequação da legislação brasileira às garantias constitucionais conquistadas por este segmento da população. O primeiro grande passo foi incluir artigos específicos para as crianças e adolescentes com deficiência na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Seguindo a mesma linha da Constituição Federal, ali estão assegurados mecanismos de proteção aos direitos da criança e do adolescente de forma global, o que inclui os deficientes, como previsto no capítulo V, que trata do direito à profissionalização e à proteção no trabalho, assegurando ao portador de deficiência o direito ao trabalho protegido.

Vale destacar que, quando o ECA foi promulgado, em 1990, o conceito de inclusão ainda não era tão disseminado; daí a referência a uma modalidade de trabalho (protegido), que hoje está em extinção. Em relação à educação, o ECA está em consonância com a Constituição, que garante a qualquer criança acesso e permanência na escola, além de priorizar o atendimento da criança com deficiência na rede regular de ensino.

A Lei 7.853, a chamada Lei da Corde, promulgada em 1989, também foi ajustada à nova realidade com o Decreto no 914, de 6 de setembro de 1993. Assinado pelo então presidente Itamar Franco, o decreto institui a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, entendida como um conjunto de orientações normativas com o objetivo de assegurar o pleno exercício dos direitos sociais e individuais à pessoa com deficiência, incluindo ações governamentais para a sua prevenção. O dispositivo legal, porém, mantém a Corde subordinada ao Ministério do Bem-Estar Social, para onde havia sido transferida no início do Governo Collor. Na sua criação, a Corde tinha status de secretaria nacional, em função da sua vinculação à Presidência da República.

Realização de exames do sangue coletado no Teste do Pezinho

Odontologia especial

Outro programa que ganhou corpo na Instituição foi o Programa do

Voluntariado. Trabalhando em parceria com a comunidade e, principalmente, com as famílias dos alunos, a Apae Salvador procura incentivar a solidariedade da população e dos pais dos alunos e aprendizes. Uma das atividades introduzidas por voluntários foram as aulas de tênis ministradas pelo ex-jogador amador e professor de tênis Marcelo Soares de Paula. Uma vez por semana, Marcelo se afastava um pouco da sua empresa, a Play Point Academia, e ensinava a 62 alunos da Apae as manhas do esporte, que naquela altura, havia consagrado o nosso Guga, nas quadras de todo o mundo.

Por outro lado, o movimento de solidariedade dos pais dos alunos é utilizado no Programa

Pais Apoio, composto de pais de crianças portadores de deficiência mental, que são treinados por médicos, enfermeiras, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos para prestar apoio emocional e orientação aos pais recentes desse tipo de criança, oferecendo solidariedade, apoio e confiança. O grupo auxilia também os profissionais envolvidos no difícil momento de transmissão da notícia de que a criança é portadora de alguma doença. O grupo estabelece também um vínculo com a família e continua a apoiá-la, mesmo após a saída da unidade de saúde, através de visitas aos lares.

43

Page 44: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

44

Capítulo 5

Page 45: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

45

Os desafios do futuro

Os desafios do futuro

Page 46: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

46

O futuro e os desafios da Terceira Idade

Pós-graduaçãoEm 2004, em parceria com a Universidade de Santo Amaro (Unisa), de São Paulo, a Apae Salvador iniciou um programa de aperfeiçoamento e capacitação profissional, oferecendo cinco cursos de pós-graduação (especialização - Lato Sensu). Dirigido a profissionais das áreas de educação, saúde e administração, os cursos abrangem conteúdo exclusivo, que aliam a experiência prática da Apae e a didática da Unisa. Além de promover a transferência do conhecimento adquirido em tantos anos de experiência no atendimento a pessoa com deficiência mental, os cursos têm também o objetivo de contribuir para a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade.

Atendimento familiarO trabalho desenvolvido pela Apae Salvador não se restringem aos alunos. Pais e familiares dos alunos do Ceduc e do Cefap recebem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por assistente social, nutricionista, instrutor de dança, professor de educação física e coordenadores pedagógicos da Instituição para melhorar a qualidade de vida e diminuir os fatores de riscos, como hipertensão, glicemia e o colesterol. Os benefícios alcançados vão além dos aspectos físicos. Eleva a auto-estima e possibilita melhoria das relações interpessoais entre os familiares e os alunos, proporcionando dessa maneira, uma maior integração entre eles e a Instituição.

Ex-aluno e ex-aprendiz da Apae, Silvio Diamantino hoje é funcionário da Instituição

Page 47: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

O

47

terceiro milênio chega com novos desafios para a pessoa com deficiência. As conquistas alcançadas ao longo dos últimos trinta anos esboçam um quadro de boas perspectivas, mas também de grandes responsa-bilidades. Os avanços registrados na medicina, as no-vas tecnologias, o acesso à informação e, sobretudo, o processo de inclusão social, iniciado na década pas-sada, são os principais fatores que vêm contribuindo para aumentar a expectativa de vida da pessoa com deficiência mental. Não existem estatísticas oficiais no país, mas os profissionais que trabalham, nessa área são categóricos em afirmar que a pessoa com defici-ência mental está vivendo mais e muito melhor.

Para se ter idéia da evolução, segundo a mé-dica geneticista Tatiana Amorim, da Apae Salvador, no início do século XX, a expectativa de vida de uma pessoa com Síndrome de Down era de 18 anos. Hoje, a média em países como a Austrália, por exemplo, é de 72 anos, enquanto para pessoas ditas normais é de 80 anos, neste mesmo país.

Para a médica, diversos fatores contribuíram para essa transformação. Os avanços na medicina, como o aprimoramento das técnicas de reabilita-ção, as cirurgias cardíacas, o desenvolvimento e uti-lização de vacinas especiais, a exemplo da hepatite A, são fatores de extrema importância neste pro-cesso. Entretanto, explica a médica, todo esse arse-nal médico poderia ser irrelevante sem os avanços conquistados nos aspectos psicossociais, principal-mente os que se referem ao convívio social.

O aumento da expectativa de vida da pessoa com deficiência tem levado as organizações a discu-tirem formas de atendimento para os idosos. Hoje, no Brasil já existem experiências bem-sucedidas, ba-seadas em modelos de países mais desenvolvidos e adaptadas à realidade brasileira.

Conceito de deficiência atualiza terminologiaNo terceiro milênio começa-se a perceber que é necessário aceitar e reconhecer que a deficiência é parte comum da variada condição humana e sua aceitação conduz ao respeito, a dignidade à busca da convivência harmoniosa entre todas as pessoas na sociedade, independente das terminologias ou significações de ordem social. Entretanto, segundo o assistente social, Romeu Sassaki, a terminologia utilizada na denominação da condição da pessoa com deficiência acaba por interferir na sua auto-estima.

No início dos anos 2000, o termo Pessoa com Deficiência era o mais usual e recorrente, no entanto, uma tendência mundial, que o Brasil acompanha, já começa a apontar como mais correta a referência “deficiência intelectual”. De acordo com Sassaki, esta terminologia parece ser mais apropriada por referir-se ao intelecto especificamente e não ao funcionamento da mente como todo. Por outro lado, explica o teórico, trata-se da melhor forma de melhor distinguir “deficiência mental” de “doença mental” que são termos parecidos, mas designam condições diferentes.

Essa tendência vem se insinuando desde 1995, quando a ONU realizou o simpósio Intellectual Disability: Programs, Policies and Planning for the future (Deficiência Intelectual: Programas, Políticas e Planejamento para o futuro). Mas só se consolidou com a Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, aprovada na Conferência Internacional sobre Deficiência Intelectual, realizada, em 2004, pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), em Montreal, no Canadá. Segundo Sassaki, a substituição do mental por intelectual foi assumidamente proposital.

Bem EficienteO reconhecimento público da atuação da Apae Salvador se materializou, em 2002, com a conquista do Prêmio Bem Eficiente. Concedido pela Kanitz & Associados, empresa de consultoria na área de avaliação de empresas, o Prêmio tem o objetivo de prestar um justo reconhecimento as entidades filantrópicas que tiveram um desempenho profissional fazendo o bem. AS 351 entidades indicadas foram analisadas dentro de padrões internacionais. A Apae Salvador ficou entre as 50 melhores, graças aos resultados organizacionais, financeiros, operacionais, de transparência administrativa e de impacto social. O Prêmio Bem Eficiente é um dos mais rigorosos da área e seus resultados são conferidos por um Conselho Supervisor, que certifica que não houve favoritismo, influência política ou subjetiva na escolha.

Page 48: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

48

O Estatuto da Pessoa com De-ficiência está pronto para ser

votado pelo Congresso Nacional, depois de cinco anos de uma lon-ga tramitação. Aprovado pela Co-missão de Direitos Humanos do Senado, em 2006, o projeto, de autoria do senador gaúcho Paulo Paim (PT), foi relatado pelo senador Flávio Arns (PT), ex-presidente da Federação Nacional das Apaes, e retornou à Câmara dos Deputados, onde o projeto substitutivo será apreciado.

A nova legislação tem o ob-jetivo de assegurar, promover e proteger o exercício pleno e em condições de igualdade de todos os direitos das pessoas com defici-ência, visando sua inclusão social

e cidadania participativa plena e efetiva. O projeto substitutivo apresentado por Arns incorporou opiniões e sugestões da sociedade, considerando a legislação vigente e a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defici-ência, aprovada pela ONU.

A idéia central é introduzir no ordenamento jurídico brasileiro, lei que defina claramente os direi-tos das pessoas com deficiência. O Estatuto propõe o desenvolvimen-to de ações que assegurem a plena inclusão das pessoas com deficiên-cia no contexto sócio-econômico e cultural. Garante acesso, ingres-so e permanência da pessoa com deficiência, acompanhada pelas pessoas e animais que lhe servem

de apoio, portando os produtos que utiliza, como ajudas técnicas, em todos os ambientes de uso co-letivo e viabiliza a participação das pessoas com deficiência em todas as fases de implantação das políti-cas públicas.

Na área da saúde, fomenta a realização de estudos epidemioló-gicos e clínicos, de modo a produ-zir informações sobre a ocorrência de deficiências e incapacidades. No âmbito do SUS, cria Centros de Biologia Genética como referên-cia para a informação e prevenção de deficiências. No que se refere à educação, torna compulsória a matrícula e a inclusão escolar de pessoas com deficiência em esta-belecimentos de ensino regular e

GestãoEm 2000, a Apae Salvador consolidou a sua filosofia de gestão empresarial-social. Fundamentada numa tecnologia empresarial, adaptada para instituições sem fins lucrativos e já testada com sucesso, o novo modelo consolidou os valores morais e possibilitou mudanças educacionais, científicas e financeiras. Decorridos sete anos, a Instituição já comemora os resultados alcançados. Adotado com sucesso por outras entidades, o modelo de gestão está fundamentado em conceitos essenciais e critérios operacionais que devem ser aceitos e praticados por todos da instituição. O administrador Ângelo Veiga, consultor da Instituição, lembra que a nova gestão organizacional tem como princípios fundamentais o espírito de servir e a confiança no ser humano. Durante a implantação do novo modelo, a grande preocupação da instituição foi não perder o seu foco principal que é o atendimento a pessoa com deficiência.

Estatuto deve ser aprovado

Page 49: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

49

ainda este ano

obrigatório o oferecimento de educação especial ao educando com deficiência internado em hospitais por prazo igual ou superior a um ano.

Além disso, obriga as emissoras de TV a legendar e dublar todos os progra-mas, nacionais e estrangei-ros, favorecendo o direito à informação das pessoas com deficiência auditiva e visual. Nos concursos públi-cos ficam reservadas para os deficientes pelo menos 5% das vagas disponíveis.

O Estatuto também in-centiva a prática desporti-va entre as pessoas com e

sem deficiência e estimula a ampliação do turismo vol-tado à pessoa com deficiên-cia. Os planos e programas governamentais deverão prever recursos orçamentá-rios destinados especifica-mente ao atendimento das pessoas com deficiência. No plano jurídico criminal, considera crime punível com reclusão de um a qua-tro anos qualquer forma de discriminação, como recusar matrícula em esta-belecimento educacional, dificultar acesso a cargo público, negar trabalho ou assistência médica a pes-soa com deficiência.

No plano federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, em setembro de 2007, o Plano Social de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que prevê investimentos de R$ 2,4 bilhões em programas voltados para pessoas com deficiências a serem aplicados nos próximos três anos. Na mesma ocasião, Lula determinou que seja feita uma fiscalização rigorosa em todos os órgãos do governo, inclusive no Palácio do Planalto, para verificar se a lei de cotas para portadores de deficiência a Lei 8213/91, está sendo cumprida.

Os recursos previstos no Plano devem contemplar as áreas de educação, saúde, habitação e transporte. A prioridade é atender as pessoas inscritas no programa Bolsa-Família, alunos do ensino básico e idosos. Junto com o plano, o presidente assinou ainda um decreto que altera as regras de recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), administrado pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Antes, a pessoa com deficiência que conseguisse um trabalho perdia o benefício e não podia requerê-lo de volta quando deixava o emprego. Com o novo decreto, a pessoa com deficiência poderá voltar a receber o BPC.

O Plano Social de Inclusão da Pessoa com Deficiência estabelece como meta, na área de educação, a adaptação de 6.273 escolas em municípios com mais de 60 mil habitantes e a implantação de recursos pedagógicos voltados para estudantes com deficiência em 6.500 salas de aula. Um programa a ser desenvolvido pelo Ministério da Educação prevê ainda a elaboração de livros acessíveis que possibilitarão a leitura digital.

Plano destina verbas para programas

Best of mind e ABRHDois anos depois de receber o Prêmio Bem Eficiente, a Apae Salvador foi reconhecida como a organização não governamental mais admirada pelos baianos pela qualidade dos serviços prestados e recebeu o Prêmio Best of Mind de 2004. O prêmio tem o objetivo de conhecer e valorizar as empresas e instituições que melhor se relacionam com seus clientes. Em 2008, a Instituição foi agraciada com o Prêmio Luiz Tarquínio na categoria Tecnologia Empresarial de ONGs, concedido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-BA).

ISO 9001Depois de seis meses de auditoria e adequação do seu Sistema de Gestão da Qualidade às normas ISO 9001, a Apae Salvador recebeu, em março deste ano, o certificado do Bureau Veritas Certification do Brasil, garantindo a qualidade dos serviços prestados no seu Laboratório de Análises Clínicas, no Serviço de Referência em Triagem Neonatal e no Centro de Atendimento Médico Ambulatorial. Foi uma grande conquista, embora os serviços certificados já tivessem garantia de qualidade de instituições médicas de referência. A Norma ISO exige que a empresa diga o que faz, como faz e quais são os resultados esperados de cada processo ou atividade.

Page 50: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

50

O nível de profissionalismo alcançado pelo Centro

Médico da Apae Salvador foi oficialmente reconhecido pelo Ministério da Saúde, em 2002. Ao implantar o Programa Na-cional de Triagem Neonatal (PNTN), o Ministério escolheu o Centro de Diagnóstico e Pes-quisa (Cedip – Teste do Pezi-nho), da Apae Salvador, como unidade de referência do pro-grama na Bahia. Desde então, o Cedip passou a denominar-se também Serviço de Refe-rência em Triagem Neonatal.

O PNTN é fruto de uma parceria entre o Ministério e as secretarias estaduais e mu-nicipais de saúde e visa ofe-recer a todos os bebês, gra-tuitamente, através do SUS, o direito ao exame, acesso ao tratamento e o acompanha-mento permanente das do-enças detectadas. Pelo SUS, o Teste do Pezinho diagnostica três doenças: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e anemia falciforme.

Outra área em franca ex-pansão é o Laboratório de

Análises Clínicas, o Labac, que estendeu seus serviços de tal forma que suas instalações físicas foram ampliadas e re-formadas para atender a de-manda. Com serviços persona-lizados, o Labac hoje compete em condições de igualdade com qualquer outro laborató-rio de Salvador e ainda oferece exames exclusivos.

Há dois anos, a Gerência de Saúde implantou mais um serviço médico de referência, a Fisioterapia. Antes restrito a es-timulação precoce para crian-ças e jovens com deficiência, o serviço atualmente atende a população em geral em cinco especialidades: estimulação precoce; ortopédica, trauma-tológica e RPG; neurológica; uroginecológica e escolas de postura.

Em 2003, com a doação de uma Unidade Móvel, feita pelo Consulado do Japão, o Centro Médico passou a realizar exa-mes médicos para empresas e outras instituições, ampliando assim o universo de receita ge-rada para a Instituição.

Prêmio DenatranEm 2004 e 2005, alunos da Apae Salvador venceram o Prêmio Denatran de Educação para o Trânsito Em 2004, Rodrigo dos Santos foi o grande vencedor regional da categoria Educação Especial. Em 2005, foi a vez de Lenice Santos Rocha, única baiana a receber a premiação em nível nacional. Promovido anualmente pelo Departamento Nacional do Trânsito, autarquia do Ministério das Cidades, o concurso tem a finalidade de estimular a reflexão de crianças, jovens e educadores sobre o trânsito no contexto da cidade. Como a grande vencedora da sua categoria, Lenice recebeu R$ 2 mil, além de passagem, hospedagem e alimentação para participar da cerimônia de entrega do prêmio, em Brasília.

Centro médico, da Apae

Coleta do Teste do Pezinho

Equipamento do labac

Saúde é referência para o Minis

Page 51: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

51

tério da Saúde

Paralelamente ao atendimento médico, a Apae mantém equipamentos de ponta para o diagnóstico de problemas posturais. A Avaliação Postural Computadorizada (APC) é um exame que avalia, através de um software (um programa de computador) e analisa os aspectos morfológicos da estática humana. Ou seja, permite um exame mais profundo da postura de uma pessoa. Através deste sistema, pode-se medir as distâncias entre pontos anatômicos, oferecendo assim um diagnóstico mais preciso da postura e favorecendo o acompanhamento da sua evolução.

Outro instrumento que auxilia no diagnóstico e no tratamento de problemas posturais é o baropodometria eletrônica. O exame, também não–invasivo, é utilizado para visualizar, gravar e analisar as alterações das pressões e forças dos pés, além de alterações da postura e avaliação do equilíbrio. Do mesmo modo que o APC, trata-se de um software altamente sofisticado, desenvolvido para visualizar imagens coloridas e dados estatísticos.

A goniometria computadorizada é um método de avaliação utilizado para medir os ângulos articulares do corpo humano. As medidas goniométricas são usadas para quantificar os ângulos articulares, decidir a intervenção terapêutica mais apropriada, verificar a eficácia da terapêutica empregada e documentar o sucesso ou insucesso do tratamento proposto.

Exames complementam atendimento

Reconhecimento InternacionalO aluno Juraci Edvan Gomes Fonseca, da 3a série do Centro Educacional Especializado da Apae Salvador, foi agraciado, em 2005, com o primeiro lugar na categoria Desenho Digital da Olimpíada de Artes na Infância, promovida pela International Child Art Foundation - Fundação Internacional de Arte na Infância - (ICAF), uma instituição não governamental, sem fins lucrativos, que tem como objetivo orientar crianças de vários países a adotarem uma atitude criativa e cooperativa em prol de um mundo pacífico, utilizando a arte como instrumento transformador. Realizada a cada três anos, a Olimpíada tem a finalidade de promover a comunicação global entre crianças de diferentes culturas através da arte. O desenho de Juraci Edvan foi produzido no Laboratório de Informática, através do programa Paint Brusch.

Fisioterapia neuropediatrica

Page 52: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

52

Em 2003, os 12 alunos da Apae Salvador, que integravam a

Companhia de Dança Opaxorô, receberam o registro de artistas profissionais. Em solenidade pre-sidida pelo delegado Regional do Trabalho, Edmundo Fahel, e o presidente do Sindicato dos Artis-tas e Técnicos em Espetáculo de Diversões do Estado da Bahia, Sa-muel Feitoza, entregaram, oficial-mente, aos integrantes do grupo o registro profissional e as cartei-ras do sindicato. Foi e ainda é uma conquista inédita para a pessoa com deficiência mental que, pela

primeira vez no Brasil, estão for-malmente inseridos no mercado de trabalho, através de uma pro-fissão regulamentada.

A conquista do registro coroou de êxito o processo de profissio-nalização do grupo que começou em 1998, com a implantação do núcleo de artes do então Centro de Treinamento e Produção (CTP). Graças à sensibilidade do delega-do regional do Trabalho, do pre-sidente do Sindicato dos Artistas e da atriz Regina Dourado, que se envolveram pessoalmente para conseguir a concessão do regis-

tro, os 12 alunos da Apae poderão competir no mercado de trabalho, contribuir e receber os benefícios da previdência social.

Coordenada na época pelo arte-educador Sérgio Kizirian e pela coreógrafa Janiere de Almei-da, a Cia de Dança Opaxorô já re-alizou vários espetáculos: A Festa (1997), Jazz (1998), Do Sarau ao ha-ppy hour – uma Revista do Século (1999), Tambores (2000) e Bahia – Cantos e Encantos (2001), ain-da inédita. No final de 97, gravou o primeiro CD e também assinou o primeiro contrato profissional

Doença falciformeO Cedip da Apae Salvador divulgou em junho de 2008, o resultado do primeiro mapeamento da distribuição da doença falciforme na Bahia. Com base nos dados colhidos no Teste do Pezinho, foi possível traçar o mapa da doença falciforme na Bahia, apontando as áreas de maior e menor número de casos, bem como o tipo de doença falciforme de maior incidência em cada região. Nada menos que 30% dos 1.724 casos diagnosticados na Bahia, nos últimos sete anos, estão concentrados em Salvador e região metropolitana (RMS). Em segundo lugar, aparece a região do Paraguaçu, com 12,47%, seguida do Litoral Sul, com 11,08%. A Bahia ocupa o primeiro lugar no ranking nacional. Enquanto a média no país é de um caso para cada mil nascimentos, na Bahia, a proporção é de: 1 para 700.

Integrantes da Cia de Dança Opaxorô em diversos espetáculos

Alunos são registrados como

Page 53: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

53

Genética no SertãoO número elevado de casos diagnosticados de doenças genéticas, principalmente de fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito, no município de Monte Santo é o principal foco do projeto de pesquisa Genética no Sertão: Estudo de doenças genéticas monogênicas freqüentes no município de Monte Santo – Bahia, que está sendo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa Científica (Nupec), da Apae Salvador, em parceria com outras instituições de pesquisa. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), o projeto pretende identificar os casos da alta incidência, as prováveis causas e realizar a capacitação de agentes comunitários de saúde para identificação e encaminhamento de outros casos. O projeto ainda está em curso e deve ser concluído no próximo ano. A alta incidência da doença na região foi detectada pelo Teste do Pezinho. Situado na região nordeste do estado, Monte Santo está 352 quilômetros distante de Salvador.

artistas profissionaispara realizar apresentações nos hotéis da rede Sofitel em Salva-dor. O sucesso foi tamanho que a rede hoteleira renovou o con-trato por mais um mês. Em 98, participou do I Festival Interna-cional Dança – Dançabahia, que reuniu no Centro de Conven-ções, as principais companhias de dança do mundo. Disputando de igual para igual, o grupo ficou com o segundo lugar na catego-ria dança popular – avançado - e com o primeiro lugar de todo o festival no quesito figurino.

Além de sua participação freqüente em eventos culturais de Salvador, o grupo já excursio-nou por várias cidades brasileiras, América do Sul e Europa, o gru-po gravou o CD Cantigas de Ori-xás. Participou de vários festivais, como Dança Bahia - 1º Festival Internacional de Dança, obtendo o prêmio de 2º colocado na mo-dalidade de Dança Popular, na Categoria Avançado, e prêmio de destaque de Melhor Figurino. Conquistou também o prêmio de 1º colocado na categoria Fol-clore Avançado, no Festival de Dança da Cidade do Salvador.

Arte proporciona desenvolvimento integralO trabalho realizado através de atividades artísticas vem se consolidando como um dos recursos mais eficientes no desenvolvimento físico e mental da pessoa com deficiência. Através do corpo, pode-se estimular desde habilidades técnicas até sutilezas de uma expressão artística, como o olhar lançado para conquistar a platéia. A arte dá visibilidade e isso reflete diretamente na auto-estima dos alunos.

O trabalho desenvolvido com a Opaxorô reforça a importância da arte na vida dos alunos. Eles passam a se preocupar mais com o corpo, observando desde a higiene e a alimentação até a estética. Muitos não se apresentam sem antes ir a praia para se bronzear. Afora os avanços no desenvolvimento psicomotor, são trabalhados conceitos, como responsabilidade, assiduidade e pontualidade.

Além das quatro horas diárias de ensaio, os alunos do grupo recebem orientação psicológica e profissional e participam de sessões de arte-terapia, onde os conteúdos psicológicos são trabalhados através de desenhos, pinturas e outras técnicas yunguianas com o objetivo de buscar uma reorganização interior de cada um.

O saldo dessa rígida rotina de oito horas diárias são progressos antes inimagináveis, como o da aluna Thaís Santana que superou a timidez e hoje é responsável pelo aquecimento da aula de dança ou o de Ademilton Ferreira, atualmente atuando como instrutor de dança no Ceduc da Apae.

Integrantes da Cia de Dança Opaxorô em diversos espetáculos

Page 54: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

54

Pré-natalO Centro de Diagnóstico e Pesquisa (Cedip) da Apae Salvador validou, em 2005, uma nova técnica de coleta e análise de exame para o diagnóstico do HIV e outras 17 doenças maternas que podem ser transmitidas ao feto. A nova técnica segue o padrão de coleta e análise que é utilizado no Teste do Pezinho, através do papel filtro. Para certificar a nova técnica, a Apae realizou, em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, uma pesquisa com 1.483 pacientes que procuraram espontaneamente o atendimento pré-natal em três maternidades públicas (Albert Sabin, Tsylla Balbino, Iperba) ou atendimento especializado no Centro de Referência em DST/Aids do município (CTA/Coas) e na própria Apae Salvador para realizar o teste do HIV. Esses 1.483 pacientes foram submetidos à realização do exame dentro dos padrões tradicionais e também através da técnica com papel filtro. O resultado apontou uma coincidência de 99,86% entre os dois métodos.

A Apae Salvador implantou em 2005 um plano estratégico

de ação com o objetivo de con-tribuir para a inclusão da pessoa com deficiência na escola regular. Denominado Política Institucio-nal para a Promoção da Inclusão, o plano previu uma série de ações conjugadas que estão sendo colocadas em prática pela Insti-tuição até 2010. Considerando o conhecimento e a experiência adquiridos pela Apae ao longo de tantos anos de atuação, essas ações têm a finalidade maior de formar profissionais para respon-

derem a crescente diversidade de estilos de aprendizagem que de-mandam hoje nas escolas da rede pública e privada. Inicialmente, as ações privilegiaram a área da de-ficiência mental, mas até 2010 se-rão ampliadas para envolver tam-bém temas e questões relativas a outros tipos de deficiência.

O primeiro passo foi a im-plantação do Programa de Apoio à Inclusão Escolar que tem o ob-jetivo de promover ações de for-mação de profissionais das áreas de educação. Dirigido a docen-tes, educadores e profissionais da

área, o programa tem como foco a promoção da inclusão efetiva da criança, do jovem e do adulto com deficiências.

O programa envolve, priori-tariamente, o desenvolvimento de suporte traduzido na capa-citação técnica e emocional de alunos e professores e na mobi-lização e disponibilização de re-cursos para atender e responder as diversidades existentes dentro do contexto escolar.

A Apae Salvador desenvolve um trabalho educacional, centra-do nos pressupostos teóricos do

Plano prevê estratégias de inclusão

Aprendizes do Cefap nas Oficinas de panificação ... ... de jardinagem ...

Page 55: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

55

Aplicação em municípiosDois municípios, Santo Antonio de Jesus e Lauro de Freitas, já firmaram convênio com a Apae para a realização do exame do Pré-Natal. O Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia estão analisando a adoção da nova técnica. Além de reduzir o custo do exame em cerca de 30%, este modelo de Pré-Natal possibilita a realização do exame em localidades que não dispõem de laboratório de análises clínicas. Além do HIV, podem ser detectadas as seguintes doenças: Toxoplasmose IgC (1ª e 2ª dosagens), Toxoplasmose IgM (1ª e 2ª dosagens), Rubéola IgG, Rubéola IgM, Herpes simples IgG, , Herpes simples IgM, Citomegalovírus IgG, Citomegalovírus IgM, Sífilis IgM (1ª e 2ª dosagens), Chagas I, Chagas II, Fenilcetonúria (que pode levar à deficiência mental), Anti-HBc (hepatite B), HbsAG (antígeno hepatite B), HTLV I, HTLV II, e HCV (hepatite C).

Iniciativa pioneira visa orientar

problemas de postura

Plano prevê estratégias de inclusão

construtivismo, com base em Piaget e Vigotsky e também subsidiado pela Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, de Reuven Feures-tein. O Ceduc tem por missão orientar e garantir os princí-pios gerais do sistema edu-cacional, assegurando uma proposta pedagógica que possibilita a aprendizagem e o desenvolvimento das po-tencialidades do portador de deficiência, preparando-o para a vida e a inclusão nas escolas regulares.

No Cefap, o desafio maior é o acompanhamento dos aprendizes que já estão cursando a escola regular. “Esse alunos precisam de um acompanhamento mais pró-ximo dos nossos profissio-nais. Além de apoiar os alu-nos, vamos também adquirir mais experiência”, explica Ilka Carvalho, superintendente da Apae Salvador. Com sede na Jequitaia, cidade baixa, o Cefap prepara, qualifica e co-loca os aprendizes no merca-do de trabalho.

Dirigidas a crianças, adolescentes e idosos, as Escolas de Postura da Apae Salvador tem o objetivo de prevenir e tratar problemas de posturas e enfermidades na coluna vertebral. Trata-se de um programa fisioterápico e educacional, cuja idéia central é orientar os alunos sobre as posturas que devem ser adotadas nas atividades cotidianas, tanto da vida prática e de lazer. Além de alongamentos e exercícios terapêuticos, a programação abrange exercícios de modernização, orientações posturais para dormir, sentar, abaixar etc.

“Trata-se de um conjunto de ações e orientações que irão contribuir para que o crescimento dessas pessoas se processe de maneira harmônica e com menos chances de desenvolver futuramente problemas posturais”, explica o ortopedista e fisiatra José Henrique Dantas, assessor médico do Centro Médico da Apae e coordenador do programa. O curso tem duração de quatro meses, com aulas de 40 minutos, duas vezes por semana.

Depois de uma avaliação geral, os alunos passam a freqüentar as aulas teóricas e práticas, que incluem exercícios lúdicos e fáceis de serem entendidos e realizados em casa. O método é baseado na cinesiologia. Trata-se da associação entre técnicas fisioterápicas e a técnica Pilates, que auxiliam o desenvolvimento da coordenação motora e do equilíbrio corporal.

... e no mercado de trabalho

Page 56: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

56

PortalO resultado apontou para a estratégia de inversão do eixo da comunicação. A nova proposta privilegiou as atividades de relações públicas, enfatizando a comunicação digital e as novas tecnologias de informação e comunicação, para potencializar as relações da instituição com cada um dos seus públicos estratégicos, mas mantendo todas as outras estratégias de comunicação já estabelecidas, como a assessoria de imprensa e a publicidade. Assim, optou-se pela implantação de um Portal de Informação e Serviços na Internet. A partir dele, foram estabelecidos fluxos diretos de comunicação com os públicos prioritários, de forma segmentada e em nível tridimencional: comunicação interna, institucional e mercadológica.

ComunicaçãoAs mudanças na estrutura da Apae Salvador também contemplaram o núcleo de comunicação da Instituição. Desde 1995, quando as atividades de comunicação institucional foram iniciadas, a instituição cresceu, diversificou suas atividades, todos os núcleos se reestruturaram, mas a comunicação continuou com o mesmo contingente funcional, utilizando os mesmos recursos estratégicos, ou seja, trabalhando para atingir seus públicos apenas através da comunicação de massa, fundamentada no trabalho de divulgação realizado pela assessoria de imprensa. A mudança teve como ponto de partida um estudo de público, com vistas a identificar, classificar e analisar os segmentos que precisariam ser trabalhados individualmente.

Em 2002, a Apae Salvador im-plantou o programa Apae Edu-

cadora, elaborado pela Federação Nacional das Apaes com a finalida-de de adequar as escolas especiais à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e ao Plano Nacional de Educação, com vistas a inclusão social da pessoa com deficiência. O programa previa um conjunto de ações pedagógicas para visa intro-duzir no Brasil uma nova modalida-de de educação especial.

Segundo a pedagoga Rita Valéria Brasil, coordenadora pe-dagógica da escola da Apae de Salvador na época, a proposta da Federação era inovadora e trazia orientações para as escolas da instituição. Além disso, permitiu também a transferência de co-nhecimento e a troca de experi-ências entre os técnicos da Apae e das escolas regulares que dese-jam adotar a educação inclusiva.

Entre as modificações que fo-ram implantadas, encontra-se o atendimento as crianças de zero a três anos, que antes eram assistidas apenas em ambulatório médico, através da estimulação precoce.

Alunos em diversas atividades pedagógicas e recreativas

Nova metodologia é aplica

Page 57: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

57

Reconhecimento científicoO modelo de comunicação adotado pela Apae Salvador foi apresentado no XXX Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação (Intercom), realizado em Santos (SP), em agosto de 2007. Os resultados obtidos, apresentados em forma de informações estatísticas, ganharam destaque nacional e o projeto foi considerado um modelo a ser seguido pelas organizações do Terceiro Setor em todo o Brasil, sobretudo no que diz respeito a observância da regulamentação das profissões da área de comunicação, visto que na sua estrutura atual existem profissionais de várias sub-áreas da comunicação, desempenhando suas atividades privativas, em consonância com as diretrizes, objetivos e conceitos, previamente estabelecidas no Planejamento Estratégico de Comunicação da Instituição.

da na escola

Com as novas diretrizes, elas foram recebidas na escola e passaram a integrar o Programa de Educação Precoce, previsto no âmbito da Edu-cação Infantil. As crianças de quatro a seis anos passaram a freqüentar a pré-escola, que integra o nível da Educação Infantil.

Dentro da classificação de Ensi-no Fundamental, foi introduzido o Ciclo de Alfabetização, que passou a atender as crianças da faixa etária de sete a 14 anos. A partir dos 15 anos, os alunos da escola passam para o Cefap, onde recebem a Edu-cação Profissional. Através de pro-gramas pedagógicos específicos, os alunos passam por várias etapas, desde a qualificação para o traba-lho até a colocação e o acompanha-mento no mercado profissional.

Núcleo passa a gerir pesquisa científicaCriado a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo Centro Médico, do Laboratório de Análises Clínicas e do Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) da Apae, o Núcleo de Pesquisa Científica (Nupec) tem o objetivo de transformar o grande arsenal de dados obtidos através do atendimento médico e laboratorial da instituição em fonte permanente de pesquisa científica.

Composto por gestores das áreas de saúde e de pós-graduação da instituição, além de representantes da pessoa com deficiência, o Nupec conta com uma assessoria especializada em pesquisas científicas. O trabalho do núcleo se desenvolve de duas formas. Primeiro, atende as demandas internas e externas por pesquisas, selecionando e acolhendo projetos e se posicionando sobre a pertinência e o cumprimento rigoroso das normas éticas e legais.

Em outra vertente, o Nupec desenvolve projetos próprios de pesquisa, buscando respostas para questões que podem ser desvendadas pelo volume de informações armazenadas dentro da Instituição. Um bom exemplo do trabalho desenvolvido pelo Nupec é o estudo já concluído sobre o Mapeamento da Distribuição da Doença Falciforme na Bahia, realizado a partir dos dados recolhidos pelo Serviço de Referência em Triagem Neonatal (Teste do Pezinho). Em outra ponta, o Nupec está atuando no estado intitulado Genética no Sertão: Estudo de doenças genéticas monogâmicas freqüentes no município de Monte Santo – Bahia, que investiga as causas genéticas dos casos de hipotireoidismo congênito, diagnosticados na região.

Page 58: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 59: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 60: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

60

Prêmio construtores da cidadania celebra os 40 anos

Ilka Carvalho e Angela Ventura na festa dos 40 anos Aluna Jamile Conceição e seu canto emocionadoAApae de Salvador comemorou seus 40 anos de fundação no dia 2 de outubro, no Espaço Unique, com a en-trega do Prêmio Construtores da Cidadania às pessoas, que durante este período, colabora-ram, decisivamente, com a Ins-tituição, para o atendimento a pessoa com deficiência mental. O total de 45 pessoas e institui-ções foram agraciados com o troféu, que simboliza a gratidão da Apae Salvador, dos seus di-retores, colaboradores, alunos e familiares por aqueles que se empenharam pelo crescimento da Instituição. A festa contou com a participação especial da aluna Jamile Conceição da Sil-va, que cantou a Ave Maria e I Will Always Love You, e da Cia de Dança e Percussão Opaxorô, que apresentou um trecho do

espetáculo A Ópera do Malan-dro, de Chico Buarque.

A solenidade foi divida em sete blocos. No primeiro bloco, recebeu o troféu o grupo que inspirou a criação da institui-ção. Duas das primeiras alunas da Apae, Márcia Barbosa e Kátia Daltro, foram homenageadas e representaram todos os alunos a aprendizes que passaram pela Instituição. O segundo bloco foi dedicado ao grupo fundador da Apae. No terceiro, os homenage-ados fazem parte do grupo de amigos que, ao longo desses 40 anos, sempre contribuíram para a ampliação dos serviços e o cres-cimento da organização.

O quarto bloco foi dedica-do às instituições parceiras da Apae, como a Sociedade Pesta-lozzi, Instituto Guanabara, ION, Apada e Abadef, entre outras.

No quinto bloco foram homena-geadas as pessoas que colabora-ram diretamente para a consoli-dação da Apae. No sexto bloco, foram agraciados com o Troféu Construtores da Cidadania, téc-nicos, dirigentes e órgãos do se-tor público que se destacaram na construção da organização. Por fim, no sétimo bloco, foram homenageados as empresas e empreendedores que têm con-tribuído para a colocação da pessoa com deficiência mental no mercado de trabalho.

A solenidade foi apresentada por dois mestres de cerimônia e entre os blocos os alunos fizeram apresentações artísticas para, mais uma vez, mostrar a impor-tância do trabalho da Instituição para o desenvolvimento físico, mental, emocional e social da pessoa com deficiência mental.

Page 61: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

61

Alunos e colaboradores foram homenageadosO Prêmio Construtores da Cidadania foi destinado às pessoas e instituições que contribuíram para o crescimento da Apae Salvador. Veja quem recebeu a homenagem.

Grupo InspiradorMárcia Cristina Barbosa e Kátia Daltro

Grupo Fundadores e SucessoresMarisa Gondim, Maria Auxiliadora Rabello, Sylvia Lacerda, Maria do Carmo Britto de Morais, Antônio Carlos Le Martini, Renato Monteiro, Derval Evangelista, Maria Helena dos Santos, Sílvio Diamantino e Marita Neves.

Amigos da ApaeMaria de Fátima Carneiro de Mendonça, Maria do Carmo Viterbo Lima, Margarida Luz, Elisa Spector, Romilda Mastrolorenzzi, Odete Prata Reinel, Eunice Marinho, Sidney Rezende, Clóvis Eugênio, Maria de Lourdes Nascimento, João Ribeiro, Emiliano José e Ingrid Taricano

Instituições ParceirasElpídio de Araújo (Federação Nacional das Apaes), Aracélia Costa (Apae de São Paulo), Maria Dolores Cabirta (ION), Maria José Calheiro Lobo (Instituto Guanabara), Elza Araújo (Cliff), Gecilda Coutinho Serafim (Sociedade Pestalozzi), Marizanda Dantas (Apada) e Maria Luiza Câmara (Abadef)

Bem-feitoresSônia Magalhães, General João Francisco Ferreira, Yeda Barradas Carneiro e René Otávio Dantas.

Setor PúblicoMarilene Ribeiro, Izabel Maior e Agenor Gordilho

Empresários e EmpreendedoresAndré Faro, Álvaro Sant’Anna Neto, Francisco Ferrero, Armando Fonseca e Angelo Veiga.

Empresários e empreendedores recebem o troféu

Ilka Carvalho e a primeira-dama Fátima mendonça

Derval Freire, Izabel maior e Agenor Gordilho Emiliano José

Ingrid Taricano Coronel uchôa e maria Rita D. Caldas

Page 62: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

62

Ademário Pinto BatistaAdemilton dos Reis FerreiraAdmilson Nascimento SantanaAdriana Antas SantosAdriana BrazAdriana da Silva GoesAdriana de Cassia CostaAdriana Leticia Reis SantosAdriana Oliveira SilvaAdriano Ramos CarneiroAdriano SepúlvedaAgnaldo Santos de OliveiraAlberto Alencar CarvalhoAldarina Sodre MagalhaesAldenice Oliveira SilvaAlene Almeida dos SantosAlex Santos SouzaAlexandrino Ramos CarneiroAlexsandra Santana LimaAlice Saideles GenroAllesson Guimaraes da SilvaAmilton da Hora BarbosaAna Beatriz Araujo SantanaAna Claudia Barretto SantosAna Claudia Henrique MattosAna Claudia Silva GonçalvesAna Lucia Pereira OliveiraAna Lucia Godinho MendesAna Maria Carillo M. NogueiraAna Paula Moreira da SilvaAna Rita Barbosa SantosAna Virginia Silva LemosAnderson dos Santos VieiraAndre de Souza Cunha NetoAndre Luiz Santa Rita PitangaAndrea Flores RibeiroAndrea Souza CostaAndrea Souza dos SantosAndreia Santos da SilvaAne Lago dos SantosAngela Baptista SanjuanAngela Maria da Silva NazareAngela VenturaAngelo VeigaAntonia Moreira dos SantosAntonio Carlos Araujo SantosAntonio Carlos F. de SouzaAntonio Cezar dos SantosAntonio C. da PurificacaoAntonio da SilvaAntonio Jose Ferreira TeixeiraAntonio M. Araujo da SilvaArtur Silva CordeiroAsman Cristina Ralin FerreiraAugusta dos SantosAurenizio de P. Cardoso Júnior

Balbino Cunha de SouzaBarbara Calmeto Lomar PassosBarbara Cristina Pires Malgalho

Barbara Kraychete da Costa Barbara Luzia Andrade ReisBarbara Veronica Fonseca GomesBruno Mascarenhas Rocha

Camilo José C. de SouzaCarla Chagas SantosCarla dos SantosCarla Elaine Moreno BarbosaCarlos Antonio Costa Reis JuniorCarlos Antonio dos SantosCarmen Soares AraujoCarolina Ramos BarbosaCarolina Souza FerreiraCaroline Santos SilvaCecília Barreto CatalanCelia Adriana de Jesus FerreiraCelia Araujo de SouzaClarissa AmaralClaudenice Neves de OliveiraClaudio da CruzCláudio Menezes BonfimClaudionice Cruz de JesusCleide Costa MenezesCleides Oliveira dos SantosCleude Silva de JesusCleusa Ione Borges ZanettiCíntia Alice Sampaio GuedesCremilton da SilvaCreusa Rodrigues de OliveiraCrispina Pinheiro MeloCristiana Carvalho Rangel SantanaCristiane Correia Oliveira SalesCristiane Xavier GomesCristiana Carvalho R. da SilvaCristina Pires de Oliveira

Daiana Pereira dos SantosDailton dos Santos SantanaDaisy Ramos SoaresDalva Maria de JesusDaniel Lopes dos SantosDaniel Medeiros de OliveiraDaniela Lima SilvaDaniela Rafaele Gouveia CabusDaniela Regina AraújoDavina Sena de JesusDenival Mascarenhas CerqueiraDenivaldo Neves dos SantosDiego Brito de MoraisDiego Machado LustosaDílson Conceição NetoDomingos Lazaro Fernandes JuniorDomingos Souza SantosDulcelene de Souza

Edelmilo Eliezer Santos FigueiredoEdilson Conceição dos SantosEdilton Batista dos SantosEdimeire Pereira dos Santos

Edimilson Neri NascimentoEdleuza Andrade SilvaEdna do Espirito Santo Leotta SantosEdna Gomes SilvaEdna Maria do Nascimento MoraesEdna Sales de JesusEdnaldo Souza de JesusEdnalva MoreiraEdson Machado SenaEladio Dias dos ReisElen Rocha SantosElenicio Brasil MaiaEliana Guimaraes Cruz SouzaEliene Caldas BorgesEliane da Silveira LopesElisabete Silva de JesusElisamar Silva Assis BatistaElisangela G. Perrucho SantosElisangela Souza Tinoco de CarvalhoElisangela Fernandes de SouzaEmanoel Olimpio Alves de SouzaEmmerson Morvan C. de AraujoEnivaldo Santos de JesusEricka Luci Santos OliveiraEriedil Santos CruzErlon Victor Oliveira BritoEster Abrelina Fauerharmel NunesEverton Santos Sousa

Fabiana Alves PerinFabiane Santana da SilvaFabiano Batista dos SantosFaraildes Costa RodriguesFernando Batista DamascenoFernando Cal Garcia FilhoFlavia Barreto da Fonseca Pena CalFrancisco Girlane MirandaFrancisco Saulo Andrade Gouveia

Geraldo Luiz da Silva Badaro JuniorGeraldo Magalhães Melo FilhoGeraldo RamosGesandra Maria de Oliveira RamosGicelia de Jesus SantosGilberto Castilho Batista FilhoGilçara da SilvaGildalia Maria de Oliveira PassosGildasio Carvalho da ConceicaoGildicele Oliveira PassosGilson Soares dos SantosGiovana Novaes FeitosaGisele Santana de AraujoGiuliana de Souza GasbarreGláucia Paranhos CorrêaGlice Meneses de AraújoGloria Maria M. Cavalcante OliveiraGracinda Maria Alcantara ArchanjoGraziela Santos de OliveiraGustavo Pires Batista Coelho

Helena Maria G Pimentel dos SantosHelena Maria PimentelHerbert de Barros OliveiraHunai de Lemos Lordello

Iara Teles LipinskiIlana Souza CruzIlka Santos de CarvalhoIolanda Cardoso de JesusIone Bahiense Melchor ClaudioIracema Conceicao de SousaIronildes Alves dos SantosIsabel Cristina Lopes DamascenoIsabela Oliveira MachadoIsabella Regina Gomes de QueirozIsabella Sampaio SantosIsana Barbosa de SantanaIsolda Pereira de AraújoItamar Oliveira da CruzItana Sena LimaIuri Viana AlvesIvoneide Pinheiro dos SantosIzabel Anezia De Sena Machado

Jacilene de Matos Bandeira MarquesJacilma Freitas Sodre PereiraJacira Luzia CalmonJacira Silva GuimaraesJaime Santana da SilvaJair Santos MirandaJandira Santos da SilvaJane Martins de MendoncaJanete SampaioJaniere Calasans de AlmeidaJeane da Silva SantosJeane Santos Nunes de OliveiraJeferson Cardoso dos SantosJoanita Costa de LimaJoao Batista de MirandaJoceli Oliveira BritoJoelia SouzaJoelma Vieira CardosoJomara da SilvaJorge Carlos Guimaraes JuniorJose Bispo dos SantosJose Carlos Santos SantanaJose Carlos Petronilo P. SouzaJose Claudio Ramos AssisJose Henrique Dantas de CarvalhoJose Martins de SouzaJose Orlando dos Santos FilhoJose Ricardo Silva de CastroJose Santos CruzJoseane Marques SilvaJoseane Rodrigues DiasJoselindalva Teixeira de SantanaJoselita da Purificação DamascenoJosenilton Silva de MirandaJoseph Adeniyi Majaro

Quem somos nós

Page 63: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

63

Jucineide Silva CordeiroJuliana Augusto JatobáJuliana de Araujo MacielJuliana Fabian Pinto DantasJuliana Miranda BadaróJuliana Souza MotaJuliana Xavier Carneiro AlvesJulineide Sousa da SilvaJúlio César TrindadeJulio Cezar de JesusJussinara Macedo Alves

Karlei Lueyde T. EstevesKatia Soane Santos AraujoKeith Fróes OrricoKele Almeida de Sousa

ladiane Maria Silva OliveiraLair dos Santos MoreiraLara Luiza Madureira GumesLeda Lucia Dantas de AlmeidaLene Lucia Costa E SilvaLeonardo Gladson Lemos OteroLeonardo Miranda da SilvaLia Bernardeth A. de OliveiraLicia Maria Flores SantosLigia Vieira de BarrosLilian Emanuela de Oliveira AraujoLilian Xavier da ConceicaoLindivalda Candido dos ReisLislane Cardoso FauazeLivia Correia Costa ReisLoides Micio dos SantosLorena Assuncao De SouzaLucas Vital De Souza WestLucia Maria Da Silva DiasLucia Maria De Souza ConceicaoLuciana de Oliveira GasineoLuciana Maria Souza GarciaLuciana Marinho CostaLuciana Rocha Rodrigues da SilvaLuciano Lopes Dos SantosLucila Conceição Campos dos SantosLuis Carlos Tavares Da SilvaLuiz Antonio Costa NascimentoLusirose Lima Da Silveira

maisa Soares LimaManuela Cardoso DantasMarcia Alves da SilvaMarcia Maria Tavares S. de SantanaMarcia Sousa da EncarnacaoMarcia Souza NunesMarco Antonio Caíres NovaesMarco Antonio de CarvalhoMarco Antonio Devay LagoMarcos Paulo Santos GomesMarcos Silva SantosMárcia da Silva LopesMargarenei Correia de Araujo

Margarida Solla GalvaoMaria Anastacia BrazMaria Beatriz Cortizo GarciaMaria Carmelita de O. SacramentoMaria Celeste Pinto dos SantosMaria da Paixão dos SantosMaria das Gracas P de JesusMaria de Fatima Pessoa de SouzaMaria de Fatima Rodrigues PortoMaria Efigenia de Queiroz LeiteMaria Eugenia Oliveira de SantanaMaria Ines Andrade SousaMaria Ines Mattos Miranda FontesMaria Lucia Almeida CarvalhoMaria Luiza Santos AraujoMaria Manoella Verde JatobaMaria Margarida Santos de AzevedoMaria Rosana Nery BarretoMariana Motta de AzevedoMariana Ribeiro CamposMariana Sá Barreto Rodrigues GomesMariangela Brito DoreaMarilene M. Coutinho RodriguesMarinalva dos Santos FariasMarinalva Rodrigues Barbosa SilvaMario Cesar Araujo da CruzMario Sergio dos SantosMarisa Gondim Goncalves da SilvaMaristela da Silva e SilvaMaristela Fortuna dos SantosMarivaldo Conceicao dos PassosMariza Cardoso FreireMarlene da Costa HoraMarli Brito de Andrade SilvaMarta Di Paula Munduruca MirandaMarta Meneses MorenoMarta Sueli Brandao OliveiraMarta Suely F. BrandãoMary Marcia Oliveira EvangelistaMauricio Jose TeixeiraMeyre do S.David SantanaMiralva Marques da SilvaMirella Vidal PintoMirian Paiva VianaMoema Oliveira Souza FrancoMoises Bastos dos SantosMoises Lopes de Souza GomesMônica Lima Barbosa RodriguesMonica Maria Sousa CurveloMonica S. B. RodriguesMonique Nunes Conceicao

naiara Goes SantosNanci Maria Santana da EncarnaçãoNatanael Ferreira de OliveiraNeide Santos LopesNey Amaral Boa SorteNeyla Borges de Aguiar OteroNilma Batista de FreitasNilzete Pinto PinheiroNivaldo da Silva

Olívia Ferreira e Ferreira

Patricia Adriano Guimarãesatricia Lessa OliveiraPatricia Martins Roda LisboaPatricia Ribeiro CostaPaula Barachisio LisboaPaulo Henrique Oliveira da CostaPaulo RiosPaulo Vinicius Meneses de SouzaPedro Jose Alves da SilvaPedro Paulo Campos de SantanaPerla Lopes da SilvaPriscila Monteiro Menezes

Rachel Nunes Reis Rafaella Bastos Silva FigueredoRaimunda Nunes Franco ParanhosRaimundo Coutinho SouzaRaquel Dourado LopesRebecca Pestana GramachoRegina Lucia Oliveira do BonfimReginaldo Pereira BritoReginaria Araujo de SouzaRegine Gabriel De Souza SantosRenaiza Damasio Monteiro RangelRenata Andion ArrutiRenata Cristina Castro CruzRenata Maria Rabelo da Silva LagoRenato Teixeira MonteiroRenilton Santos GomesRodrigo Sousa VieiraRonise Fonseca dos ReisRosana Cristina Pereira AndradeRicardo Arthur Fernandes SantosRicardo NicoriRisoleide Maria L. Azevedo LisboaRita de Cassia Araujo MoreiraRita de Cassia Carvalho dos SantosRita de Cassia Dantas da SilvaRita de Cássia Mira de OliveiraRoberta Bahiense dos SantosRoberta Magaly Sales de OliveiraRobson Carvalho EsquivelRobson da SilvaRogerio Campodonio da SilvaRoquelina Marques dos SantosRoqueney Cerqueira SilvaRosalia Miranda de OliveiraRosana Cristina T. Santos SirqueiraRosana de Assuncao DantasRosana R.Borges de Barros do SantosRosana Silva SantanaRosane Klein PassosRosemary Felix SantanaRosemeire de Jesus SantanaRosilene Maria dos SantosRosivaldo Silva de JesusRubens Antonio da SilvaRuth Neia Pereira

Samuel Cosme Campos dos SantosSamuel da Silva SantosSandra Cristina Bahia da CruzSandra Regina Nascimento MoinhosSandra Rodrigues dos SantosSara de Jesus SouzaSavia da Silva GonçalvesSergio Henrique da Silva FonsecaSergio Murilo S AndradeShirlane Barbara Macedo GalvaoShirley Barros da SilvaSilmara Nascimento Silva dos SantosSilvana Maria de Castro SantosSilvaneide Almeida de OliveiraSilvia Rosimar da Silva SantosSilvio Maia Diamantino FilhoSilvio Roberto Teixeira dos SantosSimone do Amor Divino AckermanSimone Maria Souza BadaroSimone Mota de FreitasSolimar Oliveira EvangelistaSomalia Virginia S. da AnunciaçãoStefania de Andrade Melo LimaSydney Porto Leite

Taiana Rodrigues BorgesTaiana Tavares StolzeTalmair de Jesus NunesTania Isabel dos Santos AlmeidaTania Maria de Freitas BrandaoTatiana R. Suzana Amorim Boa SorteTatiane Pereira dos SantosTatiane Teixeira SantosTeodora Coelho CerqueiraTeresa Zalina G. Magnavita SampaioTerezinha Rodrigues BarbosaThais Silva Piaggio dos SantosThatiane Andrade ReisTiago Abelardo da Silva LopesTimoteo Santos AraujoTissia Bernardes Pereira

ubiracy Barbosa dos SantosUbiratan Jose Santos de AssisUeliton Silva XavierUendel Moises Pereira AdanUrquisia Dominiense Campelo Filha

Valdir Bastos dos SantosValmir da Cruz SantanaVanessa Neves da CruzVera Lucia Bispo de OliveiraVeronica Santiago de AssisVilma Maria Viana

Wellington Cruz Ribeiro

Zeni Drubi NogueiraZilma Luiza de Araujo Silva

Page 64: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 65: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 66: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos

Equipe da APAE

Superintendente Ilka Carvalho

GERÊnCIA DOS nÚClEOS DE RESulTADOS

Gerente Técnica e Pedagógica Gildicele Passos

Gerente do Cefap Tânia Brandão

Gerente de Saúde Cleusa Zanetti

Gerente Financeiro Emanoel Souza

Gerente Administrativo Ricardo nicori

Assessora Institucional Angela Ventura

Diretor Médico José Henrique Dantas de Carvalho

COORDEnADORES

Centro Médico Ester nunes

Laboratório de Análises Clínicas Gildásio Carvalho

Centro de Diagnóstico e Pesquisa maria Inês m. m. Fontes

Centro Educacional Especializado miralva marques e Itana Sena

FinanceiroCremilton da Silva

Apoio LogísticoGirlane miranda

Tecnologia da Informação moisés lopes

Recursos Humanosmarta moreno

Cefap - Cia de DançaAntônio marques

Cefap - Escola Gildália Passos

Cecap Ione Bahiense

Uma publicação da Apae Salvador

Presidente Derval Freire Evangelista

Vice-presidente Maria do Carmo Britto de Morais

1a secretária Tânia Godinho

2a secretária Terezinha Miranda

1o Tesoureiro José Ramos dos Santos

2o Tesoureiro Natanael de Oliveira

Diretor de Patrimônio Alair Terra do Amaral

Diretora Social Margarida Luz

Procurador Jurídico Dr. Antônio Protázio Magnavita

Procuradora (adjunto) Dra. Corina Tereza Costa Santos

Superintendente Ilka Santos de Carvalho

Assessora Institucional Ângela Ventura

Projeto editorial/edição/redação Clarissa Amaral - DRT/BA 956

Projeto Gráfico e editoração Virginia Yoemi Fujiwara

Capa Leonardo Miranda

Tratamento de Imagem Marcelo Campos

Fotolito e impressão Venture Gráfica e Editora

Almanaque Apae 40 anos

Serviços da Apae Centro Educacional Especializado

Ceduc: (71) 3270-8343

Centro de Formação e Acompanhamento Profissional

Cefap: (71) 3313-6788

Centro de Diagnóstico e Pesquisa

Cedip: (71) 3270-8313

Centro médico Cemed: (71) 3270-8377

Central de Captação

Cecap: (71) 3453-6850

Endereço Rua Rio Grande do Sul, 545 Pituba - Salvador - Bahia Fone: (71) 3270-8300

Home-Page www.apaesalvador.org.br

E-mail [email protected]

Page 67: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos
Page 68: A todos aqueles que ajudaram a construir - apaesalvador.org.br · também a formação profissional. N ... pelotão de choque da PM, no Rio de Janeiro, desencadeou uma série de atos