A traição

A traição é hoje tema de muitas discussões e polêmicas. Afinal, é uma situação cada vez mais

vivida pelas pessoas envolvidas em um relacionamento e que em geral traz consequências

catastróficas, quando não, destruidoras para o par.

Portanto, mais do que oportuno, considero essencial que as pessoas tenham clareza sobre

como se posicionar frente a esse tema, pois dentro de um relacionamento, essa pode ser uma

questão decisiva sobre perspectiva de futuro do mesmo.

Em primeiro lugar, sugiro que você faça uma boa reflexão sobre o assunto para poder criar um

conceito a respeito; segundo, é um tema delicado, porém não menos importante para um

bom relacionamento. Afinal, envolve visão e enfrentamento de situações que podem

representar uma crise entre o casal.

Existem situações em que a traição é decorrente de divergências e brigas entre as partes; isso

provoca desentendimentos e distanciamentos que podem favorecer a busca por outra pessoa,

seja por um momento crítico, por buscar um amparo afetivo ou simplesmente para desabafar

angústias e mágoas. Porém, essa busca, por uma pessoa próxima ou mesmo desconhecida,

pode acarretar num fator de interferência direta para a própria resolução dos conflitos

conjugais, portanto deve ser evitada.

Não existem fórmulas para evitar ou prevenir a traição. Porém, pode-se ter alguns cuidados

que contribuem para diminuir essa brecha:

1º) Cuide sempre do seu par, atenção nunca é demais e certamente é uma agradável

manifestação de carinho. Falei em cuidar e não em vigiar!

2º) Zele pela boa convivência; viver bem-humorado um com outro pode ser uma boa receita

contra o desgaste no cotidiano.

3º) Sentimentos nunca devem ser negligenciados, eles devem ser sempre manifestados, tanto

os bons quanto aqueles que sejam duros ou difíceis. Para o conforto de ambos, é importante

que sejam acolhidos e amparados pela outra parte.

4º) Não ignore ou subestime as brigas, elas são importantes tanto para resolver diferenças

como para entrar em contato com valores e sentimentos do outro.

5º) Ao perceber um distanciamento entre ambos, não permitam que isso perdure por mais de

dois ou três dias; levantem a questão, não para cada um defender sua visão ou argumentar

com novas ideias, mas para conversar e chegar a um consenso sobre o assunto. Entendimento

não significa vitória de um ou de outro, mas sim do casal.

6º) Caso perceba a possibilidade de uma traição acontecer ou de que essa esteja acontecendo,

manifeste-se imediatamente, as situações se resolvem melhor quando tratadas na hora, com

transparência, sinceridade e clareza.

Embora as pessoas reclamem com imensa frequência daquilo que não possuem, existe outra

questão que merece toda a nossa atenção: aquilo que possuímos em excesso.

Aliás, os excessos costumam ser mais prejudiciais que as faltas, mas demoram mais para serem

percebidos. As faltas nós notamos imediatamente, os excessos só quando despertam a nossa

consciência.

Comemos em excesso (observe você mesmo), trabalhamos em excesso (anda cansado, não

é?), guardamos coisas em excesso (dê uma olhada em suas gavetas), nos importamos em

excesso com a opinião dos outros...

Há um excesso de preocupações e acúmulo de “gorduras” em diversas áreas de nossas vidas.

Em geral, possuímos mais do que necessitamos para ser feliz, mas continuamos insistindo na

desculpa de que não somos felizes porque nos falta alguma coisa. E de fato falta: falta

assumirmos um estilo de vida mais franco, sincero e liberto.

Tudo o que temos em excesso demanda tempo e energia para ser administrado. Roupas

demais, CDs demais, bagunça demais, lembranças demais (fique com as que valem a pena,

pelo aprendizado ou felicidade que trouxeram), compromissos demais, pressa demais.

Todos nos beneficiaremos com a prática de determinado nível de minimalismo (sem excessos,

porque isso também pode ser demais). Podemos reinventar nossa maneira de viver para viver

com o necessário. Não precisa ser o mínimo necessário, pode haver algumas sobras, mas sem

os exageros de costume.

Viver melhor com menos. Isso traz uma sensação de leveza e felicidade tão maravilhosa que

todos devemos, ao menos, experimentar. Na melhor das hipóteses, aprendemos e adotamos

um novo estilo de vida.

Quem está em processo de mudança, reconhece rápido o quanto acumulou de coisas em

excesso, e aprende que pode viver tão bem, ou melhor, com muito menos!

Se vamos acampar, somos felizes apenas com uma mochila...

Liberte-se dos excessos de todo o tipo: excesso de informação (aliás, muita coisa é só ruído,

nem mereceria sua atenção); excesso de produtos e serviços (consumismo é uma válvula de

escape para não olharmos para nossa própria existência e para o vazio que buscamos

inutilmente preencher com compras); excesso de relacionamentos (nem todos valem a pena,

não é verdade?). Viva mais com menos, experimente algum nível de minimalismo. Permita-se

sentir-se livre dos acúmulos e excessos.

Nada é mais gratificante que a liberdade, a sensação de que você se basta sem precisar de um

arsenal de coisas, sons e cores a seu redor. Dedique-se a experimentar essa libertadora

sensação. Quem sabe viver com pouco, sempre saberá viver em quaisquer situações, mas

aqueles que só sabem viver com muito, nas mínimas provações e ausências sofrem e se

desesperam. Esses últimos se confundiram com seus excessos... e na falta deles, não se

reconhecem.

Nunca sabemos se viveremos com o que temos, com mais ou menos no dia de amanhã, mas se

aprendermos a viver com o que é essencial, viveremos sempre bem.

Todo excesso é energia acumulada em local inapropriado, estagnando o fluxo da vida. Excesso

de excessos corresponde à falta de si mesmo. E se o que te falta é você, nada poderá

preencher esse vazio...