A Trajetória dos judeus do Brasil

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7/31/2019 A Trajetória dos judeus do Brasil http://slidepdf.com/reader/full/a-trajetoria-dos-judeus-do-brasil 1/10 A Trajetória dos judeus do Brasil  O Brasil conta hoje com uma população mundialmente significativa de  judeus, sendo a segunda maior comunidade judaica da América Latina e a décima primeira a nível mundial.  Os judeus no Brasil colônia O Brasil foi palco para a primeira comunidade judaica estabelecida nas Américas. Fator histórico importantíssimo para os judeus nordestinos, os B’nei-Anussim; ramo judaico que recentemente tem se destacado na mídia judaica do mundo inteiro como um verdadeiro “Milagre da Ressurreição”. Pois, são esses registros históricos que os anussitas tomam como referência para fundamentar a sua árvore genealógica até Jerusalém. Com a expulsão dos judeus de Portugal, logo após a sua descoberta, judeus

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A Trajetória dos judeus do Brasil

 O Brasil conta hoje com uma população mundialmente significativa de judeus, sendo a segunda maior comunidade judaica da América Latina e adécima primeira a nível mundial.

 Os judeus no Brasil colônia

O Brasil foi palco para a primeira comunidade judaica estabelecidanas Américas. Fator histórico importantíssimo para os judeus nordestinos,os B’nei-Anussim; ramo judaico que recentemente tem se destacado namídia judaica do mundo inteiro como um verdadeiro “Milagre daRessurreição”. Pois, são esses registros históricos que os anussitas tomamcomo referência para fundamentar a sua árvore genealógica até Jerusalém.

Com a expulsão dos judeus de Portugal, logo após a sua descoberta, judeus

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convertidos ao catolicismo (cristãos-novos) já haviam se estabelecido nanova colônia.

Importantes membros da “comunidade judaica anussita” pisaram na terraquando o judeu-cristão-novo Pedro Álvares Cabral chegou em 1500,fazendo parte de sua tripulação: Mestre João, médico particular da CoroaPortuguesa e astrônomo; e Gaspar da Gama, intérprete (que ajudara Vascoda Gama nas Índias, onde vivia) e comandante da nau que traziamantimentos, dentre outros de menor destaque.

 Pedro Álvares Cabral

Pouco se sabe ao certo a respeito da vida de Pedro ÁlvaresCabral antes ou depois da viagem que o levou a chegar no Brasil.

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Acredita-se que tenha nascido em 1467 ou 1468—o ano anterior é omais provável— em Belmonte, a cerca de 30 km de distância dacidade atual de Covilhãno centro de Portugal. Seu pai foi FernãoÁlvares Cabral e sua mãe,Isabel Gouveia, ele era um dos cinco

filhos e seis filhas da família. Cabral foi batizado como PedroÁlvares de Gouveia a fim de desvincularem ele de sua origemjudaica patente no sobrenome do pai “Cabral” (que deriva decabra – nome código usado pelos católicos para identificarem oscristãos-novos) e, só anos mais tarde, supostamente após a mortede seu irmão mais velho em 1503, começou a usar o sobrenome dopai. Obrasão de armas de sua família foi elaborado com duascabrasroxas em um campo de prata. Roxo representa fidelidade eas cabras derivam do nome de família. No entanto, apenas seu

irmão mais velho tinha o direito de fazer uso do brasão da família.A família Cabral ganhou destaque durante o século XIV.Álvaro Gil Cabral (trisavô de Cabral e um comandante militar defronteira), foi um dos poucos nobres portugueses a permanecer fielao rei D. João I durante a guerra contra o rei de Castela. Comorecompensa, D. João I presenteou Álvaro Gil com a propriedadedo feudo hereditário de Belmonte onde hoje se encontra a maisimportante comunidade judaica anussita de Portugal – aComunidade Judaica de Belmonte.

Criado como membro da baixa nobreza, Cabral foi enviado àcorte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos.Educou-se em humanidades e foi treinado para lutar e pegar emarmas. Tinha cerca de 17 anos de idade em 30 junho de 1484,quando foi nomeado moço fidalgo (um título de menor importâncianormalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II. Osregistros de suas ações antes de 1500 são extremamenteincompletos, mas Cabral pode ter excursionado pelo norte da África, tal como haviam feito seus antepassados e era comumentefeito por outros jovens nobres de sua época. O rei D. Manuel I, quetinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-lhe umsubsídio anual no valor de 30 mil reis em 12 de abril de 1497. Namesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e foinomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Não há nenhuma imagemou descrição física detalhada de Cabral contemporâneas à suaépoca. Sabe-se que era forte e igualava seu pai em altura (1,90metros). O caráter de Cabral tem sido descrito como culto, cortês,prudente, generoso, tolerante com os inimigos, humilde, mastambém vaidoso e muito preocupado com o respeito que sentia

que sua nobreza e posição exigiam.

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Mestre JoãoJoão Faras ou João Emeneslau, mais conhecido como Mestre João, era

um médico, astrônomo, astrólogo e físico espanhol presente na expediçãocomandada por  Pedro Álvares Cabral que aportouno Brasilem abril de 1500, sendo considerado por muito tempo como a

 primeira a chegar em terras brasileiras.Médico da coroa portuguesa, era um dos principais tripulantes de Cabral

e um dos que se sabe que eram judeus - o outro era Gaspar da Gama, quehistoricamente além de Cabral, se destacariam em meio aos seus por suashabilidades e destreza no papel que desempenhavam.

No dia 28 de abril de 1500 ele teria enviado uma carta para o rei D. Manuel I em que, como a Carta de Pero Vaz de Caminha, faziacomentários sobre as novas descobertas. Em um dos trechos da carta,escrita na atual Baía Cabrália, onde realizou os primeiros estudosastronômicos no Brasil, ao identificar pela primeira vez a constelaçãodoCruzeiro do Sul, sugere ao rei que peça um mapa onde veria a

localização das terras onde eles estavam, o que faria crer que os portugueses já conheciam o território brasileiro.A Carta do Mestre João foi descoberta pelo historiador Francisco 

Adolfo de Varnhagen, sendo publicada pela primeira vez em 1843, naRevista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro , Rio de Janeiro,1843, tomo V nº 19.

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Fernão de NoronhaOutro personagem que ganharia vulto, principalmente para os judeus

anussitas foi Fernão de Noronha, também chamado Fernando de

 Noronha, corruptela de Fernão de Loronha (seu verdadeiro nome) (século XV - século XVI) foi um judeu  português convertidoaocatolicismo (cristão-novo) que se tornou um dos primeiros grandesexploradores de pau-brasil nas terras recém-descobertas do Brasil peloreino de Portugal.

Rico empreendedor, comerciante e armador, natural das Astúrias, Noronha era representante do banqueiro Jakob Fugger na Península Ibérica.Juntamente com outros cristãos-novos, comerciantes portugueses, obteveconcessão para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos eem 1503 obteve da Coroa o contrato para exploração do pau-brasil, avaliosa madeira de tinturaria. O consórcio financiou a expediçãode Gonçalo Coelho em 1503 que em 24 de julho descobriu a magnífica ilhaque mais tarde tomaria seu nome. Em 1506, Noronha e os sócios extraíramdas novas terras mais de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidos em Lisboacom um lucro de 400% a 500%. Em1511, associado a Bartolomeu Marchionni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armaçãoda nau Bretoa, que a 22 de julho retornou a Portugal com uma carga de 5mil toras de pau-brasil, animais exóticos e 40 escravos, mulheres em suamaioria.

Como conseqüência do contrato e da expedição de Gonçalo Coelho, orei D. Manuel I (1495-1521) doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a

 primeira «capitania do mar» no litoral: a ilha de São João da Quaresma,atual Fernando de Noronha.

Em 28 de Junho de 1524, foi feito fidalgo de cota de armas por D. João III, em Portugal, que já tinham sido concedidas anos antes por Henrique VII de Inglaterra. A 23 de Setembro de 1532 ser-lhe-iam atribuídas armasnovas, distintas das anteriores.

Alguns atribuem a Fernão de Noronha a mudança dos nomes cristãos de

Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz para Brasil.

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O Judeu CaramuruNos dez anos seguintes, outros dois judeus naufragaram perto da costa

 brasileira e integraram-se aos indígenas: João Ramalho e Diogo Álvares Correia, o "Caramuru", que serviriam de intérpretes para novos portuguesesque foram chegando. No mesmo período, Fernão de Noronha extraía pau-

 brasil da costa atlântica; as árvores ficariam conhecidas como "madeira

 judaica". Muitos judeus portugueses, procurando fugir da intolerânciacatólica em Portugal, viam no "novo mundo" a oportunidade de praticar livremente seu culto, incluindo-se aí os cristianizados que praticavamo judaísmo em segredo - os cristãos-novos. Martim Afonso de Sousa eraum dos cristãos-novos que chegaram ao Brasil no século XVI, comogovernante de uma dascapitanias hereditárias.

Mais judeus pioneiros chegaram ao país na época das invasões holandesas do Brasil, em 1630, uma vez que compunham na Holandaumacomunidade tolerada, razão pela qual os holandeses foram bem recebidos

 pela comunidade judaica já estabelecida no Brasil. O Nordeste brasileiroficou sob o domínio holandês por vinte e quatro anos e, neste período,muitos sefarditas se estabeleceram no país, principalmente em Recife, ondetornaram-se prósperos comerciantes e fundaram a primeira sinagoga das Américas; a Kahal Tzur Israel. Com a expulsão dos holandeses, a maioriados judeus estabelecidos no Brasil fugiram para os Países Baixos ou outras

 possessões holandesas, como as Antilhas e Nova Amsterdã, que posteriormente seria renomeada como Nova York após ser cedidas aosingleses. Ali fundaram a primeira comunidade judaica dos Estados Unidos e uma terça parte desses judeus nordestinos se deixaram assimilar 

 para garantir sua permanência no Brasil e preservar a integridade moral e

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física de sua família, gerando mais tarde os que ficariam conhecidos B’nei-Anussim que hoje lutam pelo reconhecimento como judeus de nascimento

 perante o rabinato israelense.As últimas informações sobre a presença destes judeus ibéricos no

Brasil datam de meados do século XVIII. Nessa época, com odesenvolvimento da mineração na colônia, milhares de portugueses sedeslocaram para a região das Minas Gerais, entre eles, um númeroconsiderável de cristãos-novos. Através da Inquisição, muitos dessessefaraditas foram julgados, enviados à Portugal e condenados à prisão. Defato, muitos desses cristãos-novos não mais mantinham ligações com o

 judaísmo, mas, por serem ricos comerciantes e mineiros, eram acusados de praticar judaísmo por seus inimigos e dificilmente se livravam dascondenações da Inquisição.

No final do século XVIII, já não havia mais relatos sobre judeus noBrasil. Todos haviam saído da colônia ou mantiveram-se em sociedadessecretas tão bem organizadas que acreditava-se que os que restaram noBrasil haviam se convertido ao Cristianismo, o que faz com quemuitos brasileiros possuam, mesmo sem saber, origens em judeus

 portugueses e espanhóis.

A nova remessa de judeus ao BrasilA imigração judaica no Brasil foi um movimento migratório do início

do século XIX até a primeira metade do século XX, especialmente nasregiões Sul, Sudeste e Norte. O judeu brasileiro é um brasileiro que

 possui ascendentes e/ou crença  judaica. Também são consideradas judeus

 brasileiros as pessoas nascidas no exterior mas radicadas no Brasil.

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A imigração a partir do século XIXUma nova onda de imigrantes judeus, sefarditas, começou a chegar ao

Brasil em 1810, vindos principalmente do Marrocos, estabelecendo-sena Amazônia, principalmente em Belém, onde fundaram em 1824 a maisantiga sinagoga em funcionamento no Brasil e, em 1848, o primeirocemitério israelita do país; e em Manaus, onde chegaram em 1880. Boa

 parte dos que chegaram no final do século vinham em função da época dourada da borracha, e sua vinda foi financiada pelos que já estavam naregião. Cametá, no interior do Pará, chegou a ter metade de sua população

 branca constituída de sefarditas.As famílias mais ricas mudaram-se para o Rio de Janeiro com o declínio

da borracha. Ainda assim, a grande assimilação que tiveram na região,envolvendo também sincretismo religioso, fez com que a proporção dedescendentes de judeus entre a população branca daRegião 

 Norte (amplamente de sefarditas) seja a maior do país. A saga dos judeusamazônidas foi levantada no livro Eretz Amazônia, deSamuel Benchimol.

Em fins do século XIX, uma outra onda de imigração judaica já se fazia presente no sul do Brasil, inserida dentro do fenômeno da grandeimigração no Brasil, que ocorreu principalmente entre 1870 e 1920. Neste período,cerca de 5,5 milhões de imigrantes desembarcaram no Brasil, sendo o

número de judeus não muito expressivo, pois estes preferiam imigrar paraos Estados Unidos.Com a Proclamação da República do Brasil, uma Constituição foi

 promulgada, garantindo liberdade religiosa no Brasil, o que facilitou avinda de imigrantes judeus, desta vez um grande número de asquenazes: amaior parte era proveniente do Leste europeu, regiões daatualPolônia, Rússia e Ucrânia. A maioria desembarcava no porto de Santose rumava para a cidade de São Paulo onde rapidamente constituiu-seuma próspera comunidade de comerciantes judeus. Com a ascensãodonazismo na Alemanha na década de 1930, formou-se um maior contingente de imigrantes judeus (asquenazes em sua maioria) rumando

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 para o Brasil. Além de São Paulo (principalmente no Bom Retiro), os judeus marcaram presença no Rio de Janeiro, no Sul do Brasil e em outras partes do país. No Rio Grande do Sul possui a fazenda Philipson, fundadano ano de 1904. Ela é considerada como a formadora da primeira escola

 judaica no Brasil e está localizada no município de Itaara ao lado da BR-158. Posteriormente os imigrantes e descendentes migraram do Bom Retiro para regiões nobres da cidade de São Paulo,como Higienópolis e Jardins.

 No Brasil, os imigrantes judeus praticamente não encontraram resistênciareligiosa e ficaram isentos de preconceito por parte da população local, oque tornou sua adaptação muito mais fácil que as comunidades judaicasnorte-americana e argentina, por exemplo. Hoje em dia, a comunidade

 judaica brasileira participa ativamente na sociedade e estão bastanteintegrados no país.

Origem dos judeus brasileiros

Perguntados sobre sua origem étnica, os judeus brasileiros responderam:• Brasileira (39,11%)• Judaica (16,73%)• Polonesa (6,46%)• Italiana (6,05%)• Indígena (5,83%)• Alemã (5,64%)• Portuguesa (4,0%)• Árabe (2,11%)• Libanesa (1,62%)•  Negra (1,46%)• Africana (0,81%)• Outra (10,18%)

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